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Ciência, tecnologia e sociedade Ementa (conforme catálogo de disciplinas da UFABC) Evolução biocultural do ser humano: técnicas e tecnologias como dimensões da humanidade; Metodologia, racionalidade e relativismo; Ciência, tecnologia e inovação como fato social; Indivíduo, Estado e sociedade; Política científica e tecnológica; Valores e ética na prática científica; Controvérsias científicas Programa do curso na turma 2013 (Prof. Arilson Favareto) Justificativa A disciplina Ciência, tecnologia e sociedade é uma das disciplinas obrigatórias que compõem o Eixo Humanidades do Bacharelado em Ciência e Tecnologia, e é também obrigatória para os alunos matriculados no Bacharelado em Ciências e Humanidades. Esta inserção destacada nos dois cursos tem um duplo intuito: a) permitir que os alunos do BC&T, tenham contato com o objeto e o método de outra tradição científica que não a das ciências exatas, enriquecendo assim sua efetiva capacidade de compreensão e diálogo interdisciplinar; e b) propiciar aos alunos do BC&T e do BC&H um entendimento das injunções entre ciência, tecnologia e sociedade em suas múltiplas e recíprocas determinações, isto é, entendendo as formas e caminhos pelos quais C&T influenciam a moldagem de processos sociais e econômicos e, inversamente, como a própria prática da C&T é condicionada por processos histórico-sociais que muitas vezes extrapolam os próprios limites do campo científico.

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Ciência, tecnologia e sociedade

Ementa (conforme catálogo de disciplinas da UFABC)

Evolução biocultural do ser humano: técnicas e tecnologias como dimensões da humanidade;Metodologia, racionalidade e relativismo; Ciência, tecnologia e inovação como fato social;Indivíduo, Estado e sociedade; Política científica e tecnológica; Valores e ética na práticacientífica; Controvérsias científicas

Programa do curso na turma 2013 (Prof. Arilson Favareto)

Justificativa

A disciplina Ciência, tecnologia e sociedade é uma das disciplinas obrigatórias que compõem oEixo Humanidades do Bacharelado em Ciência e Tecnologia, e é também obrigatória para osalunos matriculados no Bacharelado em Ciências e Humanidades. Esta inserção destacada nosdois cursos tem um duplo intuito: a) permitir que os alunos do BC&T, tenham contato com oobjeto e o método de outra tradição científica que não a das ciências exatas, enriquecendoassim sua efetiva capacidade de compreensão e diálogo interdisciplinar; e b) propiciar aosalunos do BC&T e do BC&H um entendimento das injunções entre ciência, tecnologia esociedade em suas múltiplas e recíprocas determinações, isto é, entendendo as formas ecaminhos pelos quais C&T influenciam a moldagem de processos sociais e econômicos e,inversamente, como a própria prática da C&T é condicionada por processos histórico-sociaisque muitas vezes extrapolam os próprios limites do campo científico.

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Objetivos

• Apresentar o campo de estudos dedicado à análise das relações entre Ciência, tecnologia esociedade, com destaque para sua formação e evolução histórica, principais escolasteóricas e formas de abordagem, evolução dos temas privilegiados.

• Analisar as relações entre C&T e economia, por meio da compreensão dos determinantestecnológicos e científicos das grandes etapas econômicas do desenvolvimento docapitalismo mundial e, inversamente, considerando também as exigências das sucessivasconfigurações econômicas para a produção de C&T.

• Abordar a dimensão político-institucional do campo da C&T no período contemporâneo,com especial atenção para os contornos da política científica, no Brasil ou em perspectivacomparada, a emergência e as diferenciações dos sistemas de inovação.

• Analisar temas contemporâneos que envolvem as interdependências entre ciência,tecnologia e sociedade procurando demonstrar a inseparabilidade das dimensõescientífica e social das controvérsias.

Conteúdo programático

Eixo 1 – Bases teóricas e Introdução ao campo de estudos Ciência, tecnologia e sociedade

Questão organizadora – O que é o campo de estudos Ciência, tecnologia e sociedade?

• A formação do campo de estudos CTS• Evolução do campo de estudos CTS• Principais abordagens e escolas teóricas• Temas recentes

Eixo 2 – Ciência & tecnologia no desenvolvimento capitalista

Questão organizadora – Quais têm sido as influências recíprocas entre a economia e aprodução de ciência e tecnologia através da história?

