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    Direitos de proriedade reser-vados ao A.brigo Thereza deJesus

    OFFERT O UTOR

    impresso da presente edio foi offer-tada por diversos sacias do ~ r i g o Therezade Jesus

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    Dr Coelho Netto

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    - 4de Christo do que agora; venho sim

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    comecei a insurgir-me contra umas tantasou quantas imposies doutrinarias por desmentirem a propria Palavra Divina transformando o caracter do Enviado do Ceu,que todas as vozes propheticas annunciavmcomo Redemptor, em rancoroso verdugoque, em vez de cumprir a suave misso comque baixara da Altura - a de salvar a Humanidade-s a ameaava falando-lhe emcastigos, pondo-lhe diante da Esperana.no o Bem, mas o Mal ; no a Redempo,mas as gals perpetuas, mais crueis que asda Vida que, paira essas, ha uma porta deremisso : a Morte.Assim o Annunciado dos anjos, tal comoo representam os que o transformaramtrahe os prophetas e esperado pela ans1aHumana como Portador do Perdo, surgena Vida como algoz e como Pastor do re.banho humano escolhe umas tantas ovelhasdeixando o resto ao desamparo, merc dasalcatas de lobos que as farejam.Desde ento a duvida comeou a trabalhar em meu espirita e calado, sentindoainda o prestigio das palavras dos que primeiro semearam em minh alma, comecei acollacionar o que ,lera nos Evangelhos como que ouvia aos prgadores da Religio deChristo e achei que os seareiros do campo sagra

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    com a differena apenas de nelle chamarem-se os deuses : santos.Para preencher os lugar.es deixados pelos numes da gentilidade o Catholicismocriou uma populao canonica e assim, emverdade, o que houve, foi apenas nova eleio, novos mandatarios, como se d nas assemblas politicas com a renovao das re-presentaes, prevalecendo, porm, a Constituio e governando-se os trabalhos pelos artigos do Regimento.E a prova do que digo temo-la nas fes

    tas do Catholicismo, que no so mais doque sbrevivencias de cultos pagos disfar-ados pela Igreja.Surgisse um homem, como Tertuliano,que, com o ardor da f que o abrasava, accendeu a fogueira apostolica em que pereceram todos os idolos o paganismo e areligio de Christo resurgiria purificada,deixando em cinzas tudo que lilella, tendenciosamente, introduziram os que deturparam e deturpam os textos evaingelicos, trans-formando a doutrina revelada em obra poltica .Homem .de f, o Livro de minh alma,aqui o tenho: a Bblia. No o encerrona bibliotheca, entre os de estudo, conservo-o sempre minha cabeceira, mo.E delle que tiro a agua para a minhasde de verdades; delle que tiro o popara a minha fome de consolo ; delle quetiro a luz nas trevas das minhas duvidas ; delle que tiro o balsamo para as dores dasminhas agonfas. E o vaso em que, semean-

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    sempre o Demonio - trunfo maximo nagrande cartada que esto jogando.

    O Catholicismo transformou a cruz symbolo da Redempo em clava de combatepara rechassar demonios . Para a Igreja oEspirita de Deus que est em toda a partecomo a Luz no tem poder sobre a Sombra. e tem-no um Padre com o hyssope e acaldeirinha. O que no consegue o Sol eterno conjura o cirio; onde a Claridade Suprema ho logra victoria triumpha a chamma tibia de uma lamparina de oleo. Absurrlo.

    No podendo impr-se pela Bondade quera Igreja dominar lo terror e polle a obradivina enxameando-a de demonios comouma carnia a refervilhar de vrmina .

    No Deus no quer ser procurado porespavoridos seno por amorosos que o busquem de corao por Elle; que se lhe acheguem sorrindo como se aconchegam aospais os filhos extremosos. No se erija acruz como espantalho de demonios mascomo symbolo da F t ronco da misericordia.No inicio das vossas reunies concentraivos em prece invocando a assistencia divinade Jesus e sob tal auspicio realisais o queos vossos inimigos comparam s missas negras. Se o Demonio com que viveis aparceirados esse que invocais reprobos soos que vos calumniam porque se nas legiessatancas apparecesse tal demonio os expulsos do Ceu s com o contemplarem firi;i rn redimidos como ficavam curados da

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    ~lepra ou da cegueira, da paralysia ou elrnuclez os que se aproximavam do suaveMissionario .Outro clemonio, que tambem invocais, Aquella criatur.a meiga que foi o vehiculoescolhido por Deus .para entrar na Humanidade na pessa ele Jesus: Maria .

    Assim caso de bemdiz.ermos o nosso Inferno. Se as suas chammas queimam,nellas quero eu inflammar-me porque sobem de uma fogueira que d Vida e illumina eternamente os Tempos - o corao.de Jesus e espadanam em sete labaredaspartidas das cicatrizes abertas no coraomaternal da Virgem pelas sete espadas deMartyrio.

    Senhores, a perseguio que vos movem natural, at. necessaria para maior gloria do triumpho, que vem perto. Soffreram-na longamente os primeiros christos,quando ainda a F se no havia turvadocom o que nella espalharam os que tantotm compromettido a pureza do Christia-nismo. .

    Que vos ataquem Forrai-vos com aquella indomita coragem com que Tertuliano,na sua "Apologetica", desafiou os magistrados ele Roma e repeti as palavras formosas com que o eloquente carthagins. referindo-se Verdade, falou aos seus irmos:

    "Estrangeira neste mundo ella no ignora que encontrar inimigos fra do seupaiz, todavia, caminhando de olhos fitosno ceu, sua patria e sua esperana, sem

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    11 -dos livros evangelicos. Restituamos Bi-blia a doura que lhe tiraram expunjamoslhe os enxertos tornando-a verdadeiramenteapostolica tal como foi ditada pelo Prega-dor Supremo. Exegeses so chicanas. AVerdade uma s.O doutrinador espirita procede como J esus que no cobrava as suas parabolas exemplares nem os s.eus sermes edificantese nunca poz preo aos milagres que realisou.O sacerdote catholico - to differente do antigo antiste - um profis-sional da F. O espirita ama a Deusonde quer que se ache e, em todas as coisas que se lhe apresentam reconhece-lhe aomnipotencia: na vida cios mundos syderaes que esplendem no .espao infinito e. no pequeno gomo que rebenta na haste deuma planta. Para sent-lo e communicarse com elle no precisa procurar catheclraesou basilicas igrejas ou capellas - sente-opresente ama-o e glorifica-o na liberdadeplena da natureza: na terra no mar e noceu; no cimo da mais alta montanha e novalle mais fundo no campo ao sol e nacaverna obscura porque estando Deus emtoda a parte toda a parte o seu templo.Jesus poucas vezes subia ao monte Moriah onde avultava immenso e grandiosoo templo '< e Salomo. Os que o buscavamdirigiam-se de preferencia s praias estancias de pescadores ou bati.am portadas cabanas pauperrimas perguntando porElle.

