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Comece pelo Comecinho

Educação Espírita Infantojuvenil: uma proposta de trabalho

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Os valores arrecadados com a venda desta obra serão repassados ao

Centro Espírita Gabriel Ferreira (R. Kaneda, 474 – São Paulo – SP)

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Comece pelo Comecinho

Martha Rios Guimarães

Matão, SP- 2011 -

Educação Espírita Infantojuvenil: uma proposta de trabalho

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COMECE PELO COMECINHO

Capa: Rogério MotaProjeto gráfico: Equipe O Clarim Revisão: Teresa Cunha

Todos os direitos reservados© Casa Editora O Clarim(Propriedade do Centro Espírita O Clarim)Rua Rui Barbosa, 1070 — Centro — Caixa Postal 09CEP 15.990-903 — Matão-SP, BrasilFone: (16) 3382-1066 — Fax: (16) 3382-1647CNPJ: 52.313.780/0001-23Inscrição Estadual: [email protected]

FICHA CATALOGRÁFICA

Martha Rios GuimarãesComece pelo comecinho — Educação Espírita Infantojuvenil: uma proposta de trabalho1ª edição: novembro/2011 – 6.000 exemplares Matão/SP: Casa Editora O Clarim160 páginas – 14 x 21 cm

ISBN – 978-85-7357-108-0 CDD – 133.9

Índice para catálogo sistemático:

133.9 Espiritismo133.901FilosofiaeTeoria133.91 Mediunidade133.92 Fenômenos Físicos133.93 Fenômenos Psíquicos

Impresso no BrasilPresita en Brazilo

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Sumário

Prefácio................................................................................. 9Comece pelo comecinho .................................................... 13Agradecimentos ................................................................. 15Introdução .......................................................................... 17Um pouco de história ......................................................... 21

1. Educação Espírita x Evangelização .................................. 252. O trabalho de Educação Espírita Infantojuvenil .............. 293.ObjetivosdaEducaçãoEspíritadaInfância e Juventude ........................................................... 334. Componentes do processo de Educação Espírita Infantojuvenil ........................................ 435. Estruturando o Departamento de Infância e Mocidade Espírita .............................................. 656. Planejamento do trabalho de Educação Espírita da Infância ............................................. 877.Recursosdidáticos .......................................................... 97

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8. Elaborando aulas .......................................................... 1019. Integrando o departamento ......................................... 10710. Lidando com as diferenças ......................................... 11111.Consideraçõesfinais ................................................... 121

Material de apoio ............................................................. 123PLANO ANUAL — INICIANTES

OEvangelhosegundooEspiritismo ................... 125O Livro dos Espíritos — Livro Primeiro ............... 126O Livro dos Espíritos — Livro Segundo ............... 127O Livro dos Espíritos — Livro Terceiro ................ 130O Livro dos Espíritos — Livro Quarto .................. 133

PLANO ANUAL — INTERMEDIÁRIOOEvangelhosegundooEspiritismo ................... 134O Livro dos Espíritos — Livro Primeiro ............... 135O Livro dos Espíritos — Livro Segundo ............... 136O Livro dos Espíritos — Livro Terceiro ................ 139O Livro dos Espíritos — Livro Quarto .................. 143

PLANO ANUAL — PRÉ-MOCIDADE / MOCIDADEOEvangelhosegundooEspiritismo ................... 144O Livro dos Espíritos — Livro Primeiro ............... 145O Livro dos Espíritos — Livro Segundo ............... 147O Livro dos Espíritos — Livro Terceiro ................ 150O Livro dos Espíritos — Livro Quarto .................. 154

Formulário para elaboração de aulas .......................... 155Formulário para cadastro do educando ....................... 156

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Prefácio

Écomgratasatisfaçãoquetestemunhamososurgimen-to deste livro no meio editorial espírita. Trata-se de importan-tecontribuiçãoparaareflexãoemelhoriadenossasaçõesnosCentros Espíritas, com relação aos jovens e no Movimento Espí-rita,comrelaçãoaofuturodoEspiritismo.

A autora, que conhecemos de longa data, iniciou no Espi-ritismobemjovem,noCentroEspíritaGabrielFerreira,naVilaMaria. Hoje ela ocupa a vice-presidência da União das Socie-dades Espíritas (USE) Regional São Paulo. Poucas pessoas en-tendem tanto quanto ela sobre quão importantes são o aco-lhimento,oestímuloeasoportunidadesofertadasàscriançaseaosjovens,dentrodasatividadesnomeioespírita,visandoaformaçãodepessoasespiritualizadasecomprometidascomosobjetivosdoEspiritismoeavivênciadosseusprincípios,empe-nhadas em seu progresso espiritual e na melhoria de nossa so-ciedade terrena, o que resume em poucas palavras a educação espírita infantojuvenil.

