Cinema IMS-RJ - Setembro 2012

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CHRIS MARKER

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Programação de Cinema - Setembro 2012

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CHRIS MARKER

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A notícia bateu no site de um jornal francês:

“Realizador de La jetée e Sans soleil, o diretor Chris Marker, uma das figuras mais secretas e em blemáticas do cinema mundial, faleceu no dia em que faria 91 anos.”

Não sei se Marker teria gostado do desta que dado ao texto. Realizador pro-lífico e mar ginal, detestava ser definido como “cineasta” e preferia a criação coletiva à trajetória indi vidual. Recusava-se a fazer o jogo da mídia e não se deixava fotografar ou entrevistar (uma das únicas imagens de Marker é uma fotogra fia tirada por Wim Wenders no Japão, quando o diretor alemão filma-va Tokyo-Ga sua ho menagem a Ozu).

Marker embrulhava todas as pistas que po deriam fazê-lo caber em um esca-ninho, a co meçar pelo nome e local de nascimento. Par ticipou da resistência francesa na Segunda Guerra Mundial, e foi ali que abandonou Christian--Francois Bouche-Villeneuve e rebatizou-se Chris Marker. A alguns jorna-listas, co mo David Thompson, afirmou ter nascido na Mongólia, em Ulan--Bator, em 1921. Na sua certidão de nascimento original, é o bairro de Neu-illy, em Paris, que aparece como ponto de origem.

A Nouvelle Vague marcou o surgimento de uma geração que mudou a forma de fazer ci nema e de pensar a realidade. Se Godard e Truffaut foram os pais do movimento, Chris Marker foi o “seu mais discreto ponta de lança” como escreveu o crítico Gérad Lefort. Mas o homem que desapareceu essa semana era um criador cuja curiosidade ultrapassava o terreno de um único movi-mento, por mais fértil que este fosse.

Escritor, editor, ilustrador, documentarista, fotógrafo, interessado por novas tecnologias, Chris Marker escapava de qualquer defini ção. O mundo era sua matéria de predileção. Profundamente anticolonialista, ele começa codiri-gindo As estátuas também morrem (1953) com Alain Resnais. Com Godard, Agnès Varda e Joris Ivens, filma Longe do Vi etnã (1967), manifesto contra a intervenção norte-americana no sudeste asiático. Marker é um dos primeiros documentaristas ocidentais a registrar a vida no Vietnã do Norte, e tam bém são dele algumas das primeiras imagens de Cuba após a revolução (Cuba si! 1961).

WALTER SALLES | OS OLHOS LIVRES E VISIONÁRIOS DO CINEASTA CHRIS MARKER

O fundo do ar é vermelho

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No ano seguinte, 1962, Marker faria o seu fil me mais marcante, La jetée Com imagens fi xas realizadas no aeroporto de Orly, em Paris, o filme é ao mesmo tempo uma extraordinária história de amor e um exercício radical de lin-guagem. Anos mais tarde, seria a fonte de inspi ração para Os 12 macacos o longa de Terry Gilliam.

O terremoto político de maio de 1968 leva Ch ris Marker na direção de um militantismo cole tivo, que resulta na fundação do grupo de traba lho Iskra. Nove anos depois, volta para a criação individual e faz o balanço de uma década de transformações sociais em O fundo do ar é ver melho (1977). Cinco anos depois, realiza sua inves tigação poética filmada pelo realizador-viajante ao redor do mundo.

Em 1984, realiza A.K. documentário sobre a filmagem de Ran de Akira Ku-rosawa. É uma aula de cinema: Marker se recusa a registrar imagens de Ku-rosawa filmando. É o fora de campo, a espera de Kurosawa pela luz, que lhe interessa. A.K. é, por isso, um dos trabalhos mais reveladores da ética cinema-tográfica de Marker.

Em meados dos anos 1980, descobre as novas tecnologias eletrônicas, flerta com video-instalações que serão apresen tadas em museus como o MoMA, em Nova York. Nos últimos anos, nova guinada: Chris Marker passa a usar a tecnologia digital e se volta para a fotografia. Com uma pequena câmera, fixa imagens de pessoas anônimas, em trânsito, no metrô de Pa ris. Muitos desses rostos são de imigrantes, que Marker vai associar mais tarde à telas feitas por Rubens ou Da Vinci. Uma exposição apresenta da em Aries, em 2011, evi-dencia a dimensão e a importância desta parte derradeira de sua obra.

Do início ao fim de sua trajetória, Chris Marker manteve a coerência estética e política, sem jamais cessar de se reinventar. Acreditava no primado do co-letivo sobre o pessoal, despre zava a noção de “autor” sem jamais deixar de ter uma visão singular e original sobre o mundo.

Optou pelo anonimato muito antes da chega da da internet e da “evasão da privacidade”. Esteve sempre à frente de seu tempo, e por is so acabou sendo um farol que aponta, salutarmente, para aquilo que ainda não vemos. Peço permissão para abrir um parêntese. Em 2010, pedi autorização a Chris Mar- ker pa ra utilizar algumas das imagens que ele havia realizado em Hanói para um documentário que eu estava montando. As imagens retrata vam a vida na

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cidade, cenas banais de casais em sorveterias, pessoas andando de mãos dadas pelas ruas, até que esse equilíbrio é su bitamente quebrado pelas bombas de caças norte-americanos. A câmera passa então a registrar a busca desesperada por um abrigo, assim como a reação das baterias antiaéreas do exército norte--vietnamita.

Através de um amigo comum, enviei uma carta a Marker. Sua resposta não tardou:

“Sim, eu filmei essas cenas. Ou melhor, mi nha câmera as filmou. No calor da batalha, eu a segurava acima da cabeça, na esperança de que ela capturasse alguma coisa. Isso faz com que qualquer tentativa de cobrar algo por es sas imagens não tenha sentido. É claro que você pode usá-las, com meu consen-timento. Melhores saudações, Chris Marker.”

A generosidade de Chris Marker não como veu o distribuidor internacional desse docu mentário, que lhe pediu pa ra assinar um contrato for mal de cessão de imagens. Resposta de Marker:

“É uma questão de princí pios para mim: quando um contrato é tão absurdo e des necessário quanto nesse ca so, eu me recuso a entrar nesse jogo. Conheço o mun do que se esconde por trás desse tipo de obri gações: um mundo onde em pouco tempo não se poderia enviar flores para uma garota sem pedir um recibo. Eu me recuso a me sub meter, mesmo que de forma simbólica, a esse mundo. Vocês não terão minha assinatura num contrato, só terão minha pa-lavra. Se ela não for suficiente, isso significa que minha palavra não tem valor, e eu não recomendo que alguém me diga isso.”

Chris Marker se foi. Se nenhum homem é totalmente livre, Marker esteve próximo, muito próximo, de sê-lo. •

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PATRicio Guzmán | O quE DEVO A CHRIS MARKER

Chris Marker bateu na porta de minha casa em Santiago do Chile em maio de 1972.Ao abrir a porta, topei com um sujeito muito magro que falava espanhol com um sotaque marciano.“Sou Chris Marker”, me disse.Recuei uns centímetros e fiquei olhando para ele sem dizer nada. Por minha cabeça desfilaram algumas imagens de La jetée, filme que havia visto pelo menos umas 15 vezes. Trocamos um aperto de mãos e eu lhe disse:“Entre”.Chris Marker entrou na sala e ficou esperando que eu o convidasse a sentar--se.Não disse nada. Mas creio ter adivinhado em seu olhar preocupado que ele deixara mal estacionado o veículo espacial em que havia aterrizado.Desde o primeiro instante Chris irradiava uma imagem de extraterrestre que nunca o abandonou. Separava as frases com silêncios inesperados e sibilava um pouco, apertando seus lábios muito finos, como se todos os idiomas ter-restres lhe fossem estrangeiros. Parecia muito alto, embora de fato não fosse tanto. Vestia-se de uma forma que não sei se consigo descrever. Era como um operário elegante. Tinha um rosto afilado, olhos um pouco orientais, cabeça raspado, e orelhas estilo Dr. Spock.“Gostei de seu filme”, me disse.Fui tomado por uma sensação de temor, mistura de insegurança e respeito.Minha mulher entrou na sala para cumprimentá-lo, e com ela minha filha Andrea, de 2 anos.Eu acabara de terminar El primer año, meu primeiro documentário de longa--metragem, sobre os primeiros doze meses do governo de Salvador Allende.“Vim ao Chile com a intenção de filmar uma crônica cinematográfica”, con-tou-me.Eu estava muito nervoso sentado diante dele, enquanto minha esposa ofere-ceu uma xícara de chá que ele imediatamente aceitou.

