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    Provrbios

    CHARLES G. MARTIN

    Deus est presente, no importa se o invo-camos ou no. Assim dizia a placa na porta deJung em Zurique, e isso um comentrio ex-traordinrio acerca do seu estudo e servio humanidade. Algumas coisas simplesmenteso assim; os arqutipos reaparecem; a cura

    possvel. A citao tambm nos d uma pistapara a compreenso do livro de Provrbios.

    O Antigo Testamento hebraico divi-

    dido em trs sees a Lei, os Profetas eos Escritos, correspondentes aos trs tiposde lderes: o sacerdote, o profeta e o sbio(Jr 18.18). Mesmo o leitor casual sente queos Escritos so bem diferentes das outras duassees. H histria em Crnicas, Esdras

    Neem ias e Ester, mas no exatamentecomo a histria de Exodo ou dos dois livrosde Reis. Os salmos abrangem todo o AT,

    transmitindo forma cultual, experincia pes-soal, histria, pompa e sabedoria. H tam-bm J, Provrbios e Eclesiastes. Eclesiastes um livro breve e incomoda o leitor somentedepois de estudo detalhado e muita refle-xo. Mas h muito em Provrbios, e quantomais se convive com esse livro, mais a dife-rena se destaca na mente e se torna quasetangvel. Uma pista surpreendente o uso das

    palavras santo, santidade, que ocorremsomente trs vezes (v. comentrio de 20.25;30.3). Crnicas, Esdras e Neemias contmmuitas referncias santidade na maioriadas vezes em conexo com o lugar santo, oucom o povo santo, mas santo com refern-cia ao Deus que transcendente, glorioso e

    zeloso. Ester, de forma estranha e peculiar,no menciona Deus nem a santidade, embo-ra Deus esteja presente numa dialtica maissutil do que Marx seria capaz de imaginar. Jsegue o seu tema com menes ocasionaisde Deus e da santidade junto com sua preocu-

    pao com a angst(medo) e o sofrimento hu-manos. Eclesiastes mordaz e provocativo,um apndice para J. Mas Provrbios apa-

    rentemente muito piedoso, devoto e sen-sato. S lentamente se torna claro por que oeditor tem to pouco interesse na exclama-o dos serafins: Santo, santo, santo; adoraio S enhor na beleza da sua santidade; ou at(quando olhamos mais de perto) em qualquertipo de adorao (v. comentrio de 2.8).

    Provrbios trata da vida e de como vivla de forma sensata. O mundo foi feito pela

    sabedoria (cap. 8), e as pessoas que seguema sabedoria vo descobrir que o mundo com-bina com elas e estimula os seus esforos. Asabedoria o arquiteto de Deus (8.30), deforma que o temor do Senhor o primeiro

    passo para a sabedoria (9.10), o fundamentoe a origem de todo o conhecimento (1.7), e afonte da vida (14.27). A sabedoria, alis, que redige o manual, o manual de instrues

    da oficina de Deus. Se os tolos desprezam asabedoria, arruinam a sua vida de todas asmaneiras trgicas e diversas descritas em Pro-vrbios. Os que lem e praticam, que doouvidos ao sbio pai, vo prosperar no final,e em geral j agora tambm. E possvel que

    para melhor seguir as instrues do manual

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    Provrbios

    seja til conhecer o fabricante. Mas as pessoaspodem reconhecer a sabedoria sem reconhe-cer o Senhor cujo temor o seu princpio e,certamente, sem uma experincia pessoal desantidade. A sabedoria no nacionalista; no

    se menciona a reverncia e o pavor diante domonte em chamas e quase no h referncias aliana. E um livro para todas as raas. Re-flete o mundo da perspectiva do pragmtico.Os seus provrbios sbios e espirituosos fun-cionam. Eles funcionam porque assim queDeus estruturou as coisas. At mesmo se as

    pessoas no invocam esse poder criador, asua sabedoria criativa e sustentadora conti-

    nua a lhes dar um mundo em que opera asabedoria, em que as coisas fazem sentidopara o ser humano. Provrbios o rascunhoda graa comum. Alexander Maclaren o des-creveu como remdio porttil para as febresda juventude, e o que importa com um re-mdio que voc o tome, conhecendo omdico ou no. Provrbios reflete os escri-tos de sabedoria de muitos povos e nos lem-bra de forma nobre que todos os homenscompartilham algumas percepes comunsacerca de sua situao, sua condio huma-na. A sua sabedoria pode at ser praticadapelas razes erradas egosmo, porque asabedoria funciona mas como disseWilliam Temple: A arte da poltica arran-

    jar as coisas de tal forma que os interessesprprios favoream o que a justia exige .Os cristos talvez queiram seguir Provrbios

    por motivos mais profundos; ou talvez atconsiderem o seu lucro final insignificante.Outros talvez considerem Provrbios muitoligado a este mundo, com to poucas refe-rncias ao porvir que alguns comentaristasat negam que elas existam (v. comentriode 11.7). Mas at estes podem ler o livro com

    proveito e alegria, ou com um sorriso torci-do, com angstia e tristeza, e desfrutar demuitos ditos sutilmente equilibrados parafazlos pensar de maneira profunda acercado mundo e de seus habitantes to diversos.

    H ligaes concretas com palavras degrande significado no AT eqidade, reti-do (v. comentrio de 8.1521) e justia, pois

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    essas so verdades profundas acerca dos ver-dadeiros alvos e a direo correta do homem.O lema (1.7; 9.10) tambm mostra uma firmeligao com o restante das Escrituras. O te-mor do Senhor um conceito difcil de ser

    compreendido. Certamente no terror, nemum pavor diante do divino (v. comentrio de28.14). E uma percepo reverente da reali-dade, exatamente o oposto da arrogncia eda insolncia. E o reconhecimento de queh um limite para a escolha e as descobertashumanas. Von Rad o descreve como um li-mite sabedoria emprica; no limite, subme-tase a Deus; e McKane comenta que o

    temor no a limitao do prprio eu, masa descoberta do eu. As pessoas que gastamtodo o seu tempo desafiando a cerca noaprendem a desfrutar as bnos do campo.As pessoas que vivem no temor do S enhor descobrem uma ocupao que traz a liber-dade perfeita e uma confiana que lhes con-cede autonomia. O temor do S enhor guiouas parteiras israelitas no Egito (Ex 1.21) e ser-viu de base para a justia (Ex 18.21), as leishumanitrias (Lv 19.14,25; 25.17) e a monar-quia (ISm 12.14; 2Sm 23.3). Ele brilha nogovernante ideal (Is 11.2,3). No NT, essetemor novamente o reconhecimento apro-priado do homem de quem ele (Lc 12.4,5;2Co 7.1; Ef 5.21).

    Em IPe 2.17, encontramos a repetiode Pv 14.21, e a ordem Temam a Deus faz

    parte do evangelho eterno (Ap 14.7). Esse te -mor pode ser percebido de forma tmida earticulado de maneira insuficiente; o uso detemente a Deus como expresso de com-

    preenso ou compromisso mais fraco do quecristo um exemplo. Mas, invocado ouno, Deus est presente, e a sabedoria estem reconhecer isso. Nesse aspecto, o final

    do sculo XX enfrentou uma crise. O sensocomum de Provrbios um cimento socialbom e bemvindo. Mas uma sociedade queest cada vez menos certa da existncia eda presena de Deus descobre que a base damoralidade e da comunidade est se esface-lando. Os que apagam as estrelas no tmmais com que se orientar. Os cristos podem

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    Provrbios

    se alegrar com o fato de que, invocado ou no,Deus est presente e que h no homem umamente (v. 4.23) que pode responder.

    A f crist vai alm de Provrbios? Sim,na medida em que fornece uma motivaomais profunda. O conselho prudente de Pro-vrbios parece quase interesseiro em com-parao com o amor altrusta espontneo quese espera do cristo. Cristo traz no somenteuma nova motivao, mas um novo poder

    para pla em prtica (Rm 5.15). Por tudoisso, os cristos precisam de Provrbios sequerem ser astutos como as serpentes e semmalcia como as pombas (Mt 10.16), se

    que querem andar com sabedoria em relaoaos outros, no como tolos mas como sbios.Provrbios ainda descreve o mundo em quevivemos. E um bom manual, at mesmo paraos filhos do Fabricante.

    A utoria e dataA atribuio do livro a Salomo (1.1) o re-

    conhece como fonte principal e maior inspi-rao da sabedoria e da literatura em Israel.

    Durante seu reinado, foram estabelecidoslaos fortes com o Egito (lRs 3.1), e haviauma ampla troca de conhecimento e de idiasentre os sbios (lRs 4.31), como ocorre nasconfraternidades de cientistas nos dias de hoje.Os ttulos atribuem alguns grupos de pro-vrbios especialmente a Salomo (10.122;16 e 25.129.17, editado sob a direo deEzequias). So citados homens sbios an-

    nimos (22.1724.22 e 24.2324). Agur e Lemuel (30.1; 31.1) tambm so mencionados.Evidentemente foram acrescentados outrosditos (v. comentrio de 30.1). No podemosdeterminar exatamente em que estgio ocor-reu a edio final. Est se tornando cada vezmais evidente que a literatura sapiencial eraparte integrante do mundo antigo, e Kidnerargumenta que no caso de Provrbios todo

    o seu contedo pode ter existido, embora nocolecionado em um livro [...] j durante a vidade Salomo.

    Duas outras colees de sabedoria antigade interesse especial so o Ensino Egpcio deAmenemope e as Palavras Assrias de Ahikar.O primeiro pode bem ter sido anterior a

    Salomo; o segundo dificilmente pode serdatado antes de 700 a.C. Os dois contm pa-ralelos prximos, at literais, com os ditos dosbio (22.17ss; v. comentrio) e possveis alu-ses em outras passagens. O uso que Provr-

    bios faz deles, no entanto, sugere que o editorsentiu que poderia usar e modificlos comgrande liberdade, ou at que tinham sidoabsorvidos nas verses hebraicas da sabedo-ria comum do Oriente Mdio e usados desdeento, e no copiados servilmente de outrascolees.

    Outros comentaristas argumentam quehouve revises que fizeram um alinhamento

    crescente da sabedoria de muitas fontes (pre-dominantemente seculares) com a teologiaisraelita, e assim consideram referncias aSenhor revises posteriores. Mas embora

    possam ter havido revises secundrias e al-guns rearranjos, no h razo para duvidarmosdo fato de que em Israel a tradio sapiencialse desenvolveu e cresceu no contexto deDeus, o S enhor que criou todas as coisas, que

    conduz a histria e cujos olhos esto em todolugar, cuidando dos maus e dos bons.

    Texto e estiloO leitor talvez fique preocupado com a

    quantidade de notas de rodap (notas no co-mentrio) e talvez tema que, se foram neces-srias tantas emendas textuais nas notas derodap da NVI, o texto esteja num estadodeplorvel. Sempre h grandes dificuldades

    de traduo relacionadas tentativa de fazera ponte entre sculos e de tentar fazer issoentre culturas diferentes. No caso de epigra-mas, isso ainda mais difcil. Basta pensar emditos comuns como Deus ajuda quem cedomadruga. A fora dessas expresses est nasua brevidade. Mas, em virtude dessa brevi-dade, muitas coisas esto implcitas. A maior

    parte de Provrbios consiste em parelhas de

    versos, metricamente equilibradas, com trsou quatro palavras hebraicas cada um. A or-dem nem sempre importante, e s vezeso verbo omitido (v. comentrio de 10.6;27.19 p. ex.). Acrescentese a isso o fato deque muitas palavras so incomuns, talvez usa-das num trocadilho, o que torna a tarefa do

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    Provrbios

    tradutor realmente difcil. No de admirarque ele recorra a pequenas alteraes aqui eacol que parecem tornar o provrbio maisequilibrado, com sentido mais compreens-vel (v., e.g., comentrio de 12.12). A NVI

    e mais ainda a NTLH tomou a liberdadede modificar no somente as vogais, mas comfreqncia tambm as consoantes, especial-mente se alguma das verses (tradues gre-gas antigas etc.) apia a alterao. A VA tentouficar com o texto hebraico sempre que poss-vel. Neste comentrio, as dificuldades do textoso registradas, e sempre que a NIV ou a NEB(as verses em ingls) recorreram muito rapi-

    damente a uma verso ou emenda, chama-mos a ateno para outras possibilidades.

