Comissão organizadora - IEL · ALUN@S DO PPG-LA: Ana Alice Gargioni ... Leitura e escrita como...
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Comissão organizadora
DOCENTES DO DLA
Profa. Dra. Cláudia Hilsdorf Rocha
Profa. Dra. Daniela Palma
Profa. Dra. Érica Lima
ALUN@S DO PPG-LA:
Ana Alice Gargioni
Bruno Albanese
Daniel dos Santos
Elis Siqueira
Fellipe Bruno
Francieli Dias
Giulia Gambassi
Izadora Pimenta
Jéssica Dorta
Juliana Gimenes
Keila Grando
Luana Moro
Nayara Siqueira
Renata de Anunciação
Samira Spolidorio
ALUN@S DE GRADUAÇÃO
Mariana Messias
Mateus Szente Fonseca
Stênio Carvalho
Realização
Departamento de Linguística Aplicada/Instituto de Estudos da Linguagem - UNICAMP
(DLA/IEL-UNICAMP)
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Apresentação1
O 1° SALA (Seminário d@s Alun@s de Linguística Aplicada) tem por objetivos principais
criar conexões e promover o diálogo entre as pesquisas desenvolvidas no Programa de Pós-
Graduação de Linguística Aplicada do IEL (PPG-LA/IEL/Unicamp). Em um formato que
estabelece discussões acerca de temas e ou questões pertinentes ao desenvolvimento de
dissertações e teses em andamento no PPG-LA e de trabalhos em andamento dos graduandos do
IEL, este seminário pretende (re)aproximar, de modo transdisciplinar, Linguagem, Sociedade e
Educação a fim de que sejam debatidas questões ligadas à Linguística Aplicada sob diversas
perspectivas epistêmico-metodológicas.
Da mesma forma, o SALA corrobora a urgência em promover discussões que possam ter um
impacto transformador no contexto acadêmico atual, desestabilizando padrões vigentes, cujas
relações se pautam por hierarquias e fronteiras rigidamente marcadas, e potencializando a
emergência de espaços de contato e escuta ativa. Daí o caráter de integração entre as pesquisas e
pesquisadores da graduação e pós-graduação no SALA.
Por fim, esse evento é realizado por meio da parceria entre os alunos da graduação e da Pós-
Graduação em Linguística Aplicada com o Departamento de Linguística Aplicada do IEL.
Público-alvo
Alun@s de mestrado e doutorado atualmente vinculad@s ao Programa de Pós-Graduação em
Linguística Aplicada e alun@s de graduação que desenvolvem ou desenvolveram trabalhos
(pesquisa de Iniciação e/ou Investigação Científica, trabalho final de disciplinas) que tematizem
questões de Linguística Aplicada.
1Os resumos publicados neste volume não foram revisados ortograficamente, nem estilisticamente pelos organizadores deste evento,
sendo os textos exibidos os originalmente submetidos por seus autores.
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Programação do evento
QUINTA-FEIRA, 31 DE AGOSTO DE 2017
8h30-9h Credenciamento
9h-9h30 Abertura Oficial do Evento
9h30-11h
Mesa Redonda: DESAFIOS METODOLÓGICOS NO CAMPO APLICADO DOS
ESTUDOS DA LINGUAGEM
11h-12h Sessão de pôsteres e Coffee Break
12h-13h30 Almoço
14h-15h40 Grupos de Debates 1
15h40-16h Coffee Break
16h-17h40 Grupos de Debates 2
18h-19h Assembleia dos alunos da pós-graduação do DLA
19h Encerramento
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9h30-11h
MESA REDONDA
TEMA: Desafios Metodológicos no Campo Aplicado dos Estudos da
Linguagem
LOCAL: Auditório
MEDIADORA
Profª. Drª. Marilda Cavalcanti (Unicamp)
DEBATEDORES
Prof. Dr. Rodrigo Lima-Lopes (Unicamp)
Profª. Drª. Maria Inêz Lucena (UFSC)
Prof. Dr. Daniel Silva (UFSC)
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11h-12h
SESSÃO DE PÔSTERES E COFFEE BREAK
LINHA DE ESTUDO: Linguagens e educação linguística
BEATRIZ GIANOLA ANDRÉ ([email protected]) ORIENTADORA: Profa. Dra. Jacqueline Barbosa
TÍTULO: Leitura e escrita como compromisso de todas as áreas: análise de um
capítulo de uma apostila de química de um curso pré-vestibular
*
A presente pesquisa analisa o primeiro capítulo, composto por três módulos, de um
material didático de química distribuído em um curso pré-vestibular popular, tendo em
vista três principais frentes: descrição das características do material para analisar que
características dos textos didáticos ele apresenta e quais não apresenta, análise das
habilidades de leitura requeridas/contempladas pelo material e pelos exercícios
propostos e sugestão de mediação para o professor a fim de promover a compreensão de
texto por parte dos alunos. Para isso, nos baseamos na concepção de leitura de Koch
(2002, apud Koch & Elias, 2006) e nas estratégias e habilidades de leitura propostas por
Kleiman (1989) e Rojo (2004). A análise dos exercícios concluiu que, o material,
embora preocupado em estabelecer um contexto significativo para os temas trabalhados,
trabalha apenas parte dessas habilidades, como as habilidades de localização e cópias de
informação, comparação de informações, generalizações e produção de inferências
locais e globais e antecipação de conteúdos, deixando de lado a ativação dos
conhecimentos de mundo e de propriedades dos textos, checagem de hipóteses ao longo
da leitura, recuperação do contexto de produção, estabelecimento de relações
intertextuais, interdiscursivas, entre texto e imagem e apreciações e réplicas. Também
destacamos que o material, por distanciar-se de seu leitor virtual, requer mais mediações
por parte do professor do que a sugerida, pois supõe muitos conhecimentos prévios
específicos. Além disso, o material não contempla nenhum gênero da esfera de
divulgação científica e não faz o uso de gráficos, infográficos ou outros textos
multimodais, ratificando a necessidade do professor conhecer um pouco das habilidades
e estratégias de leitura para trabalhá-las em sua disciplina como forma de garantir a
aprendizagem dos alunos nos conteúdos de sua área.
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LINHA DE ESTUDO: Linguagem e tradução
GABRIELA GHIZZI VESCOVI ([email protected]) ORIENTADORA: Profa. Dra. Érica Lima
TÍTULO: Tradução e Estudo sobre "Echo's Bones", de Samuel Beckett: uma análise
a partir do poema "Alba"
*
Este trabalho propõe uma tradução do conjunto de poemas "Echo's Bones", retirado de
Echo's Bones and Other Precipitates (1935), o primeiro livro de poesias de Samuel
Beckett, além de uma análise da tradução e um estudo sobre o autor, as línguas em
questão e a tradução de poesia. A partir da fundamentação teórica, da tradução e da
análise, são enfocadas características representativas da obra do autor, presentes no
conjunto de poemas, sob a ótica da problematização acerca de questões de língua e
identidade, considerando também que o autor é bilíngue e que traduziu parte de sua
própria obra entre o Inglês e o Francês. Assim, os poemas refletem a trajetória de
Beckett entre deslocamentos de países, de culturas, de línguas e de gêneros literários.
Por sua vez, o processo tradutório e a análise permitiram observar de que forma as
questões de língua e identidade constituem-se em questões de tradução, tendo em vista
que influenciam a escrita e a produção de Samuel Beckett, determinando uma das
características mais marcantes desse conjunto e, talvez, da obra do autor: a resistência
ao monolinguismo. Para ilustrar essa rejeição, nota-se que os poemas constituem-se de
preciosismo vocabular, estrangeirismos (incluindo seleção de palavras inglesas de
origem latina ou palavras latinas incorporadas ao léxico inglês), abundância de
referências, ambiguidades, inversões sintáticas e criação de imagens. Diante disso, o
poema selecionado para análise é "Alba", a partir do qual são enfocadas características
representativas da tradução de poesia e do estudo.
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MARCELLA WIFFLER STEFANINI ([email protected]) ORIENTADORA: Profa. Dra. Érica Lima
TÍTULO: Audiodescrição e dublagem em “Ensaio sobre a cegueira” de Fernando
Meirelles.
*
Este é um trabalho de monografia do curso de Licenciatura em Letras voltado ao estudo
da tradução, cuja proposta é analisar a audiodescrição e a dublagem, duas modalidades
de tradução audiovisual, do filme estrangeiro “Ensaio sobre a cegueira” (2008), do
diretor brasileiro Fernando Meirelles. Por se tratar de uma adaptação do romance de
Saramago (1995) para o cinema, será realizada também uma breve consideração sobre
adaptação cinematográfica e tradução intersemiótica. Para a análise da audiodescrição,
selecionou-se como referência os estudos de Franco e Araújo (2011), Casado (2007),
Díaz-Cintas (2007) e Romero-Fresco (2009), além do “Guia para produções
audiovisuais acessíveis” (2016). O filme foi inicialmente assistido sem a imagem,
apenas com a audiodescrição, a fim de simular a experiência de seu público alvo e
considerar as dificuldades que ele poderia experimentar. Para a análise da dublagem,
utilizou-se como referência Chaume (2004, 2007) e Machado (2015) e realizou-se uma
comparação entre a dublagem e a legenda, a fim de identificar momentos de maior
diferença entre ambas e analisar as soluções apresentadas pela dublagem. Uma
dificuldade encontrada foi a falta de bibliografia sobre dublagem relacionada à tradução.
Até o momento, observou-se que a audiodescrição do filme dialoga com a proposta dos
autores estudados e que, por se tratar de uma modalidade de tradução, reflete um pouco
da interpretação do audiodescritor, o que se revela na escolha dos referentes e dos
termos de adjetivação. Com relação à dublagem, os estudos têm apontado que, além de
seguir os padrões técnicos estabelecidos pelos autores selecionados, apresenta uma
preocupação em oferecer uma solução mais próxima da modalidade oral do português
brasileiro. Cabe relacionar ainda as concepções que parecem definir cada modalidade,
ou seja, a audiodescrição, como algo que se pretende neutro, em contraste com a
dublagem, como algo que se pretende autêntico na língua de chegada.
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LINHA DE ESTUDO: Linguagens, culturas e identidades
LAERTE LUIS ORPINELLI NETO ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Inês Signorini
TÍTULO: A leitura de fotografias de Luiz Braga por graduandos de letras e
artes visuais
*
A proposta deste estudo parte da necessidade de se compreender como fotografias são
lidas por alunos dentro da universidade. O percurso desta pesquisa toma como eixo um
recorte da produção do fotógrafo paraense Luiz Braga e as relações representacionais
presentes nas séries de fotografias feitas por ele entre as décadas de 1980 e 2000. Nessas
fotografias, Braga lançou mão de técnicas não convencionais que afastam as imagens
das concepções de fotografia como registro do real e das representações típicas da
região Norte. A partir da seleção de fotos que tematizam esse experimentalismo, são
analisadas as leituras e interpretações feitas por alunos de graduação em Letras e Artes
Visuais na Universidade Estadual de Campinas. Pretende-se, por meio da gravação de
entrevistas, investigar quais elementos e técnicas são selecionados pelos leitores para
elaborarem suas interpretações e como isso é feito. A abordagem deste estudo é
qualitativo-interpretativo, de caráter etnográfico e conta com uma entrevista
semiestruturada gravada em vídeo. Antes de iniciar o experimento, será solicitado que
os participantes se identifiquem e falem sobre seus cursos e trajetórias acadêmicas. Por
fim, os registros obtidos serão triangulados com outras entrevistas e confrontados com
as hipóteses prévias. Para a análise dos dados serão utilizados o trabalho de Oliveira
(2011) e Silvinho (2012) sobre letramento visual e texto visual em sala de aula. Os
resultados desta pesquisa devem contribuir para compreender melhor como se dá a
leitura de imagens no ambiente universitário e a produção de significados pelos
receptores.
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LINHA DE ESTUDO: Linguagem e tecnologia
KAUAN TAIAR SCHIAVON ([email protected]) ORIENTADORA: Profa. Dra. Roxane Rojo
TÍTULO: Fandom: The Sims in Machinima
*
Este projeto de Iniciação Científica centra-se nas culturas de fã, mais especificamente
na fandom de The Sims, focando principalmente nas produções dos fãs em Machinima.
Buscamos, portanto, entender como se caracteriza a comunidade de fã desta franquia e
focar em um tipo de produção de machinima (“Girls in the House”) para analisarmos o
modo de produção e sua repercussão na comunidade, estando pautados na metodologia
qualitativa documental de mídia social (LANKSHEAR; LEANDER, 2005). Para isso,
teremos como percurso teórico a popularização e desenvolvimento das tecnologias
digitais de informação e comunicação (TDIC), junto da Web 2.0, que trouxeram uma
mudança na sociedade usuária e um novo ethos (LANKSHEAR; KNOBEL, 2007), com
novos modos de agir na internet. Também o fenômeno da Cultura da Convergência,
teorizado por Jenkins (2009) é interessante para pensarmos em diversas facetas que uma
franquia pode ter, principalmente se for associada aos fãs. Dessa forma, espera-se como
resultado, através da tipologia em relação aos conteúdos produzidos em Machinima,
modalizar para possíveis fins educativos e pedagógicos e entender melhor quem são os
fãs, figuras representativas da sociedade do século 21. Assim, a pesquisa é importante
para ampliar os estudos acadêmicos desse tipo de prática cultural, tendo uma análise
maior da relação entre fandom, mídia e convergência.