La jetée

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“Como você já fez o que eu queria fazer, prefiro comprar seu filme para exibir na França”.Já se passaram quarenta anos, e só muito recentemente me dei conta de que esta conversa marcou a minha vida para sempre, já que minha modesta carrei-ra de cineasta novato deu um salto enorme a partir desse momento. Em sua bagagem Chris Marker levou um master em 16 milímetros do filme e também as fitas de som magnético.Meses mais tarde ele me enviou os folhetos de divulgação de El primer año e contou-me os detalhes da estreia no Studio de La Harpe, em Paris. Recebi também uma crônica publicada na revista Le Temps Modernes (fundada por Sartre) então dirigida por Claude Lanzmann.Chris Marker não apenas escreveu uma boa resenha da obra. Ele também dirigiu uma dublagem excepcional para o documentário. Primeiro, pediu au-torização para abreviar o filme (tinha 110 minutos). Claro, respondi que sim. Na verdade era um filme reiterativo. Nunca estive satisfeito com a montagem. Tinha sequências emocionantes. Mas sem dúvida uns dez minutos de sobra, talvez mais.Ele fez também uma introdução (de aproximadamente 8 minutos) em que contava em poucas palavras a história do Chile, em particular a história do movimento operário encabeçado por Allende. Uma montagem de fotos fixas, preto e branco, que Raymond Depardon tinha feito pouco antes no Chile. O comentário, escrito por ele, era uma maravilha de síntese. A música, à base de cordas atonais, era onírica. Esse curta-metragem estava colado no filme. Quando terminava, começavam os créditos de El primer año.Era necessário explicar o filme, já que havia muita gente que não sabia nada do Chile. Existiam outros problemas, e esses bem mais complicados. Em 1972, o público não estava habituado a ver documentários legendados. Era preciso, portanto, dublar o filme. Chris convocou todos os seus amigos pa-risienses para fazer as vozes dos chilenos. Eram as grandes figuras da épo-ca: François Périer como narrador, Delphine Seyrig como mulher burguesa, Françoise Arnoul y Florence Delay para fazer as vozes de operárias. Utilizou até mesmo a voz do distribuidor do filme: Anatole Dauman (Argos Films). E chamou o célebre desenhista Folon para fazer o cartaz. Foi incrível, eu não podia acreditar.

La jetée

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Essa coisa inesperada me produziu uma sensação de irrealidade. Algo im-possível de ser imaginado estava ocorrendo. Porque El primer año era um filme humilde (em 16 milímetros), sem som direto, de pequeno orçamento, e com a única ambição de mostrar a alegria dos operários, dos trabalhadores e dos mineiros durante o primeiro ano de Allende. O que tinha em vista era produzir 6 cópias em 35 milímetros (que foram feitas no laboratório Alex de Buenos Aires) para exibir um par de semanas em algumas salas chilenas. No entanto, graças a Chris, El Primer año se mostrou-se em muitas cidades da França, Bélgica e Suiza; ganhou o festival de Nantes e obteve o prêmio da crítica internacional da FIPRESCI em Mannheim. Sempre vivi em Santiago. Nem em sonhos me imaginava viajando para Eu-ropa. Nem eu nem Chris tínhamos dinheiro.Um ano mais tarde (no final de 1972) minha situação mudou radicalmen-te... No Chile, a direita conseguiu criar um ambiente de caos na maioria das cidades graças aos opositores chilenos e à ajuda econômica do governo de Richard Nixon y Henry Kissinger. Uma atmosfera de incertezas tomou conta do país.Certa manhã estava sentado num parque, acompanhando a equipe de La ba-talla de Chile, ruminando sobre nossa situação. “Que fazer?”... era a pergunta que todos repetíamos… Tínhamos sido despedidos da Chile Films, quan-do preparávamos um filme de ficção... oito meses de trabalho!... A empresa, como outras, não pode resistir à paralisação de outubro, organizada pela direi-ta. Por causa desta greve selvagem, o governo proibiu a importação de filme virgem entre outros produtos.Em busca de uma solução (bastante incerta em termos práticos) tive a ideia de escrever uma carta para Chris Marker.Ainda guardo uma cópia da carta. Selecionei o último parágrafo: “Como ocorreu outras vezes, não pude responder tuas cartas de imediato... Nossa situação política é confusa e o país está vivendo uma situação de pré--guerra civil, que provoca tensão em todos nós… A luta de classes está em todo lugar. Em cada fábrica, em cada casa no campo, em cada vilarejo, os trabalhadores levantam a voz e exigem que os operários controlem seus cen-tros de trabalho… A burguesia vai utilizar todos os seus recursos. Utilizará a legalidade burguesa. Usará suas próprias organizações sindicais com o apoio econômico de Nixon… É preciso fazer um filme sobre tudo isso!... Uma re-

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portagem ampla feita nas fábricas, campos, minas. Um filme de investigação em que os principais cenários serão as grandes cidades, os vilarejos, a costa, o deserto. Filme muralista composto de muitos capítulos e que terá como protagonistas, por um lado, o povo e seus dirigentes, e por outro a oligarquia, seus líderes e suas conexões com o governo de Washington. Filme de análise. Filme de massas e de indivíduos. Filme trepidante realizado a partir dos fatos do dia a dia, com duração final imprevisível… Filme de forma livre, repor-tagem, ensaio, foto fixa, estrutura dramática de ficção, plano sequência, tudo será usado de acordo com as circunstâncias, tal como a realidade solicite… No entanto, NÃO TEMOS filme virgem. Devido ao boqueio dos Estados Unidos, as importações podem demorar um ano. Para conseguir esse material pensamos em você… Desculpe essa carta tão longa e, por favor, responda com absoluta franqueza. Confio plenamente em seu critério. Un abraço, Patricio. Santiago de Chile, 14 de novembro de 1972”.Uma semana mais tarde chegou um telegrama de Paris:“Farei o que puder. Saudações. Chris”.Aproximadamente um mês depois chegou ao aeroporto de Santiago uma caixa vinda diretamente da fábrica Kodak (Rochester) que a alfândega deixou entrar porque não representava nenhum custo para o Estado. Chris Marker reuniu os recursos necessários na Europa e fez o pedido diretamente à fábrica nos Estados Unidos. A caixa continha 43 mil pés de película (aproxima-damente 14 horas) em 16 milímetros, preto e branco (eram 19.000 pés de Plus-X ; 14.000 pés de Tri-X ; 10.000 pés de 4-X), e mais 134 rolos de fitas magnéticas para o Nagra.Foi o segundo momento de glória para nós, graças a Chris Marker.Nós, os cinco membros da equipe de La batalla de Chile não acreditávamos no que estávamos vendo, as latas reluzentes (que pareciam espelhos). Nunca havíamos visto latas novas já que sempre havíamos empregado bobinas ve-lhas, material com data de validade vencida. Era também a primeira vez que víamos caixas de cartão novas com as fitas magnéticas. Precisávamos começar a filmar logo e com o máximo de prudência (para não esgotar o estoque antes do tempo).Fizemos um esquema para assinalar as zonas de conflito. Desenhamos numa parede de nosso escritório. Era um grande “mapa teórico” que ocupava a me-tade de nosso espaço. Escrevemos com marcadores pretos em folhas de car-

