Ciganos: identidade e cultura
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COIMBRA, CIDADE DE TODOSCOIMBRA, CIDADE DE TODOS Programa de Formação Técnicos de Inserção e Programa de Formação Técnicos de Inserção e
inter/ multiculturalidade inter/ multiculturalidade 21 Junho 2006 21 Junho 2006
Estratégias d
e Intervenção - t
reino de
Estratégias d
e Interve
nção - treino de
estratégias c
om indivíduos/g
rupos.
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uos/grupos.
Metodologias de In
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Criativ
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Criativ
idade.
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Carlos JorgeCarlos Jorge
Cultura CiganaCultura Cigana
OuOu
A etnicidade cigana A etnicidade cigana é Homogénea?é Homogénea?
Diferenciam-se entre si:Diferenciam-se entre si:- Linguística e Culturalmente?Linguística e Culturalmente?- Económica e socialmenteEconómica e socialmente??-Ou ...Ou ...
O paradoxo da IdentidadeO paradoxo da Identidade- A identidade é, simultaneamente, o que é idênticoidêntico o mesmo ou pelo menos, semelhante) e o que é diferente, distintodiferente, distinto.-A identidade oscila entre a semelhança e a semelhança e a diferençadiferença entre o que faz do individuo um ser singular e o que, ao mesmo tempo, o torna semelhante aos outros.-A psicologia mostra que a identidade se constroi num duplo movimento de assimilação e de assimilação e de diferenciação. diferenciação.
IdentidadeIdentidade
Significado da identidade ao nível individualSignificado da identidade ao nível individual
A identidade pode ser vista:A identidade pode ser vista: como um estadocomo um estado - definido por ex., - definido por ex.,
pelo BI;pelo BI; Como uma representaçãoComo uma representação - a ideia - a ideia
que tenho de quem sou;que tenho de quem sou; Um conceitoUm conceito - noção operatória das - noção operatória das
Ciências Sociais Humanas e SociaisCiências Sociais Humanas e Sociais
Construção da Identidade IndividualConstrução da Identidade Individual
É um processo dinâmico , feito de É um processo dinâmico , feito de continuidades e de rupturascontinuidades e de rupturas – a – a “crise” da adolescência, a crise da “crise” da adolescência, a crise da idade da reforma, etc.idade da reforma, etc.
A construção da identidade A construção da identidade é umé um processo inacabadoprocesso inacabado e sempre e sempre retomado pelos indivíduos, retomado pelos indivíduos, influenciado por múltiplos factores influenciado por múltiplos factores sociais. sociais.
Identidade SocialIdentidade Social Caracteriza-se pelas Caracteriza-se pelas suas suas
pertenças pertenças : a um grupo sexual, ou : a um grupo sexual, ou género, grupo etário, classe social, género, grupo etário, classe social, etnia, nação, grupo religioso, etc. etnia, nação, grupo religioso, etc.
Permitindo ao indivíduo Permitindo ao indivíduo posicionar-se no sistema socialposicionar-se no sistema social e ser referenciado pelos outros e ser referenciado pelos outros como membro de determinado como membro de determinado grupo. grupo.
Identidade Cultural: Identidade Cultural: Concepções objectivistasConcepções objectivistas
A IC é uma forma de A IC é uma forma de classificação/categorizaçãoclassificação/categorização dos dos vários grupos sociais segundo o critério da vários grupos sociais segundo o critério da diferença cultural. diferença cultural.
Poderemos distinguir duas formas comuns de Poderemos distinguir duas formas comuns de identidade cultural:identidade cultural:
1- 1- NaturalistaNaturalista – – a ic é uma herança quase a ic é uma herança quase imutável em que os aspectos genéticos e imutável em que os aspectos genéticos e biológicos são importantes – “metáfora das biológicos são importantes – “metáfora das raízes”;raízes”;
2 – 2 – Culturalista Culturalista – – a ic é algo primordial ou a ic é algo primordial ou essencial que um grupo humano incorpora no essencial que um grupo humano incorpora no seu processo de socialização. seu processo de socialização.
