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ESTAÇÃO DE AVISOS DE ENTRE DOURO E MINHO Circular nº 16 19. 07. 2011 VINHA MÍLDIO As condições meteorológicas verificadas nos últimos dias confirmaram o que tinha sido previsto na circular anterior. As temperaturas mais amenas e a humidade elevada têm sido favoráveis ao desenvolvimento da doença. Mantêm-se as recomendações feitas na circular nº 15, de 11 de Julho. Sintomas de esca em folha de videira ESCA Nesta altura são bem visíveis os sintomas desta doença. É uma boa oportunidade para proceder à marcação das videiras atacadas, para oportunamente pôr em prática as medidas culturais, tendentes a prolongar por mais alguns anos a vida produtiva dessas videiras. Sintomas de esca da videira em cacho OLIVEIRA MOSCA DA AZEITONA Em alguns postos já foi ultrapassado o nível económico de ataque desta praga (8 a 12% de frutos com formas vivas, para azeitona para azeite e 1% de azeitona picada com formas vivas, para azeitona de mesa). Os insecticidas autorizados para o combate a esta praga são à base de deltametrina , dimetoato, fosmete (apenas para azeitonas de mesa), lambda-cialotrina , spinosade e tiaclopride. COCHONILHA H OU COCHONILHA NEGRA observámos as larvas desta cochonilha. Esta é a melhor altura para iniciar o tratamento contra esta praga, que deverá ser repetido passadas duas a três semanas. ►► DIVISÃO DE PROTECÇÃO E CONTROLO FITOSSANITÁRIO ESTAÇÃO DE AVISOS DE ENTRE DOURO E MINHO Quinta de S. Gens Estrada Exterior da Circunvalação, 11 846 4460 – 281 SENHORA DA HORA Telefone: 229 574 010 Fax: 229 574 029 E-mail: [email protected] © Reprodução sujeita a autorização Impresso na Estação de Avisos de Entre Douro e Minho Realização técnica: J. F. Guerner Moreira (Eng.º Agrónomo) Carlos Coutinho (Ag. Técnico Agrícola) Impressão e expedição: C. Coutinho, L. Monteiro Carlos Coutinho Carlos Coutinho

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ESTAÇÃO DE AVISOS DE ENTRE DOURO E MINHO

Circular nº 16 19. 07. 2011

VINHA

MÍLDIO As condições meteorológicas verificadas nos últimos dias confirmaram o que tinha sido previsto na circular anterior. As temperaturas mais amenas e a humidade elevada têm sido favoráveis ao desenvolvimento da doença. Mantêm-se as recomendações feitas na circular nº 15, de 11 de Julho.

Sintomas de esca em folha de videira

ESCA

Nesta altura são bem visíveis os sintomas desta doença. É uma boa oportunidade para proceder à marcação das videiras atacadas , para oportunamente pôr em prática as medidas culturais, tendentes a prolongar por mais alguns anos a vida produtiva dessas videiras.

Sintomas de esca da videira em cacho

OLIVEIRA

MOSCA DA AZEITONA

Em alguns postos já foi ultrapassado o nível económico de ataque desta praga (8 a 12% de frutos com formas vivas, para azeitona para azeite e 1% de azeitona picada com formas vivas, para azeitona de mesa). Os insecticidas autorizados para o combate a esta praga são à base de deltametrina , dimetoato , fosmete (apenas para azeitonas de mesa), lambda-cialotrina , spinosade e tiaclopride .

COCHONILHA H OU COCHONILHA NEGRA

Já observámos as larvas desta cochonilha. Esta é a melhor altura para iniciar o tratamento contra esta praga, que deverá ser repetido passadas duas a três semanas . ►►

DIVISÃO DE PROTECÇÃO E CONTROLO FITOSSANITÁRIO ESTA ÇÃO DE AVISOS DE ENTRE DOURO E MINHO Quinta de S. Gens Estrada Exterior da Circunvalação, 11 846 4460 – 281 SENHORA DA HORA Telefone: 229 574 010 Fax: 229 574 029 E-mail: [email protected]

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Impresso na Estação de Avisos de Entre Douro e Minho

Realização técnica:

J. F. Guerner Moreira (Eng.º Agrónomo)

Carlos Coutinho (Ag. Técnico Agrícola)

Impressão e expedição:

C. Coutinho, L. Monteiro

Carlos Coutinho

Carlos Coutinho

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⊳⊳ O produto autorizado para este efeito é o óleo de verão . Apenas se o olival estiver atacado , será necessário realizar este tratamento. O nível económico de ataque é de 3% de folhas ocupadas com N1 (ninfas do 1º instar) + N2 (ninfas do 2º instar).

BATATEIRA

MÍLDIO

Mantêm-se as recomendações da circular nº 15 de 11 de Julho .