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    12 -Assim foi e assim ser sempre E' no

    lar humilde onde ha dor ou lagrimas fomeou frio enfermidade ou angustia que Deusse assenta invisvel entre os da amma.Na igreja tudo fausto: nos altares nospulpitos nas alfaias nos paramentos nasluzes. A miseria s apparece na escadariaexterior; throno de Lazaro faminto e n.

    Mas para o Senhor de todas as grandezas que valem ouro e luzes da terra? Valem sim os soffrimentos que o reclamama vozes estranguladas por soluos valem osgemidos vale o pranto valem as angustias.Onde pela primeira vez se alanca o corao de Christo e pela primeira vez lhetreme fragilmente a carne? Onde em suorsanguineo se lhe mareja o rosto meigo eos olhos se lhe escaldam em lagrimas ferventes? Onde sentindo a perfidia ingrata .de um dos apostolos e chegada com a traio a hora tragica da prophecia j beirada morte Christo se despede da Vida? NoHorto.Noite embora no lhe basta a treva ainda se embrenha na espessura das oliveirasafastando-se dos discpulos que o haviamacompanhado.Para que tanto isolar-se? Para que tanto esconder-se? para orar. E corno reza? quebrando o silencio a vozes altas? No Humilha as palavras dissolve-as no coraoem ascese - essencia mesma da prece quevai alta porque parte da alma espiritualmente sem corpo ele voz como j destinada ao ceu. Assim nos ensinou Elle a re-

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    14 -fessor homem de sussurros nunca o foiA confisso urna violao da alma.Christo confesso/ no sou entretanto dosque negam aos crentes de outras religieso que Deus lhes assegura com a sua infinita misericordia. O que d ao Christianismo incontestavel supremacia sobre osdemais credos a pureza da sua essenciaa Moral em que assenta e a Bondade queemana.Deus porm que abriu a Vida e nellapoz o Homem seria injusto com a sua criatura se apenas a considerasse digna o seuamor depois que de todo se lhe illuminassea intelligencia para conhecer a Verdadeam-la e vener-la .

    Que se diria de um pai que repellissede si um filho pequenino por ~ o saberfestejar no lhe dizer o nome ou por estranh-lo abrindo em pranto se elle o tomasse ao collo? Esse mais que o adolescente ou o adulto merece ser acariciado efoi talvez referindo-se a taes innocentesque Jesus que tudo ensinava por allegoriase parabolas disse chamando a si as crianas .que o cercavam e que os apostolos repelliam: "Sinite parvulos venire ad me".A Ig.reja tambem repulsa taes insontesaffirmando que no seriio recebidos no ceuno por haverem peccaclo mas por no haverem recebido o bapti smo reconhecendoum Deus que s mais tarde se havia ele manifestar em uma religio ele amor.Religies no se discutem. Nem eu asdiscutirei seno quando m'as quizerem im-

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    15 -pr Cada qual se communica com Deusconforme o ensino da sua Crena Discutirreligies s.ena o mesmo que discutir linguagens condemnando por exemplo a inglesapor pobre em verbos a alleman por abstru-sa na syntaxe a porfuguesa por inflada nosdiphtongos e etc.Religies so idiomas. Assim como havarias linguas todas exprimindo as mesmas idas ainda que em termos differen-tes ha varias religies cada qual com oseu symbolo o seu rito; todas porm collimando o mesmo IdealAs religies primitivas com cerimoniasbarbaras sanguinolentas foram_os primeiros tartareios da F Os idiomas transmit-tem o pensamento as religi.es traduzem a

    Crena : uns servem para a communicaodos homens entre si na vida; outras entendem com o destino da alma alm da morteO lume um e o mesmo qualquer queseja a lenha; tanto calor e brilho d o tron-co cio cedro como o do pinheiro do lamodo carvalho ou do jequitib e com um pouco de folhas seccas o pastor na montanhaaquece-se e alumia-se. O necessario terlume - FDeus um s em varios symbolos e altares e esse Deus a Bondade ou _ omolhe chamamos ns : JesusA Crena equilibra o homem entre o ceue a terra e nos dois extremos em que ellese apoia o peso deve ser o mesmo - Amor:amor de Deus sobre todas as coisas amorao proximo como a ns mesmos.

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    1 6 -Viador como todos vs acho-me diantede uma cidade maravilhosa cingida de mu

    ralhas altas cujas portas resistem fechadas e sellaclas inviolavelmente com sellode arcano. A viela que nella se movimentae que eu sinto que todos vs sentis aindamysterio.Que habitada no ha neg-lo. Mas quepopulao estranha essa que se agita emsilencio como os atamos nos raios de solque se communica sociavelmente comnoscomas desappar ce arisca se a buscamos cominsistencia com a mesma esquivana comque a sombra refoge luz ? So essenciasque andam errantes no ir como o armaexhalado das flores.Os materialistas taxam-nos ele insanos porque affirmamos a existencia cioque no. vemos e so elles mesmosque demonstram com experiencias eprovas irrefutaveis que o ar est enxameado de vicias microscopicas; que umagota dagua um mundo oceanico eleinfusorios; que na antenna de uma borboleta ou na pata ele uma abelha emigra avida vegetal em sementeira ou pollen;que o microbio infesto est em toda a parte e em tudo vario e multiplo.E porque se perdura e perpetua-se emgermens a vicia material a vicia espiritualvila da alma eterna no ha ele ter continuidade?

    Entrai no amphitheatro anatomico e vede o physilogo a escarni ficar o cadaver.Para que to cruenta chacina de espostejo

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    17 -de ventre, reseco de ossos, arrepanho demusculos, enfeixe de fibras, nervos e vasos nos quaes o sangue coagulo ? Em quese empenha to arduamente esse necrpso ?em estudar a vida na morte. No vs parece isso absurdo ? E, todavia, verdade.O compendio em que mais medita o sabio o ca.daver; com as noes que delle tiraque combate a morte, curando o mal como proprio mal, arvorando, assim, em principio o contestado aphorismo do - Similiasimilibus curantur .Se aceitamos a sciencia da vida tomadana inercia rgida da morte, por que havemos de negar a sobrevivencia da alma,quando a sentimos presente, .em manifestaes flagrantes? A vida ella, ella s.

