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http://www.brasilpost.com.br/paloma-franca-amorim/por-que-nao-cavalos_b_7107650.html

· Paloma Franca Amorim Favoritar Nasceu na Amazônia há 28 anos, em decorrência desse fato possui um coração de águas barrentas

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Em 'Why the Horse?', Maria Alice Vergueiro encena a própria morte Publicado: 24/04/2015 15:03 BRT Atualizado: 24/04/2015 15:03 BRT

Em cartaz até o dia 10 de maio no SESC Santana em São Paulo, o espetáculo "Why The Horse?" do

Grupo Pândega de Teatro, ataca um tema bastante discutido nas arenas teatrais: a morte - mas ao

contrário do fetiche romântico verificável em várias das encenações a propósito do tema, "Why The

Horse?" não é apresentada apenas como uma reflexão filosófica sobre a finitude da vida, pelo

contrário, no espetáculo a idéia da morte é construída sobre um alicerce real e prático incontestável: a

protagonista do espetáculo tem 80 anos e está, de fato, morrendo. Maria Alice Vergueiro além de ser a

diretora da peça, incorpora a si mesma e atua como anfitriã e homenageada no velório/cena.

A morte natural e social, diferentemente das datas de celebrações civis, de aniversários e até mesmo do

nascimento (que se manifesta passível de multiplicação simbólica em algumas culturas e religiões), é

um evento único, desfecho da atividade humana na realidade material. Abandono do mundo para que

o mundo continue a respirar. Os atores e as atrizes de "Why The Horse?" brincam com a qualidade

transitória do evento teatral e a possibilidade de usá-la a favor da operação minuciosa de reprodução, a

cada noite de espetáculo, da única ocasião da vida que não pode ser reproduzida. Maria Alice e o

Pândega se valem da contradição entre a idéia do repetitivo efêmero do teatro e do irrepetível eterno da

morte para constituir uma peça histórica de devaneios e esperança na cena como espaço de reflexão e

experiência estética urgente, revelando - muitas vezes de modo sarcástico - uma perspectiva da morte

que o dramalhão ocidental não nos permite enxergar.

No último dia 17 de abril tive a oportunidade de entrevistar Maria Alice sobre o espetáculo "Why The

Horse?" e o tema da morte:

Maria Alice, como é traçada essa relação entre o teatro e a morte neste happening-peça-

performance-despedida?

Minha morte é uma solenidade que a gente, o grupo, entendeu que seria bom fazer pra uma verificação

de quanto tempo eu poderia realizar esse trabalho até chegar realmente o momento da minha partida.

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E eu tenho como interesse que exista mesmo uma possibilidade de repetição. É claro que eu não vou

morrer todo dia naturalmente, então nós resolvemos que trabalharíamos com um texto, uma base de

ações, que poderia ser levado até as últimas consequências mas que a gente na verdade vai dominar

isso, esse problema, porque passa a ser um problema, né? Se você não pode repetir como repetir?

E como essa peça-problema se relaciona com a tua história no teatro?

Olha, na verdade, a minha história é permeada de temas que valem pra uma peça de teatro, valem pra

uma performance, pra um happening, porque trata-se de uma busca temática aberta. Mas sobre isso da

repetição, talvez seja uma vez mesmo que a gente faça. Na vida toda, na história toda. No caso dessa

peça, pode-se repetir se quiser perpetuar, mas não é recomendável, porque nesse caso a repetição não

tem nada que ver com essa ação, é uma ação esdrúxula.

A ação da peça "Why The Horse?" é esdrúxula e por isso temos um nó, porque ela não é

teatro e é teatro, ela é e não é um happening, é e não é a realidade - tudo ao mesmo

tempo e contraditoriamente.

Pode ser. Eu tenho um texto que é a letra de música do Brecht, "Ó Delícia de Começar", mas eu não

tenho a perspectiva de tratar esse texto de um modo reprodutivo, porque o ideal é se você realmente

não repetir e sim criar, ficar com isso como sendo uma forma de você atuar. Não é possível sempre

repetir.