Identidade Cultural:Identidade Cultural:Concepções subjectivistasConcepções subjectivistas
A IC A IC não é algo de estático, que recebe de não é algo de estático, que recebe de forma passiva, do grupo etnoculturalforma passiva, do grupo etnocultural ao ao qual pertence, qual pertence, mas uma construção dos mas uma construção dos sujeitos indivíduos e colectivos em sujeitos indivíduos e colectivos em permanente transformação e mudançapermanente transformação e mudança. .
A IC é um A IC é um sentimento de pertençasentimento de pertença, , é uma é uma identificaçãoidentificação com a comunidade imaginada com a comunidade imaginada (fruto da capacidade imaginativa dos sujeitos)(fruto da capacidade imaginativa dos sujeitos)
Nesta perspectiva o que conta são Nesta perspectiva o que conta são as as representações que os indivíduos representações que os indivíduos constroem sobre a realidade social, a constroem sobre a realidade social, a forma como vêem a dicotomia nós/elesforma como vêem a dicotomia nós/eles..
Construção da Construção da IdentidadeIdentidade
Identidade LegitimadoraIdentidade Legitimadora : conjunto de : conjunto de organizações e instituições , que organizações e instituições , que reproduzem, por vezes com conflitos, a reproduzem, por vezes com conflitos, a identidade dominante;identidade dominante;
Identidade de ResistênciaIdentidade de Resistência : gerada pelos : gerada pelos actores que se encontram em posições actores que se encontram em posições socialmente desqualificadas/estigmatizadas socialmente desqualificadas/estigmatizadas pela lógica da dominação;pela lógica da dominação;
Identidade ProjectoIdentidade Projecto : actores sociais que : actores sociais que constroem uma nova identidade que constroem uma nova identidade que redefine a sua posição na sociedade (ex: as redefine a sua posição na sociedade (ex: as feministas) feministas)
Construção da diferençaConstrução da diferença
Mecanismo CognitivoMecanismo Cognitivo
HistóriaHistória
CiênciasCiências
Práticas políticasPráticas políticas
Construção da diferençaConstrução da diferença Mecanismo Mecanismo cognitivocognitivo
O preconceito e o estereotipo O preconceito e o estereotipo operam segundo o principio da operam segundo o principio da economia cognitiva. É através da economia cognitiva. É através da visão que construímos o nosso visão que construímos o nosso conhecimento da diferença. conhecimento da diferença. Distinguimos as pessoas pela cor Distinguimos as pessoas pela cor da pele – da pele – gama cromáticagama cromática
Construção da diferença Construção da diferença CiênciasCiências Fundamentação Natural das Fundamentação Natural das
diferençasdiferenças
Políticas de Eugenia Políticas de Eugenia (Sir Francis (Sir Francis Galton – 1822-1911)Galton – 1822-1911)
Avaliação da inteligência Avaliação da inteligência ((AlfredAlfred Binet – 1857-1911)Binet – 1857-1911)
Darwinismo-Social Darwinismo-Social (os mais dotados (os mais dotados tem mais possibilidades de sobreviver)tem mais possibilidades de sobreviver)
Construção da diferençaConstrução da diferença História História Narrativas Históricas:Narrativas Históricas: História oficialHistória oficial – o bárbaro, o infiel, o – o bárbaro, o infiel, o
selvagem, o pobre, o inculto, etc.selvagem, o pobre, o inculto, etc. Imagens construídas a partir da Imagens construídas a partir da
diversidade:diversidade: de classe, de etnia, de de classe, de etnia, de cultura, de religião, de género, de cultura, de religião, de género, de sexo.sexo.
Progresso em oposição ao estado Progresso em oposição ao estado selvagemselvagem..
Construção da diferençaConstrução da diferença Práticas políticasPráticas políticas
Elaboração de LeisElaboração de Leis
A construção da diferença ocorres A construção da diferença ocorres também no discurso político e também no discurso político e concretiza-se na produção legislativa.concretiza-se na produção legislativa.
A construção do A construção do Estado-NaçãoEstado-Nação impõe a impõe a homogeneização da população na homogeneização da população na língua e na cultura através do sistema língua e na cultura através do sistema educativo. Sempre em nome da educativo. Sempre em nome da igualdade dos cidadãos. igualdade dos cidadãos.
