Colecistectomia

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Colecistectomia Quando o tratamento farmacológico, as alterações dietéticas e as medidas terapêuticas de suporte não conseguem controlar a doença da vesícula ou do ducto biliar do cliente, pode ser necessário retirar-lhe a vesícula biliar. Conhecida como colecistectomia, essa operação ajuda a recuperar o fluxo biliar do fígado para o intestino delgado. (BOUNDY,2004) A colecistectomia tem atualmente como padrão-ouro a técnica laparoscópica, também denominada videolaparoscópica, com a chamada colecistectomia convencional ou aberta sendo feita em situações de exceção. (MONTEIRO ET AL, 2006) Indicações 1. Colecistite A vesícula biliar desenvolve inflamação aguda ou crônica, geralmente porque um cálculo ficou alojado no ducto cístico, causando distensão dolorosa da vesícula, podendo irradiar para a área medioesternal ou para o ombro direito, estando associado a náuseas e vômitos. (BOUNDY,2004; SMELTZER,2009) Noventa por cento da colecistite aguda são caracterizados pela colecistite calculosa. Na colecistite calculosa, o cálculo presente obstrui o efluxo biliar e comprime os vasos sanguíneos, comprometendo o suprimento vascular e a bile remanescente desencadeia uma reação química, ocorrendo autólise e edema. Pode surgir grangrena com perfuração da vesícula biliar. A colecistite aguda também pode ser devida a distúrbios que alteram a capacidade de a vesícula biliar encher ou esvaziar. Essas condições são traumatismo, redução da irrigação sanguínea da vesícula biliar, imobilidade prolongada, uso crônico de dietas, aderências, anestesia prolongada e consumo de narcóticos. (SMELTZER,2009) A colecistite pode causar todos os distúrbios associados à formação de cálculos biliares: colangite, coledocolitíase e íleo biliar, podendo evoluir para complicações da vesícula biliar, tais como empiema, hidropisia ou mucocele, ou grangrena. A gangrena pode causar perfuração, resultando em peritonite, formação de fistulas, pancreatite ou vesícula biliar de porcelana. Outras complicações são colecistite crônica e colangite. (BOUNDY,2004)

Transcript of Colecistectomia

  • Colecistectomia

    Quando o tratamento farmacolgico, as alteraes dietticas e as medidas

    teraputicas de suporte no conseguem controlar a doena da vescula ou do ducto biliar

    do cliente, pode ser necessrio retirar-lhe a vescula biliar. Conhecida como

    colecistectomia, essa operao ajuda a recuperar o fluxo biliar do fgado para o intestino

    delgado. (BOUNDY,2004)

    A colecistectomia tem atualmente como padro-ouro a tcnica laparoscpica,

    tambm denominada videolaparoscpica, com a chamada colecistectomia convencional

    ou aberta sendo feita em situaes de exceo. (MONTEIRO ET AL, 2006)

    Indicaes

    1. Colecistite

    A vescula biliar desenvolve inflamao aguda ou crnica, geralmente porque

    um clculo ficou alojado no ducto cstico, causando distenso dolorosa da vescula,

    podendo irradiar para a rea medioesternal ou para o ombro direito, estando associado a

    nuseas e vmitos. (BOUNDY,2004; SMELTZER,2009)

    Noventa por cento da colecistite aguda so caracterizados pela colecistite

    calculosa. Na colecistite calculosa, o clculo presente obstrui o efluxo biliar e comprime

    os vasos sanguneos, comprometendo o suprimento vascular e a bile remanescente

    desencadeia uma reao qumica, ocorrendo autlise e edema. Pode surgir grangrena

    com perfurao da vescula biliar. A colecistite aguda tambm pode ser devida a

    distrbios que alteram a capacidade de a vescula biliar encher ou esvaziar. Essas

    condies so traumatismo, reduo da irrigao sangunea da vescula biliar,

    imobilidade prolongada, uso crnico de dietas, aderncias, anestesia prolongada e

    consumo de narcticos. (SMELTZER,2009)

    A colecistite pode causar todos os distrbios associados formao de clculos

    biliares: colangite, coledocolitase e leo biliar, podendo evoluir para complicaes da

    vescula biliar, tais como empiema, hidropisia ou mucocele, ou grangrena. A gangrena

    pode causar perfurao, resultando em peritonite, formao de fistulas, pancreatite ou

    vescula biliar de porcelana. Outras complicaes so colecistite crnica e colangite.

    (BOUNDY,2004)

  • 2. Colelitase

    Doena mais comum do trato biliar. Caracterizada pela formao de clculos na

    vescula biliar. Em geral, o prognstico bom quando o cliente for tratado, a menos que

    haja infeco. Nesse caso, o prognstico depende da gravidade da infeco e da resposta

    aos antibiticos. (BOUNDY,2004)

    Existem dois tipos principais de clculos biliares: aqueles compostos

    predominantemente do pigmento e aqueles compostos principalmente de colesterol.

    (SMELTZER,2009)

    Os clculos de pigmento se formam quando pigmentos no conjugados na bile

    precipitam se para formar os clculos. O risco de desenvolver esses clculos mostra se

    aumentado nos pacientes com cirrose, hemlise e infeces do trato biliar. E so

    removidos por meio cirrgicos somente. (SMELTZER,2009)

    O colesterol, constituinte normal da bile depende dos cidos biliares e da lecitina

    presentes tambm na bile para se dissolver. Pacientes propensos a clculos biliares, a

    sntese de acido biliar diminuda e em contrapartida, a o aumento da sntese de

    colesterol no fgado, resultado em bile supersaturada, o qual se precipita para fora da

    bile para formar os clculos que pode produzir alteraes inflamatrias na vescula

    biliar. (SMELTZER,2009)

    3. Coledocolitase

    Os clculos biliares saem da vescula e alojam-se no ducto biliar comum,

    causando obstruo parcial ou total do trato biliar. A coledocolitase pode causar

    colangite, ictercia obstrutiva, pancreatite e cirrose biliar secundria. (BOUNDY,2004)

    4. Colangite

    O ducto biliar torna-se infectado, esse distrbio geralmente esta associada

    coledocolitase e pode ocorrer depois da colangiografia trans-heptica percutnea. Em

    geral, a colangite no-supurativa responde rapidamente ao tratamento antibitico. A

    colangite supurativa tem prognstico desfavorvel, a menos que seja realizada de

    imediato uma cirurgia para corrigir a obstruo e drenar a bile infectada. A colangite

    pode evoluir para choque sptico e morte, principalmente na forma supurativa.

    (BOUNDY,2004)

  • 5. leo biliar

    O clculo obstrui o intestino delgado. Em geral, o clculo passa por uma fstula

    entre a vescula biliar e o intestino delgado e aloja-se na vlvula ileocecal. O leo biliar

    pode causar obstruo intestinal, que em alguns casos evolui para perfurao intestinal,

    peritonite, septicemia, infeco secundaria e choque sptico. (BOUNDY,2004)

    Causas

    Todo esse distrbio correlatados tem uma causa comum: formao de clculos.

