Clara e seu contexto historico / Irineu Trentin, José Bernardi

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Congresso Clariano do RS Clara e seu Contexto Histórico Frei Irineu Trentin ESTEF Frei José Bernardi

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Apresentação de Irineu Trentin e José Bernardi para o Congresso Clariano do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 20 e 21 set. 2012.

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Congresso Clariano

do RS Clara

e seu Contexto Histórico

Frei Irineu Trentin ESTEF Frei José Bernardi

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Clara de Assis

Biografia – ícone da história

Mulher nobre

Mulher pobre

Mulher em busca da liberdade

Mulher em defesa da cidade e da

religião

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Clara mulher nobre

“Clara, natural de Assis, nobre de

nascimento e muito mais pela

graça... Firme na decisão e

ardentíssima no amor de Deus.

Foi Clara de nome, mais clara pro

sua vida...” (I Celano X,17)

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Idade Média: Cronologia

Início: 476 d.C.- queda do Império Romano do Ocidente

Fim: 1453 d.C.- queda do Império Romano do Oriente (tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos).

Caracteriza-se pelo modo de produção feudal.

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Séc V Séc XI Séc XV

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Idade Média: características

Ruralização: o mundo rural supera o mundo urbano.

Tendência à auto-suficiência: produção para a subsistência, não para o comércio. Pouco uso da moeda

Descentralização do poder: ausência de poder centralizado (Estado).

Fragmentação e privatização do poder político: a ausência do poder estatal transfere para o poder privado (senhor feudal) a administração local, a aplicação da justiça, a cobrança de impostos, a segurança pública e o direito à guerra.

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Idade Média: características

Clericalização da sociedade: a Igreja é a

referência religiosa, política, ideológica e

social da Europa Ocidental.

Sociedade de Ordens: divisão da sociedade

em categorias sociais permanentes: Clérigos

(Igreja), Guerreiros (Senhores Feudais) e

Camponeses (servos). As classes sociais são

definidas pelo nascimento. Exemplo: um filho

de camponês vai ser sempre camponês.

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CATEGORIAS SOCIAIS

Bellatores - Nobres

Oratores - Clero

Laboratores - Servos

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O padre

reza;

O nobre

protege;

o servo

trabalha.

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A Sociedade Feudal: componentes econômicos e sociais.

Feudo:

unidade de

produção

agrícola,

amonetária e

auto-suficiente.

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RELAÇÕES FEUDO-VASSÁLICAS

Relações vassálicas.

- relações de dependência pessoal e de

obrigações recíprocas.

- suserano: doava a terra (beneficium) proteção.

- vassalo: recebe a terra fidelidade, auxílio nas

guerras, pagamento de resgate.

- homenagem (cerimônia): juramento de

fidelidade.

- ajuda (auxilium) e consulta (consilium) mútuas.

A Sociedade Feudal: componentes econômicos e

sociais.

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Deveres dos Servos

Corvéia Trabalho gratuito de 3 a 5 dias por

Semana no Manso Senhorial.

Talha Dar parte da produção (3/4) ao

Suserano.

Banalidades Pagamento, em espécie, pela utilização

de instrumentos do Feudo.

Tostão

De Pedro

Dar 10 por cento da produção feudal

para a Igreja Católica.

Formariage Noite de núpcias do vassalo é, na

verdade, do Suserano.

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Descentralização

Economia Agrícola

Sociedade Estamental

Cultura influenciada pela Igreja

Religião Cristã

Nobreza Feudal

Subsistência

Poder Clerical

Trevas/Ignorância

Poder do Papado

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Clara mulher pobre

“...tendo vendido e distribuído tudo

aos pobres, proponde-vos a não ter

absolutamente nenhuma propriedade,

aderindo totalmente aos vestígios

daquele que por vós se fez pobre,

caminho, verdade e vida...” (Inocêncio III,

Privilegium Paupertatis)

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Novidades

Comércio: nova atividade econômica

Dinheiro: utensílio indispensável

Cidades: novo estilo de vida

Burguesia: uma nova classe social

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POVO

CLERO NOBREZA

REI

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Igreja Medieval

A principal instituição medieval será a Igreja. Esta exercia um papel decisivo em todos os setores da vida medieval: na organização econômica, na coesão social, na legitimação da dominação política e nas manifestações culturais.

