Cisterna-calçadão: Facilitando a produção no arredor de casa

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Cisterna-calçadão Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano • nº2081 8 Castelo do Piauí A história do agricultor e sindicalista Francisco Antônio Lima Bezerra, de 43 anos, o Chico Antônio como é conhecido, não é muito diferente de muitas outras famílias agricultoras que vivem no semiárido e que já tiveram que enfrentar a falta de água para a produção. Ele é casado com Deusirê Ferreira Cruz Lima, a Deusa, de 42 anos, são pais de três filhos e vivem no Assentamento Caraíbas, também conhecido como Boa Vista, no município de Castelo do Piauí. No assentamento, criado há 10 anos, vivem 93 famílias agricultoras que precisam tirar da terra o sustento de todos os dias. Seu Francisco conta que quando chegaram para morar no assentamento, a necessidade da água era um dos maiores problemas, mas a construção de quatro poços na localidade surgiu como esperança para sua escassez. Infelizmente a evasão, a qualidade, e alguns problemas técnicos não garantiram acesso à água suficiente para todo mundo. Ele explica que a água mal dava para beber, menos ainda para produzir mesmo que uma hortinha no quintal de casa. “Foi por isso que a gente lutou pelas cisternas, para que fossem construídas, tanto as pequenas para o consumo, quanto a calçadão que hoje viabiliza nossa produção”, afirma o agricultor. Antes da cisterna-calçadão, que tem capacidade de armazenar 52 mil litros de águas, o casal conta que já tinha uma pequena horta que aguava com a água de um poço, mas ficava muito distante da casa e eles tinham que se deslocar cerca de 1000 a 1500 metros. Para Seu Francisco a cisterna facilitou não somente a produção, mas também a vida da família. “O dia amanhece e a gente já tá praticamente dentro da horta, isso facilita na hora de colher, de cuidar, a gente pode está observando direto e até o próprio resto de cultura, quando a gente limpa a horta serve para as galinhas”, afirma. Agora, a horta no fundo do quintal da propriedade da família de Seu Francisco e Dona Deusa é coisa bonita de se ver. E o que produzem, além de servir para o consumo da família, está sendo ven- Maio/2015 Facilitando a produção no arredor de casa

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A história do agricultor e sindicalista Francisco Antônio Lima Bezerra, o Chico Antônio como é conhecido, não é muito diferente de muitas outras famílias agricultoras que vivem no semiárido e que já tiveram que enfrentar a falta de água para a produção. Ele é casado com Deusirê Ferreira Cruz Lima, a Deusa, e são pais de três filhos, vivem no Assentamento Caraíbas, também conhecido como Boa Vista, no município de Castelo do Piauí.

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Cisterna-calçadão

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano • nº2081 8

Castelo do Piauí

A história do agricultor e sindicalista Francisco Antônio Lima Bezerra, de 43 anos, o Chico Antônio como é conhecido, não é muito diferente de muitas outras famílias agricultoras que vivem no semiárido e que já tiveram que enfrentar a falta de água para a produção. Ele é casado com Deusirê Ferreira Cruz Lima, a Deusa, de 42 anos, são pais de três filhos e vivem no Assentamento Caraíbas, também conhecido como Boa Vista, no município de Castelo do Piauí. No assentamento, criado há 10 anos, vivem 93 famílias agricultoras que precisam tirar da terra o sustento de todos os dias.

Seu Francisco conta que quando chegaram para morar no assentamento, a necessidade da água era um dos maiores problemas, mas a construção de quatro poços na localidade surgiu como esperança para sua escassez. Infelizmente a evasão, a qualidade, e alguns problemas técnicos não garantiram acesso à água suficiente para todo mundo. Ele explica que a água mal dava para beber, menos ainda para produzir mesmo que uma hortinha no quintal de casa. “Foi por isso que a gente lutou pelas cisternas, para que fossem construídas, tanto as pequenas para o consumo, quanto a calçadão que hoje viabiliza nossa produção”, afirma o agricultor.

Antes da cisterna-calçadão, que tem capacidade de armazenar 52 mil litros de águas, o casal conta que já tinha uma pequena horta que aguava com a água de um poço, mas ficava muito distante da casa e eles tinham que se deslocar cerca de 1000 a 1500 metros. Para Seu Francisco a cisterna facilitou não somente a produção, mas também a vida da família. “O dia amanhece e a gente já tá praticamente dentro da horta, isso facilita na hora de colher, de cuidar, a gente pode está observando direto e até o próprio resto de cultura, quando a gente limpa a horta serve para as galinhas”, afirma.

Agora, a horta no fundo do quintal da propriedade da família de Seu Francisco e Dona Deusa é coisa bonita de se ver. E o que produzem, além de servir para o consumo da família, está sendo ven-

Maio/2015

Facilitando a produção no arredor de casa

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

dido em uma Feira da Agricultura Familiar realizada na sede do município. Seu Francisco conta que a ideia da feira partiu lá do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Castelo do Piauí. Nessas feiras as famílias agricultoras vendem cheiro verde, coentro, cebola, pimentão, alface, pimentinha, tomate, macaxeira, jerimum, abóbora, feijão, me lanc ia en t re ou t ros p rodu tos . Inicialmente eles planejaram que a feira seria realizada mensalmente, na ultima sexta-feira de cada mês, e depois passar a ser semanalmente.

Como sindicalista e acompanhando de perto agricultores e agricultoras do seu município, Seu Francisco sabe bem a importância das sementes crioulas, no Piauí conhecidas como sementes da Fartura, para o fortalecimento da agricultura familiar. Ele conta que guarda variedades de sementes de mais de 30 anos, como o feijão cojó, aparecido e vita sete, herança do pai. Dentre as variedades que tem também estão: feijão rio branco, sempre verde, sete baja, feijão piauí, santo Inácio branco, zebu; além das sementes de milho dente de cavalo, vermelho, da sudene, entre outras.

Essas preciosidade vão ser guardadas agora na casa de sementes da comunidade. Ele conta que o Assentamento recebeu um incentivo para implantar uma casa de sementes comunitária. O município de Castelo do Piauí apresentou um maior número de variedades de sementes no Festival das Sementes da Fartura do Piauí realizado em 2014 em Pedro II – PI, e a Assentamento foi escolhida para usar o recurso na implantação da casa de sementes. “A maioria dos agricultores guardam suas sementes em casa, mas com a casa vamos poder guardar as sementes e não perder variedades, porque as vezes o inverno não é bom e gente perde a sementes, o banco vai ajudar neste sentido”, explica.

Realização

Criação de caprinos da família fornece o estrume utilizado na horta.

Plantação de feijão da família. Seu Francisco separa a área por tipo de sementes. Ele conta que escolhe as melhores sementes para guardar.

A alface , o cheiro verde e a cebolinha são alguns dos produtos do quintal da família que são vendidos na Feira.