O QUE SABEMOS DOS O QUE SABEMOS DOS CIGANOS?CIGANOS?
Que relação se Que relação se estabelece com estabelece com os ciganos?os ciganos?
-romântiromânticaca- Ou Ou
-
alarmistalarmistaa
os ROM, ou os ROM, ou RomaRoma
(homem ou (homem ou marido)marido)
que falam a língua romani. São divididos em vários subgrupos, com denominações próprias, como os Kalderash, Matchuaia, Lovara, Curara. São predominantes nos países balcânicos, mas a partir do Século XIX migraram também para outros países europeus e para as Américas.
os os SINTISINTI
que falam a língua sintó e são mais predominam na Alemanha, Itália e França, onde também são chamados Manouch.
os os CALÓ ou CALÓ ou CALÉCALÉ
(preto)(preto)
que falam a língua caló, os “ciganos ibéricos”, que vivem principalmente em Portugal e na Espanha, onde são mais conhecidos como Gitanos, mas que no decorrer dos tempos se espalharam também por outros países da Europa e foram deportados ou migraram inclusive para a América do Sul.
Estes grupos e dezenas de subgrupos, cujos nomes muitas Estes grupos e dezenas de subgrupos, cujos nomes muitas vezes derivam devezes derivam de::
1
ProfissõesProfissões
Kalderash = caldeireiros Ursari = domadores de ursos.
2
procedência procedência geográfica geográfica
Moldovaia, Piemontesi
3
Antepassado Antepassado ComumComum
Os Maias
- - As formas de institucionalizaçãoAs formas de institucionalização:: os seus regulamentos os seus regulamentos próprios, as suas leis, as suas estruturas hierárquicas, as próprios, as suas leis, as suas estruturas hierárquicas, as relações de poder;relações de poder;
B - B - O sistema de diferenciaçãoO sistema de diferenciação que permite agir sobre as que permite agir sobre as acções dos outrosacções dos outros: o estatuto ou privilégio, as competências ou : o estatuto ou privilégio, as competências ou saber-fazer;saber-fazer;
C - C - As modalidades instrumentais do poderAs modalidades instrumentais do poder: pelos efeito : pelos efeito da palavra, por mecanismos de controle, de vigilância, as regras da palavra, por mecanismos de controle, de vigilância, as regras explicitas ou implícitas; explicitas ou implícitas;
d - d - Os objectivos perseguidos com o exercício do poderOs objectivos perseguidos com o exercício do poder: : manutenção de privilégios e pôr em acção a autoridade.manutenção de privilégios e pôr em acção a autoridade.
Ao analisar a instituição familiar Ao analisar a instituição familiar cigana procuraremos compreender:cigana procuraremos compreender:
MMatrizatriz CCulturalultural
MatrimóniMatrimónio/o/
virgindadvirgindadee
Luto / Luto / PomanaPomana
Leis Ciganas / Leis Ciganas / KrisKris
MahriméMahrimé
Língua Romanó / CalóLíngua Romanó / Caló
Representação da Representação da Sociedade Sociedade “Pailha”“Pailha”
Homens de Homens de RespeitoRespeito
Respeito pelos Respeito pelos MortosMortos
MusicaMusica
Respeito pelos Respeito pelos TerritóriosTerritórios
Trabalho étnicoTrabalho étnico
Família ExtensaFamília Extensa
VirgindadeVirgindade
Prova da VirgindadeProva da Virgindade “Panhuelo“Panhuelo”” Mulher de respeitoMulher de respeito “Ajuntadora”“Ajuntadora” Mulheres com vergonhaMulheres com vergonha “ Latcha” “ Latcha”
MMatrimónio
atrimónio
Diversidade no matrimonio:Diversidade no matrimonio:
““Está Pedido (a)”Está Pedido (a)”
- Casamento por iniciativa dos pais, sem Casamento por iniciativa dos pais, sem consulta dos filhos;consulta dos filhos;
- Casamento por iniciativa dos jovens desde - Casamento por iniciativa dos jovens desde que não exista oposição dos pais;que não exista oposição dos pais;
- Casamento em que predomina a “fuga”. - Casamento em que predomina a “fuga”. Ritual aceite pelo grupo.Ritual aceite pelo grupo.
