Coleção Preservação e Desenvolvimento - 09 Contadores de Histórias, Paraty - RJ
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CONTADORES DE ESTRIASPARATY - RJ | 9
SRIEPRESERVAO
EDESENVOLVIMENTO
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CONTADORES DE ESTRIASPARATY - RJ | 9
IPHAN | MONUMENTA
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C r d i t o s
Presidente da Repblica do BrasilLuiz Incio Lula da Silva
Ministro de Estado da CulturaGilberto Passos Gil Moreira
Presidente do Instituto doPatrimnio Histrico e Artstico NacionalCoordenador Nacional do Programa MonumentaLuiz Fernando de Almeida
Coordenao editorialSylvia Maria Braga
EdioCaroline Soudant
Redao e pesquisaRogrio Furtado
Reviso e preparaoDenise Costa Felipe
DesignCristiane Dias
FotosArquivo Monumenta/Arquivo IphanArquivo Cristiane Dias
C759 Contadores de estrias: Paraty - RJ. Braslia, DF: IPHAN / ProgramaMonumenta, 2008.60 p.: il.; 15 cm. (Preservao eDesenvolvimento; 9)
ISBN 978-85-7334-066-2
1.Educao Patrimonial. 2. Paraty RJ. 3.Instituto do Patrimnio Histrico eArtstico Nacional. 4. ProgramaMonumenta. I. Srie.
CDD 370.115
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A p r e s e n t a o
Este pequeno livro pertence srie Preservao e Desenvolvimento, uma
coleo de registro das experincias desenvolvidas pelo Programa
Monumenta na rea da promoo de atividades econmicas, de educao
patrimonial, de formao profissional e de capacitao.
Na qualidade de programa do Ministrio da Cultura para a recuperao
sustentvel do patrimnio histrico brasileiro, o Monumenta se prope a
atacar as causas da degradao de stios histricos e conjuntos urbanos
tombados e a elevar a qualidade de vida das comunidades envolvidas.
Assim, muitas das aes propostas no mbito do Programa, com apoio deestados e municpios, vm permitindo a essas comunidades descobrir o
patrimnio cultural como fonte de conhecimento e de rentabilidade
financeira, como meio, portanto, de incluso social.
Esse novo conceito de preservao transformou alguns dos stios
beneficiados em plos de atividades culturais, tursticas e de gerao de
empregos, garantindo ao mesmo tempo a conservao sustentada de nosso
patrimnio e melhores condies de vida para quem trabalha ou vive ali.
uma dessas experincias que voc vai conhecer agora.
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I n t r o d u o
O teatro de bonecos manifestao artstica notvel pela longevidade, pois
talvez tenha nascido na idade da pedra. Tal hiptese no pode ser
comprovada, mas sabe-se que, j na Grcia antiga, essa modalidade de
teatro era muito difundida e apreciada em espetculos de rua.
Desde ento, o teatro de bonecos ganhou o mundo ocidental, passando
primeiro por Roma e pela Europa da Idade Mdia. No Brasil, as primeiras
marionetes provavelmente foram utilizadas para representar figuras da Bblia,
durante festas religiosas, a partir do sculo 18. Na mesma poca surgiram os
tradicionais mamulengos, teatros de fantoches nordestinos.
A partir de meados do sculo 20, o movimento teatral de marionetes ganhou
corpo no Brasil, tendo o Rio de Janeiro como principal centro de difuso. Os
espetculos para o pblico infantil dominaram o cenrio no incio. Mas, nos
anos 70, a animao se voltou tambm para a dramaturgia adulta. De l parac, muitos grupos teatrais se formaram, consolidando a arte de trabalhar
com os bonecos em vrias regies do pas.
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Como se v, em sua longa trajetria desde tempos remotos, o teatro de
bonecos passou por vrias transformaes, sem nunca deixar de fascinar osespectadores.
o que se verifica na cidade histrica de Paraty, no litoral sul do Rio de
Janeiro, onde o Grupo Contadores de Estrias vem apresentando o
espetculo Em Concerto desde 1994. Com isso, o Teatro Espao, quepertence companhia, se tornou atrao turstica.
Embora a pea tenha sido vista ali por mais de 70 mil pessoas, a maioria dos
paratienses nunca foi ao teatro. Isso porque a renda da maior parte das
famlias baixa e, durante bom tempo, a populao imaginou que os eventosculturais dessa natureza eram uma exclusividade reservada aos turistas.
Para desfazer esse equvoco, o Programa Monumenta patrocinou o projeto
Escolas no Teatro Espao, realizado em 2006, proporcionando a milhares de
alunos da rede pblica a oportunidade de ir ao teatro pela primeira vez.