    Fatores de risco que predispem formao de clculos:

    a. Dieta rica em calorias e colesterol, associada obesidade;

    b. Nveis elevados de estrognio devidos ao uso de anticoncepcionais orais, terapia

    de reposio hormonal ps-menopausa, ou gravidez;

    c. Uso de clofibrato;

    d. DM, doena ileal, distrbios hemolticos, doena heptica ou pancreatite.

    Manifestaes clnicas

    Podem ser assintomticos, todavia a colelitase aguda, a colecistite aguda e a

    coledocolitase produzem sintomas clssicos de uma crise de vescula - inicio sbito de

    dor persistente ou incomoda e grave no QSD do abdome, podendo irradiar para as

    costas ou ombro. Esse tipo de dor conhecido como clica biliar e o sintoma mais

    caracterstico da doena da vescula biliar. (BOUNDY,2004; SMELTZER,2009)

    A clica biliar ocasionada pela contrao da vescula biliar, que por causa da

    obstruo pelo clculo no consegue liberar a bile. Quando o clculo obstrui o ducto

    cstico, a vescula biliar torna-se distendida, inflamada e, mais adiante, infectada,

    podendo o paciente desenvolver febre e apresentar massa palpvel. (SMELTZER,2009)

    Em muitos casos, o cliente relata que a crise comeou depois da ingesto de uma

    refeio gordurosa ou volumosa depois de um perodo de jejum prolongado. Alm

    disso, pode relatar nuseas, vmitos, calafrios e febre baixa. (BOUNDY,2004)

  • A obstruo do ducto biliar impede que a bile seja transportada para o duodeno.

    Esta passa a ser absorvida pelo sangue e confere a pele e mucosas uma colorao

    amarelada- ictercia, com freqncia, sendo acompanhada de prurido. A urina apresenta

    colorao escurecida devido excreo de pigmentos biliares pelos rins. E as fezes se

    tornam acinzentadas, sendo usualmente descritas como de cor de argila. Quando a

    obstruo do fluxo da bile prolongada h interferncia na absoro de vitaminas

    lipossolveis A,D, E e K. (SMELTZER,2009)

    Exame fsico

    Inspeo: pode evidenciar dor, palidez, sudorese e exausto. Se ele tiver

    colecistite crnica, colangite ou historia de coledocolitase a inspeo da pele, das

    esclerticas e das mucosas orais pode confirmar a ictercia; a inspeo das amostras de

    urina e fezes pode mostrar urina escura e fezes claras. Alm disso, o cliente tambm

    pode ter picos febris com calafrios. No leo biliar, o cliente pode queixar-se de dor

    espasmdica, que em alguns casos persiste por vrios dias, s vezes com nuseas e

    vmitos. A inspeo pode-se detectar distenso abdominal. (BOUNDY,2004)

    Ausculta: pode comprovar reduo dos rudos peristlticos, se o cliente tiver

    colecistite aguda. No leo biliar, a ausculta pode mostrar ausncia dos rudos

    peristlticos, se o cliente tiver obstruo intestinal completa. (BOUNDY,2004)

    Palpao: pode-se detectar taquicardia. A palpao suave do abdome pode

    mostrar hipersensibilidade sobre a vescula biliar, que se acentua na inspirao. Se for

    possvel palpar uma vescula biliar cheia de clculos, mas sem obstruo ductal, pode-se

    perceber uma massa indolor semelhante a uma salsicha. (BOUNDY,2004)

    Diagnsticos

    1. Radiografia abdominal: identifica somente clculos calcificados e ajuda a

    comprovar vescula de porcelana, lama biliar e leo biliar. (BOUNDY,2004;

    SMELTZER,2009)

    2. Ultra-sonografia: procedimento diagnstico de escolha. Baseiam-se na anlise

    das ondas sonoras refletidas. A ultra-sonografia pode detectar os clculos na vescula

  • biliar ou em um ducto biliar comum dilatado com 95% de exatido. Clculos de apenas

    2 mm podem ser detectados nesse exame. (BOUNDY,2004; SMELTZER,2009)

    3. Exame com radionucldeo ou Colecintilografia: empregada com sucesso no

    diagnstico da colecistite aguda ou no bloqueio de um ducto biliar. Nesse

    procedimento, um agente radioativo administrado por via intravenosa, captado pelos

    hepatcitos e excretado com rapidez atravs do trato biliar. Em seguida, o trato biliar

    escaneado, sendo obtidas as imagens da vescula biliar e do trato biliar. Esse exame

    mais dispendioso que a ultra-sonografia, leva mais tempo para ser realizado, expe o

    paciente radiao e no pode detectar os clculos biliares. freqentemente utilizado

    quando a ultra-sonografia no conclusiva. (SMELTZER,2009)

    4. Colecistografia: usada quando o equipamento de ultra-som no esta disponvel

    ou quando os resultados do ultra-som so inconclusivos. A colecistografia oral pode ser

    realizada para detectar os clculos biliares e avaliar a capacidade da vescula biliar para

    se encher, concentrar seu contedo, contrair-se e esvaziar. Um agente de contraste

    contendo iodo e que excretado pelo fgado e concentrado na vescula biliar

    administrado ao paciente. A vescula biliar normal se enche com essa substncia

    radiopaca, quando os clculos biliares esto presentes, eles aparecem como sombras na

    radiografia. A colecistografia no paciente nitidamente ictrico no til por que o

    fgado no pode excretar o corante radiopaco dentro da vescula biliar na presena da

    ictercia. (SMELTZER,2009)

    5. Colangiopancreatografia Retrgrada Endoscpica (ERCP): permite a

    visualizao direta das estruturas que podiam ser previamente observadas apenas

    durante a laparotomia. O exame do sistema hepatobiliar realizado atravs do

    endoscpio com visualizao lateral inserido atravs do esfago ate o duodeno

    descendente. As mltiplas mudanas de posio so necessrias para introduzir o

    endoscpio durante o procedimento, comeando na posio de semidecbito ventral

    esquerdo. (SMELTZER,2009)

    6. A fluroscopia e as mltiplas radiografias so usadas durante a ERCP para avaliar

    a presena e a localizao dos clculos ductais. A cuidadosa insero de um cateter

    atravs do endoscpio dentro do ducto biliar comum a etapa mais importante na

  • esfincterotomia para a extrao de clculos biliares por meio dessa tcnica.