    O estilo mtrico e epigramtico. Em al-gumas ocorrncias, a JB (em ingls) capta issomuito bem (12.23; 16.1; 21.4), mas no con-segue manter esse padro em todo o livro. ANIV em ingls e, de forma semelhante, a NVIem portugus primam pela suavidade e in-teligibilidade do texto, o que transmite bem

    a anttese ou o paralelismo. Uma distinoprincipal de estilo literrio pode ser vista notipo de uso verbal. A chamada literatura defrases usa os verbos no indicativo, para afir-mar os dois lados de qualquer idia: A res-posta calma desvia a fria, mas a palavrarspida desperta a ira. assim que funciona.Pense a respeito disso. A literatura de ins-truo, por contraste, usa os verbos no im-

    perativo: No explore os pobres por serempobres, nem oprima os necessitados no tri-bunal . A distino pode ser vista claramenteno cap. 22 em que o estilo muda no v. 16.A literatura de instruo desenvolvida nos

    primeiros nove captulos para dar conselhosdetalhados e exortao na forma de um sim-ples imperativo, seguido de uma afirmaoexplicando a razo da instruo (v. coment-rio de 22.17).

    McKane identifica trs tipos na literaturade frases: ditados relativos educao do in-divduo para uma vida harmoniosa e bemsucedida; ditados relativos comunidade e oefeito sobre ela do mau e do bom comporta-mento por parte dos indivduos; ditados rela-tivos a Deus, o moralismo que deriva dapiedade javista .

    A classificao, no entanto, de interesse

    principalmente acadmico, e este coment-rio no tenta analisar os ditados segundo o seutipo ou tpico. O livro de Provrbios umacolcha de retalhos. Como disse um homemque comeou a ler um dicionrio: Interes-sante, esse livro fica mudando de assunto otempo todo. E exatamente essa mudanaque torna Provrbios uma leitura to praze-rosa e agradvel. Repetidamente, de todos os

    pontos de vista possveis, em todas as situa-es possveis, os princpios bsicos de vidavm em nossa direo; isso ocorre de ma-neira incisiva, triste, secreta, humorstica, di-reta, sugestiva; os provrbios so amigos quecom muito tato me convencem de quem eurealmente sou. O livro no foi escrito paraser lido numa sentada, como se devssemosentender a sua trama. Deve ser desfrutado

    em pequenas doses; deve ser lido e refleti-do, saboreado na mente; deve nos deixar in-trigados at que captemos o seu sentido; deveser lembrado como uma sacudida na cons-cincia ou um tempero na conversa.

    ANLISE

    I. INTRODUO E LEMA (1.17)

    II. CONSELHO E ADVERTNCIA DO PAI (1.89.18)1) Instruo paterna (1.819)2) O apelo da sabedoria (1.2033)3) Buscando e encontrando a sabedoria (2.122)4) As expresses da sabedoria (3.135)5) A herana preciosa da sabedoria (4.127)6) O que falso e o que real no casamento (5.123)

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    Provrbios 1.3

    7) Vida simples e honesta (6.115)8) Coisas que o S enhor odeia (6.1619)9) Mais advertncias contra o adultrio (6.2035)

    10) Mais advertncias contra a mulher adltera (7.127)11) A sabedoria apresenta a sua causa (8.19.18)

    a) O chamado da sabedoria (8.15)b)A sabedoria e a piedade (8.614)c) A sabedoria e a sociedade (8.1521)d) A sabedoria e a criao (8.2231)e)A lio reforada (8.3236)f) Dois convites e os seus resultados (9.118)

    III. OS PROVRBIOS DE SALOMO (10.122.16)

    IV AS PALAVRAS DOS SBIOS (22.1724.22)

    V MAIS PALAVRAS DOS SBIOS (24.2334)VI. A EDIO DOS PROVRBIOS DE SALOMO FEITA POR EZEQUIAS (25.129.27)

    VII. OS DITADOS DE AGUR E OUTROS (30.133)

    VIII. AS PALAVRAS DE LEMUEL (31.19)

    IX. A BOA ESPOSA (31.1031)

    I. INTRODUO E LEMA (1.17)

    O ttuloprovrbios d nome ao livro tantoem hebraico quanto em portugus, de Salomo uma referncia a ele como autor principal emaior inspirador desse tipo de literatura emIsrael. O hebraico msl, provrbio, tem nasua raiz o significado de comparao e usado com referncia tanto alegoria am-pliada de Ez 17.2ss quanto ao smile colo-rido de 10.26. E usado tambm em relao frase capciosa de ISm 24.13 ou at com refe-rncia ao escrnio (Is 14.4; Hc 2.6). A maio-ria dos ditados desse livro, no entanto, decomparaes no sentido de duas decla-raes que so postas lado a lado em formade anttese (e.g., 10.10,11,12,22) um parcontrastante para destacar uma diferena sig-nificativa ou sinnimos (e.g., 10.18)

    uma repetio potica ou, com menos fre-qncia, como uma evoluo (e.g., 29.1).Todos so lembrados com facilidade, e che-gam a ser simplistas, como manchetes denotcias edificantes.

    v. 1,2. O propsito da coleo afir-mado com uma lista fascinante de palavraschave. sabedoria: heb. hokmh, o termo geral,

    raramente usado tambm com o sentido de

    astuto (2Sm 13.3), mas em Provrbios sem-pre com conotao elogiosa, disciplina: heb.msr, uma das maneiras mais difceis de seconseguir sabedoria, com implicaes decorreo se necessrio (v. 22.15).palavras quedo entendimento', o verbo (bin) e o substan-tivo vm da raiz discernir. Essa a formaem que se capta a realidade de uma situao,distinguindo o que interessa do que peri-

    frico. v. 3. O contedo dessa instruo edessa percepo detalhado em quatro gran-des sees: asensatez (da raizskal, compor-tarse de forma sbia, como em ISm 18.30) considerada como sucesso e prosperidade(17.8). Possui a ambigidade da prudnciaou de saber lidar com todas as tentaes (Gn3.6) ou possibilidades de crescimento (21.11)que essa frase inclui. Talvez as palavras deJesus em Lc 16.8 dem um vislumbre disso.o que justo-, heb. $edeq, uma expresso da na-tureza de Deus, o padro pelo qual Deussustenta o mundo (Snaith) e muitas vezesocorre em conexo comju sto (m ispt), umapalavra que tem no uso secular o significadode costume (ISm 2.13), mas de forma

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    Provrbios 1.4

    geral usado mais como um pronuncia-mento, como o de um juiz e, predominante-mente, como referncia vontade de Deus(SI 19.9 e salmo 119 passim). correto-, heb.msrim, de uma raiz que significa reto,

    plano, destacando imparcialidade, que de-masiadas vezes faltava na justia da poca.

    v. 4. da r prudncia aos inexperientes:pru-dncia: heb. ormh, uma palavra que tem aconotao de astuto em escritos anterio-res (e.g., Js 9.4), mas tem um valor um poucomelhor em Pv (1.4; 8.5; 8.12) e contrastadaaqui com inexperientes (pty), os quais encon-tramos com freqncia em Salmos (19.7;

    119.130) e em Provrbios no com a im-plicao moral de tolo, mas certamente dealgum mal preparado para a vida real; inca-paz, ingnuo, quase um bobo. O paralelojoven s destaca e sublinha a inexperincia e aimprudncia que precisa de conhecimento(tdaat, uma palavra que em geral significainformao e experincia acumuladas, pos-sivelmente know-how e diferente de sabedo-ria, Ec 1.16) e de bom senso, uma palavra neutraque descreve a capacidade de planejar coi-sas para o bem (2.11) ou para o mal (12.2).

    No se tem em mente somente os inex-perientes e jovens. O sbio e o que tem discernimento vo aumentar o seu conhecimento(leqah) uma palavra relacionada a tomar,pegar, sugerindo que o conhecimento deve

    ser aceito de Deus. Ela est ligada ao pro-cesso, e no ao contedo do aprendizado obter orientao. Obter: (qnh, palavra comumente usada para se referir a comprar):v. 4.7 e comentrio.

    A seo termina com quatro tpicos a se-rem estudados e compreendidos: provrbios (como no v. 1),parbolas (o outro nico usona Bblia em Hc 2.6 sugere stira), ditados

    [...] dos sbios, que eram amplamente vene-rados no mundo antigo, e enigmas (perguntasdifceis ou capciosas, Jz 14.12; lRs 10.1; ouditados sombrios, SI 78.2).

    O lemav. 7. O conselho de Provrbios est re-

    sumido nesse lema to conhecido. O temor

    (yirh) do Senhor, como Provrbios vai nosensinar, no um pavor aterrador, mas umrelacionamento de reverncia, transparnciae obedincia que traz fora e vida (14.26,27) e o fundamento (prin cip io [Gn 1.1],

    base, e no comeo) de uma cosmovisocoerente e digna do ttulo conhecimento. Masos insensatos abraam tudo que contrrio aesse relacionamento encorajador e fortale-cedor. Eles so classificados em trs tipos emProvrbios (kestl, ewilcomo aqui, e nbl),mas todos so caracterizados por obstinaoe pela determinao insolente de no darouvidos sabedoria dos outros ou ordem

    de Deus. desprezam', esse verbo resume a suaatitude; se procurarmos a palavra desprezarnuma concordncia, vamos descobrir exata-mente o tipo de pessoas que Provrbios temem mente (Esa, Gn 25.34; Mical, 2Sm 6.16;Sambalate, Ne 2.19; Am, Et 3.6).

    II. CONSELHO E ADVERTNCIA DO PAI(1.89.18)

    1) Instruo paterna (1.819)v. 8. ...instruo de seu pai [...] ensino

    de sua me\ embora Provrbios descreva omundo do homem com conselhos para meu

    fi lh o (filhas so mencionadas somente umavez, 31.29), a me ocupa um lugar de honra erespeito. A famlia uma unidade de impor-tncia fundamental para o crescimento, a ins-

    truo e a disciplina. Nesse contexto seguro,o jovem em desenvolvimento pode adquirirreal adorno e recompensa (v. 9). O perigo

    perene que a alternativa seja mais atraentee os mausconsigamseduzi-lo (v. 10). O conse-lho no ceda fundamentado em um elemen-to tpico da sabedoria: a violncia cruel deles(v. 11) e os seus roubos (v. 13) so coloca-dos nos seus devidos lugares, e a tolice im-

    pensada deles exposta. At as aves (v. 17)conseguem lidar melhor com as suas neces-sidades do que esses homens que no con-seguem entender que armam emboscadas

    para eles mesmos (v. 18). A histria s temconfirmado a verdade do v. 19 desde ento(v. Lc 12.15).

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    Provrbios 2.12

    2) O apelo da sabedoria (1.2033)A sabedoria personificada (como em

    8.136; 9.16), acrescentando fora dramticaa uma splica urgente por ateno e uma

    busca sria por conhecimento e pelo temor doS enhor .

    O apelo amplo e pblico, nas praas pblicas; nas esquinas das ruas barulhentase nas portas da cidade, onde os negcios e asquestes causavam o encontro das pessoas.Os inexperientes (como no v. 4) e tolos (insensatos no v. 7) se juntam aoszombadores que apa-recem em todo o livro de Provrbios comocausadores de problemas. Eles so reprova-dos em virtude do desprezo intencional das

    ofertas da sabedoria (v. 24,25,29,30). O re-trato no de uma busca angustiante pelaverdade fugidia, mas da negligncia e da in-diferena em relao declarao aberta daverdade. A busca apavorada subseqen-te vai ser infrutfera (v. 2830), um princpioque pode ser ridicularizado, mas no evitado(2Ts 2.11,12). vou rir-me [...] zombarei (v. 26;v. SI 2.4) no uma indiferena cnica a pes-

    soas, mas a vindicao da sabedoria dianteda rejeio insolente. O elemento do des-

    prezo ou do escrnio no pode ser eliminadodo AT (e.g., SI 52.6,7), e o desejo de fazlo

    pode refletir uma atitude casual em relao verdade, e no verdadeira caridade.

