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Comissão Organizadora
Dra. Josemery Araújo Alves – DETUR/UFRN
Dr. Michel Jairo Vieira – DETUR/UFRN
Dr. Ricardo Lanzarini – DETUR/UFRN
Comissão Científica
Dra. Andrea Virginia Sousa Dantas – DETUR/UFRN
Dra. Carolina Todesco – DCSH/ UFRN
Dr. Guilherme Bridi – DETUR/UFRN
Dra. Josemery Araújo Alves – DETUR/UFRN
Dra. Leilianne Barreto – DETUR/UFRN
Dr. Luiz Mendes – DETUR/UFRN
Dra. Mabel Simone Guardia – DCSH/ UFRN
Dr. MARCELO DA SILVA TAVEIRA – DCSH/ UFRN
Dr. Michel Jairo Vieira – DETUR/UFRN
Dr. Mozart Fazito – DETUR/UFRN
Dr. Ricardo Lanzarini – DETUR/UFRN
Dra. Rosana Franca – DCSH/ UFRN
Dr. Wilker Ricardo de Mendonca Nobrega – DETUR/UFRN
Msc. Fernanda Raphaela Alves Dantas – DCSH/ UFRN
Msc. Gildygleide Cruz de Brito Rêgo – DETUR/UFRN
Msc. Gislainy Laise Da Silva – DETUR/UFRN
Msc. Isabella Ludimilla Barbosa Do Nascimento – DETUR/UFRN
Msc. Islaine Cristiane Oliveira Gonçalves da Silva Cavalcante – DETUR/UFRN
Msc. Itamara Lúcia da Fonseca – DCSH/ UFRN
Msc. Leandro tavares bezerra– DETUR/UFRN
Comissão Técnica
Anna Beatriz da Silva Farache
Bianca Dias Campitelli
Bianca Freire Lopes
Brenda Lydianne da Silva Saldanha
Clidenor Pereira da Silva Júnior
Danielle Renata da Costa Sales
Emiliane Thalia de Lima
Flávia Yonara Vieira da Silva
Gabriela Cristina Ribeiro David
Giovanna Alencar de Sousa Mesquita
Grécia Costa de Oliveira
Guilherme Antônio de Freitas Silva
Iury Bezerra Pereira
Jefferson Bruno Dantas da Silva
Juliana Cabral Duarte Pereira
Juliana Taline Gomes Dantas
Késia Nascimento de Macêdo
Louise Teonácio de Brito
Ricardo Ernesto Bolzán
Ricardo Henrique da Silva Castro
Sara Jane Almeida de Sousa
Scheidt Targino Teixeira
Thalita Cavalcante Marques de Souza
Thásia Maria Oliveira de Araújo
Thiago Henrique Amorim Lima
Yasmim Ângelo Mariano
Secretaria Executiva
Rita de Kassia da Silva – CCSA/UFRN
Assessoria de Comunicação
Jeferson Luís Pires Rocha – CCSA/UFRN
Programação Geral
16/10 Quarta-Feira 17/10 - Quinta-Feira 18/10 - Sexta-Feira
13h00 Credenciamento 13h30 Apresentação Sociocultural 13h45 Abertura da 15ª Semana de Turismo da UFRN 14h00 Conferência de Abertura “Potencialidades e perspectivas dos produtos turísticos do RN” Dr. Bruno Reis – Diretor da EMPROTUR 15h00 Roda de conversa Mediadores da UFRN: Dr. Michel Vieira e Dra. Mabel Guardia Representantes do Trade turístico do RN: Yves Guerra – Gestor do Investe Turismo RN no SEBRAE Ítalo Mitre – Presidente Arena das Dunas Decca Bolonha – Potiguar Turismo 16h30 Coffee end
8h – 10h Apresentação dos grupos de trabalho 10h – 12h Minicursos 1. Um estudo sobre as ações da OMT com foco no Comitê Internacional de Ética para o Turismo. Matheus Vinicius de Medeiros Dantas e Mikaelly Priscila Barbosa da Silva 2. Intercâmbio: Como? Onde? Quando? Francisco Xavier da Silva Júnior 3. Mestrado em Turismo: tudo o que você precisa saber para ingressar no PPGTUR. Romário Oliveira de Sant‟ana 10h00 – 12h00 Oficinas 4. Revivendo a Belle Époque do Centro-Histórico de Natal/RN Ana Christina Roque dos Santos e Carlos Gutierrez Quirino da Silva 5. Turismo de Aventura no RN Fábio Henrique Turno Vespertino 13h30 Curta-metragem: Província moderna 14h00 - 14h30 Seminário Temático: SEGMENTOS
8h – 10h Apresentação dos grupos de trabalho 10h – 12h Minicursos 6. “Modo Aviação”: o papel o profissional aeroviário no mercado das empresas aéreas Denilson Costa 7. Inovação em serviços prestados pelas agências de viagens Thásia Araújo 8. A&B em eventos de massa e na hotelaria Romário Oliveira de Sant‟ana 10h – 12h Oficinas 1. Tendências e desafios da fotografia na área do Turismo no século XXI Matheus Vinicius de Medeiros Dantas e Ricardo Herculano 2. Comunicação oral: desafios e oportunidades Islaine Cristiane Oliveira Gonçalves da Silva Cavalcante Turno Vespertino 13h30 - 14h30 Conferência de encerramento: NOVAS TENDÊNCIAS PARA O TURISMO DE
POTENCIAIS DO TURISMO DO RN/TURISMO HISTÓRICO CULTURAL Dra. Rosana Mazaro 14h30 - 15h30 Apresentação do projeto turístico: Rota do Descobrimento Touros, São Miguel do Gostoso e Pedra Grande. 15h30 - 16h30 Roda de Conversa Dra. Rosana Mazaro - UFRN/mediadora Dr. Ricardo Lanzarini - UFRN/mediador Secretaria Estadual de Turismo do RN Sacretarias municipais de Touros, São Miguel do Gostoso e Pedra Grande. 16h30 Coffee end
AVENTURA Turismo de Natureza na sociedade contemporânea - “Viajar transforma o Brasil” Luiz del Vigna 15h Roda de Conversa: Dr. Marcelo Taveira – UFRN/mediador Tatiana Moritz – UERN/mediadora Jordian Freitas: Consultor gestão de risco Fábio Henrique: Camaleão Expedições e Aventura
16h - 16h30
Encerramento da 15ª
Semana de Turismo da
UFRN
16h30 Coffee end
6
SUMÁRIO
Resumos expandidos
Grupo de Trabalho 01 – Gestão em Turismo
A dimensão emocional da experiência turística: Um estudo preliminar em
Natal (Brasil) a partir de comentários da viagem
online……………………...........................................................................…
11
Análise da qualidade dos serviços em empresa de receptivo: Um estudo
sobre o roteiro turístico Natal/Praia de Pipa................................................
17
APRENDTUR: Realizando sonhos através da educação turística………… 23
Caracterizando o conceito de inteligência e suas aplicações: Uma
análise das conexões entre cidades e destinos turísticos inteligentes…....
30
Estruturação da oferta turística: Quais são os elementos determinantes
da oferta turística comercializada por agências de viagens e guias de
turismo da grande Natal?.............................................................................
34
Estudo de integração social em experiências turísticas internacionais no
destino São Miguel do Gostoso………………………………………….........
37
Gestão ambiental no turismo: Uma análise das atividades desenvolvidas
pelo Dromedunas Turismo: Extremoz, praia de Jenipabu – RN..................
43
Gestão do transporte recreativo e turismo sustentável no litoral sul
paraibano.....................................................................................................
50
Gestão e ecoeficiência de empreendimentos turísticos em Carapibus e
Jacumã no Conde – PB……........................................................................
59
Índice de satisfação dos discentes com o Bacharelado em Turismo da
UFRN...........................................................................................................
67
Logística reversa: Uma análise dos Hostels localizados na cidade de
João Pessoa – PB.......................................................................................
74
Modelo organizacional de gestão em pessoas do turismo: um estudo de
caso realizado com uma operadora de turismo……………………..............
78
O setor da governança sob o olhar da motivação em rede hoteleira de
João Pessoa................................................................................................
82
O turismo pedagógico como ferramenta no processo de ensino e 86
7
aprendizagem no ensino superior: A percepção dos discentes de Gestão
de Turismo do IFRN - Campus Canguaretama………………………...........
Os atrativos que “não merecem” mais investimentos na cidade de
Natal/RN......................................................................................................
94
Qualidade alternativa: Abordando a medição de desempenho dos
colaboradores em meios de hospedagem alternativos...............................
98
Qualidade dos serviços e acessibilidade: Uma análise com guias de
turismo do Rio Grande do Norte..................................................................
103
Turismo náutico: Uma possível nova vertente para o turismo
desenvolvido na cidade de Penedo – AL....................................................
108
Uso de redes sociais como capacitação de vendas: Um estudo na CI
Intercâmbio – Natal/RN................................................................................
112
Grupo de Trabalho 02 – Planejamento e Organização do Turismo
A experiência como produto turístico no pôr-do-sol do Jacaré................... 119
Acessibilidade no terminal rodoviário de Currais Novos/RN: Um estudo
de caso........................................................................................................
121
Centro histórico de Natal: Temáticas emergentes nos noticiários online
no período de 2009 a 2019…………………………………………................
128
Comunidade local e turismo: Estreitando relações...................................... 135
Em busca de uma cidade sustentável: As ações de ecourbanismo no
espaço turístico de João Pessoa – PB........................................................
142
Empreendimentos turísticos de impacto social: Uma análise de potencial
da Fazenda Caju, sob o ponto de vista da comunidade local.....................
149
Entre redes: Os atores e o turismo na cidade de Areia – PB...................... 154
Inventário Turístico de Carnaúba dos Dantas – RN.................................... 161
Inventário Turístico de Tangará – RN.......................................................... 167
Planejamento e sustentabilidade do turismo em Coqueirinho e Tambaba
no Conde – PB........................................................................................... ..
174
Processo de integração versus segregação socioespacial a partir de
registros midiáticos de viagens em São Miguel do Gostoso – RN..............
182
Turistificação de Natal/RN através da roteirização...................................... 188
8
Grupo de Trabalho 03 – Hospitalidade, Lazer e Eventos
#Vem pra Campina Grande: A vantagem do e-marketing na
hospitalidade do maior São João do mundo...............................................
194
A percepção de empresas locais sobre o setor de eventos na cidade de
Natal/RN entre os anos de 2016 e 2018.....................................................
199
Estudo introdutório sobre a hospitalidade nos eventos da Casa de
Evangelização Monsenhor Aloísio Catão, João Pessoa/PB.......................
206
Estudo sobre o evento Réveillon do Gostoso no olhar do residente de
São Miguel do Gostoso................................................................................
212
Eventos como ferramenta para o desenvolvimento turístico de um
município: Uma proposta de calendário de eventos para Serraria/PB........
217
Interfaces entre o direito, lazer, saúde e terceira idade: Contribuição do
projeto “Saúde e Cidadania na Melhor Idade”.............................................
224
O mercado de eventos de Natal/RN: Estudo da percepção das empresas
de eventos em relação ao Natal Convention Bureau..................................
230
Planejamento e eventos: Estudo sobre espaços para realização de
eventos em Pipa/RN....................................................................................
234
Relação da hospitalidade comercial nos comentários de satisfação do
TripAdvisor sobre o hotel Wish Natal...........................................................
241
Turismo fashion: Potencialidades e contribuição dos eventos de moda
para a criação da imagem da marca de destinos turísticos (Seridó/RN).....
248
Uma visão sobre a gestão de pessoas de um hotel de rede na cidade de
João Pessoa – PB……………………………………….................................
253
9
RESUMOS EXPANDIDOS
10
GT 01 – Gestão em Turismo
DIAS 16 E 17 – 8h/10h
11
A Dimensão Emocional da Experiência Turística:
Um Estudo Preliminar em Natal (Brasil) a partir de Comentários de Viagem
Online1
Ricardo Ernesto Bolzán2 ([email protected])
Luiz Mendes Filho3 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O conteúdo gerado pelos usuários na Internet (CGU) representa um
caminho para reconstruir a experiência de turistas em destinos a partir dos rastros
ou “impressões digitais” que eles mesmos tornam público. Um de seus tipos é o
comentário de viagem online (CVO), o qual contribui com o ambiente virtual de co-
criação da experiência turística com organizações, residentes e atores do setor
(LU; STEPCHENKOVA, 2015; NEUHOFER; BUHALIS, 2017). Apesar disso, ainda
não existe um consenso sobre o construto da experiência turística no campo do
Turismo e a Hospitalidade (PINTO; KASTENHOLZ, 2017). Existem estudos que
procuram obter um melhor entendimento sobre as dimensões que a constituem
(CUTLER; CARMICHAEL, 2010; PINTO; KASTENHOLZ, 2017).
