Clozapina na psicose associada à doença de...
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Clozapina na psicose associada à
doença de Parkinson
Abril/2016
2016 Ministério da Saúde.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não
seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da CONITEC.
Informações:
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CONTEXTO
Em 28 de abril de 2011, foi publicada a Lei n° 12.401 que dispõe sobre a assistência
terapêutica e a incorporação de tecnologias em saúde no âmbito do SUS. Esta lei é um marco
para o SUS, pois define os critérios e prazos para a incorporação de tecnologias no sistema
público de saúde. Define, ainda, que o Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão
Nacional de Incorporação de Tecnologias – CONITEC, tem como atribuições a incorporação,
exclusão ou alteração de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a
constituição ou alteração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica.
Tendo em vista maior agilidade, transparência e eficiência na análise dos processos de
incorporação de tecnologias, a nova legislação fixa o prazo de 180 dias (prorrogáveis por mais
90 dias) para a tomada de decisão, bem como inclui a análise baseada em evidências, levando
em consideração aspectos como eficácia, acurácia, efetividade e segurança da tecnologia,
além da avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos custos em relação às
tecnologias já existentes.
A nova lei estabelece a exigência do registro prévio do produto na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) para que este possa ser avaliado para a incorporação no SUS.
Para regulamentar a composição, as competências e o funcionamento da CONITEC foi
publicado o Decreto n° 7.646 de 21 de dezembro de 2011. A estrutura de funcionamento da
CONITEC é composta por dois fóruns: Plenário e Secretaria-Executiva.
O Plenário é o fórum responsável pela emissão de recomendações para assessorar o
Ministério da Saúde na incorporação, exclusão ou alteração das tecnologias, no âmbito do
SUS, na constituição ou alteração de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas e na
atualização da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), instituída pelo
Decreto n° 7.508, de 28 de junho de 2011. É composto por treze membros, um representante
de cada Secretaria do Ministério da Saúde – sendo o indicado pela Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) o presidente do Plenário – e um representante de
cada uma das seguintes instituições: ANVISA, Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS,
Conselho Nacional de Saúde - CNS, Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS,
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde - CONASEMS e Conselho Federal de
Medicina - CFM.
Cabem à Secretaria-Executiva – exercida pelo Departamento de Gestão e Incorporação
de Tecnologias em Saúde (DGITS/SCTIE) – a gestão e a coordenação das atividades da
CONITEC, bem como a emissão deste relatório final sobre a tecnologia, que leva em
consideração as evidências científicas, a avaliação econômica e o impacto da incorporação da
tecnologia no SUS.
Todas as recomendações emitidas pelo Plenário são submetidas à consulta pública
(CP) pelo prazo de 20 dias, exceto em casos de urgência da matéria, quando a CP terá prazo de
10 dias. As contribuições e sugestões da consulta pública são organizadas e inseridas ao
relatório final da CONITEC, que, posteriormente, é encaminhado para o Secretário de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos para a tomada de decisão. O Secretário da SCTIE pode,
ainda, solicitar a realização de audiência pública antes da sua decisão.
Para a garantia da disponibilização das tecnologias incorporadas no SUS, o decreto
estipula um prazo de 180 dias para a efetivação de sua oferta à população brasileira.
SUMÁRIO
1. RESUMO EXECUTIVO ......................................................................................................... 4
2. A DOENÇA .......................................................................................................................... 5
2.1. ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DA DOENÇA ................................................... 5
2.2. TRATAMENTO RECOMENDADO ........................................................................................ 6
3. A TECNOLOGIA .................................................................................................................. 8
4. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS .................................................................................................. 11
5. IMPACTO ORÇAMENTÁRIO ............................................................................................... 29
6. RECOMENDAÇÃO DE INCORPORAÇÃO EM OUTROS PAÍSES .......................................... 39
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 40
8. RECOMENDAÇÃO DA CONITEC ....................................................................................... 40
9. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 41
1. RESUMO EXECUTIVO
Tecnologia: clozapina.
Indicação: Psicose associada à doença de Parkinson.
Demandante: Secretaria de Atenção à Saúde – SAS/MS.
Contexto: Ao se delinear a revisão do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da
doença de Parkinson (DP), observou-se a necessidade de garantir também o acesso ao
tratamento com o antipsicótico clozapina, hoje disponível no SUS para o tratamento de
esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo. A clozapina é um antipsicótico atípico, assim
denominado por não possuir quase nenhum efeito extrapiramidal, possibilitando o tratamento
da psicose na DP, sem reduzir a função motora destes pacientes. No Brasil, possui registro e
comercialização aprovados pela Anvisa para, dentre outras indicações, a psicose na DP[1]
Pergunta: A clozapina é eficaz e segura no tratamento da psicose associada à doença de
Parkinson?
Evidências científicas: A maioria dos estudos selecionados tem graves problemas
metodológicos, incluindo um pequeno número de participantes, avaliação contra
medicamentos não considerados padrão-ouro ou comprovadamente ineficazes, como o caso
da olanzapina, e delineamento aberto. A melhor evidência atualmente disponível sobre
eficácia e segurança deste medicamento no tratamento de sintomas psicóticos associados à
DP é baseada em dois estudos clínicos randomizados contra placebo, com tempo de
seguimento relativamente curto. Todavia, poderia dar suporte à recomendação o fato de que
essa situação clínica é um fator que influencia negativamente no desfecho da doença de base,
com aumento da dependência, das hospitalizações em casas de saúde e da mortalidade, e
ainda que não há alternativas com maior evidência de benefício e segurança.
Impacto orçamentário: A disponibilização da clozapina para a psicose associada à DP pode
gerar um impacto orçamentário anual próximo de R$ 3 milhões, com uma probabilidade de
100% de estar abaixo de R$ 10 milhões. Ao longo de 3 anos de incorporação, o impacto total
pode alcançar valores de R$ 4.980.913,67 a R$ 12.050.684,21.
Recomendação de incorporação em outros países: O NICE (Reino Unido) recomenda o uso da
clozapina no tratamento de sintomas psicóticos em uma de suas diretrizes clínicas referentes à
doença de Parkinson.
Recomendação da Conitec: A matéria será disponibilizada em Consulta Pública com
recomendação preliminar favorável à incorporação.
2. A DOENÇA
2.1. Aspectos clínicos e epidemiológicos da doença
A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa, cujas principais
características motoras são a presença de bradicinesia, rigidez, tremor e instabilidade postural.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que aproximadamente 1% da
população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença. No Brasil, estima-se que cerca
de 200 mil pessoas sofram com o problema. Além dos achados motores uma série de
manifestações não motoras podem estar presentes. Entre estas, sintomas psicóticos podem
estar presentes à medida que a doença progride.
Os episódios psicóticos na DP estão frequentemente associados ao uso de
medicamentos antiparkinsonianos, especialmente os anticolinérgicos. Além dos
anticolinérgicos os inibidores da MAO, a amantadina e os agonistas dopaminérgicos podem
ocasionar sintomas psicóticos na DP.
A frequência de sintomas psicóticos na DP varia entre 15% a 40%. Apresenta-se
geralmente, na forma de ilusões ou alucinações visuais. Podem ocorrer também delírios,
usualmente de conteúdo paranoide, com sensação de perigo iminente.Os sintomas psicóticos
ocorrem mais frequentemente a medida que a doença progride e na presença de prejuízos
cognitivos associados. Episódios de confusão e desorientação podem ocorrer
concomitantemente. A presença de sintomas psicóticos na DP acarreta uma sobrecarga aos
familiares e cuidadores e é causa de transferência precoce para casas de saúde e de aumento
da mortalidade [2–6].
Sabe-se que fatores intrínsecos à própria doença participam também na gênese da
psicose. Entre os diversos fatores intrínsecos que contribuem para o aparecimento e
agravamento dos sintomas psicóticos estão: presença de prejuízo cognitivo;a idade avançada;
presença de déficits visuais; presença de distúrbios do sono associados; presença de
intercorrências clínicas associadas. Do ponto de vista anatomopatológico o aparecimento de
sintomas psicóticos está relacionado com deposito de corpos de Lewy mais difusamente no
sistema nervoso central, havendo especialmente envolvimento de áreas do lobo temporal
e/ou occipital [5]. Acredita-se que deficiência cortical colinérgica possa também contribuir
para aparecimento de sintomas psicóticos. Estas alterações associadas ao uso de
medicamentos antiparkinsonianos criam, no cérebro, as condições para a emergência de
sintomas psicóticos [4].