O projeto, de grande sucesso, continuar a ter reflexos por tempo indefinido, pois
os jovens paratienses descobriram o encanto do teatro e se tornaram mais inte-
ressados em participar de outras realizaes culturais que a cidade lhes oferece.
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Essa nova postura ser muito importante para sua formao enquanto
cidados e futuros agentes de turismo em uma cidade que patrimnionacional.
Luiz Fernando de AlmeidaCoordenador Nacional do Programa Monumenta
Presidente do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional
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E s t u d a n t e s
d e s c o b r e m o t e a t r o
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E s t u d a n t e s d e s c o b r e m o t e a t r o
Nas ltimas dcadas, Paraty, no sul do Rio de Janeiro, aos poucos se tornou
referncia para o turismo cultural. Com eventos atraentes, mais o charme do
casario antigo e a beleza das regies litorneas de Mata Atlntica, a cidade
praticamente desconhece as baixas temporadas. A situao era um tanto
diversa em 1981, ano em que uma companhia de teatro de bonecos, oGrupo Contadores de Estrias, chegou para ficar. No havia tantos visitantes,
e o ambiente tranqilo seduziu os artistas: Paraty reunia condies ideais
para o trabalho de criao dos espetculos que apresentariam no Brasil e no
exterior. Com o dinheiro das turns, o grupo comprou uma casa no centro
histrico e a transformou no Teatro Espao, que virou atrao turstica. A
pea Em Concerto est em cartaz ali desde a estria, em 1994.
Dividido em episdios curtos, o espetculo j foi visto por mais de 70 mil
pessoas. Esse total, que no inclui as platias de espetculos apresentados
em outras localidades do pas e do mundo, corresponde ao dobro da
populao de Paraty. No entanto, at hoje, a maior parte dos paratienses
s conhece a fachada do teatro. Por dois motivos. Primeiro, porque em
geral a renda das famlias baixa. Depois, porque a valorizao do
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patrimnio histrico e das manifestaes culturais pelos muncipes mais
recente. Isso s comeou de fato a mudar no primeiro semestre de 2006,quando alunos da rede pblica de ensino foram ver o Grupo Contadores de
Estrias no palco.
Em sua quase totalidade, os estudantes das escolas pblicas de Paraty
so filhos de pescadores, trabalhadores rurais, operrios de construo efuncionrios de pousadas e restaurantes. Muitos deles moram na zona
rural e estudam na cidade, no tendo recursos ou a oportunidade de
participar de determinadas atividades na esfera cultural. Aps a
temporada de apresentaes de Em Concerto e Chapeuzinho Vermelho,
grande nmero de crianas, jovens e adultos escreveu sobre a surpresa e o
encantamento proporcionados por essa introduo ao teatro. No poderia
ser diferente. A exemplo da maioria esmagadora dos brasileiros, os
estudantes de Paraty tm sido alimentados com o que h de pior em
matria de entretenimento e de produtos da chamada indstria cultural.No Teatro Espao, ao contrrio, mergulharam em delicado universo
de sonhos, povoado por seres minsculos que, de repente, parecem
transcender sua condio de objetos.
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Em Concerto e Chapeuzinho Vermelho dispensam dilogos. As manipuladoras
que do vida s personagens se apresentam cobertas de preto da cabea aosps. No entanto, a presena humana esquecida segundos depois de cada
troca de cenrios, feita vista do pblico, pois o espectador, imobilizado pelo
magnetismo dos bonecos animados, tambm acaba envolvido por outros
recursos cnicos iluminao e msica. A srie de apresentaes especiais
dos Contadores de Estrias foi patrocinada pelo Programa Monumenta,
segundo o projeto Escolas no Teatro Espao, aprovado em 2005. O
Monumenta, financiado pelo Ministrio da Cultura e o Banco Interamericano
de Desenvolvimento, em colaborao com a Unesco, um programa voltado
para a recuperao do patrimnio histrico brasileiro. Mas tambm apia
projetos destinados a incrementar atividades econmicas nos centros histricos.
A gerao de renda nesses stios fundamental para que as comunidades
possam garantir a manuteno de monumentos e tradies culturais.
O projeto Escolas no Teatro Espao se enquadrava nessa categoria, tendo
sido apresentado ao Monumenta pela ONG Espao Cultural Paraty, cuja
principal fonte de recursos o teatro de bonecos. Fortalecer e divulgar a
atividade teatral significaria fortalecer a ONG, responsvel por outras
iniciativas importantes na cidade, como se ver mais adiante.