Associado a uma perspectiva do marketing experiencial (Schmitt, 1999),
alguns estudos procuraram avançar sobre o entendimento dos aspectos afetivos
do turista mais além do plano racional, afirmando que uma das dimensões que
compõem a experiência consiste naquela de natureza emocional. Essa dimensão
está conectada com o plano dos sentimentos sobre a experiência por parte do
turista (CUTLER; CARMICHAEL, 2010; KIM; RITCHIE; MCCORMICK, 2012;
PINTO; KASTENHOLZ, 2017). Por isso, o presente estudo preliminar consiste em
realizar uma análise de sentimentos da experiência de turistas argentinos que
visitaram o destino Natal (Brasil) a partir dos CVO publicados por eles em
comunidades virtuais na Internet, considerando que Argentina representa o
1 Resumo expandido apresentado ao Grupo temático Gestão em Turismo
2 Bacharel em Turismo pela Universidad del Salvador, Argentina; Licenciado em turismo pela
Universidade del Salvador, Argentina; Mestrando em Turismo pela UFRN. 3 Pós-doutorado em Turismo Bournemouth University, inglaterra. Doutorado em Administração
Auckland University of Technology, Nova Zelândia. Mestrado em Engenharia de Produção pela UFRN. Graduação em Ciências da Computação pela UFRN.
12
principal mercado internacional de turistas para o Brasil e o Estado do Rio Grande
do Norte desde o ano de 2013 (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2018).
METODOLOGIA
A presente pesquisa consiste num estudo empírico de tipo descritivo e
caráter exploratório com uma abordagem de dados qualitativos baseada em
aspectos, conforme proposta no campo do Turismo por Ge, Vazquez & Gretzel
(2018). Nesse sentido, se apresenta uma ontologia baseada em quatro aspectos-
chave, desde uma micro-perspectiva da experiência do turista que consiste em:
Deslocamento de partida e retorno ao destino; Acomodação; Alimentação e
Atividades no destino. Para a obtenção de dados da população de turistas
argentinos que tivessem visitado Natal (Brasil) e publicado CGU na Internet, foram
considerados 120 CVO na comunidade virtual TripAdvisor, utilizada amplamente
na tradição dos estudos do campo do Turismo (LU; STEPCHENKOVA, 2015). A
amostra de dados digitais mencionada corresponde a 30 CVO sobre a experiência
dos turistas argentinos na companhia aérea com maior presença de comentários
em idioma espanhol, além de uma obtenção estratificada de 30 CVO sobre a
experiência dos turistas argentinos em cada um dos três meios de hospedagem,
estabelecimentos gastronômicos e atrativos no destino Natal com maior presença
de CVO em idioma espanhol.
Em relação ao critério de filtragem para a obtenção das unidades de texto,
foram considerados aqueles CVO publicados em idioma espanhol de turistas
identificados como argentinos na comunidade virtual. Os dados foram
anonimizados e técnicas de análise de conteúdo (BARDIN, 2011) foram aplicadas
com apoio do software CAQDAS NVIVO 12 PLUS. Ge et al. (2018) incorporam a
análise baseada em aspectos para a análise de sentimentos nas mídias sociais.
Por isso, para analisar a dimensão emocional da experiência turística, foi realizada
uma análise de sentimentos para cada um dos aspectos considerados a partir de
uma codificação manual de polaridade percebida com base na expressão dos
turistas em cada um dos CVO e uma análise de frequência de palavras com apoio
do software NVIVO.
Conforme Bardin (2011), a primeira fase da análise de conteúdo é a de pré-
análise, que nesse caso consistiu na escolha da comunidade virtual. A segunda
13
fase, de exploração e análise interpretativa dos dados, permitiu realizar uma
primeira aproximação com o material a partir do olhar crítico do pesquisador.
Todos os CVO foram analisados individualmente, definindo o sentimento
predominante desde uma perspectiva geral para cada unidade de texto, em
detrimento da utilização de um tesauro ou léxico voltado para a identificação dos
sentimentos a partir de palavras exatas. A terceira fase, de tratamento e
interpretação dos resultados, permitiu obter as inferências sobre a análise
realizada com apoio do software NVIVO.
RESULTADOS
Os resultados obtidos em forma preliminar permitiram corroborar a
possibilidade proposta por Ge et al. (2018) de realizar uma análise de sentimentos
baseada em aspectos, além de nos permitir propor uma alternativa para estudar o
plano afetivo da experiência turística, identificada como uma de suas dimensões
por autores como Pinto & Kastenholz (2017). Assim, os resultados demonstram o
predomínio de uma polaridade "muito positiva" nos comentários sobre as
experiências dos turistas argentinos em Natal, seguida em forma decrescente
pelas polaridades "moderadamente positiva", "moderadamente negativa" e, com
menor presença, "muito negativa".
No que diz respeito à dimensão afetiva da experiência dos turistas, isto
evidencia o predomínio de emoções positivas refletidas nos comentários dos
argentinos que visitam Natal. As emoções “muito positivas” e “moderadamente
positivas” se acharam presentes no discurso dos quatro aspectos analisados. Por
outro lado, enquanto as emoções “moderadamente negativas” se acharam
presentes nos aspectos “Deslocamento”, “Acomodação” e “Atividades”, aquelas
“muito negativas” foram identificadas apenas em dois aspectos: “Deslocamento” e
“Acomodação”.
Após a codificação, foi possível identificar os termos com mais repetições,
realizando uma análise de freqüência de palavras dos CVO a partir de cada um
dos quatro graus ou níveis de polaridade (muito positivo, moderadamente positivo,
moderadamente negativo e muito negativo) dos sentimentos analisados. Para
isso, se definiram como parâmetros os 50 termos com maior presença e com, no
mínimo, dois caracteres. Assim, foi possível identificar, na interpretação dos
14
sentimentos “muito positivos” termos com carga positiva como: “excelente”; “bom”;
“bem”; “boa” e “formoso”. Além de palavras como: “praia”; “atenção”; “comida”;
“local”; “todo”; “hotel”, “natal” e “serviço”. Entre os CVO com carga
“moderadamente positiva” se identificam os termos: “boa”; “bem”; “bom”;
“problema”; “linda”; “pouco” e “sem”. Além de palavras como: “praia”; “hotel”;
“comida”; “serviço”; “vôo”; “local”; “Natal”; “mar” e “Brasil”.
Em relação à interpretação dos sentimentos “moderadamente negativos”,
se observam os seguintes termos: “bem”; “boa”; “nada”; “boas” e “pouca”. Além de
outros como: “hotel”; “piscina”; “praia‟; “tudo”; “bem”; “gente”; “quarto” e “serviço”.
No que diz respeito aos CVO com carga “muito negativa”, se identificam termos
como “denúncia”, além das palavras: “voo”; “fazer”; “empresa”; “quando”;
“aeroporto”; “Natal”; “embarque”; “horário”; “atenção”; “linha aérea” e “hs”.
De um modo geral, é possível afirmar que, desde a dimensão emocional, os
sentimentos dos argentinos em relação à experiência turística em Natal são
positivos, sobretudo em relação aos aspectos de sua experiência no destino,
como a alimentação. Os resultados sugerem que a experiência turística afetiva
dos argentinos em Natal apresenta uma polaridade muito positiva quando se trata
da praia, a qualidade percebida do serviço, os hotéis e a gastronomia. A
polaridade torna-se moderadamente positiva em relação aos elementos
anteriores, incorporando elementos relacionados ao mar e o deslocamento por via
aérea. Por outro lado, seguindo o espectro, é possível identificar uma polaridade
moderadamente negativa em relação aos hotéis, principalmente no que tange às
relações interpessoais e elementos da evidência física, como no caso da piscina e
os quartos, além da já mencionada praia e o serviço. Em relação à polaridade
muito negativa, a mesma se observa relacionada à experiência de deslocamento
por via aérea, empresas envolvidas, o aeroporto, embarque, horários e outros
elementos relacionados com o serviço.
CONCLUSÃO
Em relação às contribuições teóricas, foi possível dar continuidade ao
estudo da experiência turística enquanto objeto complexo dos estudos do campo
de Turismo, em particular, sobre a dimensão emocional, a qual apresenta
15
relativamente uma escassa discussão na pesquisa acadêmica, permitindo traçar
uma perspectiva de análise para outros pesquisadores do Campo.
O presente estudo também apresenta implicações práticas, no intuito de
estabelecer pontes entre a teoria e a prática para a gestão de destino por parte da
Destination Managment Organization (DMO) do Estado do Rio Grande do Norte.
Nesse sentido, a análise da dimensão emocional da experiência no caso
específico do turista argentino, que representa o principal mercado emissor de
turistas internacionais para o Brasil e o Estado do Rio Grande do Norte, permite
obter um marco teórico-metodológico para a tomada de decisão a partir da
produção de conhecimento sobre os elementos implicados na experiência
emocional tanto positiva quanto negativa de turistas no destino Natal.
Sobre as limitações do estudo, pode-se apontar a amostra utilizada em
termos quantitativos. Além disso, a análise de sentimentos foi realizada em forma
manual a partir da percepção e identificação, por parte do pesquisador, da
polaridade com maior presença em cada um dos comentários analisados, o que
apresentou dificuldade com sentimentos que se enquadravam em mais de um
nível de polaridade. Isso foi resolvido dando-se prioridade ao sentimento
identificado no título do CVO.
Para a realização de futuros estudos, recomenda-se o aprofundamento da
análise de sentimentos mais além da polaridade, considerando-se também a
intensidade e a identificação dos sentimentos em função do léxico, como
recomendam Ge et al. (2018).
Palavras-chave: Experiência Turística; Comentários de Viagem Online; Análise
de Sentimentos; Marketing Experiencial.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.
CUTLER, S. Q.; CARMICHAEL, B. The Dimensions of the Tourist Experience. In: MORGAN, M.; LUGOSI, P.; RITCHIE, J. R. B. (Org.), The Tourism and Leisure Experience: Consumer and Managerial Perspectives. Bristol: Channel View Publications, 2010.
GE, J.; VAZQUEZ, M. A.; GRETZEL, U. Sentiment Analysis: A Review. In: SIGALA, M.; GRETZEL, U. (Org.), Advances in Social Media for Travel, Tourism
16
and Hospitality: New Perspectives, Practice and Cases. New York: Routledge, 2018.
KIM, J. H.; RITCHIE, J. R. B.; MCCORMICK, B. Development of a Scale to Measure Memorable Tourism Experiences. Journal of Travel Research, volume 51, n. 1, p. 12-25, 2012.
LU, W.; STEPCHENKOVA, S. User-Generated Content as a Research Mode in Tourism and Hospitality Applications: Topics, Methods, and Software. Journal of Hospitality Marketing & Management, volume 24, n. 2, p. 119-154, 2015.
MINISTÉRIO DO TURISMO. Internacional - Dados e Fatos. Disponível em: <http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/2016-02-04-11-54-03/demanda-tur%C3%ADstica-internacional.html> Acceso em 15 de out de 2018.
NEUHOFER, B.; BUHALIS, D. Service-dominant Logic in the Social Media Landscape: New Perspectives on Experience and Value Co-creation. In: SIGALA, M.; GRETZEL, U. (Org.), Advances in Social Media for Travel, Tourism and Hospitality. Oxon: Routledge, 2017.
PINTO, R.; KASTENHOLZ, E. Measuring Tourist Experience at a Destination. Revista Turismo & Desenvolvimento, volume 27-28, p. 89-92, 2017.
SCHMITT, B. Experiential Marketing: How to Get Customer to Sense, Feel, Think, Act, and Relate to your Company and Brands. New York: The Free Press, 1999.
17
Análise da qualidade dos serviços em empresa de receptivo: Um Estudo
Sobre o Roteiro Turístico Natal/Praia de Pipa4
Lídia Karoline Cruz da Silva5 ([email protected])
Ébeson Rolim Lemos6 ([email protected])
Islaine Cristiane Oliveira Cavalcante7 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Este trabalho trata-se de uma pesquisa de satisfação do cliente com um
passeio comercializado pela empresa de Receptivo, com destino à Praia de Pipa.
