COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

159
VOLUME I COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0 - 6 SALVATERRA DE MAGOS Documentos para a História de Séc. XIII Séc. XXI Património Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)

description

COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

Transcript of COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

Page 1: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

VOLUME I

COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0 - 6 SALVATERRA DE MAGOS Documentos para a História

de Séc. XIII – Séc. XXI

Património Geográfico, Monumental, Cultural,

Social, Político, Económico e Desportivo

Autor

JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)

Page 2: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

2

Fotos da Capa do Volume I - Fonte de Santo António, Construção conhecida antes de 1788, destruída em 1951, no Antigo Largo Santo *António, junto à Câmara Municipal * Edifícios que serviram de Cinema e Teatro

Page 3: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

3

VOLUME I

Indíce: COLECÇÃO - RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Cadernos/ Livros:

0 - Apresentação

1 – Monumentos e Edifícios de Interesse Público

2 – Foros de Salvaterra (Uma terra que já foi Coutada)

3 – A Propósito de Toiros em Salvaterra de Magos

4 – Restaurante Típico Ribatejano

5 – A Misericórdia de Salvaterra de Magos

6 – Os Teatros e Cinemas que existiram na Vila ********

Tipo de Edição: PDF – Versão Revista e Aumentada

Autor: Gameiro, José

Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49

Localidade: Salvaterra de Magos

Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ******** * Tel. 263 504 458

* Fax: 263 505 494 p/favor * Telem. 918 905 704

Page 4: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

4

Colecção de Apontamentos Nº 0

SALVATERRA DE MAGOS Documentos para a História

de Séc. XIII – Séc. XXI

Património Geográfico, Monumental, Cultural,

Social, Político, Económico e Desportivo

O Autor

JOSÉ GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro)

Page 5: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

5

Edição Original

FICHA TECNICA: Titulo: O PORQUÊ DESTA EDIÇÃO Tipo de Encadernação: Brochado Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor: Gameiro, José Rodrigues

Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Fax: 263 505 494 p/favor * Telem. 918 905 704 ISBN: 978– 989 – 8071 – 00 – 1 Depósito Legal: 256452 /07 MARÇO: 2007 ******************

Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015

“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications”

Page 6: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

6

O MEU CONTRIBUTO

Ao longo de muitos anos, estudei e guardei documentos, onde

fiz um arquivo documental e fotográfico, que para mim é um

pequeno espólio. da história da terra onde nasci – Salvaterra de

Magos. São documentos originais ou cópias que vem do XIII, até

aos nossos dias. Algumas

famílias com raízes profundas

nesta terra, possuem

documentos e peças importantes

que, podem ajudar a conhecer e

compreender melhor o passado

desta vila, pois um dia

facultaram-me o seu acesso.

A feitura desta colecção de Apontamentos – “Recordar, Também é Reconstruir!”, foi a melhor forma encontrada de

divulgar vários temas como: Património Geográfico,

Monumental, Cultural, Social, Político, Económico

e Desportivo. O livro (tamanho de bolso) com poucas páginas

cada um, sabendo que o leitor gosta de ter ao seu alcance uma

rápida e fácil informação, que começa neste Apontamento Nº 0, e termina no Nº 45.

Professores e estudantes, até o simples visitante, sempre curiosos das coisas desta terra, quando me procuram nunca

deixam de “beber” no meu arquivo, sabendo de antemão, que

Page 7: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

7

estão perante um trabalho de carolice. “Recordar, Também é Reconstruir”, é uma fonte, que decerto fará cobiça a um qualquer

investigador na área da história deste concelho. O titulo, já o

tinha usado numa série de artigos publicados nas páginas do

Jornal Vale do Tejo, semanário de que fui seu secretário de

redacção. Deste meu arquivo, documental e fotográfico, já fiz

muitas utilizações, conforme as necessidades; desde o campo jornalístico, à feitura da monografia, editado com o título:

SALVATERRA DE MAGOS – UMA VILA NO CORAÇÃO DO RIBATEJO, em

1985 e 1992, ambas com edições esgotadas. Porque, o património

monumental de Salvaterra de Magos, muito dele sendo antigo não

teve o devido resguardo, algum deixou mesmo de existir, e muitas

culpas terão de ser imputadas aos cidadãos, que serviram as

autarcas locais – Junta de Freguesia e Câmara Municipal, pois ao

tomarem decisões, mesmo que polémicas, não as deixo de aqui

registar, nas páginas desta edição para que constem.

Sabe-se que a Casa da Ópera e o próprio Paço Real, foram consumidos pelo fogo, outras construções por calamidades

naturais, como: os terramotos ocorridas em 1775,1858 e1909. Os tempos passaram, não há forma de qualquer remedeio para o

que desapareceu, ou foi adulterado, deles só nos resta a sua

recordação na leitura das muitas páginas dos livros ao nosso dispor. Nos dias que correm, veja-se o estado lastimável em que

se encontra, o edifício da antiga Falcoaria Real e, as Chaminés

das antigas Cozinhas do extinto Palácio Real de Salvaterra de Magos.

Page 8: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

8

A comunicação social, em tempo oportuno, sobre o assunto fez

notícia. No decorrer deste trabalho, decerto o leitor, vai

encontrar a minha presença, com uma ou outra descrição

pessoal em alguns temas, tal justifica-se, porque neles participei

pessoalmente, vivendo-os, ou andei por lá perto. Os jovens

sempre vulneráveis, são eles muitas vezes confrontados com

informações pouco precisas em casos ocorridos na vila e, que agora fazem parte dos fólios da sua história.

Estes, são levados a considerar toda essa informação como

verdadeira, até porque são prestadas por entidades e

publicações públicas, que deveriam ter mais recato nelas. Por

mim, desejo que isso não aconteça! Decerto o leitor, vai

encontrar nesta trabalho, alguns erros e omissões, pois não

sendo uma obra requintada em palavras bonitas e pomposas, que

aliás as não sei escrever, notando-se ao longo da edição a minha

falta de formação académica, especialmente na literacia usada.

Em muitos números, o leitor vai encontrar, talvez um excesso, de

referências à vida rural de Salvaterra de Magos e do seu concelho, mas tal não deverá estranhar-se, pois são daí as

minhas raízes profundas e da sua população. “Recordar, Também é Reconstruir” sendo uma obra, impressa em papel e desenhada

em sistema informático, sem aquele cuidado gráfico desejado,

por isso, aqui fica desde já o meu pedido de benevolência, dos leitores.

MARÇO: 2007 O Autor José Gameiro

Page 9: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

9

COLECÇÃO DE APONTAMENTOS * Nº 1 DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA

de

SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XIX

Património:

Geográfico, Monumental, Cultural, Social,

Político, Económico e Desportivo

O Autor:

JOSÉ GAMEIRO ( José Rodrigues Gameiro )

Page 10: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

10

Fotos da Capa: - Fonte do Arneiro * Palácio da Falcoaria * Antiga Capela do Paço Real da Vila * Chaminé das Cozinhas do extinto Paço

Real – Séc. XIX

Page 11: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

11

Edição Original

FICHA TECNICA:

Titulo: MONUMENTOS E EDIFICIOS DE

INTERESSE PÚBLICO

Tipo de Encadernação: Brochado

Autor: Gameiro, José

Editor Gameiro, José Rodrigues

Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote

49 Localidade: Salvaterra de Magos

Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE

MAGOS

* Tel. 263 504 458 * Telem: 918 905 704

ISBN 978– 989 – 8071 – 01 – X

Depósito Legal: 256453 /07

Data: Março de 2007

**************

Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015

“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications”

Page 12: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

12

O MEU CONTRIBUTO

Eramos uma turma de mais de 40 alunos, repetentes da 3ª

classe da instrução primária, que transitara

para a profª Natércia Assunção. Para nos aproximar dos seus primitivos alunos, dava-

nos aulas na sua casa, uma hora por dia à

tarde. Éra de ver aquela rapaziada

espalhada pelo espaço ajardinado. Em

frente, pequenas habitações, com telhado

de meia-aba, rodeavam um edifício de construção redonda, caiado de branco, era o Pombal, da Falcoaria, Esta última

apresentava um estado de muita degradação, ambos vinham do

séc. XVIII.

A curiosidade entre nós era tanta, que pedimos à Professora, que fizéssemos uma visita .Obtida a autorização ao Pombal, lá no

seu interior apreciamos na parede redonda, 310 buracos, que

eram os ninhos onde os pombos criavam, para alimentarem e,

servirem de treino os falcões,, no entanto estava cheio de

mobílias velhas. À antiga falcoaria real de Salvaterra de Magos,

não foi permitida, pois servia de Armazém e Celeiro, o seu exterior, mostrava alguma transformação.

Page 13: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

13

O pouco património monumental, da época manuelina, ainda

existente na vila, tinha acabado de ser considerado de “interesse

público” num lote que incluía a Igreja Matriz, do séc. XIII, onde a

pedra de lioz, não polida nos portais e janelas sobressai na sua

construção, a antiga Capela e as grandes Chaminés ainda

existentes, que foram das cozinhas, construções que restavam

do paço real de Salvaterra de Magos. Eu, tinha nascido, por ali, em menino brinquei dentro daquelas chaminés, uns anos mais

tarde, já zagalote interroguei-me da origem da vila, pois esta

tinha três ou quatro prédios, tipo palacete, com suas frontarias

forradas a azulejos, e numa delas encimava no telhado umas

caixas em madeira, com janelas envidraçadas – os miradouros.

Estas construções estavam em contraste, com as moradias

existentes na vila, que eram rasteiras e pintadas a cal com

barras de azul. A partir de 1968, já colaborador assíduo, no jornal

“Aurora do Ribatejo” não deixava de dar a conhecer a riqueza do

passado histórico de Salvaterra de Magos.

MARÇO 2007 O Autor José Gameiro

Page 14: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

14

AS CONSTRUÇÕES

Salvaterra de Magos, com o decorrer dos séculos a sua

urbanização, passou a assentar no casario tradicional do povo

muito parco em recursos. A vila, passou por vários

contratempos, no campo urbanístico, especialmente com terramoto de Lisboa, em 1755, com o sismo de 1855, mais tarde

com o terramoto de 1909. A mão humana, também não está

isenta de culpas da desvalorização do património local. No dobrar

do séc. XX, apenas alguns vestígios desses “monumentos” era

visível, que foi resguardado, através do reconhecimento público,

com Dec. Lei.

Ao longo dos tempos a urbanização da vila, estava assente no

casario pobre do povo, aqui ou ali via-se, algumas casas de

grandes dimensões, tipo solarenga, como uma ou outra que vinha do séc. XIX. Nas primeiras décadas do séc. XX,, a construção de

habitações já assentava em imóveis de andares, especialmente

um acima do rés-do-chão.

As habitações do povo, mantiveram-se na pequena construção

de uma casa, com porta de entrada em madeira, por vezes incluía um pequeno postigo, ou na fachada uma janela. Duas, ou três

divisões, com um sótão, por cima de uma delas com acesso

Page 15: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

15

através de escada de madeira, no espaço que servia de cozinha,

onde se encontrava a chaminé de grande boca,

Na sua construção era usado os adobes, com uma barra de

tijolo a intercalar, sendo o reboco de cal. A maioria tinha a

configuração de meia-água, para o exterior (rua), coberta de

telha de canudo, ficando a outra parte, menos visível, pois dava

para o quintal. A pintura com cal, conjugava-se com a barra de cor azul ou

amarelo. Outras, com o tipo de decoração das frontarias, em

azulejo, vieram juntar-se-lhes como o palacete da família Costa

Ramalho, na rua Alm. Cândido dos Reis, família Roberto, no Largo

da Igreja Matriz, após a morte dos tios beneméritos, e uma outra

na av. José Luiz Brito Seabra, que pertenceu a António Jorge de

Carvalho e a moradia da família Oliveira e Sousa, junto à capela

da Misericórdia. Eram grandes construções, onde os seus

proprietários, absorveram a “grandeza” mostrada no país, pelos

novos-ricos vindo do Brasil e África.

A REAL FALCOARIA EM PORTUGAL

Já em 1210, mais propriamente a 28 de Dezembro daquele ano,

pode ler-se um correio sobre a arte de caçar com aves de rapina, desde os primeiros séculos da nacionalidade portuguesa.

Sabe-se que esta prática de caçar, à muito era usada pelo povo

“Mouro” que vivia nas terras, que deram origem a Portugal, como

país.

Page 16: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

16

Baeta Neves, que se socorreu das pesquisas efectuadas por

Rui de Azevedo, P. Avelino de Jesus da Costa e Marcelino

Rodrigues Pereira, publica parte desse documento na Separata

do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa.

“A dhuc concedo ut nunquam teneatis in domibus nestris meos aztorarios neque falcoanarios neque blistarios neque detis eciam

bestias meis aztoraiis neque falconariis quod ducant illas ad

ripariam”

A tradução para o português actual será o seguinte:

“..... Além disso proíbo que dês aposentadoria aos meus açoreiros, falcoeiros e balistários e também que dês os vossos animais aos açoreiros e falcoeiros para os levarem ao rio....”

Este documento, é parte da correspondência que o rei enviou

ao Bispo de Coimbra, onde isentava todo o clero de irem ao

fossado, e a qualquer outras expedições, a não ser contra os mouros que invadem o país.

D. Pedro I, cento e cinquenta anos depois, numa sua carta de 22

de Fevereiro de 1366, faz doação a Luiz Anes, Falcoeiro do rei em

Salvaterra de Magos, de duas casas, uma olaria e um barreiro, e ainda uma terra de bacelo, na região de Beja e em seu termo.

Page 17: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

17

Esta doação engloba também seus filhos – demonstrando

assim o seu apreço por quem tem apreço, em quem desempenha

tal cargo. Com o decorrer dos séculos, cada vez é mais forte o

gosto pela caça de Altanaria em Portugal, onde os monarcas vão

assinando leis de protecção às aves de rapina e dando novas

regalias a quem delas tratava com desvelo e carinho.

PALÁCIO DA FALCOARIA REAL

Nas estremas com o

concelho de Benavente, para Poente da vila, foi construído

o edifício apalaçado, da

Falcoaria de Salvaterra de

Magos, e seus anexos, como casas de habitação dos falcoeiros e

pombal. Todo este conjunto de construções foi construído no séc.

XVIII, chegou aos nossos dias, mesmo que, em grande parte

adulteradas na sua traça original.

Segundo, Joaquim Silva Correia e sua filha, Natália Correia

Guedes, no livro, O PAÇO REAL DE SALVATERRA DE MAGOS, editado

de parceria com a câmara municipal local, julga-se saber que a

construção do Palácio da Falcoaria, remonta à época do reinado

de D. João IV Aquele rei, sendo um grande amante da caça,

aproveitou a Coutada de Salvaterra, para tal prática, no entanto

teve o seu apogeu com o rei D. José. Nos anos de 90, do século

passado, os autarcas; António Moreira e José Gameiro dos

Page 18: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

18

Santos, puseram grande entusiasmo e empenho, quer na

recuperação dos edifícios, quer na volta da tradição da arte da

caça de altanaria, o que levou à feitura de projectos de

arquitectura para os edifícios, e destiná-los ao turismo local,

albergando o Museu Nacional da Falcoaria. Nos dias que correm,

as obras não começaram, e parte do telhado do edifício principal

acabou por cair. (1) **********

(1) – Notícia publicada no Jornal Vale do Tejo-26.1.2004 * PALACIO E POMBAL - Considerados Monumentos de interesse público, pelo Dec. – Lei do ano de 1958 *

O Pombal

Uma bonita e original construção, suporta nas paredes do seu

interior 310 “buracos”, onde os pombos criavam, para servirem

de alimentação e treino às aves de caça, como: Falcões, Açores e Gaviões. Para a concretização de tal

empreendimento, levou a uma

geminação de boa amizade cultural,

com Valkansuard, vila holandesa com

afinidades com Salvaterra, pois daí

vieram alguns falcoeiros.

Tal irmandade, foi concretizada com

assinatura de protocolos, havendo troca de festejos nas duas

povoações,.

Page 19: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

19

Em Salvaterra, na ocasião foi inaugurada uma estatueta de um

falcão num conjunto de fontanário, num Largo da vila.

Desde 1997, as obras da Falcoaria em Salvaterra, continuam

num projecto de recuperação em aberto, pois o turismo local,

muito tem a lucrar com tal concretização.

A FONTE DO ARNEIRO

O século XIX, estava nos últimos anos, os terrenos que

pertenciam ao Arneiro da vila, ainda recebiam as águas pluviais,

encaminhadas através da Azinhaga da vila, com destino ao

campo, e à vala real.

A Fonte do Arneiro, fornecia a

população, a par de uma ou outra

nascente na povoação.

O mapa da vila de Salvaterra de

Magos, de 1788, dava conta da

existência daquela “Fonte”, até

porque nas suas pedras abobadadas da entrada, ainda agora se

pode ler, o ano de 1711.

É de uma arquitectura pesada, onde lhe foi mais tarde fixado

reboco a cal e, as pedras da sua escadaria, são de lioz, não

polido. Do interior, na frente, sai água numa corrente constante

Page 20: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

20

através, de dois tubos em ferro, para uma pequena caixa no chão,

que estando sempre cheia, esgota depois através do campo para

a vala real.

Na frente, junto às bicas, existe uma porta de ferro, parecendo

não ser a original, que dá acesso a uma conduta em forma de

túnel - trás a água da nascente/ ou mãe d’ água que, segundo informações remotas vem das terras junto ao convento de

Jericó que, fica a alguma distância do local. (1) A esta fonte,

estão ligadas algumas histórias da vila, especialmente as da roda

de pedra. (2)

****************

(1) – Em 1968, José Caleiro, homem que viveu em dois séculos, informou o autor, que trabalhou

dentro do túnel, fazendo limpezas.

(2) – Rodas em pedra de lioz, que servia para Ferreiros e Carpinteiros, construírem os rodados

para os carros, através da ajuda da água e do fogo.