Concilio de Trento – 1563 – 24 ª SessãoConcilio de Trento – 1563 – 24 ª Sessão
Código Cível PortuguesCódigo Cível Portugues
““Inião de Facto”Inião de Facto”
Casamento só “Biológico”?Casamento só “Biológico”?
As roupas do pai são rasgadasAs roupas do pai são rasgadas
Fuga(vale como casamento): Gosta de outra Fuga(vale como casamento): Gosta de outra pessoa;pessoa;
Já não está virgem etc.Já não está virgem etc.
Imposto de Selo 80 ReisImposto de Selo 80 ReisFrancisco da Silva Figueira, Prior da Pena,Francisco da Silva Figueira, Prior da Pena,
;;;;ii
Certifico que no Livro 28 dos baptismos desta Certifico que no Livro 28 dos baptismos desta freguesia, folhas 219- V está o termo ~freguesia, folhas 219- V está o termo ~
do seguinte: do seguinte: Aos vinte e quatro de julho do Aos vinte e quatro de julho do ano de mil oitocentos eano de mil oitocentos e
sessenta e dois,sessenta e dois, pelas onze horas da manhã nesta pelas onze horas da manhã nesta Igreja Paroquial da Pena, Bairro Alto,Igreja Paroquial da Pena, Bairro Alto,
e de Lisboa e de Lisboa baptizei solenemente um indivíduo do baptizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei osexo masculino a quem dei o
nome de Josénome de José, que nasceu pelas quatro horas da , que nasceu pelas quatro horas da manhã do dia quatro de Maio ultimo,manhã do dia quatro de Maio ultimo,
agencia, digo agencia, digo filho legitimo de Manoel Maia e de filho legitimo de Manoel Maia e de Maria Roza ambos baptizados eMaria Roza ambos baptizados e
recebidos na freguesia dos Anjos desta cidade e recebidos na freguesia dos Anjos desta cidade e moradores nesta freguesiamoradores nesta freguesia, na Carreira, na Carreira
dos Carvalhos, neto paterno de António da Maia e de dos Carvalhos, neto paterno de António da Maia e de Maria Josefa e materno deMaria Josefa e materno de
Pedro Rodrigues e Encarnação Garcia. Pedro Rodrigues e Encarnação Garcia. Foi padrinho Foi padrinho o excelentíssimo o excelentíssimo CondeConde
d'Anadia,d'Anadia, José Paes, casado, morador na Rua de José Paes, casado, morador na Rua de São João das Bem Casadas, freguesiaSão João das Bem Casadas, freguesia
de Santa Isabel, e madrinha Nossa Senhora e a José de Santa Isabel, e madrinha Nossa Senhora e a José (?) José Bongas (?),(?) José Bongas (?),
casado, morador na Freguesia dos Anjos. Declara que casado, morador na Freguesia dos Anjos. Declara que o padrinho foi representado poro padrinho foi representado por
Diogo Henrique Bettencourt, lavrei em duplicado esteDiogo Henrique Bettencourt, lavrei em duplicado esteassento, que depois de ser lido e conferido presentes assento, que depois de ser lido e conferido presentes
os padrinhos, comigo assinaramos padrinhos, comigo assinaramO Prior Joaquim José Baptista Mendes -Diogo O Prior Joaquim José Baptista Mendes -Diogo
Henrique Bettencourt -Henrique Bettencourt -José Bongas transladado. P~na, José Bongas transladado. P~na, 7 de Março 18917 de Março 1891
A Data: Lisboa 11 de Março de 1891A Data: Lisboa 11 de Março de 1891Notas: Existem palavras que não percebi.Notas: Existem palavras que não percebi.
Registo de Registo de BaptismoBaptismo
Luto / Pomana Luto / Pomana (ritos funerários)(ritos funerários)
““MantonManton”” Cabelo RapadoCabelo Rapado
superstiçsuperstiçãoão
Musica, álcool e participação em divertimentosMusica, álcool e participação em divertimentos
o luto que une toda a comunidade na o luto que une toda a comunidade na dordor
o o respeito pelos respeito pelos mortosmortos, e quando a , e quando a eles se referem dizem eles se referem dizem sempre: sempre: “ “ que Deus o tenha ... que Deus o tenha ...