A praia está localizada no litoral sul do Rio Grande do Norte (RN), no município de
Tibau do Sul, a 85 km de Natal. Os participantes do passeio, com quem foi
aplicada a pesquisa, são majoritariamente alunos da turma de Comunicação e
Promoção Turística, do Curso de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN). Uma minoria desses participantes é composta por parentes ou
amigos destes alunos.
A praia de Pipa é considerada pelo Ministério do Turismo (MTur) um dos 65
destinos indutores do turismo nacional, sendo o único no estado além da nossa
capital, Natal. A escolha desses 65 destinos indutores foi feita a partir do
Programa de Regionalização do Turismo (PRT) e vem sendo idealizada desde o
lançamento do Plano Nacional do Turismo 2007/2010, com o objetivo de priorizar
certos destinos no recebimento de investimentos técnicos e financeiros.
Pipa conta com atrativos diversos, sendo conhecida principalmente por
suas belezas naturais, vida noturna agitada, variedade gastronômica e cultural.
Essa diversidade se deve ao fato do destino ser um dos mais cosmopolitas do
país, recebendo visitantes de todo o mundo.
A relevância deste trabalho se dá pela importância da avaliação da
qualidade dos serviços, pois é através deste estudo que as empresas descobrem
4Resumo expandido apresentado ao Grupo temático Gestão em Turismo
5 Discente do curso superior em Turismo da UFRN
6 Discente do curso superior em Turismo da UFRN
7Técnica em Gerência de produção pelo SENAI; Bacharel em Turismo pela UFRN; Mestre em
Gestão de turismo pela UFRN.
18
suas forças e fraquezas para aperfeiçoar as suas atividades. Isso é ainda mais
pertinente no mercado turístico, que gira em torno do atendimento, onde a
produção e o consumo ocorrem simultaneamente e não se pode simplesmente
tirar um produto defeituoso de circulação, tal como outras empresas fazem.
Ademais, é interessante que instituições públicas de ensino ofereçam este tipo de
consultoria a empresas regionais, pois, além de servir como treinamento para os
alunos, é também uma forma da universidade devolver à sociedade os
investimentos feitos pelo governo na educação, provando assim a significância do
curso de turismo no estado.
Tem-se como objetivo geral avaliar a satisfação dos participantes do
passeio partindo de Natal para a Praia de Pipa (Tibau do Sul/RN), comercializado
por uma empresa de Receptivo de Natal/RN. Já como objetivos intermediários
tem-se: a) caracterizar o perfil da amostra; b) analisar o nível de satisfação dos
clientes com os serviços ofertados; c) sugerir melhorias a serem implementadas
pela empresa.
Tem-se como pergunta problema: qual é o grau de satisfação dos usuários
que realizam os passeios do destino Natal/Praia de Pipa (Tibau do Sul/RN),
comercializado por uma empresa de Receptivo de Natal/RN.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na pesquisa foi qualitativa-quantitativa, aplicada
através de formulário com base no modelo SERVPERF de percepção de
qualidade de Cronin e Taylor (1992) apud Miguel e Salomi (2004).
Para a coleta de dados foi utilizado o formulário que contou com perguntas
fechadas e abertas, com a intenção de determinar o perfil do cliente, mensurar sua
satisfação com o atendimento e a estrutura do veículo utilizado para o
deslocamento e sugerir possíveis melhorias à empresa que oferta o serviço.
A população da pesquisa foram os participantes do passeio realizado por
uma empresa de Receptivo de Natal/RN até a Praia de Pipa, no dia 07 de junho
de 2019. O grupo é composto por alunos do Curso de Turismo da UFRN, seus
parentes e amigos. A amostragem foi não-probabilística por conveniência,
contando com a participação de 13 clientes.
19
RESULTADOS
A avaliação da percepção da qualidade dos serviços da empresa de
Receptivo foi realizada com um grupo composto de 13 pessoas, sendo 8 do
gênero feminino e 5 do masculino, com idade em torno de 19 a 35 anos e residem
em sua maioria na capital, em Natal/RN. Dos participantes que responderam a
pergunta se já conheciam a praia de Pipa, 9 afirmaram que já conheciam e 4
ainda não conheciam. Sobre se os participantes já conheciam os serviços da
empresa de receptivo apenas 1 respondeu que sim. Essa constatação comprova
que ainda é preciso aumentar os canais de divulgação e promoção da empresa,
bem como a participação em algum momento de eventos realizados pela
coordenação do curso de turismo ou através de parcerias com professores e
alunos nas disciplinas. Sobre a percepção da qualidade a partir da pergunta sobre
a indicação dos serviços da empresa para outras pessoas, obteve 10 respostas
positivas e 3 insatisfações.
Na avaliação sobre o atendimento dos funcionários, neste caso o guia da
empresa, constatou-se que na escala de satisfação de excelente, bom, regular,
ruim e péssimo, obteve 10 qualificações como bom, e 3 como regular. A
qualificação do roteiro teve 9 que consideraram como bom, 2 acharam regular, 1
ruim e péssimo. A opinião sobre o veículo que utilizamos no roteiro Natal/Pipa 9
usuários apontaram como sendo excelente e 4 como bom.
A avaliação da relevância que cada usuário apontou para o grau de
importância da qualidade do serviço em uma escala de 1 a 7, (sendo 1 “sem muita
importância” e 7 “muito importante”, envolveram 9 itens, descritos na seguinte
configuração, a) equipamentos modernos, b) apresentação dos funcionários, c)
aparência e conservação das instalações físicas, d) fornecimento do serviço no
tempo estipulado, e) auxílio ao cliente, f) confiança nos funcionários da empresa,
g) educação dos funcionários, h) atenção com os clientes e i) funcionários que
saibam as necessidades do cliente. Estas questões fazem parte do modelo de
medição da percepção da qualidade de Cronin e Taylor, o SERVPERF, que foi
apresentado no referencial teórico deste trabalho.
O item (a) equipamentos modernos, alcançou a nota 6. Esse resultado se
confirmou pela estrutura interna oferecida na van da empresa, com ar
20
condicionado, sistema de som, tela de tv, poltronas reclináveis e a utilização de
um Headset para comunicação do guia com o grupo durante a viagem.
No item (b) apresentação dos funcionários, foi observado que o guia
utilizava o fardamento com o logotipo da empresa e o crachá de guia de turismo.
O grupo julgou o grau de importância em 7, demonstrando que é muito importante
a apresentação dos funcionários na prestação dos serviços.
No item (d) foi medida a importância do fornecimento do serviço no tempo
estipulado. Na viagem à Pipa, o guia passou as orientações de tempo de chegada
e dos horários definidos nas paradas de cada roteiro, cumprindo sempre os
horários definidos dos traslados. Essa avaliação é muito importante de acordo
com os participantes da viagem.
Os resultados do item (e) apontam uma percepção de que um funcionário
que esteja disposto a ajudar os clientes favorece a experiência da viagem e da
hospitalidade da empresa, bem como da recepção do lugar que vai receber o
turista. Esse resultado fica demonstrado na escala atribuída de 1 a 7, onde mais
se destacou pelo item 6.
No item (i), foi analisado se é importante os funcionários saberem de suas
necessidades, isso pode ser tanto sobre situações fisiológicas, quanto físicas, e
cabe a cada profissional no primeiro contato com o cliente saber identificar qual o
público que está participando e suas limitações, e ao lidar com essas
particularidades o turista ganha mais confiança para aproveitar os atrativos do
destino. O grau de importância considerado está em uma escala de 5 e 6, que
ainda é relevante à medida que se constatou que o perfil do público alvo desta
pesquisa é predominantemente jovem, não exigindo algum tratamento mais
específico.
É relevante entender que, devido às necessidades que cada pessoa possui,
o funcionário deve sempre atender da melhor forma possível o seu cliente; esse
ponto analisado foi considerado muito importante. A função do guia também é de
informar sobre alguma ocorrência durante o trajeto, como ocorreu durante a
orientação para “não subir as escadas rápido demais, e sempre que se sentir
21
cansado, parar um pouco e depois continuar”. Esse cuidado com o usuário vai
além de uma prestação de serviço, é uma maneira de praticar a hospitalidade.
Apesar da fama adquirida ao longo dos anos, os usuários apontaram
alguns problemas quanto a delimitação do roteiro que se limitou apenas às praias,
esquecendo a parte cultural, a história e/ou personalidades que se destacaram ou
que vivem no município. Isso tornou o passeio cansativo e repetitivo para algumas
pessoas, além do pouco tempo destinado para conhecer cada praia.
CONCLUSÃO
Com esta pesquisa, conclui-se que a preocupação com a gestão da
qualidade é fundamental para o sucesso de qualquer empresa, pois é através
disso que podem ser identificados problemas e aplicadas melhorias, o que resulta
numa maior satisfação por parte do cliente, e consequentemente no crescimento
do negócio.
É preciso ressaltar que os resultados dessa pesquisa se referem apenas à
percepção dos clientes com o passeio à Praia de Pipa realizado pelo grupo de
alunos do curso de turismo da UFRN, e não reflete a qualidade dos serviços da
empresa em todos roteiros comercializados, ou a percepção dos turistas comuns
sem formação na área, e certamente não representa o serviço oferecido por todos
guias da empresa.
Diante das insatisfações que foram apresentadas, foi mencionado à
empresa sobre a necessidade de promover cursos periódicos para aprimorar o
atendimento dos funcionários. Este treinamento pode ser realizado através de
uma parceria com a UFRN, onde os alunos poderiam colocar os conhecimentos
adquiridos em prática por meio de consultorias como esta.
Se sugere também a elaboração de questionários, físicos ou online, para
que através deste instrumento seja possível avaliar a satisfação dos usuários com
os serviços oferecidos. Averiguou-se durante o passeio que essa medição de
satisfação era feita de forma informal, em conversas com o guia, o que certamente
compromete a veracidade das respostas.
22
Diante disso, fica ainda mais evidente a importância da gestão da qualidade
no mercado turístico, pois este se trata de um setor que tem entre seus produtos a
hospitalidade e bom atendimento dos seus funcionários, algo tão inconstante e
imprevisível. Este problema só pode ser resolvido com o comprometimento de
todos setores de uma empresa, implementando os ensinamentos dos autores
como Juran e Feigenbaum.
REFERÊNCIAS
FEIGENBAUM, Armand V. Controle da qualidade total: Gestão e Sistemas. Editora: Makron Books. São Paulo. 1994.
MIGUEL, P.A.C.; SALOMI, G.E. Uma revisão dos modelos para medição da qualidade em serviços. Revista Produção, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 12-30, 2004.
Ministério do Turismo, 2008. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/MIOLO_65xdestinosx_revisao4set.pdf>. Acesso em: 29 de maio de 2019.
23
APRENDTUR: Realizando sonhos através da educação turística8
Layrane Mayara Lino Santos9 ([email protected])
Isadora Shirlayne da Silva Adelino10 ([email protected])
Aline Costa da Silva11 ([email protected])
Dr. Marcelo da Silva Taveira12 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O AprendTur é um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Campus Currais Novos, sendo um projeto de educação turística
que tem como objetivo discutir temas relacionados a conteúdo do turismo de
forma lúdica e interdisciplinar com alunos do Ensino Fundamental II (6º ano ao 9º
ano) de escolas públicas municipais e estaduais da Zona Urbana e Rural de
Currais Novos, Rio Grande do Norte. Tais atividades foram implementadas por
meio do projeto de extensão voltado à educação turística, no conjunto as ações do
Qualistur.
O município de Currais Novos – RN, localizada na Região Seridó, fica a 187
km da capital Natal – RN, é uma cidade que possui um grande potencial turístico,
a cidade possui belezas naturais, uma rica história, um povo acolhedor, integrante
do Projeto Geoparque Seridó e com tradição voltada na produção de eventos.
(INVENTÁRIO TURÍSTICO DE CURRAIS NOVOS, 2016). Devido a atividade
turística no município ser expressiva, viu-se a necessidade de aplicação da
educação turística, educar os cidadãos para o turismo, para que os mesmos
entendam que o fenômeno turístico é algo comum para todos e que eles possuam
pertencimento ao local, a sua cultura e as histórias do município, além de sentir o
prazer de viajar para diversos destinos do Brasil.
8Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo
9Discente do curso superior em Turismo pelo CERES-Currais Novos
10Discente do curso superior em Turismo pelo CERES-Currais Novos
11Discente do curso superior em Turismo pelo CERES-Currais Novos
12Doutor em Ciências Sociais pela UFRN; Docente do departamento de Ciências Sociais e
Humanas no CERES-Currais Novos
24
O projeto AprendTur, foi aplicado no ano de 2018 em escolas municipais e
estaduais que possuam o Ensino Fundamental II (6º ano ao 9º ano), o projeto
ocorreu durante uma semana nestas escolas, tendo os seus temas principais
dividido em cinco dias, sendo os cincos pilares do projeto as Definições de
turismo, Patrimônio Histórico e Cultural, Hospitalidade, Educação Ambiental e no
último dia a experiência turística em um dos atrativos da Região Seridó.
Essas atividades permitiram que os alunos compreendam e tenham o
contato com o turismo, patrimônio histórico e cultural, meio ambiente, lazer,
cultura, hospitalidade e que conheçam os atrativos de Currais Novos e suas
potencialidades e sintam-se em contanto com o turismo local.
METODOLOGIA
O AprendTur foi desenvolvido com atividades lúdicas voltadas para o
turismo local, a fim de que esses alunos aprendam os conteúdos de forma lúdica e
interdisciplinar, assim fugindo da rotina da sala de aula. O projeto ocorre em
escolas de ensino fundamental da cidade de Currais Novos no decorrer do ano,
sendo uma escola por mês, as seleções das escolas foram realizadas com apoio e
indicação da Diretoria Regional de Educação (DIRED), a Secretária de Educação
e a Secretária de Desenvolvimento econômico e Turismo da cidade de Currais
Novos.
O projeto proporcionou conhecimento e prática turística a cinco escolas da
cidade Currais Novos, sendo elas, a E. M. Socorro Amaral, E.M. Nossa Senhora,
E.M. Salustiano Medeiros, E.E. Silvio Bezerra e a E.M. Ausônio Araújo, sendo as
turmas participantes alunos de 6º ano de faixa etária de 11 e 12 anos. Durante a
semana foram aplicados os conteúdos de Turismo, Patrimônio Histórico e Cultural,
Hospitalidade e Educação Ambiental de maneira lúdica e interdisciplinar, tendo a
sua finalização com uma experiência turística.
DISCUSSÕES
Em seu primeiro dia de realização foram abordados conteúdos sobre o
turismo, lazer e recreação, o que é um atrativo turístico, apresentação e
conhecimento dos atrativos de Currais Novos, roteiro turístico, transportes e meios
de hospedagem, fazendo com que os alunos entendam a vasta atividade que o
25
turismo é, dando exemplos reais do turismo em sua cidade. As atividades lúdicas
aplicadas neste dia são as brincadeiras “Quem sou eu” que utiliza atrativos
turísticos do Seridó e a oficina de desenhos de atrativos que as crianças já
visitaram.
No segundo dia, o assunto principal foi o de Patrimônio Histórico e Cultural,
tendo em vista que a cidade de Currais Novos possui uma rica história e tradições
culturais, viu a necessidade de aplicar os conteúdos de patrimônio. Neste dia são
abordados assuntos de patrimônio materiais e imateriais, a preservação e
conservação do patrimônio, a cultura e identidade, visando a importância do
pertencimento local, a atividade lúdica realizada é a aplicação do hino do
município de Currais Novos e uma gincana, que relata assuntos aplicados em
aula, assim determinado e medindo o nível de entendimento dos alunos, além de
performances de manifestações culturais como cordéis e danças populares.
Devido a hospitalidade do povo seridoense, o assunto abordado do terceiro
dia é o de Hospitalidade, que aborda os três pilares da hospitalidade sendo eles a
dádiva do dar, receber e retribuir. De acordo com Camargo (2004) “Dar, receber e
retribuir são os três deveres que pode ser como uma chave explicativa das
relações sociais nas sociedades arcaicas”. Então, este conteúdo faz com que os
alunos, conheçam a importância da hospitalidade e o porquê o seridó recebe este
título de “povo hospitaleiro”. Além destes assuntos são abordados o ser
hospitaleiro, as categorias de hospitalidade sendo elas a hospitalidade pública,
comercial, domiciliar e a virtual e a hospitalidade e o turismo.
O quarto dia foi aplicado os conteúdos de Educação Ambiental em espaços
naturais, levando em consideração a conservação e preservação do ambiente, o
clima Semiárido do seridó, apresentando os conceitos de meio ambiente, poluição
e a importância da economia de água, levando em consideração a estiagem
prolongada no Seridó Potiguar. As atividades lúdicas realizadas neste dia, são
aplicação de uma oficina de origamis, reutilizando revistas velhas e uma gincana
de acordo com o assunto abordado.
O auge do Projeto AprendTur acontece no último dia das atividades, no
qual ocorre real a experiência turística que consiste na visitação de um atrativo
26
turístico e utilização de empreendimentos gastronômicos que o turista utiliza
quando visita à cidade. Os atrativos já visitados no decorrer do projeto, foram o
Parque temático Mina Brejuí, City Tour pelo centro histórico de Currais Novos, O
Geossítio Cânions do Apertados e o Parque dos Dinossauros, no município de
Parelhas. Em cada visita realizada contamos com apoio de parceiros para a
realização do lanche, sendo eles as empresas, Restaurante Sertanejo,
Restaurante Dom Valentino, Sabor Real Pizzaria e o apoio da Secretária de
Turismo de Parelhas. As parceiras são de extrema importância para a realização
do projeto, fazendo com que o aluno entenda como o turista se sente nesses
lugares e assim completando a sua experiência turística.
Imagem 1. Experiência Turística
Fonte: Acervo do Projeto, 2018
Imagem 2. Avalição de um professor
Fonte: Acervo do Projeto, 2018
A partir das aplicações dos conceitos nota-se a concepção dos alunos em
meio ao processo de aprendizado estimulando sempre os alunos a conhecerem a
sua cidade, preserva-la e cuidar para que as próximas gerações possam desfrutar
das belezas naturais que o Município de Currais Novos e a Região Seridó possui,
viu-se a necessidade de aplicar questões relacionadas ao turismo para que crie
um sujeito que entenda o quanto o turismo é importante para a sua região e que
27
ele reconheça e tenha um grau de pertencimento com o local, criando uma
identidade que o povo seridoense, além de hospitaleiro, são pessoas que amam a
sua região.
Devido a isto o projeto AprendTur foi realizado em escolas públicas para
que as crianças reconheçam e aprender a importância do turismo local e tenham a
oportunidade de visitar e conhecer os locais turístico. O desenvolvimento das
crianças demonstra ser gratificantes, pois o que é realizado nas salas de aula é
repassado para os familiares, amigos no dia a dia, buscando sempre desenvolver
o conhecimento e habilidades dos alunos voltando ao âmbito socioeconômico no
território.
Para alcançar os objetivos foram aplicadas diversas formas lúdicas do que
é o turismo e suas vertentes, a fim que os alunos aprendessem o que é o turismo,
a sua importância, a ligação entre os atrativos e patrimônios locais, a importância
da preservação e conservação do bem natural e a hospitalidade no âmbito
regional e municipal.
É importante ressaltar as expectativas criadas durante a fase de
planejamento, deixando claro quais metas foram propostas para serem compridas,
quais atividades foram realizadas com êxito, a alta reflexão auxiliar na construção
consistente de conteúdos abordados, pois, os conteúdos de turismo,
hospitalidade, educação ambiental e patrimônio histórico e cultural busca realizar
uma construção de valores e saberes que influencie na vida pessoal, profissional e
ao grau de pertencimento pela cidade de Currais Novos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto tem a função de contribuir para o aprendizado sobre a
importância do Turismo para os alunos do ensino fundamental II (6° ao 9° ano) de
escolas públicas, dessa forma, nota-se o desenvolvimento dos alunos dessas
escolas, conhecendo o turismo e suas vertentes de forma lúdica e interdisciplinar.
O projeto mostra a importância do Turismo, Patrimônio, Hospitalidade e Educação
Ambiental onde os alunos aprendem de forma lúdica e didática sobre os atrativos
turísticos de Currais Novos. Além disto o Projeto AprendTur é de extrema
relevância socioeducativa, pois possibilita o aprendizado a crianças da rede básica
28
de ensino público dos municípios, especialmente de Currais Novos, a conhecer
aspectos conceituais do fenômeno turístico e vivenciar na prática tal experiência
do lazer.
O desenvolvimento do projeto AprendTur possibilita uma interação maior
entre a comunidade escolar da cidade e a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, é importante existir essa interação, pois, todo conhecimento que é aplicado
aos alunos vai se perpetuando para a família, amigos e vizinhos, sendo assim, vai
sendo criado uma rede em torno da importância e das vertentes do turismo que
foram apresentados em sala de aula.
As atividades lúdicas e o envolvimento efetivos dos estudantes do Curso de
Turismo da UFRN/CERES/Currais Novos são fundamentais para êxito do projeto e
alcance dos objetivos propostos, sobretudo no tocante à inclusão social dos
alunos contemplados a partir da seleção a critério de cada escola envolvida no
processo.
Palavras-chaves: Educação Turística, turismo, pertencimento.
REFERÊNCIAS
BOITEUX, Bayard do Couto; WERNER, Mauricio. Introdução ao estudo do Turismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 149 p.
CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. Hospitalidade. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2004.
CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. O que é lazer. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
CAMARGO, Patricia de; CRUZ, Gustavo da (Org.). Turismo Cultural. Ilhéus: Uesc, 2009.
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: A formação do sujeito ecológico. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2012. 255 p.
DIAS, Celia Maria de Moraes (Org.). Hospitalidade: Reflexões e Perspectivas. São Paulo: Manole, 2002. 164 p.
DIAS, Reinaldo. Introdução ao turismo. São Paulo: Atlas, 2005.
LEMOS, Carlos A. C.. O que é patrimônio histórico. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
29
LISBOA, Cassiano Pampola; KINDEL, Eunice Aita Isaia (Org.). Educação ambiental: Da teoria a pratica. Porto Alegre: Mediação, 2012. 142 p.
MARTINS, Clerton (org). Patrimônio Cultural: De Memória ao Sentido do Lugar. São Paulo: Roca, 2006.
TAVEIRA, Marcelo da Silva; Et al. INVTUR: Currais Novos/RN. Currais Novos: UFRN, 2015.
30
Caracterizando o conceito de inteligência e sua aplicações: Uma análise das
conexões entre cidades e destinos turísticos inteligentes13
Flávia Yonara Vieira da Silva14 ([email protected])
Luiz Augusto Mendes Machado Filho15 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Existe uma crescente apropriação do conceito de smartness, isto é,
inteligência, usada pela administração pública e privada para designar um novo
modo de definir estratégias com foco no desenvolvimento sustentável e
crescimento econômico. (BOES, BUHALIS, INVERSINE, 2015). E de que modo o
conceito de inteligência teria ligação com as Cidades Inteligentes? O termo
“inteligente” foi popularizado e passou a se referir também a desenvolvimento
tecnológico, econômico e social, provenientes das tecnologias inteligentes que
compreendem do uso de sensores, Big Data e de conectividade entre humanos e
máquinas, além de trocas feitas por redes de informação. (GRETZEL, ZHONG,
KOO, 2016. p. 1). Atualmente o conceito de inteligência também serve para
designar modelos de gestão de cidades, que através da tecnologia dão suporte a
qualidade de vida de seus residentes.
Posto isto, podemos identificar que a representação de “inteligência” é
suscitada pelo uso das Tecnologias de Informação e Comunicação, também
conhecidas como TIC, sempre relacionada as tecnologias eletrônicas que atuam
junto à computação com o conjunto de hardware, softwares e diversos tipos de
telecomunicações, que criam aquilo que podemos dizer ser a infraestrutura
informacional, propiciada em larga escala pelo desenvolvimento da Internet (BENI,
2017).
É necessário ressaltar ainda que na aplicação desse conceito junto às
Cidades Inteligentes, a inteligência atenta para três pilares principais: Capital
13
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 14
Bacharel em Ciências Sociais pela UFRN e Graduanda em Turismo pela UFRN. 15
Pós-doutorado em Turismo Bournemouth University, inglaterra. Doutorado em Administração
Auckland University of Technology, Nova Zelândia. Mestrado em Engenharia de Produção pela UFRN. Graduação em Ciências da Computação pela UFRN.