2.2. Tratamento recomendado
O tratamento dos sintomas psicóticos nos pacientes com DP é difícil e desafiador. A
primeira estratégia terapêutica é identificar e tratar situações clínicas concomitantes que
podem contribuir para o aparecimento dos mesmos, tais como quadros infecciosos, distúrbios
hidroeletrolíticos, etc. Sempre que possível deve-se retirar e/ou reduzir medicamentos com
ação anticolinérgica. Outros antiparkinsonianos tais como a amantadina, os inibidores da
MAO, e os agonistas dopaminérgicos devem também quando possível e tolerável serem
reduzidos e/ou retirados. Se os sintomas psicóticos forem graves e/ou persistentes o uso de
antipsicóticos deve ser considerado [4,5,7,8].
O uso de antipsicóticos tradicionais, como haloperidol e clorpromazina, é contra-
indicado em pacientes com DP, devido ao risco de agravar os distúrbios motores pelo bloqueio
dos receptores estriados D2. Antipsicóticos mais recentes possuem perfil farmacodinâmico
diferente, com menos efeitos extrapiramidais, justificando estudos com esses agentes como
alternativas em pacientes com DP. Agem em receptores dopaminérgicos límbicos
(principalmente D3 e D4), sem bloqueio dos receptores estriados D2, resultando em menos
sintomas motores na DP, sendo denominados atípicos por esta razão [5]. No entanto, mesmo
alguns antipsicóticos de segunda geração que apresentam menor bloqueio dopaminérgico de
receptores D2, tais como risperidona, olanzapina, ziprasidona e aripiprazol, podem exacerbar
parkinsonismo oferecendo riscos na DP.
O tratamento dos sintomas psicóticos na DP é essencial, pois sabe-se que estão
associados a maiores taxas de mortalidade, a piora do estado cognitivo e da qualidade de vida.
Em decorrência da influência negativa dos mesmos no desfecho final da doença o tratamento
precoce é recomendado, ou seja, tão logo sejam detectados o aparecimento de sintomas
psicóticos [5]. A clozapina é um antipsicótico atípico, assim denominado por não possuir quase
nenhum efeito extrapiramidal, possibilitando o tratamento da psicose na DP, sem reduzir a
função motora destes pacientes. Ela permite que os pacientes permaneçam mais tempo sem
necessidade de internações hospitalares ou institucionalizações. Além disso facilita o cuidado
de pacientes nas casas de saúde, melhorando o bem-estar e a qualidade de vida do paciente e
cuidadores [4,8].
Na doença de Parkinson, a indicação aprovada em bula para a clozapina inclui a
necessidade do resultado insatisfatório do tratamento padrão, definido como a ausência do
controle dos sintomas psicóticos ou o início da deterioração motora funcionalmente
inaceitável ocorrida após as seguintes medidas[1]:
Retirada da medicação anticolinérgica incluindo antidepressivos tricíclicos;
Tentativa de redução da dose do medicamento antiparkinsoniano com efeito
dopaminérgico.
Embora seu mecanismo de ação não seja conhecido, sabe-se que a clozapina se liga
fracamente e transitoriamente aos receptores dopaminérgicos D2. Não induz catalepsia nem
inibe a estereotipia apomorfina-induzida nos modelos animais, vista com os antipsicóticos
tradicionais, o que explica sua baixa potência para produzir anormalidades dos movimentos,
diferente dos antagonistas D2 da dopamina que se ligam fortemente a estes receptores, como
o haloperidol. A clozapina também se liga aos receptores D1, D3 e D5 e tem alta afinidade
pelos receptores D4, mas estas afinidades não estão bem explicadas. Ela também interage com
receptores da histamina H1, com os receptores muscarínicos anticolinérgicos M1 e com os
receptores da serotonina 5-HT2A, 5-HT2C, 5HT6, e 5-HT7 e com os adrenoreceptores alfa-1.
Hipotensão postural, sedação e aumento do apetite podem refletir as ações em alguns destes
receptores [9].
É bem absorvida após ingestão via oral. O metabolismo de primeira passagem reduz a
sua biodisponibilidade em 60 a 70%. O alimento tem pouca influência na sua absorção. A meia-
vida de eliminação é em média de 14 horas em condições estáveis, mas há bastante variação
individual [9]. Ela é extensamente metabolizada pelo citocromo P450 hepático e excretada
pela urina e fezes. O citocromo P450 1A2 é o principal responsável pelo seu metabolismo.
Agentes que induzem o citocromo CYP1A2, como cigarro, aumentam o metabolismo da
clozapina. Os tabagistas precisam duas vezes a dose dos não fumantes para alcançar os
mesmos níveis sanguíneos. Agentes que inibem o CYP1A2 (teofilina, ciprofloxacina, por
exemplo) diminuem o metabolismo da clozapina e podem produzir toxicidade clínica nas doses
normais. O seu maior metabólito é a norclozapina que não mostrou nenhuma atividade
terapêutica nos estudos realizados [9].
Ao se delinear a revisão do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da
doença de Parkinson, observou-se a necessidade de garantir também o acesso ao tratamento
com o antipsicótico clozapina, hoje disponível no SUS para o tratamento de esquizofrenia e
transtorno esquizoafetivo. Dessa forma, serão aqui apresentados dados e análises das
evidências disponíveis sobre esse uso da clozapina, fornecidos pelo Grupo Elaborador
responsável pela revisão do PCDT da doença de Parkinson. Adicionalmente, é também
apresentada a estimativa de impacto orçamentário dessa ampliação de cobertura elaborada
pelo Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS/SCTIE/MS).
3. A TECNOLOGIA
Tipo: Medicamento
Princípio Ativo: clozapina
Nome comercial: Leponex®, Pinazan®
Fabricante: NOVARTIS BIOCIENCIAS S.A; CRISTÁLIA PRODUTOS QUÍMICOS
FARMACÊUTICOS LTDA.
Indicação aprovada na Anvisa: A clozapina possui registro e comercialização aprovados
pela Anvisa para[1]:
Esquizofrenia resistente ao tratamento: pacientes com esquizofrenia que não
respondem ou são intolerantes a outros antipsicóticos;
Risco de comportamento suicida recorrente: pacientes com esquizofrenia ou
transtorno esquizoafetivo, quando considerados sob risco de repetir o
comportamento suicida, baseado no histórico e estado clínico recente;
Psicose durante a doença de Parkinson: transtornos psicóticos ocorridos
durante a doença de Parkinson, quando o tratamento padrão não obteve
resultado satisfatório.
Indicação proposta pelo demandante: Psicose associada à DP que não responde à
redução dos antiparkinsonianos.
Posologia e Forma de Administração: A dose inicial não deve exceder 12,5 mg/dia
(metade do comprimido de 25 mg), administrada à noite. Os aumentos de dose subsequentes
devem ser de 12,5 mg por vez, devendo ocorrer no máximo dois aumentos de dose em uma
semana sem ultrapassar a dose de 50 mg, que também não deve ser alcançada até o final da
segunda semana. A dosagem diária total deve ser administrada, preferencialmente, como dose
única no período da noite [1].
Patente: Sem patente vigente.
Preço proposto para incorporação:
*Preço praticado pelo Ministério da Saúde, em consulta ao registro no Banco de Preços, compra de março de 2015[10]. ** PMVG 0% = Preço Fábrica (PF) aprovado pela CMED, com aplicação do Coeficiente de Adequação de Preço (CAP) e insenção de ICMS.
APRESENTAÇÃO Preço proposto para a
incorporação*
Preço Máximo de Venda ao Governo
(PMVG 0%) **
Comprimido com 25 mg de clozapina R$ 0,32 R$ 0,67
Contraindicações: A clozapina é contraindicada em casos de[1]:
• Hipersensibilidade conhecida à clozapina ou a outros excipientes da formulação de
clozapina comprimidos;
• Pacientes nos quais hemogramas regulares são contra-indicados;
•Pacientes com antecedentes de granulocitopenia/agranulocitose tóxica ou
idiossincrática (com exceção de granulocitopenia/agranulocitose causadas por quimioterapia
prévia);
• Transtornos hematopoiéticos;
• Epilepsia não controlada;
• Psicoses alcoólicas e tóxicas, intoxicação por drogas, afecções comatosas;
• Colapso circulatório e/ou depressão do SNC de qualquer origem;
• Transtornos renais ou cardíacos graves (miocardite, por exemplo);
• Hepatopatia ativa associada à náusea, anorexia ou icterícia; hepatopatia progressiva;
insuficiência hepática;
• Íleo paralítico;
• Pacientes com transtornos renais ou cardíacos graves (miocardite, por exemplo).
• Pacientes com hepatopatia ativa associada à náusea, anorexia ou icterícia,
hepatopatia progressiva ou insuficiência hepática.