( em( em descanso)” descanso)”
É a pior ofensa que É a pior ofensa que se pode fazer a um se pode fazer a um
cigano é cigano é “renegar “renegar os seus mortosos seus mortos”.”.
Ritos FúnebresRitos Fúnebres
Lam
en
tos e
gri
tos d
e
Lam
en
tos e
gri
tos d
e
dor
dor
Homens de RespeitoHomens de Respeitoo enobrecimento dos “homens de respeito” o enobrecimento dos “homens de respeito”
(mais velhos) - (mais velhos) - os tiosos tios; Isto não significa que ; Isto não significa que a condução dos destinos das comunidades a condução dos destinos das comunidades ciganas esteja nas mãos da gerontocracia a ciganas esteja nas mãos da gerontocracia a quem se obedece de forma submissa. Não quem se obedece de forma submissa. Não poderemos confundir respeito com submissão. poderemos confundir respeito com submissão.
MahriméMahriméA impureza inerente a certos momentos A impureza inerente a certos momentos da vida sexual – menstruação, partos. da vida sexual – menstruação, partos. InterditosInterditos
Mas não só... Mas não só... Papusza Papusza (Boneca)(Boneca)
PolóniaPolónia
Uma das maiores poetas e cantoras de Uma das maiores poetas e cantoras de todos os tempos.todos os tempos.
Livros que incluía poemas seus. Depois da Livros que incluía poemas seus. Depois da publicação do livro foi levada a publicação do livro foi levada a julgamento e foi declarada Mahrimé.julgamento e foi declarada Mahrimé.
Passou 8 meses no hospital psiquiátrico Passou 8 meses no hospital psiquiátrico de Silésia, depois durante 34 anos, até a de Silésia, depois durante 34 anos, até a sua morte em 1987, viveu sozinha e sua morte em 1987, viveu sozinha e isolada.isolada.
Cobras, ratos, sapos e outros que se poleiem Cobras, ratos, sapos e outros que se poleiem lambendo-se são considerados mahrimélambendo-se são considerados mahrimé
Leis Ciganas / KrisLeis Ciganas / Kris AAs s “leis ciganas” que imergem do seu direito “leis ciganas” que imergem do seu direito consuetudinário.consuetudinário.AA Kris Kris é uma assembleia/tribunal que reúne os é uma assembleia/tribunal que reúne os tios/homens de respeito para dirimir situações tios/homens de respeito para dirimir situações de conflitos entre famílias, pessoas etc.de conflitos entre famílias, pessoas etc.
DO
IS E
XEM
PLO
S:
Proibir a emancipação dos indivíduos, em favor da preservação do grupo.
O caso de
PapuszaPapusza
Oswaldo MacedoOswaldo Macedo Brasileiro - médico com 70 Brasileiro - médico com 70 anos conta: que quando anos conta: que quando pretendeu candidatar-se a pretendeu candidatar-se a medicina foi-lhe dito que não medicina foi-lhe dito que não poderia porque seria mahrimé. poderia porque seria mahrimé. O caso foi levado à Kris. A sua O caso foi levado à Kris. A sua avó defende-o dizendo que ele avó defende-o dizendo que ele para fazer cirurgias teria que para fazer cirurgias teria que usar luvas, logo... Não era usar luvas, logo... Não era mahrimé.mahrimé....o ...o kris romanikris romani, uma espécie de , uma espécie de tribunal cigano, tribunal cigano, sempre apresentado como algo tipicamente “cigano”, sempre apresentado como algo tipicamente “cigano”,
quando, na realidade é um elemento cultural apenas dos Kalderash, que o tomaram emprestado da quando, na realidade é um elemento cultural apenas dos Kalderash, que o tomaram emprestado da sociedade rural romena, e que não existiria nem entre os ciganos Rom Lovara e é desconhecido também sociedade rural romena, e que não existiria nem entre os ciganos Rom Lovara e é desconhecido também entre os Sinti e Calóentre os Sinti e Caló
Língua Romanó / CalóLíngua Romanó / Calóa língua romanó/calóa língua romanó/caló elemento de união identificador elemento de união identificador e de pertença (nacional e transnacional);e de pertença (nacional e transnacional);
El Kralis há nicobado la liri de los El Kralis há nicobado la liri de los caléscalés
(O rei destruiu a lei dos ciganos)
Referem-se a Carlos III que considerou todos os ciganos “Castelhanos Referem-se a Carlos III que considerou todos os ciganos “Castelhanos Novos” com direitos iguais aos outros. Foi proibido o uso da palavra Novos” com direitos iguais aos outros. Foi proibido o uso da palavra cigano.cigano.
