Cientistas do Amanhã - Projeto de Iniciação Científica junior

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Cientistas do Amanhã

ODALÉIA ALVES DA COSTA1, ALLAS JONY DA SILVA OLIVEIRA1, ALFREDO COSTA

OLIVEIRA1 E FÁBIO HENRIQUE SILVA SALES2

1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão,Campus Zé Doca, Zé Doca-MA, [email protected] 2Departamento de Física, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão,Campus Monte Castelo, São Luis-MA, [email protected]

Resumo. “Cientistas do Amanhã”, um projeto de Iniciação Científica Júnior, que foi desenvolvido por alunos do curso

médio-integrado de Eletrotécnica e de Telecomunicações do IFMA (Monte Castelo) na Unidade de Educação Básica

Dilú Melo (escola de educação infantil da rede municipal de ensino de São Luís-MA). Teve-se como objetivo levar

educação básico-científica às crianças da UEB Dilú Melo (na faixa etária de 5 anos) por meio de micro-aulas que

estimulassem o pensamento científico, tendo como recursos didáticos vídeos educativos, animações em flash e slides

em PowerPoint, além de visitas de campo ao Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência, ao Herbário Ático

Seabra, ambos pertencentes à Universidade Federal do Maranhão, e à Área de Preservação Ambiental do Itapiracó e a

um Planetário MOBILE.

Abstract. Scientists of Tomorrow, a Scientific Initiation project Junior, which was developed by students of course

medium-integrated Electrotechnique and Telecommunications IFMA (Monte Castelo) in the unit of Basic Education

Dilú Melo (school education infant municipal school system of São Luís-MA). Had-as objective to basic education-

scientific the children of UEB Dilú Melo (at the age of 5 years) by means of micro-lessons that stimulates scientific

thought, taking as didactic resources educational videos, animation in flashlight and slides in PowerPoint, in addition to

field visits to the Laboratory of Scientific Dissemination Island of Science, the Herbarium Attic Seabra, both belonging

to Federal University of Maranhão, and to the area of Environmental Preservation of Itapiracó and a Planetarium

MOBILE.

Palavras-chave: Ensino de Ciências; Educação Infantil; Observação, Visitas de Campo.

Keywords: Science Teaching, Early Childhood Education; Observation, Field Visits.

Introdução

O projeto “Cientistas do Amanhã” surgiu inicialmente em 1992, sendo desenvolvido pelos

professores Antonio José Silva Oliveira1 e Ivone Lopes Lima2, ambos do Departamento de Física da

Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Inicialmente, teve como atividade o “Curso Mirim de

Física”, objetivando difundir o conhecimento científico na comunidade local (bairro do Bacanga),

popularizando e desmistificando a ciência e a tecnologia. Atualmente, o “Curso Mirim de Física” está

vinculado a um projeto ainda maior que é o Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência,

1 Doutor em Física pela UNICAMP e atual vice-reitor da UFMA.2 Professora do Departamento de Física da UFMA.

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também pertencente ao Departamento de Física da UFMA, que vem desenvolvendo trabalhos como

palestras, divulgação em exposições, cursos, entre outros.

O “Cientistas do Amanhã” foi retomado em 2008 pelos Professora. Odaléia Alves da Costa3 e

pelo Professor Fábio Henrique Silva Sales4, ganhando uma nova roupagem, com a finalidade de

transmitir conceitos e fundamentos básicos de ciências aos alunos (2 turmas de 25 crianças na faixa

etária de 5 anos) da UEB5 Dilú Melo, que é uma das escolas de educação infantil da rede municipal de

ensino de São Luís-MA, localizada no bairro Cidade Olímpica. Neste contexto, foi realizada uma

reunião no IFMA com a presença dos orientadores, bolsistas e dos professores Antonio José Silva

Oliveira e Ivone Lopes Lima, com o objetivo de conhecer um pouco da história e experiências

adquiridas no desenvolvimento do projeto “Cientistas do Amanhã”, iniciado em 1992.