Precauções: A clozapina pode causar agranulocitose fatal em 1 a 2% dos pacientes
expostos. Por esta razão, é obrigatória a realização de leucograma semanal nos pacientes que
fazem uso deste medicamento, nos primeiros 6 meses de administração. O período de maior
risco são os três primeiros meses de uso, devido à destruição de leucócitos ou suspensão
seletiva completa da produção do precursor intermediário dos neutrófilos na medula óssea. É
uma reação idiossincrática, portanto não relacionada à dose. Nos seis meses seguintes de uso,
o controle do hemograma deve ser feito de 15/15 dias e, após, mensalmente enquanto durar
o tratamento. Orienta-se fazer mais um hemograma um mês após a suspensão da clozapina
[8,9,11,12]. Assim, antes do início do tratamento, uma avaliação clínica geral deve ser feita,
incluindo exame físico, sinais vitais, peso e altura, hemograma completo [9].
A neutropenia grave é definida como contagem absoluta de neutrófilos menor do que
500/mm3, que pode levar a infecção e morte. Antes de iniciar o tratamento com clozapina,
uma contagem basal deve ser de no mínimo 1.500/mm3 para a população geral e pelo menos
de 1.000/mm3 para os pacientes com neutropenia étnica benigna documentada. Durante o
tratamento as avaliações semanais deve ser realizadas e o paciente orientado a relatar
imediatamente sintomas consistentes com neutropenias ou infecções, quais sejam, febre,
fraqueza, letargia, dor de garganta [1].
Durante o tratamento com clozapina pode ocorrer hipotensão postural, bradicardia,
síncope e parada cardíaca. Assim, deve-se usar a clozapina com precaução nos pacientes com
doença cardiovascular.O risco é maior no início do tratamento e se a dose é aumentada
rapidamente. Por isso recomenda-se iniciar com doses baixas e aumentá-las lentamente [1].
Convulsões podem ocorrer e o evento adverso é dose-dependente. Recomenda-se
usar com cuidado em pacientes com história de convulsões ou predisposição, como patologia
do SNC ou abuso de álcool [1].
Miocardite fatal e miocardiopatia são eventos adversos raros. A suspeita acontece se
sintomas de dor no peito, taquicardia, palpitações, dispneia, febre, hipotensão, sintomas
parecidos com gripe ou alterações no ECG acontecem. Recomenda-se suspender o tratamento
e fazer uma avaliação cardiológica. A retomada da clozapina não é aconselhada [1].
Efeitos adversos comuns que ocorrem em mais de 10% das vezes e que
frequentemente interferem com a terapia incluem taquicardia (25%), sedação (39 a 46%),
tonturas (19 a 27%), insônia (2 a 20%), sialorréia (31 a 48%), ganho de peso (4 a 31%),
constipação (14 a 25%), náuseas e vômitos (3 a 17%) [1,3].
Efeitos adversos menos frequentes: hipotensão (9%), síncope (6%), cefaleia (7%),
confusão (3%) [1]. A hipersensibilidade à clozapina contraindica seu uso [1].
A dose deve ser mantida baixa, menor do que 50 mg/dia com vigilância hematológica
permanente. Embora seja possível que alguns pacientes se beneficiem com doses maiores que
100 mg/dia, pode haver piora dos sintomas extrapiramidais e estas doses não são
recomendadas [2].
O Food and Drug Administration (FDA) fez modificações em setembro de 2015[13] nas
orientações sobre as necessidades de monitorização, prescrição e dispensação da clozapina
para os pacientes esquizofrênicos, com o objetivo de segurança permanente quanto ao
conhecimento atualizado sobre a neutropenia grave que este medicamento pode causar e o
risco de vida intrínseco. Sendo assim, há um programa em que todos os pacientes que usam a
clozapina são registrados num cadastro único que facilita a monitorização e o manejo desta
complicação. Neste programa, os parâmetros do controle da neutropenia e suspensão da
clozapina baseiam-se em número absoluto de neutrófilos. Na população em geral, suspende-
se o tratamento quando a neutropenia relacionada à clozapina apresentar número de células
menor do que 1.000/mm3. Em casos de neutropenia étnica benigna esta interrupção pode
ocorrer quando os neutrófilos baixarem de 500/mm3.
4. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS
Demandante: Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS)
O objetivo deste relatório é analisar as evidências científicas apresentadas sobre
eficácia, segurança e impacto orçamentário da clozapina, para o tratamento da psicose
associada à doença de Parkinson, visando avaliar a sua incorporação no Sistema Único de
Saúde.
Busca por evidências
Para a busca de evidências, foram priorizadas as Revisões Sistemáticas e, sendo uma
pergunta no campo de terapia, o delineamento adotado dos estudos primários foi,
preferencialmente, o Ensaio Clínico Randomizado (ECR).
A busca preferencial por revisões sistemáticas está de acordo com as diretrizes de
Pereceres Técnico-Científicos do Ministério da Saúde [14]. Para tanto, além de bases de dados
abrangentes (MEDLINE e EMBASE), foram consultadas fontes especializadas na divulgação
desse tipo de estudo (Cochrane Library e o Centre for Reviews and Dissemination). A partir dos
descritores e filtros específicos de cada base, foram elaboradas as estratégias de busca, as
quais se ecnontram descritas com seus resultados no
Quadro 1.
QUADRO 1. ESTRATÉGIA DE BUSCA E RESULTADOS
Base Estratégia Localizados Selecionados
Medline (via PubMed)
"Parkinson Disease"[Mesh]) AND "Clozapine"[Mesh] Filters: Meta-Analysis, Randomized Controlled Trial, Systematic Reviews, Humans, English, Portuguese, Spanish
17 11 artigos Motivo exclusões: - 1 excluído por ser revisão não sistemática; - 2 por tratarem de discinesias e distúrbios do movimento na DP; - 1 por tratar de psicose em idosos; - 1 por ter número de participantes muito baixo, n=6; - 1 não foi localizado. 8 artigos coincidiram com a busca EMBASE.
Cochrane (via Bireme)
Parkinson disease and Psychosis – systematic review
33 Todos excluídos - 1 apenas relacionado ao tema, mas excluído por se tratar de protocolo para revisão e não a revisão propriamente dita.
Embase 'parkinson disease'/exp AND 'clozapine'/exp AND ([cochrane review]/lim OR [systematic review]/lim OR [randomized controlled trial]/lim OR [meta analysis]/lim) AND ([english]/lim OR [portuguese]/lim OR [spanish]/lim) AND [humans]/lim AND [embase]/lim
73 8 artigos (todos coincidentes com a busca do
PUBMED). Motivo exclusões: - 65 excluídos por tratarem de outras doenças, como depressão, esquizofrenia, ADHD, dor crônica, sialorréia, demência ou distúrbios do sono ou por tratarem de outros medicamentos como pimavanserina, risperidona, pramipexole, rotigotine, quetiapina, rivastigmina ou por não serem estudos clínicos randomizados ou revisões sistemáticas.
Resultados
A maioria dos estudos selecionados tem graves problemas metodológicos, incluindo
um pequeno número de participantes, avaliação contra medicamentos não considerados
padrão-ouro ou comprovadamente ineficazes, como o caso da olanzapina, e delineamento
aberto. A melhor evidência atualmente disponível sobre eficácia e segurança deste
medicamento no tratamento de sintomas psicóticos associados à DP é baseada em dois
estudos clínicos randomizados contra placebo, com tempo de seguimento relativamente curto.
Não é possível fazer afirmações sobre a segurança e a eficácia do tratamento em longo prazo,
como seria desejável, sendo essa uma doença crônica. Os desfechos são avaliados de forma
heterogênea, com diferentes escalas empregadas entre os estudos, e a relevância clínica das
diferenças nos escores não está adequadamente explicitada.