    3) Buscando e encontrando a sabedo-ria (2.122)

    v. lss Os verbos aceitar(v. 1) [...]guardar

    (v. 1) [...] clamar (v. 3) [...]procurar(v. 4) somais do que simples paralelismo da poesiahebraica. Eles sublinham o envolvimento eos esforos necessrios tanto para se obterquanto para se reter a sabedoria. A compara-o comprata e tesouro destaca a apatia comque tantas vezes tratam as coisas realmentevaliosas, v . 5 . O temor do S enhor (comoem 1.7) com a sua reverncia e admirao

    est ligada ao conhecimento de Deus, visto queDeus revela a sua natureza e propsitos aosque o buscam.

    v. 6.Pois oSenhorque d sabedoria: maisuma vez (como em 1.24), Deus quem tomaa iniciativa. Ele requer dos receptores nohabilidade intelectual, mas atitudes morais

    de retido, irrepreensibilidade, justia e fi-delidade (v. 8,seus fiis, heb. hasidim, aquelesque demonstram hesed, amor leal para coma aliana; santos na ARA).

    No NT, os santos representam os hagioi

    que chamam a nossa ateno para a sua natu-reza separada. A LXX usa hagos para traduziro hebraico qds, que descreve a transcen-dncia de Deus (Is 6.3 etc.), e, quando apli-cado a pessoas, o termo significa o fato deserem separadas para Deus. Quando usado

    para se referir a coisas, destaca a separaoentre o que santo e o que profano. Provr-bios usa qds, santo, somente duas vezes

    (9.10; 30.3; a LXX traz hagios nas duas vezes),e qdes, santidade, uma vez (20.25 [con-sagrar na NVI], enquanto a LXX traz o ver-

    bo hagiaz, santificar). No pensamentojudaico posterior, a santidade foi identificadamais com obedincia e lealdade Lei (trh)e menos com pureza e separao cultuais.Assim, a lealdade Lei era a marca oficial doshasidim, de quem vieram os fariseus. Portan-

    to, para Provrbios, os hasidim (NVI: fiis)so os que so leais sabedoria de Deus. Pro-vrbios usa hesed(leal aliana) com fre-qncia (3.3; 11.17; 14.22; 16.6; 19.22; 20.6,28; 21.21; 31.26) em textos em que a LXXusa elemosyn (misericrdia) restringindoaa um relacionamento interpessoal, e no aorelacionamento com Deus. A NVI em geral

    traduz qdes no AT por santo, aquele que santo, mas no to coerente com hasidim fiel (2Sm 22.26), fiis (SI 32.6), pie-doso (SI 4.3), santos (SI 31.23). Gomo nocaso das bemaventuranas (Mt 5.312), a re-compensa (v. 9) recompensa somente paraos que j buscam essas qualidades morais(v. Mt 13.12).

    A poesia abre o leque das nuanas do pra-

    zer, da segurana e da orientao (v. 10,11).v. 12. o livrar apresenta mais um comen-

    trio penetrante acerca do mal com o seuprazere sua maldade particulares (v. 14; a formaem que o mal torce coisas boas transforman-doas em coisas ms; Provrbios destaca mui-tos exemplos; v. 6.12,13 e comentrio).

    91 1

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    Provrbios 2.16

    v. 16.Ela tambm o livrar da mulher imoral-. essa a primeira de vrias advertnciascontra a mulher imoral(5.323; 6.2035; 7.127; 9.1318) e apervertida. As duas palavrasso usadas em geral como referncia aos es-trangeiros ou forasteiros (Dt 14.21; lRs 11.1),mas, quando usadas no feminino como aqui,provavelmente significam apartada do ma-rido, i.e., adltera. Ela uma estrangeiratambm porque no alega ter direito afeioou ateno dos que ela seduz. A refernciaquele que desde a juventude fo i seu companheiroreforaria esse ponto de vista, e a aliana es-quecida seria uma referncia aos votos de ca-

    samento da Lei e da aliana (Ex 20.14). Menosprovvel o ponto de vista que v nesse tex-to uma censura infidelidade religiosa. A de-generao pessoal (v. 18,19) que segue apromiscuidade sexual destacada fortemen-te como um castigo, sem dvida ignorado comfreqncia naquela poca como hoje, mas quecontinua um fato moral mesmo se desconsi-derado (v. 7.2427 e comentrio).

    O v. 20 nos apresenta os benefcios dasabedoria, andar: caracteriza a perspectivaque o AT tem da vida piedosa. E o progres-so, na companhia dos homens de bem [...] nasveredas dos justos, com vantagens e desvan-tagens caractersticas habitaro [...] seroeliminados (v. 21,22). Seria ingnuo descar-tar essa avaliao simples como no realistaou considerla uma perspectiva materialista

    antiquada da vida. Independentemente doque o NT acrescente em termos de consi-deraes de natureza menos material, aindah evidncias contundentes de que, em ge-ral, a integridade rende mais do que o en-gano, e a justia, mais do que a maldade, atmesmo em termos humanos. O fato de queisso possa se tornar uma motivao impr-

    pria no razo para que se negue o princ-

    pio, e vamos encontrlo em todo o livro deProvrbios.

    4) As expresses da sabedoria (3.135)As recompensas da sabedoria e do temor

    do S e nhor tm grande importncia nessadescrio de como o ensino sbio do pai seexpressa na prtica. As bnos so diversas

    912

    e incidentais este o famoso paradoxohedonista segundo o qual o prazer e o bemestar no vm ao serem buscados mas ocor-rem incidentalmente na busca de algum outrovalor,prolongaro a sua vida [...]prosperidade(v. 2), sade [...] vigor(v. 8), felicidade (v. 13),segurana (v. 24) como tambm coisas maispalpveis como celeiros [...]plenamente cheios(v. 10) efavor de Deus e dos homens, e boa reputao (v. 4; cf. Lc 2.52; At 2.47; Gn 39.14). Aexpresso e realizao prtica da sabedoriarequerem lealdade e determinao (v. 3), con-fiana (v. 5) e humildade (v. 7).

    3.5. Confie no Senhor: o segredo do sbio

    est em confiar no Senhor. Essa confianadeve ser total e sincera (de todo o corao) eser manifesta em todos os seus caminhos umaexortao contra a piedade de meioexpediente que confia no prprio entendimentoquando os caminhos so aparentemente co-nhecidos. Reconhecer o Senhor (v. 6; o ver-

    bo comum para conhecer , como em 1.2)no mera concordncia, mas a percepo

    pessoal da existncia e presena de Deus queconduz obedincia e ao louvor (SI 100.3;Jr 31.34). ele endireitar as suas veredas , maisuma vez, recompensa somente para aque-les que querem o que direito (endireitarocorre novamente como tal recompensa em11.5; 15.21 e v. Is 45.13). v. 9.Honre oSenhor:as exigncias sacrificiais de Ex 23.19 e Dt26.911 eram exemplos de honra e respeito

    apropriados (heb. kbadcomo Ex 20.12). Amaneira em que tratamos as nossas posses

    pode ser formal ou cerimonial, mas pode sertambm uma expresso da nossa alta estima

    por Deus. E a motivao que conta (Mc 12.4144; 2Co 9.7). v. 11 .a disciplina do Senhorfazparte da vida de quem teme a Deus assimcomo os celeiros cheios (v. 10) e uma marcado amor e do carinho nesse relacionamento,

    como destaca a citao em Hb 12.5,6. O elo-gio da sabedoria (v. 1320) celebra o fato deque ela apropriada tanto para o homemcomo para Deus. Para o homem, ela rvoreque d vida (v. 18). Em Provrbios, como noAT em geral, isso inclui mais do que longe-vidade. E uma metfora da qualidade e da

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    Provrbios 4.23

    realizao na vida (19.23) e um smbolo decrescimento, vio e fertilidade. No S enhor ,podemos ver a sabedoria na sua obra da cria-o (v. 19,20; cf. 8.2231 e comentrio), terra[...] cus [...]fontes profundas no precisam ser

    foradas a representar uma cosmologia de trsnveis. Para os antigos, como para Paulo (Rm1.20) e muitos cientistas modernos ou os ha-

    bitantes celestiais (Ap 4.11), a criao podeat resistir descrio exata e mesmo assimdespertar louvor.

    No cotidiano, a sensateze o equilbrio in-fluenciam atitudes e aes tanto na intenoampliada quanto no ato especfico, voc segui

    r o seu caminho em segurana (23; 4.26) ex-pressa uma metfora conhecida do AT. Avida temente a Deus um progresso cons-tante, um estilo de vida caracterstico omesmo ocorre com o contrrio, o caminho dosmaus (2.12; 4.10; cf. SI 1.16) que no pre-cisa ser transtornado pela calamidade repentina(v. 25), visto que o resultado est nas mosdo S e n h o r (v . 26). Essa confiana demons-

    trada por meio de uma vida reta e ponderada(v. 27,28; cf. Lv 19.13), um relacionamentohonesto com o seuprximo (v. 28,29; 24.28;25.9) e retido (v. 32) em que no h neces-sidade para se ter inveja daqueles cujos ata-lhos de violncia, zombaria ou tolice vo darapenas em desgraa (v. 35).

    5) A hera na preciosa da sabedoria

    (4.127)v. 3,4. meu pai [...] me ensinava: subli-nhase aqui o princpio veterotestamentriode que verdade e histria so mantidos e per-

    petrados por meio da famlia. A nossa era derpidas mudanas e transformaes faria bemem reaprender a lio da obedincia aos mandamentos imutveis para ter a vida como re-compensa. Assim, o pai insta o filho a valorizar

    sua herana e se esforar para se apropriardela. v. 7. use tudo o que voc possui para adquirir entendimento: adquirir traduz o verbogeralmente traduzido por comprar. Esseadquirir algo que tem preo e requer noa habilidade acadmica, mas a disposio

    para fazer o esforo de aprender e praticar

    o que correto. Os v. 1019 desenvolvem otema veterotestamentrio dos dois cami-nhos (v. comentrio de 2.20; 3.23). v. 11.caminho da sabedoria [...] veredas retas\ con-trasta com vereda dos mpios [...] caminho dos

    maus (v. 14). Nos dois casos, h um compro-misso com uma direo, um estilo de vidaregular e constante. H uma objetividadeclara acerca disso em todo o livro de Provr-bios, algo completamente diferente da sub-jetividade moderna que permite que cadapessoa escolha por si mesma. No importa oque cada um pense (14.12), isso no muda arealidade. O S enhor o rbitro final (v. co-

    mentrio de 5.21; 15.9; 16.2). Jesus usa afigura em Mt 7.13,14. Aprender um pro-cesso de duas vias. Eu o conduzi [...] e o encaminhei (v. 11) descreve o investimento decuidado e tempo por parte do instrutor; aceite(v. 10), Apegue-se [...] (v. 13), 'Veja bem poronde anda (v. 26) so expresses que descre-vem a participao e envolvimento por partedo aprendiz. H uma urgncia nesse texto

    que desafia a negligncia ou a indeciso naeducao moral. v. 18,19. a luz [...] densastrevas: um contraste bblico fundamental, ricoem significado (Gn 1.18; 2Co 4.6; Jo 1.5; 3.19).O crescimento constante na luz d esperanae traz realizao; a ironia trgica do v. 19b caracterstica de diversas maquinaes esper-tas dos maus desde aqueles dias at hoje.

    Os versculos finais repetem a necessidadedo envolvimento pessoal, a dedicao com-pleta do corao, da fala, dos olhos e dos psno caminho da sabedoria. A nfase na im-portncia das palavras reflete a mensagemfundamental de Dt 8.3. E nisso que consistea vida, e no em coisas materiais. Por isso, opedido urgente: Nunca as perca de vista (v.21), Afaste da sua boca as palavras perversas

    (v. 24), Olhe sempre para a frente (v. 25), Vejabem por onde anda (v. 26),No se desvie (v. 27).

    v. 23 .guarde o seu corao esse versculono ensina a circulao do sangue (antes deWilliam Harvey!), mas a importncia da men-te inabalvel. O corao (heb. lb) no o cen-tro das emoes ou da afeio, mas o centro

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    f

    Provrbios 5.1

    da personalidade, das decises, da compreen-so; assim, s vezes a NVI traduz por juzo(6.32; 7.7). Por isso, dele depende toda a suavida (porque dele procedem as fontes davida, ARA), para o bem ou para o mal

    (Mc 7.2123; Fp 4.7). Esse versculo talveztenha sido a escritura qual Jesus se refe-riu em Jo 7.38.

    6) O que falso e o que real no ca -samento (5.123)

    O pai mais uma vez exorta o filho quanto seduo da mulher imoral(v. 3) e sua vozsuave e atraente (v. 2.16 e comentrio), v. 4.mas no finalleva a uma reflexo fundamental.