Nesta nova etapa do “Cientistas do Amanhã”, procurou-se desenvolver o pensamento indutivo

de cada aluno e fazer com que eles percebessem a ciência na relação cotidiana, despertando o interesse e

aproximando-os de uma realidade que até, então, parecia muito distante.

Vale ressaltar que, ao longo da história da Educação Infantil brasileira, as autoridades

governamentais parecem não demonstrar interesse na elaboração de leis que estimulem o ensino de

Ciências, que é denominada na nomenclatura curricular da educação infantil como “Natureza e

Sociedade”. Nessa perspectiva, procurou-se transpor as barreiras históricas ao adotar métodos de

aproximação e de desmistificação do ensino de Ciências, mostrando que esse conhecimento pode ser

acessível a todos.

Em relação à metodologia, realizaram-se entrevistas e, posteriormente, pesquisa bibliográfica e

visitas de campo, que foram relevantes no momento do estudo de plantas, animais, piscicultura,

manguezais, mata ciliar, vento e princípios básicos de astronomia. Além disso, o desenvolvimento das

atividades experimentais e o uso de animações e recursos multimídia foram instrumentos indispensáveis

para o processo de ensino-aprendizagem, visto que cada uma delas teve o intuito de mostrar a

praticidade dos conceitos. Em relação à metodologia, realizaram-se entrevistas e, posteriormente,

pesquisa bibliográfica e visitas de campo, que foram relevantes ao momento do estudo de plantas,

animais, piscicultura, manguezais, mata ciliar, vento e princípios básicos de astronomia. Além disso, o

desenvolvimento das atividades experimentais e o uso de animações e recursos multimídia foram

instrumentos indispensáveis para o processo de ensino-aprendizagem, visto que cada uma delas teve o

intuito de mostrar a praticidade dos conceitos científicos.

Fundamentação Teórica

3 Mestre em Educação pela UFPI. Professora do IFMA e da UEB Dilú Melo.4 Doutor em Física pela UFRN. Prof. do IFMA.55 Unidade de Educação Básica.

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Ao longo da História da Educação Básica no Brasil, a disciplina escolar Ciências tem ocupado

um lugar desprivilegiado no currículo escolar. As disciplinas hegemônicas do currículo escolar

brasileiro são: Língua Portuguesa e Matemática.

A disciplina Ciências, com a Lei nº 4.024/61, era ministrada apenas no ginásio (5ª a 8ª séries,

hoje, séries finais do Ensino Fundamental). E somente com a Lei nº 5.692/71 passou a ser implantada

também na escola primária (1ª a 4ª séries, hoje, séries iniciais do Ensino Fundamental).

Apenas no ano de 1998 o Ministério da Educação e Cultura publicou o Referencial Curricular

Nacional para a Educação Infantil (RECNEI), este documento tem o papel de nortear os Estados e

municípios na criação de suas propostas curriculares. No RECNEI, as áreas de conhecimento para a

educação infantil são as seguintes: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita,

Natureza e Sociedade e Matemática. Os currículos das escolas de educação infantil do Brasil deverão

contemplar em suas propostas estas seis áreas do conhecimento.

No entanto, os docentes que atuam na educação infantil não possuem formação específica que

contemplem as mais diversas áreas do currículo escolar. A própria Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96 em seu artigo 62 regula:

A formação dos docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de

licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação,

admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas

quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade

Normal.

Tendo em vista ainda a tradição escolar que sempre contemplou os conteúdos de Língua

Portuguesa e Matemática, isso se reflete no currículo escolar desde a educação infantil, em que a

preocupação maior dos profissionais da educação básica é possibilitar aos seus alunos o acesso à língua

escrita e falada e conhecimentos rudimentares da Matemática. Enquanto que as demais áreas do

conhecimento, incluindo-se aí as Ciências, que na educação infantil recebe a nomenclatura de Natureza

e Sociedade, têm sido negligenciadas aos discentes, quer por falta de espaço e tempo na organização

curricular quer por falta de preparação dos docentes para trabalharem com esses conteúdos.