O clero estava organizado em clero secular (que vivia no mundo cotidiano em contato com os fiéis) e o clero regular (que vivia nos mosteiros, isolado do mundo) que obedecia regras.

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Igreja Medieval

Exercia dois tipos de poderes:

• espiritual (autoridade religiosa máxima)

• temporal (poder político decorrente das

grandes extensões de terra que a Igreja

possuía; exército; povo).

O exercício do poder temporal levou a Igreja

a envolver-se em várias questões

políticas.

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ESTADO PONTIFÍCIO

• Há tempo os papas possuíam bens (doações). Era chamado Patrimônio de São Pedro.

• Doação de Pepino: Em 754/756, Pepino o Breve, rei dos Francos, doou parte do território conquistado dos Longobardos.

• Surgem os Estados Pontifícios ou Estados Papais.

• 1870 – Guerra de unificação da Itália. Fim dos Estados Pontifícios.

• 1929 – Pactos de Latrão: Mussolini e Papa Pio XI. Surge o Estado do Vaticano.

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Assuntos que perpassam a história da

Igreja - Clero

• INVESTIDURA LEIGA = É a nomeação de eclesiásticos por parte do poder civil. (especialmente bispos e abades)

• NICOLAISMO = Não observância do celibato

eclesiástico (Ap 2,6.15).

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SIMONIA = Venda de coisas sagradas por

dinheiro (At 8, 18: Simão Mago queria

comprar de Pedro o Espírito Santo).

Compra e venda de sacramentos, bens ou

ofícios eclesiásticos;

Compra da dignidade eclesiástica com a

prestação de serviços ou favores;

Penetração em ofícios eclesiásticos

mediante intercessão de algum potente.

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SURGIMENTO DE NOVAS ORDENS

RELIGIOSAS

A reforma gregoriana era do alto;

agora a reforma vem de baixo.

A reforma gregoriana tem carater institucional; os novos movimentos um carater carismático.

Mas qual é a relação deste novo movimento com a reforma gregoriana e com a luta pela investidura? Tanto a reforma gregoriana quanto este novo movimento de vida religiosa querem retornar à Igreja das origens: uma igreja livre para a reforma, uma igreja pobre e apostólica para o novo movimento.

As duas iniciativas reformadoras se entendem e em parte se ajudam mutuamente. Existem monges, eremitas, pregadores itinerantes que lutam contra a simonia, nicolaitismo, decadência do clero. Os Papas da reforma, em contrapartida, favorecem a “ascenção” dos personagens mais importantes do movimento.

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SURGIMENTO DE NOVAS ORDENS

RELIGIOSAS

A nova forma de vida é deixar os bens terrenos e trabalhar pelo Evangelho, como os Apóstolos. Isto se torna o ponto focal da nova concepção do Cristianismo. Mas as pregações itinerantes vão criando novas instituições religiosas. As que se submetem às diretivas eclesiásticas são reconhecidas (aquelas que criaram uma forma estável de vida). As que se põem em contraste com a Igreja hierárquica, são combatidas e suprimidas com a força.

Surgem novos movimentos religiosos. É a procura de novas formas de vida. No início o ideal se concentra na pobreza individual, entendida como completa renúncia a qualquer segurança terreste. Os homens impelidos por estas aspirações se retiram (sozinhos ou em grupos) em lugares solitários, onde ganham o pão com o trabalho manual. Seu protesto é contra a grandiosa atividade edilícia desenvolvida pelos monges antigos; contra as suntuosas decorações, etc. Suas igrejas e habitações querem ser muito modestas.