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Os coordenadores do projeto agiram orientados por uma perspectiva de
longo prazo: ao levar estudantes ao teatro, estavam formando pblicopara outros eventos em Paraty, o que tambm uma forma de incentivar
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os jovens a assumir o papel de cidados e a valorizar o patrimnio
histrico e cultural. Escolas no Teatro Espao foi um sucesso. Dos 2.115alunos participantes, 573 assistiram Em Concerto e 1.542 foram s
apresentaes de Chapeuzinho Vermelho. E seus depoimentos sobre o que
viram so eloqentes.
Raquel Alves Barreiro, aluna de curso noturno do ensino fundamental,assistiu Em Concerto, fascinada. Embora desde sempre fosse atrada pelo
teatro, j contava 27 anos quando a chance surgiu. Todo mundo tinha de
ter a oportunidade de ir ao teatro pelo menos uma vez por ms, escreveu.
Para Meiryellen de Oliveira, o sincronismo, a delicadeza, a perfeio,
pequenos detalhes formam o esplendoroso Em Concerto. Foi uma
experincia inesquecvel. Rosa Carlas comentou: Nem se eu usasse um
milho de palavras, acredito que no conseguiria expressar totalmente o que
senti. Fui to enfeitiada que, mesmo horas aps o espetculo, aquelas cenas
no saam do meu pensamento. As crianas se manifestaram de forma
parecida. O final foi bom e eu fiquei feliz como se eu fosse a Chapeuzinho
Vermelho. Foi muito divertido e melhor que assistir televiso. No vou
esquecer nunca meu primeiro passeio ao teatro. Quero ir outras vezes.
Obrigada, declarou Julie do Esprito Santo Guedes.
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Os professores, emocionados, fizeram comentrios semelhantes. Da Escola
Pingo de Gente, uma professora, impressionada, lembrou que ao terminaro espetculo, alunos de cinco anos perguntaram se tinha mais. Crianas
nessa idade tm, em mdia, de 20 a 30 minutos de concentrao, e esses,
depois de 40 minutos, ainda queriam mais. Os Contadores de Estrias j
haviam apresentado espetculos para escolas de Paraty, mas nunca partici-
param de um projeto de tal envergadura. Para eles, Escolas no Teatro Espao
alcanou plenamente seus objetivos. Tanto assim que a comunidade quer
que o projeto tenha continuidade, conforme pedidos da administrao
municipal e de vrios professores. Os organizadores ficaram particularmente
satisfeitos com o comportamento exemplar dos jovens na sala de espetculos.
E tambm porque eles contaram sua experincia para as famlias e pessoas
prximas, multiplicando o interesse pelo trabalho desenvolvido no teatro e
por outras manifestaes culturais.
Hoje, os alunos e seus familiares esto mais abertos para as possibilidades
que a cidade oferece no campo cultural. Para que fosse possvel chegar a
bons resultados, os organizadores planejaram tudo com muito cuidado. O
projeto foi antecedido por uma srie de aes, principiando pelos contatos
com as escolas e com a Secretaria Municipal de Educao. Como no seria
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possvel levar todos os alunos de cada unidade de ensino ao teatro, a tarefa
de escolher que turmas mandar ficou para diretores e orientadorespedaggicos, desde que houvesse estudantes dos vrios turnos e faixas
etrias. Isso depois de o projeto ter sido modificado. A idia inicial era
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apresentar apenas Em Concerto, para alunos maiores de 14 anos. Mas
Chapeuzinho Vermelho foi includa para atender pedidos das escolas.
Por dificuldade de transporte, a Secretaria de Educao decidiu que s os
alunos da rede urbana iriam ao teatro. Porm, duas escolas da zona rural
insistiram em participar do projeto, propondo cuidar do transporte de seus
alunos. E elas terminaram ficando entre as mais participativas. Duas outrasinstituies tambm foram atendidas, a Apae e o Projeto Casa Escola. De
comum acordo com representantes da rede de ensino, a coordenao do
projeto resolveu concentrar os espetculos teatrais no primeiro semestre.
Havia boas razes para isso. Se o projeto se estendesse para alm de junho,
poderia ser afetado pela Copa do Mundo, pelas frias de julho e pela Festa
Literria de Paraty, que interromperiam sua divulgao.
