CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

43
1 FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS E SERVIÇOS DE SAÚDE CLÊNIO DE NOVAES BARROS PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS LEISHMANIOSES TEGUMENTAR E VISCERAL NA XI GERES NO PERÍODO DE 2007 A 2010 RECIFE 2010

Transcript of CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

Page 1: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

1

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS E SERVIÇOS DE SAÚDE

CLÊNIO DE NOVAES BARROS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS LEISHMANIOSES

TEGUMENTAR E VISCERAL NA XI GERES NO PERÍODO

DE 2007 A 2010

RECIFE

2010

Page 2: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

2

CLÊNIO DE NOVAES BARROS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS LEISHMANIOSES TEGUMENTAR E VISCERAL

NA XI GERES NO PERÍODO 2007 A 2010

Orientador: Amâncio da Cruz Filgueira

RECIFE

2010

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde do Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz para a obtenção do título de Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde.

Page 3: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

3

Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães B277p

Barros, Clênio de Novaes.

Perfil epidemiológico das leishmanioses tegumentar e visceral na XI geres no período de 2007 a 2010 / Clênio de Novaes Barros. - Recife: [s.n.], 2010.

42 p. Monografia (Especialização em Gestão de Sistemas

e Serviços de Saúde) - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, 2010.

Orientador: Amâncio da Cruz Filgueira. 1. Leishmaniose. 2. Endemias. 3. Leishmaniose

visceral. I. Filgueira, Amâncio da Cruz. II. Título.

CDU 614.39

Page 4: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

4

CLÊNIO DE NOVAES BARROS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS LEISHMANIOSES TEGUMENTAR E VISCERAL

NA XI GERES NO PERÍODO 2007 A 2010

Aprovado em: _______/________/________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Amâncio da Cruz Filgueira

UPE

___________________________________________ Francisco de Assis da Silva Santos

ASCES

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde do Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz para a obtenção do título de Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde.

Page 5: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

5

Dedico esse trabalho especialmente a minha esposa, Anita, ao meu filho, Bruno e aos meus

pais que souberam compreender a minha ausência e me apoiar durante o curso.

Page 6: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

6

“O único requisito indispensável é o compromisso. Compromisso com a vida e compromisso com os que sofrem”.

David Capistrano Filho

Page 7: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

7

BARROS, Clênio de Novaes. Perfil Epidemiológico das Leishmanioses Tegumentar e Visceral na XI Geres no Período 2007 a 2010. Monografia (Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde) – Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2010.

RESUMO

Introdução: A leishmaniose tegumentar americana (LTA) está entre uma das endemias de maior importância em saúde pública no Brasil, devido sua ampla distribuição pelo território nacional, a ocorrência de formas clínicas graves e pelas dificuldades referentes tanto ao diagnóstico como ao tratamento. Não menos preocupante, a leishmaniose visceral (LV) também se mostra presente nas questões de saúde pública mundial. Apesar de ser considerada endemia rural, a LV tem sido freqüentemente registrada em grandes centros urbanos. Objetivo: Conhecer o perfil epidemiológico das Leishmanioses Tegumentar e Visceral na XI Geres no Período de 2007 a 2010, a partir dos casos notificados de leishmaniose tegumentar e visceral que acometeram a região do Sertão, especificamente na XI Gerência Regional de Saúde (GERES), Pernambuco - Brasil, entre os anos de 2007 a 2010, conforme registros da XI GERES a partir do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação); Fornecer. Métodos: Os dados coletados de notificações de leishmaniose tegumentar americana e visceral na XI GERES foram organizados observando as variáveis selecionadas a partir das fichas de investigação da leishmaniose tegumentar e visceral do SINAN; foram levantados artigos da base de dados da biblioteca virtual BIREME utilizando-se o link LILACS com as palavras chave: leishmaniose, leishmaniose tegumentar americana, leishmaniose visceral. Alguns livros de parasitologia, saúde pública, contendo informações relevantes. Conclusões: Neste trabalho podemos observar aumento significativo no número de casos notificados de Leishmaniose Visceral (LV) e uma estabilização no número de casos notificados de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), além de equilíbrio na prevalência entre indivíduos do sexo masculino e feminino. As faixas etárias inferiores a quinze anos foram as mais acometidas pela LV , porém não encontramos predominância em nenhuma faixa etária na LTA.

Palavras-chaves : Leishmaniose, Endemias, Leishmaniose Visceral.

Page 8: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

8

BARROS, Clênio de Novaes. Epidemiological Profile of Visceral and Cutaneous Leishmaniasis in XI Geres in Period 2007 to 2010. Monograph (Specialization in Management Systems and Health Services) - Department of Public Health, Center for Research Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2010.

ABSTRACT Introduction: Cutaneous leishmaniasis (ACL) is among the most important endemic diseases in public health in Brazil, due to its wide distribution throughout the country, the occurrence of severe clinical forms and the difficulties related to both diagnosis and treatment. No less disturbing, visceral leishmaniasis (VL) is also shown in this public health issues worldwide. Despite being considered endemic rural areas, the LV has been frequently recorded in large urban centers. Objective: To know the epidemiological profile of Visceral and Cutaneous Leishmaniasis in XI Geres in Period 2007 to 2010, based on reported cases of cutaneous and visceral leishmaniasis which affected the region of the Wild, specifically in the XI Regional Health Management (GERES), Pernambuco - Brazil, between the years 2007 to 2010, according to records from the XI GERES SINAN (Information System for Notifiable Diseases); provide. Methods: Data collected from reports of cutaneous leishmaniasis and visceral GERES XI were organized in observing the variables selected from the investigation forms of cutaneous leishmaniasis and visceral SINAN; articles were collected from the database of BIREME virtual library using Link LILACS using the following keywords: leishmaniasis, cutaneous leishmaniasis, visceral leishmaniasis. Some books on parasitology, public health, containing relevant information. Conclusions: In this study we observed an increase in the number of reported cases of visceral leishmaniasis (VL) and a stabilization in the number of reported cases of Cutaneous Leishmaniasis (ACL), and balance in prevalence between males and females. Ages less than fifteen years were the most affected by LV, but we found no predominance in any age group in the ACL. Keywords: Leishmaniasis, Endemic, Visceral Leishmaniasis.

Page 9: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Distribuição do coeficiente de incidência da Leishmaniose Tegumentar

por município da XI Gerência Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010................. 27

Gráfico 2 - Distribuição do coeficiente de incidência (casos/100.000 hab.) da

Leishmaniose Visceral por município da XI Gerência Regional de Saúde, PE, de

2007 a 2010............................................................................................................... 27

Gráfico 3 - Distribuição por faixa etária dos casos notificados Leishmaniose

Tegumentar nos municípios da XI Gerência Regional de Saúde, PE, de 2007 a

2010........................................................................................................................... 28

Gráfico 04 - Distribuição por faixa etária dos casos notificados Leishmaniose Visceral

nos municípios da XI Gerência Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010................ 28

Gráfico 05 - Distribuição dos casos notificados de Leishmaniose tegumentar

segundo sexo por município de residência na XI Gerência Regional de Saúde, PE,

de 2007 a 2010.......................................................................................................... 29

Gráfico 06 - Distribuição dos casos notificados de Leishmaniose Visceral segundo

sexo por município residência na XI Gerência Regional de Saúde, PE, de 2007 a

2010........................................................................................................................... 29

Gráfico 07 - Distribuição dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana e