Desde oDesde o Século XVIII Século XVIII costuma-se atribuir costuma-se atribuir aos ciganos apenas uma única língua, aos ciganos apenas uma única língua, comum a todos, a comum a todos, a língua romani, língua romani, parcialmente de origem indiana, embora parcialmente de origem indiana, embora esta tenha também inúmeras palavras de esta tenha também inúmeras palavras de origem persa, turca, grega, romena e de origem persa, turca, grega, romena e de outros países por onde passaram. outros países por onde passaram.
línguas derivadas do Romanilínguas derivadas do Romani
Na realidade, os ciganos falaam várias Na realidade, os ciganos falaam várias línguas ou dialectos que, apesar de línguas ou dialectos que, apesar de teremterem aparentemente uma origem em comumaparentemente uma origem em comum, hoje , hoje apresentam profundas variações regionais apresentam profundas variações regionais que tornam uma comunicação cigana que tornam uma comunicação cigana internacional na prática impossívelinternacional na prática impossível
línguas derivadas do Latimlínguas derivadas do LatimAlgo semelhante à actual comunicação entre franceses, Algo semelhante à actual comunicação entre franceses,
italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros, que todos italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros, que todos falam línguas derivadas do Latim: muitas palavras podem falam línguas derivadas do Latim: muitas palavras podem ser entendidas por todos, principalmente quando escritas, ser entendidas por todos, principalmente quando escritas, mas a comunicação verbal na maioria das vezes é difícil, mas a comunicação verbal na maioria das vezes é difícil, quando não impossível. quando não impossível.
DialectosDialectosAlgo semelhante à actual comunicação entre franceses, Algo semelhante à actual comunicação entre franceses,
italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros, que todos italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros, que todos falam línguas derivadas do Latim: muitas palavras podem falam línguas derivadas do Latim: muitas palavras podem ser entendidas por todos, principalmente quando escritas, ser entendidas por todos, principalmente quando escritas, mas a comunicação verbal na maioria das vezes é difícil, mas a comunicação verbal na maioria das vezes é difícil, quando não impossível. quando não impossível.
DialectosDialectos
Família ExtensaFamília Extensa
A família extensafamília extensa engloba todos os indivíduos da mesma linhagem (parentes consanguíneos ou afins).
Família Nuclear Família Nuclear (pais e filhos) – em situações de conflito - tem prioridade sobre todos os outros vínculos sociais.
a família extensa prioritária sobre qualquer outros vínculos sociais.
MúsicaMúsica
j) a músicaa música faz parte do núcleo familiar faz parte do núcleo familiar cigano, do processo de socializaçãocigano, do processo de socializaçãoprimária da criança cigana, e está inclusa primária da criança cigana, e está inclusa nas diferentes formas de construção identitária de nas diferentes formas de construção identitária de que a criança é sujeito e objecto no seio da família que a criança é sujeito e objecto no seio da família cigana.cigana.
Constrói espaços de Constrói espaços de sociabilidade.sociabilidade.
É um modo de vida.É um modo de vida.
Trabalho étnicoTrabalho étnico
quiromanciaquiromancia
CartomanciaCartomancia
Kalderash = caldeireiros
Ursari = domadores de ursos foram escravos.
Alquiladores
Circo/Dança/musica
Representação da Sociedade Representação da Sociedade ““Pailha”Pailha”
Este mosaico de grupos diversificadosmosaico de grupos diversificados não permite tipificar um tipo determinado e único de representação da sociedade “pailha”.