    (SMELTZER,2009)

    Cuidados de enfermagem:

    Orientar o paciente sobre o procedimento e de seu papel nele, o paciente fica

    em dieta zero por varias horas antes do procedimento. Utiliza-se sedao moderada, e o

    paciente sedado deve ser rigorosamente monitorado. Muitos endoscopistas utilizam uma

    combinao de um opiide e um benzodiazepnico. Pode haver necessidade de

    administrar medicamentos, como o glucagon ou os anticolinrgicos, para tornar mais

    fcil a canulao diminuindo a peristalse duodenal. A enfermeira observa rigorosamente

    os sinais de depresso dos sistemas respiratrios e nervoso central, hipotenso, sedao

    excessiva e vmitos. Durante a ERCP, a enfermeira monitora os lquidos intravenosos,

    administra medicamentos e posiciona o paciente. (SMELTZER,2009)

    Depois do procedimento, a enfermeira monitora a condio do paciente,

    observando os sinais vitais e monitorando os sinais de perfurao ou infeco. A

    enfermeira tambm monitora o paciente quanto aos efeitos colaterais de quaisquer

    medicamentos recebidos durante o procedimento e quanto ao retorno dos reflexos de

    vmito e tosse depois da utilizao de anestsicos locais. (SMELTZER,2009)

    7. Colangiopancreatografia Transeptica Percutnea: envolve a injeo de corante

    diretamente no trato biliar. Por causa da concentrao relativamente grande de corante

    que introduzida no sistema biliar, ficam nitidamente delineados todos os componentes

    do sistema, inclusive os ductos hepticos dentro do fgado, a extenso total do ducto

    biliar comum, o ducto cstico e a vescula biliar. (SMELTZER,2009)

    Esse procedimento pode ser realizado mesmo na presena de disfuno heptica

    e ictercia. til para diferenciar a ictercia causada pela doena biliar daquela

    provocada pela obstruo biliar, investigar os sintomas gastrointestinais de um paciente

    cuja vescula biliar foi removida, localizar clculos dentro dos ductos biliares e

    diagnosticar o cncer que envolve o sistema biliar. (SMELTZER,2009)

    Embora a taxa de complicao depois desse procedimento seja baixa, a

    enfermeira deve observar rigorosamente o paciente para detectar sintomas de

    sangramento, peritonite e septicemia. A enfermeira avalia se o paciente sente dor e se h

    sinais indicativos dessas complicaes, relatando os de imediato ao mdico. Com

  • freqncia, so prescritos agentes antibiticos para minimizar o risco de sepse e de

    choque sptico. (SMELTZER,2009)

    8. Exames de sangue: podem mostrar nveis sricos elevados de fosfatase alcalina,

    desidrogenase lctica, aminotransferase do aspartato e bilirrubina total. A contagem de

    glbulos brancos mostra-se ligeiramente elevada durante uma crise de colecistite.

    (BOUNDY,2004)

    Tcnica cirrgica

    O termo colecistectomia significa retirada cirrgica da vescula biliar e pode ser

    por meio de laparotomia, que uma inciso relativamente extensa, ou por intemedio de

    alguns pequenos orifcios feitos na parede abdominal. A primeira opo, ou seja, a

    colecistectomia feita com o auxilio da laparotomia, recebe tambm o nome de

    colecistectomia convencional e representa uma valiosa tcnica a disposio dos

    cirurgies. No segundo mtodo, conhecido por colecistectomia laparoscpica ou

    cirurgia videolaparoscopica (CVL), h necessidade de se fazer um pneumoperitnio e

    do auxilio de uma minicmera de vdeo, alem de instrumental adequado, que so

    introduzidos no abdome atravs dos j citados orifcios na parede abdominal, os quais

    se denominam portais. (MONTEIRO, 2006)

    Discute-se muito sobre qual seria a melhor via de acesso para colecistectomia

    convencional. A laparotomia subcostal direita, cujo epnimo inciso ou laparotomia

    de Kocher, com extenso de 12cm ou mais e utilizao de bisturi de lmina fria e de

    eletrocautrio para a seco do plano msculo-aponeurtico ate o peritnio, apresenta

    quatro vantagens: acesso direto vescula, fato importante quando existe cirurgia

    abdominal prvia; dor ps-operatria de intensidade; melhor resultado esttico; e menos

    incidncia de hrnia incisional. No entanto, tem como desvantagens: maior tempo

    cirrgico; trauma cirrgico mais intenso, em razo da seco muscular; e

    impossibilidade da explorao da cavidade abdominal de maneira adequada. A

    laparotomia mediana, iniciando-se logo abaixo do apndice xifoide e estendendo-se at

    a cicatriz umbilical ou ultrapassando-a, tem como vantagens a facilidade e rapidez de

    sua execuo, o menor trauma cirrgico e a facilitao boa explorao do contedo da

    cavidade abdominal. Suas desvantagens so: dificuldade no acesso a vescula, no caso

    de cirurgia abdominal prvia, em razo das aderncias; maior incidncia de hrnia

  • incisional; e resultado esttico pouco satisfatrio. A laparotomia paramediana pararrtal

    medial direita, pouco usada atualmente. (BRUNNER, 2009)

    Em alguns pacientes, um dreno posicionado prximo ao leito da vescula biliar

    e trazido atravs de uma puno se existe um extravasamento biliar. O tipo de dreno

    escolhido com base na preferncia do medico. Um extravasamento pequeno devera

    fechar de maneira espontnea em alguns dias, com o dreno evitando o acmulo da bile.

    Comumente, apenas uma pequena quantidade de lquido serossanguinolento drena nas

    primeiras 24 horas depois da cirurgia; depois, o dreno removido. O dreno

    tipicamente mantido quando h excesso de transudao ou de extravasamento de bile. O

    uso de um tubo T inserido no ducto biliar comum durante o procedimento aberto , hoje

    em dia, raro; ele empregado apenas no quadro de uma complicao (clculo retido no

    ducto biliar comum). (BRUNNER, 2009)

    A colecistectomia laparoscpica realizada atravs de uma pequena inciso ou

    puno feita atravs da parede abdominal no umbigo. A cavidade abdominal insuflada

    com dixido de carbono (pneumoperitnio) para ajudar na insero do laparoscpico e

    para auxiliar na visualizao das estruturas abdominais. So feitas vrias punes ou

    pequenas incises adicionais na parede abdominal para introduzir outros instrumentos

    cirrgicos. O cirurgio visualiza o sistema biliar atravs do laparoscpio, uma cmera

    acoplada ao aparelho que transmite imagens do campo abdominal a uma televiso. O

    ducto cstico dissecado, e aps isso o ducto biliar comum visualizado por ultra-som

    para avaliar a anatomia e identificar os clculos. A artria cstica dissecada e

    clampeada. A vescula biliar separada do leito heptico e dissecada. A vescula biliar

    ento removida da cavidade abdominal depois que so aspirados a bile e os clculos.