A letra dessa canção fala sobre uma espécie de corpo-máquina, um corpo que é

alimentado pelo combustível do cigarro, da paixão, do óleo para começar o trabalho.

Como é estar em um corpo-máquina morrendo, em processo de partida?

É mesmo um processo de partida. Eu acho que é normal, entende? Porque a gente não vai ficar para

sempre mesmo. Se você encara isso ainda jovem vê de um jeito, se você encara isso em outro momento,

de forma mais delineada, percebe uma existência que você pode fazer vibrar dando um fim, uma

finitude nela. Eu acho que o assunto é mais possível de você elaborar à medida que você faça o ensaio

disso, né? Se você achar que vai fazer um ensaio disso, você está refletindo, elaborando, se

acostumando. Todos nós estamos nesse processo de morte, claro que quando você é mais velho, você

chega mais próximo. Eu estou muito calma, eu estou muito tranquila, não estou desesperada nem um

pouco. Achando até que isso pode ser uma forma de discernimento, uma forma de você se conhecer

melhor. Eu não me acho em perigo, eu acho que eu estou buscando ainda uma forma de me retirar do

processo da vida. Eu não tenho - por exemplo - pudor, medo, pelo contrário, eu estou agindo, agindo

como se nada tivesse acontecendo. Estamos juntos com o grupo, estamos fazendo piada. É uma forma -

como dizem - de chegar à vida e não se afastar dela. Isso está na peça. Você viu a peça? O que achou?

Acho que é um evento que não poderia ser repetido, porque é muito grandioso e muito

triste também. Eu não poderia assistir novamente à peça.

Por que?

Porque não consigo dar conta da vivência estética ali da morte.

Eu também. Eu também não conseguiria.

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h�p://spescoladeteatro.org.br/no�cias/ver.php?id=4710

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13/03/2015

Maria Alice Vergueiro traz morte ao palco em ‘Why the Horse?’

"Com sorte pode ser que eu morra em cena. Se não, estaremos de volta no dia seguinte”. É assim que Maria Alice

Vergueiro define o novo espetáculo. Com 80 anos, mal de Parkinson e dificuldade de locomoção, a atriz explica que

quer ensaiar a morte para não ser pega de surpresa. Assim, estreia dia 10 de abril, no Sesc Santana, o espetáculo

“Why the Horse?”, que dirige e atua ao lado de seus companheiros do Grupo Pândega de Teatro, o qual fundou com

Luciando Chirolli – também em cena – e Fábio Furtado, dramaturgo da obra.

O convite para o grupo fazer uma residência na SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco foi

onde a montagem começou a ser pensada. Maria Alice puxou seus pupilos num intenso mergulho na obra de Alejandro

Jodorowsky, uns dos seus dramaturgos contemporâneos preferidos, e do texto “Fim de Partida”, de Samuel Beckett.

Os debates formaram o embrião de “Why the Horse?”, aliados à manifestação do desejo de Maria Alice Vergueiro de

morrer em cena.

Contando ainda com Alexandre Magno, Carolina Splendore e Robson Catalunha no elenco, além de Luciano Chirolli e

Maria Alice Vergueiro, o espetáculo tem cenografia de J. C. Serroni, figurino de Telumi Helen e desenho de luz de

Guilherme Bonfanti, respectivamente coordenador e formadora do curso de Cenografia e Figurino e coordenador do

curso de Iluminação da SP Escola de Teatro.

Com duração de 60 minutos, o espetáculo é indicado para maiores de 16 anos e fica em cartaz até 10 de maio.