Pronta a grade de 37 apresentaes, que seriam realizadas sempre s
quartas e sextas, com sesses pela manh, tarde e noite, um membro do
projeto visitou as escolas alguns dias antes de cada turma ir ao teatro,
levando material para os professores e para os alunos. Os professores
receberam uma proposta de atividades pedaggicas. Ao pblico
estudantil foi oferecido um folheto sobre o projeto, apresentado como
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parte do Programa Monumenta, com um encarte relativo ao espetculo
que o aluno iria assistir. O encarte sobre Em Concerto trazia comentriossobre o espetculo, escritos por alunos da rede pblica convidados a ir ao
teatro antes do incio do projeto. Tais comentrios serviram de estmulo
para os colegas.
O encarte sobre Chapeuzinho Vermelho trazia uma parte destacvel, comfigurinhas para pintar e recortar. Com elas, as crianas poderiam montar seu
prprio teatrinho. Foi uma forma de levar os pequenos alunos a compartilhar
suas impresses sobre o espetculo com familiares e amigos. Por fim, os
coordenadores do projeto usaram um artifcio para incentivar a produo de
trabalhos em sala de aula sobre a experincia da ida ao teatro, e dessa
maneira ter um retorno sobre o aproveitamento da atividade por parte dos
alunos: um concurso, em que os autores dos melhores desenhos e das
melhores redaes ganhariam uma bicicleta. Um prmio relacionado
cultura, motivaria alunos j atrados pelas atividades de leitura, desenho e
redao. Dada a realidade econmica local, uma bicicleta seria ambicionada
pela maioria. Elas foram compradas pelo Espao Cultural Paraty, que usou
recursos prprios e contribuies de comerciantes e de amigos. A estratgia
deu certo: ao todo foram apresentados 106 redaes e 435 desenhos.
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Dos 24 classificados, 13 eram alunos do Ciep (Centro Integrado de Educao
Pblica). Os demais estudavam em outras cinco escolas. Os organizadoresobservam que o Ciep tem tido diretores interessados, que conseguem
envolver e estimular alunos e professores para que participem de diversos
projetos. O Ciep, por exemplo, organiza sua prpria feira literria e promove
clubes de atividades extraclasse. Como era grande a quantidade de
trabalhos apresentados, os organizadores decidiram conceder vinte brindes
especiais a trabalhos bem classificados. Os brindes eram kits de material
escolar embalados de maneira charmosa. Quatro escritores e quatro artistas
plsticos da comunidade formaram o jri. Os vencedores na categoria
infantil foram: Caio Mrcio Pereira de Souza (desenho) e Julie do Esprito
Santo Guedes (redao). Na categoria juvenil, os prmios ficaram com
Lidiane Jconi (desenho) e Lus Felipe Silva do Nascimento (redao).
O projeto Escolas no Teatro Espao terminou com festa, na noite de 25 de
agosto de 2006, quando houve entrega de prmios aos vencedores dos
concursos. Os finalistas receberam diplomas de participao e os brindes.
Houve ainda exposio dos trabalhos dos alunos, projeo de imagens do
projeto, exposio de bonecos do Grupo Contadores de Estrias e um
coquetel, alm de um bolo enorme e refrigerantes para a meninada.
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Para os organizadores, alm da
satisfao pessoal, ficou umpblico com potencial multipli-
cador enorme, j que esses
jovens sero os futuros agentes
de turismo, funcionrios de
pousadas e restaurantes etc.
Com apoio do Programa
Monumenta, a ONG Espao
Cultural Paraty imprimiu vrios
materiais promocionais e realizou um sonho antigo: a produo de um DVDinstitucional sobre seu trabalho e o do Grupo Contadores de Estrias, para
ser distribudo em escolas, bibliotecas e organizaes beneficentes. E
tambm ser vendido para financiar projetos da ONG. Para a feitura do DVD,
a equipe recuperou e digitalizou um acervo de imagens que estava em vias
de se perder. Isso j havia acontecido com gravaes em VHS, afetadas pelo
clima extremamente mido da regio. Fotos e recortes de jornais tambm
foram digitalizados para os documentrios, dando uma sobrevida memria
do Grupo Contadores de Estrias e da ONG Espao Cultural Paraty.
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Teatro de bonecos,
da antiguidade a Paraty
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Te a t r o d e b o n e c o s , d a a n t i g u i d a d e a P a r a t y
Embora seja impossvel determinar onde e quando apareceu o teatro de
bonecos, pode-se afirmar com segurana que surgiu em tempos recuados,
com feies muito diferentes das de hoje. Marcos Caetano Ribas, do Grupo
Contadores de Estrias, lembra que figuras de pedra em miniatura tm sido
encontradas por arquelogos em stios pr-histricos. Normalmente sodolos que representam deuses. Mas nem sempre o significado das figuras
claro. Como em todas as culturas as crianas fazem bonecos e miniaturas
para brincar, inclusive para contar histrias que inventam, talvez ao menos
algumas das estatuetas antigas servissem a esse propsito, especula Ribas.