Em meio às dificuldades que o ensino de Ciências na educação Infantil tem enfrentado, propõe-

se com o “Cientista do Amanhã” oferecer apoio e suporte às duas turmas da UEB Dilú Melo envolvidas

neste projeto (Infantil II). E com isso suprir, de certa forma, algumas carências do ensino de Ciências,

oferecendo oportunidades privilegiadas de aprendizado a essas crianças que a partir do método de

perguntas e respostas, da análise experimental e do desenvolvimento de palestras, com conteúdos

básicos do currículo da Educação Infantil, as mesmas puderam dispor de conhecimentos relativos a dois

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dos cinco blocos de conteúdos curriculares do eixo Natureza e Sociedade: “Os seres vivos” e

“Fenômenos da Natureza”.

Metodologia

Os procedimentos e ferramentas utilizadas para a execução dos objetivos do “Cientista do

Amanhã” baseiam-se na coleta de dados, na realização de micro-aulas referentes a alguns conteúdos de

Natureza e Sociedade (Ciências), em visitas de campo feitas pelos bolsistas e alunos ao Laboratório de

Divulgação Científica Ilha da Ciência, ao Herbário Ático Seabra, ambos pertencentes à UFMA, à Área

de Preservação Ambiental do Itapiracó em São Luís-MA e ao Planetário Móbile no CEFET-MA e em

palestras oferecidas aos pais e alunos da escola alvo.

As micro-aulas foram desenvolvidas como um momento integrado às atividades escolares da

UEB Dilú Melo, sendo realizadas nas salas de aula da instituição. Assim, através da amostra de vídeos,

de slides, de animações, do jogo de perguntas e respostas e das atividades de desenho e pintura, os

bolsistas ficaram responsáveis pela socialização dos conhecimentos relativos aos conteúdos de Natureza

e Sociedade (dos eixos “Seres Vivos” e “Fenômenos da Natureza”) ao público infantil, utilizando-se de

uma linguagem acessível e de exemplos claros e facilmente compreensíveis. Diante disso, vale ressaltar

que cada micro-aula possuiu dois momentos: um teórico e outro prático. No primeiro, relacionam-se

conceitos, características e importância dos temas abordados. E, no segundo, analisou-se fatos

perceptíveis na natureza, isso ao oferecer às crianças a oportunidade de visitar locais relacionados ao

conhecimento estudado. Dessa forma, toda atividade foi feita com a finalidade de tornar os

conhecimentos adquiridos úteis no cotidiano da criança. Dentro desse contexto, pode-se ainda

mencionar algumas estratégias implementadas no projeto, que certamente foram importantíssimas na

concretização do mesmo. Foram elas: a implantação de uma horta na UEB Dilú Melo e da confecção de

mini-aquários para os alunos, dando complementação ao estudo dos “Seres Vivos”, onde as crianças

tiveram a oportunidade, com o auxílio dos bolsistas e da professora e orientadora Odaléia Alves da

Costa, de cuidar da horta, aprender sobre o solo e a vida das plantas, tendo conhecimentos básicos sobre

o cultivo de leguminosas. Além de poder interagir com os cuidados relativos ao aquário, aprendendo

sobre a vida dos peixes e o desenvolvimento do ciclo de vida dos mesmos.

Resultados e Discussões

Dentre as atividades do "Cientistas do Amanhã", pode-se mencionar como resultados: as

informações obtidas nas entrevistas, a socialização do conhecimento científico, através da realização de

micro-aulas e palestras oferecidas aos pais e às crianças da UEB Dilú Melo, e o que foi alcançado pelas

crianças através da visita ao Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência, ao Herbário Ático

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Seabra, ambos pertencentes à UFMA, à Área de Preservação Ambiental do Itapiracó em São Luís-MA e

ao Planetário Móbile no CEFET-MA.

De um total de 50 alunos envolvidos, realizaram-se 16 entrevistas com os pais e responsáveis

dos mesmos. Pode-se destacar como informações significativas, adquiridas nesse processo: a

porcentagem de famílias moradoras do bairro Cidade Olímpica, questões relacionadas ao planejamento

familiar e ao perfil de vida das crianças.