A felicidade

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tolina branca. Listávamos os problemas econômicos, políticos e ideológicos. Cada um deles abria uma segunda chave: o controle da produção, o controle da distribuição, as relações de produção, a luta ideológica na informação, o planejamento da batalha... Este esquema, sem dúvida, debe ter provocado mais de um sorriso em Chris. Numa carta posterior ele me fez ver que era impossível filmar tal quantidade de coisas. Contudo, o que Chris ignorava era que esta ambiciosa “teorização” tinha uma única razão de ser: evitar que gas-tássemos o negativo rápido demais, pois não queríamos ficar mal diante dele.Depois do golpe de Estado e depois de ficar duas semanas preso no Estádio Nacional, pude finalmente voar para França. Foi um momento emocionan-te. A passagem foi paga por antigos companheiros espanhóis (da Escola de Cinema de Madrid)... No aeroporto de Orly estava Chris, na sala de espera, quase completamente isolado. Olhava com muita curiosidade, colocava as mãos para proteger os olhos, mudava de lugar. Não conseguia me reconhecer, pois eu tinha raspado a barba. Nos deslocamos até Paris num carro novo. Chegamos a uma casa de gran-de luxo onde almoçamos. O ambiente era elegante. Algumas belas mulhe-res (talvez gente de cinema), Chris era um grande sedutor. E sem dúvida o marciano mais importante da reunião. Meu francês era deplorável. Durante anos muito raramente consegui entender o que ouvia. Minha capacidade de simular aumentou até chegar a uma espécie de perfeição. Depois do almoço fomos devolver o carro (que fora emprestado). Finalmente tomamos o metrô, com minhas malas nas costas. Chegamos finalmente a uma pensão barata. Nos despedimos, e Chris se afastou numa motocicleta de segunda mão.Começou uma longa peregrinação para conseguir dinheiro. Jantamos na casa de Fréderic Rossif em companhia de Simone Signoret. Jantamos em casa da atriz Florence Delay (a Jeanne d’Arc de Robert Bresson). Falamos com dezenas de personalidades para poder montar e concluir La batalla de Chile. Nos reunimos várias vezes com Saul Yelin, espécie de brilhante diplomata do icaic (Instituto Cubano del Arte y la Industria del Arte Cinematográfi-co) para contar o que pretendíamos. Assim se passaram vários meses. Estive hospedado muitas semanas em casa de outra amiga de Chris, na praça Saint Sulpice. Finalmente Alfredo Guevara, presidente de icaic, aprovou o projeto e foi possível então viajar para Cuba para terminar La batalla de Chile. Durante

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muito tempo Chris teve relações excelentes com os cubanos, fruto, sem dú-vida, de dois magníficos documentários sobre a ilha: Cuba sí (1961) e La Ba-taille des dix millions (1970). Tive a sorte de aproveitar essa boa relação para ir a Havana. Foi um momento crucial porque a partir de 1974 as relações entre Chris e os cubanos se esfriaram bruscamente depois da estreia de O fundo do ar é vermelho, onde Chris critica o regime de Havana.Fui para Cuba para passar seis meses e acabei morando em Havana por seis anos: foi o tempo que levamos para montar La batalla de Chile, eu e Pedro Chaskel. Voltei a Paris em 1975 para a estreia da primeira parte, no programa da Quinzena dos Realizadores de Cannes de 1975. Federico Elton (diretor de produção do filme) e eu passamos para deixar uma cópia no escritório da “slon”, cooperativa fundada por Chris (anteriormente chamada de iskra).É preciso dizer que vivíamos um tempo muito politizado e que o grupo de Chris era parte de artistas e intelectuais de uma esquerda radical. Meu filme, não. Ao contrário, La batalla de Chile é pluralista e não está vinculado a ne-nhuma outra militância além daquela do sonho chileno (a luta de um povo sem armas), a utopia de um povo em sua perspectiva mais ampla, que eu pude ver com meus olhos e sentir com meu corpo naquele Chile vibrante com que me identifiquei e me identifico até hoje. Na realidade, durante muito tempo senti que era difícil ter na França o reconhecimento pelo meu cinema direto, o primeiro no Chile, um dos poucos em todo o mundo, a mostrar passo a passo a agonia de um povo revolucionário. À exceção de Louis Marcorelles nenhum outro crítico chegou à essência do filme. Louis Marcorelles compreendeu minha preocupação artística, a novi-dade de meu modo de fazer cinema, o impacto histórico de meu trabalho. Foi quem me acompanhou com sus sábias críticas no Le Monde na estreia das duas primeiras partes em Cannes. Marcorelles à parte, senti um grande silên-cio de meus colegas franceses de então e durante longo tempo. Entretanto, La batalla de Chile deu a volta ao mundo.

Nunca mais encontrei-me com Chris, não voltei a ter contato direto com ele nas últimas décadas, salvo um agradável encontro no Festival de San Fran-cisco em 1993. Nos últimos 12 anos vivemos na mesma cidade e segui com muita atenção seu trabalho. Convém lembrar que ele sempre viveu muito isolado e rodeado de um certo mistério.

Gatos empoleirados

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Nesse momento, no cemitério Père Lachaise, entre as últimas homenagens dos mais próximos, só me resta dizer: ADEUS GRANDE AMIGO, BOA VIAGEM, OBRIGADO DE CORAÇÃO POR TUDO O QUE FEZ POR MIM. Foi o melhor que tive em vida. ¡VENCEREMOS!Paris 2 de agosto de 2012.

Texto de Chris Marker para o pressbook francês de El primer año.“Gostaria que de tudo isso se fizesse um filme e que ele fosse enviado a Nixon”. (Fidel castro em El primer año) O filme está feito. Chama-se El primer año. Foi realizada por um grupo de cineas-ta chilenos independentes dirigidos por Patricio Guzmán. SLON encarregou-se da versão francesa, bem como de um prefácio necessário para a compreensão dos acon-tecimentos relatados. Finalmente, os autores acrescentaram para a exibição em Paris um epílogo que relaciona o filme com os últimos acontecimentos no Chile. Dessa maneira estabeleceu-se um entrelaçamento de informações que estabelece uma con-tinuidade (e, esperamos, um esclarecimento) entre o Chile histórico e o Chile atual. Conjunto de imagens, El primer año é também um conjunto de vozes. Muito e falou do Chile na França nesses últimos anos, mas quando nos foi possível ouvir direta-mente a voz dos chilenos, a voz dos camponeses, dos trabalhadores e dos militantes que vivem a realidade (e as contradições) da Unidade Popular?Para transmitir estas vozes ao público francês (mantendo ao mesmo tempo a cor e a musicalidade das vozes originais) grandes atores, cineastas e trabalhadores que ofe-receram sua colaboração: são efetivamente trabalhadores franceses que emprestam suas vozes como um eco da voz dos trabalhadores chilenos, mas é François Périer que assume o papel de narrador, é Delphine Seyrig que modula as reflexões de de uma burguesa com encantos menos discretos que os do filme de Buñuel, são Fran-çoise Arnoul, Bernard Paul, Georges Rouquier, Edouard Luntz e muitos outros que dividem os textos das mulheres, dos pescadores, dos camponeses, dos militantes, e dois grandes advogados parisienses, o advogado Georges Kiejman e o advogado Leo Matarasso, aceitaram representar a arte da oratória quando se tratava justamente de dar voz a um advogado e um médico que chegaram a ser políticos: Fidel Castro e Salvador Allende. Mas toda essa contribuição francesa não deve encobrir o essencial, que é a revelação de um jovem cinema chileno colado na realidade – no espírito de Leacock e de Michel Brault – além de inserido num processo histórico e político atualmente úni-cos. O trabalho do câmera Toño Rios, do montador Carlos Piaggio e do realizador Patricio Guzmán constitui o primeiro esforço coerente e cheio de energia para nos levar a compreender o que aconteceu, o que acontece ( e por isso mesmo o que poderá acontecer) no Chile da Unidade Popular.