Serviço “Why the Horse?” Quando: de 10 de abril a 10 de maio, sextas e sábados, 21h; domingos e feriados, 18h Onde: Sesc Santana Rua Luiz Dumont Villares, 479 – Santana

Tel.: (11) 2971-8700.

www.sescsp.org.br

Ingresso: R$ 30,00 (inteira); R$ 15,00 (meia)

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h�p://redeglobo.globo.com/globoteatro/boca-de-cena/no�cia/2015/04/entrevista-com-maria-alice-vergueiro-o-

teatro-me-salvou-da-mediocridade.html

15/04/2015 15h51 - Atualizado em 15/04/2015 15h53

Entrevista com Maria Alice Vergueiro: 'O teatro me salvou da mediocridade' Aos 80 anos, a atriz encena ‘Why the Horse’ com o Grupo Pândega imprimir

Maria Alice entra em cena com colegas do Grupo Pândega (Foto: Divulgação)

Para o público com até 30 anos, o nome de Maria Alice Vergueiro está diretamente associado ao curta-metragem “Tapa

na Pantera” (2006), de Esmir Filho, que se tornou um dos primeiros vídeos a viralizar no YouTube no Brasil. O êxito

virtual é mais um marco das cinco décadas de carreira da atriz, que escreveu o seu nome no teatro brasileiro ao

participar da histórica montagem de "O Rei da Vela", com o Teat(r)o Oficina, e de fundar com Cacá Rosset o Teatro do

Ornitorrinco. E, aos 80 anos, ela não pensa em parar. Mesmo enfrentando um quadro de Parkinson e com dificuldades

de locomoção, ela busca o novo e encara o desafio de estrelar o espetáculo “Why the Horse”. Com dramaturgia de

Fabio Furtado e elenco formado pelos seus companheiros do Grupo Pândega, Maria Alice entra em cena em uma

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espécie de ensaio de sua própria morte. “Não sei qual é a morte ideal, mas morrer em cena deve ser uma boa!”, diverte-

se a atriz.

Você passou pelo Teat(r)o Oficina, onde estrelou a transgressora peça 'O Rei da Vela'. Sempre se sentiu uma

mulher à frente do seu tempo?

Foram os meus trabalhos artísticos que me mostraram esse outro mundo fora dos padrões convencionais. Foi o teatro

que me salvou da mediocridade.

Saiba dias e horários do espetáculo

Como o trabalho como professora influenciou a Maria Alice atriz? Você se sente ocupando essa função de

mestre junto à sua companhia ou ali todos são iguais?

Sempre tem um palco dentro da sala de aula. A influência que a professora teve foi justamente nesse sentido: fazia uma

conexão entre um lugar e outro e levava meus alunos para o teatro. Também me tornei mais seletiva com o

conhecimento didático; tanto em relação ao trabalho, quanto aos meus pares. Mas aqui com a companhia não sou uma

mestra, sou apenas uma mulher do grupo.

Atriz luta contra o Parkinson e não pretende se aposentar (Foto: Divulgação)

'Why the Horse' promove uma reflexão sobre o que é fazer teatro nos dias de hoje. Conseguiu descobrir o que

isso significa?

Estou achando muito complicado fazer teatro atualmente porque é algo cada vez mais burocrático. É difícil se

enquadrar nas leis e estamos até hoje esperando um patrocínio que deveria ter chegado no ano passado. Nós não temos

de onde tirar os recursos para produzir um espetáculo de qualidade, além de fazermos parte de um grupo que precisa de

manutenção. Mas a peça tem uma linguagem que está em constante processo e acredito que a grande reflexão proposta,

na verdade, é sobre a morte.

Levar para os palcos uma temática tão pessoal é difícil ou catártico? A morte ideal para você aconteceria em

cena?

Já insinuei hoje mesmo que morreria durante a apresentação. O teatro me acolheu de forma tão generosa que decidi

retribuir dando meu último suspiro nele. Não sei qual é a morte ideal, mas morrer em cena deve ser uma boa!

Ao longo destes 80 anos de uma vida dedicada à interpretação, qual a maior lição que você aprendeu? Se

alguém que estivesse começando te pedisse um conselho, qual seria?

Produza você mesmo, venda seu carro, faça o que for preciso. Não espere patrocínios ou editais. Corra riscos se a

intuição bater na porta dizendo que essa é uma peça que você precisa fazer!