• O lugar da tecnologia na reprodução econômica das sociedades humanas• Bases tecnológicas na emergência do capitalismo industrial• Ciência e tecnologia no Pós-guerra• Ciência e tecnologia na “era da informação”

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Eixo 3 – As instituições e as políticas de Ciência e tecnologia

Questão organizadora – Quais são os principais contornos das instituições e políticas deCiência e tecnologia no período contemporâneo?

• Inovação e sistemas de inovação

Eixo 4 – Controvérsias científicas no mundo contemporâneo

Questão organizadora – Como as controvérsias científicas do mundo contemporâneopermitem entrever os condicionantes sociais da produção científica e tecnológica?

• Análise de casos de relevo para o debate contemporâneo

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Bibliografia de referência (poderá ser complementada durante o curso)

Eixo 1 - Bases teóricas e Introdução ao campo de estudos Ciência, tecnologia e sociedade

BAZZO, W.; LINSINGEN, I. V. & TEIXEIRA, L. T. V. (2003) Os estudos CTS. In: Introdução aosEstudos CTS. Espanha, OEI.

BOURDIEU, Pierre. (2006). Os usos sociais da ciência. São Paulo. Ed. da Unesp.

CUTCLIFFE, S. (2003) La emergencia de CTS como campo acadêmico. In: Ideas, Máquinas yValores. Los Estudios de Ciencia, Tecnologia y Sociedad. Barcelona: Antropos.

DAGNINO, R.; DAVIT, A. & THOMAS, H. (1996) El Pensamiento en Ciencia, Tecnología ySociedad en Latinoamérica: una interpretación política de su trayectoria. Redes, 7 (6), 13-51.

KREIMER, P. & THOMAS, H. (2004) Un poço de reflexidad o ¿de donde viemos? Estudiossociales de la ciencia y la tecnologia em América Latina. In: Produción y Uso Social deConocimientos. Estudios de Sociologia de la Ciencia y la Tecnología en América Latina.Bernal, Buenos Aires: Universidad Nacional de Quilmes Editorial, 2004.

LATOUR, Bruno (2000). Ciência em ação – como seguir engenheiros e cientistas sociedadeafora. São Paulo: Ed. Unesp.

MACKENZIE, D. & WAJCMAN, J. (1996) Introductory essay and general issues. In: The SocialShaping of Technology. Buckingham, Philadelphia: Open University Press.

WEBER, MAX (1988). Ciência como vocação. In: _____. Coleção Grandes Cientistas Sociais. SãoPaulo: Ed. Ática.

Eixo 2 – Ciência & tecnologia no desenvolvimento capitalista

BERNAL (1954) Ciência na História, Ed. Nueva Imagen, México. A Ciência em Nosso Tempo,introdução (p. 695-727) e cap. 10.7-10.10 (807-861).

BRAVERMAN, H. (1974) Trabalho e Capital Monopolista, Zahar, Rio de Janeiro, 1980, Cap. 7, p.137-147.

CASTELLS, M. (1999) A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra. Capítulo 1: A Revolução daTecnologia da Informação, pp. 49-81.

HOBSBAWN, E. (1969) Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, Forense Universitária,Rio de Janeiro, 1983. Introdução (p. 13-21) e caps. 2 e 3 (ps. 33-73).

HOBSBAWN, E.J. (1982) A Era das Revoluções. RJ, Ed. Paz e Terra, “Conclusão: rumo a 1848”(p. 321-332).

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LANDES, D. Prometeu Desacorrentado. E. Nova Fronteira, capítulo “Falta de Ar e Recuperandoo Fôlego. Cap. 5, p. 239-367.

MANTOUX, P. (1927) A Revolução Industrial no século XVIII, Hucitec, SP, 1987. Introdução (p.1-22) e 2ª Parte

MOWERY, D. & ROSENBERG, N. (2005) Trajetórias da Inovação – mudança tecnológica nosEstados Unidos da América no século XX. Editora da Unicamp (original de 1998), Introdução ecap. 1, 2, 3 e 4 (p. 11-140)

STOKES, D. (2005) O Quadrante de Pasteur – a ciência básica e a inovação tecnológica. Editorada Unicamp (original de 1997), cap. 1

SZMRECSÁNYI, T. (2001) Esboços de História Econômica da Ciência e da Tecnologia. In Soares,L. C. Da Revolução Científica à Big (Business) Science. Hucitec/Eduff, p. 155-200.

TIGRE, P. (2006) Gestão da Inovação – a economia da tecnologia no Brasil. Ed. Campus, Rio deJaneiro. Cap. 1 - Teorias Econômicas clássicas da tecnologia, p. 3 - 16

Eixo 3 – As instituições e as políticas de Ciência e Tecnologia

ALBUQUERQUE, E. M. ‘A apropriabilidade dos frutos do progresso técnico’. In: Pelaez, V.;Szmrecsányi, T. Economia da Inovação Tecnológica. São Paulo: Hucitec. pp. 232-259.