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“Dizer que ele foi um cineasta é pouco” – definiu a diretora espanhola Mercedes Alvarez (realizadora, entre outros do docu-mentário El cielo gira) em texto publicado recentemente em El País de Madrid. “Chris acompanhou as marés políticas e sociais de nosso tempo e jamais deixou de analisar o extraordinário poder das imagens – o poder de revelar e também o de falsificar”. Para ela, O fundo do ar é vermelho talvez seja o fil-me mais significativo de Marker porque é, ao mesmo tempo, “uma completa memória do que se passou entre 1967 e 1977”, um ensaio “sobre o poder das imagens e um es-forço para protegê-las de se transformar em lenda ou de cair no esquecimento”. Por isso mesmo, um filme feito com imagens esque-cidas, como acentua Marker na abertura do livro com o texto e a descrição do filme (Le fond de l ’air est rouge, na coleção Voix edição François Maspero, Paris, 1978). Ele resume numa pergunta o ponto de partida dessas “cenas da terceira guerra mundial, 1967-1987” – esse o subtítulo do documentário. Pergunta o que existe de comum entre as imagens abandonadas na montagem, as se-quências montadas mas não incluídas na versão final e os copiões nem sequer sele-cionados. O projeto inicial era então “dar voltas em torno desse tema (a questão po-lítica no mundo a partir dos anos 67/70), nossas imagens recalcadas”.

chRiS mARkER | O BOLICHE DE BORIS KARLOFF

Uma outra forma de recalque é a sofrida pelas imagens de noticiosos de televisão, “absorvidas pela areia movediça em que constroem seu império tão logo uma notí-cia é abandonada em favor de outra”. Caem rapidamente no esquecimento coletivo – ou, como ele prefere chamar, na imemória (immemory : immémoire). O filme é “uma tentativa de confrontar essas duas formas de recalque, usar uma para jogar luz sobre a outra: o documento recusado por um fil-me militante, porque muito ambíguo, con-frontado com uma descrição ‘objetiva’ desse mesmo acontecimento feita por uma agên-cia de imagens. O sinal ou o grito não per-cebido pelo repórter alheio a determinada ação em confronto com o comentário po-lítico que mantém esta ação num plano de falso testemunho para poder se afirmar. Hi-póteses de trabalho. A resposta, um pedaço da resposta, talvez se encontre no filme ter-minado”. Em outubro de 1977, o brasileiro Luiz Roberto Salinas Fortes, encontrou um pedaço da resposta. Exilado na França, des-cobriu em O fundo do ar é vermelho “as ima-gens principais de nossas últimas duas dé-cadas. Documentário, sem dúvida. Mais do que isso: cinema ‘his tórico’, no sentido mais forte possível do termo. E nunca o gê nero histórico terá, talvez, conseguido tamanha virulência”, anotou pouco depois de ver o filme (a carta que escreveu então encontra--se em Retratato calado, CosacNaify, São Paulo, 2012, páginas 102 a 107).

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“Tão formidável é o poder da imagem”, continua Salinas na carta, “tão grande a magia do cinema, que tudo se passa como se de repente os fatos em pessoa – se é que los hay – se pusessem a desfilar despudora-damente à nossa frente, em toda a sua nu-dez, sem a mediação-deformação do nar-rador-historiador. Pura ilusão, já se vê. Pois tudo é fruto da mais inteligente construção. Filme ‘militante’ também, no sen tido em que, de repente, o espectador sente de ma-neira intensa o trabalho do cinegrafista e de cada um dos participantes na ela boração do espetáculo. As vozes dos protagonistas de diversos acontecimentos alternam-se, por outro lado, com sugestivos comentários”.

O que se passou entre 1967 e 1977 lem-bra “a bola de boliche de Boris Karloff em Scarface”, anota Marker no livro sobre O fundo do ar é vermelho. Karloff é assassina-do no instante em que lança a bola, “e ela derruba os pinos, embora mão que a lan-çou esteja morta”. Maio de 68, e o que veio depois dele, para Marker, resulta de espe-ranças e energias acumuladas num período de ascensão do movimento. Quando maio começou a derrubar os pinos nas ruas, as esperanças e energias que lançaram a rebel-dia já tinham sido atingidas nas costas por um golpe semelhante ao que matou Boris Karloff no boliche.

“1968 foi um diálogo de vozes distintas que só mesmo uma ilusão lírica conseguiu unir por um breve instante. O fundo do ar é vermelho reconstitui, espero, a história dessa polifonia”, propõe “um diálogo imaginário para a criação de uma terceira voz produzi-da pelo encontro das duas primeiras e dis-tinta delas... afinal de contas, a dialética tal-vez seja exatamente isso. Não me vanglorio de ter conseguido um filme dialético, mas procurei (apesar de ter abusado do exercí-cio do poder por meio de um comentário--diretor) transformar o espectador, pela montagem cinematográfica, no narrador do filme, isto é, de uma vez por todas, o poder de comentar as imagens”.

“Ao contrário do imediatismo do cinema direto, Marker mostra como as imagens das lutas políticas adquirem outro signifi-cado, outra leitura, com o passar do tempo” – destaca Mercedes Alvarez. Em La jetée, “ficção feita de voz e de fotos fixas, um pe-sadelo, uma visão antecipada do futuro, um sonho visionário e apocalíptico, um conto de horror, uma redução do cinema a seus elementos mínimos para comunicar o mais difícil: a vertigem do tempo e a matéria dos sonhos”. É bem isso, a vertigem do tempo e a matéria dos sonhos, que O fundo do ar é vermelho expressa através de outra e mais radical redução do cinema a um elemento mínimo: as imagens perdidas na imemória. Desse modo, como sublinha Mercedes, di-zer que Marker foi um cineasta é pouco.

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SÁBADO 114h00 : Palavra e imagem | Nada tenho de meu de miguel Gonçalves mendes, com João Paulo cuenca e Tatiana Salem Levy (Portugal, 2012. 70‘)Um diário coletivo, entre o documentário e a ficção, de uma viagem do diretor com os escritores Tatiana Salem Levy e João Paulo Cuenca para encontros com artistas de Macau, Hong Kong, Vietname, Camboja e Tailândia.

15h30 : imagens do inconsciente | Moacyr arte brutade Walter carvalho (Brasil, 2004. 74’)Um registro de sete dias em casa de Moacyr, um pintor que vive num recanto do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em condições de pobreza. Isolado numa casa com a mãe e familiares, que cultivam uma lavoura de subsistência, ausente do mundo exterior, passa o dia desenhando e pintando com lápis de cera o que vem de sua imaginação.

17h00 : Festival Filmambiente | Mostra competitivaPasseio Matinal (A Morning Stroll) de Grant ochard ( EuA, 2011. 7’) Um nova-iorquino passa por uma galinha em seu passeio matinal: quem seria o verdadeiro malandro da cidade?Passagem para onde? (We have no Tickets) de Bao Jian (china, 2011. 8’) Por causa da ganância humana e da constante destruição da Terra, o planeta não suporta mais a carga – para onde escapar?Eu queria ir para o Equador (I wish I went to Ecuador) de David Bunting e alunos da escola primária de Bricknell (inglaterra, 2011. 6’)Uma divertida viagem ao coração da floresta equatoriana. 661341 (661241) de isamu hirabayashi (Japão, 2011. 8’)A cada 66 anos uma cigarra emerge do chão e sobe uma árvore, onde deixa sua casca...Tamanduá Bandeira de Ricardo de Podestá (Brasil, 2011. 8’)Um tamanduá encontra a namorada. Só alguns passos o separam dela. Porém, terá de caminhar no asfalto.O sorriso escondido (The Hidden Smile) de Ventura Durall e marti Roca (Espanha - 2011. 11’)Em torno de um menino etíope de 10 anos de idade, um relato dos valores de uma sociedade formada por crianças.O cangaceiro e o leão, de Arnaldo Galvão (Brasil, 2012. 13’)

18h00 : Festival Filmambiente | Terra (Earth) de Alastair Fothergill e mark Linfield (EuA, Alemanha, inglaterra, 2007. 90’)A primeira produção a obter imagens aéreas do Monte Everest – devido a sua altitude, é impossível usar helicopteros e os aviões a jato são rápidos demais para possibilitar uma filmagem adequada. Terra segue quatro familias de animais em suas rotas de migração.

20h00 : Festival Filmambiente | Mostra competitivaDe bobeira (Hanging Around) de Sebastian Wolf (Alemanha, 2010. 3’) Na floresta, um leopardo encontra uma preguiça que simplesmente não quer acordar.Missão das sereias (Mission of Mermaids) de Susan Rockefeller (EuA, 2012. 19)O filme celebra a relação da diretora com o oceano e faz um apelo para sua proteção.Natureza urbana (Natural Urban Nature) de kang min-Ji (coreia do Sul, 2012. 4.30’ )O que chamamos natural em uma cidade? Talvez esta natureza artificial criada pelo homem siga uma planificaçãoDo outro lado (The other side) de Sofia Quiros (Argentina, 2012. 15’)O bairro Nicole, localizado há 30 km do centro de Buenos Aires, nasceu há cerca de 15 anos, a partir de um plano de construção de habitações populares do governo, jamais concluído. Centenas de famílias se estabeleceram junto a um rio contaminado, sem saber que uma montanha verde os separava de um dos maiores aterros sanitários do estado. Atualmente, lutam por seus direitos e para que se feche o aterro. Teclópolis (Teclópolis) de Anuk obeid (Argentina, 2010. 12 ‘) Jornais antigos dançam ao vento, um tapete velho dança para lá e para cá. De repente, um mouse...