Nesta roda, eram depositadas as crianças enjeitadas, que depois seriam recolhidas pela

Misericórdia local

A FONTE DA PETEJA (*)

(Mina/Nascente) Nascente já

referenciada, antes da delimitação

do concelho de Salvaterra de

Magos, com o vizinho de Benavente.

De uma construção em tijoleira,

situando-se numa barreira, nos

Page 21: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

21

terrenos com o mesmo nome, próximo do palácio da Falcoaria.

A entrada bordada a pedra, apresenta agora no seu interior,

uma água esverdeada, pela falta de uso à muitos anos, e pela

sombra a que está sujeita.

A escassos metros existe uma ponte, que pela sua construção

é atribuída à época romana.

A CAPELA DA MISERICÓRDIA

Templo que foi entregue à

Misericórdia de Salvaterra de Magos,

mas tempos houve que servia para a

realeza rezar, quando das suas

viagens de e para Lisboa, através da

vala real pelo rio Tejo. A capela, tinha um anexo, uma Albergaria (pequeno hospital),

que servia de apoio aos peregrinos, cujo caminho destino era

Santiago, em Espanha.

A Albergaria, como espaço de assistência, foi perdendo

actividade ao longo dos séculos e foi-se degradando, até que

quando da venda dos bens da casa real, a Misericórdia deixou de

encontrar ali, os apoios que recebia para acudir aos seus

doentes. O terramoto de 1909, foi o golpe final na sua existência,

pois a estrutura do telhado e demais divisões ruíram. Nos anos

Page 22: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

22

seguintes, o espaço esteve arrendado a particulares, sendo a sua

serventia, feita através da porta existente no Botaréu – lado da

rua Cândido dos Reis.

Por volta de 1960 ali foi construído um pequeno jardim. por

iniciativa do abastado lavrador, João Oliveira e Sousa que

morava junto ao local.

Na antiga fachada, do lado da capela, onde existia a porta

principal encimada por uma pedra em mármore foi destruída, e a

pedra foi colocada ao fundo, junto à porta que deixou de estar

em uso, e nela colocado um gradeamento em ferro.

A Capela, que também foi atingida por aquele sismo, ainda tem

no seu interior, nas paredes painéis de azulejos, do séc. XVIII,

com episódios da vida de Cristo e da Virgem.

No interior, o seu tecto, até 1979, era forrado com painéis de

telas com pinturas (retábulos) de um valor artística e patrimonial alusiva à misericórdia e à vida mariana.

Page 23: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

23

O temporal daquele ano, danificou-as, e retiradas estiveram

largos anos na capela real, recebendo anualmente recuperação,

por alunos, da Fundação Espírito Santo, de Tomar, que aqui

vinham fazer algum estágio. Fazendo parte, do espólio daquele

templo, a MMisericórdia local, tem a responsabilidade de zelar

pela sua recuperação e paradeiro. (1)

O templo ficou recuperado,em 1984, passando a servir para as

cerimónias exéquias dos mortos a sepultar no cemitério da terra.

Ali se iniciam os cortejos das procissões religiosas, que

anualmente, no mês de dezembro, percorrem algumas ruas da

vila, visto a imagem da Senhora da Conceição, ali permanecer ao

longo do ano. Também o senhor morto, tem no interior uma

pequena capela, saindo por ocasião da Procissão da Páscoa.

***********

(1)– Uma reportagem sobre este edifício religioso, publicada no Jornal Vale do Tejo, em 2000, preocupava-se com o seu paradeiro e a sua recuperação como

obra de arte.

Page 24: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

24

A CAPELA DO ANTIGO PALÁCIO REAL

Sendo um edifício maneirista, construído em meados do séc. XVI, o seu interior divide-se em duas secções distintas.

Uma delas é constituída pelo

corpo do templo de configuração

quadrada, onde sobressaem três

pequenas naves, de pequenas colunas clássicas adoçadas às

paredes.

Em outras duas colunas, assenta uma cúpula octogonal, na

outra secção, pode-se admirar o Altar-mor, com dois corredores laterais, cuja abóbada de berço surge de um

entablamento longitudinal apoiado em colunas toscanas

À abóbada central e a

cúpula, irrompem de fortes entablamentos, um

pouco desfigurados pela

saliência, que apresentam no apoio dos arcos-testas, possivelmente de um enxerto

posterior. “

Page 25: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

25

A IGREJA MATRIZ

Templo religioso evocativo a S. Paulo, orago da freguesia de

Salvaterra de Magos, foi construído em 1296, um ano depois da

fundação oficial da sua vila e concelho.

Situada no então centro

da povoação, é um

edifício bem conservado,

tem no seu interior digno

de ser visto: Na Capela – Mor, o altar de boa talha

dourada, decorado com

uma grande tela do séc.

XVI, na boca da tribuna, bem com o seu tecto onde repousam

lindas pinturas.

Existem dois cilhares de azulejos azuis e branco da mesma

centúria com cenas de correntes da bíblia. A pia batismal, de

traça vulgar é referenciada do séc. XVI.

O grande espaço do tecto do templo, está pintado de cor azul,

onde uma linda pintura do santo Paulo, está rodeada de anjos “voando”. À entrada, num primeiro andar (falso) construído em

madeira, encontra-se um móvel com um órgão de tubos,

construído no séc. XVIII, foi recentemente recuperado. Numa das

suas capelas interiores, está bem resguardado, uma figura do

senhor morto, e numa sala, encontra-se uma Pietá em madeira,

Page 26: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

26

com boa policromia, da virgem com Cristo nos braços após a

decida da cruz – era espólio da capela real.

FRONTÕES RELIGIOSOS

A religiosidade da comunidade salvaterrense, perde-se nos

tempos da sua fundação, no entanto foi volta do séc. XVI, que as

manifestações se tornaram mais evidentes.

Para comemorar, os festejos que, anualmente se realizavam na

vila, e talvez por uma questão de fobia religiosa da época, muitas

das residências tinham nas suas fachadas, um FRONTÃO, que

quase sempre era ocupado por uma imagem da crendice do

proprietário.

Ainda existem em Salvaterra de Magos, vários edifícios com

esse tipo de construção. Na rua Cândido dos Reis, uma

residência ainda suporta uma dessas peças alegóricas, com uma

Page 27: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

27

estatueta de Santo António, com o filho nos braços, que

desapareceu, após o 25 de Abril de 1974.

PALÁCIOS E PALACETES BRASONADOS

Ao longo dos séculos, na vila de Salvaterra de Magos, viveram

famílias, que possuindo brasão, eram autorizadas a ostentá-lo,

em forma de ”Pedra de Armas”, sendo as suas residências, local

ideal para colocar o símbolo de sangue, ou fruto de uma

benemerência real.

PALACETE DOS ALMADAS

A encimar o portão, do velho

Palacete, encontra-se “Pedra

de Armas” dos Condes de

Almada É uma bonita

construção, bem conservada

ao longo dos tempos, encontra-se agora situada entre a Av.

António Viana Roquette e Av. José Luís Brito Seabra.

Segundo alguns registos,

foi construído nos meados

do séc. XIX, sendo de realçar

a sua fachada cheia de

janelas, pertencia à família

Page 28: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

28

Roquette, mais tarde nos anos 70, do séc. XX foi comprado por

Armando Leitão Cabaço.

Conta-se que nos seus

terrenos anexos, ali se

realizaram-se alguns

“brincos reais”, pela sua configuração leva a supor

ali terem ocorrido alguns espectáculos taurinos.

Numa outra entrada para a propriedade, já na actual rua Gen.

Humberto Delgado, existe um portal, onde se pode ler a inscrição

de 1846.

PALÁCIO DO BARÃO DE SALVATERRA

Na actual rua Cândido dos Reis, ainda registe ao tempo, o

palacete do “Barão de Salvaterra”, que deu origem à família

Viana Roquette, ostenta numa das suas paredes (no interior), a

sua pedra de armas.

Page 29: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

29

Edifício mandado construir pelo 1º Barão de Salvaterra, Luiz

Ferreira Roquette Pestana de Melo Travassos, ainda ostenta uma

grande beleza, que são as suas varandas, cuja ferraria é digna de

apreciar.

PALACETE DA FAMÍLIA COSTA FEIRE

Na Trav. João Gomes, uma grande construção, ainda é

residência de descendentes da família Costa Freire, que ostenta

no seu interior, o seu brasão e, tem cópia nos museus de Sintra,

descendendo esta família do Desembargador da Corte, António da

Costa Freire.

´

Uma outra moradia apalaçada existe na vila, que foi dos Condes

de Almada, no seu portal ainda conserva a Pedra de Armas

daquela família.

Page 30: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

30

PALACETE DO CONDE MONTE REAL

Construção primitiva feita pela

família de José Luís de Brito

Seabra, nos primeiros anos do

séc. XX, passou a pertencer a

Jorge de Melo e Faro, II Conde de

Monte Real.

Ao longo dos anos, foi recebendo obras de conservação e

remodelação. Com a morte do Conde e da Condessa, o palacete

continua na posse da família

PALACETE DA FAMILIA OLIVEIRA E SOUSA

É uma construção

que vem do final do séc. XIX, primeiros anos do

século XX, onde os

azulejos sobressaem a

forrar as suas paredes

exteriores.

Construído, junto à Capela da

Misericórdia, ainda conserva

no cimo do seu telhado, os

Page 31: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

31

Mirantes que, dali se podia observar uma vista sobre o campo, o

Tejo e em dias limpos, as vilas da Azambuja, Cartaxo e Valada.

SOLAR DA FAMÍLIA ROBERTO

Casa de grande beleza para a época, construída no largo da

Igreja Matriz, ocupando espaço nas antiga rua Direita (Rua Luís

de Camões) e a Trav. do Bilbau. Em relação às outras existentes

na vila, tem a diferença de mostrar as suas paredes exteriores,

um azulejo de cor verde, foi construída para dar guarida à família

Roberto. Depois da herança recebida dos dois irmãos: Vicente e

Roberto (Bandarilheiros), quando em actividade, adquiriram

fortuna, e tiveram habitação em outras construções nas, rua

Direita e rua Cândido dos Reis (antiga rua de S. António).

Page 32: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

32

EDIFICIO DA CÃMARA MUNICIPAL

Edifício pertencente

ao património da rainha

D. Maria II, foi doada por

esta para instalações

municipais.

Ao longo dos tempos,

poucas alterações sofreu a sua fachada, apenas se lhe juntou um

outro, no seu lado esquerdo, por volta de 1940, que tinha servido

de talho municipal.

Ainda mantém o salão nobre, já com alterações à traça

primitiva, e ao longo dos anos nele já estiveram instalados

serviços das Finanças, e posto da GNR, que ocupou o rés-do-chão

quando da sua instalação na década de 40 do séc. XX

O Telhado e os rebocos das paredes exteriores, nos anos 80

do séc. passado foram substituídos, a grandes obras de

conservação e alterações no interior do edifício foram de grande

monta.

Page 33: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

33

PRAÇA DE TOIROS DE SALVATERRA

Um Ex - Libris

Construída num terreno oferecido pela câmara, à época

devoluto, para os lados sul da vila, na área onde ainda existiam

restos de um dos três moinhos de vento, que houve no local.

Uma ”Comissão” de homens de boa vontade, levou avante a sua

iniciativa, e a inauguração foi

em 1 de Agosto de 1920, entre os

festejos houve também duas

corridas de toiros, sendo depois

entregue por doação à Santa Casa da Misericórdia local.

Pela sua traça original, aos longos dos anos, especialistas em

arquitectura têm considerado aquele taurodromo, uma obra de

valor que, para os naturais da terra é um ex-libris da vila. Com a

construção da EN 118, em 1943, e devido à sua localização, ao

longo dos anos o espaço que, a circunda tem sido alvo das mais

variedades obras de urbanização, levadas a cabo pelos

executivos que têm passado pela autarquia.

Page 34: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

34

CHAMINÉS DAS COZINHAS DO EXTINTO PAÇO REAL

Quando da venda da casa

real, o que ainda restava do antigo palácio real de

Salvaterra de Magos, foi

vendido em haste pública.

Do pouco património que

ainda resta, são as três

chaminés que pertenciam às suas cozinhas, passaram a estar incluídas no Restaurante Típico Ribatejano, no dobrar do século

passado.

PALACETE TIPO INGLÊS

No início do primeiro

quartel do século XX, a

família Lapa, lavradores importantes nesta terra,

tendo anos antes

comprado terrenos da

casa real, quando da

extinção desta, para

instalar um seu descendente, mandou construir uma edificação

algo estranha, pois contrastava com a urbanização que a vila

conservada. O povo passou a chamava-lhe a casa inglesa, do

Alberto Lapa.

Page 35: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

35

Fotos usadas s/ Legenda: * Pág. 4 – Palácio da Falcoaria//Interior (lado Sul) * Fachada Interior

* Pág. 5 - Edifício do Pombal – Fonte do Arneiro * Pág. 7 - Nascente de água na Peleja – Capela da Misericórdia * Pág. 8 - Antiga Albergaria (Hospital) da Capela * Pág. 9 - Edifício da antiga Capela do Palácio Real * Pág. 10 Jazigo, no antigo cemitério da Capela Real * Pág. 11 – Obras da construção do Auditório da Capela Real

* Pág. 12 - Igreja Matriz de Salvaterra de Magos - Fachada do Palacete Família Lapa * Pág. 13 – Frontão, (família Lapa), onde esteve a estatueta de Santo António

* Pág. 14 – Palacete do Barão de Salvaterra (Família Roquette) * Fachada Palacete Conde Monte Real * Pág. 15 - Fachada do antigo Palacete dos Conde de Almada - Pedra de Armas (brasão) daquela antiga família

* Pág. 16 - Pedra de Armas (brasão) D. Maria II, na Câmara Municipal, Edifício dos Paços do Concelho – 1980 * - Chaminés das cozinhas do antigo Paço Real de Salvaterra, vista do exterior * Pág. 17 – Praça de toiros de Salvaterra de Magos * Palacete estilo

inglês, que foi de Alberto Lapa, construído, por volta de 1940, rua Heróis de Chaves

Page 36: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

36

********* Bibliografia usada: *Jornal Ilustrado Português a “Hora” – 1939 * Salvaterra de Magos – Vila Histórica no Coração do Ribatejo *José Gameiro, Edições 1985 e 1992 (Esgotadas) * O Foral Nº. 1 (1996) –Revista/ Edição Câmara Municipal de Salvaterra de Magos * Jornal Vale do Tejo – JVT (2001) e outros documentos recolhidos pelo autor. *O Paço Real de Salvaterra – De: Joaquim Correia da Silva e Natália Correia Guedes, Edição: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

********

Page 37: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

37

COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 2 Documentos para a história

de

SALVATERRA DE MAGOS

Séc. XIII – Séc. XXI

Património:

Geográfico, Monumental, Cultural, Social,

Político, Económico e Desportivo

Uma terra que já foi Coutada Real

Autor – José Gameiro

Page 38: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

38

Fotos da Capa: Cortejo de Casamento em Carroça * Casal depois do casamento – Anos 50/60 séc. XX * Folclore – Rancho da Várgea Fresca

Page 39: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

39

Edição Original

FICHA TECNICA:

Titulo: FOROS DE SALVATERRA: “ Uma Terra que já foi Coutada Real ! ” Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Fax: 263 505 494

ISBN: 978– 989 – 8071 – 02 – 8 Depósito Legal: 256454 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************

Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015

“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications” ********************

Page 40: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

40

O MEU CONTRIBUTO

No dobrar do século XX, todo o rapazio da

vila de Salvaterra de Magos, já sabia que, aos

sábados de manhã, se realizava um casamento

na Igreja Matriz.

Era de ver, as longas filas de

carroças, que chegavam ao

Largo e, logo os animais eram

“amarrados” às árvores que ali

existiam. A música, acabava os seus últimos

toques, e os noivos acompanhados dos pais,

padrinhos, familiares e convidados, ajeitavam-

se para a entrada naquele templo religioso.

Muitos dos convidados não entravam,

aproveitavam o tempo da cerimónia, para se

dispersarem, pelas tabernas, a mais próxima à

Igreja era a do Morais, e aí ofereciam copos de

vinho e cigarros, aos homens da vila ali

presentes. Algumas mulheres, iam às lojas, do

José Inácio, Pedro Santos, Celestina e outras,

de quem eram clientes anuais, comprar

amêndoas e rebuçados. Quando a cerimónia

religiosa terminava, a comitiva, logo se

ajeitava para o regresso, os rapazes, andavam

de volta dos carros e recebiam a oferta

Page 41: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

41

FOROS DE SALVATERRA

Uma terra que já foi Coutada Real !

Foi terra outrora pertença de reis, com seus pauis e lagoas,

num solo deveras favorável onde nas várzeas e, zonas ribeirinhas

húmidas, formadas de terras de aluvião e areno-arenosas,

poisavam aves como,o cisne, o pato, e grou. Mais para o seu

interior, nas terras de charneca, o mato, abrigava caça

abundante de animais de pelo, o javali, o coelho e lebre. O faisão,

a coderniz e o pombo, tinham tempo próprio para ser

encontrado. Os uivos de lobos, eram ouvidos por quem se

embrenhava dentro daquela terra de coutada em dias de

montaria.

A Coutada Real de

Salvaterra, em 1520, com

estremas, até Benavente, Coruche e Almeirim, tinha

como pertença, entre outros, os lugares de Moita Paredes, Ameixoeiro e

Magos, nomes que em 1295, já vinham descritos no Foral de D. Dinis.

Alí, era proibido apanhar qualquer peça de caça, especialmente animais de pelo, como: o Javali, Coelho e a Lebre, além das de

pena, como: O Grou Pato e Faisão.

Page 42: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

42

Para estes delitos, o povo recebia penalizações que, iam até à

deportação para outras terras, como as colónias portuguesas.

Num estudo, de 1758, do padre, da vila de Salvaterra de Magos,

Miguel Cerqueira, nos diz: “Naquela planície de charneca, onde os

vizinhos se dispersam pelos sítios do Culmieiro; com nove residentes. Misericórdia; com um, Coelhos; com cinco, Cabides;

com dois, Figueiras; com seis, vendo-se um conjunto de 23

habitações.