A seguir, apresenta-se o resumo dos estudos selecionados com seus achados e suas
respectivas limitações metodológicas (Quadro 2):
QUADRO 2. RESUMO DAS EVIDÊNCIAS
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
Pintor, L. ET al 2012[5]
Estudo clínico randomizado prospectivo mono-cego, aberto, comparativo entre ziprasidona e clozapina para avaliar a eficácia e segurança. Tempo de seguimento: 4 semanas. n: 8 com Clozapina n: 8 com Ziprasidona Doses: Clozapina: 12,5 mg até 100 mg 1x/dia. Ziprasidona: 20 mg até máximo de 80 mg 1x/dia. Doses decididas pelo psiquiatra, conforme resposta dos sintomas a cada revisão, ou seja, a dose era aumentada na ausência de redução de escore na Avaliação de Sintomas Positivos (SAPS) em pelo menos 25% do esperado. Critérios exclusão baseados em efeitos adversos dos medicamentos: sem efeito
Exame psiquiátrico e neurológico no início e em 7, 14 e 30 dias. O status cognitivo e psiquiátrico foi avaliado pelos seguintes instrumentos: - Exame Mini-Mental (MMSE) - Breve Escala de Classificação Psiquiátrica (BPRS) – 21 itens que variam de 1 (ausente) até 7 (extremamente grave) classifica a gravidade da psicose, com alguns itens excluídos para não confundir com os sinais de Parkinson. - Escala para Avaliação de Sintomas Positivos (SAPS) – escala com 35 itens de 0 (ausente) a 5 (grave). - Escala de Impressão Clínica Global (CGI-S) –avaliação global da psicose. O status neurológico foi avaliado pelas seguintes escalas e classificações: - Escala de Avaliação da DP Unificada (UPDRS III): mede a progressão da DP durante o estudo. - Classificação de Hoehn-Yahr: estágios da doença DP - Escala de Movimentos Involuntários Anormais (AIMS): acessa as discinesias. - Escala de Schwab e England: mede as atividades da vida diárias.
14 pacientes terminaram o estudo. n = 8 no grupo da Clozapina n= 6 no grupo da Ziprasidona (1 abandonou por não aderência ao tratamento dopaminérgico e outro por pneumonia pós-sonolência e aspiração). Ziprasidona mais efetiva x Clozapina na redução dos sintomas no final estudo – tamanho do efeito: SAPS: 1,36 x 0,36, respectivamente. BPRS: 1,7 x 0,53, respectivamente. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos na comparação da intensidade das mudanças em relação ao basal, nas visitas subsequentes em relação à DP e sintomas psicóticos. Ao longo do estudo, houve redução da intensidade dos sintomas psicóticos em ambos os grupos medido pelo SAPS, assim como pequena melhora nos níveis cognitivos medido pelo MMSE. Não houve piora nos sintomas
Tamanho muito pequeno e tempo muito curto de seguimento; comparações com o basal mas não entre as intervenções; sem comparação com placebo ou padrão-ouro; estudo de fase II . Curto período de seguimento não permite avaliar efeitos adversos motores.
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
terapêutico com a dose máxima permitida no estudo; piora da DP ou dos sintomas psicóticos. Efeitos adversos graves: neutropenia < 1500/mm
3 ou
leucopenia < 3000/mm3; febre
>38°C; convulsões; palpitações, tonturas, síncope com QT > 500ms.
Avaliação dos efeitos dos medicamentos por relatos da intensidade e duração dos mesmos, além de controle de leucograma semanal. OBS: O tamanho do efeito para as variáveis que medem a presença e a intensidade dos sintomas psicóticos (SAPS e BPRS) ou a melhora global (CGI) foi calculado e o critério para o tamanho do efeito proposto pelo Instituto Nacional de Excelência Clínica (NICE) do Reino Unido foi o seguinte: tamanho de efeito pequeno para valor de 0,2, médio de 0,5 e grande para 0,8. Considerado que o valor de 0,5 é o corte abaixo do qual o benefício farmacológico não é clinicamente relevante.
motores medido pelo UPDRS III. Efeitos adversos: Sonolência mais comum – Clozapina 75% e Ziprasidona 33%. Além de insônia, fadiga, prurido pernas e sialorréia. Clozapina: prurido pernas, tonturas, incontinência urinária, queda, edema maleolar. Sem alterações significativas no leucograma nas 4 semanas do estudo.
Frieling, H. et al 2007[8]
Revisão estruturada e metanálise do tratamento padrão da psicose dopaminérgica na DP, através de ECRs de eficácia e segurança dos antipsicóticos atípicos. 7 ECR comparativos foram incluídos. n= 419
Diferentes escalas foram usadas pelos diferentes estudos para avaliar desfechos clínicos e a ocorrência de eventos adversos. A maioria dos desfechos foi relatada como mudanças dos escores (basais x finais do estudo), o que faz valores positivos finais representarem piora dos sintomas. Apenas para o estudo I foi dada qualidade de escore A. Para os outros, qualidade B.
# Comparação 1: Clozapina x Placebo – Estudos I e II – Focados nos períodos duplo-cegos. (The French Clozapine Parkinson Study, 1999 e The Parkinson Study Group, 1999) – pacientes no grupo da clozapina melhoraram significativamente a gravidade da psicose avaliada pela escala CGI x placebo (WMD: -1,1, CI. -1,24 a -0,97). O 2º estudo relatou melhora
n por estudo baixo (de 31 a 87). Tempo de seguimento dos estudos é curto.
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
Idade média: 71,4 anos - 2 ECRs – I e II: Clozapina dose baixa x Placebo Dose média de Clozapina I - 35,8 mg II- 24,7 mg Sem diferença significativa no risco relativo de abandono do estudo precocemente entre os grupos de clozapina ou placebo. (n=120, RR=0,61, IC: 0,27 a 1,36). Duração= 4 semanas - 1 ECR – III Clozapina x Quetiapina. n= 45, sendo que 5 deixaram o estudo precocemente, ficando 20 para cada grupo. Dose média Clozapina 26 mg/dia e de Quetiapina 91 mg/dia. Duração= 12 semanas. - 2 ECRs – IV e V Quetiapina x Placebo n= 89 Estudo IV - Dose média da quetiapina 169,1 mg Estudo V – Dose média
-CGI-S – escala da impressão clínica global da gravidade da psicose. -BPRS – Breve escala da classificação psiquiátrica. -PANSS – Sub-escore positivo da Escala da Síndrome da Esquizofrenia Negativa e Positiva. -Questionário de classificação própria das alucinações por um dos estudos. -UPDRS – escala de avaliação da piora da sintomatologia do Parkinson (escore total e escores motores e de atividades da vida diária (ADL) ou ainda uma escala de avaliação de Movimentos Involuntários Anormais – (AIMS). -MMSE – 6 estudos avaliaram o estado cognitivo dos participantes. -Efeitos adversos – relatados por 4 estudos.
significativa dos sintomas psicóticos conforme escala BPRS (WMD: -6,70, CI: -7,45 a 5,95), favorecendo o grupo com clozapina. O 1º estudo mostrou o mesmo pelo sub-escore positivo da escala PANSS (WMD:- 4,80, CI:- 6,5 a - 3,10). Sem diferença entre os grupos no MMSE. Os escores UPDRS total e motor melhoraram significativamente com clozapina (UPDRS total: WMD: - 2,39, CI: - 3,58 a – 1,20; UPDRS motor: WMD: -1,74, CI – 2,57 a – 0,92). # Comparação 2: Estudo III – (Morgante ET AL, 2004) Mono- cego, comparação da eficácia e segurança - Clozapina x Quetiapina - Sem diferença significativa entre os grupos em eficácia clínica após tratamento: (CGI: WMD: -0,20, CI: - 0,57 a 0,17; BPRS: WMD: 0,10, CI: - 1,00 a 1.20). Função motora (UPDRS motor: WMD: 2,70, CI: - 3,58 a 8,98; AIMS: WMD: - 0,60, CI: - 1,41 a 0,21). Sem diferença entre os grupos nos eventos adversos (RR: 0,40, CI: 0,09 a 1,83).
Estudos da Quetiapina com erros de desenho e n baixo.
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
quetiapina de 123,3. Duração=12 semanas. - 2 ECRs – VI e VII Olanzapina x Placebo Duração=4 semanas.
# Comparação 3: Estudos IV e V – Duplo-cegos -Quetiapina x Placebo – (Ondo ET AL, 2005) Rabey at AL 2005) Ambos os estudos não relatam diferença em eficácia e segurança entre quetiapina e grupo placebo, mas não fornecem dados exatos. # Comparação 4: Estudos VI e VII – Duplo-cegos -Olanzapina x Placebo – risco de abandonar estudo precocemente foi grande c/ olanzapina pelos efeitos adversos (RR: 7,18, CI: 1,76 a 29,24). Não houve diferença significativa em eficácia entre os grupos pela escala CGI (WMD: 0,13, CI: - 0,27 a 0,53). Pela escala BPRS, uma tendência clara em favor do placebo foi vista, mas apenas quando os sub-escores foram avaliados (BPRS total: WMD: 0,71, CI: -1,73 a 3,15; BPRS sub-escores positivo e negativo e alucinação: SMD: 0,18, CI: -0,01 a 0,36). Não houve diferença no MMSE. A olanzapina piorou de maneira significativa os sintomas de Parkinson (UPDRS total e motor e ADL: SMD:
Não deve ser indicada antes que mais estudos sejam realizados, de acordo com os autores da metanálise. Tempo curto de observação (4 a 12 semanas). Os estudos mostram resposta temporárias aos tratamentos, mas não há remissão ou cura da psicose. Ou seja, mais estudos e pesquisas devem ser realizados no futuro.
