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    C L I M A E A G R I C U L T U R A

    A vida na Terra existe numa zona estreita em que a Terra

    e o seu envelope gasoso, a atmosfera, se encontram. Por isso,

    as caractersticas da atmosfera determinam significativamente

    os tipos de organismos que podem desenvolver-se em cada lugar,

    em particular.

    A condio global da atmosfera durante curtos perodos de

    tempo, descrita como a combinao da sua temperatura, presso,

    teor de humidade e movimento referida vulgarmente como o

    tempo. O tempo , por conseguinte, o estado momentneo da at-

    mosfera sobre um determinado lugar e o estudo dos aspectos

    fsicos deste estado e dos acontecimentos com ele relacionados

    o objecto da meteorologia.

    A climatologia, por outro lado, descreve padres meteo-

    rolgicos ao longo do tempo e do espao; assim, o clima um

    compsito das condies meteorolgicas quotidianas, descritas

    quer pelos seus valores mdios quer pela sua variabilidade.

    principalmente o clima que d forma aos padres bsicos de es-

    trutura e funo dos ecossistemas e assim, limita os tipos de

    agroecossistemas que o homem pode estabelecer em substituio

    dos ecossistemas naturais.

    Na escala mais alargada, os meteorologistas e

    climatologistas preocupam-se com os processos que determinam

    padres de temperatura, precipitao e outras condies sobre

    reas geogrficas extensas. A anlise destes processos meteo-

    rolgicos em larga escala tem apenas o propsito de preparar a

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    discusso dos climas regionais e das oportunidades agrcolas

    por eles condicionadas.

    PRINCIPAIS PROCESSOS METEOROLGICOS

    Os principais processos meteorolgicos que determinam o

    padro de distribuio dos climas sobre a superfcie da terra

    so a radiao solar, a circulao atmosfrica e os mecanismos

    da precipitao. Estes processos esto obviamente intimamente

    correlacionados e actuam concertadamente na expresso do clima

    regional.

    RADIAO SOLAR

    O sol a fonte primria de energia para quase todo o

    trabalho realizado na ecosfera. A radiao solar espraia-se

    ao longo de um largo espectro de radiao ultravioleta,

    visvel e infravermelho prximo. (Ver fig. Espectro

    radiao). O valor total da recepo de energia solar, medida

    no topo da atmosfera de aproximadamente 2.00 cal/cm2/min1.

    Este valor varia pouco ( 1%) e , por isso, conhecido como a

    constante solar. A maior parte desta radiao ocorre nos

    comprimentos de onda entre 0.2 e 3.0 m.

    No topo da atmosfera, cerca de 7% da energia total

    recebida radiao ultravioleta (< 0.4m), cerca de 50% est

    concentrada na gama da radiao visvel (0.4 a 0.7 m) e a

    radiao restante est na gama do infravermelho prximo (> 0.7

    m).

    1 A tendncia actual de padronizar o emprego de unidades de medida de grandezasfsicas, ao abrigo de convenes internacionais, recomenda o emprego de unidades SI (Sistme

    International). Assim, dever-se- empregar W.m-2. Como cada W.m

    -2equivale a 698 cal.cm

    -2.min

    a constante solar equivale a 2.86 x10-5 W.m-2

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    Quando a radiao solar atravessa a atmosfera, certas

    pores do espectro so reduzidas pela absoro por certos

    constituintes da atmosfera. A maior parte da radiao

    ultravioleta, por exemplo, absorvida pela camada de ozono da

    estratosfera e certos comprimentos de onda na gama do

    infravermelho prximo so selectivamente absorvidos pela gua,

    pelo oxignio molecular e pelo dixido de carbono. Partculas

    em suspenso na atmosfera, por exemplo, poeiras e fumo, so

    responsveis por absoro de radiao quer visvel quer

    infravermelha, reduzindo assim, significativamente a parte da

    radiao solar incidente que atinge a superfcie terrestre.

    Sob condies de cu limpo, ao nvel do mar, a radiao solar

    incidente numa superfcie perpendicular ao fluxo de radiao

    no ultrapassa em mdia mais do que 1.4 cal.cm-2.min

    -1- uma

    reduo de cerca de 30%.