31
Humano, Infraestrutura/Infoestrutura e Informação (BUHALIS, AMARANGGANA,
2014, p. 555 apud Komninoset al. 2013), pois a construção de toda essa estrutura
depende de diferentes esferas e a interação delas para a formação da Cidade
Inteligente. Dessa forma podemos detalhar esses pilares da seguinte maneira:
1) Capital Humano: Recurso para o desenvolvimento e aprimoramento dos
sistemas de informação. As pessoas envolvidas no processo são parte
fundamental dos resultados. A participação e nível de conhecimento delas são a
base para criação das Cidades Inteligentes, 2) Infraestrutura/Infoestrutura: Se
destaca por pensar formas de colaborar na expansão de inovações ligadas a
economia, mobilidade e estruturas sustentáveis. Ambas são possíveis quando se
aumenta a implementação das TIC‟s. Nesse quesito também se incluem as
noções de inovação e empreendedorismo, pois diante da perspectiva de uso das
tecnologias para elaboração de práticas concretas, é exigido que tanto a infra,
como a infoestrutura seja capaz de atualizar sistematicamente as demandas dos
usuários favorecendo a sua qualidade de vida, e por último 3) Informação: A
coleta, análise e disseminação de informações são a chave para o melhor
gerenciamento de atividades de uma Cidade Inteligente.
METODOLOGIA
Esta pesquisa se caracteriza como bibliográfica, na qual para compreensão
do conceito relacionado ao entendimento de “smartness”, ou seja, inteligência, que
tem adentrado de modo amplo as discussões das iniciativas públicas e privadas
que se relacionam com o turismo, foi realizada uma revisão do referencial teórico
em periódicos acadêmicos nacionais e internacionais, publicados através das
plataformas Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES e da Scientific Eletronic Library Online – Scielo.
RESULTADOS
O envolvimento de toda a rede criada pelas Tecnologias de Informação e
Comunicação e o aproveitamento delas pelas Cidades Inteligentes tem como
objetivo proporcionar transformações favoráveis que beneficiem a comunidade de
modo abrangente. O que também torna significativa a criação de comunidades
aptas a valorizar-se enquanto capazes de tornarem-se co-criadoras (BUHALIS,
AMARANGGANA, 2014. apud SCHAFFERS et al. 2011), assumindo uma postura
32
de engajamento junto a projeção das inovações necessárias para o seu próprio
desenvolvimento.
Dentro dessa abordagem vemos o destaque dado as TIC‟s como principal
estratégia para o aperfeiçoamento dos serviços coletivos voltados para o
funcionamento das cidades, sobretudo as que são grandes centros urbanos,
devido à condensação de recursos e investimentos em pesquisas e avanço
científico nas grandes metrópoles. Gretzel, Zhong e Koo (2016) nos explicam que
a aplicabilidade do turismo inteligente ao espaço urbano é um fato ligado à
necessidade iminente de um alto investimento em infraestrutura, assim como a
concentração tanto de recursos como de usuários, que fazem essa movimentação
ser possível. Dessa forma, podemos afirmar que atualmente o meio urbano é um
espaço privilegiado no desenvolvimento das Cidades Inteligentes, sempre em
associação a Tecnologia da Informação, que no turismo poderá de acordo o
desenvolvimento e utilidade com foco nos visitantes (BOES, BUHALIS,
INVERSINE, 2015) criar a conexão desse tipo de cidade com os chamados
Destinos Turísticos Inteligentes, que se caracterizam por oferecer aos visitantes
um ambiente acessível no nível prático e informacional sobre suas necessidades
nesse destino.
CONCLUSÕES
Podemos compreender com esse estudo que a noção de inteligência chega
ao turismo como um diferencial a partir do uso da Internet como forma de gerir os
negócios turísticos. A interconectividade pode auxiliar parceiros para que em rede
possam criar um ecossistema de interação, cuja finalidade é o desenvolvimento de
estratégias que poderão consolidar cada vez mais seus serviços. A importância
desta relação para o turismo, vem por esse ser um setor que atua junto a esferas
sociais que se transformam constantemente, e que necessitam recorrer às
múltiplas inovações tecnológicas para poder desempenhar uma performance
satisfatória junto ao mercado de consumo. (BUHALIS, LEUNGB, 2018). Diante
desse contexto é possível relacionar o advento de inúmeros instrumentos
tecnológicos em especial a Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Aplicativos
Móveis e os smartphones, como colaboradores na criação de novas maneiras
33
disseminação de informações e serviços, e também nas formas dos visitantes
interagirem com destinos e atrativos turísticos.
Porém não podemos deixar de apontar a necessidade da avaliação da
utilização do termo “smart” (inteligente), devido o fato de ele correr o risco
constante de ser empregado em contextos deslocados, isto é, sem que se exista
realmente uma aplicação dos seus pressupostos. Isso pode acontecer, por
exemplo, quando são utilizadas certas ferramentas tecnológicas, como o uso de
smartphones, computadores de ponta e o uso da conexão em rede, mas sem que
se faça um mínimo gerenciamento de resultados e ainda mais significativamente,
dos dados armazenados por eles. Dito isto, evidencia-se a importância de se ter
um olhar analítico voltado à interpretação da utilização do conceito inteligência.
Palavras-chave: Cidades Inteligentes. Destino Turístico Inteligente. Tecnologia da Informação e Comunicação.
34
Estruturação da Oferta Turística: Quais São os Elementos Determinantes da
Oferta Turística Comercializada por Agências de Viagens e Guias de Turismo
da Grande Natal?16
Mellyssa Layla Barbosa Damasceno17 ([email protected])
Andrea Virginia Sousa Dantas18 ([email protected])
INTRODUÇÃO
No mundo interconectado de hoje, a atividade turística assume papel
crucial nas etapas de desenvolvimento social, econômico e cultural de cidades,
estados e destinações. A garantia de planejamento e organização do setor
compromete não somente setores primários, mas principalmente o fortalecimento
dos serviços e produtos característicos de setores secundários e terciários da
economia. A compreensão da ideia de integração do setor turístico comporta a
natureza do funcionamento da atividade e, mais profundamente, a relação política-
mercadológica que conduzem a prestação de serviços, comercialização e
consumo de produtos na construção de destinos turísticos e consolidação da
oferta em fatores de competitividade nacional e internacional.
Por ser um fenômeno (Beni 2004) o turismo se manifesta de diversas
formas em um mesmo destino/território. Cruz (1999) afirma que o turismo funciona
a partir da produção e consumo de serviços e do espaço, sendo esse consumo
interligado à diversas manifestações que dá suporte ao fazer turístico. O fazer
turístico surge a partir do momento em que apenas os elementos naturais e
culturais de um destino não são mais suficientes para a permanência do turista,
fazendo-se necessária a criação de equipamentos e serviços complementares,
como meios de transporte e vias de acesso para facilitar o deslocamento e a
acolhida. Sejam eles meios de hospedagem, para que assim haja permanência no
destino, sejam serviços de restaurantes e passeios, ou seja, todos esses
elementos juntos formam uma oferta turística dentro de um destino/localidade,
16
Resumo expandido apresentado ao grupo Temático Gestão em Turismo. 17
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 18
Doutora e vice-coordenadora do curso de Turismo e membro do Conselho Editorial da revista
Interface (CCSA/UFRN)
35
onde o turista (consumidor) na busca por um produto (praias, resorts, hotéis) que
a localidade oferece, faz com que a partir dessa procura os agentes locais
busquem oferecer atrativos que viabilizem a permanência do turista em uma
localidade (Vaz, 1999).
A partir dessa temática e a escassez de estudos relacionados aos fatores e
elementos que formam a oferta turística na Grande Natal, surge o presente Projeto
de Pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso, que encontra-se em andamento
e tem como objetivo geral, estudar os possíveis elementos determinantes na
formação da oferta turística da Grande Natal, a partir das relações e ações entre
as Agências de Viagens e Guias de Turismo e como esses atores podem ofertar
os destinos turísticos a partir dos fatores que levam a modificar a oferta do mesmo
destino, incluindo/retirando um ou outro atrativo para compor a oferta, e manter a
funcionalidade do território. Como objetivos específicos pretende-se conhecer os
componentes da oferta turística de Natal que são comercializadas por agências de
receptivo e guias de turismo, a partir de entrevista metodológica no modelo de
focus groups (grupo focal), identificar segundo os entrevistados quais são os
fatores de inclusão e exclusão de atrativos para compor a oferta e analisar de
forma não aprofundada, a partir dos entrevistados, qual o papel das Políticas
Públicas de Turismo em Natal no planejamento operacional das Agências e Guias
de Turismo locais.
METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se como descritivo-exploratória, pois ao
problematizar o fenômeno pesquisado também se compromete com a descrição
de características e relações encontradas na investigação. O estudo constrói-se
pela abordagem qualitativa, onde busca o confronto com o excesso de rigor de
aspectos formais, propondo qualidade por meio de minimização de extensão do
que intensidade. A pesquisa qualitativa entende o objeto de pesquisa como
unidade aprofundada de análise e compreensão, através da dinâmica entre o real
e o sujeito, sendo essa relação indispensável no mundo objetivo, e a interpretação
dos fenômenos e seus significados.
O campo de estudo compreende profissionais atuantes no setor de
agências de receptivo e guias de turismo, com o objetivo de compreensão
36
aprofundada e extensiva do fenômeno investigado. O conteúdo da pesquisa será
analisado por meio do método de análise de conteúdo e entrevista no modelo de
grupo focal, com pelo menos três representantes de agências de receptivo em
Natal e sete guias de turismo, juntamente com o representante da categoria. Na
intenção de chegar a uma equidade no que diz respeito à teoria versus prática.
HIPÓTESES
Estima-se que ao fim da pesquisa surjam resultados que comprovem a
persuasão das agências de receptivo e guias de turismo no momento de
comercialização da oferta de destinos na Grande Natal, além da interdependência
dos componentes da oferta (subdestinos) e entre os prestadores de serviço, bem
como uma possível modificação nos componentes da oferta turística visando a
manutenção da qualidade da imagem de destino.
Palavras-chave: Oferta turística; Comercialização; Agências de viagens
REFERÊNCIAS
BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo – SP: Senac, 2004.
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Política de Turismo e (re) ordenamento de territórios do Nordeste do Brasil. Tese de Doutorado. Departamento de Geografia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1999.
VAZ, Gil Nuno. Marketing Turístico Receptivo e Emissivo: Um roteiro estratégico para projetos mercadológicos públicos e privados. São Paulo - SP: Pioneira, 1999.
37
Estudo de integração social em experiências turísticas internacionais no
destino São Miguel do Gostoso19
Nilo de Melo Calazans Duarte20 ([email protected])
Michel Jairo Vieira da Silva21 ([email protected])
INTRODUÇÃO
A atividade turística, quando bem planejada e gerenciada, pode ser
responsável pela mudança na qualidade de vida de muitas pessoas,
principalmente daqueles que residem nas regiões turísticas -graças a seu “efeito
multiplicador”. Isso ocorre porque o dinheiro advindo do turista passa por diversos
segmentos empresariais e de serviços de viagem, espalhando-se por todo
mercado, refletindo em novas vagas de empregos, fontes de arrecadação e
desdobramentos em aspectos sociais, culturais e ambientais.
Se mostra evidente que o turismo no mundo inteiro vem se destacando
pelos números positivos e expressivos que apresenta. Segundo a OMT apud EBC
(2018), a atividade turística mundial registrou 7% de crescimento em relação a
2016. Os números vão na casa de 1,322 bilhão de viajantes no ano em questão.
As ações sobre o turismo podem auxiliar na preservação do ecossistema,
na inclusão social, no incentivo à cultura e disseminação dos valores da sociedade
local, bem como na economia quando bem planejado por seus gestores. Caso
contrário, sob um mau planejamento (DA SILVA, 2017), pode gerar impactos
negativos diversos. Portanto, é importante por parte dos gestores públicos e
privados, da sociedade e da academia, discutir e planejar o turismo de forma a
inserir saberes e interesses de viés econômico, mas também cultural, e ambiental,
além da participação dos seus principais atores sociais: os residentes.
