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Ciências Humanas e suas Tecnologias Sociologia Professor Elson Junior Santo Antônio de Pádua, junho de 2017

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Ciências Humanas e suas Tecnologias –

Sociologia

Professor Elson Junior

Santo Antônio de Pádua, junho de 2017

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Teoria Crítica

Escola de Frankfurt

Histórico

1923 – abertura do Instituto de Pesquisa Social, por Félix Weil, filiado à Universidade de Frankfurt. 1930 - Max Horkheimer assume a direcção do Instituto. 1933 – o Instituto (Escola de Frankfurt) é fechado pelo Estado nazi, que considera suas actividades hostis ao Estado. Os principais membros da Escola emigram para Paris e, posteriormente, para Nova Iorque. 1940 - Nos Estados Unidos, é criado o Institute of Social Research. 1950 - O Instituto de Pesquisa Social é reaberto na Alemanha.

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Teoria Crítica

Escola de Frankfurt

Principais teóricos

Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert

Marcuse, Walter Benjamin, Jürgen

Habermas.

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Teoria Crítica

Escola de Frankfurt

Obras importantes

Dialética do Iluminismo (1947), Adorno e Horkheimer.

Apresentam reflexões sobre a transformação do progresso

cultural no seu contrário, a partir da análise dos fenómenos

sociais, típicos da sociedade norte-americana, entre os anos

30 e 40.

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Teoria Crítica

Escola de Frankfurt

A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica

(1937), Walter Benjamin.

Reflecte sobre a relação arte e tecnologia na

modernidade, a redefinição do conceito de arte e a

sua função social.

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Teoria Crítica Escola de

Frankfurt

Eros e Civilização (1955) e O Homem Unidimensional (1964),

Herbert Marcuse. Crítica da cultura burguesa,

influência nos movimentos estudantis de contestação do

establishment (anos 60), na Europa e nos Estados Unidos.

Consciência moral e agir comunicativo (1981), Jürgen Habermas. O

autor critica a função ideológica da ciência e da técnica nas

sociedades modernas. Propõe o redireccionamento da razão

instrumental para a emancipação da humanidade através do “agir

comunicacional”, que possa orientar as acções dos sujeitos, com

base num “sentido comunitário”.

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Teoria Crítica Escola de

Frankfurt

Teoria Crítica: propostas gerais

Os frankfurtianos elaboram uma teoria crítica das sociedades

contemporâneas, especificamente dos desdobramentos do

capitalismo aliado à técnica e aos seus impactos sobre a vida

dos indivíduos.

Analisam o sistema da economia de mercado, abordando questões

como: desemprego, crises económicas, terrorismo, anti-

semitismo, condição global das massas, mercantilização da

cultura.

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Teoria Crítica Escola de

Frankfurt

Propõem temáticas novas através da análise de fenómenos

superestruturais e do comportamento colectivo nas sociedades

capitalistas industrializadas.

Em nome da racionalização, os processos sociais são dominados

pela óptica da ciência aliada à técnica, traduzida como

racionalidade da dominação da natureza para fins lucrativos.

Denunciam a separação e oposição do indivíduo em relação à

sociedade.

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Teoria Crítica Escola de

Frankfurt

Criticam a dominação dos indivíduos nos Estados capitalista e fascista.

Apontam o positivismo como estratégia de manutenção e reprodução do status quo.

Defendem a actividade reflexiva como solução da reorganização racional da sociedade, embora não apresentem soluções práticas para os impasses engendrados pelo capitalismo aliado à industrialização.

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Teoria Crítica Escola de

Frankfurt As teses postuladas pelos frankfurtianos enfatizam o

papel central que a ideologia desempenha em formas

de comunicação nas sociedades urbanas modernas.

E apontam os media como agentes da barbárie

cultural, veículos propagadores da ideologia das

classes dominantes, imposta às classes subalternas

pela persuasão ou manipulação.

Entendem as pesquisas sectoriais e os media como

instrumentos de manutenção do sistema, através da

reprodução de modelos e valores sociais.

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Indústria Cultural

Expressão utilizada por Adorno e Horkheimer na Dialética do

Iluminismo (1947) no capítulo, “A Indústria Cultural: O

Iluminismo como Mistificação das Massas”, em substituição do

termo “cultura de massas”, para designar a produção e difusão

de bens simbólicos em escala industrial.

Para Adorno e Horkheimer, a Indústria Cultural, como subsistema

da sociedade capitalista, reproduz a sua ideologia e estrutura.

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Teoria Crítica Escola de

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A Indústria Cultural configura produtos veiculados pelos mass

media. Portanto, não designa peças culturais provindas da elite

nem da população menos favorecida.

As reflexões de Adorno e Horkheimer assentam na constatação

de que a sociedade industrial não realizou as promessas do

iluminismo humanista. Pois o desenvolvimento da técnica e da

ciência não trouxe um acréscimo de felicidade e liberdade para o

Homem.

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Teoria Crítica Escola de

Frankfurt Ao invés de libertar o Homem, o progresso da técnica acabou por

o escravizar, alienando-o.