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
0,59, CI: 0,40 a 0,78). A olanzapina não melhorou os sintomas psicóticos e piorou os sintomas da DP. Não deve ser usada.
Merims, D. et al 2006[15]
Estudo clínico randomizado prospectivo, comparativo para avaliar eficácia e segurança entre quetiapina x clozapina no tratamento da psicose na DP. n= 27 Tempo: 22 semanas
Desfechos avaliados por um neuro-psiquiatra de forma cega por escalas: - Impressão Clínica Global de Mudança (CGIG) e - Inventário Neuropsiquiátrico (NPI)
- Dois medicamentos igualmente eficazes. Clozapina com tendência a controlar melhor as alucinações x quetiapina (p= 0,097) e uma significativa vantagem em reduzir os delírios (p= 0,011). 1 paciente no grupo da clozapina fez leucopenia. Nenhum dos medicamentos piorou a DP.
OBS: Não incluído na metanálise.
Morgante, L. et al 2004[6]
Estudo clínico randomizado, aberto, com avaliador-cego, entre grupos paralelos, para comparar quetiapina x clozapina em eficácia e segurança no tratamento da DP em pacientes com psicose dopaminérgica. n: 23 clozapina n: 22 quetiapina 20 em cada grupo completaram o tratamento.
Gravidade da psicose avaliada pelas escalas: - BPRS - CGI-S Condições motoras durante o estudo avaliado pela escala: - UPDRS III Discinesias avaliadas pela escala: - AIMS Tolerância: - Entrevista e exame médico Exames laboratoriais, ECG iniciais e
Estado psicopatológico melhorou significativamente (p=<0,001) em ambos os grupos. Ou seja, os dois medicamentos foram igualmente eficazes no tratamento da psicose nos pacientes com DP. Incapacidades motoras não foram afetadas em ambos os grupos. No entanto, doses de quetiapina maiores que 100 mg/dia afetaram levemente a capacidade motora de 3 pacientes. Discinesias diminuíram
Amostra pequena, de natureza não cega. Os avaliadores embora cegos, conheciam o desenho do estudo, o que pode ter causado o viés que possibilitou igual resultado em ambos os grupos. No entanto, este é o primeiro estudo “cabeça-cabeça” de quetiapina - clozapina no tratamento desta condição, mostrando efeitos iguais de ambos os medicamentos. OBS: Incluído na metanálise.
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
Tempo: 12 semanas. Dose de quetiapina final: 91±47 mg / dia VO, 1 a 2 x dia. Dose de clozapina final: 26±12 mg / dia, VO, 1 a 2x/dia. Avaliados no início e após 2,4, 8 e 12 semanas por um psiquiatra e um neurologista.
finais.
significativamente (p< 0,05) em ambos os grupos. Efeitos adversos foram leves, transitórios e bem tolerados pelos pacientes. 3 pacientes do grupo da clozapina não completaram o estudo (tonturas, hipotensão grave, sedação grave). 2 pacientes do grupo da quetiapina não completaram o estudo (sedação e estado confusional).
Pollak, P. et al 2004[2]
Estudo clínico randomizado, multicêntrico, placebo controlado, prospectivo para avaliar eficácia e segurança da clozapina no tratamento da psicose na DP. Composto de 3 períodos consecutivos duplo-cego, aberto e washout. 4 semanas de avaliação comparativa paralela, randomizada, duplo-cega de clozapina e placebo seguida de 12 semanas com clozapina período aberto, mais 1 mês de observação após a descontinuação do medicamento.
Desfecho primário de eficácia avaliado pela escala: - CGI Desfecho secundário de eficácia avaliado por: - PANSS Desfechos de segurança avaliados por: - UPDRS - MMSE
CGI – escore médio de melhora para clozapina 1,8 (1,5) x 0,6 (1,1) placebo (p= 0,001). Melhora significativamente maior com a clozapina. - PANSS – Média de subescore positivo melhorou em 5,6 (3,9) para clozapina x 0,8 (2,8) para placebo (p< 0,0001). Melhora significativamente maior com a clozapina. No final do período aberto com clozapina, 25 pacientes recuperaram-se totalmente da psicose. Após 1 mês sem clozapina, 19 pacientes tiveram recidiva da psicose. - Não houve modificações significativas em nenhum dos grupos nas avaliações UPDRS e MMSE.
OBS: Não incluído na metanálise.
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
n= 60 Dose média clozapina no final do período duplo-cego: 35,8 mg/dia. Avaliação psiquiátrica e neurológica periódicas. Exame de sangue semanal. Exame clínico e sinais vitais diários no início e depois semanais.
- Sonolência foi mais frequente com clozapina do que com placebo.
Factor, S.A. et al 2003[16]
Estudo longitudinal 26 meses após o ECR PSYCLOPS que avaliou 59 pacientes com DP e psicose tratados com antipsicóticos. Objetivo: examinar o desfecho ao longo prazo e explorar os preditores de mortalidade, internação em casas de saúde, demência e persistência da psicose. Comparação dos pacientes c/psicose persistente x aqueles que resolveram a psicose.
4 desfechos: - Mortalidade - Internação em casas de saúde - Diagnóstico de demência - Persistência da psicose
- 25% morreram - 42% internaram - 69% persistência da psicose - 68% tiveram a demência diagnosticada Fatores de risco detectados com estudo: - Internação associada à paranoia e idade mais avançada. - Psicose persistente associada à idade mais precoce da DP e duração maior da doença. - Demência associada à início tardio da DP e escore inicial do MMSE baixo. Nenhuma característica prediz a morte. Persistência ou não da psicose não
Amostra pequena. Estudo com mais tempo de duração importante para demonstrar resultado ao longo prazo.
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
tem efeito no desenvolvimento dos outros desfechos.
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
Morgante, L. et al 2002[7]
Estudo clínico randomizado, aberto, com avaliador-cego, comparativo para avaliar eficácia e segurança da quetiapina x clozapina na psicose dopaminérgica na DP. Relato preliminar. Tempo: 12 semanas n: 12 clozapina n: 11 quetiapina Doses: Clozapina: 6,25 mg a 50 mg/dia no máximo. Quetiapina: 25 mg a 200 mg/dia no máximo. Conforme resposta clínica e tolerância. Controles no início, 2ª, 4ª, 8ª e 12ª semana por um psiquiatra e um neurologista.
Desfechos: Avaliação da gravidade da psicose – escala BPRS CGI-S Progressão da DP: UPDRS-III Discinesias: AIMS Efeitos adversos: Em cada visita. ECG e testes laboratoriais - no início e final do estudo. Hemograma semanal no grupo da clozapina.
Escalas BPRS e CGI-S melhoraram significativamente em ambos os grupos (p< 0,001). Sem diferença entre os dois grupos em qualquer momento avaliado. Escala UPDRS-III – escore diminuiu significativamente (p< 0,05) no grupo da clozapina, enquanto quase não mudou no grupo da quetiapina. Em 3 pacientes no grupo da quetiapina c/ dose > 100 mg/dia houve uma leve piora do parkinsonismo. AIMS escore diminuiu significativamente (p< 0,05) nos dois grupos durante o estudo. 2 pacientes no grupo da clozapina não completaram o estudo: 1 por hipotensão grave e outro por hipersedação. 1 no grupo da quetiapina saiu por estado confusional. 10 em cada grupo completaram o estudo. Os efeitos adversos foram leves e transitórios em ambos os grupos.
Comparativo não é adequado – há estudos mostrando que quetiapina não é eficaz nessa situação
Estudo Desenho Intervenção/Desfechos Resultados Limitações do estudo
Factor, S.A. et al 2001[11]
Estudo clínico aberto, prospectivo para relatar resultados de 12 semanas de extensão do PSYCLOPS – estudo de 4 semanas, multicêntrico, placebo-controlado, duplo-cego, no tratamento da psicose na DP. n= 60 Esta extensão examina a eficácia e a segurança da clozapina no tratamento da psicose induzida pelos medicamentos na DP. n= 53 elegíveis para o estudo de extensão. Todos começaram com clozapina. 42 terminaram o estudo. Examinados a cada 4 semanas até a 12ª. Dose média da clozapina: 28,78 mg/dia.
