Clarissa Ribeiro - História Do Cinema

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Unversidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Belas Artes - Departamento de História da Arte

História do Cinema - Tadeu Capistrano

Clarissa Ribeiro Magro

DRE: 113082648

Rio de Janeiro

2014

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História do Cinema

1. Discuta a tese de André Bazin relacionada ao mito do cinema total e suas relações 

com o realismo/ilusionismo.

Segundo Bazin, a valorização do realismo possuía uma dimensão ontológica, epifânica, histórica e estética. Na dimensão epifânica o realismo era a realização mediúnica do que ele denominava como o mito do cinema total.Na tese, o cinema e guiado pelo realismo e o autor, influenciado por movimentos da época como o neo realismo romano e a fenomenologia, defende a ideia de que a existência não era representada na sua aparência mas no que ela pretendia se tornar. Assim fez do cinema um prolongamento da realidade, ou seja, no principio de fundo em que o cinema se aproxima do mundo como seu 

prolongamento. Na fenomenologia Bazin se sustentava de que e pela sua aparência que um fenômeno se auto revela, desvendando assim o seu significado. O realismo ontológico se baseia na ideia de um cinema representativo da realidade que mostra sua essência.

2. Resuma o texto de Tom Gunning explicando os dispositivos pré-cinematográficos 

do século XIX, os trabalho de Marey e Muybridge, bem como os mitos da ilusão total.

 Antes da invenção do cinema, experimentos da física, em especial da óptica, já haviam propiciado o surgimento de aparelhos capazes de dar movimento às imagens. Estes engenhos foram 

utilizados em contextos diversos dos originais, adquirindo, ao longo do tempo, diferentes denominações. O caráter de ‘ilusionismo’, por exemplo, que contribuiu para uma popularização desses aparelhos, os tornaram conhecidos por brinquedos ópticos. Uma análise mais direcionada de sua função social pode contudo revelar que estes aparelhos tiveram um papel fundamental na formação do observador moderno, possibilitando-os de serem tratados também como dispositivos.

Para o autor, uma das principais características da modernidade é a circulação, promovida pela Revolução Industrial e que tem na estrada de ferro o seu símbolo máximo. Muito já se falou sobre as implicações da estrada de ferro para a mo- dernidade, no entanto Gunning liga duas sensações promovidas por ela à arte cinematográfica: a velocidade e o movimento. Essas características 

também es- tariam presentes na fotografia criminal, seu foco de estudo, tornando o corpo uma imagem transportável e de fácil classificação. A própria imagem em movimento, a maior característica do cinema, já seria anterior a ele, em especial nos olhares rápidos pelas janelas dos trens.

 A abordagem defendida por Tom Gunning, não se limita a enfatizar os primeiros anos de exibição dos filmes; abrangendo toda a época da invenção e distribuição dos aparelhos, contrapõe-se à visão da historiografia clássica, segundo a qual as exibições anteriores ao cinema narrativo são caracterizadas 

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como ‘balbucios’ que anunciam o porvir do cinema, como a pré-história do cinema. De acordo com isso, os primeiros filmes apareceram, inicialmente, como uma atividade artesanal, associados a outras formas de diversão populares, como feiras de atrações, circos, espetáculos de magia e de aberrações, ou integrados aos círculos científicos,reproduzindo, muitas vezes, o mesmo tipo de espetáculo proporcionado pelas exibições dos vários aparelhos ópticos populares na época.

 As anamorfoses cronotópicas propriamente ditas só começam mesmo a ocorrer historicamente após as experiências com a cronofotografia, desenvolvidas pelo célebre fisiologista francês Étienne-Jules Marey. Quando Marey parte para a criação de seu fuzil fotográfico, ele já conhecia as experiências anteriores do astrofísico francês Jules Janssen, que registrou a passagem de Vênus diante do Sol numa seqüência de fotos obtidas a intervalos regulares, e do inglês Eadweard Muybridge, que conseguiu decompor os movimentos de um cavalo a galope numa coleção de fotos sucessivas. Todavia, embora aparentemente a direção das pesquisas fosse a mesma, Marey buscava resultados completamente distintos daqueles obtidos por seus antecessores. Muybridge, por exemplo, tomava o movimento dos cavalos por meio de 12 aparelhos separados e, portanto, obtinha 12 placas fotográficas que congelavam cada uma das etapas do galope, ao passo que Marey utilizava um 

dispositivo especial que permitia superpor as imagens sucessivas numa única placa sensível.

3. Segundo o texto de Kracauer, o que seria o “conto da extração”?

Kracauer defende uma visão fragmentária da experiência humana. Ele defende a vocação natural do cinema para o realismo. Tal vocação conferia a essa arte uma missão singular em sua época. Num mundo dominado pela ciência, cujasexplicações e métodos eram cada vez mais abstratos e sem o suporte de uma macroteoria explicativa do mundo, o homem teria se desengajado da realidade concreta.