Constatou-se que, dentre os entrevistados, 82,3% são moradores da Cidade Olímpica. O restante

das famílias vive em outra área de ocupação urbana, vizinha à Cidade Olímpica, a Vila Nestor. Pode-se

ainda ressaltar, dentre essas informações, que muitas dessas famílias migraram de outras regiões de São

Luís, do interior do Maranhão (municípios como: Cedral, Barreirinhas, Brejo, Anajatuba, Cantanhede) e

de outras cidades do Nordeste (Carnaubal – CE, Matias Olimpo – PI, Buriti dos Lopes – PI), vindo a

residir nos bairros em questão.

Na análise das questões relacionadas ao planejamento familiar, 53,3% dos pais não planejaram o

nascimento de seus filhos. E, além disso, a taxa de fecundidade apresentada é de 3 crianças por família,

uma quantidade relativamente distante do índice alcançado pela população brasileira (registrada pelo

IBGE em 2007), índice que era menos de dois filhos por família. Além disso, 25% dos alunos vivem

somente com a mãe, ou com a mãe e o padrasto. Diante dessas informações, foi possível perceber que

estas têm enfrentado problemas de estruturação familiar.

As entrevistas tiveram o objetivo de conhecer um pouco da vida dos alunos. Dessa forma,

muitas perguntas se referiram às atividades preferidas de cada criança. Assim, observou-se que as

atividades de que elas mais gostam são: jogar bola, andar de bicicleta, correr, empinar pipa, assistir

filmes, desenhar, brincar com boneca, dançar, subir em árvores, etc. Quanto aos tipos de alimentos os

preferenciais são: ovos mexidos com salsichas, carne, peixe, frango, arroz, feijão e macarrão, e apenas

poucos afirmaram gostar de verduras. A respeito dos programas televisivos, os desenhos animados são

os preferidos, principalmente, “O Pica-Pau”.

As entrevistas foram realizadas com o objetivo de alcançar estratégias para o ensino de Ciências,

de forma que cada momento se tornasse prazeroso e divertido, consolidando ainda mais o papel desse

projeto. Assim, as micro-aulas relacionaram conhecimento científico com as brincadeiras de que elas

gostam e com os desenhos animados a que assistem.

Relativo às micro-aulas, pode-se ressaltar a explanação do conteúdo relativo à disciplina

“Natureza e Sociedade” dos eixos Seres Vivos (Animais e Plantas) e Fenômenos da Natureza, além de

princípios básicos de Astronomia e Piscicultura.

O primeiro tema apresentado às crianças foi Fenômenos da Natureza, em que houve uma

abordagem de dois dos agentes naturais que influenciam a vida dos seres vivos: o vento e a chuva. A

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respeito do vento, procurou-se mostrar de forma empírica a sua existência e ação, em seguida, explicou-

se a sua influência no meio natural e na regulação da temperatura do planeta. Mencionou-se a sua

função de agente modificador do espaço natural e contribuinte da dispersão de sementes. Com relação

ao agente chuva, procurou-se relacioná-lo com alguns dos temas que foram trabalhados posteriormente,

como Seres Vivos, falando da sua importância para a sobrevivência das espécies e da sua ação erosiva

dentro do assunto Mata Ciliar.

No eixo Seres Vivos, inicialmente, propôs-se por meio de um diálogo, identificar os

conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema Vida (e as perguntas chaves foram: O que tem e o que

não tem vida?) Notou-se que, pelas respostas dadas, os alunos não sabiam distinguir, ao certo, as

diferenças entre os seres vivos e os que não são. Então, resolveu-se dar exemplos de seres vivos e dizer

do que eles precisam para sobreviver. No final desse processo, realizou-se uma pequena experiência na

qual se colocou um copo de vidro sobre uma vela acesa, que gradativamente se apagava na ausência do

oxigênio, analogia essa que é semelhante ao princípio básico para a existência de muitos seres vivos,

que não conseguem viver na ausência do oxigênio.