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SURGIMENTO DE NOVAS ORDENS

RELIGIOSAS

Por volta da metade do séc. XI a vida religiosa assume um significado mais amplo, sob o modelo da vida apostólica de Cristo, vista como uma escolha de pobreza e de pregação itinerante. Pobreza evangélica e Vida Apostólica surgem contemporaneamente em ambientes, países e classes sociais muito diversas: monges, clero diocesano, canônicos regulares, nobres...

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Novas Ordens

Cônegos Regulares – Roberto Arbrissel

– 1100

Cartuxos – São Bruno – 1101

Cistercienses – Bernardo de Claraval –

1115

Premostratenses – Norberto de Xanten –

1118

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Movimentos religiosos populares

• Durante a alta Idade Média, ocorreu uma série de movimentos populares que defendiam a volta à pureza e pobreza evangélicas e pretendiam a reforma do clero. Assim, no século XI surgiram em Milão os patarinos, que logo passaram das propostas de reforma à oposição ao clero, a seus ritos e aos sacramentos.

• A ênfase na vinda de um messias libertador que estabeleceria o reino de justiça e paz - que, segundo os milenaristas, duraria mil anos - reapareceu na situação de crise social dos séculos XII e XIII. O abade Joaquim de Fiore, morto em 1202, elaborou uma teologia da história segundo a qual, depois da idade do Pai (Antigo Testamento) e da idade do Filho (a igreja), viria a do Espírito, que suprimiria a hierarquia eclesiástica.

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Movimentos religiosos populares OS CÁTAROS

O nome vem do grego “katharos”, que significa puro. Representam a “Igreja dos santos”. Também são conhecidos por Albigenses, porque a cidade de Albi era o centro do movimento

• A partir de 1140, aparecem os Cátaros, principalmente no sul da França. A doutrina dos cátaros é um néo-maniqueismo que considera o mundo material como obra de um deus mau. Assim desclassificam toda a realidade sacramental da Igreja.

• Levam à negação da encarnação e ressurreição de Cristo.

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Em 1167, em Toulouse (sul da França), fizeram um concílio. À rica Igreja católica, cheia de bens temporais, pecaminosos, contrapuseram sua Igreja pobre que condenava qualquer tipo de posse. Eles definiam-se “católicos ideais”. Designavam a Igreja católica como “sinagoga de satanás”.

São uma seita elitista exclusivista: “só uma parte de seus membros se salva, ou melhor, tem condições de viver o ideal do completo despojamento das coisas materiais”. Evitam qualquer contato com a matéria para conservar a pureza. A inteira obra da criação é pecaminosa em si mesma.

Movimentos religiosos populares OS CÁTAROS

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VALDENSES ou Pobres de Lyon

São os seguidores de Pedro Valdo, rico

mercador de Lyon (França). Lendo Mt 10,5

ss descobriu o ideal da pobreza. Distribuiu

seus bens. Pregou a pobreza e a

penitência. Seus seguidores primavam pela

piedade, boas obras, leitura da Bíblia,

pregação missionária e mendicância. Valdo

foi completamente ortodoxo, ao menos nos

primeiros tempos.

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Concílio de Tours (1163) estabeleceu: “Os albigenses convictos sejam encarcerados, privados de seus bens e remetidos às autoridades temporais”.

Esta decisão suscitou uma rebelião armada. O concílio de Latrão convocou uma cruzada contra eles. O bispo local proibiu-os de pregar porque na época os leigos não podiam falar sobre questões de fé. Valdo e seus companheiros descumpriram a proibição e foram excomungados em 1184.

Na França tiveram muitos seguidores, visto que a vida de parte do clero causava escândalo aos fiéis e era grande o anseio por uma reforma da Igreja.