    O prazer e a fascinao instantnea cegam oincauto para a dura realidade. A sabedoria no

    pesa somente o ganho imediato, mas o final(Nm 23.10; SI 37.37,38; 73.17; Pv 5.11; 14.12etc.). v. 5. os seus passos conduzem diretamente

    para a sepultura (ou Sheol): a antteseveterotestamentria da vida, no necessaria-mente com a idia de tormento, como ogeena do NT, mas de futilidade, inativi-dade, morte (cf. 1.12; 7.27; 9.18; 15.11,24;23.14; 27.20; 30.16). O v. 6 talvez seja umareferncia ao pupilo (na AGF, o sujeito tu)ou adltera (ela, na NVI) o verbo nohebraico no distingue as duas formas. Dequalquer maneira, h aqui uma resposta ne-gativa a ser considerada, um estilo de vidasem propsito (ela caminha sem rumo,

    NTLH). Ela nem percebe: um exemplo de 4.19(ela no se importa, na NEB, seria um usoincomum do verbo).

    v. 7. Agora, ento, meu filho: a exortaose amplia para incluir, talvez, os homens ca-sados mais estveis como tambm os jovensincautos. A falta de castidade tolice agorae runa mais tarde. Por isso, Fique longe dessamulher(v. 8) corresponde ao manter o bom

    senso do v. 2. E necessria a contnua autodisciplina. os seus lbios guardaro o conhecimento (v. 2) e oua-me (v. 7) sugerem a foraque os pensamentos e as idias tm para con-duzir ao, como Jesus ensinou de formamuito clara em Mt 5.2729. Gn 38.16 e39.12 ilustram muito bem o ensino do autor.

    As conseqncias desse mal so detalhadas:perda da reputao (v. 9), perda das posses (v.10, ou porque o marido legal exige reparaode prejuzos, ou porque presentes valiosos sodados amante), depresso (v. 11, no neces-

    sariamente doena; v. SI 73.26), conscinciapesada (v. 12,13) e desgraa pblica (v. 14).v. 9b.sua vida: a NVI segue o TM; hon-

    ra, na NEB, segue uma emenda textual.homem cruelocorre tambm em 11.17; 12.10.17.11. Kidner sugere aqui chantagista. Porcontraste, os v. 1520 celebram a satisfaoe os benefcios do verdadeiro casamento. Opadro Beba [...] deixar[...] sejam [...] seja (v.

    15,17,18,19) mantido de melhor forma aose traduzir o v. 16 como conselho, e no como

    pergunta (assim NEB: no deixe que a suafonte transborde pelas ruas). O texto usaento as imagens da cisterna, dasfontes, dosribeiros para descrever a satisfao sexual nocasamento, e no a futilidade da promiscui-dade. Os v. 18,19 compartilham o prazer evi-dente da realizao fsica no casamento (cf.Gt 4), e isso sugere que a NVI est certa emtraduzirseios, em vez de afeio (RSV se-guindo a vocalizao alternativa como em7.18), contrastando de forma mais clara como v. 20. Os v. 2123 ligam essas considera-es prudentes com o fato de que o Senhorv os caminhos do homem. Ele examina todos os

    seus passos: o verbo sugere avaliao, pesa-

    gem. Muitas vezes, o texto bblico se refereao governo moral de Deus dessa forma, comose ele estivesse observando a realizao ine-xorvel das cordas do [...] pecado do mpio(v. 15.3; lRs 16.7 etc.; 2Cr 16.9; SI 34.15). A

    NEB transpe 6.22 para ser lido entre 5.19 e5.20, mas no h evidncia textual para isso.

    7) V ida simples e ho ne sta (6.115)Trs pargrafos vvidos advertem o jovem

    a evitar a responsabilidade por dvidas deoutros, a trabalhar com diligncia nos seus

    prprios negcios e a ser honesto. Provrbiosse posiciona claramente contra algum tor-narsefiador do seu prximo (17.18; 22.26,27)ou de um estranho (11.15; 20.16). Tomar ga-rantias era uma precauo natural (Gn 38.17),

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    Provrbios 6.32

    particularmente talvez com mercadores es-trangeiros, mas no mundo antigo os em

    prestadores eram capazes de fazer negciosaltamente rentveis para eles, e a lei israelitatentava controlar os abusos (Ex 22.2527;

    Dt 24.6,12,17), mas essas leis eram negligen-ciadas com freqncia (Am 2.8; Ne 5). Numacomunidade agrcola, mais at do que na nos-sa, a falta de condies de pagar uma dvidapoderia ser o destino dos mais bemintencionados; assim, Provrbios ensina a precauo.Aspalavras que voc mesmo disse podem tor-nloprisioneiro do que falou , assim apresseseem resolver a pendncia (6.2,3). Isso no sig-

    nifica que deva haver indiferena insensvels necessidades do prximo (ou inimigo,25.21), mas qualquer ajuda deve ser volunt-ria e proporcional aos recursos.

    v. 6. Opreguioso um dos retratos bemdesenhados (at com certo exagero) que Pro-vrbios usa para ensinar uma lio (6.6,9;10.26; 13.4; 15.19; 19.24; 20.4; 21.25; 22.13;24.30; 26.1316). Desajeitado, sempre pro-curando desculpas, indiferente, sempre toa, ele o oposto de tudo que Provrbiosensina sobre algum que progride na vidade forma propositada, organizada e diligen-te como &formiga. Acerca do uso da histrianatural por parte dos sbios antigos, v. 30.2431; lRs 4.2934.

    v. 12.Anda [...] dizendo coisas maldosas: a

    AGF traz tem a boca pervertida. O gesto ea piscadela que acompanham essa boca for-necem um exemplo excelente da perversi-dade que Provrbios lamenta (v. 2.14). Oprazer e a segurana da conversa natural sotorcidos para enganar os outros e acabam tra-zendo desgraa sobre o que semeia essa dis-crdia. O resultado trgico desse tipo decomportamento vem repentinamente, e ele

    ser destrudo irremediavelmente. O perverso traduo do hebraico homem de Belial(homem sem carter, 16.27; mpios,19.28). O mal o vazio, a ausncia da digni-dade e do bem. No NT, Belial usado comoreferncia ao Diabo em oposio plenitudede Cristo (2Co 6.15).

    8) Coisas que o Senhor odeia (6.16-

    19)

    O AT deixa muito clara a oposio deDeus ao mal (Dt 16.22; Is 1.14; Am 5.21), eo seu povo chamado a tambm tomar ati-

    tudes firmes semelhantes dele (SI 139.21;Pv 8.13; Am 5.15). que ele detesta-, expressa arepugnncia e a indignao com as coisasmencionadas. Na busca pela palavra detes-ta, detestvel na concordncia, destacase o sentido de coisas que violam a decnciahumana, a vida em comunidade e a base davida como estava nos propsitos de Deus.Assim, os sete males destroem a sociedade

    por meio do mau uso das boas capacidadesdos olhos, da lngua, das mos, do corao, dosps, da testemunha e da confiana.

    9) Mais advertncias contra o adult

    rio (6.20-35)

    Os v. 2035 formam uma introduo aopensamento srio e ao propsito bem defini-do, disposio de obedecer aos mandamentos, ao ensino e s advertncias. (A NEB transpe

    6.22 para depois de 5.19; v. comentrio de5.19.) v. 23. lmpada [...] luz-, cf. SI 119.105;essas palavras seguem a metfora de 4.18,19e descrevem de forma vvida a maneira emque os mandamentos revelam a verdadeiranatureza das palavras lisonjeiras da mulherimoral(NVI segue o TM; a NEB, mulherde outro homem, segue a LXX; uma pe-quena emenda resultaria na mesma frmula

    de 2.16; 7.5). Est claro, com base no v. 26,que no se tem em mente aqui um contatocasual, mas o adultrio bem definido (heb.mulher de um homem). No cobice em seucorao-, (v. 25) chama a ateno para o tempoantes do ato, como faz o N T (Mt 5.28; Mc7.21; Tg 1.14,15). v. 26a. A NVI uma ten-tativa de dar sentido a uma linha de difcilcompreenso, v. 32. Mas o homem que cometeadultrio no tem juzo resume a torrente deanalogias de advertncia nos v. 2735. Comoem 5.1014, o prazer momentneo no podeser comparado com a desgraa permanente(v. 30,33), a fria e a possvel vingana domarido indignado (v. 34,35) nem com ocastigo, a si mesmo se destrr. talvez seja uma

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    Provrbios 7.1

    referncia pena de morte (Dt 22.22), em-bora no haja evidncia de que isso fosse pra-ticado com freqncia, se que foi algumavez.si mesmo: hebraico nepes\ cf. 1.18 (alma,ARG), uma palavra inclusiva, no um esp-

    rito destacvel, mas antes fora da vida, oque torna o homem uma pessoa. V. Mc 8.36,37 acerca de dificuldades de traduo seme-lhantes no NT.

    10) Mais advertncias quanto a m u-lher adltera (7.127)

    O tema desenvolvido por meio de umpoema dramtico que mostra como indefe-so o jovem inocente que est procura de

    prazer ao se encontrar com a mulher astutaque preenche as suas horas vagas com se-duo refinada e sofisticada enquanto seumarido est distante. Da o apelo insistente:Obedea aos meus mandamentos, e voc ter vida(v. 2). A educao moral que pe toda a res-ponsabilidade e deciso sobre os ombros dosjovens poderia apre nder muito com esseconselho direto, at autoritrio. A experin-

    cia pode produzir no jovem habilidade e ma-turidade para fazer juzos (Hb 5.14), mas umaboa base e estrutura podem proteglo (v. 5)e no devem ser desprezadas.

    O poema descreve a seduo, branda esuave como a propaganda moderna. H atum toque religioso (v. 14). A oferta de paz(.sacrifcios de comunho\ v. Lv 7.16) deveriaser consumida no mesmo dia, e por isso amulher precisa de companhia. Ela ofereceao amante desdenhoso mas prudente a cer-teza de que seu marido est bem longe. Oretrato atraente esmigalhado com a com-parao como o boi levado ao matadouro (v. 22).Mostrase assim que o prazer e o amor pro-metidos so imitao sem graa e sem gosto,v. 23. isso lhe custar a vida\ heb. nepes (v.

    comentrio de 6.32; 2.18); mesmo que noseja castigado com a morte, nunca mais ser omesmo homem. Em ICo 6.1220, a argumen-tao ainda mais forte em relao a cristosnuma sociedade sexualmente to promscuaquanto a nossa ou a de Provrbios. O cos-tume ou a tolerncia no podem tomar corre-tos relacionamentos que so pervertidos, nem

    91 6

    podem desfazer as conseqncias fsicas epsicolgicas.

    v. 2427. Aqui tambm se destaca a mo-ral. No deixe que o seu corao se volte para oscaminhos dela\ no subestime o poder de uma

    mulher sedutora (v. 26), mas enxergue as con-seqncias trgicas alm da atrao passageira.