Tal estudo completava a informação, que junto a um grande

braço de água vindo de outras terras, existe, um vale de terras

húmidas (1), com o lugar de Bilrete de Cima; com nove vizinhos.

Também aquelas terras eram conhecidas como “Milagrosas”,

das suas profundezas nasciam águas e plantas que, o homem

vinha aproveitando para curar os seus males, segundo

informações de boticários da época.

No Paul de Magos, existia o “Vale de Unheiros” onde numa nascente com um pequeno olho de água, brotava um líquido que,

o povo dizia substituir o chá. A voz popular, dizia; “Quem Bebe-

se daquela água, passaria a ter mais vontade de comer “ O bruco, uma outra erva de grande poder curativo das vias

urinárias, além das terras do Paul, se colhia em outros sítios do

termo da vila de Salvaterra de Magos.

Page 43: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

43

Com a extinção das Coutadas Reais em 1821,a Junta da Paróquia

de Salvaterra de Magos, “aforou”, em 1845 aqueles terrenos que,

viriam a dar lugar às povoações que, hoje fazem parte do

************

(1) - Durante muitos anos, foi conhecido por Vale do Grou

concelho. O povo que,” colonizou” aquelas terras não sabia que

estava debaixo da alçada de leis anteriores à época romana.

Em Portugal, ainda se praticava o sistema do enfiteuse, um

modo de usar as terras, pelos senhorios, já conhecido dois

séculos a. C.

A POSSE DA TERRA

Quando do aforamento daquelas terras, os modelos usados

pelos novos donos, foi de origem espontânea, sendo utilizados alguns sistemas de pequena “Exploração directa, Parceria ou o Arrendamento”.

As primeiras parcelas de terreno, em licitação pública foram

vendidas a 250$000 réis, sendo as seguintes em preços, entre

os 1.000 e 3.000$000 réis.

Page 44: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

44

1936 - Homens na vindima - Foros Salvaterra

Os anos foram passando, a segunda geração de Foreiros, iniciava, a luta pela posse da terra por si trabalhada, foram

confrontos, que levou muitas famílias perante as decisões dos

tribunais, prolongando-se muitas causas para além da 4ª

geração de rendeiros.

A saída do decreto-lei n.º 39.917, de 1954, não contemplou por inteiro os seus direitos, nem um outro de 1976, e só muitos anos

mais tarde, existiu a discussão do projecto de lei 343/IV que, foi aprovado, e saiu como lei contemplando a legalização da Várgea Fresca e Califórnia. O povo dos Foros de Salvaterra, conquistava assim um desejo que, durava à muitas dezenas de anos. O progresso vinha

chegando, e o primeiro ramal de electrificação de algumas zonas,

aconteceu no dia 24 de Outubro de 1981, para comemorar o

acontecimento o executivo da Junta de Freguesia, promoveu um

programa com muitos festejos.

Page 45: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

45

1968 - Mulheres Foreiras, aos sábados, entrando nas carreiras (transportes públicos), de regresso a casa

depois das compras

FREGUESIA

Com o decreto Nº 73/84 de 31 de Dezembro de 1984, subiu à

categoria de freguesia, e no campo territorial, deixava agora de

pertencer à sua terra - mãe, Salvaterra de Magos, passando a ocupar uma área de terreno de 35,60 Kms2, com cerca de 5.000

habitantes.

A BARRAGEM DE MAGOS

No grande Vale do Ameixoeiro, onde as águas das chuvas e,

algumas nascentes tinham lugar, aconselharam a construção da

Barragem de Magos.

Page 46: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

46

Teve assim inicio, em 1934, a primeira obra de engenharia

hidráulica, com reservatório hídrico, a ser construída em

Portugal, Num trabalho, do Prof. Eng.º Agrónomo, Ruy F. Mayer,

publicado em 1936, eram tornadas públicas pela primeira vez,

que grande parte das terras daquela zona de Charneca, poderia

ser agora, premiada com a rega, no Verão, através de um

sistema de bombagem.

Toda sua vasta área estava agora identificada para a faina

agrícola, com: terrenos arenosos com calhau, terrenos areno-arenosos, terrenos areno-arenosos fortes e terrenos argilosos. A AGRICULTURA

No início do século XX, as manchas de pinhal e eucaliptal,

ocupavam já grandes áreas, onde o sobreiro, vivia em espaços

bem localizados.

Nas suas décadas seguintes, as vinhas, já ocupavam um vasto

espaço das suas terras, substituindo assim aquelas plantações de árvores que, entretanto davam mostras, num futuro próximo,

desaparecer daqueles sítios.

Page 47: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

47

Os poços de água, inicialmente ajudavam nas searas de

regadio, mais tarde foram os furos artesianos, muitas vezes a

grandes profundidades, deram àquelas terras aptidões para as

grande colheitas. O vinho, das suas terras areno-arenosas, tem

uma qualidade e sabor, muito apreciado que, o mercado

identifica” Vinhos dos Foros de Salvaterra”

Uma nova etapa,

começou com o

regadio, nos anos 50,

terrenos que, durante

centenas de anos,

davam sementes de

sequeiro como: o

1935 – Homem Foreiro - Lavrando grão, a fava, o milho,

a terra, com junta de bois centeio.

Com o regadio, através de furos artesianos, vieram as culturas

da batata e cenoura e tomate. Estas três culturas agrícolas nos últimos anos, da segunda metade do séc. XX, passaram o

sustento da maioria dos habitantes de Foros de Salvaterra.

Page 48: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

48

RELIGIÃO/ FESTAS POPULARES

O povo na sua religiosidade, tem em Nossa Senhora da

Conceição “Imaculado Coração de Maria”, a sua padroeira, festa que se realiza em

plena época de Verão. No lugar da

Várgea Fresca, a Festa da Amizade, tem

lugar na 3ª semana de Julho.

Nos anos 70, as gerações mais antigas

de Foros Salvaterra, conservavam ainda no seu rico vocabulário,

“hinos à natureza”, como:

* As terras da Lezíria, são uma beleza * Na Primavera, a formiga em carreiro, sua mesa começa a juntar ! Tempo quente, Verão, de queimar, Vejo, trigo loiro, pronto a debulhar! Cearas de tomate, a vermelhar,

O melão, madura a adocicar! No Outono, a uva está pronta a vindimar, Chuvas no Inverno, são de tragar ! Canto e choro a trabalhar, Que, mais, a terra nos há-de dar!

* E eu, assim vivo desta natureza*

Page 49: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

49

A CASA DOS FOREIROS

Uma habitação típica da Lezíria ribatejana ! A arroteia daqueles terrenos de charneca, foi um longo e lento trabalho de homens e animais que, ocupou famílias, durante anos e anos, ali instaladas desde o seu aforamento. Habitação família Foreira – primeira metade séc. XX

De Salvaterra de Magos, a terra-mãe, saíram os seus primeiros

“colonos”, com seus usos e costumes - danças e cantares da

planície ribatejana - Assim, nasceu o lugar de Foros de Salvaterra !

Os novos foreiros, depressa começaram a construir pequenas

casas que, sendo destinadas à sua habitação, também tinham agregadas divisões, servindo de espaços para armazém de

viveres e adega. Na habitação, muito pobre de construção, era

Page 50: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

50

usado o adobe (terra negra de aluvião e palha) com o reboco das

paredes em massa de cal.

Por perto viviam os animais de trabalho, aquartelados em

estábulos precários. O burro, era a besta mais utilizada, como

meio de transporte, enquanto o gado vacum, além do leite dava a

força para o amanho da terra. 1967 – Homens foreiros na vila de Salvaterra

1960 - Rancho Folclórico dos Foros de Salvaterra

Um pequeno forno de adobes alimentado a lenha, e um poço de água, tirada a balde. também tinha lugar nas redondezas,

Page 51: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

51

enquanto as árvores de fruto com hortado, serviam para

alimentar a família. Num espaço, aramado em rede feita à mão,

viviam as galinhas e patos, enquanto na pocilga, um porco de

engorda, era alimentado para a matança anual.

A casa com divisões pequenas, cujo estilo de construção, ainda

durava nos anos 50, deste século agora a findar, deu-lhes um lugar típico na Lezíria ribatejana. O telhado com telha de canudo

(a chamada telha portuguesa), era a cobertura primitiva, dando

lugar anos depois, a uma outra de desenho plano, a Marselha.

Quarto e Cama de casal - 1950

A entrada da casa, com espaço largo, servia de sala de

receber as visitas e funcionava como cozinha e lugar das

refeições.

No fundo uma chaminé de construção junto ao chão, com uma

grande boca, onde durante o dia uma fogueira de lenha se mantinha acesa.

Page 52: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

52

Panelas grandes, de ferro fundido com tripé, ali eram

colocadas, para a cozedura das refeições familiares e também

dos animais. A meia altura da empena da chaminé, um suporte

(prateleira), construída em cimento ou madeira, suportava os

potes de barro, com água potável, para a bebida da família.

Na chaminé no início do fecho do pescoço, no interior, algumas peças em ferro, suportavam os enchidos, na sua cura de fumeiro.

Uma outra divisão, usada como quarto do casal, tinha a

completar, um outro mais pequeno, para agrupar as camas dos

filhos, enquanto pequenos, consoante os sexos.

No campo do mobiliário, as peças em madeira eram de grande

rusticidade, com um revestimento de uma laca, a que chamavam

“vioxene”. As mesas e cadeiras da cozinha, muitas vezes

apresentavam-se pintadas de azul ou verde.

Nos quartos, viam-se camas de ferro, com algumas peças em

metal que, eram limpas periodicamente, para conservarem o brilho.

Na primeira metade do século passado, ainda era muito usual, no chão, uma massa negra, a que chamavam “pavimento de

salão” (1) , sendo semanalmente “borrifado com água”, ficando

macio e brilhante durante algum tempo, dando estes espaços lugar ao cimento, nas novas construções.

Page 53: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

53

Nas pequenas janelas, no interior das divisões de maior

privacidade, pendiam peças de tecido transparente, a que

chamavam cortinados.

***********

(1)- Solão=Saibro de Aluvião

AS TRADIÇÕES NO CASAMENTO

Apesar do período de grande transformação, onde o exotismo

dos casais já terem dificuldades em constituir e manter uma

família consistente, os foreiros, até à bem poucos anos,

conservavam nos seus tradicionais costumes, o casamento como

um bem digno de registo.

1950 – Jovem casal de Foreiros

Page 54: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

54

A povoação de Foros de Salvaterra, situada entre Coruche e

Salvaterra de Magos, nos finais da década de 20, do século

passado, ainda tinha, talvez como inéditas em Portugal, uma

tradição nas suas festas de casamento do seu povo.

Por necessidade de deslocação à Igreja Matriz da vila, os noivos e padrinhos e restantes convidados eram transportados

em vistoso cortejo, como escreveu famoso cronista dos

costumes ribatejanos , nas primeiras décadas do séc. XX.

“Tem colorido e graça um casamento nos Foros. Os noivos e os

seus convidados montam em burros, cujas albardas vão cobertas

de colchas de algodão de cores vistosas, lembrando uma

cavalgada da Idade Média, numa imitação quixotesca.

A noiva, traz um largo e comprido vestido azul com requifes

brancos, mantilha branca na cabeça, onde a laranjeira abunda. O requife faz nos vestidos os mais inéditos desenhos, que enchem

de graça este trajar simples. O noivo, de preto, jaleca, chapeirão de aba larga, com pena de pavão espetada no chapéu e, junto à

fita e no feito, ramos de flores de laranjeira”

No ano de 1968, o autor, ao tempo colaborador no Jornal

“Aurora do Ribatejo”, recebeu uma carta com pedido de

publicação, do leitor – João Pereira, natural de Salvaterra de Magos, mas vivendo lá para as bandas da Azinhaga (Santarém),

veio a um casamento de uma familiar da esposa, na Várgea

Page 55: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

55

Fresca..Descreveu assim, a experiência vivida, num casamento

dos Foros de Salvaterra. “No meio da vasta fila de carroças, um

acordeonista, contratado para os dias da festa, tocava as mais

diversas modas, como: Corridinhos e marchas.

O som da música, misturado com a alegre vozearia do enorme

trotar dos animais que, por vezes percorria muitos quilómetros,

por terras de areia, onde o estridente guizalhar dos seus ornamentos que, puxavam as carroças em grande fila. Um ou

outro grito “depressa sua besta” do condutor, com a ajuda do

inseparável chicote, que volteava no ar.”

Era um casamento igual a tantos outros da gente foreira,

mostrando os hábitos ancestrais nas suas festas de boda.

Todas as cerimónias religiosas tinham lugar em Salvaterra de

Magos. Já na vila, os animais eram presos às arvores no Largo

da Igreja Matriz, e no Largo do Lopes, ali perto da tabernas do

“Maceira” e do “Leopoldino”. Os convidados que não entraram no

templo, entretinham-se na taberna do Morais, ali mesmo ao lado do templo religioso, onde ofereciam cigarros e copos de bebida.

1950 – Igreja Matriz Salvaterra – Taberna ao lado

Page 56: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

56

Após o matrimónio, os padrinhos, também não deixaram de

fazer a mesma oferta. Naqueles sábados, dias de casamento das

gentes foreiras, era decerto ver os mirones juntarem-se por ali

perto, pois sabiam que naqueles dias era um fartote para eles.

O rapazio, esses também não faltavam. As mulheres, e as

moças já “graúdas” depois da cerimónia, davam uma “saltada” às

lojas onde tinham “creto” (1) anual, e lá compravam doces para

os rapazes. As amêndoas e rebuçados, eram o que dava mais

jeito para atirarem ao ar. Os rapazes em grande correria,

acompanhavam o cortejo, já no regresso, até à estrada das “cavalhariças ” (2), lá andavam pelo chão de areia

Ao iniciarem o caminho de regresso, os nubentes tomavam o

lugar na última carroça do cortejo, de costas voltadas para o

condutor, e acenavam alegremente para a assistência que no

percurso lhes desejavam muitas felicidades.

Pelos mesmos caminhos difíceis, onde os valados cobertos de

silvas e outro mato daninho, mostravam ao fundo, entre pinhais,

algumas casas caiadas de branco, Aqui e ali grupos de famílias que “amanhavam” as suas terras, não deixavam de dar parabéns,

aos noivos, através dos acenos de mãos das mulheres, e os

barretes e bonés dos homens a voltearem no ar.

******** (1)-Crédito, que tinham no comercio da vila, onde faziam as suas compras anuais

(2)-“Cavalariças” / Cruzamento na EN 118 * No local existia um velho edifício, que no séc. XIX, serviu de cavalariças .

Page 57: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

57

Por vezes, algumas amigas da noiva, muito antes do termo da

viagem, esperavam o cortejo e, com arcos engalanados de flores

naturais e de papel, obrigavam os participantes no casamento a

percorrer o espaço que faltava até ao local da boda,

acompanhados de músicas e cantares da região. À chegada ao local, era sempre um ancião (homem ou mulher)

que, dizia os versos seguintes:

“Vou dar os parabéns aos noivos !

Que por Deus já estão casados !

Se forem muito amiguinhos !

Por Deus serão ajudados !

Foram hoje à Igreja !

Encruzar as mãos em cruz !

Deus queira que se dêem tão bem ! Como a virgem Maria com Jesus !

Antes da entrada no espaço da boda, uma boa mesa de vários

pratos, à base de carnes e doces, os esperava, com algumas

garrafas de vinhos licorosos. O acordeonista, tocava algumas modas, onde todos os

convivas dançavam durante alguns minutos. Durante a tarde, até à hora de jantar, novamente a dança ocupava o tempo dos

convidados, especial dos mais novos.

Page 58: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

58

Os mais velhotes, os homens, entretinham-se a comenta o

tempo e o ano agrícola, e as anedotas sempre picantes de

premeio, chegavam assim à noite, já com uns bons copitos no

bucho. As mulheres, essas em grupo, entretinham-se a saber e

contar das novidades locais!

Pela noite dentro e, com o jantar a decorrer, as músicas não

paravam, a convidar sempre um pé de dança, num baile que,

durava até sol fora do dia seguinte. Os noivos, não arredavam

pé e, de vez enquanto a pedido, tinham de dar a sua graça no

bailarico.

No dia seguinte, após o almoço, depois da tarde ser passada em

convívio com os convidados, depois de receberem a chave da sua

nova habitação, ficam enfim a sós.

A ENTREGA DA CHAVE

Na cerimónia da entrega da chave, os padrinhos e os pais dos

noivos e, estes caminhando a pé até à nova residência, abriam a

porta, e após uma dança (uma última modinha), recebendo a chave das mãos dos padrinhos:

Dizia o noivo para a já sua mulher:

Toma lá esta chave ! Já que és minha mulher !

Para me abris a porta ! A toda a hora que eu vier !

Page 59: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

59

A noiva ao abrir a porta, aos presentes respondia:

Meu padrinho, minha madrinha, e

todo o acompanhamento;

Se meu marido der licença,

façam favor de entrar para dentro !

Era então o momento de uma pequena visita aos novos

aposentos dos noivos, e depressa mulheres “cochichavam”, entre

dentes as novidades da casa. Na segunda-feira, dia de irem ao

Estanqueiro, “apanhar trabalho”, os comentários tinham lugar e

davam para toda a semana.

1968- Mulher foreira, Viúva, e filha, em dias de luto. (estrada EN 118 – Maçapez)

Page 60: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

60

O PROGRESSO

Depois de Abril de 1974, o comercio cresceu, a população

deixou de se abastecer na vila, deixando hábitos que vinham dos

seus avós. A bomba de água, do furo construído no Estanqueiro

em 1936, há muito que não trabalhava, e a população foi deixando

de usar água dos poços, pois o executivo municipal, teve em

mãos um projecto para o abastecimento de água ao domicilio.