Medidas padrão para psicose – estas escalas avaliam a gravidade dos sintomas da psicose de 0 (ausente - sem mudança) a 7 (muito grave-dramaticamente melhorado). -BPRS -CGI-S -CGI-C - Impressão Global Clínica de Mudança -CSAPS – Escala de acesso dos sintomas positivos. Controle da DP: -UPDRS -Estágios de Hoehn e Yahr -Atividades da vida diária de Schwab e England
Mudanças nas escalas BPRS, CGI-S, CGI-C: significativamente maiores (p> 0,05) no grupo placebo original do que no grupo clozapina. CGI-S, CGI-C, BPRS melhoraram no grupo placebo quando a semana 4 foi comparada com a semana 16 (p< 0,003) mas não no grupo da clozapina. A magnitude da melhora do grupo placebo original quando mudou para o tratamento ativo foi similar àquele do grupo da clozapina na parte duplo-cega do estudo. A melhora foi mantida em ambos os grupos até a 16ªsemana. A clozapina não piorou os sintomas motores pela escala UPDRS. 12 pacientes foram hospitalizados durante o estudo e 6 morreram. (causa mais comum foi pneumonia). Efeitos adversos mais comuns: sonolência, sialorréia, fadiga, hipotensão postural e confusão. 2 pacientes com leucopenia recuperaram. Dose baixa de clozapina foi eficaz em tratar a psicose na DP sem piorar os sintomas motores e a resposta se
manteve por pelo menos 4 meses. Estes pacientes têm alto grau de morbidade e de mortalidade, o que se manteve apesar do tratamento com antipsicóticos.
Goetz, C.G. et al 2000[17]
Estudo clínico randomizado duplo-cego, comparativo, paralelo entre olanzapina e clozapina para avaliar segurança e eficácia no tratamento da psicose e função motora nos pacientes com DP e alucinações crônicas. n: 7 olanzapina n: 8 clozapina Doses: Clozapina: 6,25 a 50 mg/dia Olanzapina: 2,5 a 15 mg/dia Tempo: 2 meses Avaliações: iniciais e no 7º, 14º, 21º, 28º, 35º e 63º dia pelo mesmo avaliador cego. Ajustes na dose para diminuir as alucinações. Controles semanais de exame de sangue.
Desfecho primário com avaliação dos sintomas psicóticos pelos escores da escala: -SAPS, no último dia do estudo. Medidas de desfechos comportamentais secundários: - Alucinações Visuais item 9 da SAPS - BPRS Para avaliação do Parkinsonismo: - UPSRS – subescala motora e - ADL – atividades da atividade diária
Após 15 pacientes terem terminado o estudo, regras de segurança foram evocadas para suspensão do estudo por exacerbação da doença de Parkinson no pacientes tratados com olanzapina. Os escores motores do final do estudo da escala UPDRS aumentaram significativamente em relação aos basais e os escores comparativos entre os dois grupos diferiram significativamente (p= 0,004). 6 dos 7 pacientes do grupo da olanzapina completaram o estudo antes do final, pela deterioração do Parkinson;nenhum no grupo da clozapina piorou (p= 0,015). - UPDRS escores motores no grupo da olanzapina (mudança média, 12,3;DP,11,5; p= 0,016;ponto estimado 11,25;95% IC,2,5 a 23,5), enquanto houve modesta melhora no grupo da clozapina (mudança média, -6,0; DP, 8,2; p= 0,125). Piora motora principal no grupo da olanzapina na marcha (mudança
Estudo foi finalizado sem violação do protocolo, mas incluiu menos pacientes do que o planejado porque critérios de suspensão foram acionados antes do fim do cadastro dos pacientes. Número muito pequeno da amostra. OBS: Excluído da metanálise porque os dados fornecidos não eram compatíveis para a metanálise.
média, 3,3; DP, 2,0) e bradicinesia (mudança média, 6,9; DP, 6,5). clozapina melhorou significativamente as alucinações e o comportamento geral -SAPS: p= 0,016; ponto estimado= -7,0; 95% IC, -11,0 a -2,0; item específico de alucinações visuais do SAPS (p= 0,13) e BPRS (= 0,031). Enquanto a olanzapina não teve nenhum efeito sobre a psicose, estatisticamente significativo. Nas doses estudadas a olanzapina agravou o Parkinson em comparação com a clozapina e não deve ser regularmente usada nas alucinações da DP.
Ellis, T. Et AL 2000[3]
Estudo clínico randomizado, duplo-cego, centro único, comparativo entre risperidona e clozapina para avaliar eficácia e segurança no tratamento da psicose em pacientes com DP. n: 5 risperidona n: 5 clozapina Tempo de seguimento: 3 meses. Doses: Clozapina: 12,5 mg 1x/dia à noite inicial. Dose média de
- Desfecho primário: Avaliação da psicose pela escala BPRS – resposta ao tratamento medicamentoso como medida de eficácia. - Desfechos secundários: Avaliação da função motora pelos escores da UPDRS. Teste eletrofisiológico quantitativo do tremor. Leucograma 1x/semana. Avaliação dos efeitos adversos pelo leucograma, efeitos antimuscarínicos e
6 terminaram o estudo – - Melhora média da BPRS similar entre os dois grupos (p=0,23). Houve melhora da psicose nos dois grupos, mas não houve diferença significativa entre eles. - Escore médio motor da UPDRS piorou para risperidona e melhorou para clozapina, sem diferença estatísticamente significativa. - Estudo mostrou que os medicamentos são seguros e bem tolerados.
Amostra muito pequena para demonstrar diferenças estatisticamente significativas. Sem placebo. Estudo com poder pequeno. OBS: Excluído da metanálise por n muito pequeno.
62,5±32,7 mg/dia. Risperidona 0,5 mg/dia inicial. Dose média 1,2 ±0,3 mg/dia. Suspensos se leucócitos < 3000 mm
3.
Avaliação inicial e na 2ª, 4ª, 8ª e 12ª semana com exames.
convulsões.
1 paciente desenvolveu neutropenia com clozapina e a sua suspensão reverteu o efeito adverso. Risperidona sem efeito hematológico, mas piora dos efeitos extrapiramidais.
THE PARKINSON STUDY GROUP, 1999[12]
Estudo clínico randomizado, multicêntrico, placebo controlado, duplo-cego, para avaliar Clozapina em dose baixas para tratamento de psicose induzida pelo tratamento na DP e avaliar seu efeito na função motora durante 14 meses. n= 60, 30 em cada grupo. Clozapina: doses de 6,25 mg 1x/dia até máximo de 50 mg 1x/dia. Pacientes vistos 1x semana. Doses ajustadas conforme resposta clínica e efeitos adversos.
Desfecho primário: Psicose: Escores da CGI-S – 0 a 7 em gravidade (0-sem sintomas/7-mais grave). SASP – 0 a 176 em gravidade (0-sem sintomas - a 176 mais grave). BPRS – 18 a 126 em gravidade (mais altos escores indicam psicose mais grave). Parkinson: Escores UPDRS II e III – 0 a 160 (gravidade da DP e disfunção motora. Sistema de estágio de Hoehn-Yahr (estágios da DP); Atividades da vida diária de Schwab e England (0-100, com mais baixos escores indicando maior disfunção); escores para o tremor da UPDRS tremor. Efeitos adversos e padrão de sono. Hemograma semanal
Dose média de Clozapina = 24,7 mg/dia. 54 pacientes terminaram o estudo, 3 descontinuações em cada grupo. Dois no grupo placebo pioraram sua doença psiquiátrica e 1 um teve pneumonia. No grupo da clozapina, 1 descontinuou por leucopenia, um por IAM e um por sedação. - Melhora estatísticamente significativa nas 3 escalas de medida de psicose da Clozapina x placebo: CGI-S – melhora -1,6±0,3 pontos x -0,5±0,2 (p< 0,001), respectivamente. BPRS – -9,3±1,5 x -2,6±1,3 (p= 0,002), respectivamente. BPRS-motor- -8,6±1,3 x -2,5±1,2 (0,003), respectivamente; SAPS – -11,8±2,0 x -3,8±1,9 (p= 0,01), respectivamente. MMSE- 0,0±0,5 x -0,1±0,4 (p=0,90). Na discussão do estudo os autores consideram a melhora da psicose clínica e estatísticamente significativa.
Estudo incluído na metanálise.
A Clozapina melhorou o tremor da DP e não teve efeitos deletérios na gravidade da DP: UPDRS escore total- -6,4±2,9 x -3,8±1,5 (p=0,36); UPDRS escore motor - -3,6±1,9 x -1,8±1,2 (p=0,34) UPDRS escore tremor - -1,5±0,5 x -0,2± 0,4 (p=0,02) A clozapina foi suspensa em um paciente por leucopenia, que melhorou após a sua suspensão. A natureza e a frequência dos efeitos adversos foi similar no grupo da clozapina e no grupo placebo. No final do período de estudo duplo-cego de 4 semanas, foi oferecido tratamento com clozapina por 3 meses. N= 53 pacientes foram arrolados para esta fase de extensão aberta. Um paciente teve neutropenia, a clozapina foi suspensa e os níveis voltaram ao normal. 6 pacientes morreram (3 estavam internados). Causas: bronquite, AVC, pneumonia, parada cardíaca, desconhecida, entre as causas). Nenhuma morte associada à neutropenia ou à clozapina. Alta taxa de morte relatada em
pacientes com DP em casas de saúde.
