Comentário Bíblico Wiersbe

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Comentário Bíblico Wiersbe Antigo Testamento Warren W. Wiersbe

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Antigo Testamento

Warren W. Wiersbe

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Comentário Bíblico Wiersbe

Volume I Antigo Testamento

Warren W. Wiersbe

Traduzido por Regina Aranha

Santo André, SP - Brasil2009

Wiersbe - Genesis.indd 3 08.12.08 10:40:15

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Copyright@ 1993 por Victor Books SP Publications, Inc.Publicado originalmente por Cook Communications Ministries, Colorado, EUA.Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados por Geográfi ca Editora Ltda

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Título original em inglês: Wiersbe´s Expository Outlines on the Old TestamentComentário Bíblico Wiersbe Antigo Testamento/Warren W. Wiersbe Rio de Janeiro: 2009

ISBN: 978-85-89956-63-51. Comentário bíblico. Teologia/ Referência

Editor ResponsávelMarcos Simas

Coordenação editorialAldo Menezes

Revisão TeológicaJefferson Magno Costa

TraduçãoRegina Aranha

Revisão de TraduçãoMaria Helena Penteado

Revisão de provasJosemar Pinto

CapaMagno Paganeli

DiagramaçãoPedro Simas

Impressão e acabamentoGeográfi ca Editora

1ª edição: Dezembro/2008

Os textos das referências bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2ª edição, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação específi ca.

GEOGRÁFICA EDITORA LTDAAv. Presidente Costa e Silva, 2151

Parque Capuava - Santo Andre – SP - Brasilwww.geografi caeditora.com.br

Wiersbe - Genesis.indd 4 17.12.08 11:15:33

688 páginas

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DEDICATÓRIA

Dedicado com grato apreço à memória do dr. D. B. Eastep (1900-1962), pastor amoroso e fi el, talentoso comentarista da Palavra, mentor devoto

para todos os pastores.

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Prefácio

Antigo Testamento: Notas introdutórias

GênesisÊxodoLevíticoNúmerosDeuteronômioJosuéJuízesRute

Livros históricos: Notas introdutórias

1 Samuel2 Samuel1 Reis2 Reis1—2 CrônicasEsdrasNeemiasEsterJóSalmos

ProvérbiosEclesiastesCântico dos CânticosIsaíasJeremiasLamentaçõesEzequielDaniel

Profetas menores: Notas introdutórias

OséiasJoelAmósObadiasJonasMiquéiasNaumHabacuqueSofoniasAgeuZacariasMalaquias

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SUMÁRIO

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O objetivo deste livro é guiá-lo por todo o Antigo Testamen-

to e oferecer-lhe a oportunidade de estudar cada livro e seus ca-pítulos estratégicos com a finali-dade de aprender como eles se ajustam à revelação completa que Deus nos deu de Cristo e sua obra redentora. Os estudos são conci-sos, práticos e especificamente úteis às aulas de escola dominical ou aos grupos de estudos bíblicos que queiram examinar a Palavra de Deus de forma sistemática.

Esses estudos nasceram das aulas que preparei para a Calvary Baptist Church, em Convington, Kentucky, em que ministrei de 1961 a 1971. O dr. D. B. Eastep, meu piedoso prede-cessor, legou-nos o “Curso de Estu-do Completo da Bíblia”, que guiava o estudante ao longo da Bíblia em sete anos: três no Antigo Testamento e quatro no Novo Testamento. Fazia cópias e distribuía as lições, semana a semana, aos alunos da Escola de Bíblia. No fi m, quando começaram a chegar pedidos de outras igrejas que queriam seguir o mesmo cronogra-

Prefácio ma de estudo, reuniram as lições em formato de cadernos. A Calvary Book Room, ministério de literatura da igre-ja, publicou-as. Milhares de cadernos com esses esboços foram distribuídos pelo mundo inteiro, e o Senhor aben-çoou-os de forma singular.

Quando decidi que já era tempo de publicar os estudos de forma mais permanente, contatei Mark Sweeney, da Victor Books, e ele fi cou muito feliz em trabalhar comigo nesse projeto. Revisei e atualizei o material, acrescentan-do uma seção sobre 1—2 Crôni-cas, que não havia no estudo ori-ginal; mas não houve mudança na posição teológica ou nas in-terpretações básicas.

