Colóquio Amor e Morte

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O FILHO BASTARDO: O vampirismo em João Cardoso de Menezes e Souza Letícia Cristina Alcântara Rodrigues - UFG

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Análise do texto de Menezes, que traz uma relação entre amor e morte, sob a temática vampírica

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  • O FILHO BASTARDO:

    O vampirismo em Joo Cardoso de Menezes e Souza

    Letcia Cristina Alcntara Rodrigues - UFG

  • Se Amor e Morte so irmos, os Vampiros so os frutos bastardos de sua mescla (FERREIRA, 2003)

  • EROS E TNATOSPulso de Vida e Pulso de Morte

    Amor sagrado e Amor profano (1602) Giovanni Baglione

    Anjo da morte (1881) Evelyn de Morgan

    Eros e Tnatos Ignatenko

  • Na Teogonia, de Hesodo, Eros apresentado como um dos deuses primordiais:

    Bem no incio, Abismo nasceu; depois, Terra largo-peito, de todos assento sempre estvel, dos imortais que possuem o pico do Olimpo nevado, o Trtaro brumoso no recesso da terra largas-rotas e Eros, que o mais belo entre os deuses imortais, o solta-membros, e de todos os deuses e todos os homens]

    subjuga, no peito, esprito e deciso refletida (v. 116-122)

    Cupids Arrows Len Bazille Perrault

  • Tnatos, filho da Noite Nix, o gnio masculino alado que personifica a Morte;

    Eurpides (484-406 a. C.) descreve Tnatos como uma figura sinistra coberta de negro, passeando entre os homens e com uma faca na mo;

    De acordo com Brando (1986, p. 227) Tnatos, simbolicamente, representa o aspecto perecvel e destruidor da vida;

  • O vampiro a expresso potica de nossos temores mais recnditos, sombra de nossas necessidades primordiais (REIN-HAGEN, Mark et al., 1992, p. 2).

  • Joo Cardoso de Menezes e Souza foi poeta, poltico, professor, jornalista e tradutor;

    Nasceu em 25 de abril de 1827, em Santos SP;

    Frequentou a Academia de Cincias Jurdicas e Sociais de So Paulo, onde conviveu com Bernardo Guimares e lvares de Azevedo;

    Em 1849 publicou o livro A Harpa Gemedora sustentculo da 2 gerao romntica brasileira;

    Em 1883 foi designado Baro de Paranapiacaba;

    Faleceu em 02 de fevereiro de 1915.

  • A tragdia dos enamorados pode ser prevista pela atmosfera macabra dos primeiros versos, em que a noite, esttica, mas opressiva, transformada em um tabuleiro, onde, a cada lance, anjos lgubres convertem ressentimentos em maldies, nuvens em tempestades, e defuntos em emissrios da Morte... (FERREIRA, 2003, p. 204).

    Psyche and Amor Franois Grard

    Narciso e Eco Nicolas Poussin

    Romeu e Julieta Frank Dicksee

  • I Meia noite sou Nos ares tremulos Funebre echa o som do campanario De horrr gelando o corao dos vivos! [...] E uivos de ces, qui correndo em cata De maligno Vampiro redivivo.

    III Eis que uma nuvem densa, adelgaando-se, Descobre a face pallida da lua, E o vulto move os passos vagarozo Parecendo arrastar no andar da vida.

  • III

    Amada Branca, do meu ser metade, Delicias de minha alma, anjo celeste, Que, sobre esta existencia amargurada, Vertes saudavel dictamo de vida, Cede do amante aos votos abrazados, V que em torno de ns as lindas flores O halito de amor no arma exhalo, E tu, formoza perola cahida Da cora do eterno sobre a terra, Queres quebrar do amor as leis sagradas? Oh! No! fujamos j destes lugares, Vem! corramos a praia em no veleira L nos aguarda a nauta o mar trilhemos, E passando outro lar, em paz iremos Gozar de amor delicias inffaveis Pelo n do hymino santificadas.

  • XIII

    Branca a formosa virgem fugitiva Victima foi da maldico materna. []

    XIV

    Misero Octavio, em vo coas vagas luctas, Reina a mrte rainha dos horrres Nos tremendos tufes, que o pego aoito. Ella te erruga coas ancias dagonia; Sobre o negro rochdo sobranceiro Juncto ao corpo da amada te arremea, J quase extincto e frio como ella. Que importa que inda um spro de existencia Te faa arfar o peito entumecido, Si o demonio terrvel da vingana Cum sorrizo infernal te adeja em trno!!

  • XVI

    Lyrio que o vento derrubou na louza Resalta dentre o crepe em que se involve. Cinge-lhe a fronte alvissima grinalda De rzas e cecens symbolo uzado Da innocencia, pureza e virgindade Ao seu lado um semblante de mancebo, No verdor da existencia emmurchecido; E as lettras, que na campa se gravro Em dois anneis entrelaados, dizem Octavio e Branca, amantes desgraados.

  • XVIII

    J banqueou a lagem do sepulcro. Apagro-se as tchas mortuarias, E findaro-se os psalmos dos finados; Apenas bruxola a luz mortia Da lampada sagrada sobre a campa, Que encerra os novos hospedes da mrte. [...]

    S o sussuro daza dos morcegos Voando em trno lampada, quebrava Essa mudez solemne e atterradra. Parecia que o velho adormecera [...]

    E o sacristo abrio do templo as portas Para resar-se a missa da alvorada, Tropeou sobre um corpo inanimado

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:

    BRANDO, Junito de Souza. Mitologia grega. 18. ed. v. 1. Petrpolis: Vozes, 1986. BRUNEL, Pierre. Dicionrio de mitos literrios. Trad. Carlos Sussekind [et al]. Rio de Janeiro: Jos Olympio, UnB, 1997. FERREIRA, Cid Vale. Patgios fnebres: Joo Cardoso e o vampirismo implcito. In: ______. (Org.). Voivode: Estudos sobre os vampiros. Jundia: Pandemonium, 2003. p. 201-207. HESODO. Teogonia. Trad. Christian Werner. So Paulo: Hedra, 2013. SOUZA, Joo Cardoso de Menezes e. Octavio e Branca ou a maldico materna. In: FERREIRA, Cid Vale (Org.). Voivode: Estudos sobre os vampiros. Jundia: Pandemonium, 2003. p. 209-221.