Marthinha, como a autora é carinhosamente conheci-da no meio espírita, tem trabalho destacado na atuação com crianças e jovens. Desde seu ingresso no Espiritismo semprevivenciou intensamente o processo da juventude dentro da

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CasaEspírita. Issopossibilitouqueelativesse condiçõesparaquestionar emelhorar a relação entre a diretoria e o grupode jovens, buscando aprimorar as relações e ampliar as pos-sibilidadesde integraçãoefetivados jovensnostrabalhos.Di-retora do Departamento de Educação Espírita da Infância na USE, participa ativamente das atividades inerentes ao cargo,oque lhepermitiuumaamplavisãodasespecificidadesrela-tivasàeducaçãoespírita.Pelasuatrajetóriatemplenacondi-ção, conhecimento e vivência para tratar devidamente do tema deste livro.

Consideramos que a autora nos brinda com uma oportu-nidade de aprendermos com quem vivenciou com muito amor e dedicação a sua fase de formação, no âmbito da mocidade espírita.Relataimportantesiniciativasquepromoveuparame-lhorar o grupo de jovens e crianças no C. E. Gabriel Ferreira, que afetivamenteelachamadeGabi.Essasações,quecomempol-gaçãoe coragem levouadiante, sãoexemplospráticoseefe-tivosdenovaspossibilidadesparaatotal integraçãodosmaisjovensnasatividadesdasCasasEspíritas.

Pessoalmente visitei o C. E. Gabriel Ferreira, algumas vezes,esempretivegrandesatisfaçãoaoverqueláosjovensrealmente se sentem parte importante do Centro Espírita, ondetêmresponsabilidadesedireitos,queefetivamentecon-tribuem comas atividades da Casa, e que têm seu espaço evoz garantidos, enquanto aprendem e consolidam seus donsespirituais, para, mais tarde, assumirem os postos para os quais estejam preparados na condução do Centro Espírita e do Movimento Espírita.

Na primeira vez que estive no Gabi surpreendeu-me ofato de ser recebido por crianças e jovens — sem a companhia de adultos. Eles me levaram para conhecer o Centro e cuidaram de minha estada, permanecendo ao meu lado. Presentearam- mecomumpotinhodevidrotodoenfeitado,contendopeque-nastirasdepapelquecontavamahistóriaedetalhessobrea

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Instituição. Fiquei realmente muito impressionado em ver oquão engajadas aquelas crianças e jovens estavam nas tarefas daqueleCentro.Verifiqueiqueláelestêmumespaçoprivilegia-do dentro da Casa.

Posteriormente, em conversa com a autora, que nos con-touqueplanejavaescreverumlivro,aestimulamostendoemvista o trabalho ímpar que realiza no Gabi. Para nossa alegria pudemosparticipardoprocessodecriaçãodestaobra.

Esperamosqueesteimportantelivroestimuleumapro-fundareflexãoemtodosnósquetrabalhamosàfrentedeCasasEspíritasedoMovimentoEspíritae,especificamente,aquelesque trabalham diretamente com crianças e jovens. Que possa nosdesafiaranovasempreitadasnosentidodefazercomqueos mais jovens sintam-se acolhidos e integrados ao Centro Espí-rita e no meio espírita em geral. Os exemplos citados neste livro e o rico material de apoio nele inclusos, com certeza, serão úteis por retratarem uma realidade já implementada com sucesso, juntamentecomasdificuldadesencontradaseosdesafiossu-perados,bemcomoosmeiosparadarsuporteàsatividades.

É muito importante que os Centros estejam preparados em termos materiais, espirituais e de mentalidade, para pro-mover a participação dosmais jovens de forma consistente,sempreestimulando-osaassumirresponsabilidades,gozandoodireitodeseexpressarequestionarconstrutivamentenossaspráticascotidianas.Este livrotemoméritodenosprepararedar suporte para assumirmos tal compromisso.

São Paulo, novembro de 2011.

Jeferson BetarelloDiretor do Departamento do Livro

da USE Regional São Paulo.

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Uma das primeiras providências que tomei ao assumir o Departamento de Educação Espírita da Infância, pela USE São Paulo, foi a realização de uma pesquisa, em todo o estado, que oferecesse subsídios para um planejamento que atendesse os anseios dos trabalhadores do setor.