Visceral, segundo raça/Cor por município residência na XI Gerência Regional de

Saúde, PE, de 2007 a 2010...................................................................................... 30

Gráfico 8 - Evolução do caso de Leishmaniose Tegumentar Americana e Visceral

segundo Município de Residência na Gerência Regional de Saúde, PE, de 2007 a

2010........................................................................................................................... 32

Page 10: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Distribuição dos casos de Leishmaniose Tegumentar por município da XI

Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010.................................................. 26

Tabela 2- Distribuição dos casos de Leishmaniose Visceral por município da XI

Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010.................................................. 26

Tabela 03- Distribuição dos casos de Leishmaniose Tegumentar por Zona por

município de residência na XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010.. 30

Tabela 04- Casos de leishmaniose visceral por Zona segundo Município Residência

na XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010......................................... 31

Page 11: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................12

2 REVISÃO DE LITERATURA...................... ......................................................14

2.1 Aspectos Históricos e Epidemiológicos das Leishmanioses ............................14

2.2 Definição e Agente Etiológico............................................................................16

2.3 Parasito.............................................................................................................17

2.3.1 Descrição da Forma Amastigota e Forma Promastígota do Parasito...............18

2.3.2 Ciclo Biológico...................................................................................................18

2.4 Diagnóstico das Leishmanioses........................................................................19

2.4.1 Diagnóstico de Leishmaniose Tegumentar.......................................................19

2.4.2 Diagnóstico da Leishmaniose Visceral..............................................................20

2.5 Tratamento da Leishmaniose Tegumentar e Visceral.......................................21

2.6 Vigilância Epidemiológica das Leishmanioses..................................................22

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................24

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................... ...................................................26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................... .......................................................33

REFERÊNCIAS...............................................................................................34

ANEXOS.........................................................................................................39

A- Ficha de Investigação de Leishmaniose Tegumentar Americana- SINAN

B- Ficha de Investigação de Leishmaniose Visceral- SINAN

Page 12: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

12

1 INTRODUÇÃO

As leishmanioses são um amplo espectro de doenças transmitidas por insetos

flebotomíneos infectados com parasitas do gênero Leishmania, podendo manifestar-

se nas formas cutânea, mucocutânea ou visceral (AKILOV et. al., 2007). Como o

homem contemporâneo está sujeito a inúmeras doenças que comprometem a

qualidade e o estilo de vida (PUPPO; URSICH; ROCHA, 1986; FRANCO, 1988), a

Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 350 milhões de pessoas

em 88 países ao redor do mundo estão em áreas de risco, sendo a leishmaniose

tegumentar a forma mais comum da doença e cerca de 12 milhões de pessoas

estão infectadas em todo o mundo, com dois milhões de novos casos anuais

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma infecção zoonótica que

afeta animais silvestres, podendo o homem ser envolvido secundariamente. Nas

Américas a LTA ocorre do sul do Texas ao norte da Argentina, manifestando-se

como uma úlcera indolor e usualmente localizada em áreas expostas da pele. A

forma disseminada da LTA é relativamente rara e pode ser observada em até 2%

dos casos. Estima-se que a forma mucosa ou mucocutânea da LTA, que se

manifesta por lesões destrutivas e mutilantes localizadas nas mucosas das vias

aéreas superiores, ocorra em 3 a 5% dos casos, como resultado da evolução

crônica da doença e curada sem tratamento ou com tratamento inadequado

(GONTIJO; CARVALHO, 2003; BRASIL, 2007).

A sua magnitude, o aspecto das lesões, além de deformidades que podem

resultar do comprometimento mucoso, tem reflexos psicossociais que trazem

sofrimento e que comprometem a capacidade de trabalho do indivíduo

(CASAVECCHIA et al., 2002; BRASIL, 2007).

A leishmaniose visceral (LV), importante por sua alta incidência e letalidade, é

um problema de saúde pública, ocorrendo não só nas Américas, mas na Europa,

África, Ásia e Oriente Médio (MONTEIRO et al., 2005). O Brasil encontra-se entre os

cinco países mais prevalentes, observando-se a presença de casos autóctones em

24 estados, sendo a região Nordeste responsável por 56% dos casos notificados no

país, com destaque para o Estado do Ceará, onde a LV vem se mantendo

endêmica, observando-se que, nos últimos anos, a notificação dessa doença vem

crescendo, com registro de surtos freqüentes (CEARÁ, 2007).

Page 13: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

13

Nos últimos cinco anos, ocorreram em média 3.500 casos humanos novos,

sendo a maioria na região Nordeste do país. A partir dos anos 90, os estados Pará e

Tocantins (região Norte), Mato Grosso do Sul (região Centro-Oeste) e Minas Gerais

e São Paulo (região Sudeste) passaram a influir de maneira significativa nas

estatísticas da LV no Brasil (BRASIL, 2001).

Em trabalho realizado por Andrada durante a série histórica de 2000 a 2008 o

Estado de Pernambuco apresentou segundo dados do Sinan, o maior número de

casos confirmados no ano de 2000 com um total de 539 confirmações, nos anos

subseqüentes do estudo o número de notificações da LV vem apresentando

tendência ao declínio, sendo o ano de 2008, o de menor número de confirmações,

com 68 casos.

Por conseguinte, o desenvolvimento desta pesquisa que tem como objetivo

conhecer o perfil epidemiológico dos casos notificados de Leishmaniose Tegumentar

Americana e da Leishmaniose Visceral na XI Gerência Regional de Saúde (XI

GERES) no período de 2007 a 2010, surgiu, principalmente, imbuída pela

necessidade de um estudo mais detalhado e específico a respeito do

comportamento epidemiologia da leishmaniose no sertão de Pernambuco,

especificamente na região compreendendo os municípios da XI GERES, que são os

municípios de: Betânia, Calumbi, Carnaubeira da Penha, Flores, Floresta, Itacuruba,

Santa Cruz da Baixa Verde, São José do Belmonte, Serra Talhada, e Triunfo, esta

região apresenta uma incidência e prevalência significativas da doença.

Realizar esta pesquisa sobre o perfil epidemiológico da leishmaniose

tegumentar e visceral no sertão de Pernambuco destina-se a fornecer à comunidade

científica informações atuais a respeito da leishmaniose tegumentar e visceral

traçando um perfil epidemiológico dos casos notificados no período de 2007 a 2010

na (XI GERES), esperando assim trazer informações capazes de subsidiar as

equipes gestoras e de campo dos referidos municípios na elaboração e execução de

propostas de ação para o efetivo controle das Leishmanioses.

Page 14: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos Históricos e Epidemiológicos das Leishmanioses

Em 1925, no primeiro e segundo fascículos do volume um dos Annaes

Brasileiros de Dermatologia e Syphilographia, Eduardo Rabello publica na seção de

"Memórias Originais" o trabalho intitulado "Contribuições ao estudo da leishmaniose

tegumentar no Brasil", que tratava do histórico e da sinonímia da doença. Naquela

revisão, conclui o autor que a leishmaniose tegumentar (LTA) já existia no país

desde muitos anos e distingue três períodos na historia da doença. O primeiro, de

origem incerta e baseada em referências vagas, vai até 1895, ano da observação

clinica do 'botão da Bahia' e sua filiação ao 'botão do Oriente'. O segundo estende-

se até 1909, quando é identificado e descrito o agente etiológico da úlcera de Bauru.