VALDENSES ou Pobres de Lyon

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Clara, mulher em busca da liberdade

“Recorreram (os familiares) à violência impetuosa... Querendo convencê-la a sair dessa baixeza, indigna de sua linhagem... Mas ela segurou a tolha do altar e mostrou a cabeça tonsurada, garantindo que jamais poderiam afastá-la do serviço de Cristo”

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Situação da Mulher

Sociedade Patriarcal

Diferente ser nobre e ser serva

Mulher na Igreja:

•Eremita

•Monja

•“Mulheres religiosas” - Beguinas

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Beguinas

O surgimento das Beguinas foi determinado pelo desejo de vida apostólica, no seguimento de Jesus Cristo pobre.

Os motivos econômicos e sociais – como a procura do próprio sustento e o aumento do excedente de população feminina – não foram determinantes.

Predominavam mulheres das classes sociais mais altas que não buscavam no movimento religioso a própria subsistência, mas fugiam da riqueza familiar e optavam por uma vida pobre, como ideal evangélico.

Também não lhes faltava a possibilidade de casamento, mas livremente renunciavam a ele, provocando com frequência sérios conflitos familiares.

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Beguinas

Como todo movimento religioso feminino, o movimento das Beguinas enfrentou muitas hostilidades. As mulheres eram acusadas de propagar novidades inaceitáveis. Sua forma de pensar e realizar a vida cristã constrastava com o pensamento dos homens e com a ordem estabelecida na Igreja. Não raro, pesava sobre as mulheres a suspeita de heresia.

Para fugir à suspeita de heresia, as Beguinas buscavam com insistência o apoio espiritual de alguma Ordem masculina e a aprovação de seu propósito de via junto às autoridades eclesiásticas. Furtavam-se aos cuidados do clero diocesano, considerado corrupto, autoritário e pouco confiável. Preferiam a assistência espiritual das Ordens monásticas renovadas e, no século XIII, das Ordens Mendicantes.

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Mulheres nos movimentos religiosos

• Cátaros e Valdenses deram às mulheres um espaço de participação que lhes era negado na Igreja da época. Entre os Cátaros, as mulheres também podiam receber o ‘consolamentum’ que as tornava “perfeitas” e lhes permitia exercer vários ministérios reconhecidos, embora não fossem admitidas ao episcopado.

• Entre os Valdenses, as mulheres exerciam o ministério da pregação e de vários sacramentos. Em alguns lugares, presidiam inclusive a Eucaristia.

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INQUISIÇÃO

Um produto da sua época;

O contraste existente entre a vida pobre de Jesus e a Igreja do tempo, saltava aos olhos;

Cresciam os movimentos populares contra a religião estabelecida e a riqueza do clero; crescia também a consciência dos leigos;

Bispados estavam nas mãos dos nobres e poderosos leigos;

Numa sociedade acostumada à violência, a heresia é concebida como uma ofensa à verdade e à convivência social.

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INQUISIÇÃO

Na idade média, o herético religioso era identificado a um revolucionário político. Por isso considerado subversivo, perigoso.

Objetivos:

Salvaguardar a ortodoxia da fé cristã;

Afastar e eliminar todos os inimigos da cristandade;

Extirpar as heresias

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INQUISIÇÃO

Inquisição Secular – civil: desde sempre

Inquisição Episcopal: 1229 Concílio de Toulouse

Inquisição Pontifícia: 1231 o Papa Gregório IX organiza a inquisição. Em 1232 confiou o ofício de inquisidores aos Freis Dominicanos; Em 1248 Inocêncio IV concedeu este “privilégio” aos franciscanos. Em 1252 autorizou também a tortura, se necessário, para arrancar a confissão da heresia.

Inquisição Espanhola: Sob os Reis católicos Fernando e Isabela.

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MEIOS UTILIZADOS PARA

COMBATER AS HERESIAS

Pregação: Os Cistercienses, seguidos pelos Dominicanos e Franciscanos;

Inquisição: 1184 - acordo de Verona entre o Papa e o Imperador; 1231 - sob o controle da Igreja: “Inquisição Pontifícia”;

Cruzadas: a) 1208-12; b) 1218-19; c) 1225-29.