O fator determinante para o desenvolvimento do turismo inclusivo
(KRIPPENDORF, 2003), que gere uma relação amistosa e de respeito mútuo
entre seus atores e deles com o ambiente, está justamente na gestão e
19
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 20
Bacharel em Turismo pela UFRN. 21
Coordenador do curso de Turismo da UFRN.
38
planejamento do turismo pelas entidades competentes (poder público, e seus
canais de representação - poder privado e sociedade civil). Entretanto, não é
tarefa simples agregar em agenda de planejamento o interesse do mercado e da
sociedade receptora.
Buscando debater sobre tais questões, trazemos para a pesquisa o
município de São Miguel do Gostoso - RN. Município esse que tem ganhado cada
dia mais visibilidade na mídia e mercado turístico nacional e internacional desde
meados os anos 1990 (quando ainda era apenas uma vila de pescadores), tendo
essa intensificação se acelerado na segunda década do séc. XXI. O destino em
destaque aqui recebe um fluxo de turismo doméstico (principalmente regional) de
motivação de sol e praia, com o turista de feriadões e finais de semana.
Entretanto, a região é internacionalmente conhecida pela qualidade de seus
ventos para a prática de Windsurf e Kitesurf, o que atrai para o município um
grande fluxo de turistas internacionais (alvo desse trabalho) em busca de
relaxamento, mas principalmente de esportes náuticos de aventura.
Buscando estudar a dinâmica de interação de turistas internacionais com o
destino e seus residentes, se problematiza a questão: - Como se dá o processo de
integração-segregação de turistas internacionais com o destino São Miguel do
Gostoso – RN?
A partir dessas questões, tem-se como objetivo geral deste trabalho
compreender os processos de integração/segregação de turistas internacionais
com o destino São Miguel do Gostoso – RN. E para alicerçar tal objetivo, tem-se
como objetivos específicos: - Contextualizar historicamente o destino; - Rastrear
os trajetos e práticas realizadas pelos turistas internacionais; - Identificar a
presença e papel do residente nesses trajetos.
METODOLOGIA
Este trabalho consiste em uma pesquisa de campo exploratória (de
aproximação -familiarização com o tema segregação em destinos litorâneos),
envolvido em uma abordagem qualitativa sobre questões que envolvem a relação
dos turistas internacionais com o destino São Miguel do Gostoso-RN e seus
residentes.
39
O trabalho se utilizou de pesquisa bibliográfica (OLIVEIRA, 2011), seguido
de pesquisa documental (sites oficiais de órgãos públicos e jornalísticos). O
trabalho contou também com visitação in loco para conhecer e rastrear trajetos,
culminando com coleta dos dados por meio de entrevistas semiestruturadas com 9
turistas internacionais os quais demonstraram simpatia pela prática de Kite e
Wndsurfe através da posse de equipamentos próprios para prática da atividade.
É importante salientar, que o presente estudo consiste em uma parte
integrante de um estudo mais amplo e aprofundado acerca da
integração/segregação entre turistas e residentes em São Miguel do Gostoso-RN.
Para melhor atender os objetivos propostos pela pesquisa, bem como
manter alinhada a análise com os procedimentos metodológicos, destaca-se que
para rastrear e reconhecer trajetos realizados pelos turistas internacionais foi
necessário abarcar na entrevista as práticas comuns de ACESSO,
HOSPEDAGEM, ALIMENTAÇÃO, COMPRAS E LAZER DOS TURISTAS
(categorias inspiradas no quadro de Evidências de Processos de Integração dos
Turistas com a Cidade-Cenário, DA SILVA, 2017). Em seguida foi necessário
pesquisar endereços no google maps, como também montar mapas que
sintetizam algumas dinâmicas.
RESULTADOS
Atualmente o município possui 98,7% de índice de escolarização (entre 6 e
14 anos de idade), mas apenas 10% da população possui ocupação formal, com
remuneração média de 1,7 salários mínimos (IBGE cidades, 2016). O
desenvolvimento regional se mostra do ponto de vista econômico ao observarmos
os dados do DATASUS (banco de dados socioeconômicos do Ministério da
Saúde) analisados pelo IBGE (2016), onde em 10 anos (2005-2015) o PIB do
município subiu de R$ 29.745.000 para R$ 155.946.000 (424,27% de aumento em
10 anos), segundo o IBGE – vale ressaltar que aparentemente o aumento do PIB
se deu alicerçado na concentração de renda, tendo em vista os dados de
ocupação formal e de que o município ocupa apenas a 115ª colocação no ranking
do IDH estadual (IBGE Cidades, 2010).
40
Em paralelo a esses dados, o turismo de fato tem modificado bastante a
dinâmica estrutural da cidade nos últimos anos, sendo notória a forte presença e
influência dos turistas e do trade turístico no dia-a-dia da população.
Quanto à intermodalidade do transporte aéreo para algum outro que
permita o acesso ao destino, vale ressaltar que o Aeroporto Internacional Aluízio
Alves não dispõe de linhas rodoviárias ou ferroviárias para São Miguel do
Gostoso, indicando uma falta de acesso livre dos turistas aos meios de transporte
públicos. Os turistas são direcionados para os transportes privados de caráter
turístico (Táxis, Uber, Receptivos, Transfer), o que nesse primeiro momento já
contribui para uma experiência exclusivista e distanciada do residente.
Se mostra notória a preferência dos turistas internacionais por hotéis,
pousadas e albergues, que são empreendimentos componentes da oferta turística
do local, e que geram uma segregação mais acentuada, sobretudo no caso dos
hotéis e pousada, tendo em vista que os albergues possuem um conceito que
promove a integração e o intercâmbio sociocultural dos turistas com outros
turistas, mas também com os residentes, a passo que hotéis e pousadas
geralmente prezam pela privacidade e isolamento de seus hóspedes.
A experiência de alimentação nesse caso apresenta uma natureza
segregada, sempre em espaços voltados quase que exclusividade para o fluxo
turístico – espécie de gueto turístico (KRIPPENDORF, 2003), como mostram
imagens de redes sociais, assim como os relatos dos entrevistados 1, 2, 7 e 8,
quando perguntados sobre onde eram seus locais de refeições.
Entre turistas internacionais simpatizantes é notória a predominância de
atividades de turismo e lazer que que se voltam para a praia e kite e wind surf,
apesar de tomarem frequentemente a iniciativa de conhecerem locais que não são
enfatizados pelos agentes do turismo (nem midiatizados). Isso possibilita uma
integração maior com os espaços citadinos e a população local.
A partir da análise das entrevistas anteriormente expostas, percebe-se que
a presença dos residentes na experiência de viagem dos turistas internacionais se
dá em torno das relações de compra e venda, mas se amplia em alguns casos –
41
mesmo com a barreira linguística – em que percebe-se uma hospitalidade formal e
informal, uma relação de intercâmbio sociocultural (mesmo que pequena).
CONCLUSÕES
Em uma análise acerca de processos de integração e segregação entre
turistas e residentes em São Miguel do Gostoso-RN, destaca-se que não existe
nenhuma barreira física clara que separa tais sujeitos. Entretanto, a própria
rodovia RN-221 (que é o único acesso viário para o município e que corta o centro
urbano), atua como uma espécie de fronteira onde se observa as zonas turísticas
e citadinas do município divididas. A turística se concentrando mais na região
leste, no caminho do mar, e a citadina no lado oposto da estrada. O que evidencia
realidades de certo diferentes e um certo sentido de gueto turístico na região onde
se concentra diversos empreendimentos turísticos.
É importante ressaltar que os resultados obtidos nesta pesquisa são dados
parciais acerca da dinâmica real que se desenvolve entre turistas e o destino São
Miguel do Gostoso-RN e seus residentes.
Palavras-chave: Integração/Segregação. Turismo Internacional. São Miguel do
Gostoso.
REFERÊNCIAS
BENI, M. C. B. (2001). Análise estrutural do turismo. São Paulo: Editora
SENAC.
DA SILVA, Michel (2017). O turismo de massa e a cidade: processos de
integração versus segregação socioespacial em capitais nordestinas (Recife e
Natal) a partir de registros (Vlogs) de viagens de turismo doméstico. Tese
(Doutorado) - UFRN, Natal - RN. Disponível em:
<arquivos.info.ufrn.br/arquivos/.../Michel_Jairo_Vieira_da_Silva.pdf> Acesso em:
30 abr. 2019.
KRIPPENDORF, Jost. (2003). Sociologia do Turismo: para uma nova
compreensão do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph.
42
MARCUSE, Peter (2004). Enclaves, sim; guetos, não: a segregação e o estado.
In: Espaço e Debates. São Paulo: NERU. v. 24, n. 45, pp. 23-33.
43
Gestão Ambiental no Turismo: Uma análise das atividades desenvolvidas
pelo Dromedunas Turismo – Extremoz, Praia de Jenipabu – RN22
Wagner Araújo Oliveira23 ([email protected])
Sebastiana Guedes Bezerra24 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O turismo destaca-se mundialmente como um dos segmentos econômico
que mais cresce, gerando receitas substanciais para algumas economias,
principalmente nas empresas que tem como atividade base a turismo aliada ao
meio ambiente. O crescimento pode contribuir sensivelmente para o
desenvolvimento socioeconômico, da mesma forma é um potencial para degradar
o meio ambiente, podendo causar inúmeros impactos negativos em determinada
localidade. Nesse sentido, Salvati (2002) afirma que com a ausência de um
planejamento integrado, a exploração comercial do turismo mundial vem
contribuindo, desde os anos 50, para o desequilíbrio ecológico, para a
desagregação social e para a perda dos valores culturais das comunidades
anfitriãs. Nas últimas décadas com o movimento ambientalista, e devido alguns
destinos se tornarem vítima do turismo de maneira ruinosa pela ausência de
planejamento e gestão ambiental e pelo fato do crescimento acelerado do fluxo
turístico, é perceptível a crescente preocupação ambiental em todas as esferas da
sociedade contemporânea, como nos setores públicos e no setor privado da
cadeia produtiva do turismo e a comunidade. Nesse sentido, vale destacar a
importância das práticas da gestão ambiental nos empreendimentos turísticos,
devido a necessidade da conservação dos recursos naturais, uma vez que
considerável parte das atividades turísticas são desenvolvidas em ecossistemas
frágeis, sobretudo em áreas naturais protegidas, como é o caso deste objeto de
estudo. Diante dessa discussão, o presente trabalho busca analisar as atividades
desenvolvidas pela empresa Dromedunas Turismo com base na análise SWOT.
METODOLOGIA
22
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 23
Bacharel em Turismo pela UFRN; Especialista em Gestão Ambiental pelo IFRN; e Professor
substituto do curso de Turismo da Universidade Federal de Sergipe. 24
Bacharel em Turismo pela UFRN; Especialista em Educação Ambiental e Geografia do
Semiárido pelo IFRN.
44
O presente estudo se caracteriza como pesquisa exploratória descritiva,
com uma abordagem qualitativa. Inicialmente foi feita a pesquisa bibliográfica, em
que foi realizado o levantamento de referências que abordassem as temáticas
pertinentes a este trabalho. Para a coleta dos dados, realizou-se o
acompanhamento das operações da empresa in loco, bem como entrevista com a
gestora do empreendimento. Essa pesquisa foi desenvolvida no período de 2016-
1, sendo assim, alguns pontos levantados nesta análise possa ser que tenha
sofrido alguma mudança. Para técnica de análise dos dados foi escolhida a
metodologia da Análise SWOT (Humphrey, 1960/1970), está sigla vem do idioma
inglês que é um acrônimo de Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses),
Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). Nesse sentido, buscou
identificar os fatores internos que são as fraquezas e forças onde são elementos
particulares e que estão sobre o controle da gestão. Como também nos fatores
externos as ameaças e oportunidades são aspectos que antecede o futuro e estão
ligadas diretamente com o ambiente externo e que não pode ser controlados.
