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    APLICAO DO SISTEMA DE INFORMAES GEOGRFICAS NA

    ANLISE ESPACIAL DA OCORRNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE NO

    MUNICPIO DE ILHA DAS FLORES-SE/BR.

    Marlia Matos Bezerra Lemos SilvaMestranda em Geografia, Universidade Federal de Sergipe/BR,

    [email protected].

    Acacia Maria Barros SouzaGraduanda em Geografia-Bac., Universidade Federal de Sergipe/BR,

    [email protected]

    Jos Antnio Pacheco de AlmeidaProf. Dr. do Departamento de Geografia, Universidade Federal de Sergipe/BR,

    [email protected].

    Amlia Maria Ribeiro de JesusProfessora Dr. do Departamento de Medicina, Universidade Federal de

    Sergipe/BR,[email protected].

    INTRODUO

    A esquistossomose doena que acompanha o homem desde a

    antiguidade, se constitui atualmente em um problema de Sade Pblica em

    todo o Brasil, principalmente na Regio Nordeste e no Estado de Minas Gerais.

    Dados da Secretaria de Vigilncia em Sade (2009) indicam que, o Estado deSergipe apresenta a maior prevalncia do pas.Entretanto, este indicador no

    retrata especificidades locais, como, por exemplo, o municpio de Ilha das

    Flores-SE/BR, nosso objeto de estudo, apresentou 46,5% de positividade para

    s. mansonida populao examinada no ano de 2007.

    Para esta pesquisa, a reproduo da esquistossomose discutida a

    partir da organizao social do espao como exerccio de operacionalizao

    entre o paradigma ambiental e o social em sade coletiva. Como asseveraBarbosa (1996, p.614), preciso que a investigao epidemiolgica, alm do

    carter ecolgico, assuma a complexidade da endemia, compreendendo a

    essncia social do processo sade/doena e a historicidade dos seus

    determinantes.

    Nesta perspectiva, realiza-se um estudo transversal, no perodo de 2008

    a 2010, com 570 indivduos residentes no municpio de Ilha das Flores-SE/BR.

    Com o objetivo de compreender o dinamismo espacial dos fatores quepotencializam para tornar o referido municpio endmico.

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    Por ser um estudo de carter interdisciplinar, envolvendo pesquisadores

    da rea geogrfica e mdica, obtm uma viso integrada das principais

    influncias diretas e indiretas associadas gravidade da doena. Fator

    importante para determinar reas de risco e condies ambientais,

    socioeconmicas e culturais, favorveis ocorrncia da endemia no municpio.

    O uso do Sistema de Informaes Geogrficas oferece ao projeto

    tcnicas aprimoradas de coleta, tratamento, manipulao e apresentao de

    dados espaciais, destinados identificao de variveis que revelem onde

    riscos sade esto presentes. Ao delimitar reas de risco e analisar hipteses

    de investigao, esta ferramenta proporciona subsdios para medidas de

    interveno junto aos rgos competentes. Sendo neste contexto, um

    poderoso instrumento a servio da pesquisa em sade.

    2. RESULTADOS E DISCUSSES

    A esquistossomose uma doena milenar que acompanha a

    humanidade desde a Antiguidade, quando esta habitava preferencialmente os

    campos, todavia, no foi debelada ou minimizada com os progressos

    modernos. Contraditoriamente, o processo de urbanizao desordenado

    permite em seus centros perifricos, sem infra-estrutura de saneamento bsico

    e alimentado pelo processo migratrio, a escalada da doena em um espao

    inteiramente novo, dessa feita, urbano. De fato, ela se encontra entre as

    poucas doenas parasitrias cuja distribuio em escala mundial continua a

    aumentar (ROLLEMBERG; SILVA et al, 2011).

    Hoje em dia, a esquistossomose afeta em torno de 200 milhes de

    indivduos na frica, sia e Amrica, constituindo-se ainda em risco para 650

    milhes de pessoas residentes em reas endmicas. Sendo considerada umadas seis grandes endemias que afligem o mundo, afetando principalmente

    aqueles que, por necessidade de trabalho ou falta de opo de lazer, so

    forados a contatos constantes com guas infestadas com cercarias. Assim, a

    distribuio da infeco na populao se d forosamente com maior

    freqncia e gravidade em indivduos que vivem em piores condies de vida

    (ANDRADE, 1996).