O terceiro se inicia em 1910 com o achado do parasita em lesões mucosas, então

incorporadas ao quadro clínico da doença, indo até a época da publicação do artigo

(RABELLO, 1925).

Estudos arqueológicos desenvolvidos em huacos peruanos, vasos de

cerâmica com reprodução de figuras humanas sadias e mutiladas por diferentes

moléstias, puderam assegurar a ocorrência da uta e espundia - denominações locais

para as formas cutânea e mucosa da LTA, respectivamente, entre os Incas durante

a era pré-colombiana, embora a princípio tenham sido confundidas com a sífilis

(VALE; FURTADO, 2005). Ao contrario, estudos das cerâmicas antropomórficas

produzidas por nossos ancestrais indígenas, por seu caráter rudimentar, não

permitiram a mesma constatação, a única indicação segura e talvez mais antiga da

existência da doença no Brasil verifica-se em citação na tese de Tello, "Antiguedad

de la syphilis en el Peru", de 1908, relativa a obra escrita, Pastoral Religioso-Político

Geographico, editada em 1827. Este observara a existência de indivíduos com

ulceras nos braços e pernas, relacionadas a picadas de insetos, tendo como

conseqüência lesões destrutivas de boca e nariz. Rabello achava mais razoável

supor que, endêmica na Amazônia, porém proveniente do Peru e da Bolívia, a

doença pudesse ter-se disseminado nos estados do Norte do país por indivíduos

que se dirigiram em busca de trabalho nos seringais e que retornaram infectados às

suas origens (VALE; FURTADO, 2005).

Page 15: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

15

Quanto às regiões Centro e Sul do Brasil, achava mais verossímil à

importação da Bolívia ou da Amazônia, via Mato Grosso, e provavelmente também

do Paraguai, via Mato Grosso ou Paraná, considerando sua existência de forma

endêmica naqueles países, muito antes do descobrimento. É provável que esse

longo período de indenidade tenha sido determinado pelo isolamento, em

conseqüência da precariedade de trafego na época. Considerava-se ainda serem

fortes as evidencias da ocorrência da doença também na região Centro-Sul do

Brasil, no final do século XIX, os seguintes fatos: a) modelos encontrados no Museu

da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, datados de 1882 a 1884, que

representam casos indubitáveis de LTA; b) casos diagnosticados em imigrantes

italianos de São Paulo que retornaram a seu país, descritos por Breda (1884), na

Itália, como 'buba brasiliana'; c) reproduções em aquarela de casos de afecções

ulcerosas do nariz apresentados a Sociedade Brasileira de Dermatologia em 1912,

observados por Carneiro da Cunha em 1906, em pacientes provenientes de

Uberaba, Minas Gerais, que as apresentavam ha 27 anos, portanto desde 1879.

(VALE; FURTADO, 2005).

Descoberta a Leishmania como agente etiológico do 'botão do Oriente' e

também verificada nas condições acima referidas, estas puderam ser incluídas sob o

mesmo critério nosografico. Em 1909, Lindenberg sugere a designação

'leishmaniose ulcerosa'. Reconhecidas as manifestações mucosas, infiltrativas e

vegetantes além de ulcerosas, aquela denominação não poderia mais subsistir.

Assim, propõe Rabello a expressão “leishmaniose tegumentar” que, abrangendo as

lesões cutâneas e mucosas de diversa morfologia, permite sua distinção da forma

visceral de leishmaniose (VALE; FURTADO, 2005).

Na época o autor encontrava duplo inconveniente na denominação de

'leishmaniose americana das florestas', proposta em 1913 por Brumpt & Pedroso,

tanto por dar delimitação geográfica à doença como por fazer da ocorrência em

florestas elemento preponderante. Chamava a atenção para o fato de a doença

existir e se propagar fora de florestas virgens, referindo-se a diversos casos

observados na zona urbana do Rio de Janeiro já naquela época. Em seguida

reconhece serem muitos dos casos de gangosa - rinofaringite mutilante –

manifestações de LTA. Também comenta a impossibilidade de distinção, na época,

entre as leishmanias encontradas na leishmaniose tegumentar no Brasil e aquelas

presentes no 'botão do Oriente', considerando por isso imprópria a denominação

Page 16: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

16

'L.brasiliensis' dada por Gaspar Vianna em 1911, o que leva o autor a questionar a

doença no Brasil como entidade autônoma (VALE; FURTADO, 2005).

No passado admitia-se a Leishmania braziliensis como único agente da

leishmaniose tegumentar americana (LTA) existente no país. Até o inicio da década

de 1960 as classificações dos parasitas baseavam-se exclusivamente no

comportamento clinico evolutivo, configurando formas clinicas da doença nas

diversas regiões geográficas, posto que a morfologia dos parasitas a microscopia

óptica não permitia sua distinção (FURTADO, 1994).

As classificações mais utilizadas na atualidade seguem o modelo taxonômico

proposto por Lainson & Shaw (1987), que dividem as leishmanias nos subgêneros

Viannia e Leishmania. No Brasil, a forma tegumentar é causada por sete espécies,

sendo seis do subgênero Viannia e uma do subgênero Leishmania. Foram

identificadas Leishmania (Viannia) braziliensis, L. (V.) guyanensis, L. (V.) lainsoni, L.

(V.) naiffi, L. (V.) shawi, L.(V.) lindenbergi e Leishmania (Leishmania) amazonensis

(NAIFFI) JUNIOR ET al., 2009). Já a forma visceral tem como agente etiológico a L.

chagasi.

2.2 Definição e Agente Etiológico

A Leishmaniose é causada por um protozoário pertencente ao gênero

Leishmania (ROSS, 1903). Este protozoário é digenético e se apresenta sob duas

formas: uma flagelada denominada promastigota, que é encontrada no tubo

digestivo do inseto vetor e em alguns meios de cultura artificiais. A outra forma é

aflagelada denominada de amastigota, que é intracelular obrigatória, sendo

encontrada nas células do sistema fagocitário dos hospedeiros vertebrados. O modo

de transmissão habitual do protozoário é através da picada de insetos vetores,

pertencentes a várias espécies de flebotomíneos (DUNAISKI, 2006).

É uma infecção zoonótica que afeta animais selvagens, animais domésticos e

o homem. Os animais selvagens representam os verdadeiros reservatórios,

enquanto o homem é considerado um hospedeiro acidental. O período de incubação

da doença no homem é, em média de dois meses, podendo apresentar períodos

mais curtos (duas semanas) ou mais longos (dois anos). O protozoário, ao infectar o

hospedeiro vertebrado causa a Leishmaniose. Três tipos de leishmaniose são

descritos: a leishmaniose visceral, de distribuição mundial, a leishmaniose

Page 17: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

17

tegumentar e cutâneo-mucosa do Novo Mundo e a leishmaniose cutânea do Velho

Mundo. A leishmaniose visceral é grave e até mesmo fatal, na ausência de

terapêutica. A leishmaniose cutâneo-mucosa caracteriza-se por apresentar

metástases graves e mutilantes (OMS-1990; BARRAL et al., 1991; MODABBER,

1993).

