Comércio justo 15 DE NOVEMBRO DE Preços com dignidade · 15 DE NOVEMBRO DE 2007 RICARDO GRAÇA...

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| d | e | s | t | a | c | á | v | e | l | AGENDA O Teatro de Marionetas do Porto apresenta Cabaret Molotov, sábado, às 21:30 ho- ras, no Teatro José Lúcio da Silva, Leiria. Neste espectáculo do Festival de Marionetas de Leiria, o circo e as marionetas aproximam-se, na poética do voo P ág 7 JORNAL DE LEIRIA | EDIÇÃO 1218| 15 DE NOVEMBRO DE 2007 RICARDO GRAÇA TALENTO João Filipe Ferreira estuda Piano, na École Normale de Musique de Paris Alfred Cortot. O sonho deste jovem de Leiria é conseguir o diploma máximo: ser concertista. Sonho que diz dever ao seu professor do Orfeão de Leiria, Luís Batalha Pág 6 EVASÕES Perde-se quem não volta todos os anos a Alcobaça. A orquestra local, aliás, diz que quem passa por Alcobaça não passa sem lá voltar. E este fim de semana é uma excelente ocasião, para se deliciar com uma fatia de Pão de rala regada com ginja Pág 15 Comércio justo Preços com dignidade

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AGENDA O Teatro de Marionetas doPorto apresenta CabaretMolotov, sábado, às 21:30 ho-ras, no Teatro José Lúcio daSilva, Leiria. Neste espectáculodo Festival de Marionetas deLeiria, o circo e as marionetasaproximam-se, na poética dovoo P ág 7

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TALENTOJoão Filipe Ferreira estudaPiano, na École Normale deMusique de Paris Alfred Cortot.O sonho deste jovem de Leiria éconseguir o diploma máximo:ser concertista. Sonho que dizdever ao seu professor doOrfeão de Leiria, Luís Batalha

Pág 6

EVASÕESPerde-se quem não volta todosos anos a Alcobaça. A orquestralocal, aliás, diz que quem passapor Alcobaça não passa sem lávoltar. E este fim de semana éuma excelente ocasião, para sedeliciar com uma fatia de Pãode rala regada com ginja

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Comércio justo

Preços com dignidade

"Os japoneses têm umaafinidade óbvia connosco"

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Mais uma vez tocou a soloem Leiria. No ano passado, deuum concerto em Paris. Qual adiferença dos públicos?

Não existe assim tanta dife-rença. Em Paris, há uma eliteque percebe de música e que vaiaos concertos frequentementemas também há sempre quemvá porque é chic. Leiria evoluibastante em termos culturais.No meu concerto de sexta-fei-ra, o público manteve-se sem-pre calado e atento. Senti-memuito bem a tocar. É verdadeque estava nas sete quintas,rodeado de familiares e amigos,muitos deles ligados ao coro doOrfeão de Leiria, que acompa-nhei durante um ano e queganharam por mim certo cari-nho, e eu também por eles.

Sente-se um pequeno génio?Não gosto que me chamem

génio, embora o que me faça irpara a frente seja o sonho deser concertista. É isso que movequem está na École Normale deMusique de Paris Alfred Cortot.Motivação essa que me foi dadapelo professor Luís Batalha. Nãoé por acaso que os alunos daregião, que estão ou tenhamestado nesta escola de Paristenham sido seus alunos, comoé o caso de Daniel Bernardes(Alcobaça), Sara Marcelino (Lei-ria) ou Humberto Ladeira (Pom-bal). Com a sua paixão, faz-nosacreditar que podemos ser alguémna música. São de realçar assuas qualidades como pedago-go e ser humano, de grandesvalores morais.

O pianista está sózinho empalco... Como lida com essaexposição?

Não é a timidez que nos põeo coração aos pulos mas os ner-vos. Na minha opinião, umapessoa que não sinta nervos aoentrar em palco, é mau sinal.Quer dizer falta de segurança.

É bom sentirem-se os nervos.Quando uma pessoa está ner-vosa está mais concentrada.

O que tem de especial a esco-la que frequenta em Paris?

Para evoluir na arte de pia-nista e obter um diploma supe-rior é a melhor escola france-sa. Para isso, tenho que mesubmeter aos concursos inter-nos. Só os que passarem na eli-minatória alcançam a final e,desses, só os premiados conse-guem o diploma. Daí a disputaentre colegas ser grande. O quevale é que os alunos portugue-ses estão todos em níveis dife-rentes. Para fazer da música aminha profissão, é preciso mui-to trabalho e, em termos mone-tários, também não é fácil. Embo-ra se compararmos o custo devida com Portugal (bens nosupermercado para cozinhar,por exemplo) até se torna maisbarato. O que é lá mais caro éir ao café, ao restaurante ou sairà noite. Uma bica custa sempreentre quatro a cinco euros. Vive-mos num foyer que integra umaárea grande de apartamentos sópara estudantes de música, onderesidem mais de 60, embora cadaum no seu estúdio ou T0. Terum amigo pianista a viver comi-go era um pouco difícil. Tipo,ora agora toco eu, ou agora tocastu...