Nesse caso, as razes do teatro de bonecos estariam perdidas na pr-histria.
Mas a antiguidade dessa forma de expresso artstica mesmo inquestionvel,
conforme demonstra Newton Oliveira da Cunha no ensaio intitulado
Algumas consideraes sobre o teatro de bonecos no mundo. De acordo
com esse autor, textos de Xenofonte e Plutarco indicam que a animao debonecos era um divertimento bastante difundido na Grcia clssica. E assim
continuou em Roma, como parte dos espetculos populares de rua. Mais
tarde, na Idade Mdia, apresentaes de marionetes foram utilizadas nos
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rituais cristos para ilustrar histrias bblicas, sobretudo as do Novo
Testamento. Porm, com o Conclio de Trento, o marco da Contra-Reformacatlica, os bonecos foram banidos das igrejas. Ao perder o apoio
eclesistico, os artistas reduziram as dimenses dos bonecos para realizar
apresentaes ambulantes. Assim, o teatro de animao pde prosseguir,
mantendo-se vivo nas feiras livres e nas festas laicas.
Sempre de acordo com Oliveira da Cunha, a dramaturgia animada teve
melhor sorte na Inglaterra: Londres, ao final do sculo 16, possua dezenas
de salas exclusivas para as apresentaes de marionetes, que concorriam
com o teatro de atores na preferncia do pblico. Da Inglaterra, o teatro de
animao conquistou a Alemanha, onde parte do repertrio ingls foireaproveitado. Assim, durante sculos, os bonecos tiveram ampla difuso em
qualquer uma de suas modalidades fantoches (luvas), marionetes ou
figuras apoiadas em varas , merecendo a ateno de msicos, escritores,
filsofos, polticos e do pblico em geral.
As representaes do teatro de animao, sacras ou profanas, qualquer que
fosse o lugar da encenao, nunca foram exclusivas do pblico infanto-
juvenil, mas destinadas a todas as faixas etrias. A tendncia em se ver o
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boneco como personagem dramtico em espetculos para crianas tornou-
se um fenmeno cultural relativamente recente. Newton da Cunhaprossegue: As trs ltimas dcadas do sculo 19, no entanto, mostraram
uma acentuada decadncia do teatro de animao na Europa. A urbanizao
crescente, o deslocamento das populaes, as novidades tcnicas e artsticas
agora difundidas pelos meios de comunicao, como o cinema, enfraqueceram
sensivelmente a arte popular dos bonecos. A retomada, de um modo geral, socorreria aps a Primeira Grande Guerra, e em novas bases de produo
social. Ou seja, por intermdio de grupos fixos e profissionalizados, mantidos
com recursos pblicos ou patrocinados por fundaes e organizaes
privadas, assim como pelo aproveitamento didtico ou pedaggico que
muitas instituies educacionais encontraram no teatro de bonecos.
No Brasil, as primeiras marionetes provavelmente foram utilizadas para
representar figuras da Bblia, no perodo colonial, durante festas religiosas.
Segundo Mrio Cacciaglia (Pequena histria do teatro no Brasil), citado por
Newton da Cunha, referncias concretas a bonecos teatrais surgiram no Rio
de Janeiro do sculo 18: ... ao lado do teatro de vivos, existia tambm um
teatro de bonecos que gozava de grande aceitao. Dividia-se em trs tipos:
tteres de porta, assim chamados porque a pessoa movia seus bonecos
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postando-se atrs de um pano estendido entre os batentes de uma porta.
Havia tambm os tteres de capote, que eram acionados por um garotoescondido atrs de um capote, mantido aberto pelos braos de um adulto.
Finalmente, os tteres de sala exibiam-se em teatros regulares, como o
que existia na Rua do Carmo, onde tocava uma orquestra de violinos...
Parece que o repertrio compunha-se de peas edificantes. Note-se
que um tipo de espetculo de tteres de porta, com sabor de patifaria, tinhalugar em Barbacena (MG), com interpretaes de cenas das sagradas
escrituras pelos bonecos.