SUZY DA COSTA ROCHA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Roxane Rojo
TÍTULO: Alfabetizar (multi)letrando: uma proposta de SD para os nativos
digitais
*
As tecnologias móveis têm estado cada vez mais presentes no cotidiano das crianças.
Denominadas de nativos digitais (PRENSKY, 2001), elas aprendem desde cedo a
manusear smartphones e tablets sem a necessidade de instruções formais. Ao mesmo
tempo, o ensino formal das escolas vem falhando e se mostrando obsoleto, pois não
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supre as necessidades dos alunos em relação ao que eles precisam aprender para terem
êxito profissional e cidadão na sociedade atual. Por essas questões, este trabalho
pretende propor uma Sequência Didática (SD) que se adeque à realidade dos alunos,
sem cair na fetichização da tecnologia. Para isso, uma base teórica foi levantada, nela
foi discutida a importância de alfabetizar levando os (multi)letramentos em
consideração (ROJO, 2014), pois o público alvo da SD estará em período de
alfabetização. Além disso, também se discutiu a presença e o papel das tecnologias
móveis na vida das crianças fora e dentro da escola. Após o período de reflexão, o
trabalho analisou materiais já existentes para smartphones, tablets e notebooks,
separando-os em materiais usados na escola e os usados em casa. A partir das
conclusões tiradas da reflexão teórica e do levantamento feito por meio das análises,
uma SD para plataformas digitais móveis será proposta, visando o aluno do primeiro ou
segundo ano do fundamental, com o objetivo de alfabetizar (multi)letrando. Dessa
forma, pretende-se propor uma opção de material que cumpra com o exigido pelo PCN
e pela BNCC, ao mesmo tempo em que se mantém atual às necessidades e habilidades
do alunado.
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12h-13h30
ALMOÇO
14h-15h40
GRUPOS DE DEBATES 1
ANALISANDO DIVERSOS MATERIAIS DO ENSINO DE LÍNGUAS
LOCAL: CL1 | HORÁRIO: 14h-15h40
DEBATEDOR@S: Profa. Dra. Michele El Kadri (UEL) e Profa. Dra. Marcia Mendonça
(IEL-Unicamp)
APRESENTADOR@S
ANA LÍGIA BARBOSA DE CARVALHO E SILVA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Matilde Scaramucci
TÍTULO: A avaliação de proficiência em inglês para os pilotos da Esquadrilha
da Fumaça
*
O inglês para fins específicos (ESP) é o ramo da Linguística Aplicada no qual se insere
o projeto de doutorado, cujo título provisório é “A avaliação de proficiência em inglês
para os pilotos da Esquadrilha da Fumaça”, que dá sequência aos estudos realizados em
minha dissertação de mestrado (SILVA, 2016), defendida no IEL, Unicamp, na qual
realizei uma análise de necessidades de uso de inglês para esse grupo de pilotos. A
análise de necessidades é um processo minucioso e multifacetado, que se caracteriza
pela multiplicidade de fontes e métodos na geração de dados, classificados e analisados
por meio de triangulação (LONG, 2005; SERAFINI, LAKE; LONG 2015). É um
processo útil na elaboração de cursos, currículos, syllabuses e material didático, bem
como no desenho e na validação de exames de proficiência em língua estrangeira.
Segundo Bachman e Palmer (1996), um exame é válido na medida em que seus
resultados fornecem evidências suficientes para fazermos alegações quanto ao
desempenho futuro do examinado na situação alvo de uso da língua. O projeto de
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pesquisa de doutorado em questão tem por finalidade identificar em que medida o
exame de proficiência em inglês para pilotos civis brasileiros, Santos Dumont English
Assessment (SDEA), elaborado e aplicado pela Agência Nacional da Aviação Civil
(ANAC) pode ser um instrumento avaliatório eficaz para medir, de modo análogo, a
proficiência em inglês aeronáutico dos pilotos militares da Esquadrilha da Fumaça. Em
uma pesquisa qualitativa, os dados serão gerados por meio da aplicação de tal exame
aos pilotos da equipe, seguida de um questionário. Pretende-se, com isso, observar se os
resultados apresentados, contrastados com as necessidades do grupo, anteriormente
identificadas (SILVA, 2016), fornecem evidências suficientes que permitam fazer
alegações sustentáveis quanto ao desempenho em inglês de tais pilotos, na situação
alvo. A questão metodológica que se propõe diz respeito à geração de dados, tendo em
vista as regras do Comitê de Ética em Pesquisa a que o estudo está sujeito. Os
resultados do SDEA são privativos dos examinandos. Como ter acesso a eles? i) seria
preciso a solicitação ao órgão aplicador, ANAC, de envio oficial dos resultados, após
consentimento prévio dos participantes, por meio de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE)?; seria possível um procedimento mais simples e direto, com a
inclusão de uma pergunta no questionário aplicado, a ser respondido após assinatura de
TCLE, por exemplo: “Você atingiu o nível 4 no exame SDEA, considerado o mínimo
operacional?”
FABIANA MARSARO-PAVAN ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Roxane Rojo
TÍTULO: Materiais didáticos no contexto dos novos multiletramentos: uma
análise dos protótipos de ensino
*
Considerando que o papel desempenhado pela tecnologia na transformação da vida
cotidiana e também na mediação do ensino-aprendizagem de línguas é tema caro à
Linguística Aplicada (LA), em minha pesquisa de Doutorado tenho como objetivo
analisar qualitativamente 20 protótipos de ensino que foram produzidos em 2015, por
estudantes especiais, mestrandos e doutorandos do IEL/UNICAMP, sob coordenação da
Profª Drª Roxane Rojo, atendendo à demanda da Secretaria da Educação do Estado de
São Paulo. A análise procurará identificar quais características presentes ou ausentes
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nesses materiais fazem deles dispositivos didáticos mais ou menos adequados para
propiciar práticas que favoreçam efetivamente os novos multiletramentos. Desse modo,
pretendemos refletir sobre o potencial dos protótipos de ensino na concretização de
web-currículos, ajudando a subsidiar e a qualificar novas propostas de produção de
materiais desse tipo. Concordamos com Rojo quando afirma que interessam à LA
“problemas de comunicação, de discurso, de uso de língua(gem) em contexto, em
práticas situadas. Dentre esses, os usos escolares da língua(gem); os discursos
didáticos” (ROJO, 2007, p. 1762). Nesse sentido, os protótipos de ensino configuram-se
como objeto legítimo da LA, na medida em que têm potencial para fomentar práticas
situadas de ensino-aprendizagem. Buscando desenvolver uma pesquisa que lide
qualitativamente com os dados e que os analise em perspectiva discursiva – sem deixar
de levar em conta que uma abordagem aplicada se materializa em um trajeto flexível de
pesquisa, construído progressivamente – prevemos a necessidade de duas etapas de
trabalho. Na primeira, pretendemos realizar a análise preliminar dos 20 protótipos, com
o objetivo de descrever os temas, gêneros e mídias mobilizados por cada um. Na
segunda, tendo em vista os questionamentos resultantes da realização da primeira,
selecionaremos, no conjunto de protótipos, aqueles que nos parecerem mais e menos
favoráveis às práticas de ensino-aprendizagem dos novos multiletramentos em web-
currículos, observando-os de forma mais detalhada para identificar aquilo que os
caracteriza de uma ou de outra forma. Na fase atual da pesquisa, o desafio tem sido a
geração de dados. Sabendo que a LA busca mudanças na seleção e no enfoque dos
objetos de investigação, levando em conta as preocupações éticas e os impactos sociais
do estudo, tenho questionado o papel da análise documental em minha pesquisa. Ainda
não encontrei uma definição para essa metodologia que atenda satisfatoriamente aos
meus objetivos de pesquisa. Sendo assim, tenho me perguntando que concepção de
análise documental poderia utilizar em meu trabalho, se é que é mesmo a metodologia
adequada.
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LUISA IANHES MOYSES ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Inês Signorini
TÍTULO: Uma análise da produção textual dos gêneros argumentativos na
disciplina Leitura e Escrita de textos acadêmicos, do curso ProFIS -
UNICAMP
*
O objetivo do trabalho é analisar um banco de textos produzidos pelos alunos de
graduação do Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), entre 2011 a
2017, no âmbito da disciplina Leitura e Escrita de textos acadêmicos, com intuito
específico de: 1) analisar produções textuais dos discentes aprovados da disciplina,
observando quais foram os articuladores discursivos aprendidos e mobilizados no
momento de produção para inserirem-se na escrita acadêmica; 2) identificar quais são os
conhecimentos linguísticos prévios que os alunos de escolas públicas trazem em suas
produções e de que forma isso aparece ao longo do texto; 3) investigar o que pode ser
apontado como dificuldade aos alunos, em relação aos elementos linguísticos e os
gêneros discursivos ensinados, dentro da universidade;e 4) refletir sobre qual o impacto
que a disciplina oferecida possui para tais alunos, após seu encerramento. Todo ano uma
grande porcentagem de alunos (30% dos 120) é reprovada na disciplina, possivelmente
devido à grande dificuldade que os alunos têm em integrarem-se nas aulas e
acompanharem as atividades desse novo mundo que é a Unicamp. Isto revela que o
insucesso dos estudantes do ProFIS no ensino superior está atrelado também à falta de
compreensão e de produção de gêneros acadêmicos (BEZERRA,2012). Por se tratar de
uma pesquisa de documental quantitativa e qualitativa, depreende-se que para coleta de
dados dois métodos serão de fundamental importância: utilização de um software que
possa mapear o elemento linguístico dentre as amostras dos textos dos alunos do ProFIS
escaneadas, para quantificar tais aparições do corpus a ser analisado;e criação de
categorias de análise para a parte qualitativa da pesquisa, que reúna o que é padrão e o
que é não-padrão dentre estas aparições nos textos argumentativos dos alunos, para se
compreender o modo como tal elemento linguístico é articulado no processo de escrita
acadêmica dos mesmos. Desta forma, os maiores desafios estão sendo escolher quais
elementos linguísticos serão analisados nos textos; qual o melhor software gratuito
existente para ser usado na leitura e reconhecimento destes elementos, com quase 100%
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de acertos, para agilizar a análise quantitativa da pesquisa;e quais critérios de análise
podem ser criados, a partir da análise quantitativa.Algumas inseguranças são saber quais
amostras de textos já produzidas pelos alunos analisar e quantas destas amostras são
suficientes para ter corpus significativo. Portanto, espera-se encontrar uma metodologia
que possibilite maior clareza na coleta de dados e obtenção de análises elucidativas que
contemplem os objetivos de pesquisa.
TIAGO PELLIM ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Cláudia Hilsdorf Rocha
TÍTULO: Material didático de línguas no ensino técnico: desafios para uma
formação crítica
*
Nos últimos anos, o ensino técnico no Brasil foi alvo de políticas públicas que
promoveram e deram mais destaque a essa modalidade de ensino. É um marco a Lei nº
11.892/ 2008 que cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia,
unificando diversas instituições de ensino responsáveis pela oferta de cursos técnicos e
tecnológicos em todos os estados do país. Nesses contextos, é comum encontrar
disciplinas de línguas (materna e estrangeira) nos currículos de cursos de diferentes
áreas de formação técnica. No entanto, o que se observa é que em tais currículos
frequentemente comparece uma visão “instrumentalista” ou “tecnicista” de língua.
Buscando fazer frente a esse cenário, a pesquisa em desenvolvimento busca articular o
ensino de língua inglesa em um curso técnico a uma perspectiva de letramento crítico
com base nos pressupostos dos (multi)letramentos e de uma orientação translíngue. Para
tanto, o professor pesquisador desenvolverá sequências didáticas para as aulas de inglês
que sejam comprometidas com uma visão crítica. As aulas serão então gravadas e aos
alunos será pedido que registrem suas impressões sobre as aulas em um diário digital. O
desafio que ora se apresenta é definir os critérios para produção das sequências didáticas
que sinalizem sua orientação crítica. Alguns questionamentos que surgem são: Que
parâmetros devem ser seguidos para promover uma formação crítica na aula de inglês?
Que temas devem ser discutidos? Que gêneros textuais devem ser trabalhados? Como
articular essas questões com a área técnica de formação dos estudantes? A resposta a
estes questionamentos estão na base da pesquisa aqui delineada e buscam vislumbrar
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alternativas para uma formação profissionalizante que estejam atentas às demandas
contemporâneas de uma educação para atuação responsável no mundo do trabalho.