BRITO CRUZ, C. H. & PACHECO, C. A. (2004) Conhecimento e Inovação: desafios do Brasil noséculo XXI. Mimeo. http://www.inovacao.unicamp.br/report/inte-pacheco-brito.pdf

DE NEGRI, J. A. & SALERNO, M. S. (2005) Inovações, Padrões Tecnológicos e Desempenho dasFirmas Industriais Brasileiras. IPEA Brasília, cap. 16 e 6.

IBGE/PINTEC (2005). Pesquisa de Inovação Tecnológica. Brasília.

KATZ, J. A Dinâmica do Aprendizado Tecnológico no Período de Substituição das Importações eas Recentes Mudanças Estruturais no Setor Industrial na Argentina, no Brasil e no México. In:Kim, L. & Nelson, R. (orgs.) Tecnologia, Aprendizado e Inovação – as experiências daseconomias de industrialização recente. Clássicos da Inovação. Editora da Unicamp (original de2000), cap. 10.

MCT (2001) Ciência, Tecnologia e Inovação: desafio para a sociedade brasileira (Livro Verde),Ministério da Ciência e Tecnologia, Brasília, 2001; Web: http://www.mct.gov.br, introd. e caps.1 e 6.

MOREL, R. L. M. (1979) Ciência e Estado, a política científica no Brasil, T.A. Queiroz, SP, cap. 2.

PACHECO, C. A. & CORDER, S. (2008) Sistema de Inovação no Brasil: marcos institucionais,mecanismos de gestão e de tomada de decisão – Parte I do estudo: “Mapeamentoinstitucional e de medidas de política com impacto sobre a inovação produtiva e adiversificação das exportações”. Chile: CEPAL, Documento Interno. itens 1.1 e 1.2, p. 9 a 34

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SBICA, A. & PELAEZ, V. (2006), Sistemas de Inovação. In: Pelaez, V. e Szmrecsányi, T. Economiada Inovação Tecnológica, Ed. Hucitec, SP, cap. 17

VALLE, M. (2005) O Sistema Nacional de Inovação em Biotecnologia no Brasil: PossíveisCenários. Tese de Doutorado, DPCT/IG/Unicamp, 2005. cap. 1 (itens 1.2; 1.3 e 1.4)

Eixo 4 – Controvérsias científicas no mundo contemporâneo

ALBUQUERQUE, E. (2003) Patentes e atividades inovativas: uma avaliação preliminar do casobrasileiro. In: Viotti, E. B. & Macedo, M. M. (org.) Indicadores de Ciência, Tecnologia eInovação no Brasil. Campinas, SP: Editora da Unicamp, p. 329-376.

COMCIÊNCIA – Revista eletrônica de jornalismo científico (2002) Nanociência &nanotecnologia, n. 37, novembro de 2002.<http://www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm>

COMCIÊNCIA – Revista eletrônica de jornalismo científico (2002) Transgênicos, n. 31, maio de2002. < http://www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm>

COMCIÊNCIA – Revista eletrônica de jornalismo científico (2004) Células-tronco, n. 51,fevereiro de 2004. < http://www.comciencia.br/reportagens/celulas/01.shtml>

COMCIÊNCIA – Revista eletrônica de jornalismo científico (2007) Aquecimento global, n. 85,março de 2007. <http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=22>

COMCIÊNCIA – Revista eletrônica de jornalismo científico (2007) Etanol, n. 86, abril de 2007<http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=23>

CORIAT, B. (2002) O novo regime de propriedade intelectual e sua dimensão imperialista:implicações para as relações Norte/Sul. In: Ana Célia Castro (org.), Desenvolvimento emDebate: Novos Rumos para o Desenvolvimento no Mundo, BNDES, Manuad Ed. Ltda., Rio deJaneiro.

INVERNIZZI, N. & FOLADORI, G. (2006) El despegue de las nanotecnologías. Ciencia ergo sum,Toluca, Mexico, v. 12, n. 3, p. 321-327.

INVERNIZZI, N. (2007) Visões de cientistas brasileiros sobre nanociências e nanotecnologias.Estudos de Sociologia, v. 13, p. 67-82, 2007.

PREMEBIDA, A. (2008) Uma leitura das inovações bio(nano)tecnológicas a partir da sociologiada ciência. Cadernos IHU Idéias, v. 102, p. 1-29.