OS FILMES DE SETEMBRO

Os programas do Festival FilmAmbiente têm entrada franca

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DOMINGO 215h00 : Dersu uzala (Dersu Uzala) de Akira kurosawa (Japão, união Soviética, 1975. 144’)Uma das cenas mais significativas dessa história centrada num homem da cidade (encarregado de fazer um levantamento topográfico) e um guia acostumado ao frio da Sibéria, é aquela em que meio a uma tempestade de neve o guia convence o oficial a recolher pequenos arbustos cobertos pelo gelo. Num trabalho obstinado, o guia continua a recolher os galhos mesmo depois do oficial se deixar cair exausto, para com eles construir uma pequena cabana para se proteger da tempestade.

18h00 : Festival Filmambiente | Reino dos felinos (African Cats) de Alastar Fothergill e keith Scholey (EuA, 2011. 89’)A sobrevivência de leões e leopardos na savana africana. Uma leoa cuida de sua cria do ataque de outros leões, e um leopardo defende seus cinco filhotes do ataque de leões.

20h00 : Filmambiente | Mãe: cuidando de sete bilhões (Mother: caring for Seven Billions) de christophe Fauchere (Eua, Etiópia, Suécia, 2011. 54’)Com a população mundial de sete bilhões de pessoas, como discutir o planejamento familiar em meio às questões religiosas e econômicas que cercam o tema?

TERCA 415h00 : Dersu uzala (Dersu Uzala) de Akira kurosawa (Japão, união Soviética, 1975. 144’) 18h00: Festival Filmambiente | Pilhagem das minas (Footprints: The Mining Loot) de Ariel Guntern (Argentina, 2011.48’)A destruição do meio ambiente causada pela exploração das minas de ouro, prata, ferro e carvão na América Latina. Asfixiado (Breathtaking) de kathleen mullen (canada, 2011. 43’)A história do pai da realizadora, vítima de um câncer provocado pelo amianto, ainda hoje uma importante indústria no Canadá.

20h00 : Festival Filmambiente | Pó: o processo do amianto (Dust: the Great Asbestos Tryal) de niccolò Bruna e Andrea Prandstraller (itália, 2011. 85’)Os primeiros meses do julgamento dos maiores acionistas da Eternit na Itália e a constatação de que o uso do amianto está crescendo em todo o mundo.Sessão com a presença do realizador Niccolò Bruna

quARTA 515h00 : Dersu uzala (Dersu Uzala) de Akira kurosawa (Japão, união Soviética, 1975. 144’)

18h00 : Festival Filmambiente | Viagem de uma geladeira vermelha (Journey of a Red Fridge) de natasa muntean (Sérvia, 2007. 52’)No Nepal, nas montanhas do Himalaia, o jovem Hari Rai, de 17 anos, trabalha como carregador de mercadorias montanha abaixo montanha acima para pagar seus estudos.

20h00: Festival Filmambiente | Confissões de um eco-terrorista (Confessions of an Eco-Terrorist) de Peter Brown (EuA, 2011. 90’)Uma viagem ao redor do mundo em companhia de Paul Watson e a tripulação do Sea Shepherd que há mais de 30 anos se empenham em uma campanha em defesa do meio ambiente.Sessão com a presença do realizador Peter Brown

quINTA 615h00 : Dersu uzala (Dersu Uzala) de Akira kurosawa (Japão, união Soviética, 1975. 144’)

18h00 : Festival Filmambiente | Pig Business (Pig Business) de Tracy Worcester (EuA, Polônia, Reino unido, 2001. 57’)A indústria de carne de porco nos Estados Unidos, como ela destrói a economia de comunidades rurais e como ameaça a saúde com o uso excessivo de antibióticos.

20h00 : Festival Filmambiente | Maré negra: vozes do Golfo (Black Tide: voices from the Gulf) de Joel Berlinger (EuA, 2011. 87’)As águas do Golfo do México são responsáveis por grande parte do peixe consumido nos Estados Unidos e abrigam as maiores reservas americanas de petróleo. Em abril de 2010, o poço Deepwater Horizon explodiu, matando onde pessoas, espalhando 200 milhões de barris de petróleo no mar, e pôs fim à pesca no Golfo.

Programa sujeito a alterações. Confira a programação completa em www.ims.com.br

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SEXTA 714h30 : chris marker Gatos empoleirados (Chats perchés) de chris marker (França, 2004. 59’)Monsieur Chat (grafite de um gato sorridente nos muros de Paris e de outras cidades francesas) surgiu em 2001 “quando o eco do 11 de setembro ainda estava no ar e a visão desse animal afável me pareceu um bom sinal”. Para Marker, “alguém havia decidido colocar nos muros uma imagem benevolente. Dessa vez, um filme simples, despretensioso, e acima de tudo, sem política! – embora o grafismo de poucas linhas faça pensar nos dos cartazes, panfletos e vitrines feitos pelos construtivistas russos entre 1919 e 1921”.

16h00 : chris marker | Elegia para Alexandre (Le Tombeau d’Alexandre ) de chris marker (França, 1993. 120’)“Alexandred Ivanovich Medvedkine é um cineasta russo que nasceu em 1900”, diz Marker, “Marcas como a que os pais costumam fazer na soleira da porta para acompanhar o crescimento dos filhos, o século traçou sobre sua vida: aos 17 anos, a insurreição de outubro; aos 20, a guerra civil, e ele na cavalaria vermelha ao lado de Isaac Babel; aos 38 os processos de Stalin e a exibição de seu melhor filme, A felicidade; aos 41 a guerra, e ele como cinegrafista, de câmera em punho. Quando ele morre, aos 89 anos, é a euforia da Perestroika. Com sua história como fio condutor, podemos explorar a tragédia de nosso século”.

18h15 : chris marker | La jetée (La jetée) de chris marker (França, 1962. 29’)“Essa é a história de um homem marcado por uma imagem de sua infância” diz a narração desse filme de imagens fixas que o diretor define como um “foto-romance”. A cena que o marcou por sua violência, continua o narrador, “aconteceu no terraço do aeroporto de Orly. alguns anos antes do começo da terceira guerra mundial. Em Orly, aos domingos, os pais levavam as crianças para ver a decolagem dos aviões. Desse domingo, a criança da história que nós contamos, viu por longo tempo a imagem do sol fixo, a paisagem ao fundo e o rosto de uma mulher. Nenhuma outra lembrança distinta: só muito mais tarde outras imagens serão lembradas por meio de suas cicatrizes. Ele se perguntou por longo tempo se realmente viu este rosto, que se tornou a única imagem de tempo de paz a atravessar os tempos de guerra, ou se havia criado esse momento de doçura para poder suportar o momento de loucura que viria em seguida, com o estrondo repentino, o gesto da mulher, a queda de um corpo e os gritos de pavor de toda gente. Mais tarde, ele compreendeu que havia visto a morte de um homem”.

As estátuas morrem também (Les statues meurent aussi) de Alain Resnais e chris marker (França, 1953. 30‘).É estranho que o panfleto, gênero admitido e honrado na literatura, não seja aceito no cinema” observou Marker comentando a censura imposta pela França a esse filme sobre a deformação que o olhar colonialista impôs à arte africana ao retirá-la de seu contexto. “As razões dessa proibição nunca foram esclarecidas. Provavelmente a censura se deve mais à forma que ao conteúdo. Foi o não atendimento a uma certa regra do jogo social que o manteve trancado durante dez anos”

Toda a memória do mundo (Toute la memoire du monde) de Alain Resnais (França, 1956. 22’)Marker figura como o assistente de direção nesse documentário sobre a Biblioteca Nacional da França, sobre o processo de aquisição, seleção, arquivamento e preservação de livros, periódicos e documentos diversos – um acervo composto então por seis milhões de livros e cinco milhões de estampas. As imagens – a câmera quase todo o tempo em movimentos lentos – são comentadas pela música e pelo texto da narração.

20h00: chris marker | Os doze macacos (Twelve Monkeys) de Terry Gilliam (EuA, 1995. 129’)Inspirado no curta-metragem La jetée, realizado por Chris Marker em 1962. A história, escrita por David Peoples e Janet Peoples, se passa num futuro em que a humanidade, devastada por uma enfermidade ainda sem cura, manda um prisioneiro ao passado por meio de uma recém-criada máquina do tempo para descobrir a origem do vírus.

