Classificação de Solos - Embrapa Solos

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O novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos é um referencial taxonômico para uso de pesquisadores, técnicos, professo- res, estudantes e profissionais envolvidos na pesquisa de solos. O atual sistema é re- sultante de aperfeiçoamentos contínuos ao longo de várias gerações de estudiosos da Ciência do Solo no Brasil, sintetizando, no estágio atual, a experiência e resultados de pesquisa de campo e laboratórios nas li- nhas de morfologia, física, química e mine- ralogia de solos. É o produto de uma par- ceria bem sucedida entre a Embrapa Solos e instituições nacionais de ensino, pesqui- sa e planejamento. Cerca de 25 instituições participaram desta empreitada, envolven- do cerca de 65 representantes destas insti- tuições, fundamentais no processo de reformulação do sistema, conceituações, definições e organização geral da classifi- cação. A classificação de solos no Brasil ini- ciou-se em 1947 e baseava-se nos concei- tos americanos sintetizados em publicações de 1938 e revisadas em 1949. Nestes 50 anos ininterruptos de estudos de solos, vá- rias mudanças ocorreram quanto aos con- ceitos originais, nomenclatura e definições de classes. A edição atual, em processo de publi- cação, inova completamente a estrutura do sistema, tendo-se chegado ao tipo desejá- vel de classificação hierárquica, multica- tegórica, descendente e aberta para inclu- são de novas classes à medida que o país vai sendo melhor conhecido. Da forma que está estruturado, o sis- tema permite a classificação de todos os solos do território nacional em seis níveis categóricos diferentes (Ordem, Subordem, Grande Grupo, Subgrupo, Família e Série), correspondendo, cada nível, a um grau de generalização ou detalhe definidos. À Or- dem corresponde o nível mais genérico de classificação, distinguindo verdadeiras pro- víncias de solos e à Série correspondendo o nível mais detalhado e preciso de classi- ficação, separando unidades bastante homogêneas, precisamente definidas e abrangendo pequenas áreas do terreno. Entre a Ordem e a Série, variam os graus de abstração, nesta seqüência, diminuindo o grau de generalização e aumentando o grau de especificação e detalhe. A classificação de solos tem aplica- ções práticas principalmente em levanta- mentos de solos, constituindo a fonte per- manente de conhecimento para este ramo de atividade técnica. Além dos levantamen- tos, a classificação é útil para referenciar, precisamente, pontos de amostragem de solos, rochas, plantas, materiais genéticos, facilitando a extrapolação de resultados ex- perimentais de manejo, conservação e fer- tilidade de solos. A classificação do solo em pontos de amostragem, associada ao Georreferencia- mento (latitude, longitude e altitude), é uma ferramenta poderosa para o conhecimento de segmentos da paisagem ou do território como um todo, constituindo uma informa- ção indispensável na estruturação de ba- ses de dados e para os Sistemas de Infor- mação Geográficas (SIGs) para fins de es- tudos ambientais. Nesta linha de organização, interpre- tação e integração da informação, a classi- ficação de solos, do ponto de vista do planejamento territorial, desempenha impor- tante papel na segmentação de paisagens, identificando áreas de maior potencial para fins de utilização e ocupação e áreas im- próprias ou não recomendadas, contri- buindo desta forma para a preservação

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O novo Sistema Brasileiro deClassificação de Solos é umreferencial taxonômico para

uso de pesquisadores, técnicos, professo-res, estudantes e profissionais envolvidosna pesquisa de solos. O atual sistema é re-sultante de aperfeiçoamentos contínuos aolongo de várias gerações de estudiosos daCiência do Solo no Brasil, sintetizando, noestágio atual, a experiência e resultados depesquisa de campo e laboratórios nas li-nhas de morfologia, física, química e mine-ralogia de solos. É o produto de uma par-ceria bem sucedida entre a Embrapa Solose instituições nacionais de ensino, pesqui-sa e planejamento. Cerca de 25 instituiçõesparticiparam desta empreitada, envolven-do cerca de 65 representantes destas insti-tuições, fundamentais no processo dereformulação do sistema, conceituações,definições e organização geral da classifi-cação.

A classificação de solos no Brasil ini-ciou-se em 1947 e baseava-se nos concei-tos americanos sintetizados em publicaçõesde 1938 e revisadas em 1949. Nestes 50anos ininterruptos de estudos de solos, vá-rias mudanças ocorreram quanto aos con-ceitos originais, nomenclatura e definiçõesde classes.

A edição atual, em processo de publi-cação, inova completamente a estrutura dosistema, tendo-se chegado ao tipo desejá-vel de classificação hierárquica, multica-tegórica, descendente e aberta para inclu-são de novas classes à medida que o paísvai sendo melhor conhecido.