    (BRUNNER, 2009)

    As vantagens do procedimento laparoscpico so que o paciente no

    experimenta o leo paraltico que acontece com a cirurgia abdominal aberta e apresenta

    menos dor abdominal ps-operatria. Com frequncia, o paciente recebe alta do hospital

    no mesmo da cirurgia ou dentro de 1 ou 2 dias, podendo retomar a atividade plena e

    voltar ao trabalho dentro de 1 semana depois da cirurgia. (BRUNNER, 2009)

    Pr-operatrio

    O pr-operatrio dos pacientes que vo ser submetidos a uma colecistectomia

    no difere, em essncia, do pr-operatrio de outras operaes abdominais. Uma

  • avaliao clnica completa e criteriosa de fundamental importncia, tanto no que se

    refere ao diagnstico principal da doena da vescula quanto a diagnsticos de doenas

    secundarias que possam influir no resultado teraputico. Todos os exames solicitados

    para confirmao do diagnostico devem ser avaliados cuidadosamente antes da cirurgia

    para auxiliar na escolha do procedimento cirrgico. (MONTEIRO, 2006)

    Prescreve-se, no pr-operatrio imediato, jejum da via oral, em mdia por 8

    horas; clister glicerinado de 1000ml por via retal, podendo o mesmo ser dispensado; e

    sedao pr-anestsica, com o objetivo de tranquilizar o paciente. Outras medidas, tais

    como hidratao parenteral e profilaxia de tromboembolismo pulmonar, variam para

    cada paciente, no havendo indicao para o uso rotineiro de antibioticoprofilaxia.

    Atualmente, pratica comum a hospitalizao do doente no mesmo dia da operao, o

    que obriga realizao do pr-operatrio em regime ambulatorial, inclusive a avaliao

    anestesiolgica. (MONTEIRO, 2006)

    Ps-operatrio

    O ps-operatrio das colecistectomias consiste basicamente em prevenir,

    diagnosticar e tratar complicaes que ocorrem nesse perodo, tais como leo paralitico,

    pneumonia, atelectasia pulmonar, infeco de parede, tromboembolismo pulmonar,

    abscesso subfrnico, hemoperitnio, coleperitnio, complicaes cardiopulmonares e

    outras. Advoga-se a deambulao precoce e o inicio rpido da dieta por via oral, a

    profilaxia da doena tromboemblica pelo uso de heparina subcutnea e a curta

    permanncia hospitalar do paciente. O emprego de antibiticos deve restringir-se aos

    casos de infeco comprovada. A sonda nasogstrica, caso tenha sido usada, retirada

    to logo mostre drenagem desprezvel ou surja peristaltismo intestinal. Os drenos da

    cavidade peritoneal devem ser retirados to logo percam sua funo, ou seja, se deixam

    de drenar bile, sangue ou pus. A sonda vesical, se empregada, retirada o mais

    brevemente possvel, para evitar infeco urinria. A hidratao venosa, que se iniciou

    no perioperatrio e se continuou no ps-operatrio, suspensa ao iniciar a dieta oral.

    (MONTEIRO, 2006)

  • Complicaes da cirurgia videolaparoscpica para tratamento de doenas da vescula biliar e vias biliares

    Conforme Salim e Cutait (2008), as complicaes que podem ocorrer na cirurgia videolaparoscpica so as seguintes:

    1. Variaes anatmicas

    As variaes anatmicas como, por exemplo, ductos csticos aberrantes e

    condutos biliares que saem diretamente do lobo heptico direito para a vescula podem

    ser causas de problemas ps-operatrios, essa situao responsvel por

    extravasamento de bile aps colecistectomia; a presena de ductos acessrios tem sido

    relatada na literatura a uma freqncia que varia de 6,3% a 20%.

    H diversos tipos de variaes anatmicas da vescula biliar e das vias biliares,

    sendo a maioria infrequente. A duplicao da vescula anomalia congnita rara, cuja

    incidncia cerda de 1:3.800 e a grande maioria com dois ductos csticos que podem

    levar a difculdades diagnsticas ou leso iatrognica e sendo achados ocasionais em

    autpsias ou intra-operatrio.

    O diagnstico preciso de duplicao da vescula biliar deve ser estabelecido no

    ato operatrio para excluir a ocorrncia de leso da via biliar principal, devendo o

    cirurgio realizar colangiografia intra-operatria para certificar-se da integridade da via

    biliar principal e o exame da vescula no final da operao essencial para estabelecer o

    diagnstico de certeza.

    As estenoses biliares iatrognicas ps-operatrias continuam a representar

    grande desafio cirrgico, com ndices de at 1,7% nos casos de colecistectomias,

    havendo registros de aumento desses ndices com o advento da colecistecomia

    laparoscpica.

    2. Iatrogenias A perfurao da vescula biliar com extravasamento de clculos e bile pode

    acontecer de 20 a 30% das colecistectomias. Em alguns desses casos, um ou mais

    clculos no so recuperados e podem permanecer perdidos na cavidade abdominal,

    com apresentao clnica que pode incluir ainda granulomas, obstruo intestinal,

    migrao de clculos para dentro do canal femoral, pelve e ovrio.

    As complicaes mais importantes que se pode esperar durante a colecistectomia

    laparoscpica ou mesmo pela via convencional so as leses das vias biliares. Na

  • maioria das vezes os pacientes evoluem com sinais de ictercia obstrutiva e sintomas

    como dor em hipocndrio direito podendo apresentar febre que pode ser um sinal de

    colangite, com elevaes dos nveis laboratoriais das bilirrubinas e fosfatase alcalina e

    aos exames de imagem, pode-se detectar dilatao das vias biliares intra e extraheptica.

    As causas de leses das vias biliares so mltiplas como, por exemplo,

    quando ocorrem variaes anatmicas da rvore biliar, das artrias hepticas e da veia

    porta. Uma das variveis a unio do ducto cstico com o ducto biliar principal (ou

    comum); nesta situao, pode-se confundir o ducto coldoco com um cstico largo,

    causando a leso do coldoco.

    As alteraes do territrio vascular podem ser observadas em mais de 20% dos

    pacientes; um dano em algum ramo arterial que nutre o ducto biliar pode causar

    isquemia levando necrose e/ou estenose.

    Em processos infamatrios agudos da vescula biliar pode ocorrer friabilidade

    da zona de resseco com possvel leso da via biliar, o mesmo ocorrendo nos casos

    agudos ou subagudos com a existncia de vescula escleroatrfca com aderncias

    perivesiculares. Alm das causas acima, deve-se levar em conta a pouca experincia do

    cirurgio, inclusive com o procedimento convencional (curva de aprendizado) com

    consequente aumento do tempo operatrio relacionado aos fatores acima.

    A colocao de prtese endobiliar tem por objetivo reverter as leses das vias

    biliares extrahepticas (ducto biliar comum ou coldoco) com sucesso na maioria dos

    casos (cerca de 80%), podendo evoluir com complicaes que vo de colangites

    obstrues das vias biliares.Frente a quadro de ictercia obstrutiva ps colecistectomia,

    deve-se sempre suspeitar de leses das vias biliares; a colangiografa intraoperatria

    procedimento seguro, sem complicaes relacionadas ao exame e fornece ao cirurgio

    meio de avaliar as alteraes coledocianas, como tambm proporciona forma objetiva

    de identifcar a anatomia do ducto biliar e detectar coledocolitase insuspeita.

    3. Sndrome ps-colecistectomia Cerca de 10% a 50% dos pacientes persistem ou desenvolvem novos sintomas

    aps a colecistectomia. So sintomas geralmente leves e inespecficos consistindo

    em nusea transitria, eructao, fatulncia e indigesto.