Gatos empoleirados

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SÁBADO 814h00 : Imagens do inconsciente. Fernando Diniz. Em busca do espaço cotidiano de Leon hirszman (Brasil, 1984. 80’)Primeiro filme da trilogia Imagens do inconsciente: Fernando, filho de uma empregada doméstica baiana, busca recuperar um espaço cotidiano sob a forma de um quadro – é a pintura em luta constante contra o caos.”

16h00 : chris marker | O fundo do ar é vermelho (Le fond de l’air est rouge) de chris markerPrimeira parte: As mãos frágeis (França, 1977. 90’)“1967 - 1977, anos decisivos da história mundial”, diz o subtítulo desse documentário, “originalmente com quatro horas de duração” e em seguida, “sabiamente reduzido para três – mas sem modificação de seu conteúdo, apenas uma operação de síntese – mais um pequeno monólogo para concluir. Não é bem uma crônica desse decênio, em que fora da França as coisas foram mais violentas e mais difíceis, mas de uma bricolage para colher alguns traços desses anos luminosos e conturbados”. O sentimento que comanda o filem, Marker resume assim: “tendemos a acreditar que a terceira guerra mundial vai começar com o lançamento de um míssil nuclear. Acho, ao contrário, que ela irá terminar assim. Daqui até lá continuarão a se produzir figuras de um jogo complicado cuja decifração vai dar muito trabalho aos historiadores do futuro – se sobrar algum”. 18h00 : chris marker | O fundo do ar é vermelho (Le fond de l’air est rouge) de chris markerSegunda parte: As mãos cortadas (França, 1977. 90’)Documentos oficiais, fragmentos de filmes, imagens julgadas imperfeitas e abandonadas são o material desse filme em que “os verdadeiros autores são os inúmeros cinegrafistas, técnicos de som, testemunhas e militantes cujo trabalho se opõe ao poder que quer ns transformar em pessoas sem memória. 20h00 : chris marker | Sem sol (Sans soleil) de chris marker (França, 1982. 110’)Uma voz de mulher lê as cartas que recebe de um amigo, um cinegrafista que corre o mundo, como um peregrino, com especial interesse pelo Japão e pela África, com imagens da ponte de San Francisco, do templo dos gatos em Tóquio, e de uma girafa africana na memória. E especialmente com a imagem de três crianças numa estada da Islândia.

DOMINGO 914h30 : chris marker | Até logo, eu espero (À bientôt j’espère) de chris marker e mario marret (França, 1967. 55’) Em 1967 uma greve de outro tipo (ocupação, reivindações de base, reivindicações culturais) na fábrica Rhodiaceta em Besançon. A reportagem dessa greve é recusada pela televisão francesa e somente ao termo de uma longa discussão a reportagem é aceita para exibição desde que cercada por um “debate” de gente séria que se encontra inserido nesse filme.

2084 (2084) de chris marker (França, 1984. 10’)O assunto desse filme, diz o diretor, deveria ser o centenário do sindicalismo. “Difícil resumir um século em dez minutos, mas talvez seja possível resumir dois séculos em dez minutos”.

16h00 : chris marker | Já que dizem que é possível (Puisqu’on vous dit que c’est possible) Realização coletiva. (França, 1973. 47’).A greve em favor da autogestão da fábrica LIP (de relógios e também de materiais militares e peças para satélites) e contra a ameaça de demissão de cerca de 500 empregados. As imagens foram filmadas pelos trabalhadores e organizadas por Marker a pedido do comitê “Herdeiros de Maio de 68”

A sexta face do Pentágono (La sixième face du Pentagone) de chris marker e François Reichenbach (França, 1967. 28’).Em 21 de outubro de 1967, uma enorme manifestação teve lugar em Washington contra a guerra no Vietnã. A intenção era ocupar simbolicamente o prédio do Pentágono, considerado o coração da máquina militar norte-americana. O filme segue esta ação passo a passo.

18h00 : chris marker | A embaixada (L’ambassade) Realização anônima (França, 1975. 20’)Marker montou as imagems desse documentário que, para ele, “não é exatamente um filme, mas notas do cotidiano de uma embaixada com refugiados políticos registradas em super 8”. A.K. (A.K.) de chris marker (França, Japão, 1985. 75’)“O perigo de um documentário como esse”, sobre a filmagen de Ran de Akira Kurosawa, diz Marker, “é, sem querer, cobrir com um contraluz a beleza das imagens originais. O importante, aqui, é mostrar o que vemos tal como o vemos”.

20h00 : chris marker | chris marker Gatos empoleirados (Chats perchés) de chris marker (França, 2004. 59’)

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SEXTA 1415h00 : imagens do inconsciente | Estrela de oito pontas de marcos magalhães e Fernando Diniz (Brasil, 1996. 12’)Despertado o interesse pelo cinema durante a filmagem de Em busca do espaço cotidiano, Fernando Diniz pintou uma série de “figuras-cinema” e em seguida realizou esse desenho animado em parceria com Marcos Magalhães.

Adelina Gomes. No reino das mães de Leon hirszman (Brasil, 1984. 55’)Esse segundo filme da trilogia Imagens do inconsciente, de Leon Hirszman “aprofunda um caso que traz importantes revelações sobre o caráter mitológico das imagens do inconsciente, é o caso Dafne-Adelina, o mito da transformação. Adelina mata os próprios instintos, simbolizados num gato, para recuperar a vida animal na pintura, passando pela vida vegetal. É um processo mitológico que passa pelo ‘vegetar’ Moça pobre, filha de camponeses, com o curso primário e alguma formação manual, tímida e submissa à mãe, nunca havia namorado até os 18 anos de idade. Aí apaixonou-se por um homem que não foi aceito pela mãe. Sujeitou-se e foi, aos poucos, se retraindo até que um dia estrangulou uma gata, da qual gostava muito. Matando a gata, Adelina se negava como mulher, refugiando-se na loucura com grande agressividade.

16h00 : chris marker | Zoológico (Zoo piece ) de chris marker (França, 1990. 3’) Montagem de imagens feitas num zoológico em torno da ideia de prisão e exibição.Tourada em Okinawa (Bullfight in Okinawa) de chris marker (França, 1994. 4’)Uma rinha de touros na cidade japonesa.Slon tango (Slon Tango) de chris marker (França 1993. 4’)Um elefante parece dançar um tango num zoológico de Liubliana, na Eslovênia.Viva a baleia (Vive la baleine) de mario Ruspoli e chris marker (França, 1972. 30’) As imagens do documentário Les hommes de la baleine de Mario Ruspoli (filme de 1965 que tem uma narração escrita por Marker) retomadas anos depois e remontadas ao lado de outras para uma discussão, entre o político e o poético, das práticas da indústria de caça às baleias

18h30 : chris marker | A solidão do cantor (La solitude du chanteur de fond) de chris marker (França, 1974. 60’)

20h00 : chris marker | Sem sol (Sans soleil) de chris marker (França, 1982. 110’)

quARTA 12 14h30 : imagens do inconsciente | Moacyr arte bruta de Walter carvalho (Brasil, 2004. 74’)

16h30 : chris marker | Noite e névoa (Nuit et brouillard) de Alain Resnais (França, 1955, 32’)Chris Marker é o assistente de direção desse filme em que imagens de campos de concentração, são acompanhadas pela música de Hans Eisler e pelo texto de Jean Cayrol. O título vem da denominação dada aos presos franceses enviados aos campos de concentração nazistas: NN, noite e névoa (em alemão, Nacht und Nebel).As estátuas morrem também (Les statues meurent aussi) de Alain Resnais e chris marker (França, 1953. 30‘).Toda a memória do mundo (Toute la memoire du monde) de Alain Resnais (França, 1956. 22’)

18h00 : chris marker | Sem sol (Sans soleil) de chris marker (França, 1982. 110’)

20h00 : chris marker | O fundo do ar é vermelho (Le fond de l’air est rouge) de chris markerPrimeira parte: As mãos frágeis (França, 1973. 90’)

quINTA 1314h00 : Os doze macacos (Twelve Monkeys) de Terry Gilliam (EuA, 1995. 129’)Inspirado no curta-metragem La jetée, realizado por Chris Marker em 1962.