Numa primeira fase, foram enterrados cerca de 70 Kms de

canalização

No campo da saúde, foi construído um posto médico para apoio à população. As vias de comunicação, modernizaram-se com a

pavimentação de muitas delas. No entanto a sua melhor

conquista, foi a elevação a freguesia, que ocorreu no ano de 1984.

A Barragem de Magos, construída em 1936, para reservatório de

água para rega, e apoio à agricultura, com escoamento de água

através da Vala real de Salvaterra, com destino o rio Tejo, foi

sendo aproveitada pata local de turismo, tendo sofrido grandes

arranjos sendo agora um espaço de grande procura.

***************

**********

Page 61: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

61

A TRANSFORMAÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS !

Quando da venda, em 1845, pela Junta da Paróquia de

Salvaterra de Magos, dos terrenos que, foram da Coutada real, estes em grande parte adquiridos por lavradores e proprietários

agrícolas de boas posses, da região, como: As Casas Cadaval,

Roquette, Costa Freire, Roberto, Porfírio Neves da Silva, Rebello

de Andrade, Sousa Vinagre, Eugénio de Menezes, entre outros.

A maioria destes terrenos foi sujeita, após a compra a uma colonização expontânea, por famílias que, ali se instalaram, para

transformarem solos bravios, em terras produtivas, de regime

de cultura intensiva.

Para a exploração directa dos cultivadores, foram usados os sistemas; Aforamento, Venda, Arrendamento, e numa pequena

escala a Parceria.

Os primeiros Foreiros instalaram-se e construíram habitações

para as suas famílias, na situação de ilegalmente, ou autorizados verbalmente, e nas partilhas dos seus bens, para com as

gerações descendestes, eram usada a repartição de parcelas,

onde usavam a sorte do barrete, hábito ainda usado até a meados do século passado.

.

Ainda na primeira metade do séc. XX, vários foram os Dec.Leis, publicados, autorizando a então criada, Junta de Colonização

Page 62: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

62

Interna, a comprar em vário pontos do país, terrenos aos

primitivos donos, para uma colonização intensiva.

De modo a sua posse pelos usuários, fosse menos penosa na

aquisição, a entrega aos “colonos/foreiros”, dos terrenos era

feita através de escritura de venda/compra, com pagamentos

mensais e durante vários anos

Nos Foros de Salvaterra, alguns terrenos foram assim

transaccionados, ao abrigo daquelas primeiras leis, e só muitos

anos depois, em 1987, alguns casos foram solucionados, entre

eles os terrenos da “Califórnia”, na zona da Várzea Fresca, nome

que recentemente tinha aparecido na linguagem do povo.

************* *****

Page 63: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

63

*************

BIBLIOGRAFIA USADA

Documentos do Autor :

* SALVATERRA DE MAGOS E O SEU CONCELHO: Freguesia de Foros de Salvaterra

* OS FOREIROS DA CALIFÓRNIA E VÁRGEA FRESCA

Uma Luta de muitos anos !

* FOROS DE SALVATERRA “HISTÓRIAL”

* (Texto oferecido pelo autor, e usado no livro de publicidade das Festas dos Foros de Salvaterra, no ano 1994, pela sua Comissão.) * Também foi usado, pela Câmara Municipal, no livro: “Salvaterra, Paladares Antigos ”

*FOROS DE SALVATERRA

“Uma terra abençoada pela natureza ! (Texto da rubrica: - Já sabia, Que ! )

(Rubrica semanal, que o autor, tinha na rádio de Marinhais-

1990)

***********

Page 64: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

64

COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 3 Documentos para a história

de

SALVATERRA DE MAGOS

Séc. XIII – Séc. XXI

Património:

Geográfico, Monumental, Cultural, Social,

Político, Económico e Desportivo

O Autor

JOSÉ GAMEIRO

Page 65: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

65

Foto da Capa:

Motivo Alegórico ao Campino – Retunda E.N.118/Praça de Toiros

Page 66: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

66

Edição Original

FICHA TECNICA: Titulo: A PROPÓSITO DE TOIROS EM SALVATERRA !.. Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Data: MARÇO DE 2007 Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

Tel. 263 504 458

Fax: 263 505 494 ISBN: 978– 989 – 8071 – 03 – 3 Depósito Legal: 256455 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************

Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015

“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications” ********************

Page 67: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

67

O MEU CONTRIBUTO

Salvaterra de Magos, tinha no seu povo primitivo as raízes de uma cultura rural, e sua etnografia disso nos dá mostras. O rio Tejo, os

campos de toda a Lezíria muito contribuíram na forma de viver destas gentes da campina ribatejana, desde a Chamusca a Vila Franca e

Azambuja. No primeiro quartel do século séc. XX, as transformações

ainda que lentas, mas notórias, mostravam o mítico campino, senhor da Lezíria, a dar lugar a um outro tipo de homem rural., o tractorista. As grandes manadas de gado – cavalar e bovino – foram deixando a intimidade, dos seus terrenos de pasto, passando a estar

“acantonados” em espaços restritos com a manjedoura sempre cheia de uma comida, que não foi a dos seus antepassados. .O Gado bravo, agora apenas vive três a quatro anos, com um destino certo, ser

corrido nas arenas e o matadouro. Antes ainda tinham a terminar os seus dias de vida, o trabalho do campo depois de “ bruxados ”, coisa normal por volta de 1950. Nesse tempo, era eu, era menino, já do meu avô paterno, que foi

campino, como foram seus três irmãos (João Galricho, José e Manuel), ouvi maravilhosas histórias, de como se campinava, pois eles chegaram a trabalhar nas mais famosas ganadarias da terra. Mesmo assim, o encanto do mundo da tauromaquia, com suas corridas, não me seduziu,

mas achei que, o mais importante era deixar algo escrito sobre esta forma de vida, que fez parte Lezíria, estando agora em grande decadência em todo o Ribatejo..

MARÇO: 2007 O Autor

JOSE GAMEIRO

Page 68: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

68

A ORIGEM DE TOIROS EM SALVATERRA !

Consta no Foral desta vila concelhia - Salvaterra de Magos, os

benefícios, que recebeu do rei D. Dinis, em 1295,, está situada

junto à margem esquerda, do Tejo, em plena Lezíria ribatejana, os

terrenos verdejantes ga grande bacia deste rio. Para povoar

estas terras, o rei D. Sancho I, deu privilégios a colonos, vindos

da Flandres (zona hoje pertencente ao Sul da França), aqui se fixaram com seus usos e costumes.

O seu povo com séculos de convivência, com as agruras e

alegrias extraídas da terra, sempre tiveram por companhia os animais, usando-os para trabalharem o campo.

Alguns bovinos apresentavam-se bravios, após vários

cruzamentos aproveitavam-se alguns, foi mais um elemento para

o suporte dos festejos pagãos do povo – os brincos taurinos.

Page 69: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

69

De hábito do povo em dias de festa, depressa a realeza que

aqui fazia grandes estadias no Paço da vila, não deixava de

partilhá-lo como mostra da sua beleza, que partilhava-o com

seus convidados. No séc. XVII, estando o Rei D. José e a sua corte

em férias nesta terra, existia um Picadeiro, onde o Marquez de

Marialva, afamado mestre na arte de bem montar a cavalo, ali

ensinava os jovens fidalgos. Num dia aprazado, realizou-se um brinco de toiros, o rei estava presente, entre os participantes

toureava a cavalo o jovem Conde dos Arcos (Arcos de Valdevez),

o que lá se passou está descrito nas ricas páginas do conto do

escritor, Rebello da Silva. Este deu-lhe o titulo “ A Última Corrida

Real em Salvaterra”

UMA NOVA PRAÇA DE TOUROS

O povo, todavia,

mesmo depois da

tragédia, que ligou a vila para todo o sempre, ao

longo dos séculos seguintes não deixou

De realizar as suas corridas de toiros. Umas tiveram lugar, nos

terrenos da Palacete dos Almadas, outras no Canto da Ferrugenta/ou do Pardalada, Quinta do Massapez, Pátio das

Vacas, entre outros espaços de ocasião.

Page 70: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

70

No séc. XIX, existia em Salvaterra de Magos, uma Praça em

madeira, explorada pela misericórdia de Portalegre, até que

desapareceu. Anos passaram, até que em 1920, um novo edifício

construído no lado sul, à entrada da vila. Foi uma obra fruto do

trabalho de um grupo de jovens aficcionados, constituído em

Comissão Construtora , que levou a cabo um desejo, que pairava

em muitas bocas, durante muitas décadas de esperanças.

Foi uma construção considerada na época uma novidade no

campo arquitectónico, no mundo da tauromaquia. Tinha de início

alguns traços extraídos do Taurodomo do Campo Pequeno,

Lisboa, passou a propriedade da Misericórdia local, por doação,

da tal Comissão, após a sua inauguração, não deixando de ser um

um ex-libris da vila, tendo no seu historial, momentos que

importa conhecer:

*********

***

Page 71: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

71

TOUREIROS

António Roberto, um dia veio dos Açores, com os pais, e os

irmãos Luiz e Antão, com destino a Salvaterra de Magos,

nesta vila, casou com Maria Gertrudes (Fonseca), e do casamento

nasceram: Vicente Roberto, João Roberto e Roberto da Fonseca. Bem cedo, foi notado

que os três irmãos,

estavam Predestinados

para a arte de tourear.

Como bandarilheiros, ganharam fama e proveito. Do seu vasto

pecúlio, angariado nas arenas, foram beneméritos para com algumas instituições, especialmente as misericórdias de

Santarém, Figueira da Foz, Coruche e Salvaterra de Magos.

Durante muitos anosos três irmãos actuaram em praças de

toiros de Portugal e Espanha, fazendo parte de um grupo de

toureiros que, impulgou as arenas no final do séc. XIX e, nos primeiros anos do séc. XX. Roberto da Fonseca, em 1892, esteve

presente, na inauguração da monumental praça de toiros do

Campo Pequeno, em Lisboa, e foi em 1920 director da corrida

inaugural, da praça de toiros de Salvaterra de Magos.

Page 72: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

72

Quando já retirados das arenas, dedicaram-se à sua casa

agrícola, em Salvaterra de Magos, formando uma ganadaria de

toiros bravos a que, deram em 1923, o ferro, Robeiro & Roberto.

A ganadaria, fazia pastoreio no Verão, nos campos dos

Salgados, junto ao rio Tejo e, no Inverno se acomodavam na sua

Herdade do “Monte dos Coelhos”,na zona da Várgea Fresca/Foros

de Salvaterra. Naquele tempo, a fama do seu passado artístico,

motivou outros filhos da terra, tentarem o caminho daquela arte.

Os aplausos das arenas foram ouvidos por Rogério Amaro

que, chegou a bandarilheiro, função que desempenhou durante

dezenas de anos.

Page 73: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

73

Rogério Amaro

Quando nasceu a 13 de Abril de 1920,

ainda estava bem fresca na memória de

várias gerações do povo as narrativas

das actuações empolgantes nas arenas

dos seus conterrâneos, os irmãos

Roberto, a praça de toiros da sua terra,

estava em construção. Ainda jovem Rogério Amaro, já dava

mostras de despertar para o mundo da tauromaquia, e depressa

dominava toda aquela arte, queria ser toureiro. Entrou em vários

espectáculos festivos, pois era muito solicitada a sua presença

em praças da região. Depressa estava apto para fazer provas,

foi aprovado em 23 de Abril de 1943, como bandarilheiro. foi

solicitado pelas maiores figuras do toureiro da época, quer a pé,

quer a cavalo, especialmente Simão da Veiga, e durante anos fez

parte das suas “quadrilhas”.

Por volta de 1954, já o toureiro; Manuel dos Santos, não

deixava de o ter como homem de confiança, quando actuava nas

arenas, em Portugal e Espanha. Retirado das lides, foi Director de

corridas por largos anos. Depois de uma vida dedicada ao

toureio, um dos seus grandes amores, veio a falecer a 23 de Novembro de 2002, quando estava hospitalizado em Cascais.

Page 74: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

74

Joaquim da Conceição,

Nasceu em 1932, conhecido como o “Joaquim Ruço”, ainda jovem foi

aprender o oficio numa barbearia da

vila, na época aqueles espaços tal como as oficinas de sapateiros,

organizavam-se em tertúlias, aí

discutia-se com entusiasmo o apoio aos seus ídolos, do mundo taurino.

Trabalhando naquele ambiente, depressa foi atraído por aquela

arte sonhou vir a ser toureiro. Entrou em vários festivais

realizados na sua terra natal – Salvaterra de Magos, e aqui no dia

10 de Maio de 1953. vestiu o traje de luces, com a categoria de

Praticante, desejava vir a ser Bandarilheiro. Foram bandarilheiros deste festival: Rogério Amaro, Júlio Procópio,

Manuel Alemão, Carlos Pereira e João Inácio. A sorte e o

engenho não o acompanharam, ficou-se por um sonho que nunca concretizou.

António Cadório

Conhecido pelo “Mestiço”, desde

menino aprendeu o ofício de sapateiro,

gostava das lides taurinas a pé,

aprendeu todos os seus métodos, não

Page 75: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

75

teve sorte, acabou por se fixar em Vila Franca de Xira,

trabalhando no ofício e ensinando a arte que tanto queria

abraçar. Alguns artistas que singraram nas arenas portuguesas,

especialmente o toureiro José Falcão foram seus alunos. Já no

declinar da vida, para ver alguma corrida de toiros, esperava

junto da porta das praças, pela oferta de um bilhete.

Francisco Silva, “El-Palhota”

Ainda menino de escola, já os seus

dotes eram um reparo dos seus

companheiros de brincadeiras, e assim

ficou o “El-Palhota” , pois vivia com seus

pais, no sítio da “Palhota”– Salvaterra de

Magos, Francisco Silva, nasceu em 1947,

foi aprender o ofício de Ferreiro, e depressa com o trabalhar o

ferro e o arame, lhe dava o ensejo de fazer pequenas coisas, que

lembravam aquela

arte de tourear

O desejo de ser toureiro,

acompanhava-o dia-

a-dia, assim foi de

abalada até Vila

Franca de Xira, aí o

Page 76: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

76

ambiente taurino era respirado por tudo quanto era sítio. Na

terra ainda vivia, gente grande do mundo do toureio nacional e

mundial. Francisco Silva “El-Palhota”, depressa chegou a

Bandarilheiro em 1975, e integrou as várias equipas de cavaleiros

e toureiros da época. Sempre ligado ao seu gosto em fazer

artesanato taurino, em ferro e arame, foi divulgando o mesmo,

que agora se encontra espalhado pelo mundo.

Sempre quis ter uma escola de toureio, naquela terra

adoptiva, mas dificuldades várias impediam-no de concretizar o

seu sonho, Um dia, o seu entusiasmo foi espicaçado, andava

eufórico, deram-lhe esperanças na concretização do seu sonho,

foi-lhe prometido, pelo autarca da Freguesia da sua terra – João

Nunes dos Santos, que o apoio não faltaria, “Palhota” encetou

contactos com a Misericórdia local, para a cedência de um

espaço na praça de toiros. O tempo passou, amargurado, um dia

disse aos amigos, ficou-se pela homenagem que recebeu da

Comissão de Festas de Salvaterra de Magos,

Vítor Mendes,

Nascido na freguesia de

Marinhais, no concelho de

Salvaterra de Magos, dia 4 de

Fevereiro de 1989, em Marinhais, mas foi em Vila Franca de Xira,

Page 77: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

77

terra onde vivia com os pais, que despontou para o toureio, e

chegou a figura mundial do toureio, mostrando a sua arte entre

os seus pares. Tirou a alternativa de Matador de Toiros, em

Barcelona, no dia 13 de Setembro de 1981, sob o apadrinhamento

de Palomo Linares e José Manzanares.

Paralelo ao seu tempo de toureiro famoso em todo o mundo,

onde se aprecia a corrida de toiros, com a morte deste, através da estocada fatal,, especialmente em Espanha e países da

América do Sul, foi estudando e Licenciou-se em advogacia.

Em 1992, na praça de Salvaterra, foi-lhe descerrada uma placa

de homenagem, promovido por um grupo de aficionados, tendo

cortado a coleta, no ano de 1998.

******************

***********

Page 78: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

78

GRUPOS DE FORCADOS

No reinado de D. José, os brincos taurinos, eram um

espectáculo que ocupava algum tempo dos folguedos da corte.

Em Salvaterra de Magos, nas grandes temporadas que aqui

passavam anualmente também os realizavam, aproveitando para

satisfazer a curiosidades dos Embaixadores das cortes

europeias que visitavam Portugal, nem sempre em negócios.

Nos espetáculos, havia a actuação dos Jovens cavaleiros

fidalgos, que perante as plateias cheias de damas, ofereciam as

suas sortes. Em redor do redondel, os Monteiros da Choca, um

grupo de com bastões, que tinham na ponta uma forquilha, ou

forcado, defendiam a assistência, do toiro que na arena era

lidado. Uns anos depois do acontecimento da morte do Jovem

Conde dos Arcos, os fidalgos mais aguerridos nestas festanças,

tentavam reatar aquele espectáculo, só no reinado de D. Maria II,

em 1836, o espectáculo aparece novas alterações, o toiro passou

a ser proibido de ser morte pelo cavaleiro, após a faena, e em

seu lugar, os então Moços da Choca, pegavam o animal.

Foi assim, que nas alterações verificadas, no séc. XIX, teve

formalmente origem a existência dos Moços Forcados como os

conhecemos até agora.

“Depois da reunião do primeiro elemento com o touro, cabe aos

ajudas a tarefa de imobilizar o touro para que a pega se

Page 79: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

79

considere realizada. Aquele que segura o rabo é o responsável

por rematar a pega”

Em Salvaterra de Magos, quando da inauguração da Praça de

toiros, em 1920, estes grupos apareciam em festivais, mesmo em

corridas, especialmente em Maio, quando da Feira anual da terra.