    Ouamos Vieira: Quereis ver o que uma alma? Olhai diz Santo Agostinho),para um corpo sem alma .Pena que, por ser .extenso o assumpto e o tempo escasso eu vos no possa dartoda a glosa com que o facundo prgadorcommenta a formosa definio do africa-no; abreviando-a, porm, digo-vos:

    Figurai um cadaver estendido na ea - o corpo humano tal como o vemos em somno: na

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    18 - .Esplende o sol no zenith e toda a vida

    exubra. Vde o mundo nas horas rnelancolicas da tarde quando o sol declina etramonta. De purpuro e dourado torna-seo ceu cor de perola, tinge-se de violeta,cinza-se, denigre-se. Foi-se o sol, seguiram-no as nuvens aureas como as corasque acompanham os esquifes.Noite. Que da cor das arvores? Que da graa dos accidentes montanhosos ?Que da gentileza das flores ? Que davoz das aves ? Tudo levou o sol.E morr,e o sol ? Se morresse a hora doprimeiro occaso teria sido a ultima da vida. A prova de que o sol no morre que,dentro da noite, nesse morro ou cadaverda luz, a vida lateja por que nella se man-

    . tem o calor do sol, como resta a semente da arvore cahida para renascer em tigee reflorir na leiva. O sol gira e quandonos deixa vai illuminar os nossos antipodas, despertando-os.E que o tumulo s.eno um territorioantipodo ? Que a morte seno urna noiteopposta a um dia, a Vida ? E assim eomoos dias e as noites, succedendo-se, formama cadeia infinita do Tempo, assim a Vidae a Morte, reproduzindo-se no aperfeioamento, formam a eternidade.Cada um de ns tem dentro l si umsol. De onde veiu ? Ser uma centelha do

    astro que se mantem em ns como achamma na lampacla perenne ? No asua origem de mais alto porque foi oproprio Deus que no-la herdou quando,

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    ao formar o corpo o Homem com a terra ednica animou-o com o seu halito comona-lo diz a Bblia:Formavit igitur Dominus Deus hominem de limo terrae et inspiravit in faciemejus spiraculum vitae et factus homo inanimam viventem .

    Vde agora o absurdo: Se a alma dadaao homem era o proprio Esprito de Deuse se nella que incide a maldio o CeuDeus condemna-se a si mesmo e rende-sea Satanaz rajando-se do alto da sua Grandeza aos abysmos inferiores escravisando-se ao adversario: Elle o Senhor; Elleo Omnipotente.Onde a falsidade - na Bblia quandonos cita o versculo o Genesis ou na Igre

    ja condemnando a alma essencia divinaao Inferno ?Impugnam os que nos combatem a unica doutrina compativel com a MisericordiaDivina doutrina annunciada e at demonstrada por Jesus Christo a da reencarnao em estgios ou graus de aperfeioamento desde o Inferno at o Paraiso. Inferno . ..

    Por mais que se exalte a imaginaodesses cultivadores do Mal nunca engendrar flagicios como os que nos excruciam neste valle de lagrimas.Fornalhas as mais ardentes crateras asmais flammivomas rios igneos solfatarasborbulhantes fjos de pez fervente noatormentariam tanto as almas como o fa-

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    - 2zem as sete labaredas que a Igreja denominou - Peccados mortaes.

    Monstros... Que valem os cerebrinos:gryphos e basiliscos serpes e escolopendrostarantulas e salamandras toda a fauna imaginaria do Barathro comparada que sealaparda na Consciencia: o Desespero oRemorso o Medo e todas as ansias quenos constringem e remordem peonhentamente a alma ?

    Demonios? Temo-los s legies nossentidos que nos ferrotoam; temo-los nasdor.es que nos lancinam; nas ulceras quenos dilaceram e apodrecem a carne em vida; temo-los nas enfermidades que nos febricitam envolvendo-nos nas chammas detunicas molestas; temo-los na cegueira namudez e na surdez que nos travam a palavra e trancam nos os ouvidos; temo-los naparalysia que nos entreva nos aleijes quenos deformam na loucura que nos desvaira e no cito as torturas moraes que noscorroem por dentro.Aqui que se vm os corpos contorcidos;aqui que se ouve o ranger de dentes;aqui que se soffre; aqui que se pena.O Inferno aqui e por ser assim foi queJesus baixou do Ceu para trazer o allivioda sua misericordia aos padecentes.Computadas as legies do Inferno comos males que assediam a vida neste tran-sito quo mesquinha n os parece a populaodo EreboPorque essa preoccupao de fugir daVerdade para a Mentira?

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    - 2Inferno de fogo vivo, de torturas demoniacas, desde a das chammas nos braseiros

    at as dos esmagamentos p.elo capacete dearrocho, da triturao pelos escarpes, doquebramento de ossos a macete e barra, dadistenso dos membros nos suspensorioscios ergstulos, do decubito em grabatosapuados, do potro, da roda, do acannaviamento, da priso em enxovias humidas epor todos os inventos dolorosos que puzeram em pratica os beatos Padres do SantoOfficio, cuja descripo ainda hoje estarrece, teve-o a Europa assolada pelo Catholicismo, accesa em guerra como a dosalbigenses e teve-o, principalmente, a Hespanha, capital flammejante e lugubre daInquisio, quando a governaram, comanimo crudelissimo, Pedro Arbues, o santo,e Torquema.da, o mystico. E nesse Inferno a quem elegeram os Padres como Presidente : a Satan ? No A Jesus.

    Comparai a obra suave do Messias, namisso de amor que o trouxe do Ceu Terra, com a dos carnifices discipulos deLoyola e tereis o contraste.A doutrin' - da reencarnao *) a queme vou referir, no ile inveno nossa,sen.o do livro sagrado, o Livro dos livros,pedra fundamental ela Igreja: a Biblia .

    ( *) Esta doutrina, como todas as queexistiram, teve e ter no futuro adversariossystematicos, intelligencias hostis, indifferentes ou interessadas em combaterem-na,

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    - Christo, segundo o annuncio das vozes

    propheticas, devia ser precedido pelo esprito de Elias e esse espirita reencarnou-seem S. Joo Baptista.Ouamos Malachias, Capitulo IV, versculos:5 - Eis ahi vos enviarei eu o propheta

    Elias, antes que venha o dia grande e hor-rvel do Senhor;6 - E elle converter o corao dos paisaos filhos, e o corao dos filhos a seuspais, para no succeder que eu venha, eque fira a terra com anathema .