    As principais causas de origem biliar desta sndrome podem ser: estenose biliar;

    clculo de via biliar principal; sndrome do coto de ducto cstico; estenose ou discinesia

    da ampola hepatoduodenal.

  • Quando ocorre intenso processo infamatrio e aderncias aos tecidos vizinhos

    com consequente alterao anatmica, pode-se tornar difcil mesmo para cirurgies

    experientes a realizao do procedimento videolaparoscpico. No intuito de evitar

    leses aos ductos biliares, o cirurgio pode optar por seccionar a vescula biliar,

    deixando segmento remanescente.A bolsa formada pode conter ou propiciar o

    surgimento de clculos. Tardiamente, esta pode se tornar causa de dor e de sndrome

    ps-colecistectomia.

    A remoo parcial da vescula biliar causa rara desta sndrome e estudos

    recentes mostram que o coto de ducto cstico longo no responsvel por nenhuma

    manifestao clnica, a menos que esteja associado outras doenas tais como clculos,

    tumor ou granuloma de sutura.

    4. Complicaes raras clssica a afrmao de que material de sutura inabsorvvel no deve ser

    usado para ligar o ducto cstico, pois pode migrar para a via biliar e ser responsvel

    pela formao de clculos biliares. Migrao de clipes para o interior da via biliar tem

    sido relatada aps colecistectomia laparoscpica. Tal fato pode acontecer com clipes

    metlicos usados na ligadura do ducto cstico e artria cstica durante a colecistectomia

    videolaparoscpica; h tambm relato de migrao de clipes para o interior de lcera

    duodenal aps colecistectomia laparoscpica tecnicamente difcil seguida de fstula

    biliar no primeiro dia ps-operatrio. O clipe migrou diretamente atravs da primeira

    poro do duodeno que foi lesada durante a disseco difcil, resultando em ulcerao

    do duodeno.

    Para prevenir este tipo de complicao recomenda-se muito cuidado na

    disseco do hilo da vescula biliar durante a colecistectomia laparoscpica para no

    lesar o duodeno nem as vias biliares e que a colocao dos clipes seja muito cuidadosa;

    em caso de m colocao de clipes na artria e ducto csticos, eles devem ser

    removidos e recolocados adequadamente. Complicao rara descrita consiste na

    eliminao tardia dos clculos pelas vias urinrias e fstula cutnea para a cicatriz

    umbilical, concluindo-se que importante evitar o derramamento de clculos durante a

    operao. Porm a laparotomia no deve ser indicada simplesmente para a retirada de

    clculos perdidos durante a colecistectomia laparoscpica.

    Outra complicao rara, porm muito importante em virtude da gravidade dos

    seus efeitos, a embolia gasosa. A embolia durante procedimento laparoscpico tem

    como causa o gs que utilizado para a insufao do pneumo-peritnio, que na maioria

  • das vezes o CO2 (dixido de carbono). complicao fatal na maioria das vezes.

    Apesar de muito grave, no h relato em nosso meio deste tipo de ocorrncia, e na

    literatura internacional poucos casos so relatados, com desfechos fatais em sua

    maioria.

    5. Sndrome de Mirizzi Descrita em 1948 por Mirizzi, consiste na obstruo extrnseca da via biliar

    (ducto heptico comum) por um clculo impactado no ducto cstico ou no

    infundbulo da vescula biliar, desencadeando processo infamatrio com espasmo

    secundrio do coldoco que se manifesta com ictercia obstrutiva.

    causa comum de converso de cirurgia laparoscpica para via aberta e de

    diagnstico difcil, cujos sintomas mais comuns so: ictercia, dor abdominal, colria,

    vmitos, emagrecimento e prurido.

    O tratamento cirrgico da sndrome de Mirizzi requer habilidade e cuidado na

    disseco da via biliar para realizar a colecistectomia, explorao segura das vias

    biliares e retirada dos clculos, para evitar qualquer iatrogenia no hepatocoldoco.

    Ainda que alguns autores no considerem a laparoscopia como primeira

    escolha devido ictercia e infamao aguda - alguns at mesmo a contra-indicam -,

    acredita-se que o procedimento laparoscpico seja seguro e que em alguns casos

    permita o tratamento completo.

    6. Complicaes pulmonares A diminuio da capacidade pulmonar com hipoxemia associadas

    complicaes pulmonares so comuns na colecistectomia por via convencional. Na via

    videolaparoscpica os pacientes apresentam no 1 dia do ps-operatrio diminuio

    signifcante dos volumes pulmonares e da fora muscular respiratria; porm, quando

    comparados com alguns dados da literatura, o retorno aos valores pr-operatrios mais

    rpido na cirurgia laparoscpica (3 e 4 dias do ps-operatrio) do que na laparotomia;

    hoje, com a melhora da tcnica laparoscpica, grande a expectativa de que ela

    evolua com menor incidncia de alteraes pulmonares e complicaes, haja vista o

    tempo cirrgico reduzido, incises cirrgicas pequenas e pelo fato de no haver tanto

    manuseio na cavidade abdominal.

    Alguns fatores da cirurgia videolaparoscpica, tendem a aumentar o risco de

    trombose, a saber: maior durao do ato cirrgico na curva do aprendizado; presso de

    insufao usada no pneumoperitnio que provoca estase venosa de membros inferiores

    consequente a compresso da veia cava inferior e veias ilacas; posio de

  • Trendelemburg invertida posio supina invertida necessria para exposio

    adequada do campo operatrio acentua a venoestase; hipercoagulabilidade induzida

    pelo pneumoperitnio.

    Processo de enfermagem

    1. Diagnsticos de enfermagem Segundo Brunner e Suddarth (2009), os principais diagnsticos de enfermagem

    ps-operatrios para o paciente que se submete cirurgia para a doena da vescula

    biliar podem incluir os seguintes:

    a. Dor aguda e desconforto relacionados com a inciso cirrgica;

    b. Troca gasosa prejudicada relacionada com a inciso cirrgica abdominal alta

    (quando foi feita a colecistectomia cirrgica tradicional);

    c. Integridade da pele comprometida relacionada com a drenagem biliar

    alterada depois a interveno cirrgica (quando um tubo T foi inserido por

    causa de clculos retidos no ducto biliar comum ou foi empregado outro

    dispositivo de drenagem);

    d. Nutrio alterada, menor que as demandas corporais, relacionada com a

    secreo inadequada da bile;

    e. Dficit de conhecimento sobre as atividades de autocuidado relacionado com

    o cuidado da inciso, modificaes da dieta (quando necessrio),

    medicamentos e sinais ou queixas de sintomas (por exemplo: febre,

    sangramento, vmitos).