VINICIUS GIRO TEIXEIRA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Jacqueline Barbosa
TÍTULO: Os sistemas apostilados e o ensino de língua portuguesa
*
A minha pesquisa de mestrado concentra-se na análise dos materiais apostilados de
redação do primeiro ano do ensino médio, para tanto, duas grandes redes foram
selecionadas: Anglo e Etapa. Na educação brasileira, tem-se notado o intenso processo
de entrada dos sistemas privados de ensino que não são avaliados pelo Ministério da
Educação nas escolas públicas e privadas. Nota-se que, em contraposição ao Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD), os materiais das grandes redes de cursinho pré-
vestibular são apresentados e tidos como soluções educacionais pautados pela
eficiência. Assim, este trabalho se debruçará em torno do impacto da escolha dos
apostilados que, muitas vezes, configuram duplo pagamento e, com isso, impacto aos
cofres públicos. Em relação aos aspectos da linguagem, observo as concepções de
linguagem nas apostilas e qual o trabalho com os gêneros textuais. Quanto à
metodologia, pauta-se em análise documental: serão analisados os materiais de sala de
aula; quando houver material destinado ao professor, também será observado; os
materiais disponibilizados na internet que ilustrem o projeto e serviços vendidos pelas
redes serão investigados. A partir da análise dos volumes disponibilizados aos alunos,
será organizado um conjunto de dados representativos das questões levantadas pela
pesquisa/categorias de análise. Para analisar os volumes destinados à redação, pretendo
utilizar documentos oficiais para o ensino de produção de texto, as contribuições da
linguística textual e o próprio PNLD. Tenho como pergunta para o meu trabalho: Quais
as possibilidades de, na análise, além de demonstrar as concepções de linguagem
existentes nos materiais, quando necessário, evidenciar o que estaria de acordo com os
estudos da linguagem: possibilidades de sequências didáticas, a pedagogia dos
multiletramentos e culturas juvenis?
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VITÓRIA EUGÊNIA OLIVEIRA PEREIRA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Carmen Zink Bolognini
TÍTULO: Autorizar-se a escrever: representações da autoria na Universidade
*
Naturalizada como conflituosa, a prática de escrita na Universidade é marcada por
dificuldades pouco discutidas. O debate sobre o texto acadêmico tem sido silenciado
porque se encerra na “simples explicação” de que o aluno, formado por um ensino
básico deficitário, não sabe escrever. Deslocando-nos dessa concepção reducionista,
propomos uma pesquisa de mestrado que se inscreve nos pressupostos teóricos da
Análise de Discurso francesa (Orlandi, 2004, 2005, 2006; Pêcheux, 1995, 1997). Nosso
objetivo é compreender a representação da autoria na Universidade: o que o sujeito-
aluno universitário significa como “ser autor” e quando ele se reconhece realizando essa
imagem? Para isso, construímos um corpus composto por uma entrevista
semiestruturada com quatro alunos do curso de Letras da Universidade Estadual de
Campinas. Nosso exercício de análise dessas entrevistas, mobilizando a noção de
paráfrase discursiva (Pêcheux, 1975), pretende trabalhar as formações imaginárias
(Pêcheux, 1990) que, enquanto tal, determinam nossas práticas. As análises nos
mostram que o aluno, formado em um processo de escolarização que lhe obriga ao lugar
daquele que não-sabe e que, por isso, deve parafrasear sentidos autorizados a ele, é, na
universidade, convocado à responsabilização pelo seu dizer. Esse sujeito-aluno não
consegue se reconhecer na presença do outro: não reconhece espaço, na relação com o
outro (outros sentidos, outros discursos), para se autorizar a dizer o que quer dizer e, por
isso, tem dificuldades de se inscrever nos discursos acadêmico e científico. Proposta em
um programa de Linguística Aplicada, essa pesquisa se faz em um lugar de tensão, de
contradição, entre a Análise de Discurso francesa (AD) e campos teóricos tradicionais
de estudos da linguagem. A filiação da AD ao materialismo histórico e à Psicanálise
instaura um deslocamento em relação às teorias que tomam o sujeito como capaz de
controlar o seu dizer; para a AD, o sujeito não é origem dos sentidos, esse é um trabalho
do político e do ideológico. Por isso, no que toca a questão da escrita, a Análise de
Discurso demanda que a discussão não se encerre no limite das técnicas de escrever e se
faça considerando os processos históricos, políticos, simbólicos, inconscientes, que
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operam entre o querer escrever e o escrito. Assim sendo, esta pesquisa aponta para a
necessidade de se questionar: quais os possíveis caminhos de relação entre a Análise de
Discurso francesa e as abordagens tradicionais da escrita na discussão sobre as
dificuldades de escrever?
ETNOGRAFANDO CONTEXTOS DIVERSOS DE LEITURA, ESCRITA E FORMAÇÃO
LOCAL: CL4 | HORÁRIO: 14h-15h40
DEBATEDOR@S: Profa. Dra. Maria Inêz Lucena (UFSC) e Profa. Dra. Raquel Fiad
(IEL-Unicamp)
APRESENTADOR@S
BRUNO CUTER ALBANESE ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Inês Signorini
TÍTULO: Análise das práticas de Letramento na produção de curtas-
metragem no Ensino Público e Privado: um estudo etnográfico
*
O objetivo central da minha pesquisa é analisar as diversas práticas de letramentos
escolares na produção de documentários curta-metragem por alunos do terceiro ano do
Ensino Médio de duas escolas distintas: uma da rede pública e outra da rede particular.
Na escola pública, o projeto de ensino é desenvolvido pela professora de Geografia com
suas duas turmas de terceiro ano (ao todo, são setenta e cinco alunos), em que ela pede
que se dividam em grupos e produzam um curta-metragem de documentário sobre um
tema determinado por ela. Na escola particular, projeto semelhante é desenvolvido pelo
professor de História e pela professora de Produção de Texto com a sua única sala do
terceiro ano, formada por 25 alunos. Meus objetivos específicos são: investigar a função
do projeto de produção dos curtas com o projeto geral de ensino dos professores
participantes; descrever como os professores estruturam o projeto e como intervem no
trabalho dos alunos; interpretar como o trabalho realizado em sala de aula pelos
docentes se materializa nos curtas-metragem dos alunos. Para alcançar estes objetivos,
estou realizando uma pesquisa etnográfica, em que acompanho todas as aulas dos
18
professores participantes com suas turmas de terceiro ano. Para coletar registros da sala,
estou me utilizando de algumas técnicas: fotos de todo o material utilizado; duas
filmadoras gravando as aulas de dois ângulos diferentes; e um diário de campo em que
anoto minhas impressões. Além disso, já fiz entrevistas semi-estruturadas com os
professores antes do início do projeto e farei outra ao final. Para mais registros dos
alunos, apliquei um questionário para conhecer o perfil sócio-econômico deles e farei
grupos focais, ao final do projeto, para discutir com eles sobre o curta-metragem que
produziram. Portanto, meus registros são muitos: as gravações das aulas, o meu diário
com anotações, as fotos dos materiais didáticos, os questionários, os grupos focais, as
entrevistas semi-estruturadas, os roteiros e os curtas produzidos. Minha grande
dificuldade é em como organizar essa quantidade enorme de registros para pensar em
formas de gerar e analisar dados. Sendo assim, minha questão é: como posso organizar
essa quantidade enorme de registros para que eu posso gerar dados para analisar? Existe
alguma forma que a pesquisa etnográfica prevê para alinhar os registros de campo?
DANIEL DOS SANTOS ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Cláudia Hilsdorf Rocha
TÍTULO: Arquitetar a etnografia virtual na contemporaneidade híbrida: uma
análise multimetodológica da formação contínua entre professores de PLE
*
A perspectiva ecológica em sites de redes sociais têm permitido pesquisas que discutem
a formação de laços de pertencimento e (ou) engajamento que vão muito além da
fronteira obsoleta entre contextos online e offline. Ou seja, ingressar em tais ambientes
com um olhar etnográfico torna-se um desafio bem mais amplo dado o atual
atravessamento entre contextos discursivos na contemporaneidade híbrida. Assim, esta
pesquisa objetiva compreender como se constroem relações discursivas acerca da
formação contínua entre professores de PLE no Facebook. Dessa maneira, a pesquisa
como etnografia virtual elucida a imprevisibilidade da linguagem (Santaella, 2007) e se
situa na realidade hipercomplexa das redes sociais. Ainda que esta investigação
considere um recorte em um grupo do Facebook, outros softwares que se baseiam no
formato da hipermobilidade podem configurar-se em um continuum acerca da difusão
de discursos autoritários e (ou) internamente persuasivos, no que concerne à perspectiva
19
enunciativo-discursiva (Bakhtin, Volochínov, 2014). No trato da Internet como artefato
cultural (Hine, 2000), pretendo analisar como se configuram práticas relacionadas à
“formação de professores de PLE” e como este objeto é dialeticamente negociado,
(re)apropriado e (re)ssignificado. Portanto, me questiono sobre quais seriam os limites a
serem considerados do que provém do meio offline em uma pesquisa que concentra
grandes grupos que se configuram necessariamente no meio online. E, em termos de
posicionamento, incito a discussão sobre como análises como esta podem fomentar
políticas linguísticas a partir do online, assim como pensar processos de adaptação ao
meio offline na propulsão de atitudes mais democráticas no campo da Linguística
Aplicada. Como questão final, reitero o desafio em arquitetar uma etnografia virtual que
se ajuste a uma visão cada vez mais holística da rede (principalmente com o
protagonismo da imagem), e da forma como o(a) pesquisador(a) interage com estes
novos letramentos. Por fim, também pretendo estimular o debate acerca da
(des)construção do que é replicado em termos de linguagem na construção de textos
acadêmicos menos tradicionais, no que se refere aos aspectos da folksonomia na
produção do texto etnográfico. Com isto, considero esta abordagem no tratamento da
informação que é gerada em ambientes online em detrimento de uma visão menos
arcaica do que já foi considerado “internetês”.
DÉBORA CRISTINA DO NASCIMENTO FERREIRA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Marcia Mendonça
TÍTULO: PORTUGUÊS NO ENSINO MÉDIO: tensões, finalidades e identidades
constitutivas do trabalho docente
*
O objetivo é investigar as práticas de letramento voltadas para a formação do sujeito
crítico no campo de tensões e de diferentes finalidades e identidades da aula de
Português no Ensino Médio. Para tanto, são consideradas duas perspectivas de
constituição do trabalho docente: (i) o processo de organização de ações docentes; (ii) a
análise das práticas de ensino de leitura e de escrita para formação do sujeito crítico. O
referencial teórico compreende: as concepções de escrita e de letramento como
manifestação sociohistórica; as contribuições dos letramentos críticos acerca do
processo educativo e agentivo para a formação do sujeito letrado; o debate da Educação
20
e da Linguística Aplicada sobre o Ensino Médio, considerando as disputas sociais e de
poder que o inscrevem como profícuo campo de pesquisa teórica e aplicada. Nessa
direção, a pesquisa de cunho etnográfico foi realizada em uma instituição da rede
estadual , da cidade de Belém-PA, no ano de 2016; os procedimentos metodológicos
foram gravação de aulas, aplicação de questionários, realização de entrevistas
semiestruturadas, anotações e observações em diário de campo, análise de documentos,
registros fotográficos de eventos e de ações didáticas pertinentes à investigação ora
empreendida. Esta opção metodológica propiciou unir mais de um método, a saber: base
quantitativa e a qualitativa; a possibilidade de adotar um viés teórico de natureza
interdisciplinar; a eleição de vários sujeitos da pesquisa. Este percurso permitiu
construir um banco de dados constituído por documentos, quase 50 horas de gravação
de aulas e de entrevistas, dois eventos de letramento. O resultado parcial sinalizou para
as seguintes considerações: (i) o conjunto de dados gerados requer uma descrição mais
densa; (ii) a necessidade de redefinição do objeto de estudo, a fim de aprofundar a
discussão sobre a formação do sujeito crítico; (iii) investimento analítico para
compreender o ensino de leitura para engajar os sujeitos não só em atividades escolares
(pesquisa, seminário, leitura e análise de textos), mas também para um engajamento
social; mais próximo a uma educação crítica, emancipatória, participativa, que teria
como fim a realização de uma ação social em busca de respostas a uma demanda da
comunidade, situada em um contexto de extrema vulnerabilidade social. Tendo em vista
que o objeto, as perguntas e os objetivos de pesquisa são (re)norteados em função dos
dados gerados, como tornar a relação de pesquisadores e sujeitos mais ética, coerente e
comprometida?