    O Brasil o pas mais atingido pela enfermidade nas Amricas.Acometendo 2,5 a 6 milhes de pessoas principalmente nos Estados

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    nordestinos da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco e no Estado de Minas

    Gerais. De acordo com a Secretaria de Vigilncia em Sade (2009), o Estado

    de Sergipe apresenta a maior prevalncia do pas.

    Em estudo ecolgico da distribuio espacial da ocorrncia da

    esquistossomose no Estado de Sergipe no perodo de 2005 2008, detectou-

    se que a prevalncia da doena, representada em termos de positividade

    parasitolgica dos exames realizados pelo PCE foi de 13,6% (14471/106287)

    em 2005, 11,2% (16196/145069) em 2006, 11,8% (10220/86824) em 2007 e

    10,6% (8329/78859) em 2008 (ROLLEMBERG & SILVA, 2011). Mantendo-se

    sempre acima da mdia nacional de 6,1%, 5,9%, 5,8% e 6,1%,

    respectivamente para estes anos (MS e SVS, 2009).

    Dentre os municpios sergipanos com maior prevalncia e incidncia da

    endemia. Elegeu-se como objeto de estudo desta pesquisa o municpio de Ilha

    das Flores-SE/BR. Objetivando compreender o dinamismo espacial dos fatores

    que potencializam para tornar a rea endmica. No ano de 2007, o referido

    municpio apresentou um percentual altssimo de 46,5% de positividade para S.

    mansoni da populao examinada. Superando a mdia nacional de 5,8% e

    Estadual de 10,6% neste ano (Figura - 1).

    Figura 1 - Mapas de Ocorrncia da Esquistossomose no Estado de Sergipe-BR/ 2005 a 2008.Fonte: Rollemberg, Silva et al, 2011.

    Buscando caracterizar as diversas condies potenciais de exposio,

    que se configuram enquanto espaos determinantes na transmisso da

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    doena. Foi confeccionado o mapa temtico de uso e ocupao do solo (Figura

    2). Este ao permitir o conhecimento da realidade local, torna-se ferramenta

    fundamental na perspectiva de monitorar as condies geradoras do processo

    sade/doena/vetor no territrio estudado.

    Figura 2 - Mapa do Uso e Ocupao do Solo - Ilha das Flores SE/2009.

    Espao Urbano (EU) O espao urbano compreende no

    uso misto residencial e comercial no espao fsico das cidades, contudo,

    essas caractersticas tambm so encontradas em parcelas

    significativas do espao rural. Nesta categoria, inclui-se a sede

    municipal (EUsm) e os povoados(EUp), estes localizados prximos a

    sede

    Espao Construdo (EC) envolve reas de rodovias,servios de transportes, comrcio local, energia e comunicao. Sendo

    destacada a subcategoria rodovia pavimentada (ECrp), a qual

    determinante para o acesso ao municpio, conseqentemente,

    influenciando diretamente no uso potencial da terra.

    Espao Agrcola (EA) compreende as reas onde a terra

    utilizada na produo de alimentos. Consistindo na maior atividade

    econmica do municpio. representada pela cultura do arroz (EAca)seguida pela cultura do coco (EAcc), e em menor proporo, a cultura

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    diversificada frutfera (EAcd), a qual encontra-se, em grande parte, no

    entorno do espao urbano do municpio.

    Espao Agro-pastoril (EAp) as atividades de pastoreio

    comumente ocorrem em terras onde foi parcial ou totalmente

    interrompida a produo agrcola. Comumente, se apresenta em reas

    desmatadas, porm, conservando rvores dispersas como propsito de

    proporcionar sombras para gado. Observar-se tambm, a pastagem

    associada cultura do coco-da-baa (EApc). Num primeiro momento

    estas reas, se apresentavam destinadas a cocoicultura, por questes

    econmicas, passou a ceder lugar para a pecuria, assim, as duas

    atividades acabaram se reproduzindo no mesmo espao. Outro tipo de

    atividade o da pastagem associada ao solo desnudo (EAps),

    apresenta-se em pequena proporo, normalmente em solos arenosos

    com baixa fertilidade, estando tambm relacionados criao bovina.

    Espao Florestal (EF) - Em funo do processo de

    ocupao do espao pelas atividades agrcolas, a vegetao nativa

    acabou sendo profundamente devastada. Encontrando-se fragmentada

    em pequenas manchas residuais. Os poucos remanescentes de

    vegetao nativa, d a restinga arbustiva/arbrea (EFra), se encontram

    isolados mais ao sul do municpio, cercados geralmente pelo uso

    agrcola, da rizicultura e da cocoicultura. O processo de ocupao

    urbana ao longo das margens do Rio So Francisco propiciou um

    intenso desmatamento da mata de galeria (EFmg).