    A quantidade de radiao solar incidente na unidade de

    superfcie por unidade de tempo, designada por irradincia,

    tambm depende do ngulo de incidncia da radiao e do

    comprimento do seu trajecto atravs da atmosfera (espessura da

    atmosfera atravessada). Assim, medida que o ngulo de

    incidncia diminui, a radiao incidente espalha-se por uma

    superfcie maior, do que resulta uma menor quantidade de

    radiao por unidade de superfcie (lei de Beer ou do coseno)

    (ver fig.). Os raios oblquos tambm tm que atravessar uma

    camada de atmosfera mais espessa e como resultado, esto

    sujeitos a uma maior depleo por aco da absoro

    diferencial por gazes atmosfricos e partculas em suspenso

    (gotculas de gua, poeiras, etc.). Uma vez que o comprimento

    do dia e a variao do ngulo de incidncia so idnticos para

    todos os lugares com a mesma latitude, todos recebem

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    potencialmente a mesma quantidade de radiao solar2. Contudo,

    a insolao diminui medida que a latitude aumenta, donde

    locais a maiores latitudes recebem menor energia solar do que

    os locais a menores latitudes.

    As variaes estacionais na distribuio da radiao

    solar sobre a superfcie da terra so consequncia da

    inclinao do eixo de rotao e da revoluo da Terra em torno

    do Sol. Assim, ao longo do ano, a zona de mxima insolao

    oscila para Norte e para sul do Equador em relao com o

    ngulo de incidncia dos raios solares e com a durao do dia.

    Isto d origem a uma srie de curvas de insolao global que

    caracterizam a progresso estacional da insolao a diferentes

    latitudes (ver Fig.). A zona situada entre 23 27 N e S

    (zona intertropical) recebe um nvel quase constante e elevado

    de radiao solar com uma variao estacional mnima.

    Contudo, mesmo entre os trpicos h dois perodos de insolao

    mxima que coincidem com a passagem (aparente) do Sol

    directamente por cima. Nas latitudes mdias (entre 23 27 e

    66 e 33) h um perodo de mxima insolao que corresponde

    ao solstcio de Vero (21 de Junho) no Hemisfrio Norte e um

    perodo de insolao mnima que corresponde ao solstcio de

    Inverno (22 de Dezembro)3. A maior variao na insolao

    ocorre a latitudes superiores a 66 33, onde a insolao

    varia entre um mximo no solstcio de Vero (sol da meia

    noite) e zero no solstcio de Inverno (noite permanente).

    Da insolao que atinge a superfcie exterior da

    atmosfera, cerca de 35 por cento reflectido para o espao

    2 Esta radiao potencialmente recebida em qualquer lugar tambm chamada radiao ouinsolao astronmica e pode ser calculada em funo da latitude e da declinao solar que,por sua vez depende do dia do ano.

    3 Claro que no Hemisfrio sul a situao se inverte. O solstcio de Inverno em Junhoe o de vero, em Dezembro).

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    pelas nuvens, outros componentes da atmosfera e pela