FRANCIELI APARECIDA DIAS ([email protected])
ORIENTADOR: Prof. Dr. Petrilson Alan Pinheiro da Silva
TÍTULO: Multiletramentos na escola: um estudo sobre a formação de
professores entre as práticas de leitura e de escrita na contemporaneidade
*
No decorrer de minha graduação em Letras tive a oportunidade de ser orientada por uma
professora que se debruçava sobre a questão dos letramentos e o processo de ensino e
aprendizagem na escola, considerando a influência das novas tecnologias digitais de
21
informação e comunicação (TDIC). No contexto de troca de saberes na escola, acredito
na importância de que atividades com vistas a ampliar os multiletramentos sejam
desenvolvidas, haja vista que a escola é considerada uma das principais agências de
letramentos e um lugar propício para a constituição de cidadãos mais conscientes e
críticos em relação às suas práticas linguísticas e discursivas. Inicialmente, meu desejo
era empreender um estudo para tentar compreender em que medida as novas tecnologias
em sala de aula contribuem para a ampliação de letramentos. Todavia, fui percebendo
que, muitas vezes, as TDIC não estão no âmbito da escola, pois, entre outros motivos,
os professores nem sempre se sentem preparados para as novas situações de ensinar e de
aprender que decorrem nos espaços escolares, o que aponta para a importância de que o
processo de formação docente seja repensado. Diante disso, a minha proposta de
pesquisa apresenta como objetivo geral empreender um estudo acerca da formação
continuada de professores, tendo em vista as novas demandas da educação. Para a
consecução do objetivo que proponho, além do estudo de cunho teórico, pretendo
elaborar questionários a serem respondidos por um grupo de professores participantes
de um curso de extensão denominado “Multiletramentos na escola pública”. Além
disso, no decorrer desse curso, observarei práticas entre o grupo de professores, a fim de
inventariar aquelas que possam contribuir para a constituição de uma identidade docente
condizente com situações de ensinar e de aprender que vão ao encontro dos usos da
linguagem na sociedade contemporânea. O tratamento dos dados será qualitativo. Ainda
no início dessa caminhada de pesquisa, as dúvidas são inúmeras e tamanha a
insegurança. Entre os problemas previstos, posso citar a resistência de professores a
participarem do estudo em questão, ou, caso haja ampla participação, o modo como
apresentarei os resultados, visto que o curso “Multiletramentos na escola pública” conta
com diferentes proposta de atividades, cada qual com seu objetivo. Sendo assim, é
importante, para mim, que a seguinte questão seja elucidada: é possível apresentar os
dados coletados de modo a não só descrevê-los, mas relacioná-los à pedagogia dos
multiletramentos e, ao mesmo tempo, refletir sobre a formação de professores em meio
a um cenário de carências, inconsistências, mas de muitas potencialidades?
22
MARIANA JUNIA GOUVEA DOS SANTOS ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Cynthia Neves
TÍTULO: Desdobramentos multimodais da bíblia como texto literário em
motion graphics: uma análise da recepção dos leitores internautas
*
As análises dos processos de leitura sofreram diversas modificações quanto à sua ênfase
no decorrer das décadas, por vezes prestigiando a intenção do autor e sua superioridade
sobre outras possíveis interpretações; entretanto, autores como Manguel (1997) e Proust
(2003) abordam a leitura como um ato íntimo e formador da identidade do leitor, visão
que será retomada na obra organizada por Rouxel e Langlade (2013), estas últimas com
um olhar voltado para a educação de literatura. Além dos processos de leitura, os
desdobramentos da literatura frente às novas mídias digitais também chamam atenção,
Lemke (2009) descreve em seu trabalho os gêneros multimodais – como diferentes
mídias passaram a compor sintagmas a partir de múltiplos signos (imagéticos, musicais,
orais, etc), de maneira sincronizada, produzindo uma mensagem. Com base nessas
informações, este trabalho se propõe a apresentar a análise de uma seleção de vídeos
encontrados no site “The Bible Project”, a fim de considerar a transposição da Bíblia
como material literário sujeito aos processos de apropriação de leitores subjetivos para
motion graphics (gênero multimodal, tópico da intersemiótica social como área de
estudos), a partir da geração de dados provenientes de comentários de internautas
postados em canais de transmissão como o Youtube (site de compartilhamento de
vídeos), além de breve análise comparativa entre os vídeos e texto bíblico (aspectos
linguísticos, comunicativos, midiáticos, etc). Para tanto lançaremos mão da Análise do
Discurso Mediada por Computadores – termo cunhado por Herring (2004) (CMDA –
Computer Mediated Discourse Analysis) – como principal ferramenta metodológica
para a análise de dados gerados nesse meio. Esta pesquisa se propõe a promover uma
maior compreensão sobre os efeitos transmidiáticos entre a literatura e as animações e
também seus efeitos sobre os leitores da bíblia como um texto literário. Pergunta: Quais
metodologias mais recentes indicadas para a pesquisa em comentários em redes sociais?
Devo considerar este tipo de pesquisa como sendo diretamente com seres humanos,
sendo então necessária a apreciação do Comitê de Ética?
23
NATALIA FRANZONI DE OLIVEIRA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Márcia Mendonça
TÍTULO: Práticas de leitura e escrita no ensino de língua materna na
educação profissional técnica de nível médio: um estudo de caso na cidade
de Campinas
*
Este trabalho, desenvolvido como pesquisa de mestrado, visa compreender como a
disciplina de língua materna se organiza em cursos técnicos de nível médio, do ponto de
vista das práticas de letramento privilegiadas, dos objetos de ensino selecionados e dos
materiais didáticos utilizados/ elaborados nesse contexto. A pesquisa ocorrerá na ETEC
Bento Quirino, localizada na cidade de Campinas, SP, e terá como foco o curso de
mecânica integrado ao ensino médio, bem como o curso de mecânica modular,
destinado a alunos que já concluíram a etapa básica de ensino e a alunos que estejam
cursando ao menos o 2º ano da última etapa. Considerando, então, o objetivo acima
apresentado, recorreremos à observação do campo de pesquisa, bem como à tomada de
notas. Além disso, buscando facilitar a apreensão e o entendimento das práticas que ali
acontecem, bem como levar em conta as representações locais da disciplina de língua
materna no ambiente em questão, realizaremos entrevistas, com alunos, professores e
coordenação, nas quais os participantes poderão exprimir suas visões, crenças e
avaliações e também contribuir para o andamento da pesquisa, no que diz respeito à
interpretação dos dados gerados. Assim, para o processo de geração de dados, adota-se a
perspectiva etnográfica como metodologia importante, assumindo a observação e
conversas informais como ferramentas chaves e uma análise que envolve interpretação.
Ademais, nossa pesquisa se baseará também nos pressupostos teóricos e metodológicos
de uma pesquisa documental, já que tem, como um dos objetivos, a análise de
documentos e diretrizes curriculares, assim como de dispositivos didáticos utilizados em
aula. Os dados gerados por esses três métodos (observação participante, entrevistas e
análise documental) serão triangulados e analisados qualitativamente. O trabalho de
campo está previsto para o período de agosto a outubro deste ano, portanto ainda não é
possível narrar problemas, desafios e descobertas encontrados na análise e geração de
dados. No entanto, algumas inseguranças surgem quando pensamos em como apresentar
nossas análises, considerando os diferentes dados gerados, e ainda que estudaremos
24
duas realidades distintas, o ensino-aprendizagem de língua materna no técnico integrado
e no técnico modular, pois, embora ambas as disciplinas ocorram na mesma instituição
e no mesmo nível (técnico de nível médio), apresentam configurações bastante distintas.
Como comparar algo diferente?
(RE)CONSTRUINDO IDENTIDADES E POLÍTICAS
LOCAL: CL13 | HORÁRIO: 14h-15h40
DEBATEDOR@S: Profa. Dra. Eliane Righi (PUCCAMP) e Prof. Dr. Daniel Silva
(UFSC)
APRESENTADOR@S
ÁLYDA HERNRIETTA ZOMER ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Teca Maher
TÍTULO: As Ideologias e as Políticas Linguísticas na colônia holandesa de
Arapoti/PR: um olhar para as práticas de letramento locais.
*
Arapoti é uma pequena cidade no interior do Paraná que recebeu diversos grupos
étnicos, mas, foi em 1960 que um grupo maior chegou à cidade, os holandeses – que são
focalizados nesse trabalho. Tais movimentos migratórios fizeram com que a cidade se
constituísse tanto pelos brasileiros já moradores da região como por diversos grupos
étnicos que chegavam, os quais trouxeram consigo suas culturas e línguas, fazendo com
que línguas portuguesas e de imigrantes configurem Arapoti como um espaço
plurilíngue. Assim, objetivo em meu trabalho compreender os diferentes modos com
que os sujeitos concebem as línguas - o holandês e o português-, consequentemente,
como estes se relacionam com essas línguas. Nesse sentido, estou buscando
compreender como os diferentes discursos acerca das línguas estão sendo produzidos,
bem como construindo representações de seus (não) falantes. Assim, as ideologias
linguísticas estão imbricadas às políticas linguísticas. Essas ideologias e políticas
linguísticas são, então, estrategicamente utilizadas pelos sujeitos que, por sua vez, estão
25
pensando os diferentes usos através das suas diversas funções de acordo com as práticas
locais. Estou focalizando também, com parte do objetivo, como esses sujeitos locais
estão mobilizando os letramentos - interseccionados às outras linguagens – nas diversas
práticas sociais da colônia holandesa de Arapoti. Isto, pois o cerne da agenda da
pesquisa é refletir e discutir os distintos modos como as práticas de usos das linguagens
e, consequentemente, da leitura e da escrita ocorrem localmente com base nas
contribuições dos Novos Estudos de Letramentos, que concebem as práticas de
letramentos como práticas sociais, diferentes modos de utilização da escrita e da leitura.
Em vista disso, metodologicamente, a pesquisa é um estudo etnográfico, considerando o
pertencimento da pesquisadora ao contexto em questão. A etnografia é essencial para a
compreensão das práticas de letramento e suas intersecções com as outras linguagens,
visto que estas são pensadas nas relações construídas entre os sujeitos e as línguas. No
entanto, na geração dos dados uma grade dificuldade vem sendo a minha familiarização
ao contexto. Ser familiar ao contexto é de grande valia, mas também traz desafios,
especialmente o distanciamento necessário para o desenvolvimento da pesquisa. Quais
as/os contribuições e desafios da familiarização ao contexto para a pesquisa em
Linguística Aplicada? Metodologicamente, quais as intersecções possíveis para a
geração de dados na focalização dos letramentos e das diferentes linguagens em um
contexto de imigração?
GIULIA MENDES GAMBASSI ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria José Coracini
TÍTULO: Vozes aprisionadas: análise discursiva de dizeres de jovens
mulheres em conflito com a lei
*
O objetivo do presente trabalho é analisar como se dão as representações identitárias de
jovens mulheres em conflito com a lei, problematizando o que dizem de si e
considerando o imaginário que se tem de adolescentes, de jovens em conflito com a lei e
de mulheres na sociedade. Julgamos esta pesquisa relevante, pois acreditamos que ouvir
e analisar os dizeres de indivíduos pretensamente excluídos da sociedade, considerando
que o fato de serem mulheres agrava sua situação de silenciamento, poderia levar-nos a
rastrear ou a apontar quais são as representações de si e do outro que essas jovens têm,
26
trazendo à tona possíveis deslocamentos de sentido do que pensamos que sabemos e
vemos dessas jovens na mídia, arraigados no senso comum. Buscaremos problematizar
as relações sociais e a estrutura de um sistema homogeneizante, que diz igualar
oportunidades, mas revela oferecer punição aos que se distanciam de suas expectativas,
em uma sociedade normatizadora que ignora a construção de identidades e discursos
como um tecido contínuo, multifacetado e inacabado. Além disso, é desconsiderada a
relevância dessas vozes no discurso hegemônico, ignorando o fato de que se apoiam nos
modos de organização e na ordem vigentes na sociedade, sendo constituintes e reflexo
do mundo como vivemos. Considerando uma perspectiva teórico filosófico discursivo-
desconstrutivista com viés psicanalítico, partimos do pressuposto de que falar de si
permite que sejam rastreados fragmentos da constituição identitária do sujeito que se
expõe ao relatar sua história (CORACINI, 2008). A partir disso, pretendemos,
considerando o senso comum e a imagem estigmatizada e atribuída às jovens que estão
cumprindo medidas socioeducativas, ouvir o que elas têm a dizer sobre si e sobre o
outro, buscando analisar como emergem e quais são as representações identitárias
presentes em seu dizer. Entrevistamos, até o momento, três mulheres que passaram por
privação de liberdade na adolescência e gravamos esse material com seu consentimento
livre e esclarecido, partindo de um roteiro semiestruturado que visará fomentar
depoimentos acerca de suas vivências e histórias, ou o que mais julguem relevante para
falar de si e da(s) situação(ões) que as levaram até a conjuntura em que se encontram.
Tivemos grandes desafios metodológicos em nossa dissertação, como o silenciamento
institucional que reflete uma política de estado que visa apagar as minorias e a
resistência de algumas mulheres contatadas em participar da pesquisa e esse será o tema
principal de nossa exposição no SALA. A pergunta que lançamos é: como o
pesquisador pode se posicionar perante a resistência de instituições e dos próprios
participantes de pesquisa? É possível produzir na/com resistência?