Dentro desse eixo de Natureza e Sociedade, trabalhou-se também o assunto Animais, abordando

o ciclo de vida e a classificação quanto aos tipos de movimento e de alimentação. Para esse assunto

apresentaram-se imagens e fotos em slides, para que as crianças pudessem acompanhar os exemplos,

segundo cada classificação e o ciclo de vida dos animais. Notou-se que, além dessas estratégias acima, a

interação dos alunos com os bolsistas, o uso de exemplos, e de atividades de desenho em que as crianças

expressavam o que foi visto durante as aulas, proporcionaram a fixação do conhecimento. Assim,

observou-se que tudo isso tornou mais fácil à compreensão do conteúdo.

Na abordagem do assunto Plantas, tratou-se a respeito do ciclo de vida, a dispersão de sementes

e do pólen (por meio de outros seres vivos e por meio da ação dos ventos e das chuvas); os elementos

fundamentais da vida, e a sua ação na prevenção e no combate às doenças (exibiram-se slides com fotos

de frutas, como abacaxi, acerola, maçã, banana, melancia, laranja e de suas principais vitaminas); as

plantas medicinais (mostrando, como exemplo, capim-limão, boldo, malva e romã); a Floresta

Amazônica (relatando a contribuição dessa floresta e de sua fauna para o homem, bem como a

degradação e o desmatamento da mesma); os manguezais (mostraram-se os principais tipos de mangues

– preto, branco e vermelho, a dispersão das suas sementes e a sua importância para a fauna dessas

regiões, na reprodução de suas espécies e como local que abriga grande quantidade de alimentos para

animais carnívoros ou herbívoros); e mata ciliar (comentou-se sobre a sua relação com a existência dos

rios, mostrando às crianças que ela é um agente indispensável que evita a erosão provocada,

principalmente, pelas chuvas).

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Para esse assunto geral Plantas, além das estratégias utilizadas no assunto anterior (exibição de

slides com fotos de plantas e da atividade de desenhos e de exemplificação das mesmas), procurou-se

mostrar vídeos com desenhos educativos, como um dos episódios de “Dave, o bárbaro” e documentários

que mostravam a vida de um catador de caranguejo e do valor da flora para a sobrevivência dos seres

vivos.

Referente ao assunto Plantas, realizou-se a visita ao Herbário Ático Seabra, do Departamento de

Farmácia da UFMA, onde os alunos puderam conhecer o horto da instituição, relembrar as partes que

constituem as plantas, os elementos fundamentais à vida destes seres vivos e entender que elas possuem

propriedades indispensáveis à saúde e ao bem-estar das pessoas, sendo empregadas nos diversos

medicamentos fitoterápicos. Além disso, as crianças puderam aprender a importância de preservar a

flora maranhense, visto que muitas espécies de plantas estão em extinção e muitas só existem em nossa

vegetação local (São Luís). Ainda relacionado a esse subtema, foi feita a visita à Área de Proteção

Ambiental do Itapiracó no intuito de aproximar as crianças, de uma visão real, ao habitat natural das

plantas e poder mostrar-lhes a necessidade da preservação das florestas.

Implantou-se, na UEB Dilú Mello, uma pequena horta, para que as crianças observassem como

as plantas nascem, crescem, reproduzem e morrem. Vendo na prática o que foi explicado por meio das

micro-aulas. Para esta implantação, contou-se com a participação efetiva de funcionários da UEB Dilú

Mello e de pais de alunos, que se dispuseram a fazer a estrutura física da horta usando os conhecimentos

que tinham sobre o plantio de legumes e vegetais, pois muitos já trabalhavam com estes elementos nos

terrenos de suas próprias casas.

No contexto dos princípios básicos de Astronomia, trabalhou-se assuntos como: “Origem do

Universo”, conforme a Teoria do Big Bang. Assim, a partir das explicações dos bolsistas e dos recursos

de animação em linguagem Flash (encontrados nos softwares do CD da Difusão Cultural do Livro6), as

crianças puderem ter uma noção de como, provavelmente, o Universo surgiu e, consequentemente,

como se deu o processo de formação de nosso planeta.

Também, tratou-se do Sistema Solar. Para essa micro-aula, usou-se um cartaz ilustrativo dos

planetas, material proveniente da Revista Nova Escola, e imagens e vídeos educativos, como “Doki

Descobre - Os Planetas”, proporcionando às crianças uma verdadeira viagem pelo Sistema Solar,

fazendo-as conhecer um pouco de cada planeta.