TRAÇA DA BATATA

Continuámos a registar capturas da praga nas armadilhas colocadas nos batatais, o que continua a indicar haver risco de ataque.

Deve atender às recomendações enviadas na circular nº 13 e proteger as batatas no armazém .

Estragos de larvas de traça da batata

POMÓIDEAS

BICHADO Está a decorrer o 2º voo desta praga. Com a subida da temperatura, o risco irá aumentar. Deve manter a protecção do pomar .

Estragos de bichado em maçã

NOGUEIRA

BICHADO

Continuam a verificar-se condições favoráveis ao desenvolvimento da praga. Recomenda-se que mantenha o pomar protegido . Os insecticidas autorizados são à base de: diflubenzurão (DIMILIN WP 25), fenoxicarbe (INSEGAR 25 WG), vírus da granulose da Cydia pomonella (MADEX).

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CITRINOS

COCHONILHA H OU COCHONILHA NEGRA

Nos citrinos que se encontram atacados por esta cochonilha, deve realizar agora um tratamento, que deve ser repetido daqui a duas ou três semanas. Os produtos autorizados para este efeito, são à base de óleo de verão . Deve fazer uma rega antes de realizar o tratamento.

Cochonilha H ► imagem das ninfas nesta altura do

ano, em tamanho próximo do natural

Carlos Coutinho

Manuel Mouta Faria

Carlos Coutinho

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DIVULGAÇÃO

A cochonilha-negra (Saissetia oleae Olivier) em olivais e em pomares de citrinos.

A cochonilha-negra, praga largamente expandida em olivais, pomares de citrinos, figueiras, damasqueiros e plantas ornamentais como o Loendro ou a Hera, é considerada sobretudo pelos efeitos secundários das

meladas que excreta e da fumagina que sobre eles se desenvolve. A não ser no caso de grandes infestações de cochonilha, o alimento que consome directamente, por sucção da seiva, não é a principal causa de

prejuízos. Quando bem cuidadas – podas, adubações e regas equilibradas - oliveiras e citrinos podem suportar grandes ataques de cochonilha-negra.

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Ciclo de vida da cochonilha-negra

A cochonilha - negra tem uma geração anual. Pode ter uma 2ª geração, completa ou incompleta, em algumas regiões, que se completa apenas no ano seguinte. Durante a Primavera - Verão, cada fêmea dá origem a cerca de 1000 ovos. Estes ovos ficam protegidos sob o escudo negro que protege o corpo da fêmea e aí eclodem as ninfas. Estas

ninfas recém-eclodidas (ninfas do 1º instar) procuram a parte exterior da copa, mais iluminada, para se fixarem nas nervuras principais das folhas. Aí evoluem e durante o Outono -Inverno deslocam-

se para o interior da copa e instalam-se nos ramos, onde ficam protegidas e chegam a formar grandes

concentrações compactas. Na estação desfavorável, a população de cochonilha-negra no exterior da árvore diminui por migração para o seu interior e por queda de folhas. As populações passam o Inverno em hibernação no estado de ninfas do 1º e 2º instares e no Norte e

Centro do país, só reiniciam a sua actividade quando as temperaturas médias atingem os 14oC, evoluindo para fêmeas adultas.

Estragos e prejuízos

Os prejuízos são sobretudo indirectos e resultam da produção de meladas (líquidos açucarados) excretadas pela cochonilha-negra , favoráveis ao desenvolvimento de fungos negros saprófitas, conhecidos por fumagina . Estes fungos dão às árvores um aspecto enegrecido. Chegam a cobrir todos os órgãos da planta – ramos, folhas, frutos – e prejudicam a fotossíntese, a respiração e a transpiração através das folhas.

Os prejuízos directos, por alimentação do insecto, são geralmente menos importantes.

Ninfas do 2º instar em folha de laranjeira

Estado juvenil (ninfa) de cochonilha-negra em oliveira

Fumagina em folhas de laranjeira, em resultado de forte ataque de cochonilha-negra

Fêmeas adultas em ramo de oliveira

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Medidas preventivas

Na instalação de pomares novos, devem adoptar-se compassos de plantação e sistemas de condução das árvores que permitam uma boa entrada de luz e circulação do ar na copa. Em árvores de copa aberta, a população de cochonilhas permanece estável ou diminui durante o Verão. As adubações devem ser feitas de acordo com as necessidades da planta, para o que é necessário proceder a análises periódicas do solo. Também a rega deve ser moderada. Tudo isto de forma a evitar um excessivo vigor das árvores, que favorece a progressão das populações de cochonilha. Os métodos modernos de condução dos olivais, por exemplo, com grandes densidades de plantação, rega e podas intensas, criaram condições para a expansão da cochonilha-negra .