27
NAIARA SIQUEIRA SILVA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Teca Maher
TÍTULO: A educação linguística de filhos de imigrantes bolivianos: Um
estudo de caso em uma instituição de Educação Infantil da Rede Pública no
Município de Carapicuíba, Região Metropolitana de São Paulo
*
O objetivo geral dessa pesquisa, a partir de um Estudo de Caso é o de investigar
algumas das implicações da inserção de cinco crianças bilíngues, matriculadas na
Educação Infantil, em uma escola da rede pública de ensino. Almeja-se determinar os
perfis familiares e sociolinguísticos dessas crianças e analisar os perfis, as práticas
pedagógicas e os posicionamentos de suas professoras. Além de, superficialmente,
perseguir um entendimento das Políticas Linguísticas e Educacionais vigentes na
instituição escolar. As estratégias metodológicas a partir do Estudo de Caso
compreendem a triangulação entre três participantes de pesquisa, com pesos diferentes.
O primeiro grupo de participantes de pesquisa serão as professoras tutoras que cederão
suas salas de aulas para observação. Além disso, será também analisado, o espaço da
instituição escolar como um participante de pesquisa em si, suas lógicas de
funcionamento, hierarquias, regras, sansões e expectativas. Tudo isso registrado em um
Diário de Campo. O segundo grupo de participantes de pesquisa serão os
pais/responsáveis legais dos alunos participantes de pesquisa se dará a partir da
concessão de uma entrevista preliminar. Concedendo as respostas para essa pesquisa
preliminar, os pais/responsáveis legais estarão concedendo a participação de seus filhos
na pesquisa. O contato com os alunos participantes de pesquisa se dará, em primeiro
lugar, a partir da observação da turma na escola, com o intuito de compreender as
relações desses alunos com seus outros pares, os professores e o espaço escolar. O
segundo contato, em uma roda de conversa e contação de história junto com os alunos
participantes, com a intenção de compreender as práticas translíngues e como eles se
posicionam no contexto de sala aula. Os percalços metodológicos dessa pesquisa são de
duas ordens: prática simbólica. Com relação à questão simbólica, a construção de uma
relação com os professores, de maneira que não as coaja ou demonstre, da minha parte,
um papel de avaliador do trabalho docente. Com relação a ordem prática, a preocupação
principal é produzir conteúdo que acrescente no debate acerca dos temas envolvidos, a
28
partir de uma perspectiva da interdisciplinaridade. Portanto, com relação a metodologia
dessa pesquisa elenco uma questão: A escrita de um diário de campo, dentro de
observação de sala de aula, deve conter, além do olhar acerca dos objetivos dessa
pesquisa, quais outros elementos?
RENAN KENJI ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria José Coracini
TÍTULO: Multiletramentos na escola: um estudo sobre a formação de
professores entre as práticas de leitura e de escrita na contemporaneidade
*
O presente trabalho discorre sobre os desafios enfrentados em nossa pesquisa de
doutorado sobre representações de professores de língua japonesa no contexto brasileiro
de ensino-aprendizagem de japonês como LE. O intento foi trazer à baila representações
que os participantes de pesquisa tivessem sobre si – na relação de alteridade com o
outro –, sobre a língua japonesa e sobre formar-se professor de línguas na
contemporaneidade. Para geração de corpus, lançou-se mão de duas escolhas
metodológicas: a) a entrevista oral semiestruturada gravada e b) questionário escrito. A
opção por essas modalidades não partiu de uma escolha do pesquisador, mas sim de
uma análise da natureza do objeto de pesquisa, o qual já foi mencionado anteriormente.
Além disso, observando nossa perspectiva de pesquisa discursivo-desconstrutivista com
viés psicanalítico, entende-se que a entrevista é uma oportunidade de rastrear na língua
oral as formações do inconsciente do sujeito, bem como as falhas decorrentes da
natureza faltante da fala. Ademais, na fala dos participantes foi possível identificar uma
maior espontaneidade na abordagem da questão de pesquisa, contribuindo para um
corpus menos hermético e próximo dos objetivos e perguntas de pesquisa traçados na
tese. No tocante ao perfil dos participantes, ressalta-se que todos guardam em comum o
fato de terem frequentado um curso de licenciatura em língua japonesa de uma
universidade pública localizada no Distrito Federal. Alguns participantes se formaram,
outros desistiram antes da conclusão da licenciatura. Durante as entrevistas, pedimos
aos participantes que falassem sobre sua relação com a língua japonesa e com o período
do curso de japonês na mencionada universidade, tentando interferir o menos possível,
instigando apenas pontos de manutenção da fala deles. Foram entrevistados catorze
29
participantes, os quais trouxeram muitas questões e problemáticas concernentes ao
processo de formar-se professores de japonês no Brasil, muito atrelado ao tipo de
relação que os participantes estabelecem com a língua japonesa. Essa infinidade de
temáticas, algumas vezes, se apresentava alheia ao tópico sugerido pelo pesquisador,
porém de aparência relevante ao participante. Nesse sentido, entende-se que, por mais
que o eixo central não fosse a língua japonesa, na subjetividade dos participantes aquele
assunto importava no cenário maior do papel desempenhado pelo japonês em suas
vidas. Contudo, a angústia do pesquisador ainda reside em fazer os participantes falarem
sobre o tema-núcleo da tese, sem incorrer no paradoxo do observador. À vista disso,
pergunta-se: como fazê-los falar de maneira espontânea e ainda assim produtiva para a
pesquisa?
THAIS CAROLINE ALVES ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria José Coracini
TÍTULO: A vida por um fio: no limi(t)ar de um acontecimento
*
Esta pesquisa estuda as representações de vida-morte no dizer de pessoas que passaram
por alguma situação de quase-morte e visa contribuir para a construção de um novo
olhar sobre a morte, comumente tão ignorada pela sociedade ainda que seja uma
realidade imutável. É nesse sentido que este estudo situa-se no grupo de pesquisa
“Vozes (in)fames: exclusão e resistência”, coordenado pela Profa Dra. Maria José R. F.
Coracini, já que em nossa língua-cultura (CORACINI, 2011) não só o dizer sobre a
morte é silenciado, como o ouvir também. Tendo em vista tudo isso e partindo do
pressuposto de que não é possível ao sujeito ter controle sobre si e sobre as situações
que lhe cercam, lançamos a hipótese de que uma situação de quase-morte funciona
como acontecimento (DERRIDA, 1930; FOUCAULT, 1984) na vida do sujeito. Em
outras palavras, o susto da proximidade com a morte traria à consciência, mesmo que
por alguns minutos, a incompletude da vida e a falta de controle sobre todas as coisas
(DERRIDA, 2002) – seria um real (LACAN, 1985) que se impõe – e toda a vida, a
partir disso, passaria a ser repensada. Para realizar este estudo, buscamos captar, a partir
de testemunhos-ficção (DERRIDA, 1998), as representações de vida-morte que
30
emergem dos dizeres dos participantes, e observar a presença, ou não, de marcas
linguísticas que apontam para a possibilidade de uma situação de quase-morte ser
entendida como um acontecimento. O que temos encontrado em nossos resultados tem
nos levado a acreditar que nossa hipótese pode ser confirmada: nossos participantes
associam a experiência ao susto – e, por isso, mostram-se bastante angustiados e
temerosos com relação à tudo; tentam, a todo momento, dar uma explicação palpável
para aquilo que, na verdade, é inexplicável; trazem, em seus dizeres, certos enunciados
(como a apropriação do vocabulário médico) que apontam para a emergência de novas
formações discursivas, bem como para uma mudança de postura com relação à vida. De
forma geral, nosso corpus é tão rico, que o desafio tem sido selecionar os trechos mais
interessantes das entrevistas e dar conta (no que cerce à escrita) de todos os pontos
levantados na análise bruta preliminar. De que maneira é possível (se for) relacionar
acontecimento (foucaultiano ou derrideano) às noções de trauma e recalque?
TRADUZINDO
LOCAL: CL14 | HORÁRIO: 14h-15h40
DEBATEDOR@S: Profa. Dra. Maria José Coracini (IEL-Unicamp) e Profa. Dra. Daniela
Palma (IEL-Unicamp)
APRESENTADOR@S
GIULIA SANCHES BASSANI ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Érica Lima
TÍTULO: Pesquisando traduções livres em um grupo do Facebook
*
A pesquisa em andamento faz parte de minha dissertação de Mestrado e pretende
analisar uma ação tradutória que surgiu após o advento das novas mídias. Para este fim,
o objeto de estudo escolhido é um grupo de uma rede social popular entre os brasileiros
atualmente: o Facebook, abordando, especificamente, o “Acervo de gifs e imagens
chiques”. Esse é um grupo de conteúdo humorístico que possui identidade e
31
posicionamento específicos, os quais são usados como norteamento para o conteúdo
postado. Dentre suas regras de funcionamento, destaca-se o empoderamento de minorias
e a acessibilidade do conteúdo através do oferecimento de traduções livres para
conteúdo postado em língua estrangeira e descrição de imagens para deficientes visuais.
Pretende-se abordar a ética da tradução através da análise de traduções livres feitas
pelos membros e postadas no Acervo e como essa ética se relaciona com a identidade
que o grupo assume. O método utilizado para armazenamento do conteúdo está sendo
feito através de capturas de tela. Uma das dificuldades da coleta de dados é a
necessidade da pesquisa dentre todas as postagens feitas no grupo para encontrar as
postagens que contenham traduções. Porém, mesmo as postagens com traduções
precisam apresentar algum grau de complexidade para que possam gerar uma análise
posterior. A pesquisa do conteúdo desejado precisa ser feita constantemente, pois uma
grande quantidade de conteúdo é postado diariamente. Além disso, há a possibilidade de
se usar o campo de busca disponibilizado pelo site do Facebook com palavras-chave,
mas não há garantia de que todo o conteúdo com aquela palavra-chave será apresentado,
desse modo, uma parte considerável da coleta de postagens depende do arquivo do
grupo que não é fácil de ser acessado no caso de postagens antigas. Sabe-se que na
internet o compartilhamento de informações e a criação de novas tendências é muito
rápido, por isso corre-se o risco de que o grupo deixe de ser interessante e os membros
dele simplesmente parem de interagir. Como dar prosseguimento à pesquisa se o
Acervo deixar de existir?
MARIANA ORMENESE DIAS ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Érica Lima
TÍTULO: Tradutor(a) in memoriam: uso de memórias de tradução
*
A proposta desse projeto de pesquisa é discutir acerca do uso das memórias de tradução
– prática bastante difundida no mercado de trabalho da área. A frequente fragmentação
verificada em trabalhos de tradução técnica resulta de aproveitamentos de memórias de
trabalhos anteriores, sem autoria, explicitando a questão da invisibilidade do tradutor
(VENUTI, 1995) especialmente em um meio em que autoria é algo quase nunca
32
mencionado e o ganho de tempo é prioridade. Devido a esse processo rotineiro entre
empresas, os tradutores são tratados como geradores de arquivos, por estarem quase
sempre alheios às reflexões teóricas que perpassam seu trabalho diário. Este estudo
pretende se aprofundar nas relações entre o trabalho de quem traduz e o uso das
memórias de tradução, investigando, junto aos tradutores, por meio de listas de e-mails
da área e grupos de tradutores na rede social Facebook, se os tradutores consideram que
o uso das memórias contribui para o apagamento do seu trabalho ou não, saber quantos
desses profissionais usam essas tecnologias e como fazem uso dela. Até o momento as
leituras e reflexões realizadas levam a uma problematização da relação tradutor versus
produtividade, portanto, os dados estatísticos que serão levantados durante a pesquisa
podem ajudar a compreender melhor como é a realidade atual dos profissionais e
contrastar a relação desses dados com as conceituações teóricas sobre o assunto. Em
tempos em que vemos que a tecnologia e a automatização do trabalho de tradução
ganham cada vez mais força, começamos a sentir um maior movimento de tradutores
refletindo sobre e até questionando o modus operandi do universo da tradução técnica
no Brasil. Sendo assim, as enquetes em meios virtuais frequentados por tradutores e
tratadas de forma anônima podem ser um bom caminho para encontrar algumas das
respostas que essa pesquisa busca? Qual o novo desenho da profissão que tem sido
moldado com a vinda das memórias? Será que, ao estudar memórias, acabará sendo
necessário falar da tradução automática e/ou das novas tendências tecnológicas da área?
SAMIRA SPOLIDORIO ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Érica Lima
TÍTULO: A relação teoria e prática em cursos universitários de tradução
*
Apesar do significativo crescimento nos últimos anos de profissionais da tradução com
formação universitária específica na área atuando no mercado de trabalho, o número
total ainda é bastante baixo em relação ao número de profissionais com cursos de
graduação em outras áreas ou, até mesmo, sem uma formação universitária específica.