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ORDENS MENDICANTES

Movimentos Evangélicos (protesto evangélico),

contra uma Igreja demasiado florescente.

Desejavam que a Igreja fosse fiel à pobreza de

Cristo expressa no Evangelho.

Pretendem ser retorno ao Evangelho e à Igreja

das origens. Não são reforma de um estilo de vida

monacal. É inovação.

Novidades: convive com o povo; combate às

heresias; ação missionária; pobreza coletiva.

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CARACTERÍSTICAS DAS ORDENS

MENDICANTES

Valorização da pobreza: os irmãos viviam do trabalho manual ou de esmolas e, no início, quase todos eram leigos;

Para facilitar a pregação, não viviam em lugares afastados, mas gostavam de viver nas cidades e renunciavam ficar muito tempo num mesmo lugar;

Delas surgiram também as chamadas “Ordens Terceiras”, das quais podiam participar as pessoas casadas e solteiras, que muitas vezes renunciavam às suas propriedades e viviam em comum;

Pregavam, com a palavra e o exemplo, o desapego da riqueza à sociedade e à Igreja de sua época, que eram marcadas pela cobiça e ambição.

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ORDENS MENDICANTES

PREGADORES ou Dominicanos: Domingos de Gusmão (1170-1221)

FRANCISCANOS: Francisco de Assis (1181-1226)

CARMELITAS: Bertoldo de Calábria (1185)

EREMITAS DE S. AGOSTINHO: Grupos de eremitas (1256)

MERCEDÁRIOS: Pedro Nolasco e Pedro Peñafort (1222)

SERVITAS: Irmandade de mercadores e patrícios da cidade (1233). Em 1424 declarada mendicante.

TRINITÁRIOS: S. João da Mata e S. Felix de Valois

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ORDEM DOS PREGADORES - OP

Em 1215 Domingos ganhou um castelo. Sentiu a hora oportuna de fundar a Ordem dos Pregadores

(O.P.). Funda uma comunidade para combater os albigenses.

O IVº Concílio de Latrão (1215), sugeriu-lhe as finalidades da Ordem:

Reforma da Igreja; Confirmação da fé. Correção dos costumes; Extirpação da heresia; No decreto três, decidia a “Instituição de pregadores e

administradores da penitência”; no decreto onze ordenava: “Em cada catedral ou paróquia haja um professor para o ensino gratuito”. Tudo isso foi assimilado por Domingos.

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ORDEM DOS PREGADORES - OP

Inocêncio III aprovou o projeto de Domingos aconselhando-o a escolher uma regra das já existentes. Escolheu a de Santo Agostinho. Era o ano de 1215. Em 1218 a ordem decidiu ser formada por clérigos bem formados em teologia para a própria santificação e para a pregação (até então o ofício de pregador era reservado ao bispo e aos párocos).

6 de agosto de 1221, Domingos faleceu em Bologna. Foi canonizado aos 3 de julho de 1234.

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SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Francisco de Assis (1181-1226) nasceu e morreu em Assis. Desde moço apaixonou-se pelo ideal da cavalaria. Em 1206-7 uma doença dá-lhe ocasião de endereçar a vida para outros ideais.

Aos 24 de fevereiro de 1209, na igreja da Porciúncula ouviu Mt. 10,7. (Anunciai o Reino. De graça

recebestes. Não levei nada pelo caminho). Escolhe uma vida de extrema pobreza e de pregação itinerante.

Inocêncio III, em 1210, aprovou oralmente a forma de vida para pregar a penitência e os bons costumes.

Em 1212, no domingo de Ramos, Francisco recebe Clara de Assis. Inicia a 2ª Ordem Franciscana (desde 1253, Ordem das Clarissas).

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Uma mulher em defesa da fé e da cidade

Não fiquem com medo. Eles não nos podem fazer mal... E foi tanta a força da oração que os inimigos sarracenos foram embora sem fazer mal algum, como se tivessem sido expulsos...