Se você já usou qualquer dos volumes da minha coleção Comen-tário Bíblico Expositivo, reconhecerá uma abordagem semelhante nestes estudos. Entretanto, neste livro há material que não se encontra nessa coleção, e ele foca capítulos estra-tégicos, em vez de adotar a aborda-gem versículo por versículo. Mesmo se você tiver meu Comentário Bíbli-co Expositivo, achará este novo vo-lume útil para seus estudos.

Gostaria de registrar meu pro-fundo apreço à sra. D. B. Eastep, res-ponsável muitos anos pela Calvary Book Room, por supervisionar a pu-blicação e a distribuição do original deste livro. Ela e sua equipe aceita-ram essa difícil tarefa como um mi-

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nistério de amor, pelo qual o Senhor os recompensará grandemente.

Não posso nomear individual-mente todas as pessoas queridas da Calvary Baptist Church que partici-param da produção das lições origi-nais e depois dos cadernos, mas elas sabem que fazem parte deste proje-to, como também sabem que as amo e prezo o ministério de sacrifício de-las. Algumas delas estão no céu e sa-bem, em primeira mão, como Deus usou, em todo o mundo, estes estu-dos simples, cujo objetivo era ganhar o perdido e edifi car sua igreja.

Robert Hosack, meu editor na Victor Books, merece agradecimen-tos especiais por sua paciência e en-corajamento, em especial quando eu lutava para que o programa do computador funcionasse de forma correta para que pudesse editar ra-pidamente o material.

Por fi m, minha esposa, Betty, certamente merece uma coroa es-pecial para premiá-la pelas horas que me deu para o estudo bíbli-co e a escrita enquanto preparava este material. Não seria fácil para o pastor de uma igreja grande e em crescimento, pai de quatro crianças ativas, encontrar tempo para escrever estas lições; mas Betty estava sempre lá para man-ter a casa funcionando de forma tranqüila, para cuidar das chama-das telefônicas e das interrupções e para me encorajar a praticar a fi losofi a de Paulo de “mas uma coisa faço” (Fp 3.13).

Oro para que o Comentário bí-blico Wiersbe resulte em um minis-tério vasto e fecundo para a glória de Deus.

WARREN W. WIERSBE

Prefácio

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I. NomeA palavra “testamento” signifi ca “aliança” e refere-se a um acordo entre os homens ou entre Deus e os homens. O Antigo Testamento, no que diz respeito à Bíblia, é o registro da antiga aliança, a alian-ça que Deus fez com os judeus no monte Sinai; e o Novo Testamento é o registro da nova aliança que Jesus fez por intermédio de seu sangue. Do ponto de vista literá-rio, o Antigo Testamento inicia-se com Gênesis e termina com Mala-quias, enquanto o Novo Testamen-to inicia-se com Mateus e termina com Apocalipse. Entretanto, do ponto de vista doutrinal e dispen-sacional, esse não é o caso, pois a antiga aliança inicia-se, de fato, em Êxodo 20 e é posta de lado na cruz (Cl 2:14). A nova aliança inicia-se com a morte de Cristo e continuará com o povo de Deus para sempre. Em sentido amplo, podemos dizer que o Antigo Testa-mento é o registro da conduta de Deus com seu povo terreno sob a Lei, e o Novo Testamento é o re-

Antigo Testamento

Notas introdutórias

gistro do comportamento de Deus com seu povo celestial (a igreja) sob a graça. A linha divisória en-tre eles é a cruz, não a página em branco entre Malaquias e Mateus!