Pensa ficar por França?Não. Gostava de regressar a

Portugal e fazer a minha car-reira aqui. Só depois de estarem França (embora sendo ver-dade que Paris tem uma mistu-ra de culturas musicais enorme)é que percebi algumas coisas.Antes era muito pessimista emrelação ao nosso País. Hoje, pen-so que Portugal não é assim tãomau. O problema está em nóspróprios. Os portugueses estãosempre a lamentar-se e a dei-tar abaixo o seu País. Para con-

seguirem viver melhor, só pre-cisam de ser mais optimistas.Apercebi-me, por comparaçãocom outros povos, que os por-tugueses vivem muito à base docoração e das emoções. Mas nãodeixa de ser curioso que essafaceta é muito apreciada porestrangeiros, especialmente japo-neses. Este povo tem uma afi-nidade óbvia e clara connosco.Todos os japoneses que já conhe-ci, e foram muitos, gostam denós.

Nunca sentiu na pele a suacondição de imigrante?

Sinto-me estrangeiro, só quea questão é diferente. Quandocheguei, estava à espera deconhecer muitos franceses. Maso meio onde estou é sobretudoum ponto de encontro de músi-cos de todo o mundo. A maiorparte dos amigos que fiz nemsequer são franceses: um cana-diano, dois italianos, muitosjaponeses, chineses, coreanos,polacos. É uma mistura de cul-turas imensas, onde quase nin-guém fala francês.

O que faz nos tempos livres?Visito monumentos, apro-

veitando os dias em que as entra-das são gratuitas. E convivo comos colegas. Tenho a experiên-cia de passar alguns dias intei-ros em casa, sem ver um únicoser humano, e não recomendo.Fica-se exausto e com a sensa-ção de se ter passado um diaridículo. É mesmo contra-pro-ducente em termos de trabalho.Deitamos-nos para dormir e nãonos sentimos bem.

Quais as suas referênciasmusicais?

Em Portugal, Maria JoãoPires, grande pianista no reper-tório que toca, sobretudo Mozart,Beetoven e Chopin. Mas o meucompositor de eleição é Ravel.Adoro Ravel. O seu Concertoem Sol talvez seja a obra quemais me "tocou" até hoje. Tam-bém gosto de Mário Laginhaou Sassseti, embora não exe-cute o mesmo estilo que eles.Só toco música clássica e eru-dita mas não desprezo o jazz.Adoro ouvir jazz mas pensoque não gostaria tanto de ointerpretar, como acontece coma música clássica.

Graça Menitra

João Filipe Ferreira estuda Piano na ÉcoleNormale de Musique de Paris Alfred Cortot.O seu sonho é conseguir o diploma máximo:ser concertista. Sonho que diz dever ao seuprofessor do Orfeão de Leiria, Luís Batalha.

Um outro sonho é regressar a Portugal,sobre o qual tem hoje uma visão mais

optimista. Refere mesmo que a nossa facetaemocional é muito apreciada pelosestrangeiros, com destaque para os

japoneses. "Todos os que já conheci, eforam muitos, gostam de nós", diz

Atrás dosonho de serconcertistaJoão Filipe Madaleno

Costa Ferreira, 21 anos,deu um concerto no audi-tório do Mercado deSant´Ana, Leiria, no dia9, onde interpretou Bach,Chopin e Liszt. Estuda naÉcole Normale de Musi-que de Paris Alfred Cor-tot, onde foi admitido em2005. Acompanhado peloprofessor de piano MarianRybicki, o seu sonho éser concertista. Este ano,esta escola atribuiu-lhea bolsa de estudo Rous-selle e, em Maio de 2006,participou num concer-to na Salle Cortot, con-siderada uma das melho-res para concertos de pianoa solo da capital france-sa, onde executou obrasde Beethoven e Liszt. Ojovem iniciou os estudosmusicais com 11 anos,na Escola de Música doOrfeão, onde completouo conservatório, na domi-nante de Piano. Desde oinício acompanhado peloprofessor Luís Batalha,participou em alguns con-cursos a nível nacional einternacional, obtendoprimeiros prémios em2004 e 2005, no concur-so organizado pelo Con-servatório de Música deOurém. Classificou-seigualmente em terceirolugar, em Grado Médio,no V Concurso de Pianode Badajoz 2004. Desde2003, que participa emeventos musicais em Lei-ria, tendo já feito três reci-tais de piano a solo. JoãoFerreira fez o seu per-curso escolar nesta cida-de, onde os pais resideme onde fez o 12ª ano naárea científica-natural,na Escola SecundáriaDomingos Sequeira.Começou a estudar pia-no apenas por curiosi-dade e hobbi. O irmão nãogosta de música e na suafamília não há tradiçãomusical, embora o apoiodos pais seja incondicio-nal. Passa em média oitohoras por dia ao piano.