Clara sabendo que Assis ia ser tomada, disse às irmãs: recebemos muitos bens desta cidade,

por isso vamos pedir a Deus que a guarde...

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ISLAMISMO

MAOMÉ (571-632) Por volta de 610 Maomé inicia, na Arábia, sua

pregação, afirmando ter recebido uma missão celeste:

A revelação de um Deus único (monoteísmo), Ao qual todo crente (muçulmano), Deve submeter-se (Islã). Suas visões estão no Livro Sagrado: Alcorão. Maomé e os sucessores (Califas), realizam uma

gigantesca obra de unificação religiosa e política, usando também as forças das armas (guerra santa).

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OS CINCO PILARES DO ISLÃ

Profissão de fé (O único Deus é Ala, e Maomé é seu profeta)

Oração ritual (cinco vezes por dia: amanhecer, meio-dia, tarde, entardecer e noite)

Caridade (purifica a pessoa e seus bens) Jejum durante o Ramadã (Nada de comida,

bebidas, fumar, nem relações sexuais até o cair da noite)

Peregrinação à Meca (Ao menos uma vez na vida de cada muçulmano.

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CRUZADAS Grandes expedições organizadas pelos

cristãos da Europa Ocidental para libertar Jerusalém e os lugares santos do domínio

dos turcos muçulmanos.

Uma guerra só é considerada Cruzada, quando: - O Papa a proclama; - Há uma indulgência específica; - Os participantes se obrigam por juramento a combater até a morte e buscar a libertação da Terra Santa; -Aos participantes (cruzados) há certos privilégios: seus bens são protegidos; dispensa das taxas/impostos; dívidas perdoadas ou prolongadas...

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Cruzadas – Apelo do Papa Urbano II

Sínodo de Clermont (França) - 1095 - Urbano II - Proibe o concubinato, a simonia e todo vínculo vassalítico;

- Lança o apelo para a Cruzada – libertar os cristãos do Oriente e os Lugares Santos da dominação do Islã.

- Promulgou a: - Paz de Deus tornando imunes pessoas e coisas (agricultores, mulheres, crianças e clérigos) da cobiça dos guerreiros. Instituiu a “guerra contra a guerra” para assegurar a paz;

- Trégua de Deus: é a instituição que limitava os tempos de violência, constringindo os nobres a absterem-se de guerras em determinados períodos do ano litúrgico (quaresma) e certos dias da semana. A guerra era suspensa de quarta a noite até segunda de manhã;

- Instituiu as Milícias de Paz (exércitos) para proteger os pobres, as abadias, as igrejas contra as “guerras privadas” que os nobres promoviam para expandirem suas propriedades.

Como o Imperador Henrique IV está excomungado, fraco e com disputas internas, o Papa era reconhecido pelos fiéis como o verdadeiro chefe da Cristandade. Colocava em evidência um exército internacional para a defesa dos cristãos do Oriente

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CRUZADAS

Por quê o Papa no comando das Cruzadas?

Quando, em 1095, Urbano II conclamou a Cruzada, o Imperador Henrique IV e o rei da França, Felipe, estavam excomungados. Guilherme, o Ruivo, da Inglaterra, não havia reconhecido o Papa. Humilhado o Imperador, então o Papa assegurou-se o comando único do Ocidente.

À conclamação do dia 27 de nov. de 1095, formaram-se 4 exércitos alimentados pelo feudalismo ocidental, basicamente na cavalaria francesa. Encontraram-se em 1097. Paralelamente e antes disso, Pedro, o Eremita, conduziu uma cruzada popular que foi dizimada pelos Turcos em Constantinopla. O próprio imperador oriental não lhes deu pousada em Constantinopla.

Para financiar estas expedições o Papa aumentou taxas de impostos e concedeu indulgências em troca de donativos. Os senhores feudais deviam comprar o “voto de cruzado”

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Antecedentes para as Cruzadas

As Cruzadas tinham seus antecedentes nas PEREGRINAÇÕES prescritas ou assumidas espontaneamente como forma de penitência (O Bispo Gunther, de Bamberga, fez uma peregrinação com 7 mil diocesanos em 1065). Nos primeiros tempos as Cruzadas foram chamadas de “Peregrinações”.