    Espao Aqutico (EAq) abrange os rios, riachos, canais e

    outros corpos dgua. O rio (EAqr) So Francisco banha todo municpio

    e responsvel pelo abastecimento do espao urbano, como tambm,pela drenagem dos canais de irrigao. A rea alagadia (EAqa), sujeita

    ao rebaixamento sazonal do lenol fretico, pode mudar gradualmente

    para um espao agrcola. Alguns desses espaos de inundao so

    utilizados para o cultivo do arroz e em funo de sua dinmica oferecem

    tambm, suporte para a reproduo da atividade pecuarista. Outra

    atividade encontrada no espao aqutico consiste na atividade da

    piscicultura (EAqp). Esta se apresenta se apresentam em forma de

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    pequenos reservatrios, e constituem o complemento da atividade

    econmica do municpio.

    O preliminar diagnstico scio-ambiental estabelecido no municpio, a

    partir do reconhecimento da rea por trabalhos de campo, mapa temtico do

    uso e ocupao do solo e aplicao de questionrios (em anexo) com a

    populao. Possibilitou intuir que, o municpio de Ilha das Flores apresenta-se

    como um grande reservatrio de S. mansoni. A elevada prevalncia da doena

    no municpio associa-se, sobretudo, ao conjunto de fatores ambientais (clima,

    hidrologia, geologia e geomorfologia), socioeconmicos (precrias condies

    de habitao, deficientes sistemas de abastecimento de gua e de sistemas de

    esgotos sanitrios, baixos nveis educacionais, dentre outros) e culturais

    (freqentar colees hdricas para o lazer), descritos em seguida, favorveis

    manuteno da infeco porS. mansoni.

    A geologia e a geomorfologia do municpio favorecem a formao de

    grandes reas alagadias, as quais correspondem a mais de 10% da rea total

    do municpio. O mau remanejamento destas reas convertem-nas em locais

    propcios contaminao e favorveis proliferao do agente infeccioso

    (S.mansoni) e a adaptao do caramujo (hospedeiro intermedirio). Somado a

    isso, as condies climticas do municpio, clima do tipo megatrmico seco e

    sub-mido, com temperatura mdia no ano de 26C e precipitao

    pluviomtrica mdia anual de 1.200 mm, tanto favorecem a concentrao de

    massas d'gua, como a temperatura e a luminosidade necessrias a

    proliferao deste parasita, agravando ainda mais a situao.

    A proximidade da populao com as colees hdricas, propcia alta

    freqncia de contato com as guas infectadas, dos lagos e canais.

    Principalmente em pocas de calor intenso, quando hbitos culturais como:banho, pesca, lavagem de roupas ou pratos, atividades de lazer e outros, ficam

    quase irresistveis (Foto 1).

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    Foto 1 Local de contaminao- canais de irrigao no municpio de Ilha das Flores- SE.

    Trabalhos de campo, realizados com o apoio de bilogos comprovaram

    que as colees hdricas de Ilha das Flores, esto altamente colonizadas pela

    Biomphalaria (Foto 2), gnero de caramujos, hospedeiros intermedirios

    naturalmente suscetveis ao S. mansonicujo habitatnatural so os cursos de

    gua doce com pouca ou nenhuma correnteza como represas, lagos, lagoas,

    crregos, riachos, brejos, audes, canais de irrigao e outros. Isto se deve,

    sobretudo, as caractersticas fsico-qumicas das guas naturais do municpio,

    favorveis proliferao destes parasitas, tais como o pH, a temperatura e a

    luminosidade.

    Foto 2 - Colees hdricas em Ilha das Flores-SE colonizadas pelo gnero de caramujoBiomphalaria.

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    O municpio de Ilha das Flores-SE, esta inserido na grande rea

    produtora de arroz irrigado do nordeste, regio do Baixo So Francisco

    Sergipano, proveniente dos altos investimentos feitos pela companhia de

    desenvolvimento do vale do So Francisco (CODEVASF). A produtividade da

    rizicultura em Sergipe, em 2008, alcanou 58,6 mil toneladas, se situando 20%

    acima da mdia brasileira e 201% superior a media nordestina. Ilha das Flores

    manteve o segundo lugar no ranking do Estado, ampliando a produo de 7 mil

    toneladas para 11,3 mil toneladas, neste ano (LACERDA, 2010).