Da forma que está estruturado, o sis-tema permite a classificação de todos ossolos do território nacional em seis níveiscategóricos diferentes (Ordem, Subordem,Grande Grupo, Subgrupo, Família e Série),

correspondendo, cada nível, a um grau degeneralização ou detalhe definidos. À Or-dem corresponde o nível mais genérico declassificação, distinguindo verdadeiras pro-víncias de solos e à Série correspondendoo nível mais detalhado e preciso de classi-ficação, separando unidades bastantehomogêneas, precisamente definidas eabrangendo pequenas áreas do terreno.Entre a Ordem e a Série, variam os grausde abstração, nesta seqüência, diminuindoo grau de generalização e aumentando ograu de especificação e detalhe.

A classificação de solos tem aplica-ções práticas principalmente em levanta-mentos de solos, constituindo a fonte per-manente de conhecimento para este ramode atividade técnica. Além dos levantamen-tos, a classificação é útil para referenciar,precisamente, pontos de amostragem desolos, rochas, plantas, materiais genéticos,facilitando a extrapolação de resultados ex-perimentais de manejo, conservação e fer-tilidade de solos.

A classificação do solo em pontos deamostragem, associada ao Georreferencia-mento (latitude, longitude e altitude), é umaferramenta poderosa para o conhecimentode segmentos da paisagem ou do territóriocomo um todo, constituindo uma informa-ção indispensável na estruturação de ba-ses de dados e para os Sistemas de Infor-mação Geográficas (SIGs) para fins de es-tudos ambientais.

Nesta linha de organização, interpre-tação e integração da informação, a classi-ficação de solos, do ponto de vista doplanejamento territorial, desempenha impor-tante papel na segmentação de paisagens,identificando áreas de maior potencial parafins de utilização e ocupação e áreas im-próprias ou não recomendadas, contri-buindo desta forma para a preservação

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ambiental e uso adequado de ecos-sistemas, dos quais o solo é um componen-te básico.

O novo sistema é estruturado combase em características de gênese do soloe propriedades pedogenéticas que impri-mem marcas distintas em cada tipo de soloconhecido.

Uma visão geral do sistema mostra 14classes no nível de Ordem (1o nível cate-górico), 44 classes no nível de Subordem(2o nível), 150 classe no nível de GrandeGrupo (3o nível) e 580 classes no nível deSubgrupo (4o nível). No 5o e 6o níveis, Fa-mília e Série, respectivamente, o númerode classes é imprevisível no momento, de-pendendo da intensidade de levantamen-tos semidetalhados e detalhados que ve-nham a ser executados nos anos futuros.

As novas classes do sistema, apenasdo 1o nível categórico (Ordem) e a corres-podência aproximada com as designaçõesempregadas na classificação que vinhasendo utilizada, são mostradas a seguir:

• ALISSOLOS - Solos com alto teorde alumínio e horizonte B textural,anteriormente conhecidos comRubrozem, Podzólico Bruno Acin-zentado, Podzólico Vermelho-Ama-relo.

• ARGISSOLOS - Solos com horizon-te B textural e argila de atividade bai-xa, conhecidos anteriormente comoPodzólico Vermelho-Amarelo, partedas Terras Roxas Estruturadas e si-milares, Terras Brunas, PodzólicoAmarelo, Podzólico Vermelho-Escu-ro.

• CAMBISSOLOS - Solos com hori-zonte B incipiente, assim designa-dos anteriormente.

• CHERNOSSOLOS - Solos escuros,ricos em bases e carbono. Anterior-mente designados por Brunizem,Rendzina, Brunizem Avermelhado,Brunizem Hidromórfico.

• ESPODOSSOLOS - Solos conheci-dos anteriormente como Podzóis.

• GLEISSOLOS - Solos com horizon-te glei, conhecidos como GleiHúmico ou Pouco Húmico, Hidro-mórfico Cinzento, Glei Tiomórfico.

• LATOSSOLOS - Solos com horizon-te B latossólico, anteriormente ti-nham a mesma designação.

• LUVISSOLOS - Solos ricos em ba-ses, B textural, correspondendo aosBrunos não Cálcicos, PodzólicosVermelho-Amarelos Eutróficos e si-milares.

• NEOSSOLOS - Solos Pouco Desen-volvidos, anteriormente designadospor Litossolos, Aluviais, Litólicos,Areias Quartzosas e Regossolos.

• NITOSSOLOS - Solos com horizon-te nítico, correspondendo Terra RoxaEstruturada e Similar, Terra BrunaEstruturada e Similar, alguns Podzó-licos Vermelho-Escuros.

• ORGANOSSOLOS - Solos orgâni-cos, conhecidos anteriormente porSolos Orgânicos, Semi-Orgânicos,Turfosos, Tiomórficos.

• PLANOSSOLOS - Solos com gran-de contraste textural, estruturaprismática, presença de sódio, an-teriormente designados por Pla-nossolos, Solonetz Solodizado,Hidromórfico Cinzento.

• PLINTOSSOLOS - Solos complintita, conhecidos como LateritaHidromórfica, Podzólicos Plínticos,Latossolos Plínticos.

• VERTISSOLOS - Solos com pro-priedades provenientes de argilasexpansíveis. Anteriormente tinham amesma designação.