Para Newton da Cunha, a tradio histrica mais consistente, entretanto,
reside nos mamulengos ou babaus nordestinos, igualmente registrados apartir do sculo 18. De modo predominante, correspondem aos fantoches
(embora haja bonecos de varas e mesmo de cordis) e aos personagens
arquetpicos ou heris sem carter de vrias naes. Sua origem encontra-se
tambm nos prespios medievais, dos quais derivam os pastoris (teatro
religioso de atores) e os babaus. Por essa razo, o mamulengo rural, mais
antigo, conservou figuras alegricas bblicas (a alma, o diabo), o recurso s
loas cantadas, msica instrumental, e s passagens, ou seja, pequenos
quadros sem continuidade de enredo, que servem ao improviso do mestre
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bonequeiro. Seu universo social reproduz os hbitos cotidianos, os valores
culturais e os conflitos entre os humildes e as autoridades nas fazendas epovoados, mas sob o vis do humor, da farsa e da pancadaria entre os
personagens. J o mamulengo urbano adota continuamente novos
personagens e circunstncias inerentes dinmica das cidades e do tempo.
Mantm um enredo de dilogo falado, embora no abra mo do improviso.
Tanto um como outro constituem um amlgama de teatro e folguedo.
Desde meados do sculo 20, o movimento teatral de marionetes ganhou
corpo no Brasil. O principal centro de difuso foi o Rio de Janeiro, onde
Helena Antipoff desenvolveu trabalhos de arte-educao na Sociedade
Pestalozzi. A partir dos cursos tcnicos que instituiu, vrios grupos teatrais seformaram, com espetculos exclusivos para o pblico infantil. Nos anos 70,
a animao ingressou na dramaturgia adulta. Desde ento, numerosos
profissionais consolidaram a arte dos bonecos em vrias regies do pas.
Como se v, aps sculos de evoluo, essa vertente do teatro permanece
viva e atraente. Qual seria o segredo de sua longevidade?
Newton da Cunha responde assim: Uma das fascinaes imemoriais do ser
humano tem sido a de criar autmatos. Uma vontade de dar vida ao
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inanimado, de imitar o poder criativo de Deus. Um sonho e desejo cuja
meno mais antiga, no Ocidente, talvez esteja no Eutfron, um dos dilogosde Plato, quando este, pela boca de Scrates, se refere s esttuas mveis
de Ddalo. Essa mesma idealizao ou convencionalismo aparece ainda nos
movimentos das marionetes (sejam elas as de fio, de varas, de luvas ou de
conduo direta). que as possibilidades e os limites dos gestos e dos
deslocamentos naturais, humanos, se alteram de maneira muito singular. Opeso da gravidade nos d a impresso de desaparecer. A figura que se anima
capaz de saltar com artifcios inalcanveis pelo ator, voar sem asas ou
dobrar-se espantosamente, mesmo para um acrobata experimentado. E o
curioso ou paradoxal nisso tudo que a animao provm justamente de
uma passividade inerente sua natureza a de ser um objeto. O encanto
surge no da mimese dramtica, mas de uma liberdade inatural de ao.
Marcos Ribas, do Grupo Contadores de Estrias, tambm opina sobre o
assunto: De qualquer forma, o que perdura, acredito que desde o incio dos
tempos, a atrao que as pessoas sentem por esta transposio de
emoes para objetos inanimados que ganham vida e passam a falar dos
seus anseios, dos seus temores e dos seus desejos mais escondidos. Objetos
que sempre acabam pegando de surpresa esses espectadores e os atingindo
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no mais profundo dos seus sentimentos. Explorando esse campo, o Grupo
Contadores de Estrias j se apresentou em 15 pases e 18 estados do Brasil.E, tal como o prprio teatro de bonecos, passou por sucessivas metamorfoses
ao longo de sua carreira.
Tudo comeou em 1971, quando Marcos e Rachel Ribas fizeram sua primeira
montagem: O Bode e a Ona, apresentada ao ar livre, em Nova York, ondeestudavam. Nos espetculos, usavam grandes mscaras, que seriam a
marca registrada da companhia durante vrios anos. Mais adiante, aps uma
estada no Brasil, o casal viveu algum tempo na Holanda, criando e
apresentando peas para crianas e adultos. Em 1976, de volta ao Brasil,
fizeram sucesso com o espetculo A fabulosa estria de Melo City. Combonecos de quatro metros de altura, atores usando roupas coloridas e uma
banda de msica, movimentavam-se pelos parques, praas e ruas do Rio
de Janeiro, atraindo milhares de pessoas para um espetculo que se
transformava em festa popular. Seguiram-se vrias outras criaes que
lhes deram o reconhecimento do pblico e da crtica, alm de prmios.
Em 1978, o casal decidiu realizar uma aventura: viajar de automvel de Nova
York ao Brasil, com dois filhos pequenos, apresentando espetculos durante
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o percurso. Acamparam e fizeram apresentaes durante o trajeto. Rachel
criou bonecos pequenos, que dividiriam o espao acanhado do carro com a
famlia. Usou madeira, espuma e tecidos. Alm disso, as circunstncias
impunham a adoo de uma linha de trabalho que dispensasse dilogos, de
modo que os espetculos pudessem ser compreendidos por qualquer pessoa.