    Que Elias era esse seno o thesbita, propheta de Isr:iel, que o Senhor ordenou ficasse ao p da torrente de Carith, defrontedo Jordo ? Se S. Joo Baptista era oproprio Elias, tornado ao mundo, em misso, como veiu elle ? resuscitado ? no

    sobre isto no nos restam duvidas. Sempre,porm, tal se deu com relao s mais su-blimes conquistas do genio e sabemos que amaior parte das verdades superiores, quemais honra fazem humanidade, at a d.atado seu triumpho definitivo, foram sempretratadas com ironia e desprezo, consideradascomo vises chimericas ou arroladas entreC JS mythos pueris, as fices e utopias - asmais insensatas. O progresso est habitua-do a fazer assim a sua entrada l historiq,amaldioado pelo passado, que elle deslocaou destre, mas abenoado pelo futuro q'llcelle fecunda e transfigura. "* Victor Girard: La transmigration esames

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    - 3porque o Baptista nasceu de Isab.el logo:renascido ou reencarnado.

    O anjo que annunciou a Zacharias onascimento do Baptista so palavras evangelicas de S. Lucas: Livro I, versiculos:13 - No temas Zacharias porque foiouvida a tua orao e Isabel tua mulherte parir um filho e por-lhe-s o nome de

    Joo.17 - E o mesmo ir adiante d'Elle noespirita e virtude de Elias para reunir oscoraes dos pais aos filhos e reduzir osincredulos prudencia dos justos para

    preparar ao Senhor um povo perfeito.E o proprio Jesus falando de S. JooBaptista s gentes - transcrevo Ma-theus - Capitulo II, versiculos:

    7 - E logo que elles (os dois discpulosenviados por Joo a Chr.isto para saberemse era elle em verdade o esperado Mes-sias) se foram comeou Jesus a falar deJoo s gentes : Que sahistes vs a verno deserto ? uma canna agitada do vento?8 - Mas que sahistes a ver ? um homem vestido de roupas delicadas ? Bemvedes que os que vestem roupas delicadasso os que assistem nos palacios dos reis.

    9 - Mas que sahistes a ver ? um pro-pheta ? Certamente vos digo e ainda maisdo que propheta.1 - Porque este de quem est escripto: Eis ahi envio eu o meu anjo ante

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    - 4a tua face que apparelhar o teu caminhodiante de ti

    11 - Na verdade vos digo que entreos nascidos de mulheres no se levantououtro maior que Joo Baptista; mas o que menor no reino dos ceus maior doque elle.

    12 - E desde os dias ele Joo Baptistaat agora o reino dos ceus padece forae os que fa Zem violencia so os que o ar-rebatam

    13 - Porque todos os prophetas e a Leiat Joo prophetisaram14 - E se vs o quereis bem comprehender elle mesmo o Elias que ha ele vir

    15 - O que tem ouvidos de ouvir oia.No so ouvidos que lhes faltam nem

    olhos fazem-se porm moucos e cerram-se na peior das cegueiras porque assim lhesconvem. Precedem com a F como certosmysti ficaclores ela Caridade que se contorcen1 em aleijes simulam chagas com quese abostellam emparcham os olhos e quedam fitando pasmaclamente a altura emamauroses industriosas. Aulem-lhes porm um co s pernas e logo como a gente ele Trouillefou o aleijado dar as gambias ; o elas ulceras abalar a todo o pannoe o cgo ser o que fuja por melhor caminhoO mendigo colhido no .embuste chora-miga allegando invalidez falta ele traba-lho para justificar o tal meio ele vicia.Elles se a verdade os confunde aferram-se obstinadamente ao dogma e diante da

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    - 6tentativas falhas experiencias frustradas .E todavia da hermetica dos alchimistassahiu a Chimica; procurando nos cadinhosaquecidos no acanor a utopia da flammamaravilhosa acharam os spagiristas a verdade que triumphou. Assim foi assimser sempre. Todo inicio mysterioso.

    Prosigamos.Amedrontado com o numeroso e aguer-rido exercito

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    7capa. E entendeu Saul que era Samuel efez-lhe uma profunda reverencia e prostri:m-se por terra.15 - Disse pois Smuel a Saul: Porque me inquietaste fazendo-me vir c ?E Saul lhe respondeu: Eu acho-me no ultimo aperto: porque os philisteus me fazem guerra, e Deus se r.etirou de mime no me quiz nem por prophetas nem porsonhos ; por essa razo te chamei para queme declarasses o que devo fazer.16 - E disse Samuel: Para que meperguntas quando o Senhor te tem desamparado e se passou para o teu rival ?E prosegue no anathema sempre em nomedo Senhor.O vidente de Rama cujo espiritose manif esta materialisado no corpo deum anciao coberto com uma capa epronunciando-se em nome do Senhor nosahira do Inferno, de onde se no sahe ese baixara do ceu onde certamente assistiapelas virtudes com que se dignificara navida como explicam os negativistas talappario de que nos d testemunho a Bi-blia com a sua autoridade incontestavelde Livro das revelaes ?Negam tambem as varias manif.estaesespirituaes de Christo e todavia os Evangelhos no-las confirmam. Jesus apparece aMagdalena:Achava-se a linda irman de Lazaro chorando junto ao sepulcro em que fra encerrado o corpo de Jesus quando dois anjos que ali se achavam perguntaram-lhe

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    - 8- por que chorava. E ella respondeu-lhes:Porque levaram o meu Senhor, e no seionde o puzeram.14 - Ditas estas palavras, olhou paratraz, e viu a Jesus em p, sem saber comtudo que era Jesus.

    15 - Disse-lhe Jesus: - Mulher, porque choras? a quem buscas? Elia, julgandoque era o hortelo, disse-lhe: Senhor, setu o tiraste, dize-me onde o puzeste, e eno levarei. -

    16 - Disse-lhe Jesus: Maria . Elia, voltando-se, lhe disse: Rabbino que quer dizer Mestre) .17 - Disse-lhe Jesus : No me toques,porque ainda no subi a meu , Pai, mas vai

    a meus irmos e dize-lhes: Que vou parameu Pai e vosso Pai, para meu Deus evosso Deus.Aos discpulos. No mesmo capitulo doEvangelho de Joo, versculo:19 - Chegada, porm, que foi a tarde

    dac:_uelle mesmo dia, que era o primeiro dase111ana estando fechadas as portas da casaonde os. discipulos se achavam juntos, pormedo que tinham dos Judeus, veiu Jesus epoz-se em p no meio delles, e disse-lhes:Paz seja comvosco.