No Brasil, a leishmaniose visceral (LV) apresenta uma ampla distribuição

geográfica, além de alta letalidade, quando não instituído o tratamento adequado em

tempo hábil. Associado ao seu espectro de morbidade, esta zoonose é causada por

um protozoário de ciclo biológico complexo, o que a torna uma enfermidade de

grande magnitude e de baixa vulnerabilidade às atuais medidas de controle. A

escassez de recursos e a atual falta de infra-estrutura dos serviços de saúde,

especialmente no que concerne ao diagnóstico da infecção por Leishmania chagasi

(Kinetoplastida: Trypanosomatidae), na população canina e humana, tornam as

atuais medidas de controle pouco factíveis. Esse quadro vem se constituindo como

um paradigma, favorecendo a perpetuação do ciclo vicioso entre pobreza e doença

em muitos estados brasileiros, nos quais a LV permanece como mais uma doença

negligenciada. Em resposta a este cenário desfavorável, têm sido empreendidos

vários esforços na tentativa de definir uma nova abordagem mais efetiva para o

controle da doença no Brasil (COSTA; VIEIRA, 2001).

2.3 Parasito

Leishmania são seres unicelulares eucarióticos, parasitos pertencentes ao

Reino Protista. As diferentes espécies são bastante semelhantes quanto aos

caracteres morfológicos, muitas vezes indistinguíveis. Apresentam como

hospedeiros vertebrados diversos animais selvagens e domésticos, e o próprio

homem. Os hospedeiros invertebrados são mosquitos dos gêneros Lutzomyia para o

Novo Mundo e Phlebotomus para o Velho. Em ambos hospedeiros o parasito é

capaz de se multiplicar assexuadamente por divisão binária. Apresentam duas

formas bem definidas e diferenciadas: amastigota e promastigota (DUNAISKI, 2006).

Page 18: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

18

2.3.1 Descrição da Forma Amastigota e Forma Promastígota do Parasito

Possuindo forma esférica e aflagelada, de 2,5 a 5 µm de diâmetro, e não

possuindo mobilidade a forma amastigota é encontrada parasitando

intracelularmente as células do sistema fagocítico mononuclear (SFM) do

hospedeiro vertebrado. Mais especificamente, seus habitats são os vacúolos

digestivos (fagossomos) de macrófagos que os fagocitam. O núcleo ocupa metade

ou dois terços do corpo celular. Quase sempre tangente a ele, encontra-se o

cinetoplasto, de aspecto baciliforme, reto ou curvo. A mitocôndria, provida de septos

internos regulares e pouco numerosos, mostra continuidade com a parede do

cinetoplasto. Apresenta ainda, no seu interior, um curto flagelo e o blefaroplasto,

complexo de golgi e retículo endoplasmático pouco abundante. Os protozoários

reproduzem-se por divisão binária simples, longitudinal, notando-se primeiro a

divisão do cinetoplasto em dois, um conservando o antigo flagelo e outro produzindo

nova estrutura. Segue-se com a divisão do núcleo e, por fim, a divisão do citossomo.

(DUNAISKI, 2006).

A Forma Promastígota possui forma alongada, com 10 a 20 µm de

comprimento, e espessura entre 1,5 e 3 µm, apresentando a extremidade anterior

arredondada e a posterior mais fina. O flagelo evidente confere mobilidade à célula

flexível. É encontrada no intestino do inseto vetor (DUNAISKI, 2006).

No vetor a transformação morfogenética entre a forma amastigota e

promastigota dura entre 12 e 23 horas (DUNAISKI, 2006).

2.3.2 Ciclo Biológico

A forma promastígota é inoculada nos hospedeiros vertebrados pela picada

do mosquito vetor. As formas promastígotas são fagocitadas pelos macrófagos e

retornam à forma amastigota intracelular. Esta forma replica-se no interior dos

fagossomos, até que pela grande quantidade e danos causados à célula hospedeira,

esta é lisada e os parasitos são liberados no meio intercelular, para serem

novamente fagocitados. A picada do flebotomíneo em indivíduo parasitado retira

com o sangue ou linfa intersticial, células dos parasitos, que passam a evoluir em

seu tubo digestivo. Os protozoários, na forma amastigota, passam à forma

promastigota. No intestino do inseto ocorre intensa atividade multiplicadora, e os

Page 19: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

19

parasitos agrupam-se em formas com aspecto de rosáceas. Aumentando seu

número, invadem as porções anteriores do estômago e o proventrículo do mosquito,

onde a concentração parasitária pode causar obstrução mecânica e dificultar a

ingestão de sangue pelo inseto. Depois de cada esforço para a ingestão de sangue,

os músculos encarregados pela sucção relaxam e causam regurgitação do material

aspirado, misturado aos parasitos presentes no local. Assim fica assegurada a

inoculação de formas infectantes em novo hospedeiro (DUNAISKI, 2006).

2.4 Diagnóstico das Leishmanioses

2.4.1 Diagnóstico de Leishmaniose Tegumentar

As ferramentas existentes para diagnóstico sorológico ("ELISA" e

imunofluorescência) são difíceis de descentralizar, o teste de aglutinação direta pode

ser usado em "campo", mas existem problemas de transporte e armazenamento do

antígeno intacto. As técnicas para exames parasitológicos são normalmente

invasivos (aspirados de medula óssea e baço) e de baixa sensibilidade (DUNAISK,

2006).

Existem ainda exames indiretos, através de análises como proporção de

proteínas no sangue (relação albumina/globulina), porém incapazes de precisar o

diagnóstico. O ensaio imunoenzimático ELISA é eficiente para ser utilizado em

levantamentos epidemiológicos com sensibilidade de 90 a 95% (CASTRO et al.,

2005).

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) surge como nova alternativa para

diagnóstico, aliando grande sensibilidade e especificidade, provendo resultados

seguros apoiados na existência de marcadores genéticos de espécies. Apresenta a

grande vantagem quanto ao modo de coleta do material para a análise. É possível a

utilização de sangue periférico, tornando o método menos invasivo e a coleta mais

fácil. O resultado da análise pode ser obtido até 48h após a coleta de material (FISA

et al., 2001).

Page 20: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

20

2.4.2 Diagnóstico da Leishmaniose Visceral

Diferentes técnicas podem ser utilizadas para o diagnóstico de leishmaniose

visceral humana e canina. Muitos avanços têm ocorrido nos últimos anos, mas a

despeito do grande número de testes disponíveis para o diagnóstico da LV, nenhum

apresenta 100% de sensibilidade e especificidade. (SUNDAR, 2002)

Nos casos humanos, o diagnóstico é rotineiramente realizado com base em

parâmetros clínicos e epidemiológicos. Entretanto, um diagnóstico definitivo requer a

demonstração do parasita através de métodos parasitológicos. O diagnóstico clínico

é complexo, pois a doença no homem pode apresentar sinais e sintomas que são

comuns a outras patologias presentes nas áreas onde incide a LV, como, por

exemplo, Doença de Chagas, Malária, Esquistossomose, Febre Tifóide e

Tuberculose. Pacientes com LV apresentam febre prolongada, esplenomegalia,

hepatomegalia, leucopenia, anemia, hipergamaglobulinemia, tosse, dor abdominal,

diarréia, perda de peso e caquexia (SUNDAR, 2002).