5. IMPACTO ORÇAMENTÁRIO
Construção do Modelo
População
A população do modelo do impacto partiu da prevalência de psicose na população com
doença de Parkinson atendida pelo SUS com medicamentos previstos no PCDT vigente de
doença de Parkinson[18]. Para tanto, um modelo de previsão linear foi alimentado com dados
obtidos das autorizações de procedimento ambulatorial (APAC) dos pacientes atendidos pelo
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), com os códigos da CID-10 da
doença de Parkinson (G20), durante os anos de 2011 a 2014, período no qual os dados
apresentam um comportamento uniforme de crescimento linear (Figura 1).
FIGURA 1. MODELO DE PREVISÃO LINEAR PARA ESTIMATIVA DE PACIENTES COM DOENÇA DE
PARKINSON ATENDIDOS PELO COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊTICA DO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.
A partir dos relatos de Fénelon (2010)[19,20], foram obtidos dados de 6 estudos
prospectivos que usaram definições conservadoras da prevalência de psicose na doença de
Parkinson, ou seja, sem incluir sintomas psicóticos leves (Quadro 3). Tal estratégia foi adotada
como proxy para caracterizar uma população que teria persistência dos sintomas psicóticos
mesmo após a redução de dose dos antiparkinsonianos. Com base nestes dados, a psicose
teria uma prevalência média ponderada de 32,6%.
De acordo com a história natural desta condição, ao longo de até 4 anos de
seguimento, mais de 80% dos pacientes continuam apresentando sintomas psicóticos [19].
Dessa forma, em virtude da alta persistência dos sintomas psicóticos, não foi considerada a
taxa de descontinuação/abandono do tratamento para o horizonte desta análise.
Adicionalmente, à população elegível, foram ainda aplicadas taxas de difusão da
tecnologia/recomendação, variando de 30 a 80%, dependendo do ano em análise.
QUADRO 3. ESTIMATIVAS DE PREVALÊNCIA DE SINTOMAS PSICÓTICOS NA DOENÇA DE
PARKINSON
Estudo Amostra
(N) Prevalência
(n/N)
Sanchez-Ramos et al, 1996[21] 214 26%
Graham et al, 1997[22] 129 25%
Inzelberg et al, 1998[23] 121 37%
Paleacu et al, 2005[24] 276 32%
Papapetropoulos et al, 2008[25] 70 44%
Fénelon et al, 2010[20] 116 43%
Total (Média ponderada) 926 32,6%
Fonte: Fénelon et al, 2010[19,20]
Horizonte
A análise considerou o horizonte temporal de 3 anos, com todos os parâmetros
estimados em valores correntes do ano de 2016, sem taxa de desconto.
Custos
A análise considerou os custos diretos incrementais na perspectiva do SUS. Sendo a
doença de Parkinson uma linha de cuidado já estabelecida no SUS, foram incluídos apenas os
custos adicionais com a aquisição de clozapina e exames laboratoriais de monitorização do seu
uso, os quais não estão previstos no PCDT vigente da doença de Parkinson[18].
As doses de clozapina, os exames de monitorização e os valores de ressarcimento
foram obtidos da literatura, de PCDT vigentes e de fontes oficiais do Ministério da Saúde (
Quadro 4). Apesar da orientação de doses menores, atualmente, o comércio brasileiroa
só possui disponível o comprimido de 25 mg. Portanto, a menor dose aqui considerada foi a de
12,5 mg, assumindo a possibilidade de fracionar o comprimido de 25 mg. Para os custos de
exames laboratoriais, foi considerado que apenas 60% a 80% dos pacientes realizariam os
procedimentos pelo SUS, conforme estimativas da população que dependente do sistema
público [26,27].
QUADRO 4. VALORES UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS DO TRATAMENTO
DA PSICOSE NA DOENÇA DE PARKINSON
Procedimento Custo Fonte Clozapina (por dose diária)
12,5 mg R$ 0,16 SIASG, 2015[10]; The Parkinson Study Group, 1999[12];
Morgante, 2004[6]
25,0 mg R$ 0,32 SIASG, 2015[10]; The Parkinson Study Group, 1999[12]; Morgante, 2004[6]
37,5 mg R$ 0,48 SIASG, 2015[10]; The Parkinson Study Group, 1999[12]; Morgante, 2004[6]
50,0 mg R$ 0,64 SIASG, 2015[10]; The Parkinson Study Group, 1999[12]; Morgante, 2004[6]
Exames laboratoriais (por exame)
Glicemia R$ 1,85 SIGTAP, 2016[28]; Brasil, 2014[29]; Brasil, 2013[30].
Perfil lipídico R$ 12,38 SIGTAP, 2016[28]; Brasil, 2014[29]; Brasil, 2013[30].
Hemograma completo R$ 4,11 SIGTAP, 2016[28]; Brasil, 2014[29]; Brasil, 2013[30]; Goldman, 2014[31].
Caso base
No caso base, foram adotados os valores esperados constantes e uma taxa de difusão da
tecnologia progressiva de 30%, 60% e 80%, como pressuposto, conforme descrito no
a ANVISA. CMED. Lista de preços de medicamentos. Acesso em: 21/02/2013. Disponível em: www.anvisa.gov.br
Quadro 5.
QUADRO 5. CASO BASE PARA ESTIMATIVA DE IMPACTO ORÇAMENTÁRIO
Variável Valor
Fonte Ano 1 Ano 2 Ano 3
Prevalência de psicose associada à doença de Parkinson (%) 32,6 32,6 32,6 Fénelon et al,
2010[19,20]
Taxa de difusão da tecnologia (%) 30 60 80 Pressuposto
Dependência do SUS - exames laboratoriais (%) 70 70 70
The Parkinson Study
Group, 1999[12];
Morgante, 2004[6].
Dose diária de clozapina (mg) 25 25 25 Bahia, 2008[12]; Brasil
2011[13].
Hemograma completo, ano incial (unidades por ano) 36 36 36
Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]; Goldman,
2014[31].
Perfil lipídico, ano incial (unidades por ano) 3 3 3 Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Glicemia, ano incial (unidades por ano) 3 3 3 Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Hemograma completo, anos seguintes (unidades por ano) 12 12 12 Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Perfil lipídico, anos seguintes (unidades por ano) 1 1 1 Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Glicemia, anos seguintes (unidades por ano) 1 1 1 Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Gasto com clozapina (anual) R$ 116,80 R$ 58,40 R$ 233,60 SIASG, 2015[10]
Gasto com exames laboratoriais, ano inicial (anual) R$ 190,65 R$ 145,44 R$ 190,65 SIGTAP, 2016[28]
Gasto com exames laboratoriais, anos seguintes (anual) R$ 63,55 R$ 63,55 R$ 63,55 SIGTAP, 2016[28]
Análise de sensibilidade
Com base nos valores esperados e suas variações mínimas e máximas, foram
delineadas análises de sensibilidade determinística e probabilística. A análise de sensibilidade
determinística foi realizada de forma univariada em um diagrama de tornado. Para a
sensibilidade probabilística foi adotado um modelo de simulações de Monte Carlo com auxílio
do software Microsoft Excel®.
Na sensibilidade probabilística, as variações foram ajustadas em distribuições segundo
suas características e níveis de informação, de acordo com Briggs, 2011 [32], sendo
consideradas adequadas às incertezas existentes (Figura 2).
Os valores de entrada, suas respectivas distribuições e fontes se encontram detalhadas
no Quadro 6. Não foram adotadas distribuições dos valores de custos por serem elas
dependentes das distribuições de consumo (exames e doses). Também não foram variadas as
unidades necessárias da maioria dos exames (exceto para a quantidade de hemogramas no
primeiro ano de tratamento), pois já estão bem estabelecidos nos PCDT do Ministério da
Saúde vigentes.
FIGURA 2. COMPORTAMENTO DAS PRINCIPAIS VARIÁVEIS DE ACORDO COM SEUS
PARÂMETROS E DISTRIBUIÇÕES.