    11) A sabedoria defende a sua cau sa(8.19.18)

    A seo introdutria (1.89.18) terminacom uma declarao positiva de grande im-pacto, reunindo e ligando as pistas espalha-das em toda a seo (1.2023; 3.1320). Agora

    j no por contraste com o que perverso e

    distorcido, mas de maneira franca e direta asabedoria declara que se harmoniza perfeita-mente com o Universo, que evidentemente a chave para a vida e a compreenso detudo, assim como foi fundamental para a suacriao (v. 22). A sabedoria faz o homem serverdadeiramente humano (v. 3236) em co-munho aberta e com contentamento pleno.

    a) O chamado da sabedoria (8.15)Acima das conversas tolas de todo tipo deavareza e ganncia, asabedoria est clamando(v. 1). Para despertar as pessoas do seu baixonvel de satisfao, o discernimento precisa er-guera sua voz. Gomo em 1.20, o chamado amplo (v. 2,3): homens, em geral, e at inexperientes e tolos (v. 5), so desafiados a prestarateno, pois essa sabedoria no nenhum

    sistema filosfico esotrico, mas bom sensosimples e realista. Ela est relacionada a pa-dres morais (v. 614), ao propsito e alvoda vida social e pessoal (v. 1521) e a umareao adequada de admirao e adoraodiante do Universo nossa volta (v. 2231).

    b) A sabedoria e a piedade (8.614)A descrio da sabedoria tem uma quali-

    dade restauradora e refrescante como a brisado mar depois da atmosfera empoeirada domundo que s maquina a maldade. Palavrasde grande impacto tornam a lio muito clara...do que certo\ heb.ysr, uma palavra impor-tantssima no AT, o justo de 2.7; 3.23; basepara o que correto em 1.3; o padro se-gundo o qual tudo julgado (SI 19.8; lRs 15.11

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    Provrbios 8.22

    etc.). H objetividade e intencionalidade nasabedoria bblica que contrasta com a confu-so de grande parte do oportunismo do s-culo XX. v. 8 .justas-, heb.sedeq como em 1.3;v. comentrio, v. 9. retas-, como em 24.26;2Sm 15.3; Is 30.10, a verdade simples e b-via, mesmo que intragvel, v. 13. odiar o mal\v. comentrio de 6.16. A NEB rebaixa o v.13a a uma nota de rodap, possivelmentecomo uma glosa de 3.7 ou 16.6, mas no hevidncia nos manuscritos, nem evidncia

    para que se exclua a referncia ao Senhordessa ampliao da sabedoria. Nomes fami-liares so lembrados como nomes da sabe-

    doria, aqueles que compartilham da sua casa:prudncia (como em 1.4), conhecimento (1.4),bom senso (1.4),sensatez(2.7), entendimento (1.2)e ainda se acrescenta o conselho sensato (con-selho oferecido gratuitamente, mas tempe-rado pela sua fonte; lRs 12.13,14; SI 1.1;33.11; os homens maus ainda assim podemter o poder de dar bons conselhos, 2Sm 16.23)epoder(a fora ou energia para fazer as coisas

    acontecerem, embora com dificuldades emvirtude da falta de sabedoria, Ec 9.16) parafornecer uma caixa de ferramentas equili-brada e diversificada para lidar com as ques-tes da vida.

    c) A sabedoria e a sociedade (8.1521)A maioria dessas qualidades pode ser vis-

    ta no governante ideal de Is 11.2,3, um beloexemplo do que ocorre quando reis governam

    egovernam os nobres por intermdio da sabe-doria. As recompensas desse governo sbioso riquezas e honra, prosperidade e justia (Is11.49). Asabedoria a raiz da qual brota ariqueza, e por isso ela mais valiosa do que osseus frutos. A comparao com ouro eprata(v. 10,19), geralmente considerados coisasdurveis e valiosas, destaca o real valor do que intangvel e duradouro (em comparao com

    isso, eles so perecveis; IPe 1.18).d) A sabedoria e a criao (8.2231)Muitas vezes se l esse texto como se

    fosse uma referncia proftica a Cristo, a sabe-doria de Deus (ICo 1.24) e Palavra por meioda qual todas as coisas foram criadas (Jo 1.13).H uma forte ligao no desenvolvimento

    do pensamento judaico entre esse texto, pormeio de dois livros apcrifos (Eclesistico 24e Sabedoria 7), e Flon de Alexandria (inciodo sculo I), o qual tentou combinar as cosmovises hebraica e grega com a idia do

    princpio da sabedoria (logos, palavra), umaemanao de Deus por intermdio da qual omundo foi feito. Mas o logos de Flon eraimpessoal e espiritual. Assim, quando Joofala da Palavra (logos, Jo 1.1), ele restabelecea verdadeira idia hebraica de um Deus pes-soal e criador e usa a palavra de Flon pararejeitar a idia de Flon. Esse texto ganhourelevncia no pensamento cristo antigo quan-

    do Ario (sculo IV) citou a LXX em apoio aoseu ponto de vista de que Cristo, a sabedoriade Deus, foi o primeiro a ser concebido nosentido de que ele foi o primeiro, no tempo,a ser criado (um ponto de vista que pode serlevado em considerao por qualquer pessoaque quiser aplicar esse texto diretamente aoCristo prencarnado).

    v. 22. O Senhor me criou\ segue a LXX;

    me possua (leitura alternativa da NVI) se-gue a Vulgata. O hebraico (qnh como em 4.7)geralmente significa adquirir como emuma compra (Js 24.32), e da o que adqui-rido est na lista das posses da pessoa. Oca-sionalmente a aquisio ocorre por meio donascimento (Gn 4.1) ou por meio da criao(subentendida) (Gn 14.19). A nfase, comoaqui, est no fato de que a sabedoria perten-

    ce ao S enhor , no em quando e como veio apertencer a ele. A primazia da sabedoria emrelao criao (quando ainda no [...] quandono [...] antes de [...] ainda no) pe o Universoem uma nova perspectiva. Aqui no h umconjunto de acontecimentos aleatrios, masum desenvolvimento ordenado e premedi-tado. As leis que fazem do Universo umcosmo, e no um caos, so expresses da

    mente divina (Westcott). Isso d solidez,significado e padro ao Universo e liberta o

    poeta para se alegrar no Universo, evocandonele palavras e metforas. Os detalhes devemser desfrutados dessa forma, e no distorci-dos para apoiar alguma cosmologia particular(como v. 28,29 para mostrar um sistema em

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    Provrbios 8.32

    trs nveis v. comentrio de 3.19,20 ouv. 27b para provar que a terra redonda). Hsugestes de generosidade (v. 24), cuidadometiculoso (v. 26), poder incrvel (v. 27b) econtrole (v. 29; cf. J 38.411; SI 33.6,7). Em

    tudo isso, a sabedoria de Deus se alegrava, eo texto diz que a humanidade [lhe] dava alegria, uma caracterstica singular do relato b-blico da criao. O homem no o burro decarga de Deus no mundo, mas objeto do seufavor e alegria. Com alegria, viste a mansoem que os filhos do homem deveriam habi-tar (Lady Campbell).

    e) A lio reforada (8.3236)

    Os exemplos foram detalhados, a supre-macia e convenincia da sabedoria foram ex-

    planadas, dc modo que a sabedoria estimulaagora: Ouam-me [...] Ouam a minha instruo[...] vigiando diariamente minha porta. Issovai produzir felicidade (v. 32) vida &favor doSenhor (v . 35). Mais uma vez, se destaca ocontraste entre vida e morte, o crescimentoem harmonia com a verdadeira natureza das

    coisas e a rejeio que faz a pessoa se agre-dir a si mesma (v. 36), sendo esta uma viola-o da personalidade (violenta a prpriamorte, ARA; v. Nm 16.38 e comentrio dePv 6.32).

    f) Dois convites e os seus resultados(9.118)

    v. 16. O apelo final da sabedoria for-mulado em forma de um convite para uma

    festa, aberta a todos, em termos que lembrama parbola de Jesus (Lc 14.1624). Em opo-sio a isso, h um apelo final da sua rival, ainsensatez (senhora Estupidez, NEB) comexatamente o mesmo convite (v. 16) mas re-sultados totalmente pervertidos. Em vez dacomunho franca e aberta da refeio com-partilh ada com sabedoria (v. 5), h umaconspirao secreta do v. 17, roubada talvezsugerindo que o mal parastico do bem; atmesmo os prazeres do pecado dependem da

    boa criao de Deus para proporcionarem oprazer que possam dar.

    v. 13. seduo-, o termo hebraico tra-duzido por diversas palavras nas diferentesverses. BJ: ingnua; ARA: ignorante;

    libertina (RSV) segue um texto emendado;simples (VA, ACF) segue o TM, usando amesma palavra para as suas vtimas. Ela no melhor do que elas.

    Entre esses dois convites, esto interca-

    lados dois tipos de pessoas. Ozombador (1.22;3.34) reaparece em toda a sua intolerncia correo, tendo como companheiro o mpio(3.33), que reage a argumentos com vio-lncia. Ao contrrio disso, est o homem sbio(v. 9) que aprende e prospera.

    O v. 12 um lema sensato voc omais afetado pelas suas atitudes.

    III. OS PROVRBIOS DE SALOMO(10.122.16)

    Aps a longa introduo, chegamos aosprovrbios propriamente ditos, os dsticos eversos cativantes e facilmente lembrados quemantm a sabedoria viva em nossa mente.Os caps. 1022 contm a primeira seo que atribuda a Salomo, no ordenada segundoum tpico, e com repeties ocasionais, mu-

    nio para o jovem qu foi preparado at aquipela introduo para buscar sabedoria e vi-ver de acordo com ela. Diversos temas trata-dos em detalhes anteriormente vo aparecerem aplicaes especficas, e outras mximasso acrescentadas medida que o sbio dis-corre acerca de um vasto leque de assuntosda vida humana e da sociedade.

    10.1. As nossas atitudes nos afetam (9.12),mas aos outros tambm. O efeito sobre opaie a me ainda uma considerao vlida. Asabedoria ou a tolice podem ser reconheci-das basicamente na diligncia ou na pre-guia (v. 5).

    v. 2,3,4. Temos aqui princpios geraispelos quais o livro de Provrbios muitasvezes ridicularizado (v. comentrio de 2.20).Casos especficos podem at negar o princ-pio geral, mas no h como negar a seqncianatural de eventos que o homem prudentevai levar em considerao. Num nvel maisprofundo, o Senhorno abriu mo do contro-le. H tambm a indicao de que no se

    pode ver toda a realidade, pois a refernciaa tesouros que no servem para nada e morte

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    Provrbios 10.22

    pode sugerir que haja significados mais pro-fundos aqui do que o espectador casual podeimaginar. A expresso na VA: O Senhor novai fazer a alma do justo sofrer fome, embo-ra no destaque a alma como uma entidade

    separada, sugere que o homem constitudode mais do que s estmago (Dt 8.3); v. co-mentrio de nepes (6.32). Os versculos fa-zem eco a uma intuio humana profunda;cf. a expresso popular da no pode vir coisaboa, v. 6,7. Temos aqui o contraste entre anatureza crescente e sempre viva da justiae a natureza sem vida e em decadncia damaldade, bnos: uma palavra associada a fra-

    grncias, como uma consulta ao dicionriovai mostrar. H riqueza, frutificao e rela-cionamento. violncia', tem a mesma raiz de8.36; no necessariamente um ataque fsico,mas qualquer das formas maldosas em queuma pessoa pode cometer violncia contraoutra. O v. 6b ilustra a dificuldade encon-trada na traduo desses ditados. Muitos de-les so parelhas equilibradas de trs palavras

    hebraicas. A seqncia das palavras nem sem-pre distingue claramente sujeito e objeto, eestes precisam ser deduzidos pelo tradutor.Assim, a NVI traz aqui a boca dos mpios abrigaa violncia na ordem contrria ao que trazema ARC e a ACF (a violncia cobre a bocados perversos).

    v. 8. a boca do insensato-, lit. um tolo delbios boca grande. A tolice com fre-

    qncia se observa pelo seu barulho em con-traste com a humildade silenciosa da sabedoria(v. 19). O que sabe menos grita mais alto. v. 9.integridade-, traz segurana no sentido de queno h nada para esconder; quem segue veredastortuosas est sempre tentando, de forma ine-ficaz, apagar suas pegadas, v. 10. A BJ segueuma frase inserida pela LXX para tornar odstico equilibrado: Quem pisca o olho causapesares, quem repreende abertamente trazremdio. A NVI segue o TM que repete ov. 8b e parece deslocado.

    v. 11. Temos novamente o contraste en-tre a fartura que d vida e o mal paralisante.O v. 11b repete o 6b.fonte de vida-, umametfora freqente (13.14; 14.27; 16.22),

    apontando para a farta doao de Deus (v.SI 36.9 e Jo 4.14).

    v. 12. O dio provoca dissenso-, ao tornartudo pblico e provocar confrontaes, o amorcobre-, no por meio de desculpas e justificati-

    vas, mas ao proteger as questes com discri-o at que a reconciliao seja consumada(v. 11.13, e Tg 5.20; IPe 4.8 como citaesdo NT).

    v. 13. daquele que no tem juzo-, lit. cora-o, heb. lb (v. comentrio de 4.23). Encon-tramos com freqncia essa personagem emProvrbios (10.13; 11.12; 12.11; 15.21; 17.18;24.30). Ele se nega a aprender e precisa ser

    impelido como uma mula (SI 32.9). O v. 14repete a lio do v. 12. A sabedoria age comoo amor; a conversa do tolo tem o mesmo efeitodo dio.