16h30 : chris marker | La jetée, (La jetée)de chris marker (França, 1962. 29’)O trem em marcha (Le train en marche) de chris marker (França, 1971. 32’)Um ensaio para ser projetado como um prefácio ou introdução para o lançamento em Paris de uma cópia restaurada de A felicidade, filme mudo soviético realizado entre 1934 e 1935. Medvedkine rememora o trabalho do cinema-trem, uma unidade móvel de produção cinematográfica, estúdio, laboratório e sala de projeção ambulante, que ele criou no começo da década de 30.

18h00 : chris marker | Sem sol (Sans soleil) de chris marker (França, 1982. 110’)

20h00 : chris marker | O fundo do ar é vermelho (Le fond de l’air est rouge) de chris markerSegunda parte: As mãos cortadas (França, 1973. 90’)

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SÁBADO 15 14h00 : imagens do inconsciente | Gotas de chuva sobre a grama de Gina Ferreira (Brasil, Brasil, 1996. 12’ )“Quando eu era criança, único brinquedo que eu tinha era a grama e a gota de chuva”, diz Fernando Diniz (em texto parcialmente lido por Caio Blat) neste documentário em torno da pintura que dá título ao filme.

Carlos Pertuis. A barca do sol de Leon hirszman (Brasil, 1984. 70’)Ess terceiro filme da trilogia Imagens do inconsciente (os dois primeiros foram Em busca do espaço cotidiano e No reino das mães) disse Leon Hirszman numa entrevista sobre seu trabalho, “ficou sendo um desafio”. A barca do sol é sobre Carlos Pertuis, “que possui uma obra extensíssima. Dilacerado por conflitos pessoais Carlos, viu certa manhã, raios de sol sobre o pequeno espelho do seu quarto. Brilho extraordinário que deslumbrou-o, e surgiu diante dele uma visão cósmica: o ‘planetário de Deus’, segundo suas palavras. Gritou, chamou sua família, queria que todos vissem também aquela maravilha que ele estava vendo. Foi internado no mesmo dia no velho hospital da praia Vermelha. Isso aconteceu em setembro de 1939. Carlos tinha 29 anos. Sua mãe recomendou o internamento, e ele ficou lá o resto da vida”.

16h00 : chris marker | Até logo, eu espero (À bientot j’espere) de chris marker (França, 1967. 55’) A sexta face do Pentágono (La sixième face du Pentagone) de chris marker e François Reichenbach (França, 1967. 28’).Em 21 de outubro de 1967, uma enorme manifestação teve lugar em Washington contra a guerra no Vietnã. A intenção era ocupar simbolicamente o prédio do Pentágono, considerado o coração da máquina militar norte-americana. O filme segue esta ação passo a passo.

Valparaiso (. . . A Valparaiso) de Joris ivens (chile, França, 1963. 27’)Chris Marker escreveu a narração desse documentário sobre Valparaíso, o porto, a cidade alta e a cidade baixa, o elevador que as une. Realizado em coprodução entre a Argos Films de Paris e a Escuela de Cinematografía da Universidade do Chile. Na equipe de filmagem, entre os assistentes de câmera, Patricio Guzmán. Patrício trabalha como câmera em dois outros filmes de Joris Ivens, um documentário sobre um pequeno circo de Valparaíso, Le petit chapiteau (1963) e do documentário sobre a campanha de Salvador Allende para as eleições de 1964, El tren de la victoria (1964) antes de realizar três filmes curtos – La tortura y otras formas de diálogo (1968) El paraíso ortopédico (1969) e La respuesta de octubre (1972) – e seu primeiro longa-metragem, El primer año.

18h00 : chris marker | A felicidade (Schastye) de Alexander medvedkine (uRSS, 135. 95’)A busca da felicidade na Rússia tzarista e logo nos primeiros anos da União Soviética numa comédia entre o fantástico e o insólito. O camponês Khmyr encontra um saco perdido cheio de dinheiro e compra um cavalo, o que lhe permite arar a terra e garantir uma boa colheita. O resultado do trabalho confiscado, Khmyr tenta por fim à vida, mas é detido pela polícia e enviado para a guerra.

20h00 : chris marker | Elegia para Alexandre (Le Tombeau d’Alexandre ) de chris marker (França, 1993. 120’)“Alexandred Ivanovich Medvedkine é um cineasta russo que nasceu em 1900” e para Marker “com sua história como fio condutor, podemos explorar a tragédia de nosso século”.

Alexandre Medvedkine: Elegia para Alexandre

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DOMINGO 1614h30 : chris marker | A sexta face do Pentágono (La sixième face du Pentagone) de chris marker e François Reichenbach (França, 1967. 28’)Valparaiso (. . . A Valparaiso) de Joris ivens (chile, França, 1963. 27’)

16h00 : chris marker | A felicidade (Schastye) de Alexander medvedkine (uRSS, 135. 95’)

18h00 : chris marker | Até logo, eu espero (À bientôt j’espère) de chris marker e mario marret (França, 1967. 55’) 2084 (2084) de chris marker (França, 1984. 10’)

20h00 : chris marker | A embaixada (L’ambassade) Realização anônima (França, 1975. 20’)A.K. (A.K.) de chris marker (França, Japão, 1985. 75’)

quARTA 1914h30 : imagens do inconsciente | Moacyr arte bruta de Walter carvalho (Brasil, 2004. 74’)

16h00 : chris marker | As estátuas morrem também (Les statues meurent aussi) de Alain Resnais e chris marker (França 1953, 30‘)Toda a memória do mundo (Toute la memoire du monde) de Alain Resnais (França, 1956. 22’)Noite e neblina (Nuit et brouillard) de Alain Resnais (França, 1955, 32’)

18h00 : chris marker | O trem em marcha (Le train en marche) de chris marker (França, 1971. 32’)

Viva a baleia (Vive la baleine) de mario Ruspoli e chris marker (França, 1972. 30’) As imagens do documentário Les hommes de la baleine de Mario Ruspoli (filme de 1965 que tem uma narração escrita por Marker) retomadas anos depois e remontadas ao lado de outras para uma discussão, entre o político e o poético, das práticas da indústria de caça às baleias

20h00 : chris marker | Sem sol (Sans soleil) de chris marker (França, 1982. 110’)

quINTA 2014h00 : chris marker | A solidão do cantor (La solitude du chanteur de fond) de chris marker (França, 1974. 60’)Yves Montand pouco antes do espetáculo no teatro Olympia de Paris em favor dos refugiados chilenos depois do golpe de estado do General Augusto Pinochet. A escolha das canções e os ensaios, fragmentos de filmes interpretados por Montand (entre eles A guerra acabou de Resnais e A confissão de Costa-Gravas) e uma conversa com a câmera.

16h00 : chris marker | A batalha do Chile: 1. A insurreição da burguesia (La batalla de Chile. 1. La insurreción de la burguesía) de Patricio Guzmán (chile, cuba, França, 1975. 100’)Foram quase sete anos para estruturar o material filmado, entre 20 e 25 horas de imagens, conta o realizador: “Levamos oito, nove meses só para chegar à conclusão de que deveriam ser três filmes. Um dia disse a Pedro Chaskel, meu montador: ‘Não podemos fazer um filme longo. Não podemos perder tanto material. Vamos fazer a seguinte divisão: A insurreição da burguesia, com todas as ações da direita; O golpe de Estado, síntese das ações da direita e da esquerda; e O poder popular, com as ações espontâneas do povo para neutralizar o boicote contra Allende’. Levamos quase um ano para encontrar essa definição”. Terminada a montagem da primeira parte, em 1975, Patricio saiu para apresentá-la “em dois ou três festivais” e retornou logo à montagem, “pois tinha pressa em terminar o segundo filme, porque nela estava o golpe”.

18h00 : chris marker | A batalha do Chile: 2. O golpe de estado (La batalla de Chile. 2. El golpe de Estado) de Patricio Guzmán ( chile, cuba, França,1976. 90’)Patrício se lembra de ter escrito “seis ou sete metodologias de trabalho”. Uma, cronológica, “filmagem presa aos acontecimentos; Não podíamos filmar todo o tempo, como hoje, com o vídeo. Tínhamos em média uma bobina de 16 mm por dia, o que não é nada: dez minutos. Íamos aos lugares, um, dois, três dias sem filmar, para no quarto dia poder filmar quatro bobinas”.