    superfcie terrestre (esta quantidade de radiao reflectida

    de volta para o espao que constitui aquilo que se designa

    pelo albedo terrestre). Cerca de 14 por cento absorvido

    pela atmosfera (sobretudo pelo vapor de gua atmosfrico) e os

    51% remanescentes so absorvidos pela superfcie terrestre

    (massas de gua e superfcies continentais). A maior parte

    destes 51% so devolvidos atmosfera sob a forma de radiao

    de pequeno comprimento de onda ou de energia latente contida

    na gua evaporada. De facto, a atmosfera recebe muito mais

    calor sob estas formas do que directamente da energia solar

    incidente. Contudo, a quantidade de radiao que atinge a

    terra e se torna disponvel para aquecer a parte inferior da

    atmosfera muito mais varivel do que a que atinge a

    atmosfera exterior. As nuvens, por exemplo, reduzem marcada-

    mente a quantidade de energia solar que realmente chega

    superfcie terrestre. Esta variabilidade na insolao que

    atinge a superfcie terrestre exerce uma influncia

    determinante sobre o clima. Durante um perodo de cu limpo,

    por exemplo, o cho aquece rapidamente constituindo um

    reservatrio de calor que transfere calor para a atmosfera num

    subsequente dia nublado. A superfcie da terra , assim,

    imensamente importante no esquema global de transformaes de

    energia. A extenso em que qualquer rea da superfcie

    terrestre efectiva na absoro e re-radiao de energia

    solar depende da natureza da superfcie em questo. Por

    exemplo, a neve reflecte perto de 90% da radiao incidente,

    enquanto que um solo negro reflecte apenas 10%. A gua, de um

    modo geral reflecte mais radiao solar que o solo e, por sua

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    vez, os solos cobertos de vegetao aquecem e arrefecem mais

    lentamente do que os solos nus.

    CIRCULAO ATMOSFRICA

    A presso de um gs afectada pela sua temperatura. De

    um modo simples, o ar quente menos denso que o ar frio; por

    conseguinte, o ar quente sobe e substitudo por ar frio

    descendente. Assim, mesmo que a superfcie da terra fosse

    uniforme, as variaes estacionais e as diferenas

    latitudinais na insolao criariam diferenas suficientes no

    aquecimento das camadas inferiores da atmosfera, de modo a

    gerar padres de circulao atmosfrica em larga escala.

    Contudo, a superfcie da terra divide-se em partes desiguais

    em terra e gua, cujas propriedades fsicas resultam num ainda

    maior aquecimento diferencial, constituindo assim outra

    influncia importante no movimento atmosfrico. O calor

    especfico da gua

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    cerca de 2.5 vezes superior ao do solo.Alm disso, o transporte de calor em meio lquido feito

    sobretudo por conveco e turbulncia, enquanto que em meio

    slido, sobretudo a conduo molecular que assegura a

    transferncia de calor. Consequentemente, quer o aquecimento

    quer o arrefecimento de uma superfcie aqutica so muito mais

    lentos do que os de uma superfcie terrestre, resultando no

    facto conhecido de que as oscilaes dirias e mesmo

    estacionais da temperatura so muito menos pronunciadas sobre

    massas de gua do que sobre massas continentais. Uma fraco

    substancial da energia solar que chega Terra consumida

    pela evaporao da gua contida no solo, de grandes massas de

    gua e das folhas das plantas. Esta energia armazenada sob

    a forma de energia latente, contudo, retornando atmosfera

    4 Energia requerida para elevar a temperatura de um grama de gua de 1 C.

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    sempre que h condensao de vapor de gua. Isto traduz-se

    numa transferncia de energia das massas ocenicas, onde a

    evaporao elevada, para as massas continentais, onde, por

    seu lado, a condensao importante.

    Embora a atmosfera tenda a arrefecer medida que o calor

    radiado de volta para o espao, esta perda de calor

    contrabalanada por uma transferncia de calor da superfcie

    do solo para cima e pela condensao de vapor de gua nas

    camadas inferiores. Esta transferncia ascensional de energia

    a maior origem de combustvel para o motor trmico da

    atmosfera.

    Considerando as propriedades bsicas das troca de calor

    entre a terra e a atmosfera, em termos do gradiente

    latitudinal de insolao, torna-se claro que a tendncia da

    natureza para o equilbrio criaria transferncias de energia

    macias entre as regies equatoriais e polares, o que, por sua

    vez, causa de movimentos atmosfricos em larga escala. O

    maior aquecimento em torno do equador causa a expanso das

    camadas de ar junto superfcie e a sua subida, formando

    assim uma zona de baixas presses. O ar quente que sobe

    substitudo por ar mais frio que se desloca, junto da

    superfcie, na direco - equador, enquanto que as camadas

    superiores, pelo contrrio, se deslocam do equador para os

    plos. Por outro lado, porque a insolao muito baixa junto

    aos plos, o ar, nessas regies, arrefece muito marcadamente

    por radiao (de volta para o espao). O ar arrefecido desce

    e flui em direco ao equador junto superfcie.