A demonstração do parasito pode ser feita em material de biópsia ou punção

aspirativa do baço, fígado, medula óssea ou linfonodos. O material obtido é utilizado

para a confecção de esfregaço ou impressão em lâminas, histologia, isolamento em

meios de cultura ou inoculação em animais de laboratório. A especificidade destes

métodos é de 100%, mas a sensibilidade é muito variável, pois a distribuição dos

parasitas não é homogênea no mesmo tecido. (SUNDAR, 2002)

No Brasil, os testes mais utilizados no diagnóstico de LV humana e canina

são reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e ensaio imunoenzimático (ELISA),

sendo considerados, sobretudo este último, testes de escolha para inquéritos

populacionais. A RIFI apresenta baixa especificidade, exige na sua execução

pessoal treinado, é uma reação dispendiosa e não está adaptada para estudos

epidemiológicos em larga escala (SCHOONE, 2001).

Uma das principais limitações da técnica é a ocorrência de reações cruzadas

com leishmaniose tegumentar, doença de Chagas, malária, esquistossomose e

tuberculose pulmonar (SUNDAR, 2002). Isto dificulta a interpretação dos dados

epidemiológicos, pois no Brasil ocorre superposição da LV, sobretudo com

leishmaniose tegumentar e doença de Chagas (EVANS, 1990).

Page 21: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

21

2.5 Tratamento da Leishmaniose Tegumentar e Visceral

Por mais de sessenta anos, o tratamento das leishmanioses vem sendo

realizado com antimoniais pentavalentes: antimoniato de N-metil glucamina -

Glucantime® e estibogluconato de sódio - Pentostan, que são os medicamentos de

primeira escolha para o tratamento. Estas drogas são tóxicas, nem sempre efetivas,

e na LV são usadas em esquemas prolongados. O principal efeito colateral do

glucantime é sua ação sobre o aparelho cardiovascular, sendo desaconselhável sua

utilização durante os dois primeiros trimestres de gravidez (BRASIL, 2003).

Como tratamentos alternativos no Brasil, são utilizadas a anfotericina B e

suas formulações lipossomais (anfotericina B - lipossomal e anfotericina B -

dispersão coloidal), as pentamidinas (sulafato e mesilato) e os imunomoduladores

(interferon gama e GM-CSF) . Com exceção das duas primeiras drogas, as demais

se encontram ainda em fase de investigação. A utilização destas drogas só deve ser

realizada em hospitais de referência (BRASIL, 2003).

Dados recentes indicam que a resistência aos antimoniais tem se tornado um

problema na Índia e no Sudão. No entanto, a quimioterapia das leishmanioses está

mais promissora atualmente do que há alguns anos, com novas drogas e novas

formulações para as drogas que já vinham sendo utilizadas (CROFT, 2002). O

desenvolvimento de anfotericina B encapsulada em lipossomas (AmBisome) tem

mostrado bons resultados, com cura de 90-95% na Índia (GONTIJO, 2004).

O miltefosine, uma droga desenvolvida como um agente antitumoral, mostrou

95% de cura efetiva em estudo no calazar indiano. Esta droga apresenta a

vantagem de ser de uso oral e bem tolerada, embora seja potencialmente

teratogênica, o que limita a sua utilização por grávidas e nutrizes (PRASAD, 2004).

As novas drogas, principalmente AmBisome e miltefosine, têm mudado o perfil do

tratamento da LV, mas o custo das novas terapias leva a diferentes práticas de

tratamento, de acordo com a condição socioeconômica e cultural de cada região

(MARTY, 2002).

Page 22: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

22

2.6 Vigilância Epidemiológica das Leishmanioses

O início do programa de controle da Leishmaniose Visceral no Brasil remonta

à década de 50 e tinha como objetivo quebrar os elos epidemiológicos da cadeia de

transmissão da doença. Entretanto, diante da falta de evidências de que as medidas

até então empregadas conduziam a um impacto positivo na redução da incidência

da doença humana no país, o Ministério da Saúde/FUNASA convocou em 2000 um

comitê de especialistas para, juntamente com a Gerência do Programa, reavaliar as

estratégias de controle empregadas e redirecionar as ações de controle visando à

racionalização da atuação (COSTA, 2001).

Um programa de controle foi proposto para ser aplicado nas áreas

consideradas de risco, aglomerados urbanos ou rurais, onde critérios

epidemiológicos, ambientais e sociais servirão de base para a delimitação da área a

ser trabalhada, tendo como indicador a ocorrência de casos humanos. O controle

integrado dará ênfase à atenção ao homem com capacitação de pessoal técnico e

profissionais de saúde para diagnóstico e tratamento, lembrando que as demais

medidas de controle devem estar sempre integradas para que possam ser efetivas

(BRASIL, 2003).

A vigilância epidemiológica é um dos componentes do Programa de Controle

da Leishmaniose Visceral (PCLV) que visa reduzir as taxas de letalidade e o grau de

morbidade através do diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos, bem

como da diminuição dos riscos de transmissão mediante controle da população de

reservatórios e vetores. O novo enfoque do PCLV incorpora áreas sem ocorrência

de casos humanos ou caninos da doença nas ações de vigilância e controle,

objetivando evitar ou minimizar a expansão da doença (BRASIL, 2003).

O Programa de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana (PV-LTA)

tem como objetivo diagnosticar e tratar precocemente os casos detectados, visando

reduzir as deformidades provocadas pela doença.

Em virtude das características epidemiológicas da LTA, as estratégias de

controle devem ser flexíveis, distintas e adequadas a cada região ou foco em

particular. A diversidade de agentes, de reservatórios, de vetores e a situação

epidemiológica da LTA, aliada ao conhecimento ainda insuficiente sobre vários

aspectos, evidencia a complexidade do controle desta endemia.

Page 23: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

23

Para definir as estratégias e a necessidade das ações de controle para cada

área de LTA a ser trabalhada, deverão ser considerados os aspectos

epidemiológicos, bem como seus determinantes.

Para tanto é necessário:

• a descrição dos casos de LTA segundo idade, sexo, forma clinica, local de

transmissão (domiciliar ou extradomiciliar);

• a distribuição espacial dos casos;

• a investigação na área de transmissão para conhecer e buscar estabelecer

determinantes, tais como: presença de animais, a fim de verificar possíveis fontes

alimentares

• delimitação e caracterização da área de transmissão.

Page 24: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

24

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal, de dados secundários, por

se tratar de um levantamento de dados que produz instantaneamente um “retrato”

da situação no momento que é feita a pesquisa, ou seja, dar um corte no fluxo

histórico da doença, evidenciando as suas características naquele momento

(ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).

Compreende os municípios do sertão Pernambucano da XI Gerência

Regional de Saúde, que é constituída pelos municípios de: Betânia, Calumbi,

Carnaubeira da Penha, Flores, Floresta, Itacuruba, Santa Cruz da Baixa Verde, São

José do Belmonte, Serra Talhada, e Triunfo. Com uma população total de 230.322

habitantes distribuídos em uma área geográfica de 12.259 Km2 com uma densidade

demográfica de 19 habitantes por Km2.

A população de estudo corresponde a todos os indivíduos residentes em

municípios da XI GERES, que foram notificados e confirmados como caso de

Leishmaniose Tegumentar Americana ou Visceral no Sistema de Informação de

Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2007 a 2010. Os municípios que não

aparecem nas tabelas não apresentaram notificação no período estudado.

Os dados foram obtidos da Unidade Técnica de Vigilância em Saúde da XI

GERES. Utilizando o banco de dados de casos notificados e confirmados de

leishmaniose tegumentar e visceral, integrantes do SINAN, no período de 2007 a

2010.