As estratégias de adaptação (tem uma tradição de mudança) que tiveram necessidade de desenvolver, fez emergir uma cultura de cultura de resistênciaresistência e estratégias defensivas.
Os ciganos tem sido em cada momento histórico justamente o que é possível ser.
Entendo a cultura como algo Entendo a cultura como algo que é de difuso, inacabado e em que é de difuso, inacabado e em
constante movimentoconstante movimento
O que é a cultura?O que é a cultura?
em vezem vez do direito à diferença, a do direito à diferença, a política de homogeneidade política de homogeneidade cultural impôs o direito à cultural impôs o direito à
indiferençaindiferença. . B. S. SantosB. S. Santos
O que têm feito as políticas O que têm feito as políticas culturaisculturais??
““Afinal, agora que o Afinal, agora que o conheço, acho que conheço, acho que não somos tão não somos tão diferentes como diferentes como julgávamos.”julgávamos.”
Génese dos Conflitos entre Génese dos Conflitos entre GruposGrupos
Preconceitos Preconceitos NegativosNegativos
TipificaçãoTipificação Tipos de Tipos de personalidadepersonalidade
OutrasOutrasRazõesRazões
Verbalização Verbalização NegativaNegativa
As pessoas verbalizam os seus próprios As pessoas verbalizam os seus próprios conceitos entre amigos ou, por conceitos entre amigos ou, por vezes, com estranhos vezes, com estranhos
Personalidade Personalidade autoritáriaautoritária
Procura Procura de Justiça de Justiça
SocialSocial
EvitamentoEvitamento As pessoas evitam o contacto com os As pessoas evitam o contacto com os membros do outro grupomembros do outro grupo
Descriminação Descriminação Consequenciais na vida dos grupos: são Consequenciais na vida dos grupos: são excluídos de bairros, escolas, excluídos de bairros, escolas, direitos políticos ou privilégios direitos políticos ou privilégios sociais.sociais.
““Espírito Espírito fechado”fechado”
Ataque FísicoAtaque Físico Violência física contra elementos do Violência física contra elementos do grupo hostilizado: violência étnica grupo hostilizado: violência étnica – politica de grupos de cabeças-– politica de grupos de cabeças-rapadas, etc.rapadas, etc.
Frustração -Frustração -agressãoagressão
Oposição Oposição de de
interesses e interesses e competiçãocompetição
ExterminaçãoExterminação Linchamentos, os progroms, os Linchamentos, os progroms, os massacres, genecidio étnico, massacres, genecidio étnico, eliminação de judeus, ciganos, eliminação de judeus, ciganos, religiosos etc.religiosos etc.
Taxionomia dos factores Taxionomia dos factores a ter em consideração a ter em consideração nos estudos a desenvolver nos estudos a desenvolver no quadro da hipótese deno quadro da hipótese de
contactocontacto
Aspectos quantitativosAspectos quantitativos
Frequência;Frequência; Duração;Duração; Numero de Pessoas envolvidas;Numero de Pessoas envolvidas; Diversidade.Diversidade.
Aspectos de EstatutoAspectos de Estatuto O membro da minoria tem um estatuto O membro da minoria tem um estatuto
inferior;inferior; O membro da minoria tem um estatuto O membro da minoria tem um estatuto
igual;igual; O membro da minoria tem um estatuto O membro da minoria tem um estatuto
superior;superior; O grupo, no seu conjunto, pode ter um O grupo, no seu conjunto, pode ter um
estatuto relativamente superior (ex: os estatuto relativamente superior (ex: os judeus), ou ou estatuto relativamente judeus), ou ou estatuto relativamente inferior (ex: ciganos e pretos)inferior (ex: ciganos e pretos)
Aspectos de PapelAspectos de Papel
A relação consiste numa actividade A relação consiste numa actividade competitiva ou cooperativa?competitiva ou cooperativa?
Está implícito uma relação de papeis Está implícito uma relação de papeis de subordinação ou de dominação de subordinação ou de dominação (ex. senhor-escravo, patrão-(ex. senhor-escravo, patrão-empregado, professor – aluno) ?empregado, professor – aluno) ?