    diagnsticos de enfermagem de pacientes no

    De acordo com Dalri, Rossi e Dalri (2006), os diagnstios de enfermagem do

    perodo ps-operatrio imediato de colecistectomia laparoscpica podem incluir os

    seguintes:

    a. Integridade tissular prejudicada, com o fator relacionado mecnico (cirurgia

    de colecistectomia), e a caracterstica definidora encontrada foi tecido

    subcutneo e pele destrudos;

    b. Percepo sensorial perturbada, que pode ser justificado pelo uso de

    anestesia geral no perodo intra-operatrio. Devido utilizao de drogas

    anestsicas, os pacientes chegam ao centro de recuperao ps-anestsica

    ainda muito sonolentos e apresentando dificuldade para manter padres de

  • comunicao adequados com a equipe que o assiste nesse momento. Os

    sinais de anestesia podem ser observados pela depresso do sistema

    circulatrio e respiratrio, diminuio do dimetro pupilar (miose) e os

    globos oculares podem encontrar-se fixos e centralizados. A dificuldade para

    apresentar abertura ocular espontnea e a diminuio do dimetro pupilar

    foram observadas nos pacientes, no ps-operatrio imediato de

    colecistectomia, assim que foram admitidos no centro de recuperao ps-

    anestsica, permanecendo nessa mesma condio por at uma hora.

    c. Hipotermia, os fatores relacionados identificados para esse diagnstico

    foram: medicamentos que causam vasodilatao, exposio a ambiente frio e

    incapacidade para tremer. As caractersticas definidoras encontradas foram

    reduo da temperatura corporal abaixo dos parmetros normais, tremor e

    piloereo. A hipotermia ps-operatria definida como temperatura = 35,5

    C e um problema crescente nos centros de recuperao ps-anestsica. A

    utilizao de determinados anestsicos pode interferir na regulao da

    temperatura, uma vez que o centro regulador da temperatura no crebro, o

    hipotlamo, deprimido por algumas drogas utilizadas na anestesia geral,

    provocando a perda da capacidade de vasoconstrio. A vasodilatao

    resultante possibilita um fluxo maior de sangue para a periferia, o que

    aumenta a perda de calor. Alm disso, a utilizao de relaxantes musculares e

    narcticos contribui para a perda da capacidade de o organismo produzir

    tremores e, conseqentemente, ocasionar a piloereo. Essa situao

    associada ao ambiente frio da sala de cirurgia e do centro de recuperao

    ps-anestsica, administrao de infuses frias durante a cirurgia e criao

    e manuteno do pneumoperitnio na cirurgia de colecistectomia, com a

    introduo de dixido de carbono na cavidade abdominal, pelo fato de ser um

    gs frio, podem contribuir para o estabelecimento da condio de hipotermia;

    d. Risco para infeco, a colecistectomia laparoscpica possui tempo operatrio

    menor quando comparada laparotomia, possibilitando um menor tempo de

    exposio do paciente e diminuio do seu tempo de permanncia no

    hospital, no perodo ps-operatrio, reduzindo, assim, complicaes

    relacionadas cicatrizao da ferida cirrgica como, por exemplo, a

    infeco. A cirurgia de colecistectomia laparoscpica , na maioria das

    vezes, classificada como uma cirurgia limpa. Neste estudo, apenas um

  • paciente apresentou presena de pus no interior da vescula biliar,

    necessitando de medidas mais complexas para o tratamento de uma possvel

    infeco. Precisou permanecer internado no hospital para uso de antibitico

    endovenoso, permaneceu com dreno de Penrose em uma das feridas

    cirrgicas, a fim de drenar o exsudato presente na cavidade abdominal, e o

    abdmen foi lavado com quantidade maior de soro fisiolgico 0.9% antes do

    fechamento das incises cirrgicas. Outros fatores de risco podem estar

    relacionados a esse diagnstico de enfermagem como: invaso do local da

    inciso por microrganismos, procedimentos invasivos, uso de prtese,

    comprometimento das defesas hospedeiras, secundrio a doenas crnicas,

    tabagismo, etilismo e obesidade. Outro aspecto importante em relao ao

    risco para infeco est relacionado aos procedimentos invasivos de punes

    venosas, por meio de cateteres plsticos para a administrao de fluidos.A

    insero do tubo endotraqueal durante o perodo trans-operatrio outro

    procedimento que merece ser destacado. O tubo endotraqueal atua como

    corpo estranho, traumatizando o epitlio, induzindo a resposta inflamatria,

    diminuindo a capacidade de transporte de muco, alm de modificar a flora da

    cavidade oral, prejudicando a limpeza ciliar e o reflexo da tosse.A presena

    de doenas crnicas associadas ao ato cirrgico favorece o risco de infeco,

    ficando prejuducada a cicatrizao da ferida cirrgica em todas as fases. O

    paciente obeso tambm est mais susceptvel infeco, pois a baixa

    irrigao do local do tecido adiposo, associada ao trauma da parede

    abdominal e presena de maior rea exposta contaminao favorecem o

    desenvolvimento de infeco.

    e. Risco para aspirao, o uso de determinadas drogas na anestesia pode causar

    nusea e vmito, fato que aumenta o risco para aspirao. Esses agentes

    anestsicos atuam em nvel de sistema nervoso central e podem provocam

    estimulao do centro do vmito na formao reticular lateral do bulbo. A

    manipulao indelicada do paciente durante o transporte do centro cirrgico

    para o Centro de recuperao ps-anestsica e alteraes na sua posio

    durante o perodo de recuperao imediato tambm podem desencadear

    episdios de nusea e vmitos, pelo fato de as drogas anestsicas

    sensibilizarem o aparelho vestibular e o rgo do equilbrio. Outros possveis

    fatores desencadeantes da ocorrncia de nusea e vmito no ps-operatrio

  • de colecistectomia podem estar associados presena do CO2 na cavidade

    abdominal que aumenta o fluxo de sangue cerebral desencadeando a sua

    ocorrncia.

    f. Risco para funo respiratria alterada, a utilizao de anestsico o possvel

    fator que pode alterar a funo respiratria nos pacientes submetidos

    colecistectomia, pois provoca, na maioria das vezes, efeitos depressores do

    sistema respiratrio. Dependendo da droga e da dosagem utilizada na

    anestesia, as alteraes respiratrias podem ocorrer com maior ou menor

    intensidade a partir do momento em que a droga foi administrada at vrios

    dias aps a interveno cirrgica.

    Conforme Brunner e Suddarth (2009), os problemas

    interdependentes/complicaes potenciais so sangramento e sintomas gastrointestinais

    (podem estar relacionados com extravasamento biliar ou leso do intestino).

    2. Planejamento e metas As metas para o paciente incluem o alvio da dor, ventilao adequada, pele

    ntegra e melhora da drenagem biliar, ingesto nutricional tima, ausncia de

    complicaes e compreenso das rotinas de autocuidado (BRUNNER e SUDDARTH,

    2009).

    3. Prescries de enfermagem ps-operatrias De acordo com Bruuner e Suddarth (2009), depois da recuperao da anestesia, o

    paciente colocado na posio de Fowler baixa. Os lquidos podem ser administrados

    por via intravenosa, e a aspirao nasogstrica (uma sonda nasogstrica foi

    provavelmente inserida imediatamente antes da cirurgia para um procedimento no

    laparoscpico) pode ser instituda para aiviar a distenso abdominal. A gua e outros

    lquidos so administrados dentro de horas depois de procedimentos laparoscpicos.