II. PropósitoMuitos cristãos evitam o Antigo Testamento, pois pensam que não há mensagens para eles nele ou que é muito difícil de entender. No entanto, por favor, percebam que o Antigo Testamento era a úni-ca Bíblia que Cristo, os apóstolos e a igreja primitiva possuíam. Quan-do Paulo refere-se às “Escrituras”, ele fala dos livros do Antigo Tes-tamento. Praticamente, os escritos do Novo Testamento referem-se a todos os livros do Antigo Testa-mento ou os citam. Considere o propósito quádruplo dos escritos do Antigo Testamento:

A. FundaçãoSe não fosse pelos registros do Anti-go Testamento, não teríamos nenhu-ma informação a respeito da origem do universo, da origem do homem, do início do pecado, do nascimento da nação hebraica ou dos propósi-tos de Deus para o mundo. Podemos traçar de volta à história do Antigo Testamento cada doutrina do Novo Testamento. Se quisermos interpre-tar de forma correta o Novo Testa-mento, precisamos compreender o registro do Antigo Testamento.

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B. PreparaçãoO Antigo Testamento revela a prepa-ração de Deus para a vinda de seu Filho ao mundo. Em Gênesis, vemos a necessidade de um Salvador e a promessa de que virá por intermé-dio da mulher, da nação judaica e da tribo de Judá. O resto do Anti-go Testamento amplia esses fatos e mostra como Satanás tentou destruir a nação judaica a fi m de evitar o nascimento de Cristo. Gênesis 3:15 indica que há duas “sementes” em confl ito no mundo, a semente de Satanás e a de Cristo, e, a partir de Gênesis 4, vemos esse confl ito.

C. Tipifi caçãoO Antigo Testamento é a galeria de quadros de Deus que mostra sua verdade em tipos e símbolos. Cada doutrina do Novo Testamen-to tem uma tipifi cação no Antigo Testamento. O cordeiro pascal, de Êxodo 12, é um retrato de Cristo (Jo 1:29; 1 Co 5:7). O tabernácu-lo do Antigo Testamento tipifi ca a ressurreição; a unção com óleo re-trata o Espírito Santo; etc. Quando estudar o Antigo Testamento, certi-fi que-se de usar a luz do Novo Tes-tamento para dissipar as sombras (Cl 1:17) e de procurar a pessoa e a obra de Cristo.

D. DemonstraçãoO Antigo Testamento é um livro prá-tico que mostra os fracassos e os

sucessos do povo de Deus. Vemos Deus demonstrar seu poder na vida das pessoas, mas também vemos o que o pecado e a incredulidade fa-zem às pessoas. Deus registrou es-ses pecados e sucessos para nosso benefício (1 Co 10:11). Quando ve-mos homens como Abraão, Moisés e Davi superarem seus problemas por meio da fé, sentimo-nos encora-jados e esperançosos (Rm 15:4). As orações de Salmos e os conselhos práticos de Provérbios ajudam-nos em nossa vida diária se confi armos e obedecermos.

O dr. Griffi th-Thomas, em seu excelente livro Methods of Bible Study [Métodos de estudo bíblico], afi rma que o Antigo Testamento é um livro de: (1) profecias não cum-pridas, (2) cerimônias não explica-das e (3) anseios não satisfeitos. No Novo Testamento, temos o cum-primento dessas profecias, a expli-cação dessas cerimônias e a satis-fação desses anseios, e, é claro, a realização de tudo isso acontece por intermédio do nascimento, da vida, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo.

III. AnáliseEncontramos, em cada divisão da Bíblia, acontecimentos históricos, experiência pessoal e expectati-va profética. O Antigo Testamento conta-nos a história do povo terreno de Deus, Israel, quando preparava o

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caminho para o nascimento de Cris-to, e o Novo Testamento conta-nos a história da igreja como o povo de Deus que vive para Cristo e aguarda com ansiedade o retorno dele. Você pode delinear as principais mensa-gens do Antigo Testamento como mostramos a seguir:

• Fundação (Gênesis—Deuteronô-mio): fundamento para o relato do restante da Bíblia.

• Demonstração (Josué—Ester): Deus em obra na vida dos indivíduos e das nações.

• Aspiração (Jó—Cântico dos Cân-ticos): o anseio do povo de Deus em busca de experiência pessoal com o Senhor.

• Expectativa (Isaías—Malaquias): profecias sobre o Cristo prometi-do e o justo reino de Deus.