As variáveis foram selecionadas a partir da ficha de investigação da

leishmaniose tegumentar e visceral do SINAN (Anexos A e B), consideramos

relevantes observar das fichas de investigação da LTA e LV, os aspectos ligados a

município de notificação, data da notificação, idade, sexo, zona de residência,

procedimento diagnóstico, raça/cor, tipo de entrada, co-infecção com HIV, droga

inicial de tratamento e evolução do caso. As informações de presença de lesão e

forma clínica estão presentes apenas nas fichas de LTA e foram também objeto do

estudo.

Os dados coletados de consolidados de notificações de leishmaniose

tegumentar e visceral na XI Gerência Regional de Saúde, utilizando-se dados

públicos, a partir do SINAN, compreendendo o período de 2007 a 2010 nos sistemas

de informações, foram organizados em banco de dados elaborado através do

Page 25: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

25

programa MICROSOFT EXCEL XP, validado a partir de dupla digitação. O banco de

dados foi convertido em tabelas, gráficos e /ou quadros, nos quais constaram

valores absolutos e relativos.

Page 26: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os dados encontrados e comparando a incidência de e LTA

(12 casos) e LV(26 casos), constatamos que a LV apresentou uma incidência

consideravelmente maior, para o período estudado (LTA com 1,3/100.000 hab. e LV

com 2,82/100.000 hab. na média dos 4 anos), e que 04 municípios da regional de

saúde (Carnaubeira da Penha, São José do Belmonte, Serra Talhada e Triunfo)

apresentaram casos notificados e confirmados dos dois tipos de Leishmaniose e 3

apresentaram apenas casos de LV (Betânia, Calumbi e Flores). Chama-nos a

atenção o Município de Triunfo que apresentou uma incidência maior para a LTA

(9,5 na média dos 4 anos), provavelmente pelas suas peculiaridades geográficas,

grandes altitudes, áreas de matas preservadas e regiões de brejos que contribuem

para a proliferação do vetor, bem como grande densidade populacional

especialmente na zona rural do município.

Tabela 1- Distribuição dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana por município da XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010

Município/ano 2007 2008 2009 2010 Total

Carnaubeira da Penha 0 0 0 2 2

São José do Belmonte 0 1 1 0 2

Serra Talhada 1 0 0 1 2

Triunfo 1 3 1 1 6

Total 2 4 2 4 12

Fonte: SINAN, 2010.

Tabela 2- Distribuição dos casos de Leishmaniose Visceral por município da XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010

Município/ano 2007 2008 2009 2010 Total

Betânia 1 1 0 3 5

Calumbi 0 0 1 0 1

Carnaubeira da Penha 0 1 2 3 6

Flores 0 1 0 0 1

São José do Belmonte 0 1 3 0 4

Serra Talhada 0 0 2 3 5

Triunfo 0 2 0 2 4

Total Regional 1 6 8 11 26

Fonte: SINAN, 2010.

Page 27: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

27

Durante a série histórica de 2000 a 2008, no Estado, segundo dados do

SINAN, o número de notificações da LV vem apresentando tendência ao declínio,

sendo o ano de 2008, o de menor número de confirmações, com 68 casos. Já em

relação à amplitude do coeficiente de detecção no país no período analisado variou

entre 0 a 33,8 por 100.000 habitantes (ANDRADE, 2008), comparando com o

estudo, os dados apresentados da XI GERES, referentes a LV, vem apresentando

crescimento no número de notificações, ano a ano, no período estudado e a LTA

vem apresentando uma variação constante no número de casos .

Gráfico 1 - Distribuição do coeficiente de incidência (casos/100.000 hab.) da Leishmaniose Tegumentar por município da XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010 Fonte: SINAN, 2010.

0

5

10

15

20

25

30

2007 2008 2009 2010

Ano

Coe

ficiente

de Inc

idên

ca

Betânia

Calumbi

Carnaubeira da Penha

Flores

São José do Belmonte

Serra Talhada

Triunfo

Regional

Gráfico 2 - Distribuição do coeficiente de incidência (casos/100.000 hab.) da Leishmaniose Visceral por município da XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010. Fonte: SINAN, 2010.

02468

101214161820

2007 2008 2009 2010

Ano

Coeficiente de Incidênca

Carnaubeira da Penha

São José do Belmonte Serra TalhadaTriunfoRegional

Page 28: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

28

Os dados apresentados na pesquisa nos indicam que a LTA não apresenta

predominância em nenhuma das faixas etárias apontadas. Já a LV apresentou

predominância em pessoas com idade inferior aos 15 anos, podendo neste caso a

infecção estar associada aos riscos intra e peridomiciliares, de acordo com estudos

em 2004, a faixa etária mais acometida pela LTA foi a dos maiores de 10 anos com

aproximadamente 90% dos casos, (BRASIL, 2010). Observamos também que a falta

de informação nas notificações não nos permitiu fazer qualquer correlação se a

doença está relacionada ou não ao trabalho.

Gráfico 3 - Distribuição por faixa etária dos casos notificados Leishmaniose Tegumentar nos municípios da XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010 Fonte: SINAN, 2010.

Gráfico 04 - Distribuição por faixa etária dos casos notificados Leishmaniose Visceral dos municípios da XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010 Fonte: SINAN, 2010.

Quanto ao parâmetro sexo, nos casos notificados no período, podemos

observar a predominância, apesar de pequena, no sexo masculino, tanto da LTA

(58% masculino e 42% feminino) quanto na LV (54% masculino e 46% feminino),

corroborando com o perfil nacional da doença. No Brasil, os estudos mostram que

0 5

10 15 20 25 30

<1 Ano1 - 4anos

5 - 14anos15-24anos

25-34 anos

35-44 anos45-54 anos 65 anos e+

Faixa Etária

Série1

0 2 4 6 8

10 12 14

1 - 4 anos 5 - 14 anos

15-24anos 25-34 anos

35-44anos 45-54 anos

55-64 anos

Faixa Etária

Nº de Casos

Série1

Page 29: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

29

os indivíduos do sexo masculino representaram 60% dos casos do total registrado

(BRASIL, 2010).

58%

42%Masculino

Feminino

Gráfico 05 - Distribuição dos casos notificados de Leishmaniose tegumentar segundo sexo por município de residência na XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010 Fonte: SINAN, 2010.

54%

46% Masculino

Feminino

Gráfico 06 - Distribuição dos casos notificados de Leishmaniose Visceral segundo sexo por município residência na XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010 Fonte: SINAN, 2010.

A LTA e a LV apresentam maior número de casos na raça/cor parda e

branca, respectivamente, ressaltando-se que a variável raça/cor é auto-declarada, o

que dificulta a avaliação e a correlação da informação com outros parâmetros.

Page 30: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

30

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Branca Preta Amarela Parda Indígena

Raça/Cor

Nº de

Cas

os

LTA

LV

Gráfico 07 - Distribuição dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana e Visceral, segundo raça/Cor por município residência na XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010. Fonte: SINAN, 2010.

Encontramos aqui uma alta prevalência tanto da LTA quanto da LV na

zona rural dos municípios estudados, chama a atenção que quase a totalidade dos

casos da LV aconteceram na zona Rural, e a LTA apresenta um terço dos casos em

zona urbana e Periurbana, estudos realizados mostram que a partir de 2000,

verifica-se também um aumento da ocorrência de LTA no Sertão, o que demonstra

que a doença no estado de Pernambuco, apresenta não só um aumento no número

de casos, como também uma importante expansão espacial (PERNAMBUCO,

2002).