    Contudo, a distncia entre a regio equatorial e as

    regies polares suficientemente grande para impedir que a

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    circulao se faa apenas deste modo unicelular. Em torno dos

    trinta graus de latitude existe uma outra zona de ar frio

    descendente e uma zona de ar quente ascendente junto dos 60

    graus de latitude. Assim, o sistema de circulao atmosfrico

    composto por vrias clulas de circulao (Fig.).

    Estas clulas de circulao atmosfrica criam uma srie

    de faixas latitudinais de circulao vertical que podem ser

    verificadas superfcie como regies de diferente presso

    atmosfrica. A presso atmosfrica normal, ou a fora que

    aplicada sobre a superfcie terrestre por uma coluna de ar que

    se estende desde o nvel do mar at ao topo da atmosfera,

    suficiente para suportar uma coluna de mercrio de 760 mm de

    altura (1013 mbar). Quando a atmosfera se contrai ou expande

    em resposta a arrefecimentos ou aquecimentos,

    respectivamente, a presso registada ao nvel do mar varia

    entre cerca de 982 e 1033 mbar. O globo terrestre pode ento

    ser dividido numa srie de bandas horizontais de baixas e

    altas presses, alternadamente. Estas bandas, por sua vez,

    quebrasse-se em consequncia de mudanas de presso que

    correspondem a diferenas no aquecimento do ar sobre os

    oceanos e os continentes. O padro global de presso

    atmosfrica assim mais rigorosamente descrito como uma srie

    de clulas de altas e baixas presses, alternadamente,

    especialmente no Hemisfrio Norte, onde a topografia das

    grandes massas continentais representa uma influncia muito

    importante.

    Do mesmo modo que a energia transferida entre corpos a

    temperaturas diferentes, o ar desloca-se entre reas de

    presses desiguais: este movimento o vento. Quanto maior

    for o gradiente entre clulas de presso, mais rapidamente o

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    ar se move de uma rea de alta presso para uma rea adjacente

    de baixa presso. Se o gradiente de presso fosse o nico

    factor determinante, os ventos soprariam sempre numa direco

    perpendicular a linhas imaginrias ligando reas de igual

    presso (isbaras). Contudo, a rotao da terra cria uma

    segunda fora (fora de Coriolis) que deflecte o fluxo,

    obrigando o vento a soprar numa direco oblqua relativamente

    s isbaras. Assim, os ventos so deflectidos para a direita

    de um gradiente de presso no Hemisfrio Norte e para a

    esquerda no Hemisfrio Sul. A Norte do Equador, o ar que flui

    de uma clula de altas presses deflectido no sentido dos

    ponteiros do relgio, formando um sistema divergente chamado

    um anticiclone. O ar que flui para uma clula de baixas

    presses deflectido no sentido contrrio dos ponteiros do

    relgio, formando um sistema convergente chamado ciclone.

    (Fig.)

    O efeito da fora de Coriolis no movimento atmosfrico em

    larga escala, origina uma srie de zonas latitudinais onde se

    podem identificar os ventos dominantes. (Fig.). Embora a

    realidade seja mais complexa, este padro geral domina a

    distribuio global de condies climticas. Alm da troca de

    energia entre massas de ar, a frico entre o ar em movimento

    e as superfcies ocenicas cria correntes martimas de

    primeira grandeza que redistribuem a grande quantidade de

    energia absorvida pelos oceanos tropicais. Todas as

    interrelaes entre temperatura, presso e o movimento de

    massas de ar, afecta no s a distribuio dos diferentes

    regimes trmicos e os sistemas de ventos, mas tambm o padro

    global dos movimentos de gua que estabelece a base do ciclo

    hidrolgico.