Devido a falta de regulamentação da profissão em si, os cursos de formação
universitária existentes na área de tradução oferecem diferentes composições de grades
curriculares. Considerando ainda que existem também muitas possibilidades para a
33
formação de profissionais da tradução fora da universidade, por meio de cursos livres e
em variados formatos, um dos interesses centrais desta pesquisa é entender como são
organizados os cursos de graduação para formação de profissionais da tradução e, em
especial, como a relação da teoria e prática se apresenta nesses cursos. Para isso,
tomaremos como base inicial a divisão proposta por Williams & Chesterman (2002) que
apresentam quatro áreas principais de pesquisa sobre ensino de tradução: Estruturação
da grade curricular; Implementação; Desafios da tradução; e finalmente o Aspecto
profissional. Para cada um dessas etapas, diferentes metodologias de coleta e análise de
dados serão utilizadas. Inicialmente será realizada uma pesquisa bibliográfica e
documental dos cursos existentes atualmente cadastrados no Ministério da Educação,
bem como seus projetos político-pedagógicos, grades curriculares e ementas/programas
de disciplinas. Na etapa seguinte, a coleta de dados será de caráter etnográfico,
possivelmente contando com uma combinação de questionários, entrevistas e/ou visitas
a universidades. Os problemas encontrados até o momento aparecem em duas frentes: a)
na pesquisa bibliográfica e documental da primeira fase, antecipamos que o maior
desafio será, primeiramente, o acesso a todo esse material, uma vez que nem todos os
cursos mantém suas páginas na internet atualizadas com essa documentação disponível
para consulta e, em segundo lugar, a organização dessas informações de forma a
possibilitar uma análise descritiva e, ao mesmo tempo, relevante dos dados encontrados;
b) na pesquisa etnográfica, como elaborar instrumentos que possam, efetivamente, gerar
dados fidedignos e relevantes sobre a relação teoria-prática nos cursos de graduação.
Assim, colocamos como perguntas para o debate: 1) é possível (e/ou desejável)
‘quantificar’ a relação teoria-prática por meio da análise das grades curriculares? 2)
como abordar a relação teoria-prática na pesquisa etnográfica do ponto de vista tanto do
corpo discente quanto do corpo docente sem pré-estabelecer julgamentos de valor que
possam prejudicar a análise dos dados?
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SHELLEN GRACE DE ALMEIDA DA SILVA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Érica Lima
TÍTULO: Análise Comparativa na Tradução Literária: Algumas Questões
*
Esta proposta tem como objetivo discutir algumas questões relacionadas aos desafios
que se apresentam quando se trabalha com a metodologia de cotejo na análise de
tradução de uma obra do gênero infantojuvenil. Para a discussão no grupo de debate,
será tomada como base a pesquisa de mestrado que se encontra em andamento e tem
como objetivo comparar uma obra escrita em inglês com duas de suas traduções, a fim
de compreender como as tradutoras lidaram com a recontextualização da obra para o
novo público alvo e a recepção dos três livros. A obra em questão é Theodore Boone –
Kid Lawyer (2010), de John Grisham, e as traduções selecionadas são a brasileira,
Theodore Boone – O Aprendiz de Advogado (2010, traduzido por Ana Deiró), e a
portuguesa, Theodore Boone – O Miúdo Advogado (2013, traduzido por Catarina
Andrade). Segundo William e Chesterman (2002), a metodologia adotada, de cotejo
entre as obras em inglês e português seguido de análise das traduções, é um dos
modelos mais antigos de estudo da tradução, e baseia-se na busca por padrões entre os
textos que visem mostrar o comportamento dos tradutores e alguns “princípios que
determinam como certas coisas são traduzidas sob determinadas condições (p. 07)”. Por
isso, o método se mostrou bastante adequado para a proposta devido ao fato de, no
próprio ato de cotejar, já poder se observar as diferentes escolhas tradutórias em cada
uma das traduções. No entanto, muitos desafios se apresentam no decorrer da análise,
principalmente pelo fato de a obra ser também do gênero infantojuvenil, pois outras
questões que influenciam a tradução vão aparecer como, por exemplo, o conceito de
infância e juventude e a censura exercida sobre esse gênero em cada país. Assim, a
questão que se coloca é a seguinte: como verificar, ou até mesurar, a interferência
desses outros fatores, externos à tradução, mas que podem ter sido determinantes para
as escolhas tradutórias (como público-alvo e objetivo da publicação das traduções, por
exemplo)?
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15h40-16h
COFFEE BREAK
16h-17h40
GRUPOS DE DEBATES 2
PROPONDO E AGINDO NO ENSINO DE LÍNGUAS
LOCAL: CL1 | HORÁRIO: 16h – 17h40
DEBATEDOR@S: Profa. Dra. Ana Lúcia Guedes-Pinto (FE-Unicamp) e Profa. Dra.
Cláudia Rocha(IEL-Unicamp)
APRESENTADOR@S
CAMILA DE CASTRO CASTILHO ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Jacqueline Peixoto Barbosa
TÍTULO: Multiletramentos e recursos didáticos: narrativa transmídia e
gamificação no Aventuras Currículo +
*
A presente pesquisa foi pensada a partir da prática de produção e edição de materiais
didáticos digitais para atender tanto aos editais do MEC voltados ao PNLD como às
demandas do mercado. Entretanto, a preocupação com a integração das TDICs na
Educação é anterior. Preocupada em achar meios para aproximar, sobretudo, os
professores da realidade dos alunos, comecei a pesquisar e a trabalhar como objetivo de
achar diferentes formas de minimizar o descompasso, ainda que esta seja apenas uma
das muitas ações necessárias. Por meio da análise do material didático digital Aventuras
Currículo+, projeto de recuperação de aprendizagem em Língua Portuguesa para
estudantes da Rede Estadual de São Paulo, suscitar a discussão sobre a necessidade de
produzir novos materiais didáticos que integrem as TDICs. Para isso, defende-se que as
produções se utilizem de estratégias mais contemporâneas, interativas e participativas,
quem promovam os multiletramentos, no caso, a narrativa transmídia e a gamificação.
Como relacionar os materiais didáticos impressos com (novos) recursos didáticos
36
interativos, criados e produzidos para a mentalidade 2.0? Como pode ser um material
didático transmídia? Quais possibilidades ele oferece? Como a gamificação contribui
para o engajamento dos alunos? De que forma a produção de um material didático
transmídia e gamificado pode integrar as TDICs e promover os multiletramentos? Quais
as contribuições destas estratégias no aprendizado? O material foi desenvolvido com o
objetivo de que os estudantes aprendam conteúdos e desenvolvam competências e
habilidades relativas à leitura e à escrita. Intencionalmente, ele se propôs a ser
gamificado e, por isso, é analisado segundo os elementos indicados por Kapp (2012).
Entretanto, ele não se propôs em ser narrativa transmídia. Entretanto, o material está
sendo analisado de acordo com o conceito e as características apresentados por Jenkins
(2009). Também é analisado como estes elementos promovem os multiletramentos, com
base no conceito apresentado por Rojo (2012) e de que maneira eles contribuem para
uma aprendizagem mais interativa e participativa. Como o material não foi pensado
como narrativa transmídia, é possível apresentar propostas de torna-lo oficialmente uma
por meio de extensões e ampliação? A gamificação é realmente eficaz ou meramente
premiativa? É possível uma produção como esta em contexto de PNLD? Como saber a
efetividade do material se, a princípio, no mestrado, não há tempo hábil para analisar
sua aplicação em sala de aula?
JÉSSICA VASCONCELOS DORTA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Claudia Hilsdorf Rocha
TÍTULO: Pesquisa propositiva: pensando uma metodologia processual e
horizontalizada
*
A pesquisa, cuja metodologia será aqui brevemente apresentada, é fruto de um projeto
de mestrado. O objetivo central do estudo foi delinear e analisar as principais
características de uma proposta de aplicativo móvel (app) para a comunidade surda,
Palavreando, voltado à aprendizagem de palavras, vista como um processo
multimodalizado e discursivo de construção de sentidos em Português. A finalidade do
app, bem como suas principais características, foram traçadas levando em consideração
a) o perfil e as percepções de um grupo de onze alunos surdos, de 15 a 19 anos, em
relação à aprendizagem de Português escrito; b) o modo como esses alunos relacionam-
37
se com essas tecnologias e como eles fazem uso de variados modos/linguagens para
construir sentidos em Português e, finalmente, c) os estudos relacionados à
aprendizagem e às tecnologias moveis. Os alunos fazem parte de um programa bilíngue
de apoio escolar a jovens surdos, desenvolvido em um centro de estudos de uma
universidade pública da região sudeste do país. O programa, focado em leitura e escrita
do Português como segunda língua, no qual eu atuei durante um ano como professora
(período que coincide com o desenvolvimento da pesquisa aqui apresentada), atende
crianças e jovens surdos da rede pública regular de ensino. Para cumprir os objetivos
traçados para esse estudo, foram adotados como instrumento de produção de dados um
questionário online, registros em diário de campo da observação das aulas do programa
bilíngue e dois grupos focais. O cruzamento dos dados produzidos a partir desses
instrumentos evidenciaram algumas categorias teórico analíticas relevantes para orientar
a condução da análise e, portanto, a composição da proposta do app. As noções de
multimodalidade, palavra/enunciado, contexto e colaboração foram os conceitos mais
significativos. Por se tratar de um estudo propositivo, de natureza qualitativa e base
etnográfica (ANDRE, 2003) e, principalmente, por se tratar de uma pesquisa aplicada
realizada em contexto de minoria linguística, cabe destacar que busquei desenvolver o
estudo de forma horizontalizada e processual. Isso quer dizer que os dados foram
emergindo e sendo (re)construídos continuamente no processo constante de interação
entre mim e os alunos participantes. Na perspectiva transdisciplinar da Linguística
Aplicada, para se propor um recurso tecnológico, faz-se necessário o diálogo e o
trabalho com profissionais de outras áreas. Sendo assim, como poderíamos pensar
metodologias de pesquisas propositivas, envolvendo tecnologia, que garantissem o
trabalho conjunto com outros campos do conhecimento?
JULIANA VEGAS CHINAGLIA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Márcia Mendonça
TÍTULO: Multiletramentos e novos letramentos para o Ensino Médio:
sequência didática gamificada em gêneros científicos e de divulgação
científica
*
Esta pesquisa de Doutorado em Linguística Aplicada é uma pesquisa-ação, de
abordagem qualitativa. Na pesquisa-ação, o professor é o próprio pesquisador e seus
38
alunos os participantes. Temos como objetivo geral elaborar e testar um material
didático digital que favoreça os multiletramentos e novos letramentos, já que os atuais
materiais deste tipo se mostram insuficientes para dar conta das demandas da
contemporaneidade (CHINAGLIA, 2016). A partir desse objetivo geral, temos interesse
em propor atividades que trabalhem no paradigma de aprendizagem interativa
(LEMKE, 2010), mobilizando múltiplas linguagens, diversidade cultural e novas
práticas letradas, mediadas por novas tecnologias. Paralelamente a isso, temos um
segundo interesse em trabalhar com gêneros científicos e de divulgação científica, não
só por se mostrarem gêneros propícios, devido à presença de gêneros multissemióticos,
como o infográfico (MENDONÇA, BUNZEN, 2012), mas também pela intenção de
fornecer uma pré-formação de alunos do Ensino Médio no universo das ciências, com o
qual possivelmente terão contato em cursos técnicos e superiores. Para isso, elaboramos
uma sequência didática (SD) gamificada que, agora, pretendemos testar. A gamificação
consiste em uma estratégia de ensino-aprendizagem que tem como objetivo utilizar a
lógica dos games (KAPP, 2012), como atividades permeadas por uma narrativa, pontos,
cooperação, entre outros elementos dos jogos. O primeiro desafio metodológico estava
relacionado a como gamificar uma SD, já que o conceito é ainda novo na área de língua
portuguesa. O local escolhido para realização da pesquisa é o curso popular Exato
(PREAC/UNICAMP) e os participantes são alunos que cursam ou já cursaram o Ensino
Médio em escolas regulares públicas e estão em busca de formação complementar de
estudos ou pré-vestibular. O segundo desafio metodológico, portanto, foi a lacuna na
formação dos alunos, que fez com que a pesquisadora, que também é a professora,
tivesse que repensar a abordagem da SD, já os preparando previamente para os gêneros
que serão abordados. Com a SD pronta e os alunos preparados, pretendemos aplicar o
material e gerar os dados em sala de aula, através de questionário inicial, diário de
pesquisa, entrevista semi-estruturada, registro de produções textuais e possivelmente
utilização de software de monitoramento de buscas. Para a aplicação, precisaremos de
computadores, tablets ou celulares com acesso à Internet, assim, outro desafio se coloca:
Como o professor pode, em sala de aula, superar os desafios tecnológicos e ainda assim
promover algo inovador e coerente com as novas práticas letradas?