Confeccionou-se um painel do Sistema Solar com o auxílio das crianças, para que, dessa forma,

elas tivessem noção da posição dos planetas no Universo. Após o assunto abordado, organizou-se uma

visita ao Planetário Móbile que se encontrava nas instalações do CEFET-MA, onde através das

6 CD Programa completo de matérias – Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias e o CD Programa completo de materiais – Ciências Humanas e suas tecnologias.

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informações ali esplanadas e dos recursos áudio-visuais apresentados, as crianças puderam aprender

ainda mais sobre o Sistema Solar, conhecendo características peculiares de cada planeta, como o

tamanho, a duração em tempo terrestre do movimento de rotação e de translação e ainda a constituição

física dos mesmos (rochosos ou gasosos). No planetário, as crianças ouviram uma pequena explanação

de como o ser humano tem causado gradativamente a degradação do planeta Terra e de como é

necessário que as novas gerações tratem melhor os recursos biológicos e poluam menos a Natureza.

No que se refere ao tema abordado piscicultura, fez-se uma analogia do ciclo de vida dos peixes

com o do ser humano, mostrando aos alunos as várias diferenças existentes entre os peixes, águas doce e

salgada, uns que vivem no seu habitat natural e outros que são criados em aquários. De forma

complementar, foi trabalhada com as crianças a questão da importância do consumo de peixes e da

poluição dos rios.

E para finalizar o tema, pôs-se em prática a atividade de criação de peixes por parte dos alunos

em espécies de mini-aquários feitos de garrafas PET trazidas de casa pelas próprias crianças à escola.

Essa foi uma oportunidade em que cada uma delas ficou responsável por cuidar de um peixe. Também

relativo a esse momento, as crianças puderam ver e conhecer de forma real as estruturas externas e

internas presentes em um peixe, relembrando o que foi comentado nas micro-aulas. Isso foi feito através

da participação da mãe de um dos alunos, que tratou o peixe para a visualização das crianças, a pedido

dos integrantes do projeto.

Além disso, o projeto “Cientistas do Amanhã” desenvolveu o trabalho junto aos pais e

responsáveis oferecendo a estes e aos alunos palestras, contando com a presença do vice-reitor da

UFMA Antonio José Silva Oliveira, palestrando sobre a “Divulgação e desmistificação da Ciência” e do

professor e médico Luiz Alves Ferreira, que tratou da “Saúde da Mulher”. Além disso, as crianças

puderam conhecer um pouco da profissão do palestrante e, posteriormente, visitar o Laboratório de

Divulgação Científica Ilha da Ciência do Departamento de Física da UFMA, local onde o professor

Oliveira coordena um trabalho de amostra de experimentos e observação de fenômenos físicos.

Certamente, as perspectivas para os alunos através da participação, neste projeto, foram boas.

Assim muitos deles estarão à frente no que diz respeito ao conhecimento de mundo e, desde já, poderão

utilizar a Ciência nas relações cotidianas. Mas se faz necessário que políticas mais efetivas possam dar

continuidade ao processo de desenvolvimento do saber científico, envolvendo não somente a Educação

Infantil (que se encontra atualmente muito desprivilegiada nessa área), mas também toda a Educação

Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio).

Considerações Finais

O “Cientista do Amanhã” veio como essa proposta inovadora de parceria entre o CEFET-MA e

a UEB Dilú Mello, consolidando os laços do presente para um futuro melhor na educação das crianças,

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tendo em vista que é notável o desprivilégio para com o conteúdo curricular de “Ciências” na educação

básica, com raríssimas exceções. Pelos objetivos alcançados, nota-se que cada uma das metodologias

teve papel fundamental nessa empreitada que proporcionou resultados significativos.