    N atai a preoccupao do apostolo emdizer que as portas se achavarn fechadas como para fazer sentir a pura espiritualidade do Mestre que os visitava, materialisando-se, porm, logo que se acha entre os discpulos, tanto que lhes mostra as

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    9mos e o lado, como para lhes provar queos visita em corpo.

    Mais ainda. Em Tiberiade - valho-mesempre, em taes passos, do testemunho deS. Joo, Capitulo XXI, versiculos:1 - Depois tornou Jesus a mostrar-sea seus discipulos junto elo mar ele Tiberiades . E mostrou-se-lhes eles ta sorte:

    2 - Estavam juntos Simo Pedro, eThom, chamado Didymo, e Nathanael, queera ele Can ele Galila, e os filhos de Zebedeu e outros dois de seus discipulos.

    3 - Disse-lhes Simo Pedro: Eu voupescar. Responderam-lhe os mais: Tambem ns outros vamos comtigo. Sahiram,pois, e entraram numa barca, mas r,aquellanoite na

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    - 3serem bastantes, as j citadas, para provada Verdade que embalde tentam empannar.Je suis venu trop tard dans un mondetrop vieux.Assim se lamentava do seu nascimentotardio o suave e melancolico Musset.

    Que diremos ns? Lastimaremos, comoo poeta, a nossa entrada no mundo nahora em que nelle a luz vasqueja em crepusculo? Estou em a ffirrnar que no.Eu, ele mim, protesto que preferira virno dealbar da proxima alvorada, depoisda noite que se annuncia e que ser estrellada e sonra ele canticos angelicos.como aquella em que nasceu em Bethleern o Emissario misericordioso.

    Que maravilhas ainda reservar Deus Viela ? O distribuidor de graas noas esparze com mo procliga, mas coma mo prudente elo semeador. Pelas flo-res que vemos facil calcular a safra eleamanhan.

    Quanta utopia realisada Quanta promessa cumprida Quanto arcano clesvenclaclo

    Quem dissesse aos nossos pais que o ho-mem vingaria o espao a arranque d azas.como as aguias, seria tido por louco. Eei-lo que remonta, investe aos astros, corre aladamente as altitudes, brada victoriaonde os troves tronejam realisandotriumphalmente o grande sonho, essa viagem ao azul para a qual a voz de partidafoi o grito : Excelsior

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    - 31 -Dissesse alguem aos velhos de ha trintaannos que o homem desceria s profundas

    do mar em corpo de cetaceo atravessando o pelago como Jonas o atravessou noventre da baleia e tal propheta seria ouvicio como foi Cassandra. E todavia oabysmo hoje percorrido em todas as direces pelos terriveis squalos armadosRela guerra: submarinos e submersiveis.Ahi esto patentes os prodigios da mechanica os milagres da physica e da chirnica e pelo que se tem obtido com o auxilio da Sciencia j ninguern duvida deque em breve nos possamos cornrnunicarcom os astros conversar de mundo a mundo corno entre visinhos.

    Taes so senhores as evidencias domundo physico que a Igreja ankylosadaem dogmas no pode contestar. Negaentretanto e tenazmente as revelaesconstantes que nos vm da vida psychica;nga no por certeza seno por contumacia e quando a chamam prova recusa-se e pe-se a vociferar do pulpito injurias contra os que trata corno inimigosposto que os veja com o mesmo lbaroque ella desfralda como sendo o pavilho

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    - 3Santo m forma de linguas de fogo. Eque resultou de taes linguas ? a eloquencia da propaganda e a doutrina pregadapor linguas taes assim como illuminavaarrasava - claro da F incendio contraa heresia; luz e chamma esplendor fulgurando e labaredas comburindo. Essaslinguas de fogo que no vemos mas quesentimos descem de novo do ceu sobreos homens de F - so ellas que os inspiram; so ellas que os illuminam; soellas que lhes do ardor e enthusiasmo paraque combatam. Peamos todos a Deus agrande merc da inspirao do Alto.Fulminam-nos os padres com o anathemaporque prestamos culto de amor ao queelles chamam a Morte e que ns conside

    ramos tanto como a propria Vida. Seacham que procedemos mal buscando peloamor pela saudade pela crena na sobrevivencia dos espiritos communicar-noscom elles sem outro interesse seno o deos sentirmos porque celebram cerimoniasde remisso ?

    Porque confessam e ungem a moribundos? porque encommendam mortos ? porque rezam missas e celebram exequias?certamente o' vaidade porque se julgamos unicos capazes de obter o perdo doSenhor. E' crive] que merea mais aosolhos de Deus todo Bondade que as lagrimas de uma mi um pouco de latim?NoNing-uem pode falar a Deus com maisternura, reunam-se embora todas as colle-

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    - giadas sacer

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    : 4Estendei pelas aguas o vosso olhar evereis formar se nos longes cio praino

    verde a onda pequenina. Pouco mais que um friso e abate; empolla-se adiantee some-se; levanta-se mais cheia e afun-da; sol eva-se grossa e tumida e mergulha;cresce farta, encristada de espumas e dobra-se sobre o abysmo; assoberba-se emv a g a e despenha-se fragorosamente ;avulta monstruosa e sossobra; e ainda augmenta, precipitando-se, coq:i estrondo,dalto e, surgindo sempre maior da profundeza .em que perece, assombra; e, medida que se desdobra, accumulanclo impulsos sobre impulsos, mpetos a impetos.desde os que trouxe do primeiro friso, d-nos a impresso de topeta.r com as nuvens.Assim a Vida - uma ondulao progressiva no espao e no tempo.Sahimos de Deus pequeninos para osembates da Purificao e de mergulho emsurto e de surto em mergulho, melhorando,crescendo sempre, attingimos, alfim, a Per-feio

    Esse mesmo Jesus, no querendo desfazer a imagem da Vida, como nos appareceu ? pequenino, nascendo em um presepehumilimo, mas onde o glorificam anjos evisitam reis para logo refugiar se nospalmares do Egypto; surgindo, infante,entre os Doutores no Synedrio para, denovo, occultar-se na simplicidade rusticade Gen:ezareth; proclamado Deus pelo Pre-cursor, que o baptisa nas aguas do Jor-

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    - 5do e dellas sahe o immaculado paraisolar-se no deserto. Ei-lo de volta emaior - a Palavra que doutrina e consola; o gesto que abenoa e cura; oreclamo que resuscita; a F que salva o Messias.Recolhe-se de novo s terras pagansda Samaria assenta-se na margella dopoo de Sichar em conversa com a samaritanaProcuram-no em vo os soffredoresat que um dia toda J erusalern se enfeita; o t iurnpho. Que mais ? a q1 1eda noPretoria e do Pretoria onda do Calvaria; no Calva.rio: a morte o abysmo e doabysmo tres dias depois o grande surtoda Ascenso que o restituiu ao Ceu.