20h00 : chris marker | A batalha do Chile: 3. O poder popular (La batalla de Chile. 3. El poder popular) de Patricio Guzmán ( chile, cuba , Venezuela. 1979. 82’)Quando terminou a segunda parte, em 1976, Patricio fez uma pausa. “Vinha trabalhando sem parar, 1972, 73, 74, 75, e me sentia incapaz de seguir a esse ritmo. Só dois anos depois voltei à montagem e fiz a terceira parte”, que ficou pronta em 1979.

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SEXTA 2114h00 : imagens do inconsciente | Gotas de chuva sobre a grama de Gina Ferreira (Brasil, Brasil, 1996. 12’ )Carlos Pertuis. A barca do sol de Leon hirszman (Brasil, 1984. 70’)

16h00 : chris marker | Noite e neblina (Nuit et brouillard)de Alain Resnais (França, 1955, 32’)As estátuas morrem também (Les statues meurent aussi) de Alain Resnais e chris marker (França 1953, 30‘)Toda a memória do mundo (Toute la memoire du monde) de Alain Resnais (França, 1956. 22’)

18h00 : chris marker | O trem em marcha (Le train en marche) de chris marker (França, 1973. 32’);A solidão do cantor (La solitude du chanteur de fond) de chris marker (França, 1974. 60’)

20h00 :chris marker | La jetée, (La jetée)de chris marker (França, 1962. 29’)“Essa ficção feita de voz e de fotos fixas, um pesadelo, uma visão antecipada do futuro, um sonho visionário e apocalíptico, um conto de horror”, para a espanhola Mercedez Alvares “demonstra que uma redução do cinema a seus elementos mínimos pode comunicar o mais difícil: a vertigem do tempo e a matéria dos sonhos.Viva a baleia (Vive la baleine) de mario Ruspoli e chris marker (França, 1972. 30’)

SÁBADO 2214h00 : imagens do inconsciente Fernando Diniz. Em busca do espaço cotidiano de Leon hirszman (Brasil, 1984. 80’0

16h00 : chris marker | A batalha do Chile: 1. A insurreição da burguesia (La batalla de Chile. 1. La insurreción de la burguesía) de Patricio Guzmán (chile, cuba, França, 1975. 100’)

18h00 : chris marker | A batalha do Chile: 2. O golpe de estado (La batalla de Chile. 2. El golpe de Estado) de Patricio Guzmán ( chile, cuba, França,1976. 90’)

20h00 : chris marker | A batalha do Chile: 3. O poder popular (La batalla de Chile. 3. El poder popular) de Patricio Guzmán ( chile, cuba , Venezuela. 1979. 82’)

La jetée

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quARTA 2614h30 : imagens do inconsciente | Moacyr arte bruta de Walter carvalho (Brasil, 2004. 74’)

16h30 : chris marker | O trem em marcha (Le train en marche) de chris marker (França, 1973. 32’);La jetée, (La jetée)de chris marker (França, 1962. 29’)

18h30 : chris marker | Gatos empoleirados (chats perchés) de chris marker (França, 2004. 59’)

20h00 : chris marker | A batalha do Chile: 2. O golpe de estado (La batalla de Chile. 2. El golpe de Estado) de Patricio Guzmán ( chile, cuba, França,1976. 90’)

quINTA 2714h00 : imagens do inconsciente | Gotas de chuva sobre a grama de Gina Ferreira (Brasil, Brasil, 1996. 12’ )Carlos Pertuis. A barca do sol de Leon hirszman (Brasil, 1984. 70’)

16h00 : chris marker | Elegia para Alexandre (Le Tombeau d’Alexandre) de chris marker (França, 1993’, 120’)

18h30 : chris marker | A solidão do cantor (La solitude du chanteur de fond) de chris marker (França, 1974. 60’)

20h00 : chris marker | A batalha do Chile: 3. O poder popular (La batalla de Chile. 3. El poder popular) de Patricio Guzmán ( chile, cuba , Venezuela. 1979. 82’)

DOMINGO 2314h00 : chris marker | Os doze macacos (Twelve Monkeys) de Terry Gilliam (EuA, 1995. 129’)Inspirado no curta-metragem La jetée, realizado por Chris Marker em 1962.

15h30 : chris marker | A felicidade (Schastye) de Alexander medvedkine (uRSS, 135. 95’)Valparaíso (...A Valparaiso) de Joris ivens (chile, França, 1963. 27’)

17h45 : chris marker | A sexta face do Pentágono (La sixième face du Pentagone) de chris marker e François Reichenbach (França, 1967. 28’).Até logo, eu espero (À bientôt j’espère) de chris marker e mario marret. França, 1967. 55’)

20h00 : chris marker | Já que dizem que é possível (Puisqu’on vous dit que c’est possible) organização de chris marker (França, 1973. 47’); A embaixada (L’ambassade) Realização anônima (França, 1975. 20’)

TERÇA 2514h30 : chris marker | Zoológico (Zoo piece ) de chris marker (França, 1990. 3’) Tourada em Okinawa (Bullfight in Okinawa) de chris marker (França, 1994. 4’)Slon tango (Slon Tango) de chris marker (França 1993. 4’)Viva a baleia (Vive la baleine) de mario Ruspoli e chris marker (França, 1972. 30’) As imagens do documentário Les hommes de la baleine de Mario Ruspoli (1965) retomadas anos depois e remontadas ao lado de outras para discutir a indústria de caça às baleias

16h00 : chris marker | Sem sol (Sans soleil) de chris marker (França, 1982. 110’)

18h30 : chris marker | A solidão do cantor (La solitude du chanteur de fond) de chris marker (França, 1974. 60’)

20h00 : chris marker | A batalha do Chile: 1. A insurreição da burguesia (La batalla de Chile. 1. La insurreción de la burguesía) de Patricio Guzmán (chile, cuba, França, 1975. 100’)

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Rua marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3206-2500

www.ims.com.br

De terça a domingo das 11h às 20hAcesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local.

café WiFi.

Como chegar as seguintes linhas de ônibus passam em frente ao imS:

158 – Central-Gávea (via Praça Tiradentes, Flamengo, São Clemente)

170 – Rodoviária-Gávea (via Rio Branco, Largo do Machado, São Clemente)

592 – Leme-São Conrado (via Rio Sul, São Clemente)

593 – Leme-Gávea (via Prudente de Morais, Bartolomeu Mitre)

Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea

curadoria: José carlos Avellar. coordenação do IMS - RJ : Elizabeth Pessoa. Assessoria de coordenação : Laura Liuzzi. capa e quarta capa: La jetée de chris marker

Ingressos

As sessões do Festival Filmambiente têm entrada franca

As sessões do filme Dersu uzala e das mostras Palavra e imagem, Imagens do inconsciente e Chris Marker têm ingressos a R$ 12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia)

capacidade da sala: 113 lugares.

ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. ingressos disponíveis também em www.ingresso.com

o programa de cinema de setembro tem o apoio da

cinemateca do mAm do Rio de Janeiro,

da cinemateca da Embaixada da França,

do Arquivo nacional, do museu de imagens do

inconsciente e do Festival FilmAmbiente.

o programa conta ainda com a parceria do

Espaço itaú de cinema, da Videofilmes,

da www.revistacinetica.com.br

e da Associação Brasileira de cineastas.

A partir da sexta-feira 28 o Instituto Moreira Salles se associa ao Festival de Cinema do Rio para uma série de filmes realizados ou produzidos por Alberto Cavalcanti, entre eles: En Rade (1928), Went The Day Well? (1942), The Life and Adventures of Nicholas Nickleby (1946), They Made Me a Fugitive (1947) e O canto do mar (1954), em cópias novas restau-radas pelo British Film Institute.

Também em associação com o Fes-tival do Rio, serão exibidos no Insti-tuto os primeiros filmes do começo da carreira de Manoel de Oliveira em cópias restauradas, entre eles o primeiro filme curto, Douro, faina fluvial (1931) e seu primeiro longa--metragem, Aniki Bobó (1942).

Cavalcanti e Oliveira

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24 INSTITUTO MOREIRA SALLES | CINEMA | SETEMBRO 2012

CHRIS MARKER | A vERTIgEM dO TEMpO E A MATÉRIA dOS SONHOS