1957 – Grupo Forcados de Salvaterra

0000 – Grupo Forcados Salvaterra – Feira Maio

Page 80: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

80

Alguns mais afoitos, mostrando grande poder de braços, para

encaixe, como se dizia na época, apareceu Manuel Vicente dos

Reis – o Manuel Ferrador ( por ser o seu ofício), que logo foi

convidado a integrar outros grupos de forcados amadores.

Também ao longo séc. XX e XXI, João Ramalho, Mário Marques,

Joaquim Mendes, entre muitos outros.

José Carlos Hipólito “ O Timpanas” foi no dobrar do séc. XX,

onde as corridas de toiros eram quase diárias em todo o pais,

que deu nas vistas.

“ O Timpanas” desde miúdo pela sua traquinice, e graciosidade

perante os toiros, sendo homem pequeno, mas de braço rijo, foi

aplaudido em todas as arenas, empolgava o público com suas pegas.

Esteve no grupo de profissionais de Adelino de Carvalho (Lisboa), Amadores

de Tomar (Manuel Faia), sendo muito solicitado também esteve em Roma

(Itália), no Coliseu onde fez algumas

pegas, para umas cenas de filme épico.

Manuel dos Santos, que foi Matador de toiros, já retirado e na condição de empresário, levou até Macau, o espectáculo de

toiros, todo o agrupamento (toureiros, cavaleiros, forcados e os

toiros) foram de vários pontos de Portugal

Page 81: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

81

António Lapa, como se relacionava

no mundo dos toiros, foi um grande

ajuda, nos vários grupos de forcados a

que deu a sua colaboração contam-se: Coruche, Tomar, Lisboa, Ribatejo,

Lusitanos e naturalmente o de

Salvaterra, de que foi também Cabo.

Ainda Jovem, veio a falecer no dia 11 de Março de 2013, com 56

anos, vitima de problemas cardíacos. Os órgãos e críticos da

tauromaquia não deixaram de se referir ao António Lapa, sendo por alguns considerado o melhor Ajuda, neste tempo do séc. XXI.

Uns meses mais tarde, na sua terra natal – Salvaterra de

Magos, amigos e gente do mundo taurino, prestou-lhe uma

homenagem realizada no Cabana dos Parodiantes de Lisboa, no 11 de Julho de 2013.

António Rogério Amaro (Rogério Amaro,

como era conhecido no mundo taurino),

ainda criança sentiu o ambiente que se

vivia em casa, através de seu pai, Rogério

Amaro, que era Bandarilheiro afamado. Rogério Amaro, depressa ingressou nos

grupos de forcados e esteve …………………. Em 2012, esteve numa

corrida realizada na terra natal – Salvaterra de Magos, por

ocasião de Feira Anual, integrando o Grupo dos Forcados locais,

tendo obtido um prémio numa bonita pega. Mais tarde foi

Page 82: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

82

Apoderado das grandes figuras do toureio nacional, e

Empresário, em quase todas a Praças existentes no pais.

CRIADORES DE TOIROS DE LIDE

Segundo alguns historiadores desta temática, os toiros de lide,

tiveram origem na ganadaria Solar nas terras de Espanha. Os

campos de Salvaterra, em plena Lezíria, com terras de aluvião, e de charneca, são locais de boa pastagem para este animal, que

tem necessidade de campo e espaço aberto para pascentar.

Perdem-se nas páginas da tauromaquia, as muitas informações

quanto às ganadarias existentes nesta vila.

José Luís Brito Seabra, além de criador

de toiros de lide, foi presidente da

câmara municipal de Salvaterra de

Magos, e também um dos sócios

fundadores do Real Clube Tauromáquico

Português.

Dr. Rodrigo da Costa, sendo médico nesta vila, em 1878, explorava a agricultura, e como pequeno criador de toiros,

forneceu curros para a praça de Sant’ana, em Lisboa.

Page 83: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

83

António José Ferreira da Silva, Nasceu em Salvaterra de

Magos , a 19 de Setembro de 1887, era filho do Ganadero do

mesmo nome que forneceu curros de toiros para as mais

importantes praças do país, no último terço do séc. XIX.

O início do séc. XX,

foi uma época em

que muitos

agricultores, enveredaram pela criação do toiro bravo, em várias

zonas do país, em Salvaterra existiram as ganadarias; José

Ferreira Roquette, António Ferreira Roquette, José Ferreira da

Silva, Irmãos Roberto, Gaspar Costa Ramalho, seu filho José

Vicente Ramalho e Roberto & Roberto.

Todas foram fornecedoras de curros, para praças de Portugal e

Espanha. Nestes últimos tempos, em Salvaterra de Magos, ainda

existem sedeadas as ganadarias com o ferro de: João Sarmento

Ramalho, Tereza Ramalho, José Dias, Felicidade Dias e Irmãos

Dias.

Page 84: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

84

CRIADORES DE CAVALOS

A Casa, Menezes & Irmão, Ldª, pertença dos dois irmãos lavradores, José e António Menezes, dedicou-se por volta de 1930, na reprodução, e cultura do cavalo lusitano, com uma

eguada e três garanhões desta raça.

António Lapa, Proprietário agrícola, nos primeiros anos

do séc. XX, tirou grandes

proveitos na criação de

uma afamada raça

espanhola, a seu filho Alberto dos Santos Lapa,

deixou o gosto pela criação deste género de animais, que ainda continua na família.

Oliveira e Sousa (Casa Agrícola) - João Oliveira e Sousa,

antigo oficial do exército, recebeu do sogro, o lavrador e

proprietário, Porfírio Neves da Silva, a casa agrícola que,

conservou e enriqueceu com novas espécies de equídeos

lusitano. Anos depois, foram seus filhos, são agora os netos, que

continuam a manter a raça na reputada coudelaria “Oliveira e

Page 85: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

85

Sousa” com procura a nível mundial. A coudelaria, contino-ou

através de seus filhos e netos.

CAVALEIROS TAUROMÁQUICOS

CLÁUDIO JOSÉ (Cláudio José Silva Fernandes Travessa)

Tal como seu irmão Rogério, depois de

muitas actuações em praças de Portugal, EUA (Califórnia) e Espanha, passou pelo

escalão de praticante.

Em 30 de Agosto de 1998, recebeu a alternativa de Cavaleiro

Tauromáquico na praça de toiros de Salvaterra de Magos, sua terra-natal, sendo apadrinhado pela grande figura do toureio,

Joaquim Bastinhas.

TRAVESSA FERNANDES

(Rogério Manuel Silva Fernandes Travessa)

Page 86: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

86

Depois de algumas corridas, em praças de Portugal e em

Espanha, como praticante, tirou alternativa de cavaleiro tauromáquico, na Monumental Cascais, em 24 de Julho de 1994,

sendo seu padrinho de alternativo o cavaleiro, José Maldonado

Cortes. Como cavaleiro de alternativa, esteve em praças de

países hispânicos, com seu irmão Cláudio José. Com actividade

muita curta, dedicou na companhia de seu irmão, a explorar uma escola de toureio, na sua quinta em Salvaterra de Magos- sua

terra natal.

ANA BATISTA

Ainda menina, aos 10 anos,

toureou na praça de

Salvaterra, pela primeira

vez. Tomou a alternativa de cavaleira, no ano 2000, em

Coruche, sendo apadrinhada

por Joaquim Bastinhas, com o

decorrer dos anos tornou-se

figura do toureiroa cavalo, em Portugal.

************

Page 87: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

87

Mónica Monteiro

Ainda prestou provas de Praticante, em

Lagos, no Algarve, no ano de 1994. Mais

tarde (quando montava), sofreu grave

acidente, perdendo - se para o mundo do

toureio a cavalo.

************

DIRECTORES DE CORRIDAS

José Ferreira Estudante e, Rogério Amaro

CRÍTICOS TAUROMÁQUICOS:

* RUI DE SALVATERRA *

(Rui Ferreira Estudante)

-1932 –

* D. PACO *

( Roberto Fernandes )

*************

OS CAMPINOS

Travessa Fernandes

Rogério Manuel Silva Travessa Fernan- des, depois de várias actuações em Portu- gal, Espanha e EUA, fazendo o estágio de

praticante naquela arte de tourear.

A alternativa de cavaleiro teve lugar, na

monumental de Cascais, em 24 de Julho de

1994 sendo apadrinhado pelo distinta figura

da tauromaquia portuguesa José Maldonado

Cortes.

Page 88: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

88

A necessidade de trabalhar as terras, o gado bovino passou a

ser um instrumento de trabalho, e depressa a arte da

campinagem, teve abrigo na Lezíria

.Nesta função, nas primeiras

décadas do

século passado,

nomes ficaram

famosos, pela

sua forma de

conduzir os toiros nas famosas entradas, e encabrestá-los nas

arenas, ou simplesmente trabalhar as manadas com arte, nos

campos.

Foram

“grandes varas”

nomes

conhecidos por: Joaquim Cortilho, Lino Bastos (Lino

Garoto), Fernando Almeida, João Vitorino e, os seus primos, os

irmãos: João e José Galricho, para além de um outro conhecido por “José da Moira”. E os mais novos, Manuel Luís e Miguel Viegas.

Page 89: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

89

************

EMBOLADORES /FARPEADORES

José Caçador, conhecido por José Venceslau, já no início do

século XX, esmerava-se na feitura de farpas e embolas que usava

nos toiros. Aquela arte, transmitiu-a a seus filhos; António e

Gastão Aleluia, seus ajudantes, no embolar dos toiros nas

corridas. António Aleluia, trabalhou mais tempo com o pai,

durante muitas dezenas de anos a difícil maneira de ornamentar

os ferros (farpas), acessórios necessários para as lides

taurinas.

João Aleluia, desde o falecimento

de seu falecimento de seu pai,

António Aleluia vem mantendo a tradição familiar,iniciada pelo seu

avô, completando assim três gerações dedicadas à arte de

fazer farpas e embolar os toiros.

Page 90: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

90

Page 91: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

91

Page 92: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

92

DATAS HISTÓRICAS

1920 – 1 de Agosto * Na inauguração da Praça de Toiros de

Salvaterra de Magos, realizaram-se duas corridas de toiros, no 2º dia, houve entrada de toiros.

1921 – Na sua arena, o bandarilheiro, de nome Faculdades, quando

actuava, matou um toiro, contrariando a lei existente de 1837.

1941 – Neste ano, após um violento ciclone que “varreu” grande

parte do país, a praça de toiros de Salvaterra, sofreu graves

danos. A família Monte Real e, o benemérito Gaspar Costa

Ramalho, suportaram o custo das obras da reconstrução. Uma

corrida foi realizada, após os trabalhos de restauro, nela esteve

presente o presidente da república, Marechal Oscar Carmona, como convidado oficial.

* Actuaram graciosamente, os famosos toureiros, estrangeiros:

Domingos Ortega e Luís Miguel Dominguim e, os portugueses;

Manuel dos Santos e Diamantino Vizeu. Os cavaleiros, mestres; Simão da Veiga, João Branco Núncio e David Ribeiro Teles,

também deram o seu contributo.

1965 – No dia 6 de Junho, teve aqui lugar uma vacada, depois de

um lauto almoço, uma iniciativa da Casa do Pessoal da RTP. Foi o

início de outros convívios, aqui realizados, onde para além de Missa ao ar livre, assistiu-se a corridas de toiros.

1970 – No dia 1 de Agosto, o jornal “Aurora do Ribatejo”, publica

por ocasião dos 50 anos da praça, uma entrevista conduzida por

Page 93: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

93

José Gameiro e José A. Amaro, a José Luís das Neves, na ocasião

único membro vivo da ”Comissão Construtora da Praça”.

1976 – No dia 23 de Outubro, foi inaugurado o sistema eléctrico,

com iluminação da arena, com uma corrida nocturna, onde

actuaram: José João Zoio, Luís Miguel da Veiga e Emídio Pinto.

1977 – No dia 15, quando da Feira de Maio, na 2ª corrida, os

matadores; Armando Soares, e o espanhol “El-Macareno“, estoquearam os quatro toiros da lide, infringindo assim as leis

existentes no país. Neste mesmo ano, foi aproveitada uma

corrida de fim de época, para “testar”, a nova marcação de

lugares, tendo sido aproveitados espaços mortos, nas bancadas,

o que rentabilizou mais 900 lugares sentados.

1978 – Mais uma corrida à antiga portuguesa, realizada a 30 de

Setembro, se juntou ao vasto rol das já efectuadas até então, nas

arenas desta praça. Foi procedida de um desfile de cerca de 100

figurantes, pelas ruas da vila, onde foram incorporados os

timbaleiros da GNR, e coches que, transportavam os cavaleiros

artistas.

***********

********

Page 94: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

94

FOTOS UDADAS

Pág.63 - Quadro em Azulejo, morte do Conde dos Arcos,

colocado no Jardim da Biblioteca Municipal, quando da sua

inauguração, na antiga escola primária jornal o “Século”

Pág 64 – Entrada de toiros, festejos da inauguração da Praça de

Toiros, dia da segunda corrida em 2 de Agosto de 1920, *Em 1950,

Praça de Toiros, com zona ajardinada na frente – EN 118

Pág 65 – Bandarilheiros Irmãos (Roberto(s) – Vicente Roberto e

Roberto da Fonseca * final do séc. XIX – Inicio do séc. XX

Pág.70 – O Bandarilheiro Francisco Silva “El-Palhota”, acompanha forcados na volta a arena

Pág 82 – Campinos Manuel Borrego e Miguel Viegas, no Porto

Alto, esperando “Congressistas” visitas do Restaurante Típico

Ribatejano de Salvaterra de Magos * Campinos e Cabrestos, em

prova de perícia, na Av. Dr. Roberto F. Fonseca – Festas de

Salvaterra, 1968 – Casa Agrícola José Lino

BIBLIOGRAFIA USADA

:* Subsídios para a História da Tauromaquia Salvaterra de

Magos- séc. XIX, séc. XX - José Gameiro

* Salvaterra de Magos - Seu Povo sua Cultura! “ – José Gameiro

* Jornal Vale do Tejo – 1997/2002 * Subsídios para a História da Misericórdia de Salvaterra de

Magos – José Asseiceira Cardador

Page 95: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

95

“ORIGEM DO TOIRO DE LIDE” Segundo alguns estudiosos da causa taurina e, outros no campo da zootecnia, dão-nos pistas para se entender a existência do boi no terceiro milénio antes de Cristo. Fazendo fé, nas pinturas rupestres e naquela linha de informação, a fauna predominante nos terrenos que viriam a ser da Península Ibérica, durante o Paleolítico era composta por cavalos, bois, veados, javalis e outras espécies de instinto violento. A Península, com seu clima ameno e acolhedor, poderá ter recebido migrações do Uro ou Toiro Selvagem, já domesticado no Oriente, sendo a porta de entrada o Norte de África. O romano Júlio César, à 2000 anos, segundo alguns documentos, introduziu na língua latina a expressão TAURO, pois o animal era usado pelas várias culturas mediterrâneas. O boi Apis, no Egipto era adorado como o deus da fecundidade e da abundância. A construção de um bezerro de oiro, para os Hebreus, o toiro alado na Babilónia e até na mitologia grega, aparece na forma de minitauro, eram testemunhos das crenças destes

Page 96: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

96

povos. Na Europa, o Uro que, terá sido introduzido pelo povo Celta, será o antepassado de todas as raças bovinas existentes neste continente, foi extinto na idade média. Do cruzamento destes animais, para fins taurinos, é dado como sendo a Espanha o seu berço, até porque no Séc. XVII, neste país, como em Portugal e em terras da Flandres (França) era utilizado pela nobreza nos ”embates” com cavalo. A Salvado – Jornal Vale do Tejo

*************

Cabeça Toiro Ganadaria

Irmãos Roberto – 1950

***************

Page 97: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

97

Colecção de Apontamentos Nº 4

Para a História

Séc. XIII – Séc. XXI

Património Geográfico, Monumental, Cultural,

Social, Político, Económico e Desportivo

Séc. XIX - Séc. XXI

Uma Referência no Turismo Local e Regional

O Autor

JOSÉ GAMEIRO

Page 98: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

98

Foto da Capa: 1980- Entrada do Restaurante Típico Ribatejano

Page 99: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

99

Edição Original FICHA TECNICA: Titulo: RESTAURANTE TÍPICO RIBATEJO ! ( Uma referência no Turismo Local e Regional ) Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Fax: 263 505 494 ISBN: 978– 989 – 8071 – 04 – 0 Depósito Legal: 256456 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************

Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015

“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications” ********************

Page 100: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

100

O MEU CONTRIBUTO

(Recordações)

Meu pai era um pouco mais velho que o Joaquim Lopes, mas davam-se bem. Tendo casado, precisava de casa a passou a ser rendeiro, numa pequena casa, restos do Paço Real de Salvaterra,

foi aí onde nasci e vivi até aos 7 anos de idade. Na minha meninice, de 4/5 anos brincava na vasta propriedade da família Lopes, onde estava instalado o Café Ribatejano. Não deixei mesmo de subir para os ferros das antigas chaminés, que foram das cozinhas do palácio real. As brincadeiras e relações de amizade com a Maria Irene Lopes Pinto e seus primos; Idalina e António Manuel Gonçalves Lopes começaram aí. O mesmo aconteceu com a Manuela Marques Lopes, que cheguei a levar pela mão para a mestre-escola Moisés. Já rapazola como trabalhador na Central das Carreiras, vi crescer o António Joaquim Marques Lopes. Ao longo dos anos a sociedade, Manuel Vieira Lopes, teve actividades, como: Taberna, Café, Pensão, Restaurante. Entrando depois nas áreas do Cinema e Construção Civil, com várias urbanizações de prédios.

Page 101: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

101

Com o fecho da taberna e da pensão, a restauração teve uma actividade ao longo de mais de 30 anos, sendo a principal receita da família nos primeiros anos. Agora Restaurante Típico Ribatejano, está fechado conservando tudo no seu interior, na esperança de um dia voltar a estar cheio de clientela como naquele tempo dos Congressistas, que davam vida às ruas de Salvaterra, com foguetório no ar, campinos a cavalo, e ranchos cantando e dançando ao som da música ribatejana. .MARÇO: 2007 O Autor

JOSE GAMEIRO

Page 102: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

102

RESTAURANTE TIPICO RIBATEJANO

Uma referência no turismo Local e Regional (1950-1983)

Na bonita Lezíria Ribatejana, com suas tradições, também os

bois eram usados pelo homem, na faina diária.