Atmosfera Social EnvolventeAtmosfera Social Envolvente
Prevalecem práticas de segregação ou há Prevalecem práticas de segregação ou há expectativas de igualitarismo?expectativas de igualitarismo?
O contacto é voluntário ou involuntários;O contacto é voluntário ou involuntários; O contacto é “real” ou “artificial”?O contacto é “real” ou “artificial”? O contacto é percebido em termos de O contacto é percebido em termos de
relações intergrupais ou não é percebido relações intergrupais ou não é percebido como tal?como tal?
O contacto é visto como típico ou como O contacto é visto como típico ou como excepcional?excepcional?
O contacto é visto como importante e O contacto é visto como importante e íntimo, ou como trivial e transitório íntimo, ou como trivial e transitório
Personalidade dos IndivíduosPersonalidade dos Indivíduos
O nível de preconceito inicial é elevado, O nível de preconceito inicial é elevado, médio ou baixo?médio ou baixo?
O preconceito é de tipo superficial, O preconceito é de tipo superficial, passivo, ou está profundamente enraizado passivo, ou está profundamente enraizado na sua estrutura?na sua estrutura?
Tem segurança básica na sua vida ou é Tem segurança básica na sua vida ou é timorato e desconfiado?timorato e desconfiado?
Qual é a experiência com o grupo em Qual é a experiência com o grupo em questão e qual a intensidade dos questão e qual a intensidade dos preconceitos actuais?preconceitos actuais?
Idade e nível de educação escolar;Idade e nível de educação escolar; Outros factores de personalidade.Outros factores de personalidade.
Áreas de contactoÁreas de contacto Casual;Casual; Residencial;Residencial; Profissional;Profissional; Recreativa;Recreativa; Religiosa;Religiosa; Cívica e associativa;Cívica e associativa; PoliticaPolitica Actividades de Benemerência Actividades de Benemerência
intergrupal.intergrupal.
Gordon Allpot in Psicologia Social Jorge Vala et al, Fundação GulbenkianGordon Allpot in Psicologia Social Jorge Vala et al, Fundação Gulbenkian
a procura de uma nova a procura de uma nova Epistemologia da FormaçãoEpistemologia da Formação
Formar-se, não é instruir-seFormar-se, não é instruir-se ; é antes de mais, reflectir, pensar numa experiência vivida [...]. Formar-se é aprender a construir uma Formar-se é aprender a construir uma distância face à sua própria experiênciadistância face à sua própria experiência de vida, é aprender a contá-la através de palavras, é ser capaz de a conceptualizada.
Formar é aprender a destrinçar, dentro de nós, o que diz respeito ao imaginário e o imaginário e o que diz respeito ao realque diz respeito ao real,, o que é da ordem do vivido e o que é da ordem do concebido (ou a conceber), o que é do domínio do pretendido, isto é do projecto. Rémy Hess (1985)
Consciência Consciência contextualizadacontextualizada
""A nossa formação realiza-se no momento em que, A nossa formação realiza-se no momento em que, agindo, imaginamos o modo, de descrever o que estamos agindo, imaginamos o modo, de descrever o que estamos a fazera fazer; ela realiza-se, também, no momento em que, ; ela realiza-se, também, no momento em que,
comunicando aos outros o que vivemos e o que fizemos, comunicando aos outros o que vivemos e o que fizemos, de repente de repente sentimo-nos capazes de compreender o sentimo-nos capazes de compreender o sentidosentido (um dos sentidos possíveis, ao qual teremos de (um dos sentidos possíveis, ao qual teremos de regressar), construindo um saber. regressar), construindo um saber.
[...] A [...] A tomada de consciência opera-se através do assumir tomada de consciência opera-se através do assumir da palavra.da palavra. O saber gera-se na partilha do discurso! O saber gera-se na partilha do discurso!
[...] Numa outra forma, deparamo-nos com a necessidade [...] Numa outra forma, deparamo-nos com a necessidade de de reconstruir o saber em função de cada prática reconstruir o saber em função de cada prática concretaconcreta (de cada processo individual de aprendizagem). (de cada processo individual de aprendizagem). As aquisições só adquirem sentido As aquisições só adquirem sentido a posteriori"a posteriori" . .
Alain BercovitzAlain Bercovitz