39
LUANA DE FRANÇA PERONDI KHATCHADOURIAN ([email protected])
ORIENTADOR: Prof. Dr. Marcelo Buzato
TÍTULO: Smartphones em sala de aula de língua inglesa na escola pública de
periferia: um ator (re) mediador
*
O uso de uma aparelho móvel se faz oportuno, mas não se pode pensar em atividades
que descaracterizem o potencial desse dispositivo. Neste ponto encontro o principal
problema de pesquisa: como integrar o celular de forma produtiva (i) sem mutilar o
artefato em suas possibilidades de inovação e (ii) assumindo que a entrada efetiva do
artefato necessariamente vai desestabilizar o que está estabelecido? Ao levar tais
aspectos em consideração, proponho criar uma atividade baseada em teorias de MALL
(Mobile Language Assisted Learning), na teoria de Task Based Learning (ensino
baseado em tarefas) para o que pretendo usar como fundamentação pedagógica. Apoio-
me na teoria ator-rede de Bruno Latour e colegas para fundamentação teórico-
metodológica, e proponho-me a realizar uma pesquisa-ação cujo objeto de estudo será o
uso do smartphone na sala de aula de lingua inglesa em escolas públicas. O contexto da
pesquisa é uma sala do ensino médio de uma escola pública da rede estadual localizada
na periferia de São Paulo. O objetivo geral da pesquisa é elucidar como essa rede em
que o aparelho móvel smartphone está atuando cresce ou se desestabiliza a partir de
uma intervenção com o TBL e MALL tendo como interese iluminar os processos que
estão em curso nos usos de smartphones em sala de aula. Os resultados esperados são
um conjunto apontamentos metodológicos baseados em pesquisa sobre o uso de
smartphones no ensino de língua estrangeira em escolas públicas brasileiras e uma
caracterização do aparelho de smartphone enquanto agente ativo no processo educativo.
ROSANE DE PAIVA FELÍCIO ([email protected])
ORIENTADOR: Prof. Dr. Petrilson Alan Pinheiro
TÍTULO: Sala de leitura da escola pública e a formação de leitores literários:
abordagens possíveis
*
Sou professora efetiva de língua portuguesa em uma escola da rede pública estadual no
município de Piracicaba - São Paulo. Durante a pesquisa para o mestrado, concluído em
2015 no IEL-Unicamp, percebi quão necessárias são pesquisas desenvolvidas em
40
contexto de escola pública, especialmente se considerarmos aquelas realizadas por
pesquisadores inseridos nesse contexto. Assim, há um espaço singular no qual tenho
investido tempo e trabalho enquanto professora da instituição: a sala de leitura da
escola, em função da dificuldade de implantação de projetos voltados à formação de
leitores literários entre os alunos do fundamental II. Essas questões orientaram o projeto
de pesquisa e a pesquisa de doutorado que passei a desenvolver a partir de 2017, ano de
ingresso no Programa. Há um duplo papel assumido no processo de pesquisa, o de
professora e pesquisadora. Como minha participação será ativa no desenvolvimento do
projeto a ser implantado na sala de leitura, a estratégia de pesquisa a ser adotada é a
pesquisa-ação, na qual está implícita uma ação transformadora, mesmo que restrita ao
espaço escolar da sala de leitura. O conhecimento produzido com a pesquisa, no
entanto, embora refira-se a um contexto situado, pode ser projetado a outros e, nessa
medida, a pesquisa se coaduna com os princípios da LA. A ideia de associar a formação
de leitores literários a partir de uma proposta que envolve leitura subjetiva e pedagogia
dos Multiletramentos, traz desafios bastante comuns aos pesquisadores do campo da LA
em função de seu caráter interdisciplinar. Além disso, a estratégia de pesquisa-ação
também resulta em grande quantidade de registros, que precisam ser organizados e
analisados em etapas posteriores da pesquisa. A dúvida é essa: como organizar registros
de forma satisfatória tanto para serem utilizados durante a pesquisa da pós ou, até
mesmo, para momentos que vierem após o mestrado e doutorado em que desejamos
recuperar esse material de forma a realizar novas análises para produção de artigos
acadêmicos, por exemplo.
41
EXPLORANDO O DIGITAL
LOCAL: CL13 | HORÁRIO: 16h – 17h40
DEBATEDOR@S: Prof. Dr. José Macário da Rocha (Unicamp) e Prof. Dr. Marcelo
Buzato (IEL-Unicamp)
APRESENTADOR@S
CAROLINA DE MOURA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Denise Braga
TÍTULO: Mídias Sociais e a Mídia Alternativa Independente
*
Este trabalho selecionou e estudará algumas práticas de comunicação social alternativas
viabilizadas pelas mídias sociais buscando detectar se as mesmas contribuem para
oportunizar a construção e expressão de visões plurais no que diz respeito aos temas
escolhidos, às vozes representadas e às linguagens utilizadas. Tendo em vista o contexto
de potencial automação das plataformas de mídias sociais, queremos articular uma
metodologia que contemple uma discussão qualitativa sobre essas práticas e também
seja capaz de agregar informações quantitativas geradas a partir das possibilidades de
automatização das plataformas e outras ferramentas digitais. Escolhemos as contas dos
Jornalistas Livres e, para fins de contraste, o Jornal Estadão, nas plataformas (Twitter,
Facebook, Site). A coleta dos canais é realizada no mesmo dia para que os eventos em
curso sejam coincidentes e seja possível detectar variações e diferenças nas escolhas de
cada canal. As coletas em todas as plataformas vêm sendo feitas pelo recurso de salvar
página em html do navegador Firefox. Este recurso permite salvar os aspectos visíveis
quando se carrega página, entretanto, não salva os conteúdos das páginas internas. Os
vídeos também não são salvos automaticamente e temos testados plugins adicionais
para isto, entretanto, a melhor solução encontrada até o momento é salvá-los
manualmente através de sites específicos para baixar vídeos das plataformas. Além
disso, estamos coletando as postagens do Twitter através de script que desenvolvemos
para a sua API. Pretendíamos realizar uma coleta do Facebook através de sua API,
entretanto, esta opção tem se mostrado mais complicada do que o esperado. A coleta
42
pelo navegador é problemática porque navegadores e plataformas de mídias sociais são
estruturas muito dinâmicas, então é comum surgirem problemas adicionais entre as
coletas impactando a estabilidade e compatibilidade dos dados. Pesquisas longitudinais
que pretendam acompanhar as atividades de certos perfis nas mídias sociais por um
longo período de tempo possivelmente terão problemas na geração dos seus dados (seja
via API, seja via navegadores ou outros recursos). Terminada a fase de coletas, faremos
a comparações das notícias do mesmo canal nas diferentes plataformas para identificar
usos diferenciados da plataforma. Faremos a comparação dos temas abordados entre os
canais para identificar práticas semelhantes ou divergentes dos canais. Essas
comparações visam discutir os parâmetros de diversidade estabelecidos: os temas que
cada comunicador apresenta; as vozes presentes nesses temas são variadas; quais as
linguagens utilizadas. Quais análises devem ser realizadas neste corpo de dados e quais
outros procedimentos de coleta podemos aplicar?
ELIS NAZAR N. SIQUEIRA ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Inês Signorini
TÍTULO: #Favelatour: mobilidades (d)e sentidos
*
Por meio dessa pesquisa, busco pensar sobre como fotografias dos tours nas favelas
cariocas postadas no Instagram no período das Olimpíadas de 2016 são descritas por
meio de hashtags colocadas em suas respectivas legendas. As hashtags passaram a ser
utilizadas em diversas mídias sociais como uma etiqueta para os conteúdos postados,
constituindo uma forma de classificação de mensagens que possibilita a organização e a
recuperação informacional na rede (RUFINO, 2010). Entretanto, hashtags não são
simples recursos tecnológicos de organização de dados, são materialidades das
tendências humanas (NEAL, 2007), pois, ao serem produzidas a partir de uma lógica de
indexação livre (CATARINO; BAPTISTA, 2009), expressam textualmente
subjetividades dos usuários digitais (CALEFFI, 2015). As subjetividades sobre as quais
me interessa pensar nesse trabalho são aquelas referentes à percepção de três grupos
diferentes envolvidos nas práticas de turismo nas favelas: os moradores, os agentes de
viagens e os visitantes. Diante disso, para pensar nessas questões, uma metodologia de
43
base interpretativista é utilizada, com aspectos tanto quantitativos quanto qualitativos:
para a coleta de dados, primeiramente, foram rastreadas, por meio da ferramenta de
busca do Instagram, postagens nas quais a hashtag "#favelatour" foi adicionada; depois,
os dados foram descritos em planilhas e, utilizando o software Gephi, analiso nos posts
do corpus selecionado quais são os usuários mais influentes e quais os seus perfis na
rede, quais hashtags são mais frequentes e como essas hashtags se relacionam entre si.
Meus maiores desafios são em relação ao volume significativo de dados e,
principalmente, em relação à utilização simultânea de mais de uma hashtag em uma
mesma imagem postada, pois essa circunstância faz com que um único objeto, ou seja,
uma única foto postada, passe a pertencer a dois ou mais conjuntos distintos. Assim,
quando uma hashtag é utilizada para fins de pesquisa e recuperação de informações por
usuários da rede, um conjunto de resultados é apresentado, no qual pode constar um
objeto que também pertença, simultaneamente, a outro(s) conjunto(s). Gostaria de
refletir, portanto, sobre as consequências dessa indexação livre para a constituição de
significados de conjuntos, pois penso que o pertencimento de uma mesma imagem a
diferentes grupos gera instabilidade e imprevisibilidade na construção de sentidos
esperados em determinadas buscas nas redes sociais, porém, ao olhar para os gráficos e
grafos que tenho gerados, não consigo pensar nem em um repertório teórico nem em
caminhos metodológicos para abordar essa questão.
IZADORA SILVA PIMENTA ([email protected])
ORIENTADOR: Prof. Dr. Rodrigo Esteves de Lima-Lopes
TÍTULO: O discurso midiático e o racismo no futebol: uma análise à luz do
sistema de avaliatividade
*
Eu venho de uma graduação em Jornalismo e recentemente saí do mercado de trabalho
para ingressar na vida acadêmica. Atualmente, pesquiso o racismo no futebol em um
contexto midiático online, dissertação que será desenvolvida com base na Linguística
Sistêmico-Funcional e no Sistema de Avaliatividade (MARTIN E WHITE, 2005).
Estou desenvolvendo a fundamentação teórica, o que vem exigindo também uma forte
imersão em leituras com as quais não havia tido contato fora do programa de mestrado
e, ao mesmo tempo, realizando a coleta de dados, o que vem sendo um grande desafio,
44
pois, além de uma coleta manual previamente feita, venho utilizando softwares para me
auxiliar a coletá-los automaticamente, bem como ferramentas de corpus serão utilizadas
para auxiliar a identificar padrões coletados. Estes softwares oferecem dificuldades
diversas, como a dificuldade de instalação, o limite fornecido pela versão grátis, o
manuseio pouco intuitivo e a quantidade de intervenções que devem ser feitas para um
melhor funcionamento. Além de tudo, tenho um corpus relativamente extenso até o
momento, que deve ficar maior ainda quando terminar de coletar esses dados. Portanto,
gostaria que a mesa me auxiliasse em uma dúvida que carrego: um recorte deste corpus
mais simples de manusear seria efetivo para a pesquisa em questão?
KARINA MENEGALDO ([email protected])
ORIENTADOR: Profa. Dra. Inês Signorini
TÍTULO: A algoritmização da linguagem na era das mídias sociais
*
A estrutura algorítmica das grandes mídias sociais da atualidade possuem alto
processamento e gerenciamento de dados produzidos por seus usuários, frequentemente
nos levando a interações com informações selecionadas automaticamente, com base em
escolhas, na maior parte das vezes, linguísticas. Com base nessa colocação inicial, o
principal objetivo que persigo com esta pesquisa é analisar as possíveis relações (ou
inter-relações) entre as manifestações discursivas e a organização algorítmica, no
ambiente mediado das mídias sociais, do qual recortei o Facebook. Para isso, esta
pesquisa se divide em duas etapas: i- extração de dados de interação discursiva,
publicados nas “timelines” de um número ainda não mensurado de usuários brasileiros
da mídia recortada; ii- organização e análise dos dados coletados. A primeira
dificuldade encontrada foi a inexistência de uma ferramenta de extração de dados das
“timelines” dos usuários. Sendo assim, neste primeiro momento da pesquisa,
desenvolverei um aplicativo de entretenimento, que será divulgado na rede social. O
desenvolvimento do aplicativo prevê uma interface de coleta de dados e de
autorizações, para que os metadados dos usuários possam ser coletados de forma
encoberta, por meio da API do Facebook. Na segunda etapa da pesquisa, desenvolverei,
em conjunto com colaboradores voluntários, um software para a análise dos dados
45
coletados, por meio do qual farei o cruzamento dos dados e os possíveis
reconhecimentos de padrões, que me permitam algumas interpretações. Posto isso,
surgem-me inquietações, às quais destaco duas, norteadoras do estudo: i- Quais as
influências da mediação algorítmica nas interações produzidas nas grandes mídias? ii-
Como essas possíveis influências podem ser mensuradas?