As cantigas, e o dançar o fandango, eram festejos nos dias de

descanso em pleno local de trabalho, que servia para o dançarino

ser olhado com ternura, por alguma jovem mulher, que já

andasse debaixo de olho.

Salvaterra de Magos, no coração daquela planície, junto ao rio

Tejo, tinha ainda no início do século, bem patente no seu povo, os

trajos, a comida, e danças da região.

Extinta a casa real, por decreto de Abril de 1835,todas as

propriedades reais existentes no concelho de Salvaterra, foram

vendidas em haste pública. Em 1919, Manuel Lopes, regressado de

França, onde esteve como soldado no conflito mundial, recomeça

a vida com sua esposa, D. Maria Irene da Conceição, filha do velho

Sebastiana, zelador municipal na câmara. Instala-se por pouco

tempo, como ferreiro, junto aos armazéns do comerciante Gomes

Page 103: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

103

Leite. No tribunal de Coruche, através de um advogado de nome

Abílio, compra uma parcela urbana, onde se encontravam muitos

vestígios, do que foi o Paço Real da vila, Ali fez morada e inicia

uma nova actividade comercial, abre uma taberna com venda de mercearia. Depressa, instala nova oficina de ferreiro,

apetrechada da respectiva pedra (roda) de “fazer” os rodados,

em ferro e madeira dos carros, onde usa a água de um poço, existente no local, que foi pertença do paço real.

Um outro negócio, o de mobílias, em madeira rústica, destinado

à camada social mais pobre se juntou ao rendimento familiar.

Naquelas velhas casas; nasceram os filhos: Hortense, Joaquim, Maria Rosa, António e Alexandrina Lopes O ALUGUER DE BICICLETAS

As rivalidades clubistas vividas, por causa dos ciclistas;

Nicolau e Trindade, representando o Sporting e Benfica, nas

corridas da volta a Portugal, punham em delírio os seus adeptos,

tiveram alguma influência noutras modalidades daqueles clubes,

especialmente o futebol.

Aproveitando o momento, por

iniciativa do filho Joaquim Lopes, a casa já vendia e

alugava bicicletas, mas logo a

seguir, uma outra actividade foi

experimentada; uma fábrica

artesanal de fabricação de gasosas e outros refrigerantes.

Page 104: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

104

Esta laborava na rua Miguel Bombarda, tendo duração de

poucos anos, até porque já existia uma outra da firma Tito & Irmão, Ldª. A morte de Manuel Vieira Lopes, em 1945, no dia do

nascimento de sua neta, Alexandrina, levou a viúva, e os filhos;

Joaquim, Rosa, António e Alexandrina, a tomaram conta dos

negócios da família. Por volta de 1950, que ainda explorava a taberna instalada no Largo dos Combatentes, que por força dos

hábitos populares, ainda agora é conhecido pelo Largo do Lopes.

Naquele estabelecimento de vinhos e mercearias, também se

vendia charruas, e acessórios e demais produtos para a

agricultura.

O ALUGUER DE PATINS

A equipa portuguesa, mobilizava a população junto da

telefonia (rádio), a ouvir os relatos dos jogos hóquei em patins

,especialmente entre as selecções de Portugal e Espanha. Mais

uma vez, Joaquim Lopes, viu ali a evolução no negócio,

Aproveitou um espaço

que foi adaptado a ringue de patinagem, passou a

sua alugar patins, para a aprendizagem. Ali, com o

piso cimentado, foi local

onde algumas revistas teatrais, que percorriam o país,

mostraram os seus espectáculos, Igrejas Caeiro, com os seus

Page 105: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

105

companheiros da alegria, e a Companhia teatral Rafael de Oliveira, entre outros, utilizaram o espaço. O Café Ribatejano,

abriu as suas portas, em 1949, junto da velha taberna, que fechou

O Ribatejano, com instalações para Pensão e pernoita, para os

caixeiros-viajantes, que naquela época visitavam o comércio,

com muitas malas dos produtos a venda. Uma mesa de bilhar, passou a ser usada pela juventude daquele tempo. Com um

grande balcão-frigorífico, servia cerveja a copo (Imperial), bebida que dava os primeiros passos no comércio, sendo servida

acompanhada de um prato de tremoços, oferta da casa.

Existindo a Pastelaria Sol da Lezíria, na avenida principal, o Café

Progresso, mais antigo e instalado na zona velha da vila Na rua, o Ribatejano tinha instalada uma esplanada, delimitada com uma

construção em ripas de madeira. A nova Pastelaria

Salvaterrense, de Francisco Fonseca (conhecido por Xico Vassoura), logo de parceria com o Ribatejano, passou a fabricar

Page 106: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

106

uns pequenos pastéis de feijão, vendidos numa caixa de 6

unidades ( a tampa tinha a cena da morte do Conde dos Arcos).

A PENSÃO

As instalações dos quartos, estavam no primeiro andar, e ali

estiveram acomodados, figuras públicas como: os Toureiros,

Manuel dos Santos, Diamantino Vizeu, e o nadador Baptista

Pereira, entre muitas outras. Entretanto, nomeados agentes de

cervejas e refrigerantes com o exclusivo da venda e distribuição

na zona, o irmão António Vieira Lopes, começa num pequeno

carro de caixa aberta, os seus carregamentos semanais, no

abastecimento aos estabelecimentos comerciais, chegando a

entrar no Alentejo, até Mora.

A TELEVISÃO EM PORTUGAL

A televisão chega a Portugal, em Março de 1957, o povo,

acorre, às janelas dos estabelecimentos, ou aos cafés para ver a

televisão. Mais uma vês o Ribatejano, tem a primazia na vila de

instalar um aparelho de televisão, tendo como clientes todas as

noites a melhor classe social da terra., no entanto o Restaurante

Típico Ribatejano,

*************

Page 107: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

107

O INICIO DO RESTAURANTE

TIPICO RIBATEJANO

Com o Café a

funcionar,

Joaquim da

Conceição Lopes,

toma a iniciativa

de formar a firma Manuel Vieira

Lopes & Filhos,

LDª, com seus

irmãos; onde a

mãe D. Maria Irene, entra no negócio, ficando de fora a irmã mais velha, a Hortense Lopes. A firma assenta numa sociedade

familiar, onde os quatro irmãos e a mãe, laboravam com tarefas

definidas, sendo o Joaquim Lopes, gerente da firma.

O que restava, das três chaminés das antigas cozinhas do

palácio real de Salvaterra de Magos, foram aproveitadas, e incluídas nas salas do novo Restaurante Típico Ribatejano, cuja

entrada principal tinha a porta dentro de uma decoração que parecia um grande tonel de vinho, pintado de cor verde.

No interior das salas, uma construção de um lagar de vinho, e nas paredes a simulação de grandes túneis de vinho (branco e

Page 108: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

108

Tinto), deram ao local, uma aparência de uma Adega Ribatejana,

em laboração, no início do século séc. XX.

As paredes foram ilustradas com quadros de artistas e fadistas

da época, onde entre outros se podiam ver os retratos de Amália

Rodrigues e Vasco Santana, e alguns cartazes de corridas de

toiros, realizadas em tempos idos, nesta terra. Barretes verdes, a par de algumas alfaias agrícolas e, candeeiros em barro,

suspensos do tecto, com iluminação “fingindo velas”,

completavam o cenário. Nas mesas, os pratos e jarros de barro

de vinho eram de confecção artesanal, de um oleiro do concelho.

A mãe D. Irene, que sabia e tinha dedo para a culinária antiga

da terra, transmitiu a sua filha Maria Rosa, que passou a

cozinheira de serviço, alargando os pratos das ementas do

Ribatejano, às receitas da comida do povo da região. Na

ementa, tinham significado especial, a Açorda de Sável, e Caldeirada de Enguias, peixes do rio Tejo, pescado pelos pescadores do Escaroupim.

A mãe D. Irene, que sabia e tinha dedo para a culinária antiga

da terra, transmitiu a sua filha Maria Rosa, que passou a

cozinheira de serviço, alargando os pratos das ementas do Ribatejano, às receitas da comida do povo da região. Na ementa,

tinham significado especial, a Açorda de Sável, e Caldeirada de Enguias, peixes do rio Tejo, pescado pelos pescadores do Escaroupim. Nas carnes; os pratos de Borrego e o Cabrito, eram

Page 109: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

109

servidas as ementas das gentes das terras da Charneca de

Salvaterra.

Nas carnes; os pratos de Borrego e o Cabrito, eram as

confecções servidas, ementas das gentes das terras da

Charneca de Salvaterra. TOTOBOLA

A Misericórdia de Lisboa, detentora da exploração das

lotarias, lança um novo jogo de apostas no mercado, o Totobola, e

mais uma vez em Salvaterra, a primeira agência, chega ao Café

Ribatejano. NOVAS OBRAS

Entretanto, o Restaurante Ribatejano, é provido de uma outra

sala de refeições que foi construída, em local, que a história, e a

voz popular, diz ser a localização, do espaço que foi do teatro da

ópera de Salvaterra.

Sempre no seu espírito inovador, Joaquim Lopes, construiu um

pequeno tentadero (pequena praça de toiros), com a entrada dos

animais, pela rua Marquês de Pombal, junto à cozinha do seu já

grande empreendimento turístico, enriquecendo as instalações

que, à muito anos, se esgotavam em dias solenes como: Pelo

Carnaval (três dias), Páscoa, Natal e Ano Novo.

Page 110: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

110

.Aos domingos e feriados, o grupo de empregados de mesa, de

camisa branca e calça preta, com barrete ao ombro, iam

servindo as refeições. Os ranchos folclóricos da terra,

especialmente dos Pescadores do Escaroupim, com outros da

região, actuavam num grande palco, com artistas da área da

música ligeira e do fado. Na apresentação e, divulgação dos usos

e costumes do folclore da região, encarregava-se o colaborador, Manuel Carlos, grande conhecedor das realidades da etnografia

da Lezíria Ribatejana.

UMA TRANSMISSÃO EM DIRECTO DA RTP

Estávamos no ano de 1960, talvez em Setembro, a RTP utiliza o

Restaurante Ribatejano, para uma transmissão em directo de

programa, Actuava naquela noite de fados a fadista Amália

Rodrigues. Decorria a manhã, vi chegar e estacionar na rua Luís

de Camões, junto às suas cozinhas, um grande carro de estúdio

de exteriores (tipo autocarro de passageiros), e logo um grupo

de electricistas, em pouco tempo liga o veículo com vários cabos

de corrente eléctrica, recebida de um poste de iluminação

pública, mesmo ali à mão.

Outros cabos são estendidos através do espaço do Tentadero, e

entram na sala grande, onde já uma outra equipa faz ensaios com

as máquinas de filmar. Eu, a tudo assisti um pouco confuso,

tendo mesmo estado dentro do carro estúdio, que iria fazer a

transmissão. No seu interior, tantas televisões, e milhares de

botões em outras máquinas, em cima de balcões, era por demais

fascinante, ver tais coisas. A meio da tarde, outros membros da

Page 111: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

111

equipa da televisão, se juntaram, como o realizador, e o

apresentador do programa. Ao cair da noite, a gerência ofereceu

um jantar a toda a equipa da RTP, e a alguns convidados, pessoas

da terra. Tal como a outros “mirones” deixaram-me ficar pelos

bastidores da sala. O apresentador do programa, (julgo que:

Manuel Caetano), cumprimentou-me, quando foi sentar-se junto a

umas senhoras, que o preparam com tintas na cara e lacas no cabelo. Os guitarristas, afinaram os sons, foi pedido grande

silêncio aos presentes, e a emissão começou. Quando terminou o

programa, uma grande azáfama de técnicos desmontaram

máquinas e projectores.

Nessa mesma noite, e em pouco tempo tudo ficou deserto e

calmo de tanta confusão. Na manhã do dia seguinte, o grande

carro da RTP, abalou, rumo a outras paragens.

*************

Page 112: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

112

O CINEMA “CONDE DE ARCOS”

O Cine – Teatro dos Bombeiros,

na rua Machado Santos estava

inactivo, Joaquim Lopes, sempre

com espirito inovador, tenta

comprar o seu alvará, pois quer

transformar o antigo espaço de

patinagem, instalando o Cinema Conde de Arcos, com entrada pela

rua Heróis de Chaves, esta iniciativa foi um novo passo no

progresso da firma. Na noite da inauguração, foi exibido o filme

“Os Miseráveis”, com o actor francês Jean Gabin.

A CONSTRUÇÃO CIVIL

Em 1962, a “onda” que, atravessava o país na área da construção civil., no início da década dos anos 60, é

aproveitada pela firma Manuel Vieira Lopes, que constrói na

margem sul do Tejo, especialmente no Barreiro, aproveitando

os conhecimentos do seu cunhado, Manuel Ferreira Pinto Em

1964, inicia uma outra obra de grande investimento na sua

propriedade, na rua Heróis de Chaves (Rua dos Arcos), no espaço das suas pequenas casas de habitação (restos de

anexos de casas do palácio real), ali faz a construção de uma

Page 113: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

113

nova urbanização de três pisos, para habitação, com o rés-

do-chão, destinado a estabelecimentos comerciais.

ESTAÇÃO DE CAMIONAGEM

Já em 1957, na rua Heróis de Chaves, nas pequenas casas de

habitação, numa delas (1), tinha sido instalada a Central de

despachos dos caminhos-de-ferro, e das camionetas da carreira,

exploração da empresa de camionagem Belos.

Uns anos depois, a firma Vieira Lopes, proprietária, remodelou todo aquele antigo casario, por uma nova urbanização.

************ (1) – Casa onde autor, nasceu e iniciou a sua vida profissional

Page 114: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

114

DIVULGAR O TURISMO LOCAL

Em face da credibilidade, já angariada, na área da restauração,

mais uma vez, o destino foi o mercado turístico que, “obrigou” a

novas iniciativas, mas na continuidade do que já vinha oferecendo

à clientela. As constantes e grandes comitivas de grupos, que a

Portugal vinham assistir a congressos, eram destinadas ao

Ribatejano, nos seus dias livres. Aqui, em Salvaterra de Magos,

eram aguardadas à entrada da vila, junto à praça de toiros, com

danças e cantares de ranchos folclóricos, com alas de campinos

montados nos seus cavalos representando as várias casas agrícolas da terra. O foguetório estalava no ar, a festa estava

nas ruas, depressa os visitantes se envolviam no cenário criado,

de um Ribatejo vivo, percorrendo as ruas da vila até ao

Restaurante Ribatejano.

O Porto Alto, também foi uma ou outra vez para receber os

visitantes de Salvaterra, para gáudio deles lá estavam guarda de

Page 115: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

115

honra de campinos a cavalo, e assim pela primeira vez tinham

contacto com as realidades da Lezíria, pois as agências de

viagem e o SNI, já tinham previamente traçado um plano de

viagem. Através do dinâmico gerente, Joaquim da Conceição Lopes, o Ribatejano, tudo fazia para contentar os seus clientes,

levando-os muitas vezes, ao campo, onde chegavam a tomar lá as

refeições ligeiras compostas de febras de porco assadas (hoje as famosas

Sardinhas de Salvaterra), torricado (pão torrado na brasa) e frango na churrasco). Novo investimento, fez Joaquim Lopes,

comprou a grande Horta (conhecida por Horta del–rei), uma peça

do antigo paço real. Ali construiu uma piscina, e muitas refeições

de grandes eventos em ambiente ribatejano. Também neste

******** Na foto – No lado direito, o pai e o autor em primeiro plano assistindo à chegada de mais um grupo de Congressistas – Joaquim Lopes, como sempre organizando a recepção

Page 116: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

116

Restaurante, e durante alguns anos, a Casa do Pessoal da RTP,

fez a comemoração dos seus aniversários, que era sempre

aguardado com ansiedade pela população local, pois usavam a

praça de toiros e as entradas eram livres.

Entretanto ocorre a morte de Joaquim Lopes, em Agosto de

1980 e, o Restaurante Típico Ribatejano, ainda esteve em

actividade durante mais três anos, sob a administração do irmão,

António Vieira Lopes. Em 1983, encerrou definitivamente as suas

portas a uma actividade, que foi em Salvaterra de Magos, um

estandarte na divulgação do turismo ribatejano. Agora a família,

ali tudo conserva como se estivesse à espera da clientela, chegar

um dia. Após a morte de António Vieira, Lopes , a acabou a firma

e os descendentes entraram no campo das partilhas. António

Joaquim Lopes, ficou com os edifícios do Café e do Restaurante, e

depressa se viu num litígio judicial com o município local, devido à

autorização da construção de uma urbanização ao lado das

antigas Chaminés, que as colocação em situação de perigosidade

existencial permanente. A Horta del-rei, ficou pertença dos

descendentes de Joaquim Conceição Lopes

Page 117: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

117

Page 118: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

118

Page 119: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

119

Bibliografia usada: do Autor

- Salvaterra de Magos; “Urbanização e Toponomia da Vila”

- O Passar dos Anos - * - Salvaterra de Magos “Os dias

que se seguiram ao Terramoto de 1909”, Apontamentos Nº.

17 *

- Salvaterra de Magos; “Os Transportes Públicos de

Passageiros - Através dos Tempos ( Apontamento Nº 13 )

* - Salvaterra de Magos; “ Os Cinemas e os Teatros em

Salvaterra ! (Apontamento Nº 7) * Edição: * Salvaterra de

Magos “ Uma Vila no Coração do Ribatejo “ – Edições:

1985 e 1990 – Do Autor (Esgotadas)

Fotos Usados:

Do Autor e outros de origem desconhecida.