Comeava a se desenvolver o embrio do que viria a ser a nova linguagem
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do grupo. Dessa fase de experincia e pesquisa surgiu Mansamente, para o
pblico adulto. O espetculo estreou no Rio de Janeiro em 1980, inaugurandoa nova tcnica de manipulao direta dos bonecos e eliminando dilogos. Em
1981, Marcos e Rachel instalaram-se definitivamente em Paraty, de onde
saam para turns no Brasil e no exterior. Os convites para apresentaes fora
do pas intensificaram-se. Em 1985, com os recursos acumulados nessas
viagens, a companhia realizou o sonho do teatro prprio: comprou etransformou um casaro do centro histrico no Teatro Espao, que tem sido
a base para novos experimentos e criaes.
Desde a poca em que fazia apresentaes nas praas do Rio de Janeiro, o
Grupo Contadores de Estrias sentia-se atrado por projetos de naturezasocial, ligados ao fazer artstico. J no ano seguinte ao da mudana do grupo
para Paraty, surgiu a oportunidade de resguardar, pelo menos em registro
escrito, certas tcnicas antigas de confeco artesanal de objetos de uso e
lazer, ainda existentes na cidade. Aps ficar isolada por muitos anos,
conforme se ver mais adiante, a cidade manteve no s sua arquitetura,
como tambm vrias tradies culturais. O Modo de Fazer, foi um projeto
pioneiro de preservao de patrimnio imaterial, realizado pelo grupo em
1983/84. Foram dois anos de pesquisa, com bolsa da Fundao Ford, que
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resultaram na publicao de um livro e numa exposio de fotografias e de
objetos feitos por artesos paratienses, mostrando as diversas etapas de suaconstruo.
Por ter sede prpria, com sala de espetculos, escritrios e uma sala de
exposio, a companhia teatral acabou motivada a ir mais adiante na sua
atuao como promotora cultural e a criar a ONG Espao Cultural Paraty. Pormeio dessa instituio, os artistas passaram a realizar outros projetos. O
primeiro foi uma srie de cursos de arte em parceria com o Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro, com a participao de vrios artistas de renome.
Em seguida, promoveram espetculos de msica popular e concertos de
msica erudita, alm de espetculos de teatro e dana.
Entre outras realizaes importantes no campo das artes, o Espao Cultural
Paraty lanou-se ao trabalho de recuperao e preservao do patrimnio
histrico, comeando pelo Caminho do Ouro, a velha trilha que projetou a
cidade no contexto do perodo colonial. Assim foi organizado o StioHistrico-Ecolgico Caminho do Ouro, museu a cu aberto que encerra um
trecho recuperado do antigo caminho, alm de outros atrativos. Finalmente,
a ONG criou a exposio permanente A histria do caminho do ouro em
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Paraty, montada em um casaro do centro histrico, e desenvolveu projetos
educacionais. Entre eles Escolas no Teatro Espao, apoiado pelo ProgramaMonumenta.
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Tr i l h a s e c u l a r
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Depois de suas muitas incurses pelo teatro, o contador de histrias Marcos
Caetano Ribas resolveu narrar o percurso de Paraty atravs do tempo. Assim,
h alguns anos, mergulhou em arquivos e bibliotecas para garimpar as
informaes contidas no livro A histria do caminho do ouro em Paraty,
lanado em 2003. O texto a seguir se baseia na cronologia existente na obra.
At fins do sculo 16, a regio de Paraty foi habitada pelo povo goian,
tambm chamado de goiamimim, que vivia em aldeamentos localizados no
Vale do Paraba e no litoral. Para se deslocar por esse territrio, os indgenas
viajavam por uma trilha que, mais tarde, justificaria a fundao de Paraty.
possvel que o nome da cidade tenha derivado de pirati, peixe branco da
famlia da tainha.
Em data desconhecida, os portugueses ouviram falar da trilha indgena, por
onde enveredaram em 1596, em uma de suas expedies de explorao ecaptura de escravos. O trecho que unia Paraty ao Vale do Paraba logo ficaria
conhecido como parte do melhor caminho entre o Rio de Janeiro e So Paulo
ao longo do sculo 17. O movimento por ali cresceria exponencialmente com
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a descoberta do ouro em Minas Gerais, entre 1695 e 1700. Na mesma
poca, os portugueses j pensavam em abrir uma estrada mais curta que
ligasse o Rio de Janeiro s reas de minerao. Contudo, enquanto essa idia
no foi posta em prtica, Paraty pde desfrutar sua posio estratgica por
muitos anos.