Nesse contexto, Kracauer vê o cinema como um dos meios capaz de promover oreengajamento do homem no mundo, ou seja, capaz de “produzir experiências aptas afornecer o retorno ao mundo concreto, a provocar a reativação da percepção direta e vivida dos eventos” . O cinema pode desempenhar tal papel graças a sua essência realista. Para ele, a câmera cinematográfica, devido às características técnicas herdadas da fotografia, consegue penetrar na realidade física, tornando visível o que até então não víamos, chegando inclusive a revelar o próprio ser das coisas. É em função de sua crença nesse tipo de revelação que sua teoria realista se enquadra nas teorias ontológicas do cinema. Para ele, o papel do cinema é o da redenção da realidade física:

O cinema pode ser definido como o meio particularmente equipado para

promover a redenção da realidade física. Suas imagens nos permitem, pelaprimeira vez, nos apropriarmos dos objetos e ocorrências que compreendem ofluxo da vida material. Nessa realidade física passível de ser penetrada pela câmera, se quisermos entender a condição humana, Kracauer nos aconselha a observar a realidade cotidiana dos homens, segundo ele, a única experiência que pode ser apreendida pelas representações. Nem no naturalismo, nem no realismo crítico percebemos esse interesse que desponta no realismo de Kracauer pela vida cotidiana, pelas ações triviais dos homens em seu dia-a-dia. De acordo com esse teórico, para a representação ser realista, além de se voltar para cotidiano, ela deve expressar as 

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incertezas e aflições inerentes à condição humana particularizadas em histórias que mostrem os indivíduos em suas lutas diárias. É pela abordagem dessas temáticas que os filmes são capazes de reengajar os homens no mundo concreto.

4. Explique as relações entre "Modernidade, hiperestímulo e sensacionalismo popular" a partir da sua concepção neurológica do choque sensorial e do impacto da imagem 

cinematográfica” sobre a percepção.

Em "Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular", o autor Ben 

Singer escreve a respeito de processos sócio culturais do final do século XIX, como a urbanização, industrialização e consumo de massa, que em conjunto integram o fenômeno chamado de modernidade. A vida urbana exige aprendizado constante, conhecimento adquirido a partir da  vivência e da experiência. Nestes períodos críticos, de passagem de uma situação à outra, ocorrem atropelamentos e outros acidentes. Explorados pela imprensa e pelos caricaturistas, tornam-se 

desenhos, gravuras e são adicionados à profusão de imagens da cidade.

O senso comum reflete a grande dificuldade do homem frente à sua própria ignorância e desconhecimento, quanto às novas máquinas e aceleração da velocidade e do tempo. Surgem novas possibilidades e dificuldades, nas relações do corpo com o ambiente, frente às noções de tempo e espaço. As imagens são absorvidas, o imaginário comum modificado surge em manifestações artísticas e culturais, no universo de narrativas e outras linguagens e sistemas, como no cinema, na arte e na moda. Em constante diálogo com Benjamin, Simmel e Krakauer, o autor sintetiza a idéia de modernidade desses como uma concepção neurológica. A modernidade passaria a ser entendida como um registro de experiência subjetiva, caracterizada pelos choques físicos e perceptivos do ambiente urbano. As ruas passam a constituir o espaço do hiperestímulo.

Eles fixaram-se na idéia de que a modernidade causara um aumento radical na estimulação nervosa e no risco corporal. A modernidade, como afirmou Georg Simmel, envolveu a “intensificação da estimulação nervosa”, transformando os fundamentos fisiológicos e psicológicos da experiência subjetiva: “O rápido agrupamento de imagens em mudança, a descontinuidade acentuada ao alcance de um simples olhar e a imprevisibilidade de impressões impetuosas: essas são as condições psicológicas criadas pela metrópole. A cada cruzar de rua, com o ritmo e a multiplicidade da vida econômica, ocupacional e social, a cidade cria um contraste profundo com a cidade pequena e a vida rural em relação aos fundamentos sensoriais da vida psíquica”.

5. Explique as relações entre melodrama, cinema e função social do espetáculo e 

suas diferentes relações nos trabalhos de Hichtcock e Griffith.

O melodrama, após a Revolução Francesa e durante o século XIX, funcionou como uma espécie de

motor que impulsionou as origens do cinema, alimentando-o de enredos rocambolescos, de

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sentimentalismos e moralismos centrados no inevitável maniqueísmo, representados por atores que

tinham na grandiloqüência e no exagero da forma sua principal marca.

Seu sucesso duradouro o tornou no principal gênero teatral e literário do século XIX e,

posteriormente, fez com que o melodrama teatral fosse absorvendo e exportando elementos a todos

os estilos, formas e gêneros artísticos que surgiram durante este período, principalmente o folhetim.

 Ao final do século XIX, as novas propostas estéticas que surgiam, entre elas o naturalismo, acabaram

negando muitas das formas super utilizadas de interpretação do melodrama, que foram consideradas

anti-naturais, o que disseminou um excessivo valor negativo a tudo que fosse considerado

melodramático, que se tornou sinônimo de uma interpretação exagerada, anti-natural, assim como

de efeitos de apelo fácil à platéia. O início da cultura de massas no século XX veio trazer mais

confusão a este gênero de sucesso.

O melodrama no cinema tem diferentes significados, os filmes de aventura e ação das duas primeiras

décadas do século XX eram chamados de melodrama naquela época e foi o gênero de grande sucessodurante a fase muda do cinema, com grande influência do teatro popular e do vaudeville de onde

 vinham a maioria de seus artistas.

Hitchcock não se considerava realista, e sim atraído por coisas fantásticas, por isso gostava tanto do

melodrama. "O realismo mostra as pessoas numa certa altura uniforme. O melodrama as rebaixa ao

máximo e eu procuro, então, fazê-las ascender ao mais alto possível". Já Griffith, aliado à essa base

incorporada do teatro, da mesma forma que outros diretores, se aproveita das características do

gênero mais conhecidas pelo público, adaptando-o para o cinema. “No caso de Griffith, é a inovação

de linguagem que faz a cena ‘grande’ a nossos olhos”  (Ismail Xavier), o diretor dava forma às suas

tramas calcando-as no melodrama e as aprimorava através de sua principal técnica: a montagem

paralela.