As atividades exercidas durante o projeto foram de grande importância no que diz respeito a

socialização da ciência e proporcionaram aos alunos a capacidade de enxergar o mundo de maneira mais

clara, descobrindo na ciência as ferramentas essenciais para se conhecer o meio em que vivemos e

usufruir dos recursos que ele dispõe. Além disso, foi possível notar a motivação e o interesse da maioria

das crianças em conhecer os temas abordados pelos bolsistas. Isso pôde ser comprovado pelo

envolvimento delas, pela participação nas atividades e pelos questionamentos feitos durante os

momentos de aprendizagem, que garantiram o bom êxito do projeto.

Espera-se, através disso, romper as barreiras em relação ao conhecimento científico na educação

básica e principalmente na Educação Infantil, promovendo acesso a uma metodologia mais específica e

dinâmica, que estimule o educando a ver os conhecimentos de Ciências como ferramentas aplicadas ao

cotidiano.

Referências

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: volume 4: ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

______. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: volume 3: conhecimento de mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CENTROS DE MUSEUS DE CIÊNCIA DO BRASIL. Rio de Janeiro: ABCMC: UFRJ, Casa da Ciência: FIOCRUZ, Museu da Vida, 2005. 22p. Disponível em: <http://www.abcmc.org.br/publique1/media/centrosciencia.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2008.

GRUPO DE APOIO ÀS COMUNIDADES CARENTES DO MARANHÃO - GAAC. NOTÍCIAS. Comitê da Cidadania realiza conferência livre na Cidade Olímpica. Disponível em: <http://www.gacc-ma.org.br/noticias_15abr08.htm>. Acesso em: 29 jul. 2008.

MARANHÃO. Proposta curricular da educação infantil – Assessoria de Educação Infantil/GDH. / São Luís, 2002.

MORITA, Nancy de Fátima Silva; SOUZA, Terlúsia Albuquerque de. (Coord.) Currículo da Educação básica das escolas públicas do Distrito Federal: Educação Infantil 4 a 6 anos. Disponível em: <http://inforum.insite.com.br/arquivos/8966/Estrutura_-_curriculo_-_de_4_a_6_anos_infantil.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2008.

VIDA&. Família brasileira tem, em média, menos de 2 filhos. Jornal Estadão. Disponível em: <

http://www.estadao.com.br/geral/not_ger44251,0.htm >. Acesso em: 3 ago. 2008.

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Odaleia Alves da CostaPossui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão (2005) e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Piauí (2008). Em 2009, iniciou o Doutorado em Educação, na Faculdade de Educação da USP, na linha de pesquisa: História da Educação e Historiografia. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: livro didático, mst, movimentos sociais, mulher e educação do campo.

Fábio Henrique Silva Sales

Graduado em Física Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA, 1994). Mestrado em Física da Matéria Condensada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN, 1997). Doutorando em Física da Matéria Condensada pela UFRN. Atualmente é Professor Efetivo do Departamento de Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA),tem experiência, como Coordenador de Eventos Nacionais, Regionais e Locais em Simpósios, Mostras e Congressos de Física, Ciência e Tecnologia, Olimpíadas Brasileiras de Astronomia, Astronáutica, Foguetes, Física, Informática, Robótica e de Matemática para estudantes do Ensino Médio. Orienta estudantes de Iniciação Científica da Graduação e do Ensino Médio nos seguintes temas: Excitações Magnéticas em Terras raras, Fontes Alternativas de Energia Elétrica, Eletricidade em Células Nervosas, Efeito do Magnetismo em Fluidos e na Germinação Vegetais; Ensino de Física, Cosmologia, Astronomia e Astronáutica. Participa amplamente da Divulgação Científica da Ciência, Coordenando Simpósios, Palestras, Olimpíadas, Exposições e Projetos voltados para a Educação básica (Ensinos Infantil, Fundamental e Médio) e Comunidade em geral. É Líder de dois grupos de pesquisas cadastrados no CNPQ, voltados para a Iniciação Científica Junior e o Ensino de Física

Allas Jony da Silva OliveiraTécnico em Telecomunicações(IFMA).Estudante de Graduação dos cursos de engenharia da computação (UEMA) e engenharia elétrica (UFMA).

Alfredo Costa OliveiraTécnico em Telecomunicações(IFMA).Estudante de Graduação dos cursos de engenharia da computação (UEMA) e engenharia elétrica (UFMA).

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