Osdadosobtidosnortearamasaçõesdodepartamentoe demonstraram a necessidade de uma campanha para valori-zaraatividadedentrodaCasaEspírita,bemcomoestabelecera base kardequiana como conteúdo para as reuniões espíritas voltadas as crianças e aos jovens.

Assim,emfevereirode2010,apartirdeconversaçõesen-tre os departamentos de Comunicação e de Infância da USE, foi lançada pelo Departamento de Infância e Mocidade do Centro EspíritaGabrielFerreira,comoapoiodaUSEVilaMaria,acam-panha Comece pelo Comecinho (alusãoàcampanhaComece pelo Começo, criada pela USE na década de 1970, e, posterior-mente, adotada pela Federação Espírita Brasileira em todo ter-ritório nacional).

Por entender a atualidade desta campanha e por esta obracompartilharosobjetivosdamesma,empregoomesmotítuloaestelivro.Maisdoquedifundirumaideia,éumaforma

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de homenagear o esforço de muitas pessoas na correta disse-minação da mensagem espírita.

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Agradecimentos

A Deus e a todos os grandes e maravilhosos amigos da es-piritualidade. A presença deles sempre foi essencial e constante ao longo desses anos de trabalho no Movimento Espírita.

Aoseducadoresespíritasque,dealgumaforma,partici-pam—ouparticiparam—doDepartamentodeInfânciaeMo-cidade do Centro Espírita Gabriel Ferreira. Em especial Álvaro Ramos da Silva — por estar presente em todos os momentos, deixandoavidamaisalegre—,CristianeSilvaeJoséEduardoRodriguesMartins,grandesparceiroseeducadoresquetorna-ram a caminhada mais leve, rica em aprendizado e feliz.

Aos trabalhadores e amigos do Centro Espírita Gabriel Ferreiraque sempreapoiaramaatividadee comemoramco-nosco as vitórias alcançadas, entendendo que a tarefa é de to-dos. Aqui destaco Alda Sandrim que, ao me oferecer a oportu-nidadedotrabalho,permitiuaumajovememiníciodeapren-dizadocolocarempráticaideiasinovadorasediferentesdoquesepraticavanomeioeMariaAparecidaRodriguesAlvarezporter vislumbrado em mim potencial para assumir o Departamen-to de Educação Espírita da Infância, na USE Regional São Paulo, pontodepartidaparameutrabalhonessesetornomovimentodeunificação.

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A todos os educadores espíritas infantojuvenis que pas-saram por cursos, palestras e seminários ministrados por mim (junto com a equipe da qual faço parte); aos que visitaram o Centro Espírita Gabriel Ferreira dando opiniões ou, simples-mente, ofertando o carinho tão necessário para prosseguir.

Aos amigos da União das Sociedades Espíritas de São Pau-lo, através de todos os órgãos, que acreditaram no meu traba-lho e me deram apoio e amizade. Entre tantos, destaco os ami-gosdaUSEVilaMaria,Maria IsabelMirandaquemeacolheuquando cheguei na USE São Paulo, dividindo comigo valiosas informaçõesobtidasemlongosanosdetrabalhoeouvindono-vas propostas. Agradeço também a Jeferson Betarello e Wladis-neyLopesporteremmeincentivadoaescreveressaobraeporterem lido e apresentado sugestões preciosas para o aperfeiço-amento do conteúdo.

À minha família que, compartilhando ou não de mi-nha crença, está sempre presente em minha vida, respeitan-do minhas opções e auxiliando quanto possível nos cami-nhosqueescolhopercorrer,emespecialdedicoàminhamãeDalva Rios Guimarães e ao meu pai, Abel Reis Guimarães (já desencarnado).

Finalmente, a cada criança e jovem do Departamento de Infância e Mocidade do C. E. Gabriel Ferreira pela permuta de aprendizado e amor que a convivência mútua possibilita.

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Introdução

Estelivronãotempretensãodeserdefinitivo,encerran-dotodasasrespostasàgrandeedifíciltarefadeeducarnossascriançasejovensàluzdaDoutrinaEspírita.Éumacontribuiçãobaseada em minha experiência pessoal, que começou a ser for-madaem1992,quandoinicieiestaatividadenoCentroEspíritaGabriel Ferreira, situado na Zona Norte paulistana, membro da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE).