    Eis o Missionaria divino dando-nos naondulao a imagem da Vida perennesempre crescente at a Perfeio SupremaQuebrar a continuidade da Vida seriatanto como perpetuar a Noite que no mais que um vasio vasio como ha no circulodos elos das correntes .Condemnam os padres a nossa crenafiliando-a a tradies demoniacas quando nella o orago Jesus e ainda _affir-mando que s a acc.eitam e praticam espritos inferioresArrolemos alguns de taes espritos bastardos: Homero quando na Odyssa refere a visita do peregrino subtil ao paizdos Cimmerios regio das sombras ondeentre outras encontra a da propria mi

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    e a de Elpenor seu companheiro com oqual conversa. Shakespeare. . . basta citarHamlet e Macbeth Schopenhauer concorre grey com um ensaio sobre as appa-ries. Sero mvstificadores todos os homensde autoridde incontestavel que do testemunho de casos mysteriosos relativos vida de alem tumulo ?Os nigromantes de hoje no andam aprofanar covas invocando mortos como asfeiticeiras da Thessalia a pythonisa de En-dor os bruxos caledonios e outros; ellesestudam a essencia da Vida ou alma comolhe chamam com a mesma honestidadecom que os psychologistas estudam no caclaver o envolucro dessa mesma essencia.Emquanto uns destrinam o cortio outros procuram a abelha e o segredo mysterioso ela cera e do favo - ela intelligencia. que luz e ela Bonclacle que mel.E os espiritualistas de hoje que estopara os migromantes como os chimicospara os alchimistas chamam-se e citareipoucos nomes: Crookes ele Rochas Wal-lace Oliver Lodge Paul Gibier Bour-clin de Gulclenstubl Sinnet Eugene NusVigenire Lombroso Conan Doyle Chevreuif Dale Owen Gabriel Delanne Van-der Naillen Leclbeater Geley ~ o n De-nis Flammarion Girard Boirac e tantosoutros cujos nomes todos respeitaveisalongariam demasiadamente a lista Epara que mais ? Quando se est de posseda Verdade para impo-la ao mundo no

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    - 7so necessarios mais o que doze apostolas.

    Os conventiculos de bruxos e feiticeiros so hoje sociedades de altos estudospsychicos. A Sciencia tomou a sementedas mos dos rusticos para cultiva-la e faze-la florir.O grande Bacon j se referia a duas series de phenomenos: os .explicaveis, ou ostensivos e os clandestinos ou, como os appelliclou Boirac: phaneroides e cryptoides.Spinosa affirmou: Tudo que existetende a perseverar no seu eu

    Mme. de Stael escrevia, em 1814, nosen livro De l Allemagne:O que chamamos erros e superstiesprendia-se, talvez, a leis o universo quenos so ainda desconhecidas. As relaesdos planetas com os metaes, a influenciade taes relaes, os proprios oraculos epresagios no poderiam derivar de foras occultas das quaes no temos a mnima ida?E quem sabe se no ha wn germen eida occulto em todos os apologos, em todas as crenas inquinadas com o nome deloucura?Disso no se segue que se deva renunciarao methodo experimental, to necessarionas siencias, mas porque no se hade darpor guia a esse methodo uma phi osophiamais ampla que abrace o universo no seutodo no despresando o lado nocturno danatureza at que o possamos illuminar, espalhando por elle claridade ?"

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    - 8E que lado nocturno da natureza essea que se refere a autora de Corinna? ohemispherio o arcano o rosto veladoda Isis mysteriosa cujo corpo se mostrava aos crentes - a sombra na qual comeam a bruxolear os primeiros claresprenunciando a proxirna alvorada e o dia

    da esplendida Verdade. E nessa hora ra-diosa toda a negao cessar e os quenella insistem com os chirrias lugubresdesapparecero vencidos como desapparecem nos antros obscuros primeira ma-nifestao o sol todas as aves agourentas que esvoaam na treva.Explicaes querem elles; provas exigem com arrogancia como se tambem pudessem explicar o que pregam provar oque affirrnam .Neguem os phenomenos telepathicos.No no os negam porque constantemente os citam como os citam universalmente os povos dando-lhes varias nomesavisos. inter-signes etc., documentando-oscom factos testemunhados por pessoas fidedignas que os proprios adversarias nose atrevem a contestar.Falei-vos da reencarnao. Cedo a palavra sobre tal assumpto a um dos maisnotaveis estylistas da gerao que surge:Fernando de Azevedo.Diz elle em certo passo da sua obrarecente intitulada: Jardins e Sall11stio:A Gautier parecia-lhe que vivera noOriente; e quando durante o carnaval sedisfarava com algum caftan e tarbouch

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    authentico, julgava ento retomar os seusv:erdadeiros habitas . . . Surprendia-se sempre de no entender o arabe correntemente; que devia t-lo esquecido NaHespanha (dizia elle ainda) tudo que re-cordava os mouros lhe interessava to vivamente como a um filho de islam e tomaria partido, em favor delles, contra oschristos. E' o que se deu com PierreLouys: penetrado da alma da antiguidade,ter-se-ia sentido melhor na tunica dos gre-gos e possivel que muitas vezes, aindamoo. frvesse estranhado j no entendere ia.a:: correntemente o g rego .Pe:- P.itti que tambem vos leia uma pa-gi::ia incera que escrevi, ha tempo, sobreo mesmo assumpto, qual dei o titulo r e :

    RE11INISCENCIASDe quando em quando resurgem-me namemoria lembranas de outras vidas, comoem vasos que contiveram essencias, ser-vindo a outras posteriormente apparece.

    por vezes, o arma das primitivas.Se a saudade vestigio do que foi, essas recordaes que se levantam em nsso como poeira de caminhos percor

    ridos.E quem no a traz em si J Quem nosente, de vez em quando, reminiscencias deum passado, que no o mesmo de ondeviemos pelos . annos actuaes, mas muitomais remto, um passado d'alem do voem que transitamos ?