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ajudar-o-outro.html

Maria Alice Vergueiro: “Não quero ser

heroína, quero ajudar o outro” - Edição 761

(17/04/2015) Uma das grandes atrizes do teatro brasileiro e conhecida pelo vídeo 'Tapa na Pantera', ela

encena o próprio enterro no palco. Aos 80 anos e portadora do mal de Parkinson, a artista

conta que acha normal pensar no dia em que não estiver mais viva

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Maria Alice Vergueiro é uma das principais atrizes do país e ganhou respeito profissional nos palcos do teatro

paulistano. Com apenas uma novela no currículo, a comédia Sassaricando (1987), ela conheceu o estrelato

nacional em 2006, quando protagonizou o vídeo Tapa na Pantera, sucesso da Internet no qual vive uma

personagem viciada em maconha.

Estrela de espetáculos alternativos, ela agora mostra toda sua ousadia na peça Why the Horse?, em cartaz no

Teatro Sesc Santana, em São Paulo. No palco, ela encena o próprio enterro.

A atriz em cena de 'O Tapa na Pantera' (Foto: Reprodução)

Em entrevista corajosa, a atriz conta como encara o mal de Parkinson, doença diagnosticada em 2002. Fala ainda

sobre sua relação com os dois filhos, a musicistaMaria Silvia Vergueiro, de 57 anos, e o empresário Roberto

Vergueiro, de 53, de seu casamento com o promotor públicoSilvio Barros de Almeida. E revela como superou

seus problemas com o álcool: “Eu marquei uma data: o dia em que parei de beber. Considero o dia do meu

nascimento.”

QUEM: Em Why the Horse?, você encena o próprio enterro. Por que a morte como tema?

Maria Alice Vergueiro: Depois que fiz a peça As Três Velhas (apresentada entre 2010 e 2013), fiquei

comprometida emocionalmente com um trabalho que fosse além. A minha personagem tinha 100 anos e era

mãe de gêmeos de 88 porque tinha sido estuprada aos 12. Quando chegou a hora de fazer mais um

espetáculo, pensei: o futuro é pesquisar a morte, já que não sou eterna e estou com 80 anos. A morte é um

grande tabu. Nem sei por que, mas é. A gente tem uma pessoa doente, morrendo, e esconde isso, não encara.

QUEM: Você teme a morte?

MAV: Vou responder com uma música do (Gilberto) Gil. “Não tenho medo da morte, mas sim tenho medo de

morrer”. Será que você pode entender o que isso quer dizer? A morte é para depois que você estiver pronto

para morrer.

QUEM: Como assim?

MAV: Acho que não vou conseguir, em vida, uma resposta para esse mundo que diz que há luz no fundo do

poço. Essas coisas todas não me pegam de uma maneira racional. Então, o I Ching dá a ideia certa: “Não mexa

com isso, viva o agora, aperfeiçoe-se no que você puder. Se você está fazendo teatro, faça um bom teatro”. Eu

tenho, na verdade, um problema a mais, tenho Parkinson. Dizem que não mexe com a sua cabeça, mas mexe

um pouco.

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QUEM: Que tipo de limitações o mal de Parkinson trouxe?

MAV: Não tenho tremedeira, mas o Parkinson me trouxe a limitação da fala. Minha voz era clara e o

pensamento, rápido. Não tenho mais aquela espontaneidade. Portanto, não são todos os papéis que posso

fazer agora.

QUEM: Quando descobriu?

MAV: Há 12 anos, comecei com um tremor na mão esquerda. Isso passou a me dar uma certa insegurança, eu

não me sentia tão à vontade porque vivo da voz e dos movimentos. Fiz uma cirurgia no cérebro para estimular

a enzima que vai na musculatura, para reverter o Parkinson. Ela é muito boa, mas me deu uma lentidão. Vejo

colegas que se submeteram a esse procedimento e que hoje fazem tricô. Mas elas não tinham, como eu, um

problema ortopédico (a atriz está se locomovendo com a ajuda de uma cadeira de rodas).