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    PRINCIPAIS MECANISMOS DA PRECIPITAO

    A capacidade de um dado volume de ar conter vapor de gua

    depende da sua temperatura e presso. A quantidade de vapor

    de gua no ar em relao mxima quantidade de vapor de gua

    que o ar pode conter a determinada temperatura chamada

    humidade relativa (100% de humidade relativa corresponde

    saturao). Temperatura e humidade relativa determinam assim,

    a capacidade de dissecao ou o poder evaporativo de uma massa

    de ar e afectam grandemente a taxa a que plantas e animais

    perdem humidade ou calor. medida que uma massa de ar

    arrefece, a sua capacidade de conter humidade diminui e,

    portanto, a sua humidade relativa aumenta. Assim que o ar

    atinge a saturao, no consegue arrefecer mais sem perder

    parte da humidade que contm. A temperatura a que o vapor de

    gua contido no ar comea a condensar chama-se ponto de

    orvalho. As gotculas de gua que se condensam nas

    superfcies mais frias do que o ar saturado circundante

    constituem o orvalho e podem ser uma fraco significativa da

    precipitao. assim claro que a gua resultante da

    evaporao contida em massas de ar insaturado,

    subsequentemente depositada sob uma das possveis formas de

    precipitao (chuva, neve, orvalho, granizo) quando a massa de

    ar arrefece suficientemente. O arrefecimento resulta

    primariamente do contacto com uma superfcie adjacente mais

    fria, do contacto ou mistura com uma massa mais fria, ou pelo

    que conhecido como arrefecimento adiabtico, isto , a

    mudana de temperatura que ocorre quando o ar sobe e se

    expande. A taxa de arrefecimento adiabtico de uma massa de

    ar insaturada de aproximadamente 1C por 100m de aumento de

    altitude. Uma massa de ar mais quente e, portanto mais leve

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    que o ar circundante tende a subir; medida que sobe,

    expande-se e arrefece. A subida continua at que a sua

    temperatura e presso igualem a do ar circundante. O

    arrefecimento que da resulta pode reduzir a temperatura de um

    extensa massa de gua abaixo do ponto de orvalho, provocando a

    condensao de vapor de gua. Quase toda a precipitao que

    ocorre na terra resulta do arrefecimento de ar ascendente. H

    trs mecanismos que causam a subida de massas de ar e, apesar

    de frequentemente, actuarem em conjunto, h a tendncia de

    classificar a precipitao de acordo com o mecanismo

    predominante de ascenso.

    Precipitao convectiva

    O ar superficial aquecido pelo oceano ou continente

    subjacente expande-se e comea a subir atravs do ar mais

    frio e mais pesado que o circunda. Porque o ar

    ascendente arrefece a um ritmo cerca de duas vezes mais

    rpido que o abaixamento normal de temperatura associado

    com a altitude, pode atingir a mesma temperatura que o ar

    circundante muito depressa, parando de subir. Todavia,

    se a subida inicial for suficientemente importante para

    baixar a temperatura abaixo do ponto de orvalho, a

    condensao resultante aquece a massa de ar, dando origem

    a que suba ainda mais. Esta forma de actividade

    convectiva responsvel por trovoadas. Em muitas partes

    do mundo, a precipitao convectiva a principal origem

    de precipitao. frequentemente benfica porque est

    geralmente associada a tempo quente, coincidindo com a

    estao de crescimento da maior parte das plantas

    cultivadas a precipitao conceptiva apresenta-se

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    geralmente sob a forma de chuva intensa que pode

    danificar quer a vegetao quer o solo.

    Precipitao orogrfica

    As massas de ar so tambm foradas a subir em

    consequncia de caractersticas topogrficas, tais como

    cadeias montanhosas, que se atravessam no seu percurso.

    medida que o ar forado a subir, arrefece, causando

    condensao. Onde quer que ao longo das margens

    ocidentais dos continentes haja cadeias montanhosas

    suficientemente altas, como acontece na Amrica do Norte

    e do Sul, o ar hmido vindo do oceano produz elevada

    precipitao nas encostas ocidentais. No lado oriental,

    contudo, h uma zona de fraca precipitao, chamada

    sombra de chuva, porque o ar desce e aquece acima do seu

    ponto de orvalho. A precipitao associada a

    caractersticas topogrficas frequentemente no apenas

    orogrfica, mas resulta tambm duma interaco complexa

    com correntes convectivas estimuladas pela topografia e a

    convergncia de correntes de ar horizontais.