No Brasil, a LV inicialmente tinha um caráter eminentemente rural e, mais

recentemente, vem se expandindo para as áreas urbanas de médio e grande porte

(BRASIL, 2001).

Durante a pesquisa tentamos estabelecer uma correlação com ocupação do

indivíduo acometido, mas verificamos que o preenchimento inadequado das fichas

de notificação inviabilizou esta correlação.

Tabela 03- Distribuição dos casos de Leishmaniose Tegumentar por Zona por município de residência na XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010

Município / zona residência Urbana Rural Periurbana Total

Carnaubeira da Penha 1 1 0 2

São José do Belmonte 0 1 1 2

Serra Talhada 1 1 0 2

Triunfo 1 5 0 6

Total 3 8 1 12

Fonte: SINAN, 2010.

Page 31: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

31

Tabela 04- Casos de leishmaniose visceral por Zona segundo Município Residência na XI Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010

Município / zona residência Ign/Branco Urbana Rural Total

Betânia 0 0 5 5

Calumbi 0 1 0 1

Carnaubeira da Penha 0 0 6 6

Flores 0 0 1 1

São José do Belmonte 0 0 4 4

Serra Talhada 0 1 4 5

Triunfo 1 0 3 4

Total 1 2 23 26

Fonte: SINAN, 2010.

Outro indicador a co-infecção com HIV também foi verificado, porém tanto na

LTA quanto na LV em nenhum dos casos notificados encontramos indivíduos com a

co-infecção com HIV no período estudado.

Outro parâmetro que pode ser correlacionado entre a LTA e a LV é o tipo de

entrada, onde a totalidade dos casos de LTA fora registrada como caso novo. Já na

LV apenas 2 dos 26 casos notificados foram recidiva, os demais foram registrados

como casos novos. Os demais parâmetros tiveram de ser avaliados separadamente,

já que não constavam nas duas fichas de notificação.

Avaliando o parâmetro evolução, onde mais da metade dos casos,

encontrava-se como ignorado ou em branco, tornando impossível definir qual a

evolução da maioria dos casos notificados no período, apesar de verificarmos que

nos casos notificados corretamente a quase totalidade evoluiu para a cura, apenas

um caso de LTA evoluiu para óbito, porém por outra causa.

Page 32: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

32

Gráfico 8 - Evolução do caso de Leishmaniose Tegumentar Americana e Visceral segundo Município de Residência na Gerencia Regional de Saúde, PE, de 2007 a 2010. Fonte: SINAN, 2010.

Quanto ao diagnóstico verificamos a pouca realização do parasitológico direto

para o diagnóstico LV sendo preferido o diagnóstico imunológico.

Já no parâmetro tratamento verificamos que os casos notificados, no período,

tanto da LTA quanto da LV, vêem sendo tratados com o antimonial pentavalente

(antimoniato de meglumina – antimoniato de N-metilglucamina) e apresentando

evolução satisfatória, conforme demonstrado na tabela anterior de evolução dos

casos.

Com relação a LTA informações consideradas relevantes foram a forma

clínica, onde todos os casos notificados, no período, apresentaram a forma cutânea

como também a presença de lesão foi constante em todos os casos.

02468

10121416

Ign/Branco Cura Óbito por outracausa

Evolução dos Casos

Nº de Casos LTA

LV

Page 33: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

33

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão podemos observar aumento significativo no número de casos

notificados de Leishmaniose Visceral (LV) e uma estabilização no número de casos

notificados de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) entre os anos de 2007 e

2010, nos municípios da XI Gerencia Regional de Saúde, houve equilíbrio na

prevalência entre indivíduos do sexo masculino e feminino, com pequena

predominância para o sexo masculino. Além do que os casos notificados de LV

apresentam-se com o dobro dos casos de LTA. As faixas etárias inferiores a quinze

anos foram as mais acometidas pela LV , porém não encontramos predominância

em nenhuma faixa etária na LTA. Tanto na LTA quanto na LV quase todos os casos

evoluíram para a cura. Com relação a sazonalidade, acreditando que o período de

transmissão estaria relacionado com o período das chuvas na região, não

encontramos evidências da predominância do agravo em nenhum período específico

do ano.

Considerando-se a complexidade dos diversos fatores ligados a

enfermidade, características do agente, grande quantidade de reservatórios, tanto

selvagens quanto domésticos, população vulnerável, variedade e versatilidade dos

agentes transmissores, fragilidade nas ações de controle, tanto com relação aos

reservatórios quanto aos vetores e a dificuldade no diagnóstico e no tratamento das

leishmanioses torna-se evidente que muito tem que ser feito pela comunidade

científica no sentido de elucidar os tantos questionamentos a esse respeito e outro

tanto de ações por parte das autoridades, especialmente no sentido de definir e

implementar uma política pública capaz e comprometida com o controle da

leishmaniose, a doença atinge principalmente as populações pobres dos países, e

que embora existam métodos de diagnóstico e tratamento específicos, grande parte

da população não tem acesso a estes procedimentos, elevando os índices de

mortalidade.

Page 34: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

34

REFERÊNCIAS

AKILOV, O. E.; KHACHEMOUNE, A.; HASAN, T. Clinical manifestations and classification of old world cutaneous Leishmaniasis. Int J Dermatol , s.l. v. 46, p. 132-42, 2007. ANDRADE, T. A. S. de; OLIVEIRA, V. M. e; SILVEIRA, A. A. B. da. Levantamento Epidemiológico da Leishmaniose Visceral (LV) em Seres Humanos no Estado de Pernambuco - Brasil, de 2000 A 2008. In: IX Jornada de Ensino Pesquisa e Extensão – JAPEX , Recife, 2009. BARATA, R. A; et al. Aspectos da ecologia e do comportamento de flebotomíneos em área endêmica de leishmaniose visceral, Minas Gerais. Rev. Soc. Bras. Med.Trop. , v. 38, p. 421-425, 2005. BARRAL, A. et al. Leishmaniasis in Bahia, Brazil: evidence that Leishmania amazonensis produce a wide spectrum of clinical disease. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene , v. 44, p. 536-546, 1991. BOELAERT, M. et al. Multicenter evaluation of repeatability and reproducibility of the direct agglutination test for visceral leishmaniasis. Trop Med Int Health, v.4, p. 31-7.20, 1999. BRANDÃO-FILHO, S. P. et al. Epidemiological surveys confirm an increasing burden of cutaneous leishmaniasis in north-east Brazil. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 93, p. 488-494, 1999. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro Nacional de Epidemiologia. Leishmaniose Visceral no Brasil: situação atual, principais aspectos epidemiológicos, clínicos e medidas de controle. Boletim Epidemiológico., v. 6, p. 1-11, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância da leishmaniose tegumentar americana . 2ª ed. Brasília (DF), 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2. ed. 2010.180p.