O trabalho de Educação Espírita da Infância e Juventude foi minha porta de entrada na seara espírita, apesar de ser co-municadora por formação e atuação, representando um grande desafioemminhavida.Ainexperiênciaeopoucoconhecimen-to, na área, me levaram a, inicialmente, seguir o padrão esta-belecido no setor — que ainda está em vigor em muitas Casas Espíritas. Aos poucos, a observação criteriosa, um maior enten-dimento do trabalho e o aprofundamento doutrinário, somados àsminhascaracterísticaspessoais—planejamento,organizaçãoecriatividadeforamessenciais—melevaramaperceberane-cessidade de uma forma de atuação mais moderna e condizente com as peculiaridades das crianças e jovens desta nova geração.

Sempre com cautela, avaliação e com os parceiros ideais paraessetipodeiniciativa(semosquaisnossotrabalhonãote-

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riaatingidoopatamaratual),oCentroEspíritaGabrielFerreiraconseguiu estabelecer ao longo dos anos uma forma de atua-çãobastantediferenciadaequetemsereveladomuitopositivana formação de crianças e jovens.

Não demorou muito e começaram a chegar convites para apresentaressapropostadetrabalhopormeiodeoficinas,pa-lestras e cursos. Surgiram viagens por várias cidades do estado de São Paulo e até o envio de material para outros estados e países. A troca de ideias com outros educadores infantojuvenis espíritaseosaldopositivodatrajetóriatemdemonstradoque,apesar de ter muito a aprender, tenho informações para dividir com outras pessoas que, assim como eu, encaram este como um dos mais importantes trabalhos na seara espírita.

Nesse percurso os educadores espíritas da infância e ju-ventude — muitos transformados em amigos queridos — pas-saram a cobrar a publicação de uma obra contando essas ex-periências e projetos porque, segundo eles, o trabalho deveria chegar ao maior número possível de colaboradores do setor.

Inicialmente, atribuí esse pedido ao carinho conquistado no decorrer desses encontros. Contudo, com o tempo e a im-possibilidade de atender todos os pedidos de cursos, palestras eoficinasquechegavam,percebiqueesteseriaumexcelentecanal para dividir com os interessados conhecimentos adquiri-dos ao longo desse caminho.

Imagino que nesse momento muitas pessoas estão aden-trando à fascinante área de Educação Espírita Infantojuvenil e,provavelmente, muitas delas sentem-se despreparadas ou insegu-ras em relação ao melhor rumo a tomar. Para essas pessoas, bem comoparaasquesãosuficientementeabertasanovasideiasou,simplesmente, àquelas que desejam conhecer um pouco maissobreessaatividadetãofundamentalparaaCasaEspírita,paraoMovimento Espírita e para a sociedade é que direciono essa obra.

A desvalorização do trabalho por parte de grande número de Dirigentes e a pouca atenção dos pais dos educandos são

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apenas alguns dos obstáculos a serem transpostos. Além disso, adificuldadeemconseguirformarumgrupodetrabalhocoeso,afaltadetempoimpostapelavidamoderna,aaltarotativida-dedoseducadoreseosproblemasdocotidianonoscolocamdianteda fatídica pergunta:Vale a pena? A resposta é óbvia para todos os que insistem e transpõem as barreiras, colhendo o mais doce de todos os frutos: sim, vale a pena acompanhar o crescimento espiritual daqueles seres que são colocados em nossos caminhos, ainda que por breves instantes de sua vida.

Porexperiênciaprópria, seioquãodifícil é iniciarees-truturar um trabalho competente e sólido. Boa vontade, amor e conhecimento doutrinário são ferramentas essenciais para atingiresteobjetivo,massemdeterminaçãoededicaçãocorre- se o risco de ver os castelos desmoronarem, juntamente com a primeiraondadedesafiosaseremtranspostos.

Ressalto que o leitor não precisa concordar com tudo o que consta aqui. E mesmo concordando pode — e deve — to-marapenascomopontodepartida,adequandocadaideiaàsnecessidades da Casa Espírita em que atua e ao público com quetrabalha—cadaumcomsuasprópriascaracterísticas.

Se ao menos uma pequena parte desta obra puder ser útil,ficareifeliz.Porisso,convidoosleitoresadaremsuaopi-nião e dividir suas experiências, colaborando para que, juntos, possamos aprimorar cada vez mais o trabalho de Educação Es-pírita Infantojuvenil.

Que o Mestre Jesus possa nos fortalecer e mostrar sem-pre os melhores rumos no desenvolvimento desta tarefa que, para ser realmente espírita, só pode ser pautada nos ensina-mentoslegadosanóspelograndepedagogoeCodificadordaDoutrina Espírita, Allan Kardec.