    v. 15,16. Provrbios fala de forma realis-ta acerca dos fatos. Existe fora na riqueza,embora os v. 2,16 sugiram que isso significaa riqueza adquirida honestamente; apobrezape em risco a vida das pessoas. No se pode

    concluir disso que a pessoa deveria deposi-tar sua confiana nas riquezas (lT m 6.17) ouoprimir os pobres (14.31). v. 16. castigo-, heb.pecado, como o contrrio de vida mostra osignificado mais amplo que Provrbios d vida. v. 17. A metfora do caminho (v. co-mentrio de 3.23) destaca a tolice de algumque recusa a correo.

    v. 18. A LXX traz lbios justos, possi-

    velmente porque o texto de difcil tradu-o. lbios mentirosos pode ser mantido, noentanto, com o sentido geral de que quemodeia precisa ou dissimular ou expressar asua calnia e parecer um tolo.

    v. 1921. Temos aqui um exemplo deagir com sabedoria (v. 1.3; sensato tem amesma raiz que prudente). Acerca de re-frear a lngua, em vez de tagarelar, cf. v. 8.Quando osjustos (v. comentrio de 8.8) falam,vale a pena esperar, e as suas palavras do sustento a muitos. Ao contrrio disso, os mpios einsensatos mostram que so vazios.

    v. 22. Esse um provrbio bem conhecidode confiana na bondade de Deus. O hebraico enftico: A bno do Senhor (somente ela)

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    Provrbios 10.23

    traz riqueza, no inclui dor alguma', a ARAtraz ele no traz desgosto e melhor por-que deixa a iniciativa com Deus.

    v. 23. Mais um contraste entre o tolo e ohomem [...] de entendimento est nas coisas em

    que eles tm prazer.v. 24,25. Tanto a curto quanto a longo

    prazo, os justos tm segurana. O seu desejofinal ver Deus e ser estabelecidos para sem-pre. Em contraste com isso, o mpio temeo fu-turo. Enquanto teme, a tempestade o elimina,mas deixa em paz o justo (v. tb. v. 28).

    v. 26. Opreguioso(v. 6.6) to irritante eintil para os outros como um peso para si

    mesmo.Os v. 2730 celebram a segurana que

    vem do temor do Senhor, vida [...] alegria [...]refgio [...]jam ais sero desarraigados',tudo issocontrasta com o vazio e a falta de esperanados mpios, os mpios pouco duram na terra', cf.2.21. Isso pode ser uma referncia promessada aliana de Cana, embora Provrbios noseja nacionalista, e a frase talvez seja um re-

    trato de quem no tem razes, v. 31,32. Alngua perversa(v. comentrio de 2.12) maisuma vez contrastada com a fala honesta queinforma e d prazer.

    11.1. As balanase ospesos eram grossei-ros e imperfeitos, em comparao com balan-as modernas, e suscetveis de serem usadosem fraudes (Am 8.5; Mq 6.11 mostram exem-

    plos tanto no Reino do Norte quanto no Reinodo Sul). O provrbio destaca o ponto de vistaimportante do AT segundo o qual o Senhorest interessado nas questes comuns do diaadia e dos negcios. Ele repudiaa desones-tidade a tanto quanto um dolo no santurio(Dt 7.25; 25.1316).

    v. 2. O orgulho colocado no seu devidolugar em Provrbios (13.10; 21.24; 16.18;

    29.23). Aqui a atitude presunosa, que nosabe se conter (a mesma palavra de SI 19.13),e contrasta com humildes', a outra nica ocor-rncia dessa palavra a retrata como a atitudeapropriada ao homem diante de Deus (Mq 6.8).

    v. 39. Sete ditados que contrastam, de al-guma forma, dois conjuntos de pessoas. Porum lado, osjustos, os irrepreensveis, desfrutam

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    de orientao (v. 3), de um caminho reto (v. 5)e de livramento (v. 4,6,8,9). Por outro, os in

    fiis , os mpios, colhem destruio (v. 3), soaprisionados pelos seus desejos (v. 6), semetem em tribulaes (v. 8). Comparaes

    individuais so dignas de considerao. O quetemos a no uma lista de mocinhos ebandidos, mas estudos aprofundados decoisas que edificam ou desestruturam umapessoa. O v. 4 aperta mais a rosca de 10.2 mesmo que adquirida de forma honesta,a riqueza no vai ser suficiente para salvar apessoa no dia da ira. v. 7. O texto hebraicosofreu na transmisso. H verses, como a

    NEB, que om item mpio (acerca disso,Whybray sugere que o AT no ensina a vidaaps a morte, a no ser com base em evidn-cias de alguns manuscritos) e assim traduzem:Quando um homem morre, termina a o seufio de vida. O termo hebraico tiqwh, queem geral significa esperana (VA: expectati-va), traduzido uma vez por cordo (Js2.18), e da a expresso fio de vida. No

    entanto, a verso da NVI nos v. 4,7 pode sermantida e se relaciona com tnues indica-es no AT de esperana aps a morte (e.g.,J 19.2527; Is 53.11). O v. 8 justia idealcomo, e.g., Ex 15.9,10. v. 9. O significado que o conhecimento a melhor maneira de li-dar com a difamao contra oprximo.Ojustodescobre os fatos e, assim, se liv ra de ser en-ganado, ou, possivelmente, capaz de refu-tar uma calnia contra ele.

    v. 1011. Temos aqui os efeitos sociaisda justia. O leitor moderno est propenso aimaginar a cidadecomo algo muito maior doque era na realidade. A palavra mais comum( ir)pode se referir at mesmo a assentamen-tos no murados. A palavra usada aqui (qeret)muitas vezes denota fora (cf. o cognato qiryh,

    10.15; 18.11). A outra nfase principal estna comunidade. As regies metropolitanasmodernas em constante expanso no conhe-cem esse mesmo tipo de dependncia mtuae de relacionamento prximo que 5.000 pes-soas morando em um terreno de 500 X 500metros experimentavam. Mesmo assim, o pro-vrbio verdadeiro e mais uma ilustrao

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    Provrbios 11.31

    de que a moralidade sadia supre as necessi-dades humanas, no importa quanto seja cri-ticada por indivduos.

    v. 1213. O caminho da sabedoria pareceto obviamente correto, embora se oponha

    prtica comum e inclinao natural. Ridicu-larizar e espalhar boatos ocorrem to facilmen-te, mas a reao do homem [...] de entendimento ede algum que merece confiana evidente-mente melhor.

    v. 14. Temos aqui um tema comum emProvrbios (15.22; 20.18; 24.6). A sabedoriano se isola numa torre de orgulho, mas estdisposta a aceitar conselho (v. comentrio

    de 8.14).v. 15. V. 6.15.v. 16. A NVI traduz o TM, mas evita o

    resultado de um dstico ambguo ao inserir apalavras, pressupondo que se pretende aquium contraste entre graa e meras riquezaspelas quais pode no haver respeito algum.Talvez o significado seja que a graa traz arecompensa to certamente quanto a violn-cia. A NTLH segue um acrscimo de duaslinhas na LXX para assim proporcionar um

    par equilibrado de dsticos. A nota de rodapda NVI tambm apresenta uma conotaoincomum: valentes para cruis. A NEB tam-bm segue essa linha e traduz: A graa namulher conquista a honra, mas a que odeia avirtude transforma o seu lar em casa de deson-

    ra. Seja tmido nos negcios e voc se tornapedinte; seja ousado e faa fortuna.v. 1719. As conseqncias dos dois cami-

    nhos de vida so contrastadas novamente emtermos dos efeitos sobre a prpria pessoa.Como no caso de muitos provrbios, as com-paraes so feitas com termos bem pronun-ciados: bem [...] mal[...]salrios enganosos [...]

    segura recompensa [...] permanece na justia

    [...] sai em busca do mal; o significado dessesconceitos aprofundado medida que sepensa sobre eles. v. 20,21. H aqui mais umaexpresso da avaliao que o Senhor faz dasatitudes:perversos (v. comentrio de 2.12), detesta (v. comentrio de 6.16). Essa avaliaose expressa nos recnditos mais ntimos da vi-da, e da a certeza do v. 21 uma declarao

    de confiana na justia final como tambmuma constatao do desenrolar normal davida. Esteja certo-, heb. mo sobre mo,como expresso de garantia.

    v. 22. Em forte contraste com o v. 16 e

    um exemplo de um smile ampliado que incomum nesse conjunto de ditados (h ou-tro exemplo em 10.26).

    v. 2331. O final dos estilos de vida con-correntes descrito aqui sob diversos cabe-alhos. O v. 23 d o retrato geral, e o v. 31conclui com a expectativa comum em Pro-vrbios de que a conduta recompensada naterra. Isso desenvolvido por meio do con-traste entre liberalidade (v. 24,25) e avareza.Cf. 2Co 8.815, que incentiva a prtica da li-beralidade na imitao do exemplo de Cris-to. O resultado aqui, e caem na pobreza, umaafirmao baseada na observao comum, eno na motivao, e admitido em Fp 4.1619. A tentao de algum de ter o monop-lio de um produto para tirar proveito e ter

    lucro maior com base na escassez contrastacom o elogio pblico dado ao negociador ge-neroso (v. 26). A falsa confiana nas suas riquezas contrasta com o crescimento natural(v. 28); osproblemas e a insensatez (v. 29) notrazem vantagem alguma, mas a justia gerafrutos duradouros (v. 30).

    v. 27. A formulao da NTLH aqui d osentido correto: quem busca o mal ser v-

    tima do mal (cf. VA), v. 30. A dificuldadena traduo desse versculo pode ser perce-

    bida no contraste entre o que temos na NVI(aquele que conquista almas sbio), em con-cordncia com a maioria das verses em por-tugus, e o que temos no texto hebraico:aquele que toma vidas sbio (a RSV ten-tou acomodar assim: a impiedade tira vi-

    das). A expresso tomar almas pode serum eufemismo de assassinar (1.19), mas usada tambm metaforicamente (6.25). Apromessa voc ser pescador de homens(Lc 5.10) seria um paralelo no NT. v. 31.Primeira Pedro 4.18 cita esse versculo daLXX, transformando recebem [...] a punio quemerecem em difcil ser salvo.

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    Provrbios 12.1

    12.1. disdplina\ a instruo (msr) de1.2 com a conotao de correo (3.11). Pro-vrbios est em dia com a nfase na sabedo-ria de aceitar correo (v. 15; 9.8; 19.25; 6.23;13.18) e na tolice dos que no aceitam orien-

    tao de ningum (1.7).v. 2.favor, uma palavra muito rica, que

    inclui tanto o benefcio do favorecido (acei-tao, como Is 58.5; 49.8) quanto o prazer dequem demonstra o favor (11.1; 12.22).

    v. 3. Continuao e razes: uma considera-o fundamental da poesia e da sabedoria he-braicas (Pv 12.7,12; SI 1.3; 15.5; 21.7; Jr 17.7,8).A figura tem continuao no NT (Ef 3.17).

    v. 4.A mulher exemplar(louvada em deta-lhes em 31.1031) aqui elogiada pela dig-nidade e crdito que acrescenta a seu maridoem contraste com a de comportamento vergonhoso que causa eroso constante da posiodele. exemplar(virtuosa, ARA; hayil, heb.) uma palavra muito ampla, traduzida de di-versas maneiras por forte (BJ), valente,rica, grande, capaz. Rute 3.11 ilustrao significado aqui.

    v. 5.planos (cf. 16.3; 20.18); conselho aorientao de 1.5, de forma que ambas as

    palavras so neutras (v. 6.18). Homens retosou mpios usam ou abusam respectivamen-te dessas capacidades que lhes foram da-das quando foram feitos imagem de Deus(v. Jr 29.11; J 37.12 e v. comentrio de 8.14).

    v. 6. Como 11.9. O sentido pode ser ouque osjustos intervm e livram homens queforam caluniados, ou que a justia a melhordefesa contra a calnia.

    v. 7. V. comentrio do v. 3; a casa dosjustos reflete a idia presente na cultura hebriae em outras culturas antigas da continuaoda existncia de um homem por meio de sua

    posteridade (v. 2Sm 7.2529).

    v. 8. V. 13.15. Asabedoria o viver comsensatez de 1.3 (v. comentrio). Provrbiosou afirma uma regra geral, ou diz como ascoisas devem acontecer na sociedade. Pri-meiro Samuel 18.5,1416 (em que a NVI traztinha xito no texto e na nota de rodapera muito sbio) mostra como podem serconfusas as coisas. O v. 9 traz uma ilustrao

    interessante. As pessoas enxergam por entreas ambies vazias.