    Dentre os 46.59% da rea do municpio destinos ao espao agrcola,

    39,25% so para a produo de arroz (Foto 3), conforme mapa do uso e

    ocupao do solo. Esta atividade concentra-se nas reas inundveis em torno

    do permetro irrigado, sendo de grande expresso econmica e de amplo valor

    estratgico para o municpio. Desenvolvida geralmente por pequenos

    produtores, os quais arrendam os lotes e com ajuda da cooperativa, tm nessa

    atividade a principal fonte de renda familiar.

    Foto 3 rea de rizicultura no municpio Ilha das Flores-SE.

    As reas de irrigao so mundialmente reconhecidas como importantes

    focos de transmisso das esquistossomoses. Sendo necessrio, um

    planejamento inicial sobre a questo de sade, antes da instalao de represas

    de cursos d'gua para irrigao (COUTINHO, 1992). Estas reas so

    consideradas pelo Ministrio da Sade (1988) vulnerveis ou de risco que

    necessitam de um esquema permanente de vigilncia epidemiolgica

    realmente eficaz.

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    O permetro de irrigao do municpio de Ilha das Flores-SE prximo

    aos povoados onde os trabalhadores residem e desenvolvem suas atividades

    culturais. O inadequado remanejamento destes locais por parte dos

    agricultores, sem roupas adequadas e o alto ndice de poluio fecal. Somado

    a situao socioeconmica e sanitria em que se depara esta populao, baixa

    qualidade de vida e deficincia em servios bsicos como: sade, educao,

    saneamento bsico e infra-estrutura, constitui-se no principal fator da

    proliferao da endemia no municpio. Tornando-o um grande reservatrio de

    S.mansoni, conforme mapa temtico das fontes hdricas (Figura 3).

    Figura 3 - Fontes Hdricas associadas s distncias dos canais de irrigao.

    Em consonncia com Barbosa (1996), alm dos fatores supracitados,

    preciso que a investigao epidemiolgica assuma a complexidade da

    endemia, compreendendo a essncia social do processo sade/doena e a

    historicidade dos seus determinantes. Para que, as posteriores medidas de

    controle contemplem a diversidade dos grupos sociais nos quais ele ocorre, e

    logrem efetividade nas suas aes.

    Neste sentido, almejando compreender a estrutura social e a dinmica

    da populao do municipio, foram aplicados os questionrios,

    socioeconmicos, culturais e de sade. A tabulao destas informaes em um

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    Banco de Dados permitiu, atravs de analises geoestatsticas no SPSS verso

    17.0, estabelecer padres que identificam populaes mais suscetveis a

    infeco.

    Dentre os 500 indivduos entrevistados, 120 foram positivos para S.

    mansoni, o que corresponde a 24% da populao estudada. Destes 65,2%

    eram do sexo masculino. Houve resultados considerveis nas associaes

    entre este parasita e ser do sexo masculino (RP = 2,0, 95% CI 1,27-3,26, p =

    0,003), agricultor(RP = 2,7 p, 95% CI, 1,29-5,40, p

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    Figura 4 Carta- imagem das reas Urbanas do municpio de Ilha das Flores-SE

    A partir das consultas espacias foi possivel identificar a precariedade da

    rede de esgostos do municipio, cobrindo apenas 3,30% da populao. A rea

    urbana possui escoamento pluvial, e esgotamento sanitrio, geralmente

    efetuado atravs fossas spticas e comuns e de esgotos a cu-aberto (Figura

    5). Sendo estas, um possvel veculo de contaminao para esquistossomose.

    Figura 5 - Esgotamento Sanitrio do Municpio de Ilha das Flores- SE 2010.

    A, B, C, D- Povoado Serro/ E- Bolvar/ F- Sede Municipal/ G- Bongue.

    A

    B

    C

    D

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    Almejando identificar, localizar e visualizar a ocorrncia da

    esquistossomose no municpio, tarefas possibilitadas pelo uso dos SIG,

    utilizou-se a estatstica espacial onde foi possvel modelar a ocorrncia deste

    evento. O mapeamento da endemia consistiu na descrio do processo de

    distribuio espacial, visando avaliar a variao geogrfica na sua ocorrncia,

    para assim, identificar diferenciais de risco e levantar hipteses etiolgicas,

    etapa em andamento.

