Colecionando Arte e Cultura

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COLECIONANDO ARTE E CULTURA Apresentação para a aula de Antropologia e Arte II – por David Cardoso

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COLECIONANDO ARTE E CULTURA

Apresentação para a aula de Antropologia e Arte II – por David Cardoso

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O Que É Coleção?

Definição ocidental: Colecionar está ligado à obsessão, à recordação. Mentalidade de

acumulação, apropriação, noção de propriedade.

Individualismo possessivo (MacPherson): eu ideal como possuidor, o indivíduo cercado pela

propriedade e pelos bens acumulados, "ter uma cultura".

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O Que É Coleção?

Handler: a coleção e preservação de um domínio autêntico não pode ser natural ou inocente.

Outra visão de coleção: na Melanésia acumula-se objetos para doá-los, redestribui-los.

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Classificando Coleções

Classificação de coleções são definidas por regras culturais de taxonomia, gênero, estética. Aprende-se a

selecionar, ordenar, hierarquizar ("boas" coleções).

Coleção "boa" é diferente de fetiche. Stewart: "O limite entre a coleção e o fetichismo é mediado pela

classificação e a mostra em tensão com a acumulação e o segredo"

Coleção de museus são metonímias: os objetos ali apresentados acabam servindo como exemplo de toda

uma cultura.

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Categorias de Objetos Colecionáveis

Objetos a serem preservados são definidos por um sistema de símbolos e valores. Objetos são classificados em duas categorias: como artefatos culturais (científica) ou obra de arte (estética).

O sistema classifica os objetos e lhes atribui um valor relativo. Estabelece os "contextos" a que eles adequadamente pertencem e entre os quais os objetos circulam.

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Sistema de Arte-Cultura(autêntico)

(inautêntico)

(obra-prima) (artefato)

1.ExpertiseMuseu de arteMercado de arte

arteoriginal, singular

culturatradicional, coletiva

2.História e folclore

Museu etnográficoCultura material

artesanato

3FalsificaçõesInvençõesMuseu de tecnologiaReady-madesanti-arte

não-culturanovo, incomum

não-artereproduzida, comercial

4.Arte turísticaMercadoriasColeção de

curiosidadesUtensílios

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Principais Movimentos Objetos etnográficos são reavaliados como obras de arte

(movimento do 2 para 1)

"Contextualização" das obras de arte num período histórico (1 para 2)

Mercadorias e bens de consumo se tornam peças de um período (4 para 2)

Uma invenção se torna um produto de massa (3 para 4)

Produto é um caso de criação inventiva especial (4 para 3)

Arte exposta é degradada (1 para 3)

Inovações ou produtos sendo contextualizados como design moderno (3 para 1)

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Colecionando Cultura

Etnografia pode ser vista como uma forma de colecionar cultura. Coletar pressupõe resgatar fenômenos da decadência ou

perda história inevitáveis.

Toda apropriação de cultura, seja por nativos seja por forasteiros, pressupõe um posição temporal e uma forma de narrativa

histórica específicas.

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Arte e Cultura Através do Tempo

No século 18: arte = habilidade cultura = crescimento

natural

No século 19: arte = criatividade,

"gênio" expressivo cultura = elevado,

sensível, incomum

No século 20: arte passa a se

estender para objetos não-ocidentais

cultura = meio para se compreender modos de vida na totalidade (fala-se em "culturas")

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"Cultura" e "arte" não podem mais simplesmente ser estendidas a povos e

coisas não-ocidentais. Elas podem na pior das hipóteses serem impostas, na melhor,

traduzidas.

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Um Cronótopo Para Se Colecionar

Cronótopo denota uma configuração dos indicadores espaciais e temporais num cenário ficcional onde e quando certas atividades e histórias acontecem.

Exemplo de cronótopo: Lévi-Strauss em Nova York em 1941.

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Lévi-Strauss e os Surrealistas

Nova York: vasta seleção de cultura e história humanas em cada esquina, prontas para o

consumo.

Lévi-Strauss e os surrealistas eram colecionadores de arte indígena.

Exposição de pintura indígena pela cidade (fora do museu) fez com que as peças deixassem ser

espécimes científicas e se tornassem arte.

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Um Cronótopo Para Se Colecionar

O colecionar de Lévi-Strauss e dos surrealistas nos anos 40 foi parte de uma luta para obter status estético para

essas obras-primas cada vez mais raras.

As culturas do mundo aparecem no cronótopo como fragmentos da humanidade, produtos degradados, ou elevada e grande arte, mas sempre funcionando como "brechas" e "saídas" de um destino uni-dimensional.

Ao pesquisar o passado, corre-se o risco de ignorar o presente.

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Outras Apropriações

Lugar "adequado" de muitos objetos que estão nos museus vem sendo agora objeto de

controvérsia.

Comunidades indígenas influenciam a circulação de suas coleções nos museus.

Questionamento do status do museu enquanto teatros da memória histórico-cultural.