QUADRO 6. VARIÁVEIS UTILIZADAS NOS MODELOS DE ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
Variável Valor esperado Mínimo Máximo Erro padrão Distribuição Fonte
Prevalência de psicose associada à doença de Parkinson (%) 32,6 20 60 3,7 Beta Fénelon et al,
2010[19,20]
Taxa de difusão média da tecnologia (%) 60 30 80 12,8 Beta Pressuposto
Dose diária de clozapina (mg)
25 12,5 50 4,49 Gamma The Parkinson Study
Group, 1999[12];
Morgante, 2004[6].
Dependência do SUS - exames laboratoriais (%)
70 60 80 Não se aplica Uniforme Bahia, 2008[12]; Brasil
2011[13].
Ano inicial, exames laboratoriais:
Hemograma completo (unidades por ano)
36 25 36 Não se aplica Uniforme Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]; Goldman,
2014[31].
Perfil lipídico (unidades por ano)
3 3 3 Não se aplica Não se aplica Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Glicemia (unidades por ano)
3 3 3 Não se aplica Não se aplica Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Anos seguintes , exames laboratoriais:
Hemograma completo (unidades por ano)
12 12 12 Não se aplica Não se aplica Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Perfil lipídico (unidades por ano)
1 1 1 Não se aplica Não se aplica Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Glicemia (unidades por ano)
1 1 1 Não se aplica Não se aplica Brasil, 2014[29]; Brasil,
2013[30]
Resultados
No caso base, adotando os valores esperados constantes e uma taxa de absorção pelo
SUS progressiva de 30%, 60% e 80% (
Quadro 5), foi estimada a população total de 37.940 indivíduos elegíveis ao tratamento com
clozapina ao longo de 3 anos (Figura 3).
57.596 59.002 60.408
18.776 19.235 19.693
5.633 8.161 5.633 4719 13.794
Ano 3
Com psicose
Estimativa de pacientes com psicose associada à doença de Parkinson
População com doença de Parkinson em tratamento no SUS
Ano 1 Ano 2
Início Início Manutenção Início Manutenção
FIGURA 3. PROCESSO DE SELEÇÃO DA POPULAÇÃO A SER BENEFICIADA COM O USO DE
CLOZAPINA NA PSICOSE ASSOCIADA À DOENÇA DE PARKINSON.
Para essa população, pode ser estimado um impacto orçamentário anual médio de R$
2.588.751,50 e um total da ordem de R$ 7.766.254,51 ao longo de três anos (Quadro 7).
QUADRO 7. ESTIMATIVA DE IMPACTO ORÇAMENTÁRIO NO CASO BASE NO HORIZONTE DE TRÊS ANOS
Fonte de impacto Ano 1 Ano 2 Ano 3 Total Gasto com clozapina R$ 657.934,40 R$ 1.611.139,20 R$ 2.162.318,40 R$ 4.431.392,00
Gasto com exames laboratoriais R$ 751.752,02 R$ 1.339.710,26 R$ 1.243.400,24 R$ 3.334.862,51
Total R$ 1.409.686,42 R$ 2.950.849,46 R$ 3.405.718,64 R$ 7.766.254,51
A análise de sensibilidade em tornado apresentou as influências das principais
variáveis sobre o impacto orçamentário total, demonstrando robustez do modelo até um
aproximadamente R$ 15 milhões, de acordo com as incertezas assumidas (Figura 4).
FIGURA 4. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DETERMINÍSTICA DE UMA VIA
A partir das 1.000 simulações de Monte Carlo, o impacto médio obtido foi de R$ 1.914.630,80 (Intervalo de Credibilidade de 95% - ICr95%: R$
988.142,32 a R$ 2.965.670,09), R$ 2.927.599,26 (ICr95%: R$ 1.761.911,58 a R$ 4.374.468,37) e R$ 3.295.175,99 (ICr95%: R$ 2.083.763,20 a R$
4.810.614,57), respectivamente nos anos 1, 2 e 3. Demais estatísticas se encontram no Quadro 8.
O impacto total no horizonte dos 3 anos atingiu o valor de R$ 8.137.406,05 (ICr95%: R$ 4.980.913,67 a R$ 12.050.684,21). O perfil de distribuição
das estimativas de impacto total, com uma considerável concentração em torno de R$ 8 milhões, pode ser observado na Figura 5.
QUADRO 8. RESUMOS DOS RESULTADOS DA ANÁLISE PROBABILÍSTICA DE MONTE CARLO
Clozapina Exames Total Clozapina Exames Total Clozapina Exames Total
978.167,94R$ 936.462,87R$ 1.914.630,80R$ 1.793.500,97R$ 1.134.098,29R$ 2.927.599,26R$ 2.229.712,35R$ 1.065.463,64R$ 3.295.175,99R$
957.701,60R$ 920.193,14R$ 1.888.879,25R$ 1.752.584,00R$ 1.125.946,56R$ 2.901.974,36R$ 2.167.048,80R$ 1.055.932,51R$ 3.236.060,35R$
9.340,62R$ 7.947,46R$ 15.755,81R$ 15.069,08R$ 7.026,92R$ 19.869,47R$ 16.923,00R$ 5.205,67R$ 19.711,56R$
456.385,78R$ 491.788,33R$ 988.142,32R$ 860.909,44R$ 726.040,35R$ 1.761.911,58R$ 1.096.490,66R$ 755.047,54R$ 2.083.763,20R$
1.685.590,44R$ 1.483.710,46R$ 2.965.670,09R$ 2.963.591,22R$ 1.600.353,63R$ 4.374.468,37R$ 3.591.691,98R$ 1.409.309,67R$ 4.810.614,57R$
Estatística descritiva dos cenários
Média
EstatísticaAno 1 Ano 2 Ano 3
Mediana
Erro padrão
Limiar de 2,5%
Limiar de 97,5%
FIGURA 5. DISTRIBUIÇÃO DAS ESTIMATIVAS DE IMPACTO ORÇAMENTÁRIO DE ACORDO COM AS SIMULAÇÕES (N = 1.000)
As estimativas de impacto também foram tabuladas de acordo com sua frequência
relativa, de onde se pode inferir a probabilidade das estimativas estarem dentro dos variados
limiares de disposição a pagar. Neste contexto, adotando o valor de R$ 10 milhões como um
nível baixo de impacto orçamentário anual [33], a distribuição dos resultados apresenta 100%,
das estimativas nos anos 1, 2 e 3, dentro da disposição a pagar (Figura 6).
FIGURA 6. DISTRIBUIÇÃO DAS ESTIMATIVAS DE IMPACTO ORÇAMENTÁRIO DE ACORDO COM A DE
DISPOSIÇÃO A PAGAR.
6. RECOMENDAÇÃO DE INCORPORAÇÃO EM OUTROS PAÍSES
O NICE (Reino Unido) recomenda o uso da clozapina no tratamento de sintomas
psicóticos em uma de suas diretrizes clínicas referentes à doença de Parkinson
(https://www.nice.org.uk/guidance/cg35).
Não foram encontradas informações sobre a clozapina na doença de Parkinson nas
agências e órgãos do Canadá (CADTH), Austrália (PBAC) e Escócia (SMC).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar das limitações apresentadas pelas evidências, justifica-se a recomendação de
uso terapêutico da clozapina em pacientes com psicose associada à doença de Parkinson que
não respondem à redução dos antiparkinsonianos. Isso, pelo fato de que essa situação clínica é
um fator que influencia negativamente o desfecho da doença de base, com aumento da
dependência, das hospitalizações em casas de saúde e da mortalidade, e não há alternativas
com maior evidência de benefício e segurança.
A ampliação de uso da clozapina em doentes com psicose associada à doença de
Parkinson pode gerar um impacto orçamentário anual próximo de R$ 3 milhões, com uma
probabilidade de 100% de estar abaixo de R$ 10 milhões. Ao longo de 3 anos de incorporação,
o impacto total pode alcançar valores de R$ 4.980.913,67 a R$ 12.050.684,21.
A respectiva orientação de uso da clozapina deverá garantir o teste terapêutico por
quatro semanas (baseando-se na duração de ensaios clínicos incluídos). Ao final do período,
havendo resposta favorável na redução dos sintomas psicóticos e ausência de efeitos adversos
relevantes, o tratamento pode ser continuado por período indeterminado, observando-se as
recomendações de segurança.
8. RECOMENDAÇÃO DA CONITEC
Os membros da CONITEC apreciaram a proposta na 44ª reunião ordinária, realizada
nos dias 06 e 07 de abril de 2016, e consideraram que as evidências científicas sugerem que a
clozapina é clinicamente eficaz para o tratamento de psicose relacionada à doença de
Parkinson, não acarreta agravamento dos sintomas motores na doença e melhora a qualidade
de vida dos pacientes. A matéria será disponibilizada em Consulta Pública com recomendação
preliminar favorável à incorporação no SUS.
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