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    40 -Essas saudades no jazem no coraoso livres voam em volta de ns como as

    nuvens no espao.Quem nos diz que ellas no so o quej fomos como as nuvens j foram riospantanos oceanos ?Quem nos affirma que no so lembranas de eras transcorridas sobre as quaesadormecemos quando nos soou a hora no

    cturna acordando com a madrugada paraviver de novo ao sol e de novo dormir?Se me recordo do que fui outrora na-

    tural que mais tarde me lembre do quesou.E os dias passaro continuamente e euvoltarei com elles como os minutos voltam

    com as horas as. horas com os dias osdias com as semanas as semanas com osmezes os mezes com os annos os annoscom os seculos emquanto girarem naEternidade que o mostrador do Tempoinfinito impassivel parado espelhando aVida que o movimento.

    Senhores todos ns acompanhamos como corao transido de pavor essa immensacatastrophe que foi a guerra das naesexcidio sem igual na historia no qual nose sabe que mais se lamente se a perdade vidas e de bens se o recuo da civilisao revora de barbrie quando o homemainda bruto coberto de pelles humidasdo sangue dos animaes escorchados tru-cidava victimas em sacrifcios e commet-

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    tia, c r i r ~ : n t e as maiores atrocidades impe lido pelo instincto de depi .edar e matar.Nesse enorme cataclysmo em que a chacina teve para alumi-lo o incendio , a de

    v a s ~ o dos campos foi completada pelotrasmalho do gado e nas cidades destrudas pereceram templos, que eram relicarios artsticos da F bibliothecas, queeram patrimonios espirituaes da Humani-dade, ruiram monumentos, hospitaes e asylos, escolas e officinas, contam-se por milhes os combatentes que succumbiram.Os espritos de taes heroes, desencarnados, espalharam-se, prfugos, no espao,como se dispersam attonitas as abelhasquando lhes crestam o panal.E esses enxames dalmas partidas antesde haverem com2Jetado o seu destino navida, essas almas violentadas pela morteerram, vagueam atordoadas procurandopouso onde assentem para cumprir a genitura que traziam.Que resulta de tamanho desbarato, detamanha confuso ? resulta o que vemos:a desordem no mundo.

    Como pode haver calma onde esvoaatoda uma vespeira? Como pde havertranquillidade num ambiente alvoroado deespritos ? E at que todos assentem, reentrando em novos corpos, resurgindo emnovas vidas, reencarnando-se, digamos. omundo hade resentir-se da tumultuosaconfuso e s repousar com a Renascena ou volta vida dos que della partiramde surpreza, expulsos antes de haverem

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    - 42 -realisado a misso em que haviam baixado.

    Assim se explica o que vemos o quesoffremos o torvelinho em que nos ator -doamos o chos em que nos debatemos ascrises que deflagram aqui ali alhuresatormentando o Homem com os males dafome do frio das enfermidades e da des-harmonia.

    Senhores.Eis-me chegado ao fim antes porm dedespedir-me de vs agradecendo a gene

    rosa atteno com que me honrastes quero e devo dizer-vos como cheguei at vsfalando-vos daquelle que aqui me trouxe.

    Que apostolo foi esse que pregou minh alma a doutrina toda de consolo eesperana que hoje a base da minhaF ? De onde veiu o missionaria suave ?No veiu: foiNa pobresa honesta do meu lar de tra-balho casa pequenina e risonha onde tudoque existe foi adquirido custa de sonhos- porque de sonhos vivo - a Felicidadeera um dos numes tutelares a Honra outro e. ao centro que o lugar do coraocompletando e presidindo trindade -o Amor. Ventura : a esposa e os filhos ;cabedaes os livros. Para conforto o bastante e sempre uma pequena sobra que eraa parte da Caridade. Deus sempre comnosco manifestando-se na misericordiacom que nos assistia.

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    Os filhos meigos; a esposa. . . no encontro na lingua adjectivo para louva-lacomo merece. Digo apenas que a Mu-lher como a quiz para desabotoar-se na Hu-manidade o Missionaria do Ceu. Amigospoucos ms leaes; amigos que me foramfieis na hora adversa cujo bem quererprovei no amargo sabor das lagrimas .Nesse lar sempre feliz entraram dezdias lugubres - Decalogo que recebi deDeus no saral da agonia que quanto maisarde em desespero mais revia em esperanaMancebo no conheci outro mais fortenem mais puro de animo to energicode corao to meigo.Bello no da belleza que hansluz emtraos mas da que esplende em gestose attitudes dalma.Esse exemplar da Virtude enfermou asubitas de p como um tronco ferido peloraio Tanta era nelle porm a robustezto fortes eram as duas muralhas deamor que o cercavam que nunca penseina possibilidade da sua queda.

    Uma manhan porm - manhan que osol no quiz illuminar - a casa encheuse e presagios ' Os passos ensurdeceramno soalho as vozes tornaram-se sussurros e os olhos que se fitavam reviam la-grimas uns nos outros.Elle arquejava canado de lutar com osoffrimento aggravado pelo martyrio quelhe havia exhaurido as veias que fizeramdo leito uma veronica no somente da f

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    - ce, mas de tod > o seu corpo, medindo -oem estal3o de saigue.O athleta ali jazia traioeiramente derrubado, de olltos muito abertos, fitas emum horizonte inattingivel nossa visfomesquinha, horizonte de luz, limiar do Infinito, porta da Eternidade.Nesse momento quiz agarrar-me quellavida que vasquejava, prende-la a mim >u ir-me com ella, para no ficar no supplicio da Saudade, que a margem de umrio que ninguem transpe e de onde, atravez do curso melancolico das lagrimas, seavista a outra margem mysteriosa.

    No foi passiveAquelle que nunca me desobedecera desattendeu-me pela primeira vez, no se voitando ao meu chamado. E foi-se Eu fiquei Fiquei, envelhecendo em minutos,eu, que resistira. vgeto, a sessenta annos,arduos e trabalhosos.

    Foi elle, com sua alma lmpida, sublime na morte hrroica que me fez antevera vida superior, estratificada em escaleira que sobe do mais rude ao divino, desde orasteiro at a Perfeio absoluta reintegrando-se em Deus.Senhores, eu estava e g ~ e assim comodipo, guiado por Ant(gone, chegou aosvergis de Clono, assim foi elle que meguiou at vs e me ha de guiar at apresena de Deus, por me haver posto nocaminho liso e claro da Verdade.