    v. 10. Temos aqui um exemplo notvel doparadoxo hedonis ta observado em 3.2; osmpios, na sua determinao egosta, so cruis

    com os animais que lhes servem. Ojusto cuida bem (sabe, entende, como em 3.6) dos

    seus rebanhos, e a sua considerao salutar atpelos animais vai lhe dar a recompensa de umservio melhor.

    v. 11. V. 28.19. Um lembrete de que omundo precisa ser usado da maneira correta.Quem trabalha a sua terra segue a ordem di-vina de Gn 2.15, confirmada aps a Queda

    (Gn 3.23). O verbo (bad) a palavra comumpara servir, e teramos muitos benefciosem reavivar o conceito de servir a terra nanossa poca de corrida atrs de fantasias.

    v. 12. O texto original corrompido podelevar a tradues muito diversas. A RSV aceitauma emenda (a torre forte dos mpios cai naruna) para tornar o dstico equilibrado. ANVI tenta fazer sentido do TM.

    v. 13,14. O texto apresenta mais dois dita-dos acerca de um dos temas prediletos de Pro-vrbios (10.11,20,21,31 etc.) e outro exemploda inevitabilidade entre ao e resultado, seenreda [...]fruto\ contrasta a maquinao per-versa em que o tiro sai pela culatra com ofluxo da ao em concordncia com a nature-za. Planejar o mal no d certo; o bem segue o

    seu curso em direo satisfao.v. 15. o sbio ouve\ quase poderia ser umsubttulo de Provrbios. Em contraste comisso, o isolamento do insensato deplorvel.O queparece-lhe justo lhe impede de ver averdade, mas no a muda (16.25).

    v. 16. o homem prudente', heb. rm,ocorre aqui e no v. 23. Ele tem a prudn-cia de 1.4 (v. comentrio) e assim age para o

    seu prprio benefcio, ignora', a mesma pala-vra hebraica traduzida por ocultar (v. 23);no tem nuanas de arrogncia.

    v. 1719. A fala honesta e afalsa so con-trastadas em termos de significado social notribunal (v. 17) e de perseverana (v. 19), co-mo so contrastadas tambm palavras duras esbias em termos de e feitos pessoais (v. 18).

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    Provrbios 13.6

    O v. 17 no uma tautologia em geral sepode confiar em uma testemunha fie lpara apre-sentar evidncias honestas,ferem como espada[...] cura\ descries muito vvidas da runaou da cura que as palavras podem produzir.

    v. 20. Propsitos completamente dife-rentes refletem o engano interior e a (sur-

    preendente) alegria contrastante tanto comomotivaes quanto como resultados. Apaz a traduo do termo hebraico slm, tambmtraduzido por completude. A NTLH cap-ta o sentido quando traz trabalham para obem dos outros .

    v. 21. Cf. SI 91.10, em que a inferncia

    que o Senhor protege os justos. Assim, aquias duas partes falam de resultados, e no sde acontecimentos. Os filisteus pagos sa-

    biam a diferena entre m sorte e juzo (ISm6.9). v. 22. V. 6.17. A virtude contrastante apresentada agora como seu prazer, v. 23.Cf. o v. 16. v. 24. O destino dos diligentes (v.10.4; 12.27; 13.4; 21.5) e a sina dospreguio

    sos (10.4; 19.15, como o preguioso de 6.6 v. comentrio) so desenvolvidos aqui.No h somente uma diferena de posses eriquezas (10.4), mas de posio. O trabalhoescravo (ou trabalho forado; heb. mas) foiuma infeliz adoo em Israel realizada peloprprio Salomo (lRs 5.13).

    v. 25. Uma das observaes de bom sen-so de Provrbios acerca da fonte da disposi-

    o e do comportamento (v. 18.14). uma palavrabondosa', apropriada, encorajadora, justa, as-sim como os conselheiros de Salomo reco-mendaram ao obstinado Roboo (lRs 12.7).

    v. 26,27. O texto hebraico de difciltraduo em ambos os versculos.

    v. 26. cauteloso em suas amizades: al-gumas verses (RSV e NEB) seguem umaemenda textual. A NVI, como as verses tra-

    dicionais em portugus e a NTLH, tenta fa-zer sentido do TM que traz espionar (comoem Jz 1.23), que poderia significar olharpor, procurar, e gera um dstico simtrico,v. 27. no aproveita a sua caa (no assara sua caa, ARA): a NVI tenta associar o TMa duas razes possveis (a NVI escolhe uma

    raiz traduzida por chamuscado em Dn 3.27).A RSV segue a LXX: no vai pegar caaalguma. O sentido geral permanece maisum desenvolvimento do tema do preguio-so e do diligente (cf. v. 24) a satisfao

    exige esforo de algum tipo.v. 28. A primeira metade est clara. No

    caminho da justia (v. comentrio de 2.20) esta vida\ isso nos leva a esperar a anttese daNTLH: mas a falta de juzo a estrada paraa morte. O texto hebraico obscuro, e as-sim a NVI traz essa a vereda que nos preservada morte.

    13.1. A referncia aofilho sbio (cf. 10.1)

    introduz mais uma seleo de instruo pa-terna. No h verbo no texto hebraico da pri-meira metade do dstico. A NVI insere acolhecom base no grego para combinar (de formaum tanto prosaica) com a segunda metade.

    v. 2,3. Esses versculos tratam da sabe-doria na fala. O texto do v. 2a difcil (NVI,ARA, BJ e CNBB representam diversas con-

    jecturas), mas h um contraste claro entre pa-lavras proveitosas que satisfazem e os infiiscujas palavras escondem a violncia (v. co-mentrio de 10.6). desejam', a NVI traz umatraduo incomum (mas cf. SI 35.25) de nepes(v. comentrio de 6.32); a NEB parafraseia:a violncia comida e bebida para o trai-oeiro e sugere o carter interior da falta desinceridade. O v. 3 segue a precauo pru-

    dente de Provrbios acerca da fala. A preci-pitao pode levar runa.

    v. 4. Mais um esboo do preguioso (6.6).Ele deseja e nada consegue. A sua ociosidadeno consegue impedilo de desejar mais coi-sas, de modo que o seu estado ainda maisdeplorvel.

    v. 5. A NVI contrasta a atitude dosjustoscom o comportamento dos mpios. A segunda

    parte pode ser traduzida tambm por tornamofensivo (cf. Ex 5.21) e trazem [...] desgraa(como em 19.26), o que direciona a ateno

    para os efeitos contagiosos do que falso.v. 6. Mais uma variante do tema conhe-

    cido em que as palavrasprotege e derruba for-necem o contraste to impactante.

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    Provrbios 13.7

    v. 7,8. A ambivalncia das riquezas observada de forma perspicaz. O v. 7 podeser uma observao isolada de que as apa-rncias podem enganar, ou ento uma liomais profunda acerca das verdadeiras rique-

    zas (Ap 3.17). O v. 8 tem um sentido duplo:aos pobres falta a riqueza que d seguranaaos ricos, mas os pobres esto livres das an-siedades que a riqueza traz.

    v. 9. Temos aqui um timo exemplo dognio de Provrbios ao mostrar a grande far-tura que caracteriza a virtude, apaga-se: nocontrabalanado somente por continua quei-mando, mas pela expresso mais forte: res

    plandece esplendidamente. A luz muito maisdo que a ausncia de escurido.v. 10. Uma ampliao de 11.2 (v. co-

    mentrio). O orgulho arrogantemente autosuficiente.

    v. 11. dinheiro ganho com desonestidade'.ARC: da vaidade [...] pelo trabalho d osentido moderno vem fcil, vai fcil.

    v. 12. Uma observao perspicaz que pas-

    sou para a linguagem comum. A nfase mo-derna na necessidade de realizao capta umfato muito antigo acerca da natureza humana.

    v. 13. Quem zomba, como o insolente(v. 10), aparece na sua verdadeira tolice emProvrbios. Aqui ele zomba da instruo, eessa a raiz da sua atitude para com os outros(14.21, v. comentrio; 1.7; 23.22). instruo[...] mandamento', a base da sabedoria israelita

    na aliana.v. 14. A sutileza do mal com suas armadilhas um tema bblico recorrente (Ex 23.33;Dt 7.16; Pv 29.6,25; Rm 7.11). A proteo estnafonte de vida que vem do ensino dos sbios.

    v. 15. V. 12.8. A segunda metade do ver-sculo na RSV traz o caminho dos infiis asua runa em contraste com a expressomais conhecida mas o caminho dos prevari-

    cadores spero (ARC) faz justia trai-o (como em SI 25.3; Jr 5.11; 12.1) dosinfiis. spero', seguindo o grego, Kidner su-gere mais uma emenda sutil que resulta emno permanece (assim tambm a nota derodap da NVI).

    v. 16. expe-, capta a ironia da situao.Somente o tolo enganado.

    v. 17. Quando a diplomacia era condu-zida quase totalmente por um mensageiropessoal, a qualidade do mensageiro era cru-cial. Nem toda a parafernlia moderna decomunicao conseguiu tornar obsoleta essa

    antiga sabedoria.v. 18. Em todo o livro de Provrbios (1.25,

    26; 10.17; 12.1; 15.5), encontramos o tema deque a disciplina e a repreenso so tesouros bemvindos, e no afrontas a serem resistidas.

    v. 19. O v. 19a semelhante ao 12b. Asegunda metade no apresenta um contrasteclaro, e assim a NEB sugere: Abandonarse lascvia faz o homem ficar doente; pessoas

    estpidas detestam corrigir o seu caminho mas sem apoio em manuscritos.

    v. 2022. Temos aqui o resultado dascompanhias com que se anda. Tenha cuida-do em escolher seus amigos (v. ICo 15.33); ocompanheiro dos tolos no somente se tornatolo, mas acabar mal, perseguido pelo in

    fortnio e deixa sua riqueza para os justos. Arecompensa dos sbios, dojusto e do homembom passapara os filhos de seus filhos.

    v. 23. Esse deve ser um comentrio acer-ca do proprietrio de terras avarento (NTLH:mas os homens desonestos no deixam queelas [as terras] sejam aproveitadas; cf. Is 5.8).

    falta de justia', a NVI traz o sentido comumda palavra mispt(v. comentrio de 1.3); fal-ta de juzo (ARA) poderia significar que opequeno pedao de terra do pobre no o ali-menta em virtude de m administrao.

    v. 24. Essa mxima muito citada tem dadouma imagem rude do livro de Provrbios (eda perspectiva veterotestamentria da fam-lia). E verdade que Provrbios julga correto ocastigo fsico realizado por um pai ou mediligente (19.18; 23.14; 22.15). Provrbiostambm defende a famlia carinhosa e enco

    rajadora (4.3,4), e a disciplina deve ser consi-derada nesse contexto como tambm ocaso da disciplina do Senhor (3.11,12).

    v. 25. V. 10.3.14.2. V. 3.32. O contraste entre os que an-

    dam em caminhos enganosos (3.32: perverso)e os justos procede da atitude radicalmentediferente em relao ao Senhor. O desvio (2.15;

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    Provrbios 14.14

    3.32 e aqui) tem o sentido de abandonar ocaminho certo.

    v. 3. vara: uma palavra rara (v. Is 11.1); osentido broto poderia resultar em brotosorgulhosos dos lbios dos tolos. Se enten-

    dermos aqui a vara da correo, ento suasprprias palavras destroem o seu orgulho, costas: a NVI requer uma alterao que no temapoio nos manuscritos, os lbios dos sbios os

    protegew. como em 11.9; 12.6.v. 4. Temos aqui um exemplo de como a

    traduo influenciada por aquilo que vocconsidera ser a lio. O TM traz onde noh bois, uma manjedoura de cereais. As con-soantes de cereais poderiam resultar emlimpo, de modo que a NVI traz o celeiro

    fica vazio, e a ARC, o celeiro fica limpo.Algumas verses tentam manter o dstico aoaceitar uma emenda a no h cereais, fa-zendo a primeira parte dizer o mesmo que asegunda. Mas o TM faz sentido em si mes-mo; voc pode no ter bois e manter os seuscereais, mas o boi vai render grandes colhei-tas em troca do que ele come. v. 5. V. co-mentrio de 12.17.