QUEM: Que problema?

MAV: No mesmo ano em que descobri o Parkinson, também soube que tinha um problema no joelho, nos

tendões. Senti uma dormência e uma fraqueza nessa região e comecei tratando com fisioterapia. No ano

passado, operei, coloquei próteses que substituem os tendões doentes, mas tive uma infecção hospitalar,

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essas próteses ficaram cheias de bactérias. Estou tomando antibiótico há oito meses. Depois da temporada

dessa peça, vou me submeter a uma nova cirurgia para trocar essas próteses.

QUEM: Em 1987 você fez Sassaricando, sua única novela. Foi uma opção sua não fazer carreira na TV?

MAV: Foi. Quem me deu o papel foi o Silvio de Abreu. Nós fizemos uma peça juntos no começo das nossas

carreiras. Foi uma experiência legal, mas eu queria me largar em coisas mais ousadas, então, investi mais no

teatro.

QUEM: Você se arrependeu dessa escolha em algum momento?

MAV: Às vezes, eu penso no que teria sido a vida se eu tivesse seguido a TV. Teria tido um sítio em tal lugar,

teria viajado mais... Eu vejo algumas colegas, não as que deram certo como atrizes de TV, como Gloria Pires

ou Fernanda Montenegro, mas outras que ficaram escorregando... No meu caso, eu sabia o que queria fazer e

fiz.

QUEM: Você tem uma carreira muito profícua no teatro. Conseguiu ser uma mãe presente?

MAV: Às vezes, eu penso que não fui nem mãe nem atriz, nem uma coisa nem outra. Gostaria muito de saber

até que ponto meus filhos foram trocados pelos palcos. Não sinto neles um ressentimento ou um pensamento

de que eu poderia ter sido uma mãe mais presente.

QUEM: Em 2006, você conheceu a fama com o vídeo Tapa na Pantera. Como foi?

MAV: Não tive consciência do tamanho que foi na época. Eu não tinha nem computador! Mas soube que as

pessoas assistiam ao vídeo: 500 mil pessoas, 1 milhão... Achei que era legal, pelo menos meus netinhos

poderiam me ver. Hoje eu reconheço a importância do vídeo: virei uma celebridade alternativa, porque mexia

com um tema complicado. As pessoas são hipócritas, mas é uma coisa velada. Achei engraçado.

QUEM: Você é a favor da legalização da maconha?

MAV: Claro, sou a favor. Mas não sou de sair com cartaz na rua. A bebida, por exemplo, é completamente

diferente de maconha, é uma coisa que derruba.

QUEM: Você já teve problemas com álcool. Como começou?

MAV: Foi na década de 60. Não lembro a razão, mas o meu ex-marido estava metido no meio. Percebi que

estava pedindo socorro, mas de uma outra maneira. Eu precisava mudar tudo na minha vida. Tinha 22 anos

quando me casei e vi que tinha tomado o bonde errado. Eu queria me dedicar à carreira artística e já tinha

empenhado minha vida a esse casamento que não tinha mais jeito. Mas seria injusto dizer que comecei a beber

somente por causa do meu ex-marido.

QUEM: Como superou a bebida?

MAV: Eu marquei uma data: 13 de dezembro de 1982, o dia em que parei de beber. Considero o dia do meu

nascimento. Eu estava muito xarope, tinha pensado em parar várias vezes, mas foi apenas no dia em que

entrei no Alcoólicos Anônimos que consegui. Cheguei lá nesse dia 13 e nunca mais bebi.

QUEM: Considera-se corajosa?

MAV: Às vezes, eu me acho até fraca. Mas não alimento a hipocrisia. Acho que posso ajudar muito mais os

meus amigos, ou um viciado em álcool, se eu disser as coisas. Falar sobre isso não faz de mim uma pessoa

corajosa. Não quero ser heroína, eu quero ajudar o outro, ser solidária.

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