ANÁLISE SWOT DA EMPRESA DROMEDUNAS TURISMO
O Dromedunas Turismo, foi inaugurada no dia 24 de novembro de 1998, é
uma empresa que oferece como produto turístico passeios de dromedários, sendo
considerada uma atividade exótica e exclusiva da América Latina. Os passeios
acontecem especificamente na Zona de Proteção Especial que abrange todo
campo dunar na Área de proteção Ambiental de Jenipabu, considerado uma área
em alta vulnerabilidade ambiental. A empresa por estar inserida em Unidade de
Conservação deve ser autorizada e licenciada pelo órgão ambiental, neste caso o
Dromedunas Turismo possui Cadastro no Instituto de Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente – IDEMA, órgão responsável pela gestão das
Unidades de conservação estaduais, por meio do Núcleo de Unidades de
Conservação (NUC). A partir dos dados coletados, faz-se necessário realizar a
Análise SWOT (Humphrey, 1960/1970), essa busca identificar os fatores internos
que são as fraquezas e forças onde são elementos particulares e que estão sobre
o controle da gestão. Como também os fatores externos que são as ameaças e
oportunidades, aspectos que antecede o futuro e estão ligadas diretamente com o
ambiente externo e que não podem ser controlados. Nesse sentido, a tabela 1 e 2,
apresentará a análise.
45
Tabela 1: Análise SWOT Dromedunas Turismo
PONTOS FORTES PONTOS FRACOS
A formação da gestora sócia em bacharel em turismo e pedagogia empresarial
Visibilidade da empresa em escala nacional e internacional
Projeto Escola Energia solar Projeto Horta Recolhimento das fezes dos
dromedários para transformação em composto orgânico
Ausência de uma política ambiental interna instituída
Uso e conflito do solo Poluição visual A empresa se configura como
polarizadora de outras atividades econômicas realizadas em cima da duna
Visibilidade da empresa sem escala nacional e internacional, fato que gera uma repercussão maior aos impactos ambientais gerados pela atividade
Fonte: Oliveira e Bezerra (2016).
A partir da análise foi possível identificar 6 pontos fortes, o primeiro está
relacionado à formação profissional da gestora, onde é bacharel em turismo e
especialista em pedagogia empresarial, e atualmente curso mestrado em
comunicação social UFP – PT, isso contribui bastante para o andamento das
atividades e tomadas de decisões da empresa, uma vez em que a qualificação na
área se torna um diferencial competitivo, pois a realidade da profissionalismo na
cadeia produtiva no turismo é deficiente, pois considerável parte dos profissionais
atuantes possuem capacitação em outra área do conhecimento. O segundo ponto
é a visibilidade que a empresa tem ganhado a cada dia devido sua atividade
exótica e exclusiva na América Latina, isso tem gerado mídia e propaganda para o
estado, portanto, consequentemente tem produzido materiais informativos a
acionistas, fornecedores e consumidores para mostrar a responsabilidade em que
a empresa tem com o meio ambiente. Os quatros pontos a seguir estão voltados
diretamente para as práticas de gestão ambiental, o Projeto Escola que acontece
desde 2002 e realizado no período de baixa estação, onde recebem escolas
públicas e privadas para realização dos passeios, na oportunidade é feito uma
aula interdisciplinar, com intuito dos alunos entenderem o ambiente na qual a
empresa está inserida e a necessidade de conservar a natureza. O próximo tópico
é uma prática adotada pela empresa de usar energia solar na tenda (local de
atendimento aos clientes). Essa adoção tem como principal vantagem a não
poluição durante seu uso, nesse sentido, a empresa busca medidas preventivas
46
em decorrência do meio ambiente. Por fim, os últimos tópicos, que é o Projeto
Horta e recolhimento das fezes dos animais estão relacionados com umas das
ações de inclusão social e ambiental da empresa, onde as fezes que são
recolhidas dos animais (usados como esterco para adubar hortas) são doadas
para o Projeto Integrado de Horticultura Urbana e Inclusão social – Hortas
Comunitárias e Pedagógicas (EMATER/RN), que atende cerca de 1167 pessoas,
incluindo famílias de baixa renda atendidos pelo programa social do Governo
Federal Fome Zero, jovens acima de 16 anos sem trabalho e renda, grupos de
risco de saúde, dependentes químicos e comunidades escolares. Ainda sobre
análise interna, foi possível constatar 5 pontos fracos da empresa quanto a sua
gestão, primeiro a empresa não possui política escrita relatando as ações,
princípios e objetivos que regem o desempenho ambiental. Em seguida
identificou-se que existem conflitos de uso e ocupação do solo, primeiro devido a
atividades de passeios serem desenvolvidas em uma área de dunas móveis,
considerada uma área de alta vulnerabilidade ambiental, além disso, com o
pisoteamento dos dromedários e de pessoas ocorre a compactação do solo. O
outro motivo causador de conflitos de uso e ocupação do solo é que o estábulo
dos animais encontra-se em um terreno privado (antigo lixão) e na área de
influência do mangue, caracterizado como um passivo ambiental, a empresa foi
notificada pelo órgão ambiental estadual o Instituto de Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente do RN/IDEMA, para realizar medida corretiva, que
seria demolir o estábulo e ser construído em uma área distante do mangue, após
negociação entre o órgão e o empresa, ficou decidido que não seria demolido, no
entanto, a empresa deveria realizar algo para minimizar esse passivo ambiental,
desse modo, a empresa inaugurou no dia 2 de setembro de 2015, a Base de
Turismo Sustentável Odile Landry, localizado na comunidade de Jenipabu, neste
local serão realizadas oficinas e ações de educação ambiental para comunidade,
hortas adubadas pelos estercos dos animais, onde será aberto para os turistas,
comunidade local e escolas para conhecerem as ações de responsabilidade
ambiental da empresa. A poluição visual também se caracterizou como um ponto
fraco, devido a tenda está em cima das dunas, consequentemente houve
modificação da paisagem, além disso, a empresa se configura como polarizadora
de outras atividades econômicas realizadas em cima da dunas, então há uma
concentração de ambulantes realizando outras atividade, comercialização de
47
roupas, artesanatos, bebidas, prática de esqui nas dunas (Esquidunas), pinturas
de quadro e a aglomeração dos buggys que levam os turistas para realizar os
passeios. E por fim, outro ponto fraco foi a visibilidade da empresa em escala
nacional e internacional, esse também foi considerado ponto forte no sentido da
visibilidade para comercialização do produto turístico, mas ganha outro sentido,
devido essa visibilidade, existe uma repercussão maior aos impactos ambientais
gerados pela atividade, desse modo, a empresa tem sido alvo de muitas críticas
principalmente devido estar “explorando” os animais, mas pode-se deixar claro
que Dromedário é um mamífero nativo da região do nordeste da África e da parte
do ocidente da Ásia, o local onde acontece os passeios é compatível com o
habitat natural, dunas e presença de sol constante, e a maior prova de adaptação
é a reprodução do animais fora do seu local de origem, atualmente, existem 13
filhotes frutos da reprodução no local. Além disso, a empresa preocupa-se com a
saúde dos animais, prova disso é que todos possuem planos de saúde,
alimentação adequada e bebem água mineral. Posteriormente será apresentada a
análise externa, onde foram identificadas as ameaças e oportunidade. Ver tabela
2.
Tabela 2: Análise SWOT Dromedunas Turismo
AMEAÇAS OPORTUNIDADES
Insuficiência de fiscalização e monitoramento do órgão ambiental competente
Gestão pública municipal e estadual inoperante
Fluxo turístico
Normas da série ISO 14.000 Cadastro para os ambulantes
que estão em cima da duna
Fonte: Oliveira e Bezerra (2016).
Quanto às ameaças vale destacar que essas são intrinsecamente ligadas
ao ambiente externa da empresa, primeiramente foi possível constatar que há
uma insuficiência na fiscalização do órgão ambiental responsável por gerir e
fiscalizar a localidade, isso se torna bastante preocupante no sentido que a área
onde a empresa está inserida é uma unidade de conservação ambiental que
possui plano de manejo com diretrizes e ações que devem ser executadas, além
disso a necessidade da fiscalização e monitoramento das atividades que ocorrem
nessa área a fim de existir controle buscando evitar ou minimizar os impactos
48
nocivos advindos das atividades econômicas. Atrelado a isso destaca-se outra
ameaça que é a gestão municipal e estadual inoperante, a praia de Jenipabu
considerada um dos principais destinos turístico do estado sofre com descaso da
gestão pública, prova disso são as vias de acesso alagadas, obras não adequadas
e paralisadas do projeto de reurbanização da orla da praia de Jenipabu, ausência
de limpeza na praia, falta de serviços bancários na comunidade e ausência de
segurança pública (não existe posto policial). Em consonância disso, está outra
ameaça o fluxo turístico, com aumento deste a empresa sofre pressão de
aumentar a oferta de passeios, ou seja, trazendo mais dromedários para dunas e
aumento de passeios por dia sem a devida preocupação com a capacidade de
carga daquele local, podendo assim gerar mais impactos negativos. Foram
identificadas duas importantes oportunidades para a empresa, para o futuro, a
empresa deve buscar constantemente se inserir nos padrões em busca da
certificação da ISO 14000, para isso a organização deve criar esforços e buscar
estabelecer uma política ambiental coerente envolvendo desde os animais até a
comunidade local, isso se caracteriza de suma importância em decorrência dos
impactos ambientais da empresa, além disso, soma como ganhos competitivos no
mercado atual, e confiança dos seus clientes, colaboradores e da sociedade.
Contudo, foi possível averiguar que para melhor organização dos ambulantes a
gestão da unidade de conservação realizou cadastro, com a participação da
comunidade, evitando que ambulantes que não residem no local se insiram de
maneira inadequada, após isso todos receberam coletes de identificação, como
ação futura sugere-se cursos de capacitação para melhor atender os turistas a fim
de garantir a satisfação dos turistas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da análise realizada, nota-se que a responsabilidade ambiental cada
vez mais ganha importância em todas as esferas da sociedade, em especial,
destaca no âmbito empresarial, apesar de ser uma prática ainda incipiente,
percebe-se uma mudança no paradigma social, onde as pessoas estão em busca
da harmonia entre a atividade econômica, o meio social, e, sobretudo com o meio
natural. Nesse sentido, a Empresa Dromedunas Turismo tem se inserido nesse
contexto, pois se evidenciou que a gestão administrativa busca atrelada com
atividade turística inserir práticas de gestão ambiental, identificou-se ações
49
voltadas para a conservação dos recursos naturais, como a preocupação a
inserção das práticas de gestão ambiental na qual tem contribuído para o
equilíbrio ecológico, ganhando competitividade no âmbito do turismo. No entanto,
verificar-se alguns pontos fracos que necessitam de uma atenção peculiar visando
garantir uma gestão ambiental eficiente que busca desenvolver suas atividades
antrópicas de forma adequada buscando uso racional dos recursos naturais.
Nesse contexto, sugere que outras pesquisas sejam desenvolvidas no âmbito da
gestão ambiental voltado para atividade turística de modo que venha contribuir
socialmente e para a evolução da produção científica do saber turístico.
Palavras-chave: Dromedunas Turismo; Gestão Ambiental; Turismo.
50
Gestão do Transporte Recreativo e Turismo Sustentável no Litoral Sul
Paraibano25
Francisco Coelho Mendes26
Claudia de Araújo Cavalcante27 ([email protected])
Fernanda Silva Araújo dos Santos28 ([email protected])
Brenda Araújo da Silva29 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O trabalho proposto aborda a gestão do turismo sobre o uso de alguns
veículos terrestres em áreas de praias, falésias, encostas e trilhas no litoral sul da
Paraíba. Trazendo uma relação com a possibilidade desse uso, mais de forma
sustentável, indicando as possíveis formatações para que haja uma harmonia
entre o meio ambiente natural e o automotivo.
A busca pela harmonia do uso sustentável dos espaços naturais é
vagarosa, porém eficiente e eficaz. Ao se fazer o uso correto desses espaços,
gerações futuras terão a oportunidade de conhecer e aproveitar. As falésias no
litoral sul dispõem de lindos mirantes, cobiçados por turistas para o registro
fotográfico. Para chegar até esses mirantes, veículos de tração como buggys e
quadriciclos usam as trilhas, que quase sempre precisam ser desmatadas sem
nenhum tipo de conhecimento da vegetação e do solo, sem o uso correto de
equipamentos para a medição de curva de nível e sem estudo da capacidade das
falésias. Uma análise de impactos e estudos para balizar a atividade turística são
indispensáveis para que a atividade seja sustentável e perdure.
Diante desse contexto, questiona-se: Como podemos desenvolver
atividades de interação entre o turismo e o meio ambiente sem provocar danos à
natureza ou promovendo práticas sustentáveis que propicie o desenvolvimento de
25
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo 26
Doutorado em Ciência, tecnologia e Inovação pela UFPB. 27
Discente do curso de Turismo da UFPB. 28
Discente do curso de Hotelaria da UFPB. 29
Discente do curso de Hotelaria da UFPB.