Martha Rios Guimarães (Marthinha)São Paulo, novembro de 2011.

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Um pouco de história

Desde 1992, quando iniciei meu trabalho como educa-dora espírita infantojuvenil, o Centro Espírita Gabriel Ferreira, transformou-se em uma espécie de laboratório para mim, para osdemaistarefeirosquefazem—oufizeram—partedaequi-pedeeducadoresdaInstituiçãoeatémesmoparaeducadoresespíritas de outras Sociedades. Pessoas que vêm até o Gabriel Ferreira para conhecer nossa forma de trabalho, manusear nos-sos materiais e atestar que as informações passadas nos cursos foram, de fato, implementadas, obtiveram resultados signifi-cativos,podendosermensurados,adaptadosereplicadosemoutros grupos.

Entre os benefícios que essas visitas proporcionam, omais importante é fazer com que as pessoas percebam que é possível realizar um trabalho de qualidade — e pautado em Kardec—direcionadoàscriançaseaos jovens.Vê-lassaíremmotivadas e repletas de ideias para começar ou aprimorar otrabalhodestinadoaosmaisjovensé,paramim,motivodeex-trema alegria e uma verdadeira recompensa ao esforço direcio-nado a essa área.

Como esse trabalho vem sendo totalmente desenvolvi-do no Centro Espírita Gabriel Ferreira, acho oportuno fazer um

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breve resumo de sua história e alguns esclarecimentos, para queentendamosmelhoromotivopeloqualelesetornouumlocaldereferênciaparaatividadesinfantojuvenisespíritas.Elefoi fundado em 10 de agosto de 1948, fruto da mediunidade de sua fundadora Aparecida Faria, recebendo o nome “Gabriel Ferreira” para homenagear o mentor dessa senhora e também da própria Casa Espírita. Aos poucos, com a chegada do público, começaram a surgir reuniões de estudo, mediúnicas, de assis-tência espiritual e, paralelamente aos estudos e trabalhos dou-trinários,atividadesdeassistênciaepromoçãosocialespírita.

Documentos atestam que o Gabi, como é carinhosamen-teconhecido,foiumdosprimeirosaparticipardomovimentodeunificaçãopaulista,fazendopartedaUniãodasSociedadesEspíritas(USE)apartirdosanos50e,desdeentão,colaboranadifusão e preservação da Doutrina Espírita.

A preocupação com o trabalho de Educação Espírita In-fantojuvenil esteve sempre presente por parte da equipe espi-ritual. As atas de Diretoria registram informações importantes sobre esse tema: no ano de 1949, o Espírito Gabriel Ferreira cobra a criação de um trabalho voltado para a educação espí-rita das crianças. Em outras oportunidades a cobrança retoma, sendoqueem1953omentorvoltaa insistircomveemênciana implantação da atividade, levando ao surgimento das pri-meiras iniciativasno setor. Entreasdécadasde50e80mui-tastentativasforaminiciadas,porém,sempreficavamnomeiodo caminho – e, invariavelmente, o mentor da Casa voltava acobrara continuidadeoua retomadada tarefa.Noanode1992, o Departamento de Infância e Mocidade ressurge de forma tímida, porém firme, para ao longo do tempo figurarcomo uma das referências no trabalho espírita destinado ao público infantojuvenil.

AparticipaçãodoEspíritoGabrielFerreiranesseprocessoéextremamentesignificativa,principalmentequandoasleitu-ras das atas e outros registros históricos da Casa que leva seu

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nomedemonstramquenenhumoutrosetordaInstituiçãome-receu do mentor tantas cobranças e tanta ênfase na sua im-plantação e consistência. A últimamensagem deste queridoamigodoPlanoEspiritual,deu-seem2007,quandoincentivoua equipe de educadores do Centro, responsável pela elabora-çãoeapresentaçãodomódulointitulado“As crianças do futuro e o futuro das crianças”, no 13oCongressoEstadualdeEspiritis-mo, realizado pela USE Regional São Paulo e pela USE Intermu-nicipal Guarulhos.

Tenho grata satisfação, portanto, de fazer parte dessaCasa Espírita e de ter sido um dos elementos a atender ao cha-mado da Espiritualidade a estruturar e atuar na área de Educa-ção Espírita da Infância e Mocidade. Trabalho que contribuiu – e contribui sempre – para o meu crescimento pessoal, espiritual eprofissional.