* Pág. 117 * Ano 1948 - Fachada da Taberna da Família

Vieira Lopes

- 1950 * Fachada e entrada do Café Ribatejano

- 1953 * Interior de Sala do Restaurante Típico Ribatejano,

com decoração de tulhas de azeite e paredes decoradas com

motivos ribatejanos

*Pág. 118 - Ano 1950 – Vista das chaminés que fizeram parte das antigas cozinhas do Paço Real de Salvaterra

- Tentadero (Pequena Praça de Toiros), no interior das

instalações do Restaurante Ribatejano

- Os Campinos; Manuel Borrego e Miguel Viegas, no Porto

Alto, esperando a chegada de Congressistas para o

Restaurante Tipico Ribatejano – Salvaterra de Magos

Page 120: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

120

Colecção de Apontamentos Nº 06

Documentos para a História de Salvaterra de Magos

Séc. XIII – Séc. XXI

Património:

Geográfico, Monumental, Cultural, Social,

Político, Económico e Desportivo

Uma Instituição de Caridade, através dos tempos ! O Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)

Page 121: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

121

Foto da Capa:

Edifício do Hospital – Quando Inaugurado 1913

Page 122: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

122

Edição Original FICHA TECNICA: Titulo: A MISERICÓRDIA DE SALVATERRA DE MAGOS ! ( Uma Instituição de caridade Através dos Tempos ) Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Fax: 263 505 494 – p/favor ISBN: 978– 989 – 8071 – 05 – 7 Depósito Legal: 256456 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************

Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015

“www.historiasalvaterra.blogs.sapo.pt” “http://issuu.com/home/publications” ********************

Page 123: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

123

O MEU CONTRIBUTO

Um dia, José de Carvalho

Asseiceira Cardador, ofereceu-me o

livro“SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DA SANTA CASA DA

MISERICÓRDIA DE SALVATERRA DE

MAGOS”.,trabalho de longa e única pesquisa sobre esta

instituição de caridade. Era uma edição limitada em quantidade, pois foi um trabalho de pesquisa por si

efectuado, para a sua licenciatura, em 1970, na Universidade de Coimbra.

O gosto da oferta, foi retribuir-me o convite que lhe fiz para a responsabilidade editorial na página “Jornal de Salvaterra”, do “Aurora do Ribatejo”, com redacção em Benavente. Tal convite, me tinha sido endereçado pelo Director daquele semanário, mas achando-me eu, sem condições académicas para tal, encontrei no Dr. Cardador a pessoa indicada. Anos depois, estive integrado num grupo de amigos da Santa Casa, onde fizemos na vila de Salvaterra, um peditório, para a construção de Centro de Dia para Idosos. um primeiro passo para a construção do edifício - sede, Lar e Centro de Dia para Idosos, uma obra que era um sonho de décadas, e que se tornou realidade, sendo um dos mais modernos no género em todo o país.

O Autor: MARÇO: 2007 JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)

Page 124: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

124

SALVATERRA DE MAGOS

A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA, UMA

INSTITUIÇÃO DE CARIDADE, ATRAVÉS DOS

TEMPOS !

“A Assistência nas terras, hoje território ocupado por Portugal

era exercida não só nos Mosteiros, Presbíteros, Residências Episcopais e, dos Senhores, como em Albergues, Albergarias,

Hospícios, Hospitais, Gafarias e Mercearias..”

Estava-se em 1418 e o povo de Salvaterra de Magos, recebia

humildemente parte desta oferta humanitária das suas maleitas

físicas, pois as espirituais, essas eram satisfeitas, em diversos

locais de peregrinação, especialmente Santiago de Compostela

(Espanha). Ficava no caminho dos penitentes, era sítio para

descanso num espaço junto à Capela da Misericórdia, também chamada Igreja da Nossa Senhora da Conceição, na vila de

Page 125: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

125

Salvaterra de Magos, existia uma pequena Albergaria (hospital),

que recolhia esses caminhantes tementes a Deus.

PRESTAR ASSISTÊNCIA LEGALIZADA !

A diferença dos hospitais medievais, era serem fundados por

particulares, como obra de misericórdia.

A lei que, regulava a prática da assistência, resumia-se na

síntese das “Obras da Misericórdia”, com o “Direito Canónico”,

nas suas disposições, a fiscalizar a fundação das instituições

com caracter assistêncial, tais como Mercearias e Albergarias.

O pode civil, ou as ordens religiosas, porém cedo começou a

intervir na sua construção e administração e, aí temos no último

quartel do séc. XV, a rainha D. Leonor, a instituir em Portugal, a

lei das Misericórdias e, assim em 1498, nasceu entre outras, a

Misericórdia de Lisboa.

A MISERICÓRDIA DE SALVATERRA !

Fazendo fé em alguma documentação oficial, a fundação da

Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, data de 1660.

Ao longo da sua existência, a Santa Casa, teve já vários

“Compromissos” (1) No primeiro, constavam 36 capítulos de

obrigações e deveres, como era prática no séc. XV.

********* (1) – Estatutos

Page 126: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

126

Um outro de 1912, regulava a instituição, dando-lhe o nome:

“Associação de Beneficência -Misericórdia de Salvaterra de

Magos”. Mais tarde, em 20 de Fevereiro de 1961, é aprovado pelo

Ministério da Saúde e Assistência, um “Compromisso”, com o

título: “ Santa Casa de Misericórdia de Salvaterra de Magos “

AS ALBERGARIAS

EXISTENTES EM SALVATERRA

Para além de uma na capela,

junto à vala real, um outro edifício

hospitalar de construção muito

antiga, que por ser mais pequeno, o

povo lhe chamava a “Mercearia” da

vila, no Largo de S. Sebastião.

Este hospital, dava assistência

aos padecentes do concelho, enquanto o da Misericórdia, assistia, os peregrinos, caminhantes com destino a Santiago (Espanha).

Os dois com muitas outras habitações da vila, ficaram

destruídos com o terramoto de Abril de 1909. A assistência médica e hospitalar, passou a ser uma necessidade premente na

vila, especialmente da camada populacional mais empobrecida, mesmo existindo o Montepio de Salvaterra, que dava apoio aos

socialmente menos carecidos, pois pagavam um quota mensal.

Page 127: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

127

UM NOVO HOSPITAL

O Terramoto, ainda estava bem patente na memória de quantos viveram a aquela tragédia, mas as lágrimas já tinham

secado da face dos que perderam bens e familiares, pois os anos

que decorreram já disso se tinham encarregado.

Os “homens bons” da terra, esses continuavam a angariar

fundos para a construção de um novo hospital que a população de

Salvaterra, dele bem precisava, e dessa iniciativa se tinha

encarregado, o então provedor da Misericórdia, Gaspar da Costa

Ramalho. Os donativos angariados pelo provedor, foram de

7.011.955$000 (réis), onde já constava uma sua oferta.

No final das obras, verificada ainda a falta de 2.083.505$000

(réis), aquele com outro óbolo daquele valor em falta, saldou as

Page 128: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

128

contas. O novo hospital, foi solenemente inaugurado a 9 de

Março de 1913, sem a presença do benemérito provedor, aliás

desejo e prática manifestada em todas as suas iniciativas.

Considerado na época um edifício modelo de construção, na área

hospitalar, em todo o Ribatejo, durante anos serviu a população

do concelho de Salvaterra de Magos, nas várias situações de

internamento e partos.

AGRADECIMENTOS !

Desde os primórdios da sua existência a Misericórdia de

Salvaterra de Magos, sempre soube ser humilde nos

agradecimentos, para quem a serviu, na sua obra de beneficência, mesmo para com aqueles que lhe deixaram legados.

Algumas homenagens foram assinaladas e constam gravadas

em pedra, para a memória dos tempos, a homens que lhe

prestaram benemerência, como os doutores; Armando dos

Santos Caiado, José António Vieira, Roberto Ferreira da Fonseca

Page 129: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

129

e Joaquim Gomes de Carvalho, que durante muitas décadas,

ofereceram aos protegidos da instituição os seus actos médicos.

Seguindo os mesmos ditames da filantropia, um outro distinto

médico, Fernão Marçal Correia da Silva, vem desde a morte do

último, graciosamente assistindo, os necessitados da

Misericórdia de Salvaterra de Magos.

Dos Jornais:

UM CENTRO DE DIA PARA IDOSOS

A chamada terceira idade, tem dado assunto para páginas e

páginas de literatura, horas de conferências, onde ficaram

registadas sábias lições sobre gerontologia, mas pouco se tinha

feita até aquela data em benefício dos necessitados.

Em 1980, fiz publicar no semanário “Aurora do Ribatejo”, uma

notícia onde destacava a iniciativa de um grupo de amigos da

Misericórdia, em construir um Centro de Dia para Idosos, e o apoio ao domicílio, o que era raro no país. Aquele original, teve

eco noutros meios de comunicação, que a reproduziram e foi assunto da semana.

Page 130: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

130

Um deles, foi a

rádio comercial no

seu programa “As

Cidades e as

Serras”, em Maio

de 1980. Um peditório foi feito

à população da

vila e, previamente anunciado, mas não teve a receptividade

esperada, rendendo uma soma insignificante, mas os promotores

não desanimaram.

O Centro de Dia,

foi inaugurado em

21 de Junho de

1985, num espaço

de um edifício,

cedido pela câmara municipal

e, acolheu grande número de idosos, que ali passaram a ficar todo o dia, libertando as suas famílias, para as suas actividades

profissionais.

Os doentes, e idosos acamados nas suas residências,

passaram diariamente a ser visitados e tratados, o que era uma

novidade, pois tinha sido uma aposta bem sucedida dos seus

promotores, que não desistiram, e continuaram a sonhar - um

Page 131: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

131

espaço novo e moderno – tinha que ser um novo emblema na

solidariedade, da Santa Casa local.

UMA PRÁTICA DA CARIDADE!

Muitas horas em programas e debates, se tem gasto, na

melhor forma de proceder com o ser humano carenciado de

afectos, especialmente

com os idosos. Houve-se

muitas vezes os

especialistas, quanto se

encontra alguém a viver

num lamentável estado de

falta de higiene - entre

animais. Por exemplo

uma pessoa idosa, vivendo entre cães, e onde a limpeza não

existe. A solução foi encontrada: “ É de levar a pessoa, para um Lar, e os animais para um

Canil “

“Assim, o problema de saúde pública ficou

resolvido, diziam! “

No entanto os afectos

que, ambos estão habituados e necessitam para viver, com a

separação vai acabar na solidão manifestando-se

Page 132: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

132

irremediavelmente por vezes no ser humano, chegando este à

morte mais depressa.

A Misericórdia de Salvaterra, em 1985, teve em mãos uma

situação dessas e, resolveu-a a contendo de ambas as partes - O

humano e os Animais “Nos primeiros dias do seu Centro de Dia,

uma idosa senhora, vivia só, na vila, numa instalação abarracada,

e tinha apenas como companheiros uma enorme matilha de cães,

onde a higiene faltava, no espaço onde habitava. A melhor

solução foi encontrada – a senhora, anuiu a ir viver para o

Centro de Dia, aceitando que os seus animais estivessem a viver

em sítio próximo, onde os podia visitar. diariamente

Os animais, ficaram sob

vigilância dos serviços

veterinários municipais e, a

senhora na sua nova

“residência” construída em madeira, foi uma solução -

todos viveram ainda muitos anos, sem problemas.”

**********

Page 133: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

133

Dos Jornais:

Na sua edição de 15 de Abril de 1992, o JVT noticiava a inauguração do edifício do Lar para Idosos, pela Misericórdia

Lar e Centro Dia

CENTRO DE DIA PARA IDOSOS

“ A Misericórdia de Salvaterra de Magos estava em festa, foi

construído nos seus terrenos. um novo edifício para acolher os

idosos e os mais carenciados. Houve, uma sessão solene ao acto

esteve presente o secretário de estado da segurança social, Dr.

Vieira de Castro. Entre outros convidados oficiais, encontrava-se

o Bispo da Diocese de Santarém, D. Manuel Pelino e, entre a

multidão anónima presente à inauguração, encontravam-se

aqueles que um dia levaram a cabo a iniciativa da construção do

Centro de Dia e, mais tarde o Lar de Idosos, agora a receber as honras festivas da sua fundação.

Edifício moderno, contou desde a primeira hora, do projecto,

com a “carolice” de José Teodoro Amaro, José Luís Borrego e Armando Rafael Oliveira, entre outras pessoas incansáveis que,

desde 1977 esperavam a aprovação no Departamento e Equipamento Social, do Ministério da Segurança Social que,

apoiou a sua construção. O Provedor da Santa Casa, Armando

Oliveira, naquele dia memorável, para esta vila, fez das suas as

Page 134: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

134

palavras de todos quanto se tinham empenhado na concretização

daquela obra.”

“ Para que a velhice não seja um peso, mas sim um continuar da

vida, onde o amor e fraternidade do ser humano, são postos ao

serviço do seu semelhante – Seja tudo isto o que damos aos

outros, faz-nos mais humildes e felizes”.

No rosto de alguns amigos daquela obra, uma lágrima de emoção rolou, não estava ali presente o José Teodoro, a morte tinha-o levado alguns dias antes.

Era um homem que, sempre se dedicou com empenho e

espirito de solidariedade às instituições da sua terra. Em 1989,

alguns anos se tinham passado, desde aquela iniciativa de um

grupo de homens que muito se empenhou, na construção de

Centro de Dia para Idosos em Salvaterra de Magos. O seu antigo

projecto de apoio à terceira idade, na residência, era agora uma

realidade, e servia de exemplo a nível nacional. A comunicação social amiúdas vezes, fazia referência a este

trabalho, da Misericórdia, pois era já uma obra cimentada na boa prática CHORAR DE EMOÇÃO, EM DIA DE ALEGRIA

(Uma obra dos amigos da Santa Casa)

O homem liberta-se, ao chorar de emoção, em dia de alegria!

Cada sonho, cada realização, torna o ser humano, mais digno

de si mesmo. A dignidade, está também visível na forma de vida

Page 135: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

135

que, em união de esforços consegue buscar para si, ou para o

bem-estar da comunidade onde está inserido.

Em Portugal, os lares para idosos, não eram e, ainda não são

bem aceites pelas gerações que, foram educadas onde o dogma é

a família. Em Salvaterra, como hábito de séculos, enraizado na

cultura familiar das gerações mais antigas, “os velhos”, sempre

viveram e acabaram os seus últimos dias de vida, dependendo das disponibilidades e carinhos dos filhos, ou familiares mais

próximos. Na década de 70, as instituições de solidariedade

social, mormente as misericórdias, levaram a cabo no nosso país

a implementação de Lares para Idosos, e daí nasceu uma outra

forma de assistência, os Centros de Dia. ****** Jornal Vale do Tejo – 16.07. 1998 * José Gameiro

O HOSPITAL FOI DESACTIVADO!

Com as transformações verificadas na política do país, seguida

após a revolução de Abril de 1974, a área económica do país foi a

mais afectava com as nacionalizações.

Page 136: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

136

No campo da assistência médico-social, várias unidades

hospitalares das misericórdias, e outras instituições de

solidariedade social, viram os seus hospitais serem

“requisitados” pelo estado para funcionarem num novo serviço

de saúde implementado no país.

O hospital de Salvaterra, deixou de prestar assistência com

internamentos à população e, as suas amplas instalações, foram adaptadas para “Centro de Saúde” e, serviços administrativos.

Anos mais tarde, foi devolvido à sua proprietária, a Santa Casa,

que fez obras de conservação no edifício em Outubro de 1999, e

ali foi instalado um novo serviço de apoio de emergência a idosos

e deficientes – CATEI, que a Misericórdia dirige.

***********

UM NOVO CENTRO E SAÚDE

Inserido no novo sistema do serviço nacional de saúde, em Dezembro de 1997, foi inaugurado um novo edifício para Centro

de Saúde de âmbito concelhio.

A sua construção, teve lugar numa parcela de

terreno oriundo do espaço do antigo hospital, fruto de

uma permuta entre a

Misericórdia e a Autarquia local.

Page 137: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

137

No seu início, e na fase da instalação dos serviços era seu

Director, o médico José Mineiro (José Emídio Mineiro), o seu

empenho e trabalho realizado, foi reconhecido. Aqui o

recordamos para que conste !

************

Page 138: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

138

FOTOS INSERIDAS NESTE NÚMERO :* Pág. 4 - Capela da Misericórdia de Salvaterra de Magos e espaço ajardinado onde existiu a sua Albergari

.* Pág. 5 - Novo Hospital, no dia da inauguração – 1913

* Pág. 8 - Grupo de idosos no Lar e Centro de Dia da

Misericórdia de Salvaterra de Magos * Grupo de sócios e

amigos da Misericórdia de Salvaterra de Magos, juntos do

Centro de Dia para Idosos: no edifício da cedido pela câmara

(José Gameiro, José Luís Borrego, Armando Oliveira, José

Teodoro Amaro, António José Silva, João Castanheira, Eurico

Borrego e João António Nunes Silva), em dia de peditório. * Pág. 9 - O grupo de Amigos, a pedir na vila (antiga rua de

Água) * O Bispo da Diocese de Santarém, cumprimentando

os idosos no Centro de Dia * Entrada do edifício – sede e do

novo Lar e Centro de Dia da Misericórdia de Salvaterra de

Magos, em dia de inauguração.

Pág. 14 - O Provedor, Armando Oliveira, discursando na

inauguração do CATEI, instalado no antigo hospital * Os

netos do benemérito Gaspar Costa Ramalho, descerrando uma

lápide comemorativa da inauguração do CATEI

Pág. 15 – Edifício do novo Centro de Saúde, em dia de

inauguração.

Bibliografia usada: * Livro - Salvaterra de Magos “Vila Histórica no Coração do

Ribatejo” e outra documentação avulsa do autor

Centro Paroquial – 50 Anos de Acção Social (1947-1997)

Subsídio para o estudo da história da Misericórdia de

Salvaterra de Magos – José Asseiceira Cardador (Dr.)