    Precipitao frontal

    Sempre que duas massas de ar convergem, inevitvel

    algum movimento ascensional e o arrefecimento associado

    pode causar precipitao. Quando as massas de ar

    convergentes tm temperaturas semelhantes, como

    frequentemente o caso na zona de convergncia equatorial,

    os respectivos bordos so rapidamente deflectidos para

    cima e a precipitao resultante intensa e de curta

    durao. Nas temperaturas mdias as temperaturas das

    massas de ar convergentes so frequentemente bastante

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    diferentes. Quando isto acontece, o ar quente e hmido

    cavalga sobre o ar frio e mais pesado. Ao contrrio da

    ascenso convectiva, o ar quente sobe obliquamente e,

    mais devagar sobre a espcie de cutelo formada pelo bordo

    anterior da massa de ar frio. Esta subida e

    arrefecimentos mais lentos, resultam numa precipitao

    mais suave e de maior durao.

    A distribuio da precipitao pela superfcie terrestre

    depende largamente da circulao global da atmosfera. A chuva

    nos trpicos, por exemplo, sobretudo convectiva e causada

    pela convergncia dos ventos alsios que se neutralizam

    mutuamente, causando uma total ausncia de vento por perodos

    prolongados que constitua uma dificuldade importante

    navegao vela. A convergncia dos alsios associada

    conveco provocada pelo intenso aquecimento solar. medida

    que o sol se move para norte ou para sul as zonas de

    convergncia intertropical, mudam tambm, pelo que muitas

    reas perto do equador tm duas estaes hmidas quando o sol

    lhes est directamente por cima e duas estaes mais secas

    quadro o sol est inclinado para norte ou para sul. Um pouco

    mais longe do equador tende a predominar apenas uma nica

    estao hmida quando o sol est directamente por cima e uma

    estao seca quando o sol est do outro lado do equador.

    Contudo, as massas continentais quentes tendem a produzir

    clulas de baixas presses e o fluxo de ar martimo hmido

    dirigindo-se para terra pode produzir um padro de

    precipitao intensa durante todo o ano.

    Na proximidade dos 30 de latitude norte e sul o ar

    subsidente associado s clulas de altas presses subtropicais

    seco e quente; as principais regies ridas do mundo esto

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    por isso, localizadas nestas zonas. As massas continentais

    sob estas latitudes so muito pouco influenciadas pela

    precipitao provocada pela convergncia intertropical e as

    zonas frontais que se situam em cada um dos lados na direco

    dos plos. A margem virada para o equador ocasionalmente

    influenciada por chuvas tropicais durante o vero e o outro

    flanco recebe alguma precipitao durante o inverno causada

    por frentes que descem em direco ao equador mais do que o

    normal. Contudo, a maior parte da precipitao ocorre nas

    plancies junto costa e no interior, que pode ser

    extremamente seco, situam-se os grandes desertos do mundo (o

    Sara e o Kalahari em frica, o Atacama (Chile) e o Sonora

    (Mxico) na Amrica, o deserto da Arbia e do Mdio Oriente

    (sia) e o interior do Continente Australiano.

    As latitudes mdias (35 a 60) so muito influenciadas

    pelos ventos de Oeste (Westerlies) e a alternncia de clulas

    de altas e baixas presses que se movem de oeste para este, em

    torno do globo. As tempestades ciclnicas associadas com

    clulas de baixas presses, desenvolvem-se sobre os oceanos e

    movem-se em direco aos continentes. As massas de ar

    contrastantes de clulas adjacentes de altas e baixas presses

    originam uma aprecivel troca de energia e precipitao

    atravs de frentes que so varridas para este por uma

    circulao ondulante no hemisfrio norte e por uma circulao

    zonal e mais regular no hemisfrio sul. A circulao geral da

    atmosfera e as zonas caractersticas de subida e descida de

    massas de ar produzem uma srie de zonas gerais de

    precipitao ilustradas na Figura.

    As interrelaes entre oceanos e continentes, contudo,

    provocam uma grande variedade de padres azonais. Por

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    exemplo, as grandes clulas de muito baixas presses que se

    desenvolvem no hemisfrio norte com oceanos mais frios nos

    seus flancos meridionais produzem sistemas convectivos de

    escala gigantesca. Estes sistemas, chamados mones, produzem

    uma reverso regional dos ventos prevalecentes gerando grande

    intensidade de precipitao durante os meses de vero.