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1. Educação Espírita

x Evangelização

“É notável verificar que as crianças educadas nos princípios espíritas adquirem uma capacidade de raciocinar precoce,

que as torna infinitamente mais fáceis de serem conduzidas. Isso não as priva da natural alegria, nem da jovialidade.”

Allan Kardec — Viagem Espírita em 1862

OobjetivoprincipaldestelivroédiscutiroEspiritismovol-tadoàs crianças e jovens, respeitandoaopiniãode todososque atuam na área, bem como dos Espíritas em geral. Contudo, para que as ideias a serem desenvolvidas nas próximas pági-nas possam ser captadas de forma adequada, faz-se necessário iniciar com a seguinte discussão: “Nós devemos Evangelizar ou Educar segundo a Doutrina Espírita”?

A princípio pode parecer que não há nenhuma divergên-cia entre essas duas nomenclaturas. Uma análise mais profunda e detalhada, porém, mostra que há uma diferença entre ambas e,acimadetudo,queéprecisodefinirqualdelaspretendemosenfocar no trabalho com os pequenos.

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ODicionáriodeAurélioBuarquedeHollandaafirmaqueEvangelizar significa “pregar o Evangelho; apostolar; difundir o Evangelho”.

Em outras palavras, o Evangelizador seria aquela pessoa que ensina o Evangelho para as crianças e jovens, limitando as reuniõesdaCasaEspíritadestinadasaessepúblicoaoconteú-do de O Evangelho segundo o Espiritismo ou, usando um ter-mo comum no meio espírita, oferecendo aos menores apenas a Moral Evangélica.

Percebo mesmo que há um grande número de tarefeiros e de Casas Espíritas que acreditam ser esse o único — ou prin-cipal—pontoaserenfocado.Osprincipaismotivosparaessaopção são:

• A crença (errônea, diga-se de passagem) de que as crianças só conseguem entender esses temas, supostamente mais simples (será?!);

• o trabalhador sente-se mais preparado para desenvol-ver esses temas por acreditar que são mais simples de serem abordados (de novo: será?!?);

•dificuldadedemudança,hajavistaqueotrabalhosem-pre foi baseado nesses temas e, muitas vezes sem perceber, a equipe mantém a mesma forma de atuação;

•associaçãodaatividadecomotrabalhodeAssistênciaePromoção Social Espírita.

Convém lembrar que a Doutrina Espírita, segundo definição do próprio Codificador é Moral (ou Religião), Fi-losofia e Ciência, tendo Kardec o cuidado de lançar cincoobras consideradas como base do Espiritismo, todas elastendo O Livro dos Espíritos como ponto de partida e com-plementares umas às outras. Assim, é possível concluir que para entender e ajudar outras pessoas a compreenderem o Espiritismo (sejam crianças, jovens, adultos ou o público daterceira idade) é necessário enfocar todos os seus aspectos — já que optar por apenas uma das partes no ensino doutri-

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nário é passar conhecimentos incompletos aos que buscam a Casa Espírita.

Seguindo o mesmo raciocínio, afirmar que o trabalhode Educação Espírita Infantojuvenil tem como meta o estudo da Doutrina Espírita e da Moral Evangélica, ao meu ver, é uma grande redundância, haja vista que a moral cristã ou Evangelho de Jesus está contido na base doutrinária.

As reflexõesacimameparecemsuficientespara repen-sarmosonomee,principalmente,oenfoquedadoàatividadeque a Casa Espírita oferece aos pequenos. Além de tratar-se de uma nomenclatura incompleta, Evangelização é apenas uma dasmuitasfacetasque—aomeuver—aatividadedeveofere-cer aos educandos.

Aolongodestaobraficarãomaisclarososmotivospelosquais considero o nome “Educação Espírita da Infância e Ju-ventude” mais apropriado ao trabalho, mas citarei como o mais importante o fato de que a criança e o jovem devem — e me-recem—teracessoàbaseintegraldaDoutrinaEspíritaeaosbenefíciosadvindosdesseconteúdoúnicoeinigualável,comoumtodo.Alémdomais,opróprioCodificadoraosereferiraoassunto usava o termo “educação”, como pode ser comprovado na frase que abre este capítulo.

Seiquemudançassãodifíceis,equemuitosoptarãopormanteranomenclaturaantiga,enraizadanosmeiosespíritas.Porém,esperoqueestecapítulotenhaservidoparareflexõesepara que os envolvidos no processo educacional espírita perce-bamquetêmemmãosumaatividademuitomaisgrandiosaecomplexa do que a princípio possa parecer.