    v. 6. 0 zombador busca sabedoria e nadaencontra-, um comentrio trgico acerca daautodestruio daqueles que no levam a sa-bedoria a srio. V. comentrio de 1.2226 eG1 6.7.

    v. 7. Aqui est um exemplo da aborda-

    gem ponderada de Provrbios. Mantenha-selonge-, resume de forma concisa a situao in-til. v. 8. A NEB relaciona os dois aos efeitossobre os atores: Um homem esperto tem aperspiccia de achar o caminho certo; a toli-ce dos estpidos os engana. A NVI deixaaberta a questo de quem os tolos enganam.O prudente (v. comentrio de 12.16 noexatamente o esperto da NEB) sabe discer

    nir (v. comentrio de 1.2b) o seu caminho i.e., o seu estilo de vida olhando abaixo dasuperfcie para encontrar os significados mais

    profundos.v. 9. As diversas verses fazem conjec-

    turas acerca desse texto difcil. O verbo zom-bar est no singular. O TM traz tolos epecado (ou oferta pelo pecado) como os

    substantivos, boa vontade pode ser usado comreferncia aceitao por meio de sacrifcio(Lv 23.11 e v. comentrio de 12.2), de modoque um significado poderia ser: a oferta pelo

    pecado no vale nada para os tolos, mas traz

    aceitao aos justos. Mas h boa base a favorda verso os loucos zombam do pecado(ARC, ARA; Os tolos pecam e no se im-portam , NTLH ), visto que o substantivoplural com o verbo no singular pode signifi-car todo tolo zomba da culpa (ou da ofertapela culpa), com a resposta mas en tre osjustos h favor (ou aceitao) . Gnesis 4.7 uma ilustrao possvel.

    v. 10. O AT est bem consciente dasemoes e responsabilidades compartilhadas

    a chamada personalidade coletiva queenxerga tudo no seu contexto social mash flashes ocasionais de autoconscincia in-dividual. H uma profundidade de amargurae alegria que s conhecida interna e indivi-dualmente (v. ICo 2.11).

    v. 11. Aqui est mais um exemplo daperspectiva geral da vida em Provrbios (v.comentrio de 10.2). casa [...] tenda talvezsugira a caracterstica de peregrino da vidados justos, mas v. SI 84.10.

    v. 12. Um comentrio fundamentalacerca da condio humana (repetido em16.25). parece certo\ um epitfio patticoacerca tanto dos imprudentes quanto dos cau-

    telosos, dos arrogantes (Rm 1.2228) e dostemerosos. O juzo humano est limitado pelafalta de conhecimento completo tanto dosfatos presentes quanto das conseqncias alongo prazo. A resposta humilde de Jr 10.23 mais adequada.

    v. 13. A literatura sapiencial contm al-guns desses apartes pessimistas (Ec 2.2; 7.3),um antdoto da nfase exagerada em praze

    res e felicidade. Mas Provrbios reconhecepocas de alegria (e.g., 5.18,19).

    v. 14. Cada dia acrescenta ao depsitodo qual os infiis e o homem bom precisam sesatisfazer. Em Mt 12.35, Jesus apresenta oresultado exterior correspondente. Aqui sedestaca o recurso interior para o prprioindivduo.

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    Provrbios 14.15

    v. 1517. Temos aqui trs palavras decautela. No por acaso que a sabedoriaacumulada de todas as culturas geralmenterecomenda atitudes pausadas e comedidas.E preciso pausar para pesar o que se ouve

    (v. 15), o que se pode fazer com segurana(v. 16) e aonde o temperamento capaz delevar a pessoa (v. 17). O inexperiente, o tolo eo irritadio infelizmente existem em grandequantidade.

    v. 18. Precisamos manter na mente o finaldas coisas. Aqui (e no v. 24) temos a figura darecompensa e do reconhecimento dosprudentes e sbios, enquanto os inexperientes e tolos

    colhem a insensatez, herdam (cf. Ex 23.30); apalavra hebraica pode ser usada figuradamen-te para significar armazenar (Jr 16.19).

    v. 19. Provrbios compartilha a certezaveterotestamentria na vindicao da bon-dade talvez adiada, mas finalmente ine-vitvel (SI 37.5,6). Ester 6.611, sem dvida,pareceria atraente ao autor como um exem-plo excelente.

    v. 20,21. Esses versculos retratam ascoisas como so e como devem ser. O v. 20 uma afirmao simples de uma sociedadeservil e bajuladora que no mudou ao longodos anos. Mais sria a anlise do v. 21. Aantipatia pode ser desprezo, despreza-, umapalavra ordinria (v. comentrio de 1.7 e 11.12;escarnecer traduz a mesma raiz heb.), to-cando na raiz da humanidade comum (22.2;Ml 2.10; Tg 3.9) e merecedora da repreen-so evidentemente dura de Jesus (Mt 5.22b)e do juzo do v. 31.

    v. 22. pensam-, descreve o potencial hu-mano que pode ser usado para o m alou parao bem. amor o amor leal (heb. hesed), umadas grandes virtudes que o homem pode com-partilhar com Deus (SI 103.4).

    v. 23. Um apelo vigoroso a favor da ao,em vez de palavras!v. 24. V. comentrio do v. 18. v. 25. V.

    comentrio de 12.17.v. 26,27. Temos aqui dois ditados acerca

    do temor do Senhor, gerandofo rtaleza segurae vida (v. comentrio de 10.27). A confianaest arraigada firmemente na certeza da vida,

    926

    e os dois versculos contrastam com o tristev. 12.

    v. 28,35. Aqui est o primeiro de muitosprovrbios acerca do rei (16.10,12,13,14,15 emuitos outros) talvez refletindo indiretamen-

    te a prpria experincia de Salomo. O seufilho Roboo conheceu a amargura do v. 28b(lRs 12.16,17), e Jeroboo (lRs 11.28, 40) iro-nicamente, conhecia as duas partes do v. 35.

    v. 29. V. comentrio do v. 17. Est aqui aresposta completa ao v. 17a. Um homem paciente elogiado com freqncia (15.18; 16.32)e compartilha uma celebrada caractersticade Deus (x 34.6; SI 103.8).

    v. 30. Isso psicologia saudvel! A inveja o cime de 6.34 e a forma autodestrutiva de tratar da injria ou da carncia. Ocorao em paz, em condies semelhantes,traz crescimento,

    v. 31. Cf. v. 21.v. 32. encontram refgio: traduo comum

    na NVI do termo hebraico hsh, que tradu-

    zido por ter esperana na ARC, ou manterse confiante na ACF. A confiana queos justos tm at na hora da morte no podeser eliminada do AT (v. comentrio de 11.7).

    v. 33. V. nota de rodap da NVI. Se ono omitido, como est no texto da NVI(seguindo o TM), o dstico uma ampliao,e no um contraste. Nem mesmo entre ostolos, a sabedoria deixa de ser reconhecida.

    v. 34. Um teste muito citado e perspicazde grandeza nacional, verificado repetida-mente em toda a histria. A vergonha apobreza de 28.22 (heser, todas as versestraduzem por essa palavra, em vez de hesed,lealdade; o r e o d so muito seme-lhantes no hebr.).

    v. 35. V. comentrio do v. 28.O cap. 15 continua tratando de palavras.15.1. A resposta calma (palavra geralmen-

    te usada para tenro, fraco, Gn 18.7, meta-foricamente fraco, 2Sm 3.39 e v. lCr 29.1)contrasta com pala vra rspida, e um bomexemplo do desejo de Provrbios de acal-mar as coisas. Dar a resposta calma no sig-nifica ceder a posio. conciliatria, no

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    Provrbios 15.15

    comprometedora. Evitar uma demonstraode foras pode manter a negociao no n-vel em que o verdadeiro encontro das men-tes possvel. Um texto para o mensageirode 13.17 (v. 2Rs 18.26 como exemplo) e

    tambm para diplomatas e entrevistadoresmodernos! Colossenses 4.5,6 uma aplica-o neotestamentria.

    v. 2. A lngua dos sbios: no somente ins-trutiva mas tambm agradvel de se ouvir. O

    prprio livro de Provrbios mostra essa quali-dade em alto nvel. A frase bem elaborada e

    ponderada contrasta com a insensatez que aboca dos tolos derrama.

    v. 4. 0 fala r amvel, mais do que a ln-gua suave (BJ; lngua que traz cura, NIV,em ingls), mas uma cura de fato (13.17;12.18; 16.24 usam a mesma palavra), rvorede vida: encaixase com a idia de sade eproviso (como em 3.18; v. tb. Ap 22.2)e poderia servir como smbolo para todos quese dedicam ao aconselhamento e cura pormeio de palavras. Em contraste com isso, a

    fala distorcida e perversa esmaga o espritoquando se perde a confiana. Mais um bene-fcio da fala sbia espalhar conhecimento(v. 7), uma contribuio positiva para a esta-bilidade e a comunidade. O paralelo de l-bios (ARC, no lugar de palavras) com coraodestaca a lio de 4.23 (v. comentrio).

    v. 3. V. comentrio de 5.21. em toda parte.incluindo a Morte e a Destruio (cf. v. 11).

    v. 5. Temos aqui uma variante do temade 13.1, com esperana acrescentada de pro-gresso ainda maior, visto que revela prudncia pode ser traduzido por vai aprenderprudncia (como em 19.25).

    v. 6. Isso no uma simples afirmaocomo traz a NTLH: Na casa do homem di-reito h muita prosperidade, mas o lucro dosmaus traz dificuldades. Ojusto vive alegre-mente com o seu tesouro, mas aos mpios osrendimentos (colheita, 14.4; recursos, 3.9),mesmo que adquiridos honestamente, nodo a paz e a suficincia, mas inquietao. Noque a riqueza em si seja m; os mpios nosabem lidar com ela. Lucas 12.1331 umailustrao neotestamentria. A ganncia e a

    injustia tornam as coisas piores, e a inquietao (jkar) tem traos da histria de Ac(Js 7 v. jogo de palavras em Js 7.24,25 elCr 2.7) cuja avareza trouxe problemas paraa sua casa. V. 10.2 e comentrio e 11.17;

    11.29; 15.27 acerca de ditados relacionados.v. 8,9,26. Sobre detesta, v 6.16 e comen-

    trio. sacrifcio [...] orao: no so necessa-riamente um contraste. Os dois eram aceitos,se oferecidos sinceramente. A ira do Senhordiante de sacrifcios insinceros um tema

    proftico conhecido desde ISm 15.22 atAm 5.21ss. Gnesis 4.4,5 uma ilustrao. V.14.9 e comentrio. O caminho da sabedoria e

    a palavra proftica tm muito em comum.v. 9. caminho [...] busca: o texto segue aqui

    smbolos anteriores de dois estilos de vida(v. comentrio de 4.1019). As duas fontes deconduta so reconhecidas nos pensamentos(planos; v. 26).

    v. 10,12. Aqui temos uma progresso.Quem se desvia do caminho precisa de re

    preenso (v. comentrio de 1.2), mas ele nogosta de quem o corrige, rejeita a correo e,assim, morrer. O zombador (v. 12) pareceo mais pattico na sua recusa impaciente darepreenso que poderia salvar sua vida.v. 10. caminho: a BJ usa trilha como alter-nativa a caminho no v. 9, mas, visto queessa palavra usada uma vez (Jz 5.6) comoreferncia a rotas de caravanas, a NEB traz

    estrada principal (caminho reto, CNBB;caminho do bem, NTLH).

    v. 11. Uma extenso de 5.21 e 15.3. estoabertas destaca a insensatez de tentar se es-conder de Deus. Os versculos anterioresdestacam o fato de que Deus est sempreobservando e pesando as aes. Sepultura(heb. Sheol; v. comentrio de 5.5) eDestruioso a habitao dos mortos e onde no h ati-vidade alguma de louvor (Ec 9.10; SI 88.10,11), mas no esto alm do conhecimentode Deus. V. J 26.6; SI 139.8.

    v. 13,15. Temos aqui dois ditados acercada influncia do estado de humor da pessoa.A repetio da palavra corao em alegriado corao [...] corao angustiado reflete o uso

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    Provrbios 15.16

    comum em hebraico de corao (lb\ v. co-mentrio de 4.23) com referncia prpriapessoa ou ao cerne da pessoa. O que real-mente im