Page 139: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

139

CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 06

Documentos para a história

de

SALVATERRA DE MAGOS

séc. .XIII – séc. XXI

Património Geográfico, Monumental, Cultural,

Social, Político, Económico e Desportivo

Séc. XIX - Séc. XXI

O Autor

JOSÉ GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro)

Page 140: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

140

Fotos da Capa: Antigo Edifício que serviu para Teatro (ficou conhecido “Os Amarelos” Antigo edifício, onde funcionou o Cine-Teatro dos Bombeiros

Edicifio “Cinema “Conde dos Arcos”

Page 141: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

141

Edição Original

FICHA TECNICA: Titulo: OS TEATROS E CINEMAS, QUE EXISTIRAM NA VILA ! Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

Tel. 263 504 458

Fax: 263 505 494 ISBN: 978– 989 – 8071 – 06 – 4 Depósito Legal: 256458 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************

Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015

“www.historiasalvaterra.blogs.sapo.pt” “http://issuu.com/home/publications” ********************

Page 142: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

142

O MEU CONTRIBUTO

Um dia, no ano de 1988, tentei pesquisar onde teria existido o edifício do Teatro Real da Opera de Salvaterra de Magos. Nas minhas deambulações, fui

encontrar idosos que, tinham já uma vida vivida em dois séculos. As suas informações, muito me ajudaram no que pretendia e, foram preciosas para compreender o gosto do Teatro Amador, pela população de Salvaterra de Magos, no início do século passado. Este género de cultura, ainda tinha raízes profundas no tempo do senhor D. Miguel, rei de Portugal, muito amado nesta terra ribatejana Entre os meus informadores, devo destacar; José Caleiro, Maria Conceição e Maria Josefina Vidigal, senhora que, na sua juventude representou no Grupo de Beneficência Salvaterrense, um grupo de teatro, que mobilizou as gentes da terra, durante alguns anos. MARÇO: 2007 O Autor: JOSÉ GAMEIRO

Page 143: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

143

I

OS TEATROS

Talvez a existência do teatro real da ópera, em Salvaterra de

Magos, tenha originado o gosto do povo pela arte de representar

em palco. Certo é, que periodicamente nos primeiros anos do

século XX, algumas companhias por aqui passavam,

representando algumas peças de raiz popular, que o povo muito

gostava, como foi o caso da companhia Rafael de Oliveira.

No ano de 1929, um grupo de pessoas de boa vontade, reuniu

alguns jovens rapazes e raparigas, cujas profissões vinham do

Ferreiro, ao Pedreiro, até à Costureira e fundaram o grupo

teatral, a que deram o nome GRUPO DE BENEFICIENCIA SALVATERRENSE”

Page 144: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

144

Uma construção que, ainda fora pertença do antigo paço real da vila, foi escolhido para os ensaios e algumas representações,

até porque ficava ligado à capela real. Por estar pintado de

amarelo, logo o povo começou por chamar ao grupo teatral “ Os

Amarelos”.

Acabado de ser construído, na rua Machado Santos, um

edifício para Cine-Teatro que, um benemérito ofereceu aos bombeiros locais, as representações do grupo teatral também ali

tiveram lugar.

Havia quem alvitra-se na época, que, o nome “Os Amarelos”

seria para diferenciar daqueles, que alugavam algumas

companhias, que representavam em Lisboa, e se deslocavam até

Elementos do Grupo Teatro de Beneficiência Salvaterrense

aqui, com actores de revista de nível nacional, a que chamavam

de “Os vermelhos”. Nestes grupos de Lisboa, vieram actores

como: Eurico Braga e Cecília Simões, entre outro de fama

nacional.

Page 145: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

145

O grupo teatral “Os Amarelos”, como passou a ser conhecido,

representou peças com assinalável êxito, quer em Salvaterra,

quer nas terras vizinhas como: Benavente, Vila Franca de Xira, Valada e Azambuja. Peças como: “A PROCURA DO PROGRESSO” (1929) * NO PARAÍSO

(1929) * “ O CAMPINO (1930) * PAZ E SUCEGO (1930) * CANTIGA NOVA (1930) * INTRIGAS NO BAIRRO (1931) * FERRO VELHO (1931) *

TOUROS E FADO (1931), fizeram parte do seu repertório.

. Deste grupo teatral destacaram-se como actores: Carlos Almeida, Maria Josefina Vidigal, Beatriz Barroso, Manuel das Neves, Maria Carlota Serra, Laura Antão, Joaquim Ferreira Estudante, João Antão, José Miguel Borrego e as suas irmãs; Isabel e Adelaide e muitos outros.

Álvaro Lopes Rosa, António Paulo Cordeiro e Roberto da Fonseca Júnior, também deram o seu contributo na área musical.

Page 146: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

146

Pouco tempo depois, com a morte de uma jovem que actuava no grupo, este começou a sentir na sua organização, um mal-estar, pois muitos dos seus componentes, eram familiares.

Assim, terminou uma experiência, que durante alguns anos

empolgou o povo de Salvaterra de Magos, que sempre esgotava

os espectáculos. Anos depois, em 1958, um outro grupo veio a aparecer, com o nome “GRUPO DRAMÁTICO DA BANDA DE MÚSICA DOS BOMBEIROS DE SALVATERRA DE MAGOS”, tendo uma actividade curta, pois apenas representou a peça “OS CAMPINOS”.

Para os ensaios deste agrupamento foi solicitado, a colaboração do conterrâneo Ruy Andrade, que já tendo experiência na representação teatral, também tinha responsabilidades no programa radiofónico “Os Parodiantes de Lisboa”, de que era proprietário, com seu José Andrade.

Quando da construção do Parque Infantil, em 1974, foi criado

um grupo teatral, para ajudar à recolha de fundos para aquela

obra, que o povo muito apoiou. Depois dos ensaios, o “Grupo de Teatro Pró - Parque Infantil ”, com muita juventude a representar, levou à cena, tanto em Salvaterra, como em terras vizinhas, duas peças: “O AMOR VENCE”, com um drama em dois actos, que tinha o título: “POR SER TÃO BELA”, e “ÓDIO TAMBÉM MORRE”

Page 147: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

147

Mais tarde, nos primeiros anos, das FESTAS DO FORAL DE SALVATERRA, um conjunto de jovens de ambos os sexos, muito se empenhou no aparecimento do “GRUPO DE TEATRO AMADOR DE SALVATERRA”, tendo representado no palco do Cinema Conde Arcos, a peça “OS CAMPINOS”, que era uma reposição em cena passados tantos anos. Uma última iniciativa nesta área teatral, veio a acontecer uns tempos depois, com o aparecimento do

“GRUPO AMADOR DE TEATRO DE SALVATERRA DE AMGOS – GATSM”,

este agrupamento, mesmo com escritura de oficialização pública,

teve vida efémera.

II OS CINEMAS

O Séc. XIX, estava a terminar, o

cinema por sua vez estava a iniciar

uma actividade que, poucos anos

depois já mobilizava milhões de participantes e figurantes,

passando a ser uma indústria em

todo o mundo. Com a primeira sessão cinematográfica na Europa, em 1895,

por Luiz Lumière, logo esta forma de divertimento se espalhou no

velho continente. As salas de cinema e, as esplanadas para exibições ao ar livre, pareciam “cogumelos” a nascer em

Portugal.

Page 148: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

148

Com o sismo, de 1909, e sendo a vila de Benavente a mais

afectada, das outras suas vizinhas, logo os dois cineastas

portugueses, Correia e Cardoso, vieram àquela povoação recolher

imagens da catástrofe, no mesmo

dia e no dia seguinte.

Os vários cinemas de Lisboa

exibiram em várias sessões diárias os destroços das habitações,

e outros danos ali causadas, com narração em viva voz, e em

simultâneo, onde também era dado a conhecer ao povo lisboeta, o

que tinha acontecido em Samora Correia e Salvaterra de Magos.

Estava-se ainda na época do cinema mudo!

Naquele tempo, as vilas

recebiam a visita

periódica de empresários ambulantes que, faziam

passar vários filmes, de alguns minutos cada.

Em Salvaterra de Magos, existiram vários locais, onde eram

passadas as fitas cinematográficas, como se dizia na época.

Por volta de 1929, no espaço que, servia para a representação do grupo teatral, conhecida entre o povo por “Os Amarelos”, no

Page 149: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

149

Largo dos Combatentes, a energia elétrica para as sessões, era

recebida de um motor instalado numa oficina, dali distante, ao

fundo da Capela Real.

O Canto da Ferrugenta, terreno antigo da vila, ficando junto ao

novo Quartel dos Bombeiros, também foi sítio para a projecção

de filmes, nos dias de Verão, como esplanada, sendo as entras cobradas pela instituição.

A entrada daquele espaço, quando da instalação do Mercado Diário Municipal, em 1956, ainda mostrava um muro a meia altura,

com tijoleiras em desenhos, de barro vermelho.

Eram os restos de um recinto que, marcou uma geração de

cinéfilos em Salvaterra de Magos.

Na necessidade de uma sala própria, para cinema e teatro, o

benemérito, Gaspar Costa Ramalho, por volta de 1925, mandou

adaptar um seu celeiro, na antiga rua de S. Paulo, ofereceu-o aos Bombeiros Voluntários da terra, para fins de poder angariar mais

receitas para a Instituição.

Page 150: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

150

Ao longo da sua existência, o Cine-Teatro, teve vários

interessados na sua exploração comercial, para além dos seus

proprietários, os bombeiros. Era mecânico da máquina de

projectar os filmes, o jovem Hélio Mendes da Silva.

Um empresário de Marinhais, Joaquim Martins Madeira, já com

um cinema instalado naquela povoação, durante anos explorou esta actividade, em Salvaterra de Magos.

No dobrar do séc. passado, nos dias quentes de Verão, utilizava

um largo espaço, numa propriedade da família Henriques Lino, na rua João Gomes, onde funcionava a “Esplanada do Cinema”.

Foi num destes anos que, ali construiu um novo ecrã de

grandes dimensões, numa parede de tijolo e reboco de cimento,

pintado a branco pois tinha chegado o formato Cinema-scope, era

uma nova forma de visionar filmes

Por volta de 1958, uma sociedade, entre Anselmo Goulão e Horácio Costa, funcionários da Raret, também explorou o Cine-Teatro, dos bombeiros.

A firma Manuel Vieira Lopes & Filhos, Sucrs, estando interessada neste campo empresarial, inicia a construção de

uma nova sala e Inicia conversações com os bombeiros, para

celebrar um contrato de cedência anual de todo o material existente no Cine -Teatro, além do respectivo alvará, pelo preço

de quarenta mil escudos.

Page 151: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

151

Estando a máquina de projectar e outros acessórios do Cine-Teatro, já obsoletos, compromete-se a comprar novos aparelhos

para a exibição dos filmes. A Direcção dos Bombeiros, reunida

para deliberar o aluguer, com cedência das responsabilidades

para os novos interessados, veio a verificar que o licenciamento

para exibição de filmes, esteve na situação de ilegalidade passados tantos anos.

Na documentação existente, na Instituição, apenas uma

autorização provisório, estava registado através do Governo Civil

de Santarém.

Verificou-se assim, que o seu

cinema, nunca possuiu

documentação definitiva por

meio de um Alvará, documento

necessário à época para a

exploração daquele ramo de

actividade.

Perante aquela situação, avançou a firma Vieira Lopes, para a

construção de uma sala em Salvaterra de Magos, na sua

propriedade, e a população não ficou privada do “seu” cinema.

Page 152: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

152

Entretanto a juventude deslocava-se a Benavente, Marinhais e

Samora Correia, aos fins-de-semana para assistir a este género

de espectáculos, onde por vezes no final se realizavam bailes.

O “Cine-Esplanada Conde d`Arcos”, abre as suas portas ao

público, no dia 31 de Maio de 1959, com a exibição do filme, com o

título: “OS MISERÁVEIS” uma superprodução que, utilizou além dos

artistas principais, Jean Gabin e Daniele Delorme, e cerca de 30

mil figurantes. Aquele novo espaço cultural, tinha como tecto,

uma cobertura, em tecido/plástico, onde se podia ver um enorme “céu”, cheio de estrelas, sendo recolhido nos dias de Verão, funcionava assim como esplanada.

Com o uso, depressa se veio a verificar, quanto era perigoso

aquele sistema de cobertura e, foi substituído por uma cobertura em telha de fibrocimento.

O seu tempo de vida como sala de cinema e, de outros

espectáculos, durou apenas cerca de dez anos, exibindo nos

seus últimos anos, alguns filmes pornográficos, pois estávamos nos dias a seguir ao 25 de Abril de 74, um género de filmes que

invadiu todo o país.

A televisão, e o novo sistema de visionar filmes, que foram os

Vídeos, levaram ao encerramento do cinema “Conde d`Arcos”, pois a sua manutenção, era um pesado encargo, pelas despesas dali ocorridas. Ainda no início da exploração desta actividade, a

Page 153: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

153

empresa Vieira Lopes, construiu uma esplanada, para exibição de

filmes, no Estanqueiro, em Foros de Salvaterra.

Foi um empreendimento que teve vida curta, os espectadores

locais, não eram muito receptivos a este género de espectáculos

culturais.

Depois, de cerca de 40 anos, após a sua abertura ao público, o Conde d` Arcos, é agora uma saudade nesta terra, pois está

fechado, mantendo todo o seu recheio de uma sala de cinema!

Mais tarde, no ano 2000, parte da fachada, e algum espaço do

edifício foi adaptada, par um estabelecimento de Pisaria, exploração de um descendente da família Vieira Lopes.

III RECINTOS PÚBLICOS

AUDITÓRIO DA CAPELA REAL

A antiga capela do palácio real

de Salvaterra de Magos, tem um terreno junto a si, no lado Sul,

Page 154: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

154

que teve várias utilizações, no decorrer dos séculos.

Uma delas, foi de Picadeiro real, função que ficou registada, em

mapas de várias épocas, e nele foi figura de destaque o Marquês

de Marialva, que ali tinha a responsabilidade do ensino equestre.

Já no século XIX, quando das muitas reformas do estado, sob a doutrina liberal, foi aquele espaço aproveitado para ser usado

como cemitério público.

Até ali o povo, era enterrado nos adros das igrejas, e os senhores da terra, podiam optar pela sepultura em terrenos de

propriedade própria..Depressa, aquele pequeno cemitério público,

ficou esgotado, por sepulturas térreas, e construções em jazigos

em mármore. Com a construção de um novo campo santo, na

Paroquia de Salvaterra de Magos, nos últimos anos daquele

século (1885), ficou aquele terreno na situação de “espera”, na

base dos 50 anos, que a lei então lhe conferia para suportar as campas dos falecidos, ali enterrados até ficar disponível.

Maqueta do Auditório municipal, da autoria do Arquitecto, italiano, Flávio Barbini

Page 155: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

155

Em 1964, estando pouco cuidado, a erva que entretanto tinha

crescido ao longo dos anos, estava transformada em mato,

ofuscava tanto as campas rasas como os Jazigos.

Naquele ano, o Corpo de Escuteiros, acabado de ser formado,

no âmbito da igreja católica, ali instalaram provisoriamente a sua

sede social, usando uma dependência do edifício.

Os jovens escutas, ao limparem o terreno do vasto matagal

depressa trouxeram à vista aquelas pedras tumulares e jazigos –

achado que foi muito comentado na época.

Passaram alguns anos e em 1997, o Dr. José Gameiro dos Santos, então presidente da câmara municipal, aproveitando um

projecto do jovem arquitecto italiano, Flávio Barbini, estagiário no

município, propôs para aquele espaço a construção de um

Auditório Municipal ao ar livre.

Aceite o projecto pela vereação, quando do início das obras,

nos trabalhos de primeira limpeza do terreno, algumas ossadas vieram à luz do dia, e logo um grupo de jovens estudantes da

escola secundária da vila, apoiados por um ou outro professor que, não simpatizava com a ideia autárquica, vieram para a praça

pública denunciar a situação.

Reposta a normalidade, os trabalhos foram decorrendo, e

quando Gameiro dos Santos deixou o executivo camarário, no

final de 1997, as obras já estavam numa fase adiantada de construção No entanto foi em 1999, já no mandato de Ana

Page 156: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

156

Ribeiro, como presidente da câmara, que a obra ficou concluída,

e a sua inauguração aconteceu pouco tempo depois !

O auditório, um pequeno recinto para espectáculos em dias de

Verão, pouco uso vem tendo nos seus poucos anos de existência.

Rampa de acesso aos trabalhos, na instalação do Palco do Auditório Municipal - 1997

*************** *******

Page 157: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

157

Bibliografia usada: *Livro “ Salvaterra de Magos “ Uma Vila no

Coração do Ribatejo, de José Gameiro

*As Origens dos Bombeiros Voluntários e Banda

de Música de Salvaterra de Magos – Do Autor

*Boletim informativo Municipal - “O Foral” N.º 1

(1996

*Jornal Vale do Tejo – JVT, notícia da Contestação

ao Alargamento do Cemitério da Freguesia – 2001

Fotos Usados

* Pág. 2 - Boca de Cena, do Teatro Real de

Salvaterra de Magos

* Pág.4 – Edifício, que serviu para os ensaios e

representação de peças de teatro do Grupo de

Beneficência Salvaterrense “ Os Amarelos”

* Pág. 5 – Edifício do Cinema dos Bombeiros, rua

Machado Santos

* Pág. 6 - Novas construções, no local onde existiu

o Cine-Teatro – 1980 *

* Entrada do “Canto da Ferrugenta”, junto ao

Quartel dos Bombeiros, onde foram exibidos

alguns filmes, ao ar livre (Verão) – 1950

* Pág, 7 – Fachada do “Cine – Esplanada Conde

dos Arcos” – Rua Heróis de Chaves – Ano: 2000

Page 158: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

158

* Pág. 8 * Cadeiras “superior” no interior cinema

Conde Arcos – Ano: 2000

* Pág. 9 – Fachada do Cinema, com novo espaço

comercial – Ano 2000

* Foto do espaço reservado ao Balcão, para

espectadores

Fotos Pág. Anexa:

**************

*

Page 159: COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0-6, VOLUME I

159

************

******************