    Dentre as tcnicas disponveis de anlise exploratria espacial para

    detectar e mapear reas quentes ou aglomerados utilizou-se no projeto o

    estimador de densidade Kernel do Software Crime Stat III. Este produziu para o

    estudo uma superfcie contnua, com densidades calculadas em todas as

    localizaes, a partir da qual se considera que os pontos (indivduos positivos)

    formaram um aglomerado em uma distribuio espacial. Por ser um Kernel

    dual ou de razo, o risco expresso como uma probabilidade de ocorrncia

    com valores variando de 0 a no mximo1 (Figura 6).

    Figura6 Estimador de densidade Kernel para prevalncia esquistossomose Ilha das Flores - SE.

    Os mapas temticos gerados pela anlise exploratria espacial

    possibilitou identificar reas que necessitam de mais ateno. Por no ser

    influenciado por divises poltico-administrativas, este tipo de anlise permite

    uma viso geral da distribuio de primeira ordem do evento.

    ESTIMADOR DE DENSIDADE KERNEL PARAPREVALNCIA ESQUISTOSSOMOSE ILHA DAS

    FLORES - SE 2010.

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    O Kernel apresentou reas expostas maior risco de infeco, na parte

    sul do Serro, nordeste do Bolvar, centro-leste da sede e no centro-oeste do

    Bongue. Localidades onde a populao mais carente e apresenta condies

    de vida precrias, existindo um maior contato e consumo direto de guas

    superficiais contaminadas e deficincia em sistemas de esgotamentos

    sanitrios (Foto 4). Confirmando o que fora exposto pelas analises

    geoestatstica e trabalhos de campo desta pesquisa.

    Foto 4 - Cmodos de uma residncia localizada no centro do povoado Bongue em Ilha das Flores-SE.

    Obtidos os dados socioeconmicos, culturais e de sade da populao,

    os aspectos fisiogrficos da rea e os inquritos epidemiolgicos e sanitrios

    das comunidades, associados aos os valores das razes de prevalncia (RP)

    das anlises geoestatsticas. Dando continuidade a esta pesquisa, sero

    determinados pesos para as diferentes variveis a serem utilizadas na

    confeco do ndice de vulnerabilidade e posteriormente, a confeco do mapa

    de vulnerabilidade, sntese deste estudo. Identificando de formar categrica, os

    fatores determinantes nos padres de transmisso da endemia.

    CONSIDERAES PRELIMINARES

    A complexidade da dinmica de transmisso da esquistossomose indica

    que esta doena no deve ser compreendida como um problema restrito rea

    da sade, e sim requerer intervenes articuladas de maneira multidisciplinar.

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    Nesta perspectiva, a abordagem espacial, constitui-se em uma categoria de

    estudo imprescindvel na investigao do processo sade-doena, otimizando

    a capacidade de promover novas estratgias de controle epidemiolgico.

    Sendo possvel perceber que os dados de sade e doena tm

    dimenso espacial e podem ser expressos neste contexto da distribuio

    geogrfica, onde o espao o palco para circulao do agente infeccioso que

    em condies especficas deflagra uma doena.

    O uso de geotecnologias ofereceu ao estudo possibilidades inovadoras e

    eficazes na anlise de dados no espao geogrfico, ou seja, da situao de

    sade e de suas tendncias. Propiciando ao projeto melhor compreenso dos

    fatores que determinam as condies de vida e o estado de sade da

    populao. Os trabalhos de campo e laboratrio permitem o desenvolvimento

    de tcnicas acuradas de: tratamento digital de imagens, confeco de mapas

    (temticos e cadastrais) e gerenciamento de Banco de Dados geoespaciais.

    Contribuindo assim, para futuro planejamento de aes integradas de controle

    da doena no municpio.

    Diante do diagnstico exposto observou-se que, faz-se necessria

    educao em sade das comunidades e a construo de obras de engenharia

    sanitria e de saneamento bsico, alm do adequado abastecimento de gua.

    Procurando assim, minimizar as condies naturais do desenvolvimento dos

    hospedeiros intermedirios (caramujos) e da proliferao do agente infeccioso

    (s.mansoni). Neste sentido, de primordial importncia que o Poder Pblico

    encontre uma forma de reduo das mazelas do municpio Ilha das Flores,

    numa tentativa de abrandar a consternao desta populao.

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