IV. Princípios de estudo

A. Revelação progressivaO Antigo Testamento revela gradual-mente as verdades divinas, mas ape-nas atingimos a plena luz da verda-de de Deus no Novo Testamento. Por isso, tome cuidado para não construir doutrinas fundamentadas em versículos isolados do Antigo Testamento, especialmente de Sal-mos a Eclesiastes, e ignorar os ensi-namentos claros do Novo Testamen-to. Lembre-se do antigo adágio: “O Antigo esconde o Novo, e o Novo

revela o Antigo”. Os princípios de Deus não mudam, mas suas dispen-sações sim.

B. CristoNosso Senhor Jesus Cristo é a cha-ve para a Bíblia, e é impossível en-tender o Antigo Testamento sem o levarmos em consideração. Como Graham Scroggie habilmente ob-serva: “Cristo é profetizado no An-tigo Testamento, está presente nos Evangelhos, é proclamado em Atos, é mais bem compreendido nas Epís-tolas e predomina em Apocalipse”. No Antigo Testamento, as experiên-cias da nação judaica são os elos na cadeia que leva ao nascimento dele, em Belém. Cada tipo ou cada sím-bolo é um retrato dele. Olhe para Cristo, e o Antigo Testamento torna-se um novo livro para você!

C. Referências cruzadasSiga as referências cruzadas do Anti-go Testamento no Novo Testamento. Há muitas Bíblias em português com excelentes referências cruzadas. Tal-vez você queira adquirir a obra clás-sica de R. A. Torrey, The Treasury of Scripture Knowledge [O tesouro de conhecimento das Escrituras], um li-vro com quinhentas mil referências cruzadas que cobrem quase todos os versículos da Bíblia. Certifi que-se de estudar cada pessoa, evento ou dou-trina do Antigo Testamento à luz da revelação do Novo Testamento. Isso

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acrescentará toda uma nova dimen-são ao seu estudo.

D. ObediênciaNão basta estudar o Antigo Testa-mento e encontrar verdades mara-vilhosas sobre Cristo e sua salva-ção. Precisamos aprender as lições práticas e pô-las em operação em

nossa vida! “Toda a Escritura é [...] útil para o ensino [...], para a edu-cação na justiça...” (2 Tm 3:16-17), e isso inclui o Antigo Testamento. É maravilhoso compreender a ver-dade histórica, doutrinal e dispen-sacional, mas nosso estudo é vão se não levar à verdade prática, ao viver devoto.

Antigo Testamento: Notas introdutórias

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GÊNESIS

Esboço

I. História da humanidade em geral (1—11)A. Criação dos céus e da terra (1—2)B. Adão e sua família (3—5) Queda do homem (3)C. Noé e sua família (6—11) O dilúvio (6—10) A rebelião de Babel (11)

II. História de Israel em particularA. Abraão — o pai que deu seu fi lho (12:1—25:18)B. Isaque — o fi lho que recebeu uma noiva (25:19—26:35)C. Jacó — a carne versus o Espírito (27:1—36:43)D. José — a providência de Deus (37:1—50:26)

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I. Nome“Gênesis” origina-se de uma palavra grega que signifi ca “início” ou “ge-ração”. Mateus 1:1 traduz a palavra “gênesis” por “geração”. Gênesis é o livro das gerações ou dos inícios. Há dez gerações citadas no livro: os céus e a terra (2:4); Adão (5:1); Noé (6:9); Sem (11:10); Tera (11:27); Ismael (25:12); Isaque (25:19); Esaú (36:1); e Jacó (37:2). Gênesis, o ponto de par-tida para toda a Bíblia, registra para nós o importante início do universo, da história humana, da civilização, do pecado, da salvação, do sacrifício, do casamento e da família.

II. AutorEm geral, concorda-se que Moisés escreveu os primeiros cinco livros da Bíblia, chamados de “Pentateuco” (do grego penta, “cinco”, e teuchos, “o recipiente em que se guarda o li-vro”). É claro, Moisés não estava vivo quando ocorreram os eventos de Gê-nesis, mas o Espírito dirigiu sua escri-ta (2 Pe 1:20-21). Jesus considerava Moisés o autor desses cinco livros atribuídos a ele (veja Jo 5:45-47), e a autoridade de nosso Salvador é mais que sufi ciente para nós.