    Porque chora-lo se o sei feliz ? Tenhosaudade da sua presena material, como

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    45 -a arvore chora, em lentejo de seiva, ogalho que o vendaval partiu; tenho saudade, o sentimento do corao.A alma, porm, essa sorri feliz e abena-o da terra acena-lhe com esse gesto eamor antes de r eencontra-lo.Parta daqui a minha beno e todosvs, commigo, pedi a Deus pelo que foimeigo, bom, honesto e justo e a elle proprio, o espirita de meu filho, que nosguie, que nos aconselhe e console nas dores e amarguras desta vida.

    Que a minha beno o acompanhe comoa sua presena no me abandona porque,assim como o sol, de longe, nos aquece,e alumia, por que lume, assim o espiritados mortos nos conforta e dirige, porque Alma, pura essencia, essencia eterna, divina essencia da Vida.

    S11 rsum corda

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    l ~ - - - - - - - - - - - - - ~ lumERO 4 AlllO li DA 2 a POC A\ ERDADE bUZ5?10 PAU :O BRtiS:u li UE :JUlf>O DE 19: 3~ ~ . . . . . . . . . ~ - ~1 1 1 1

    1

    OELHONETTO

    1 : 1 ~ 1~ \ . ~

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    erdade e uzPubllc19lo qulnzer11I fundada em 5 t Maio dt 1880, por Anltnlt Gon9llf00 da Sllwa 8alolra&rga11 da l m ~ a ; a o bpirifa "Slo Pajre a s Paala d IDSfil;ilt Cim I "Y11dd1a uz

    Tl LfPH. CENTRAL aro e 4"77EDACO: {RUA JOS_e BONll'ACIO, -41 sol>.Rua espirita, 28.REOACTOR GERAL NEOACTOR OERl NTE

    Dr. Pedro l.amdra d Andrade O. Aul(U

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    \ ..P.l'tDADE E ITTZTemi que a Hduz:l-m para o esplr1tismo, que a lonassem no turbilhlo domysterio em que se agitam as almasdo nosso tempo, como os endemoninhados da Idade Media corriam ao sabbat, nos desfiladeiros sinistros. No estado de abatimento moral em que ellase achava seria arriscado perturbar-lhea razo com praticas nigromanticas.As minhas ordens, dadas em tomsevero, foram obedecidas. Julia passava os dias no quarto, que fra dapequena e de fra ouvimol-a alar,rir, contar historias de fadas, exactamente como fazia durante a vida dacriana.Taes illuscs dolorosas eram balsamos que mitigavam o solfrimentod'alma. como a morphina alhvia asdres. Cessada a illuso, o desesperoirrompia mais acerbo. Era assim.Urna manhan, porm, com surprcsa de todos, Julia appareceunos ri

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    \ ERDADE E Ll"Z 6 iOuu toda a c o n v e ~ e comprebend1q e nos estamos aproximando dagrande era, que os Tempos se . ttrahemmito defronta o mftmto e, das

    ronteiras que os separam, as almasj se communicam. E eis como mconverti; eis porque te disse que ammha estrada de Damasco 1 1 o escnptorio onde, se no fui deslumbradopelo fogo celestial, ouvi a voz do ceu ,a voz vinda do Alm, da outra Vida,do mundo da Perfeio .. .Ouviste a ao telephone. . Eporque no a ouves no ar, como aouviu ... So Paulo, por exemplo? Porque? Porque o esp1rito precisa dr um meio em que se demonstre.Para viver comnosco, encamasc. Oproprio Esprito de Deus encarnou-se.O lume precisa de um combustvelp;ira arder, e o lume luz, eternidade;o som precisa e um orgo para vibrar. Todo o im material carece d ~um vehiculo para agir.

    Uma pergunta apenas : Comoconsegue D. Julia pr-se em commu-

    nicao com o espinto da f i l h a ~ Nlome consta que a Companhia Telepbonica tenha ligao com o Alem.- Respondote. Quando Juliadisse-me ella propria deseja communicar-se com a filha, invoca-a. chamo com o corao, ou melhor : com oamor e ouve lhe 1mmediatamente avoz. Falam, entretem-se, continuam avida espiritual A que l est em Cima feliz na s ~ m v e n t u r n e a que fi-cou na orfandade j no so lre. comodantes soffna, porque o que era esperana tomou-se certeza, absolutacerteza . . .Ccrtezd de que?- De uma vida melhor e maior,de uma vida puramente espiritual,como a claridade, vida sem dres, semos tormentos proprios da carne queno ma's do qu um cadinho emoue nos d e p u r m o ~ cm sofinmenlopa ra alcanarmos a Prfeio.

    ~ o h o nottofoma/ do Brasil 7-61923aonoerso de aoelho netto ao

    spiritismoHa fe,ta nos arraiaes do EspiritismoCoelho Netto. o acadmico brili ante, o primoroso esthPta das RhapS; o fino estyhsta d' Invernoem Flr , vem de bandear-sr rara ocampo onde levantamos a nossa tendaNaquella alma sede .ta de luz; nqorllec railo cheio de i; a q u e l l ~ espirijoempre inquieto, em busca da Verdade,

    o podendo conter-se no circulo aca nad do dogmatismo regulador da~ cia e da R ~ l i g i o J hc1aes, acahae r(lmper a. c ~ d e i a < do preconcenora abraar o f.\'angelho que o F.sintismo acceita e propaga.Quanta belleu encerra o geslo do

    suave cantor das cSalladilhas> que -sem temor aos arrancos da cntica malevolente - vem fazendo sua publicaprofisso de f espmtaQue bello exemplo o de CoelhoNetto, aquelles que voltam os olhos Verdade que se projecta temerosos deaffrontar o embate tumultuoso da criticaUma circumstancia meamente fortuita, um lacto de ,; msign ficante, umphe1 omeno ~ u g a r pode deterrnmaruma nova directriz ao esprito humano; pr\de most1ar o caminho quC>nduz ao doscobmnento de :erdadesuu leis s c 1 c n l l l 1 c ~ s Entretanto, prec se-

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    VERDDE E LUZO espmtuahsmo Ae se re. ela comouma suprema aspirao 1Eis que o doce espirita da netinhaquerida, portador da caridosa bondadee Deus, vem abrir no corao doav uma aurora risonha de sol, umaalvorada azul de venlura, pois, ventura recebermos o orvalho bencfico doco.

    ~ r e n o s Coeibo Netto tuclo l5SOque a seu respeito dizemo$. No acriti