Cochonilhas & Formigas

A excreção de grandes quantidades de meladas pelas cochonilhas atrai formigas de variadas espécies, em busca de alimento. Parece que as formigas têm também um certo efeito protector das colónias de cochonilha-negra , ao perturbarem os insectos auxiliares. As formigas, contudo, não prejudicam directamente as árvores, pois apenas aí estão para se alimentarem das meladas das cochonilhas.

Inimigos naturais da cochonilha-negra

Entre os inimigos naturais da cochonilha-negra contam-se fungos entomopatogénicos e numerosos insectos parasitóides da família dos himenópteros e predadores coccinelídeos (joaninhas), sobretudo importantes pela sua acção combinada. Em condições de olivais e pomares equilibrados – com poucas ou nenhumas intervenções insecticidas – as populações de auxiliares,

sobretudo parasitóides, é suficiente para manter a praga em níveis toleráveis. No entanto, a aplicação de insecticidas de largo espectro contra a mosca do mediterrâneo e a mosca da azeitona provoca grandes destruições das populações de insectos auxiliares. A manutenção do solo revestido por uma vegetação herbácea controlada, natural ou semeada (enrelvamento), favorece o aumento de populações de insectos auxiliares. Também as condições de temperatura e humidade têm influência na expansão ou na contenção da praga. Temperaturas baixas – menos de 3oC – e altas – mais de 30oC com ar muito seco (baixa humidade relativa) causam a morte de mais de 80% dos estados imaturos das cochonilhas (ninfas do 1º e 2º instares).

Tratamentos químicos

Na decisão sobre qualquer intervenção contra a cochonilha-negra , é preciso ter em conta que os seus inimigos naturais podem, por si sós, reduzir em 90% o impacto da praga. Os tratamentos com óleos de verão são muito eficazes , quando aplicados nos períodos de maior eclosão de ninfas. Esta eclosão pode ser observada a partir de Maio nas árvores infestadas pela cochonilha, sobretudo colhendo algumas fêmeas para observar se as ninfas já estão a eclodir. As ninfas do 1º instar, recém-eclodidas, são muito vulneráveis aos tratamentos insecticidas, pelo que tem muito interesse determinar bem a oportunidade dos tratamentos nesta fase. Também no fim de Verões amenos, que são favoráveis ao aumento da população de cochonilha-negra , dá bons resultados a aplicação de óleos de verão. Informações mais detalhadas para o combate à cochonilha-negra são transmitidas pela Estação de Avisos na altura própria.

INSECTICIDAS HOMOLOGADOS PARA O COMBATE À COCHONILHA NEGRA

Geral/ Luta aconselhada Protecção Integrada/ Produção Integrada Agricultura biológica Citrinos Oliveira Citrinos Oliveira Citrinos Oliveira Óleo de Verão GARBOL (BAYER) TOLFIN (QUIMAGRO) CITROLE (TOTAL) OLEOFIX (EPAGRO) VEROL (AGRIGÉNESE) POMOROL (NUFARM P) SOLEOL (AGROQUISA) FITANOL (SAPEC) KLIK 80 (SELECTIS)

Óleo de Verão GARBOL TOLFIN CITROLE OLEOFIX VEROL POMOROL SOLEOL FITANOL KLIK 80

Óleo de Verão GARBOL TOLFIN CITROLE OLEOFIX VEROL POMOROL SOLEOL FITANOL KLIK 80

Óleo de Verão GARBOL OLEOFIX VEROL POMOROL SOLEOL

Óleo de Verão OLEOFIX VEROL POMOROL SOLEOL

Óleo de Verão GARBOL OLEOFIX VEROL POMOROL

NOTA: EM CITRINOS, NÃO APLICAR ÓLEO DE VERÃO DESDE A FLORAÇÃO ATÉ OS FRUTOS TEREM O TAMANHO DE UMA NOZ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Textos de divulgação técnica da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho nº 4_2011 (II Série) Julho (reedição actualizada)

Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas/ DRAP-Norte/ Divisão de Protecção e Controlo Fitossanitário/ Estação de Avisos de Entre Douro e Minho � Estrada Exterior da Circunvalação, 11846 4460–281 SENHORA DA HORA

℡ 22 957 40 10/ 22 957 40 16/ � 22 957 40 19 � [email protected] _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Fontes: A cochonilha-negra Saissetia oleae (Olivier,1791) (HOMOPTERA-COCCIDAE) , J. Passos de Carvalho, L. M. Torres, J.A. Pereira & Albino A. Bento, 2003; Manual de Protecção Integrada do Olival , Laura Torres (Ed.), 2007; A fauna auxiliar do olival e a sua conservação , Laura Torres, 2007; Infra-estruturas e protecção biológica - caso dos c itrinos , J. C. Franco, Ana P. Ramos & Ilídio Moreira, 2006; Informação sobre pesticidas em http://www.dgadr.min-agricultura.pt (19.07.2011) Texto e fotos: C. Coutinho