No ciclo do ouro, o porto da cidade se tornou um dos mais importantes da
colnia. Tanto assim que, j em 1703, os portugueses decidiram instalar uma
Casa do Registro do Ouro na serra de Paraty, para controlar o fluxo do metal
das minas at o Rio de Janeiro. E tambm o vaivm de pessoas e mercadorias.
S em 1767 que terminam as obras principais da estrada da Serra dos
rgos o chamado Caminho Novo, ligando o Rio de Janeiro a Minas.A velha trilha de Paraty no foi abandonada, mas o movimento por ali
comea a diminuir.
Em 1799, com o declnio da circulao do ouro, Paraty especializou-se na
produo de cachaa, usada no escambo pelos traficantes de escravosafricanos, e o Caminho do Ouro virou rota de comrcio de cativos. E assim
continuou, no decorrer do sculo 19, servindo tambm para escoar a
produo cafeeira que cresce no Vale do Paraba. Em 1820, Paraty tinha 400
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j h i t d f l h t did i d
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casas, e j havia se tornado famosa pela cachaa, ento vendida em mais de
20 lojas. Quarenta anos mais tarde, 150 destilarias operavam a todo o vapor
no municpio, com mo-de-obra escrava. Porm, o primeiro prego no caixo
do escravismo fora cravado em 1850, com a proibio do trfico africano, ao
final de um processo iniciado em 1807.
Na l a a I lat a d idi ti i
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Naquele ano, a Inglaterra decidiu extinguir
a escravido em suas colnias. E resolveu
que o resto do mundo deveria acompanh-
la. Para isso no hesitou em utilizar o
principal argumento de uma potncia que se
preze: o velho e persuasivo canho. Os
escra-vocratas luso-brasileiros resistiramenquanto puderam. Em 1826, a Inglaterra
arrancou do Brasil um tratado pelo qual, trs
anos aps sua ratificao, seria declarada
ilegal a importao de escravos. Em 1831
surgiu uma lei para fazer valer o tratado. Taldispositivo foi desprezado pelos escravistas.
Da a expresso lei para ingls ver.
Contudo, os britnicos no cruzaram os
braos diante da inrcia do governo
brasileiro, apreendendo em alto-mar muitos
navios que transportavam escravos. Isso
porque, em 1846, por ato unilateral, o
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parlamento britnico autorizou sua marinha de guerra a tratar os navios
negreiros como embarcaes piratas.
Os britnicos aumentaram a presso, chegando a invadir guas territoriais
brasileiras. Houve pelo menos um duelo de artilharia entre um de seus navios
e uma fortaleza costeira. Foi assim que o governo do imperador Pedro II
entendeu que a chapa j estava muito quente, e que o melhor seria proibir o
trfico para valer. A economia de Paraty acusou os efeitos do golpe, mas
ainda teve algum flego por conta das atividades cafeeiras no Vale do
Paraba. A decadncia bateu s portas da cidade em 1877, viajando nos
trilhos da estrada de ferro que uniria o Rio de Janeiro a So Paulo. O ltimo
golpe sobre a cidade foi desfechado pelo fim do escravismo, em 1888.
Depois disso, Paraty permaneceu mais ou menos isolada por muito tempo,
o que certamente contribuiu para a manuteno de seu patrimnio
arquitetnico. Em 1958, a cidade foi tombada pelo rgo que
corresponde ao atual Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional -IPHAN. Finalmente, em 1966, o municpio inteiro foi declarado
Monumento Nacional.
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Investimentos nas Aes Concorrentes do ProgramaMonumenta em Paraty
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Projeto
O Teatro de Bonecos de ParatyFinanciadorPrograma Monumenta/MinC
RealizadorEspao Cultural Paraty
Objetivo
Promover, por meio do Teatro de Bonecos, a divulgao da cidade de Paraty comodestino cultural, bem como possibilitar a formao de um pblico para as atividadesculturais desenvolvidas na localidade.
AtividadesRealizar 37 sesses do espetculo Em Concerto para os jovens paratienses da redepblica de ensino.
Registrar o espetculo Em Concerto em DVD para divulgao externa do teatro e dacidade de Paraty.
Produzir folhetos para a divulgao do grupo e tambm da cidade.
ValorMonumenta Contrapartida TOTAL
R$ 83.100,00 R$ 46.400,00 RS$ 129.500,03
Perodo de execuo01/03/2006 a 01/11/2006
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