    Uma dieta branda iniciada depois do retorno de sons intestinais, o que usualmente

    ocorre no dia seguinte, quando se empregou a conuta laparoscpica.

    a. Aliviar a dor

    A localizao da inciso subcostal na cirurgia no laparoscpica da vescula

    biliar frequentemente faz com que o paciente evite mudar de decbito e mover-se,

    imobilize o stio afetado e empreendarespiraes superficiais para evitar a dor. Como a

    expanso plena dos pulmes e o aumento gradual da atividade so necessrios para

    evitar as complicaes ps-operatrias, a enfermeira administra os agentes anaslgsicos

  • conforme a prescrio, a fim de aliviar a dor e promover o bem-estar, alm de ajudar o

    paciente a mudar de decbito, tossir, respirar profundamente e deambular, quando

    indicado. O uso de um travesseiro ou cinta sobre a inciso pode reduzir a dor durante

    essas manobras.

    b. Melhorar o estado respiratrio

    Os pacientes que se submetem cirurgia do trato biliar esto particulamente

    propensos s complicaes pulmonares, assim como todos os pacientes com incises

    abdominais superiores. Portanto, o enfermeiro lembra o paiente que ele deve realizar

    respiraes profundas e tossir a cada hora, para expandir totalmente os pulmes e evitar

    a atelectasia. O uso precoce e consistente da espirometria de incentivo tambm ajuda a

    melhorar a funo respiratria. A deambulao precoce evita as complicaes

    pulmonares, bem como outras complicaes como a tromboflebite. As complicaes

    pulmonares so mais provveis de acontecer nos pacientes idosos, pacientes obesos e

    naqueles com doena pulmonar preexistente.

    c. Promover o cuidado com a pele e a drenagem biliar

    Nos pacientes que foram submetidos a uma colecistostomia ou coledocostomia,

    um dreno deve ser imediatamente conectado a um recepiente de drenagem. A

    enfermeira deve proceder o equipo s roupas ou ao avental do paciente, com folga

    suficiente para que o paciente se movimente sem descol-lo ou dobr-lo. Como um

    sistema de drenagem permanece acoplado quando o paciente est deambulando, a bolsa

    de drenagem pode ser colocada no bolso de um roupo ou presa de modo que fique

    abaix da cintura ou do nvel do ducto comum. Quando se utiliza um dreno de penrose, o

    enfermeiro troca os curativos quando necessrio.

    Depois desses procedimentos cirrgicos, o paciente observado quanto s

    indicaes da infeco, extravasamento da bile na cavidade peritoneal e obstruo da

    drenagem da bile. Quando a bile no est drenando de maneira apropriada, uma

    obstruo est provavelmente fazendo com que ela seja forada de volta para o fgado e

    para a corrente sangunea. Como a ictercia pode sobrevir, o enfermeiro deve observar

    particulamente a colorao das escleras. O enfermeiro tambm deve observar e relatar a

    do abdominal no quadrante superior direito, nuseas e vmitos, drenagem biliar ao

    redor de qualquer dreno, fezes com cor de argila e uma alterao nos sinais vitais.

    A bile pode continuar a drenar do trato de drenagem em quantidades

    considerveis por algum tempo, exigindo frequentes trocas dos curativos externos e

    proteo da pele contra a irritao (a bile corrosiva para a pele).

  • Para evitar a perda total da bile, o mdico pode desejar que dreno ou recepiente

    de coleta seja elevado acima do nvel do abdome, de tal modo que a bile drene

    externamente apenas quando a presso se desenvolve no sistema de ducto. A cada 24

    horas, o enfermeiro mede a bile coletada e resgistra a quantidade, colorao e

    caracterstica da drenagem. Depois de vrios dias de drenagem, o dreno pode ser

    clampeado por 1 hora antes e depois de cada refeio para liberar a bile para o duodeno,

    visando auxiliar na digesto. Dentro de 7 a 14 dias, o dreno removido. O paciente que

    vai para casa com um dreno em psio requer instruo e tranquilizao a respeito da

    funo e cuidado com o dreno.

    Em todos os pacientes com drenagem biliar, o enfermeiro (ou paciente, quando

    em casa) observa diariamente as fezes e anota sua colorao. As amostras de urina e

    fezes podem ser enviadas ao laboratrio para exame de pigmentos biliares. Dessa

    maneira, possvel determinar se o pigmento biliar est desaperecendo do sangue e

    drenando novamente no duodeno. importante manter um registro cuidadoso da

    ingesto e dbito de lquidos.

    d. Melhorar o estado nutricional

    O enfermeiro incentiva o paciente a ingerir uma dieta hipolipdica, hiperprotica

    e rica em carboidratos imediatamente aps a cirurgia. No momento da ata hospitalar,

    comumente no existem orientaes nutricionais especiais diferentes para manter uma

    dieta nutritiva e evitar o excesso de godura. Em geral, a restrio de gorduras suspensa

    em 4 a 6 semanas, quando os ductos bliares se dilatam para acomodar o volume de bile

    outrora sustentado pela vescula biliar, e quando a ampola de Vater novamente funciona

    de forma efetiva. Depois desse perodo, quando o paciente ingere gordura, a bile

    adequada ser liberada dentro do trato digestivo para emulsificar as gorduras e permitir

    sua digesto. Isso se ope condio anterior cirurgia, quando as gorduras podem no

    ser digeridas por completo ou de maneira adequada, podendo ocorrer a flatulncia. No

    entanto, uma finalidade da cirurgia da vescula biliar consiste em permitir uma dieta

    normal.

    e. Monitorar e tratar as complicaes potenciais

    O sangramento pode ocorrer em consequncia da puno ou corte inadvertido de

    um vaso sanguneo impotante. No perodo ps-operatrio, o enfermeiro monitora

    rigorosamente os sinais vitais e inspenciona as incises e drenos cirrgicos, quando

    algum est aplicado, para a evidncia de sngramento. O enfermeiro tambm avalia

    periodicamente o paciente quanto ao aumento da sensibilidade dolorosa e rigidez o

  • abdome. Quando esses sinais e sintomas acontecem, eles so relatados ao cirurgio. O

    enfermeiro orienta o paciente e a famlia no sentido de relatar ao cirurgio qualquer

    alterao na colorao das fezes, o que pode indicar complicaes. Os sintomas

    gastrointestinais, embora icomuns, podem ocorrer com a manipulao dos intestinos

    durante a cirurgia.