III. PropósitoAo ler Gênesis, observe que os pri-meiros 11 capítulos são gerais e

NOTAS INTRODUTÓRIAS sem muitos detalhes; ao passo que, a partir do capítulo 12, o restante do livro apresenta, com muitos de-talhes, a vida de quatro homens: Abraão, Isaque, Jacó e José. Como você observará no esboço de Gê-nesis, a primeira seção (1—11) trata da humanidade em geral e explica a origem do homem e do pecado, en-quanto a última seção (12—50) trata especifi camente de Israel. Isso indi-ca que o objetivo do livro é explicar a origem do homem e seu pecado e de Israel e o plano de salvação de Deus. Aliás, um dos temas-chave de Gênesis é a eleição divina.

Iniciamos com os “céus e a terra”, mas depois Deus escolhe lidar com a terra, não com os céus; a partir desse ponto, o tema é o plano de Deus na terra. Deus, ao escolher a terra, deixa de lado os anjos (até mesmo os anjos caídos) e os eleitos a fi m de lidar com o homem. Deus escolhe Sete (4:25) entre os muitos fi lhos de Adão. Deus escolhe Noé (6:8) entre os muitos des-cendentes de Sete (Gn 5), e, da famí-lia de Noé, ele escolhe Sem (11:10), Tera (11:27) e, por fi m, Abraão (12:1). Abraão tem muitos fi lhos; Isaque, po-rém, é a semente escolhida (21:12). Isaque tem dois fi lhos, Jacó e Esaú, e Deus escolhe Jacó para ser o recipien-te de sua graça.

Tudo isso revela a eleição bene-volente de Deus. Nenhuma dessas pessoas escolhidas era merecedora dessa honra; a eleição deles, como

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a de todos os crentes, resultou to-talmente da graça de Deus. Gênesis ilustra, em paralelo à graça eletiva de Deus, o maravilhoso poder e a magnífi ca providência de Deus. Os homens podiam desobedecer ao Se-nhor e duvidar dele, contudo ele go-verna e domina para alcançar seus propósitos. Se, em Gênesis, o plano dele fracassasse, séculos depois não nasceria o Messias em Belém.

IV. Gênesis e ApocalipseOs inícios registrados em Gênesis tive-ram seu cumprimento em Apocalipse. Deus criou o céu e a terra (Gn 1:1) e, um dia, criará um novo céu e uma nova terra (Ap 21:1). Satanás atacou primeiro o homem (Gn 3), contudo será derrotado em seu último ataque (Ap 20:7-10). Deus fez as trevas e a luz (Gn 1:5), mas um dia não haverá mais noite (Ap 21:23; 22:5), não ha-verá mais mares (Gn 1:10; Ap 21:1) e a maldição será retirada da criação (Gn 3:14-17; Ap 22:3). Deus expulsou o homem do jardim (Gn 3:24), mas o povo de Deus será bem-vindo no pa-raíso celestial (Ap 22:1ss), e a árvore da vida será restaurada para o homem (Ap 22:14). A Babilônia será destruída (Gn 10:8-10; Ap 17—19) e cumprir-se-á a promessa do julgamento de Sa-tanás (Gn 3:15; Ap 20:10).

V. Cristo em GênesisDe acordo com Lucas 24:27,44-45, encontramos Cristo em “todas as

Escrituras”. A seguir, apenas umas poucas referências a Cristo existen-tes em Gênesis.

1. A Palavra criativa — Gênesis 1:3; João 1:1-5; 2 Coríntios 4:3-7

2. O último Adão — Romanos 5; 1 Coríntios 15:45

3. A semente da mulher — Gê-nesis 3:15; Gálatas 3:19; 4:4

4. Abel — Gênesis 4; Hebreus 11:4; 12:24

5. Noé e o dilúvio — Gênesis 6—10; 1 Pedro 3:18-22

6. Melquisedeque — Gênesis 14; Hebreus 7—10

7. Isaque, o fi lho da promes-sa — Gênesis 17; Gálatas 4:21-31 (Isaque retrata Cristo em seu nas-cimento miraculoso, em sua dis-posição para morrer, em sua “res-surreição” [Hb 11:19] e ao tomar uma noiva. É claro, Jesus verdadei-ramente morreu e levantou-se da morte. Em Isaque, esses eventos são apenas simbólicos.)