- Na Idade Média havia a idéia de que a Terra Santa era uma herança cristã que precisava ser recuperada pois tinha sido roubada pelos árabes;

- As contínuas guerras, motivadas por Papas e Bispos, contra os “infiéis”, os pagãos, os normandos, os sarracenos... foram formando a idéia de uma guerra santa lícita;

- As primeiras vítimas dos invasores eram os mosteiros e bens da igreja;

- Havia também uma atitude ambígua. De um lado a Igreja exigia que os soberanos fizessem guerra. De outra parte estabelecia uma penitência de 40 dias para os soldados que matassem um inimigo;

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Antecedentes para as Cruzadas

- Nos séc. X e XI surge o movimento da Paz de Deus que “faz guerra para ter a paz”;

- Bispos “em pessoa” tomaram armas organizando Milícias de Paz;

- Os cavaleiros franceses que em 1063 partiram para a guerra espanhola receberam a primeira indulgência historicamente demonstrável de uma cruzada;

- Bonizo de Sutri, entre 1090-1095 escreveu um catálogo de deveres do cavaleiro cristão, salientando a luta contra os heréticos e cismáticos;

- Bernardo de Claraval em 1120 escreve inspirando o surgimento das Ordens Cavaleirescas. Ele mesmo prometeu imunidade dos crimes e absolvição das penas dos combatentes;

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Outros estímulos para participar das Cruzadas

- A recompensa espiritual da indulgência;

- A pregação itinerante das novas ordens religiosas. Milhares de pessoas seguiam estes pregadores;

- Motivos econômicos: Houve anos de carestia agrícola por duas situações: o crescimento demográfico e o sistema carolíngeo da divisão infinita da terra entre os filhos ao ponto que não era possível cultivá-la. Para mudar esta situação mudou-se o sistema de propriedade. Os nobres e os mosteiros compraram o máximo terreno que podiam. O sistema de herança passou ao primogênito. Os outros filhos faziam-se: 1) monges; 2) vassalos de algum proprietário; 3) guerreiros que seriam contratados pelos senhores. Isto favoreceu as “guerras privadas”. Houve também a proibição de casamentos. A Cruzada foi uma ocasião certa para aqueles que esperavam fazer uma rápida carreira.

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CRUZADAS Oficialmente houve 7 Cruzadas

O Papa Urbano II, no Sínodo de Clermont em 1095 lança o apelo para a Cruzada.

Primeira Cruzada (1096-1099) Segunda Cruzada (1147-1149) Terceira Cruzada (1189-1192) Quarta Cruzada (1202-1204)

– 1212 Cruzada das crianças

Quinta Cruzada (1228-1229) Sexta Cruzada ( 1248-1254) Sétima Cruzada (1270)

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ORDENS MILITARES Surgem no tempo das Cruzadas. São ordens da Igreja

romana que nasceram da necessidade do Império cristão de agrupar esforços no sentido de propagar a religião.

Principal tarefa: combater os infiéis, proteger os bens e os cristãos.

1120 – ORDEM DOS TEMPLÁRIOS:Extinta em 1314 1136 - ORDEM DOS HOSPITALÁRIOS 1158 - ORDEM DE CALATRAVA 1160 – ORDEM DE SANTIAGO: Extinta em 1493 1176 – ORDEM DE AVIS (ramo da Ordem de Calatrava) 1193 – ORDEM DOS CAVALEIROS TEUTÔNICOS 1323 – ORDEM DE CRISTO Séc. XIV – ORDEM DE JARRETEIRA

Page 59: Clara e seu contexto historico / Irineu Trentin, José Bernardi

Conclusões

Época de transição

Época de inovações

Época de conflitos

Época de incertezas