Page 35: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

35

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral . Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.120 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral . Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília - DF, 2003. CASAVECCHIA, M.T.G. et al. A leishmaniose tegumentar sob a perspectiva do paciente. Resultado de uma prática educativa. Rev Bras Anal Clin ., v. 34, p. 233-39, 2002. CASTRO, E. A. et al. Eco-epidemiological survey of Leishmania (Viannia) braziliensis American cutaneous and mucocutaneous leishmaniasis in ribeira valley River. Paraná State. Brazil. ActaTropica, v. 93, p. 141-149, 2005. CEARÁ – Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Boletim Epidemiológico – Leishmaniose Visceral . 2007. 14p. COSTA, C. H. N.; VIEIRA, J. B. F. Mudanças no controle de leishmaniose visceral no Brasil. Ver. Soc. Bras.Med. Trop. , v. 34, p. 223-8, 2001. CROFT S.L; YARDLEY V; KENDRICK H. Drug sensitive of Leishmania species: some unresolved problems. Trans R Soc Trop Med Hyg ., v. S1, p. 127-9, 2002. DEANE L.M. Leishmaniose Visceral no Brasil . Serviço Nacional de Educação Sanitária. Rio de Janeiro, 1956. DEREURE J, et al. Haemoculture as a tool for diagnosing visceral leishmaniasis in HIV-negative and HIVpositive patients: interest for parasite identification. Bull World Health Organ, v. 76, p. 203-6, 1998. DUNAISKI, M. Epidemiologia da leishmaniose tegumentar americana na região do Vale do Ribeira – Paraná : cães reservatórios ou hospedeiros acidentais. Curitiba, 2006. EL-AMIN, E. R. et al. Serodiagnosis of Sudanese visceral and mucosal leishmaniasis: comparison of ELISA-immunofluorescence and indirect haemagglutination. Trans R Soc Trop Med Hyg, v. 80, p. 271-4, 1986.

Page 36: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

36

EVANS, T. G. et al. Canine visceral leishmaniasis in northeast Brazil: assessment of serodiagnosis methods. Am J Trop Med Hyg , v. 42, p. 118-23, 1990. FISA, R. et al. Nested PCR for diagnosis of canine leishmaniosis in peripheral blood, lymph node and bone marrow aspirates. Veterinary parasitology , v. 99, p. 105-11, 2001. FURTADO, T. A. Leishmaniose tegumentar americana. In: Machado-Pinto J, editor. Doenças infecciosas com manifestações dermatológica s. Rio de Janeiro: Medsi; p. 319-29; 334-6. 1994. GIL, A. C. Como Classificar as Pesquisas?. In: ____. Como Elaborar Projetos de Pesquisa . 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 41-57. GONTIJO, B; CARVALHO, M. L. R. American cutaneous Leishmaniasis. Rev Soc Bras Med Trop ., v. 36, p. 71-80, 2003. GONTIJO, C. M. F; MELO, M. N. Leishmaniose visceral no Brasil:quadro atual, desafios e perspectivas. Ver. Bras. Epi. São Paulo. v.7, p. 338-349, 2004. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Fundamentos da metodologia científica. 4. ed. SP. Atlas, 2007. LAINSON, R; SHAW, J. J. Evolution, classification and geographical distribution. In: Peters, W. Killick-Kendrich, R. (Eds) The Leishmaniases in Biology and Medicine. Academic Pres, London, p. 1-120, 1987. MARTY P, ROSENTHAL E. Treatment of visceral leishmanisis: a review of current treatment practices. Expert Opin Pharmacother, v. 3, p. 1101-8, 2002. MIRANDA, G. M. D. Leishmaniose Visceral em Pernambuco: a influência da urbanização e da desigualdade social. Dissertação de Mestrado em Saúde Pública. Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães. Fundação Oswaldo Cruz, Recife, p. 134, 2008. MODABBER, F. Tropical disease research : Progress 1991-92 eleventh programme report of the UNDP/WHO special Programme for Research (TDR). Geneva: WHO. p. 77-91, 1993.

Page 37: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

37

MONTEIRO, E. M; et al. Leishmaniose visceral: estudo de flebotomíneos e infecção canina em Montes Claros, Minas Gerais: Rev. Soc. Bras.Med.Trop., v. 38, p. 147- 152, 2005. MOREIRA, J. Botão endêmico dos países quentes. Brasil Med., v. 1, p. 100-1, 1906. ORGANISATION MONDIAL DE LA SANTÉ. Lutte contre les leishmanioses. Serie de repports techniques . Geneve:OMS, n. 793, 176p. 1990. PENNA, H. A. Leishmaniose visceral no Brasil . Bras Méd., v. 48, p. 949-50, 1934. PESSOA S.B. Classificação das leishmanioses e das espécies do gênero Leishmania. Arq Fac Hig. São Paulo, v. 26, p. 41-50, 1961. PERNAMBUCO. Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco. Leishmaniose tegumentar americana em Pernambuco. Diretoria de Informação da Secretaria Estadual de Saúde. Boletim Epidemiológico ., v. a.1, n. 3, 2002. PRASAD R, KUMAR R, JAISWAL BP, SINGH UK. Miltefosine: An oral drug for Visceral Leishmaniasis. Indian J Pediatr ., v. 71, p. 143-4, 2004. PUPPO, A. A; URSICH, M. J. M.; ROCHA, D. M. Estratégia do tratamento do diabetes. Rev Assoc Med Bras ., v. 32, n. 11-2, p. 208-12, 1986. RABELLO, E. Contribuições ao estudo da leishmaniose tegumentar no Brasil. I. Histórico e sinonímia. Annaes Brasileiros de Dermatologia e Syphilographia ., v. 1, p. 3-31, 1925. REINHOLD-CASTRO, K. R. et al. Avaliação de medidas de controle de flebotomíneos. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. , Uberaba, v. 41, n. 3, maio. /jun. 2008. ROSS, E. Notes on the bodies recently described by leishmann and Donovan. Britanic Medicine Journal , v. 2, p. 1261–1262, 1903. SANTOS, S. O. et al. Incrimination of Lutzomyia cruzi as a vector of American visceral. Entomology. v. 12, p. 315-317, 1998.

Page 38: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

38

SARAIVA, E. M; et al. The FMLvaccine (Leishmune®) against canine visceral leishmaniasis: A transmission blocking vaccine. Vaccine, v. 24, p. 2423-2431, 2006. SCHOONE, G.J. et al. A fast agglutination screening test (FAST) for detection of anti-Leishmania antibodies. Trans R S Trop Med Hyg., v. 95, p. 400-1, 2001. SHAW, J.J. Taxonomia do genero Leishmania. Conceito tradicionalista x conceito moderno. An Bras Dermatol . v. 60, p. 67-72, 1985. SUNDARS, R. A. I. M. Laboratory diagnosis of visceral Leishmaniasis. Clin Diagn Lab Immunol 2002; v. 9, p. 951-8, 2002. VALE, E. C. S; FURTADO, T. Leishmaniose tegumentar no Brasil: revisão histórica da origem, expansão e etiologia. An Bras Dermatol ., v. 80(4), p. 421-8, 2005. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Leishmaniasis : the global trend; 2009. Disponível em: <http://www.who.int/neglected_diseases/integrated_media_Leishmaniasis/en/index.html> Acesso em: 21 de Nov. 2010. WORLD HEALTH ORGANIZATION. The world health report 2001 . Geneva, 2001.

Page 39: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

39

ANEXOS

Page 40: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

40

ANEXO A Ficha de Investigação de Leishmaniose Tegumentar Americana- SINAN

Page 41: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

41

Page 42: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

42

ANEXO B - Ficha de Investigação de Leishmaniose Visceral- SINAN

Page 43: CLênio TCC- FUNDACAO OSWALDO CRUZ - Corrigido

43