8. O Cordeiro — Gênesis 22:7-8; João 1:29

9. A escada de Jacó — Gênesis 28:12ss; João 1:51

10. José — Gênesis 37—50 (Rejeitado por seus irmãos, amado do Pai; sofreu injustamente; exalta-do para reinar. Os irmãos de José não o reconhecem na primeira vez que o vêem, mas o reconhecem na segunda. Da mesma forma que Isra-el reconhecerá o Messias.)

17Notas introdutórias

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I. O CriadorNenhum cientista ou historiador pode aperfeiçoar esta afi rmação: “No princípio, criou Deus...”. Essa simples afi rmação refuta os ateístas, que dizem que Deus não existe; os agnósticos, que afi rmam que não podemos conhecer Deus; os poli-teístas, que adoram muitos deuses; os panteístas, que dizem que toda a natureza é Deus; os materialis-tas, que declaram que a matéria é eterna, e não criada; e os fatalistas, que ensinam que não há um pla-no divino por trás da criação e da história. Vemos a personalidade de Deus nesse capítulo, pois ele fala, vê, nomeia e abençoa. O cientista pode afi rmar que a matéria ape-nas “passou a existir”, que a vida “aconteceu por acaso” e que todas as formas complexas de vida “evo-luíram gradualmente” de formas inferiores, mas não pode provar isso. Admitimos que há mudanças em meio às espécies (como o de-senvolvimento do cavalo e do gato doméstico), mas não aceitamos que haja transformação de um tipo de

criatura em outra espécie. Por que Deus criou o universo? Com certe-za, não para acrescentar algo a si mesmo, já que ele não precisa de nada. Na verdade, a criação limita Deus, uma vez que agora o Eter-no confi na-se a trabalhar no tem-po e na história humana. A Palavra deixa claro que Cristo é o Autor, o Sustentador e o Objetivo da cria-ção (Cl 1:15-17; Ap 4:11). Cristo, a Palavra viva, revela Deus na Pa-lavra escrita e no livro da natureza (Jo 1:1-5; veja também Sl 19).

O que a criação revela a res-peito de Deus? A criação revela: (1) sua sabedoria e poder (Jó 28:23-27; Pv 3:19); (2) sua glória (Sl 19:1); (3) seu poder e divindade (Rm 1:18-21); (4) seu amor pelo insignifi cante homem (Sl 8:3-9); (5) seu cuidado providencial (Is 40:12ss). Nosso Se-nhor, quando estava na terra, viu a mão graciosa do Pai mesmo nas fl o-res e nas aves (Mt 6:25ss).

Em Gênesis 1, em hebraico, o nome de Deus é Elohim — o nome de Deus que o liga a sua criação. A raiz básica do nome é El, que sig-nifi ca “poderoso”, “forte”, “proe-minente”. Em 2:4, temos “SENHOR Deus”, que é Yahweh Elohim. Jeová é o nome de Deus na aliança e o liga ao seu povo. Este é o nome que ele deu quando falou com Moisés: “EU SOU O QUE SOU” (Êx 3:14-15). Isso signifi ca que ele é o Deus auto-existente, imutável.

GÊNESIS 1

Vamos nos restringir a algumas ver-dades principais que encontramos nessa importante passagem.

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19Gênesis 1

II. A criaçãoA existência dos anjos e a queda de Satanás são anteriores à cria-ção, pois os anjos (“fi lhos de Deus”) cantaram na criação (Jó 38:7). Na criação original, Lúcifer era o ser mais alto entre as criaturas criadas por Deus (veja Ez 28:11-19), mas ele quis usurpar o lugar de Deus (Is 14:12-17). Em Gênesis 3, já vemos Satanás em cena; portanto, sua que-da aconteceu antes disso.