    Depois da colecistectomia laparoscpica, o enfermeiro avalia o paciente quanto

    perda do apetite, vmitos, dor, distenso abdominal e elevao da temperatura. Esses

    sintomas podem indicar infeco ou ruptura do trato gastrointestinal e devem ser

    relatados de imediato ao cirurgio. Como o paciente recebe alta logo depois da cirurgia

    laparoscpica, o paciente e a famlia so instrudos verbalmente e por escrito a respeito

    da importncia de relatar de imediato esses sintomas.

    f. Ensinar o autocuidado aos pacientes

    O enfermeiro instrui o paciente sobre os emdicamentos que so prescritos

    (vitaminas, anticolinrgicos e antiespasmdicos) e suas aes. Tambm importante

    informar ao paciente e famlia os sintomas que devem ser relatados ao mdico,

    inclusive ictercia, urina escura, fezes cor de argila, prurido e sinais de inflamao e

    infeco, como a dor ou febre.

    Alguns pacientes relatam uma a trs defecaes por dia. Isso resulta do

    gotejamento contnuo de bile pela juno coledocoduodenal depois da colecistectomia.

    Comumente, essa frequncia diminui durante um perodo de algumas semanas a vrios

    meses.

    Quando um paciente recebe alta do hospital com um dreno ainda em posio, o

    paciente e a famlia precisam de orientaes sobre seu tratamento. O enfermeiro os

    instrui quanto ao cuidado adequado do dreno e sobre a importncia de relatar de

    imediato ao cirurgio quaisquer alteraes na quantidade ou caractersticas da

    drenagem. A assistncia na fixao do curativo adequad reduz a ansiedade do paciente

    sobre sua volta ao lar com o dreno ou tubo ainda em posio.

    g. Prestar cuidado continuado

    Com o suporte em casa, muitos pacientes recuperam-sem com rapidez de uma

    colecistecomia. No entanto, os pacientes idosos ou frgeis e aqueles que vivem sozinhos

    em casa podem precisar de encaminhamento para o cuidado domiciliar. Durante as

    visitas domiciliares, o enfermeiro avalia o estado fsico do paciente, sobretudo a

    cicatrizao de feridas e a evoluo da recuperao. Tambm importante avaliar o

    paciente quanto adequao do alvio da dor e dos exerccios pulmonares. Quando o

  • paciente apresenta um sistema de drenagem em posio, o enfermeiro o avalia quanto

    permeabilidade e controle adequado pelo paciente e pela famlia. A avaliao dos sinais

    e sintomas de infeco tambm constituem importantes intervenes de enfermagem. A

    compreenso do regime teraputico (medicamentos, retorno gradual s atividades

    normais) pelo paciente avaliada, sendo reforado o ensino prvio. O enfermeiro

    enfatiza a importncia de manter as consultas de aocmpanhamento e lembra o paciente e

    a famlia da importcia de participar nas atividades de promoo da sade e na triagem

    de sade recomendada.

    4. Evoluo Segundo Bruuner e Suddarth (2009), os resultados esperados do paciente podem

    incluir os seguintes:

    1. Relatar diminuio na dor

    a. Imobilizar a inciso abdominal para diminuir a dor;

    b. Evitar alimentos que provocam a dor;

    c. Utilizar a analgesia ps-operatria conforme a prescrio.

    2. Demonstrar a funo respiratria adequada

    a. Atingir a excurso respiratria plena, com a inspirao e expirao

    profundas;

    b. Tossir de maneira efetiva, usando o travesseiro para imobilizar a inciso

    abdominal;

    c. Usar a analgesia ps-operatria conforme a prescrio;

    d. Exercitar-se conforme a prescrio (p. ex., mudana de decbito,

    deambulao).

    3. Exibir integridade normal da pele ao redor do stio de drenagem biliar (quando

    aplicvel)

    a. Estar sem febre, dor abdominal, alterao nos sinais vitais e presena de bile,

    drenagem com odor ftido ou pus ao redor do dreno;

    b. Demonstrar o manejo correto do dreno (quando aplicvel);

    c. Identificar os sinais e sintomas de obstruo biliar a serem observados e

    relatados;

    d. Apresentar nvel sricode bilirrubina dentro da faixa de normalidade.

    4. Obter o alvio da intolerncia da dieta

    a. Manter a ingesto nutricional adequada e evita os alimentos que provocam

    sintomas gastrointestinais;

  • b. Relatar diminuio ou ausncia de nuseas, vmitos, diarria, flatulncia e

    desconforto abdominal.

    5. Apresentar ausncia de complicaes

    a. Exibir sinais vitais normais (presso arterial, pulso, padro e frequncia

    respiratria e temperatura);

    b. Relatar ausncia de sangramento do trato gastrointestinal e do dreno ou

    cateter biliar (quando presente), sem evidncia de sangramento nas fezes;

    c. Relatar o retorno do apetite e nenhuma evidncia de vmitos, distenso

    abdominal ou dor;

    d. Listar os sintomas que devem ser relatados de imediato para o cirurgio e

    demonstra compreenso sobre o autocuidado, inclusive do cuidado com a

    ferida.

    Instrues ao paciente depois da colecistectomia laparoscpica.

    1. Retorno s atividades:

    a. Comear o exerccio leve (deambulao) imediatamente;

    b. Tomar banho de chuveiro ou banheira depois de 1 ou 2 dias;

    c. Dirigir carro depois de 3 ou 4 dias;

    d. Evitar levantar objetos que excedam a 2,2kg depois da cirurgia, comumente

    por 1 semana;

    e. Reiniciar a atividade sexual, quando desejado.

    2. Cuidado com a ferida

    a. Verificar diariamente o stio de puno para detectar os sinais de infeco;

    b. Lavar o stio de puno com sabo neutro e gua;

    c. Permitir que as fitas adesivas especiais sobre o stio de puno se

    desprendam. No pux-las.

    3. Reincio da alimentao

    a. Voltar sua dieta normal;

    b. Se o paciente tinha intolerncia a gorduras antes da cirurgia, adicionar

    gradualmente a gordura de volta sua dieta em pequenos aumentos.

    4. Tratamento da dor

    a. Voc pode experimentar dor ou desconforto no ombro direito devido ao gs

    utilizado para insuflar a rea abdominal durante a cirurgia. Sentar ereto no

  • leito ou em uma cadeira, caminhar ou usar uma almofada trmica so

    medidas que podem diminuir o desconforto;

    b. Tomar analgsicos quando necessrio e conforme a prescrio. Relatar ao

    cirurgio se a dor no aliviada mesmo com o uso do analgsico.

    5. Manejo do cuidado de acompanhamento

    a. Marcar uma consulta com seu cirurgio para 7 a 10 dias depois da alta;

    b. Ligar para seu cirurgio caso experimente quaisquer sinais ou sintomas de

    infeco no stio de puno ou ao seu redor: rubor, dor local, inchao, calor

    ou drenagem;

    c. Ligar para seu cirurgio caso o paciente apresente febre de 37,7 C ou mais

    por 2 dias consecutivos;

    d. Ligar para seu cirurgio caso voc desevolva nuseas, vmitos ou dor

    abdominal (BRUNNER e SUDDARTH, 2009).

  • Referencias Bibliogrficas

    SMELTZER, Suzanne C. OConnell. Brunner e Suddarth:tratado de enfermagem

    mdico-cirrgica. 11. ed.Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2009

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    Affonso Editores, 2004

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