A reprodutibilidade técnica retirou, tanto da cultura popular, como da cultura erudita, o seu valor real. O resultado, a indústria cultural, não conduz à experiência libertadora da fruição estética.

O princípio da reprodução deformaria a obra, nivelando-a por baixo. Por exemplo: adaptações de livros a filmes, que são adocicadas para se tornar mais apetecíveis ao consumo.

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Para os frankfurtianos, os produtos da Indústria Cultural teriam

3 funções:

(1) Ser comercializados;

(2) Promover a deturpação e a degradação do gosto popular;

(3) Obter uma atitude passiva dos consumidores.

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Críticas à Indústria Cultural

”Aquilo que a indústria cultural oferece de continuamente novo não é mais do que a representação, sob formas sempre diferentes, de algo que é sempre igual” (Adorno, 1967, 8).

O sistema condiciona o tipo, a qualidade e a função do consumo na sociedade.

A indústria cultural provoca a homogeneização dos padrões de gosto.

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O indivíduo deixa de decidir autonomamente. O conflito

soluciona-se com a adesão acrítica de valores impostos.

À medida que a indústria cultural se consolida, mais adquire

poder sobre as necessidades do consumidor, guiando-o e

disciplinando-o. “O consumidor não é soberano, como a

indústria cultural queria fazer crer, não é o sujeito, mas o seu

objecto” (Adorno, 1967: 6).

A individualidade é substituída pela pseudo-individualidade. A

ubiquidade, a repetitividade e a estandardização da indústria

cultural fazem da moderna cultura de massa um meio de

controle inaudito.

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“O espectador não deve agir pela sua própria cabeça:

o produto prescreve todas as reacções: não pelo seu

contexto objectivo que desaparece mal se volta para a

faculdade de pensar – mas através de sinais.

Qualquer conexão lógica que exija perspicácia

intelectual, é escrupulosamente evitada”

(Horkheimer; Adorno, 1947: 148).

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“A sociedade é sempre a vencedora e o indivíduo não passa de

um fantoche manipulado pelas normas sociais” Adorno apud

Wolf (1994: 77).

Os produtos da indústria cultural paralisam a imaginação e a

espontaneidade, impedindo a actividade mental do indivíduo.

A indústria cultural reflecte o modelo do mecanismo económico,

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A estrutura multiestratificada das mensagens reflecte a

estratégia de manipulação da indústria cultural.

A recepção das mensagens dos media escapam ao controlo da

consciência. O espectador absorve ordens, indicações,

proibições, sem senso crítico.

Uma das estratégias de dominação da indústria cultural é a

estereotipização, modelos simplificados indispensáveis para

organizar e antecipar as experiências humanas.

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A divisão dos produtos em géneros conduz ao desenvolvimento

de formas fixas e impõe modelos estabelecidos de expectativas.

Os sujeitos encontram-se privados da verdadeira compreensão

da realidade e da experiência de vida pelo uso constante de

óculos esfumaçados, oferecidos pelo sistema através da

indústria cultural.

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Teoria Crítica Escola de

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“O espectador olha (...) Tudo se desenrola diante dos seus olhos,

mas ele não pode tocar, aderir corporalmente àquilo que

contempla. Em compensação, o olho do espectador está em

toda a parte (...) sempre vê tudo em plano aproximado (...)

mesmo o que está mais próximo está infinitamente distante da

imagem, sempre presente, é verdade, nunca materializada. Ele

participa do espectáculo, mas a sua participação é sempre pelo

intermédio do corifeu, mediador, jornalista, locutor, fotógrafo,

cameraman, herói imaginário” (Edgar Morin, Cultura de massas

no século XX: o espírito do tempo, p. 74).

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CULTURA DE MASSA

Segundo Eclea Bosi a cultura de massa não passa, na verdade, de um oceano de imposições ditadas pelos meios de comunicação, muitas vezes identicamente destinadas às mais diferentes regiões e povos. Não é por outro motivo que as massas, sejam da América, Europa ou Ásia, apreciam e produzem a mesma arte, vestem as mesmas roupas, gostam das mesmas comidas. Não é por razão diversa que os estilos, as maneiras, as tradições, enfim, a cultura peculiar de cada povo vem dando lugar, em larga medida, a uma triste vitrine universal (BOSI, 2000: 102).

BOSI, Eclea (2000), Cultura de massa e cultura popular. Rio de Janeiro: Vozes.

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CULTURA DE MASSA

Para Orlando Fideli, cultura de massa, nos nossos dias, é um conceito amplo, que abrange por muitas vezes toda e qualquer manifestação de actividades ditas populares. Assim sendo, do carnaval ao rock, dos jeans à coca-cola, das novelas de televisão às revistas em quadrinhos, tudo hoje, pode ser inserido no cómodo e amplo conceito de cultura de massa (FIDELI, 2008: 1).

FEDELI, Orlando (2008), Cultura Popular e Cultura de Elite, cultura de massa. São Paulo: Associação Cultural Montfort.