A terra era “sem forma”, portanto Deus, nos três primeiros dias, formou o que queria. A terra estava “vazia”, portanto Deus encheu-a com o que havia formado. Deus expandiu os céus (“fi rmamento”) e encheu-os de estrelas e de planetas. Ele fez a terra e encheu-a de plantas e animais. Ele fez os mares e encheu-os de peixes e de mamíferos aquáticos. Ele criou a luz antes de iluminar os céus. Obser-ve o princípio de separação ilustrado na criação, pois Deus separou a luz das trevas, e os mares da terra (veja 2 Co 6:14-18). Observe também que todas as coisas vivas devem se repro-duzir “segundo a sua espécie”; não há qualquer sugestão de evolução gradual. Podemos criar tipos diferen-tes de gado, mas a partir de uma vaca não podemos criar uma rena!

O homem é a coroa da criação. Antes da criação do homem, hou-ve uma “conferência divina” entre as pessoas da Trindade, o que não aconteceu em qualquer outro es-

tágio da criação. Alguns anjos já haviam se rebelado contra Deus, e, com certeza, ele sabia o que o homem faria. Contudo, ele, em sua graça e amor, modelou o primeiro homem à sua “imagem” no que se refere à personalidade do homem — mente, vontade, emoção, liber-dade — mais que à aparência físi-ca. (Veja Ef 4:24; Cl 3:10.) Deu ao homem o domínio sobre a terra, a posição mais alta na criação. Isso explica o ataque de Satanás, pois ele (Lúcifer) já tivera essa posição e quisera outra mais alta ainda! Se Lú-cifer não podia ter o lugar de Deus no universo, ele podia tentar pegar o lugar de Deus na vida do homem. E ele foi bem-sucedido! O homem perdeu o domínio sobre o pecado (Sl 8 e Hb 2:5-18); contudo, Cristo, o último Adão, reconquistou esse domínio para nós (veja Rm 5). Je-sus, quando esteve na terra, provou que tinha domínio sobre os peixes (Lc 5; Mt 17:24ss), sobre as aves (Mt 26:74-75) e sobre os animais (Mt 21:1-7).

Originalmente, o homem era vegetariano, mas em Gênesis 9:3-4, isso muda. Foram dadas restrições alimentares aos judeus (Lv 11), mas hoje não há tais restrições (Mc 7:17-23; At 10:9-16; 1 Tm 4:1-5).

III. A nova criaçãoEm 2 Coríntios 4:3-6 e 5:17, se deixa claro que, em Cristo, Deus tem uma

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nova criação. Paulo utiliza imagens do relato da criação de Gênesis para ilustrar essa nova criação. O homem foi criado perfeito, mas se arruinou por meio do pecado. Ele torna-se pe-cador, “sem forma e vazio”, sua vida é sem propósito, vazia e escura.

O Espírito Santo inicia seu mo-vimento de persuasão no coração dos homens (Gn 1:2). Na verdade, a salvação sempre se inicia com o Senhor (Jn 2:9); qualquer peca-dor é salvo pela graça dele. O Es-pírito usa a Palavra para trazer luz (Sl 119:130), pois não há salvação sem a Palavra de Deus (Jo 5:24). E Hebreus 4:12 declara que a Palavra tem o poder de “separar”, trazendo à lembrança a ocasião anterior em que Deus separou a luz das trevas, e os mares da terra.

Os crentes, como os seres cria-dos em Gênesis, têm a responsa-bilidade de ser férteis e multiplica-rem-se “segundo a sua espécie”. Os crentes, em um paralelo à posição de domínio de Adão, fazem parte da realeza sob o governo de Deus e reinam “em vida” por meio de Cris-to (Rm 5:17ss).

Exatamente como Adão era o cabeça da antiga criação, Cristo é o cabeça da nova criação; ele é o úl-timo Adão (1 Co 15:45-49). O Anti-go Testamento “é o livro da genea-logia de Adão” (Gn 5:1) e termina com uma fala sobre uma maldição (Ml 4:6). O Novo Testamento é o li-vro “da genealogia de Jesus Cristo” (Mt 1:1) e termina com esta afi rma-ção: “Nunca mais haverá qualquer maldição” (Ap 22:3).

Gênesis 1