LUANA MORO ([email protected])
ORIENTADOR: Prof. Dr. Rodrigo Lima-Lopes
TÍTULO: Treinamento linguístico de software de reconhecimento de voz:
pós-edição de transcrição e tradução automática em EaD
*
Este trabalho tem como objetivo treinamento linguístico a ser realizado em um software
de reconhecimento de voz, que fornece a transcrição e a tradução simultânea-automática
para cursos EaD, com opção de pós-edição do conteúdo coletado nesse processo. A
edição realizada no software conta com um mecanismo de inteligência artificial simples
(IA), onde todo o conteúdo que é processado automaticamente recebe correções e passa
pelo processo de aprendizagem, utilizando o processamento de linguagem natural
(PLN). O objetivo principal da pesquisa é realizar um treinamento linguístico adequado
para que a ferramenta de tradução simultânea se torne cada vez mais autônoma, ou seja,
que a pós-edição não seja mais uma intervenção necessária no processo automático do
reconhecimento de voz. Neste sentido, as maiores dificuldades encontradas estão
relacionadas ao número escasso de ferramentas que lidam com o PLN e modelos
computacionais ainda não preparados para este tipo de aplicação. A análise dos dados
gerados não possui grandes dificuldades, porém, o modelo computacional a ser gerado
para que o treinamento de software se conclua com a acurácia necessária, é em si a
maior dificuldade da pesquisa. O ponto de maior questionamento a respeito da pesquisa,
é justamente a melhor maneira de criar um treinamento assertivo para a IA integrada na
ferramenta automática, que é em si o ponto principal para que a ferramenta se torne
autônoma. A análise dessa ferramenta será desenvolvida através da geração de um
conteúdo automático de uma das aulas, da edição desse conteúdo gerado e da
comparação conclusiva entre as duas versões, automatizada e editada/corrigida. Essa
46
pesquisa se dará de forma quantitativa e qualitativa, explorando o corpus gerado pelo
próprio sistema e comparando-os após o processo de correção executado.
NAYARA NATALIA DE BARROS ([email protected])
ORIENTADOR: Profa. Dra. Daniela Palma
TÍTULO: Linhas do tempo do Facebook como curadorias de si: uma
construção autobiográfica
*
Minha pesquisa de doutorado investiga em que medida as linhas do tempo do Facebook
configuram-se como relatos auto/biográficos contemporâneos, engendrados por meio de
práticas curatoriais digitais. Considerando que as formas de “escritas de si” modernas
têm se caracterizado pela influência das redes sociais na vida dos indivíduos, os perfis
públicos e privados do Facebook refletiriam a reunião de dizeres e ações, materializados
em coleções textuais de caráter diverso, para a reverberação de subjetividades. No caso
específico das linhas do tempo, as práticas curatoriais de seleção e apresentação do que
é publicado pelos usuários mobilizam processos discursivos que podem favorecer o que
chamo de “curadorias de si”, isto é, formas de exposição auto/biográficas e públicas do
“eu”, propiciadas pelas possibilidades fornecidas pelo próprio site de rede social, e
apropriadas pelos seus usuários, tendo em vista o colecionamento de materialidades
textuais, que pode refletir, assim, traços e vestígios de uma “expressão auto/biográfica”.
Quanto à metodologia, as publicações das linhas do tempo no Facebook são objetos de
difícil recorte, por serem de natureza instável e temporária, podendo ser excluídas e
reconfiguradas constantemente pelos usuários. Além disso, os aspectos éticos desta
pesquisa tiveram influência direta sobre a seleção dos participantes, realizada em
consulta pública em minha página pessoal do Facebook, por meio de um convite para
encontrar voluntários. Os sujeitos que se propuseram a participar voluntariamente da
pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa. Desse modo, não fui exatamente eu, como pesquisadora,
quem selecionou os participantes por sua representatividade, senão eles que se
dispuseram a fazer parte da amostragem que pode, em alguma medida, viabilizar a
comprovação da minha hipótese de pesquisa. Especificamente em relação à análise,
parto do pressuposto de que tudo que é publicado em uma linha do tempo de um perfil
47
pessoal do Facebook é feito para ser visto em conjunto com outras publicações de um
mesmo indivíduo. Por essa razão, as postagens constituem sua significação, por
semelhança e/ou diferença dentro desse conjunto. Dissociadas daquela linha pessoal e
individualizada, isto é, que dizem respeito a uma pessoa em particular, as publicações
perdem seu sentido auto/biográfico. Minha pergunta é a seguinte: Como apresentar uma
análise que não seja meramente descritiva das linhas do tempo estudadas, no texto final
da tese, e que não ignore o conjunto das postagens dentro do ano de 2014, escolhido
como foco de exame?
TRADUZINDO
LOCAL: CL14 | HORÁRIO: 14h-15h40
DEBATEDOR@S: Profa. Dra. Érica Lima (IEL-Unicamp) e Profa. Dra. Cynthia Neves
(IEL-Unicamp)
APRESENTADOR@S
JULIA GOMES DE ALENCAR ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Viviane Veras
TÍTULO: Tradução e alteridade: um estudo de In This Life, de Michael
O’loughlin
*
O projeto analisa a relação autor-tradutor entre os poetas Michael O’Loughlin e Mikelis
Norgelis – poetas a princípio distintos, que, no entanto, tratam-se da mesma pessoa.
Norgelis nada mais é que outro nome de O’Loughlin, poeta irlandês que, ao retornar à
sua Irlanda após anos no exterior, depara-se com uma outra voz para sua escrita. Tal
análise será feita com base no livro In This Life, 2011, no qual O’Loughlin apresenta
doze poemas de sua própria autoria e oito poemas cuja autoria ele atribui a Mikelis
Norgelis. Essa junção das obras permite levantar uma questão acerca de quem, afinal,
seria o letão Norgelis. Para tentar responder a essa e outras perguntas, serão propostas
traduções para estes poemas junto a um estudo crítico quanto à linguagem de cada
autor, e quanto aos próprios autores: únicos, porém, um único ser. Phillipe Lejeune
(2008) afirma que, ao lermos uma autobiografia, assumimos que o autor, o narrador e o
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protagonista são uma única pessoa. No caso destes autores, quando lidos de forma
separada, é possível identificar em sua voz a sua vida, o seu passado e o seu presente.
No entanto, o letão não passa de uma criação do irlandês. Mas seria possível, através da
leitura de Norgelis, encontrar o autor, narrador e protagonista O’Loughlin? Narrador e
personagem principal se confundem e se misturam, pois são a mesma pessoa. E são,
supostamente, a mesma pessoa que assina seus poemas. O único autor então é
O’Loughlin, que está inscrito no texto e no paratexto. Age ele como um intermediário
entre o poeta irlandês e o poeta letão e um intermediário dos textos com os leitores.
Sendo assim, a hipótese inicial é a de que Norgelis não passa da tradução de
O’Loughlin. E, sendo O’Loughlin um autor nunca estudado, a falta de bibliografia
torna-se um desafio. E, por se tratar de um projeto de tradução de poesia, a metodologia
vai sendo construída ao longo do andamento do projeto, uma vez que toda a pesquisa
será feita com base em diferentes teóricos. Pensando nessa construção ao longo do
andamento da pesquisa, seria possível afirmar que a metodologia é algo que está
inerente à pesquisa, não algo no qual se basear para fazer a pesquisa?
JULIANA APARECIDA GIMENES ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Viviane Veras
TÍTULO: Paratexto e paratradução: quando se fala sobre a tradução
*
Minha proposta de comunicação no grupo de debates é discutir alguns aspectos
metodológicos da pesquisa de doutorado em andamento em tradução literária. O estudo
concentra-se nas traduções das personagens femininas de Machado de Assis para o
espanhol. O objeto de estudo são textos de Machado de Assis em português, algumas de
suas traduções para o espanhol e alguns paratextos. Faz-se importante destacar que esse
objeto de estudo encontra-se para além de uma delimitação de área, isto é, busco
informações em pesquisas da teoria literária, da história, da sociologia, bem como dos
estudos de tradução. Em suma, a presente pesquisa apreende diversas perspectivas das
ciências humanas. Considero que os paratextos nos ajudam a entender tanto o processo
de tradução como a visão dos tradutores sobre o material com o qual estão lidando. Os
paratextos que estou analisando são os próprios paratextos editorais, ou seja, as orelhas,
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as introduções, as apresentações, etc, e entrevistas e reportagens que saem na mídia com
e sobre os tradutores. Isso acabou acontecendo porque nem todas as traduções trazem
uma apresentação do tradutor ou um breve comentário sobre o trabalho de tradução,
então, tive que buscar outros meios para tentar conhecer um pouco mais sobre as
traduções de Machado de Assis. Os materiais coletados até agora incluem as edições
disponíveis na biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) e materiais
publicados na internet – artigos acadêmicos e entrevistas para jornais e revistas em
língua espanhola. Minha dificuldade está justamente em propiciar o diálogo entre as
diferentes áreas, ou seja, em não acabar transformando minha pesquisa em um trabalho
de teoria literária, nem de sociologia, nem de editoração. Por isso, uma das minhas
perguntas é “Como transitar da transdisciplinaridade ao detalhe da tradução das
personagens femininas de Machado de Assis?”. Uma insegurança/inquietação que tem
surgido durante minhas últimas pesquisas diz repeito à busca de paratextos que tratem
especificamente das mulheres machadianas em tradução. Tenho pouco material com
tradutores falando sobre esse tema especificamente. Se não encontro o que estou
buscando, tenho que analisar o material que encontrei. Então, outra pergunta surge:
“Como lidar com essa mudança de percurso que ocorre no meio da pesquisa
acadêmica?”.
MARYLIN LIMA GUIMARÃES FIRMINO ([email protected])
ORIENTADORA: Profa. Dra. Viviane Veras
TÍTULO: A nota do tradutor versus a tradução anotada
*
Minha pesquisa se situa no campo da tradução e toma como base o conto Another Word
for World, de Ann Leckie, publicado pela Microsoft em 2015 como parte da antologia
de ficção científica Future Visions, em formato de e-book. Na história, a tradução é
elemento fundamental nas disputas entre povos, com presença de especificidades em
termos de conteúdo e conceitos, os quais suscitam reflexão a respeito de estratégias a
serem adotadas durante o processo tradutório, incluindo as notas do tradutor ou mesmo
a formação de um glossário. Devo destacar que há poucos estudos no meio acadêmico
sobre a nota do tradutor. No meio editorial, por sua vez, existe um aparente consenso,
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ainda que com diferentes níveis de rejeição, entre tradutores e editores quanto à decisão
de se evitar notas do tradutor em textos de ficção de consumo (LYRA, 1999).
Paralelamente, existem segmentos editoriais que valorizam tanto as notas como as
traduções anotadas, especialmente de obras consideradas clássicas. Em alguns casos, o
texto original recebe anotações/extensões e passa a circular como edição mais
requintada. O conhecimento dessa “realidade” que cerca as notas e o conto de Ann
Leckie levaram-me a pensar em possibilidades de estudos que abarcassem tanto uma
perspectiva mais voltada para o mercado editorial como uma abordagem mais voltada
para o meio acadêmico. Assim, meu ponto de partida é o estudo dos conceitos de nota
do tradutor, tradução anotada e tradução comentada. Busco compreender seus
funcionamentos e meios em que circulam, por meio de revisão da literatura sobre o
tema, além de identificar aproximações e distanciamentos entre eles. Posteriormente,
definirei um projeto de tradução que considere o público-alvo da tradução como leitores
de ficção, simulando uma publicação pelo mercado editorial e pensarei em como lidar
com a questão das notas e glossário. Também pretendo definir um projeto de tradução
comentada mais voltada para o contexto acadêmico, tendo como norte a formação da
tradutora-pesquisadora, de modo que desafios de tradução sejam descritos e decisões
tradutórias sejam justificadas, contribuindo para a ampliação de consciência/percepção
das variáveis envolvidas na prática da tradução. A metodologia, no campo da tradução,
muitas vezes se desenha ao longo da pesquisa, em conformidade com questões iniciais,
alterando-se conforme novas variáveis entram em jogo. Assim, dissertações e teses
podem prescindir de capítulo(s) que aborde(m) a metodologia explicitamente, creio ser
o caso desta pesquisa, e gostaria de discutir, além disso, a pertinência das minhas
propostas de projetos de tradução.
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18h-19h
ASSEMBLEIA DOS ALUNOS DA PÓS-GRADUAÇÃO DO DLA
19h
ENCERRAMENTO
A programação completa está disponível no site do evento:
http://www2.iel.unicamp.br/sala/.
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