51
recursos econômicos, socioculturais e socioambientais favoráveis a relação entre
a humanidade e a natureza, fazendo uso de transporte recreativo em áreas de
praias, encostas, falésias e trilhas?
Portanto, propõe-se analisar a interação dos meios de transportes turístico
recreativo, como Buggy e Quadriciclo, com as áreas das praias, encostas, falésias
e trilhas do litoral sul da Paraíba. De tal forma, que as práticas do turismo
sustentável sejam contempladas em passeios automotivos pelas unidades de
conservação ambiental do litoral sul paraibano. Por isso, se faz necessário o
desenvolvimento dos seguintes objetivos específicos, como: identificar e mapear
trilhas que podem ser usadas por veículos recreativos sobre as praias, encostas,
falésias e trilhas sem provocar danos à natureza; identificar formas rentáveis e
sociáveis de uso do espaço natural, favorecendo o visitante, a comunidade local e
a natureza.
A motivação para estudar o tema proposto surge diante do interesse em se
considerar o transporte turístico de Buggy e Quadriciclo, em passeio recreativo por
locais de exposição do meio ambiente natural, como fatores de gestão turística e
de desenvolvimento regional favoráveis às comunidades locais, devido às praias,
falésias, trilhas e encostas serem monumentos naturais que devem ser
preservados por sua relevância paisagística e ambiental. Ao se falar em passeio
de buggy ou passeios similares, não se trata apenas de contemplar o
deslocamento de pessoas, mais também de propiciar a felicidade, diversão, lazer
e conhecimento da diversidade dos lugares, culturas, histórias, hábitos e costumes
tradicionais e regionais.
Conforme Timbó e Portuguez (2014, p.7), “o crescimento do turismo está
estritamente ligado ao desenvolvimento dos meios de transportes, o que se
justifica a partir da própria definição de turismo, que implica em deslocamento de
indivíduos para fora dos seus lugares de residência habitual”.
Segundo Dias (2014), o transporte recreativo é um segmento do transporte
turístico especializado que, de acordo com uma regulamentação específica,
motiva o deslocamento do passageiro, objetivando o entretenimento, a diversão,
às vezes sendo o próprio atrativo turístico. Ainda pode envolver distintos modais
52
de transportes combinados ou individualizados e ocorre no espaço receptivo.
Tendo em vista que o turista ao chegar no destino, o transporte recreativo é
oferecido como opção de deslocamento associado à recreação para curtas
distâncias, ao longo dos quais o turista pode conhecer as diversidades do local
visitado e divertir-se.
Tal estudo se justifica pela relevância da discussão envolvendo a
adequabilidade do desenvolvimento sustentável do turismo no litoral sul
paraibano. O local contempla uma importante área de conservação ambiental, que
vem sofrendo constantes intervenções humanas que degradam, poluem e
contaminam o meio ambiente. Dessa forma, procuraremos socializar experiências
de pessoas comprometidas com a responsabilidade socioambiental na região
estudada.
METODOLOGIA
A metodologia adotada foi do tipo pesquisa qualitativa e exploratória, com
base em consultas bibliográfica e documental, visita técnica, observação direta e
coleta de depoimentos.
Quanto a pesquisa de campo, foram realizadas visita técnica ao litoral sul
da Paraíba para a definição e priorização dos roteiros turísticos por praias,
encostas, falésias e trilhas das unidades de conservação ambiental situadas no
litoral sul da Paraíba.
A coleta de dados primários foi por amostragem, no período de janeiro a
abril de 2019, composta por colaboradores que fazem uso dos meios de
transporte turístico recreativo, como Buggy e Quadriciclo para propiciar aos
turistas diversão, lazer, segurança, tranquilidade, conforto, conhecimento e
harmonia com a natureza.
No caso do uso de transporte recreativo no litoral sul da Paraíba, existem
várias trilhas que são usadas para se obter acesso às falésias, mirantes e praias,
pouco explorado. O litoral sul da Paraíba é formado por praias repletas de
coqueiros, areias brancas, cânions de areias coloridas e falésias coloridas,
existentes nas praias do Cabo Branco, Seixas, Penha, Arraial, Jacarapé e praia do
Sol (Município de João Pessoa); praias de Barra de Gramame, Amor, Jacumã,
53
Carapibús, Tabatinga, Coqueirinho, Tambaba (praia de naturismo na Paraíba),
Barra do Garaú, Bela e Abiaí (Município do Conde); praias de Pitimbú, Mariscos,
Acaú, Azul e Ponta dos Coqueiros (Município de Pitimbú no Sul da Paraíba); além
de piscinas naturais, trilhas em áreas de conservação ambiental (PORTAL
PRAIAS-360, 2017).
Analisou-se os dados através de técnica de análise de conteúdo, que
ocorre por interpretação e comparação das informações recebidas. É uma das
técnicas de análise da comunicação, que considera o método como forma de não
se perder na heterogeneidade de seu objeto, permitindo a realização de inferência
de conhecimentos. Refere-se ao estudo de textos e documentos, bem como
obtenção de dados por observação direta e entrevista, mediante os procedimentos
sistemáticos como inferências e deduções lógicas (BARDIN, 2011).
RESULTADOS
É no litoral sul paraibano que se encontram algumas das praias mais
conhecidas e frequentadas da Paraíba, como as praias de Tambaú, Cabo Branco,
Seixas, Penha, praia do Amor, Jacumã, Carapibús, Tabatinga, Coqueirinho,
Tambaba e praia Bela, existentes em municípios que vão de João Pessoa a
Pitimbú no sul da Paraíba. Devido ao vasto litoral com praias paradisíacas, faz-se
necessário desenvolver roteirização para planejar e organizar o turismo nas
regiões receptoras.
Para a definição dos roteiros de passeios turísticos pelo litoral sul da
Paraíba com transporte turístico recreativo, como Buggy e Quadriciclo, sugere-se
4 (quatro) roteiros, contemplando diversos municípios de João Pessoa ao litoral
sul paraibano e adequando o tipo de veículo mais apropriado para que se realize o
trajeto de forma mais sustentável possível. Os passeios, geralmente, funcionam
no horário de 08:00 às 16:00 horas, propiciando lazer, diversão, segurança,
tranquilidade, conforto, conhecimento, experiência e harmonia entre o turista e a
natureza.
As sugestões de passeios turísticos, são: a) Roteiro Litoral Sul Urbano,
esse passeio contempla as praias urbanas de João Pessoa (Tambaú, Cabo
Branco, Seixas e Penha), leva aproximadamente 3 horas. Para a realização deste
54
roteiro recomendamos carros de passeios; b) Roteiro Litoral Sul Polo Turístico,
esse passeio contempla a vista panorâmica das praias urbanas de João Pessoa e
pode levar até 5 horas. Este roteiro tem sua primeira parada na Estação Ciências,
Cultura e Artes (Cabo Branco), depois contemplaremos o mirante da praia do
Arraial, a próxima parada é no Centro de Convenções da Paraíba, tem-se a praia
de Jacarapé, onde o turista pode tomar um banho no encontro das águas do Rio
Jacarapé com o mar (Oceano Atlântico), a seguir, tem-se a Praia do Sol, o final
deste passeio contempla a exuberância do mirante de Barra de Gramame (Praia
de Gramame); c) Roteiro Litoral Sul Praia do Amor, este passeio contempla as
praias do Município do Conde, como Barra de Gramame, Praia do Amor, Jacumã
e Carapibus. O turista pode desfrutar da vista panorâmica das praias urbanas e
rurais do Conde, no passeio com durabilidade de até 7 horas; d) Roteiro Litoral Sul
Conde Encantado, a costa dos municípios do Conde e Pitimbú trazem inúmeras
belezas, que podem ser visitadas por turistas e moradores, no passeio com
durabilidade de até 9 horas. Este roteiro tem sua primeira parada na Praia de
Coqueirinho (Município do Conde), que está entre as 10 praias mais bonitas do
Brasil. Além de Coqueirinho existem as praias de Tabatinga, Tambaba e Praia
Bela (Município do Conde). Para finalizar, o passeio pelo litoral sul conde
encantado, sugere-se visita a praia de Pitimbú (Município de Pitimbú).
O litoral sul da Paraíba é repleto de belezas naturais, o seu clima agradável
e praias com águas cristalinas e mornas encantam os turistas ou visitantes. Possui
também uma excelente infraestrutura com restaurantes, bares e quiosques que
servem refeições, petiscos e bebidas; bem como algumas opções de pousadas,
hotéis e resorts, conveniente para os que desejam se hospedar no litoral sul
paraibano. Além dos roteiros turísticos descritos, existem outras opções de
passeios que contemplam lazer, diversão, segurança, tranquilidade, conforto,
conhecimento, experiência e harmonia entre o turista e a natureza em outras
regiões turísticas da Paraíba. Tais como, tirolesa em Praia Bela, caiaque na praia
de Tabatinga e trilhas guias na praia de Tambaba.
Nesta parte da pesquisa, foram realizadas entrevistas com comerciantes,
moradores e bugueiros que exploram o turismo nas encostas, falésias e trilhas do
Conde no litoral sul paraibano. As visitas foram realizadas em locais onde famílias
vivem da atividade turística, onde tentou-se entender como o transporte turístico
55
recreativo colabora no processo de desenvolvimento do turismo sustentável. A
entrevista foi aplicada em empreendimentos turísticos, como: mirante do Dedo de
Deus, mirante do Castelo da Princesa e o Shopping Rural. Em conversas com os
sócios-proprietários desses estabelecimentos, compreendeu-se melhor a maneira
como os transportes recreativos conduzem os seus passeios e contempla a
sustentabilidade.
Diante do exposto, é possível entender a dinâmica dos processos turísticos
situados na região do Conde. Nas visitas e entrevistas observou-se que diversas
famílias sobrevivem da atividade turística, obtendo o seu sustento de forma
honesta. Analisou-se também a generosidade do turismo, seja dos que recebem
os turistas ou dos que encantam com seus produtos e belezas naturais,
defendendo assim o uso sustentável dos locais explorados pelos transportes
recreativos, como buggy e quadriciclos, em passeios turísticos.
A sustentabilidade está presente na interação em três pilares básicos:
social, ambiental e econômico. Observou-se que novas ações de sustentabilidade
são geridas para garantir a conservação do ambiente natural, como a coleta
seletiva, a instalação de vários postes de energia solar em uma das comunidades
visitadas. O projeto sustentável de energia renovável chamado “Litro de Luz
Brasil”, que consiste em uma garrafa pet servir de lâmpada, juntamente com uma
fita de led.
Conforme IndustriAtividade (2019), cerca de 1000 pessoas foram
impactadas com a ação vinda da parceria entre Litro de Luz Brasil e Salesforce da
França (empresa que cria softwares online). Essa parceria levou iluminação para
cinco comunidades da região do Conde.
A busca por uma vida melhor faz com que a sociedade se reinvente
diariamente, ainda mais se tratando de locais onde no passado as famílias
sobreviviam sem perspectiva de progresso. Percebemos que o turismo
sustentável vem proporcionar ações que possibilitam uma vida mais digna e com
capacidade de geração de renda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
56
Os resultados mostram a potencialidade turística do local e a existência de
alguns atrativos, com ênfase nas áreas de turismo sustentável, ecoturismo, lazer e
recreação, mediante o planejamento e a gestão turística, bem como o controle do
acesso às praias, falésias, encostas e trilhas ecológicas em áreas de conservação
ambiental. Observa-se que os gestores de alguns empreendimentos turísticos e os
condutores dos passeios de roteiros com transporte turístico recreativo pelo litoral
sul da Paraíba, como Buggy e Quadriciclo, buscam conscientizar-se quanto a sua
responsabilidade para minimizar os impactos ambientais e maximizar o bem-estar
econômico e social na região.
Destaca-se também, o enfoque das dimensões da sustentabilidade no
turismo como uma abordagem que contribui para o reconhecimento do meio
ambiente, a partir da integração dos aspectos socioeconômicos, culturais e
ecológicos do local, propiciando uma melhor distribuição de renda e compreensão
da viabilidade do desenvolvimento turístico.
Sugere-se que ações de proteção ao meio ambiente sejam tomadas
através dos órgãos de fiscalização e proteção do meio ambiente, ações essas que
possibilitem a interação com o meio e o visitante trazendo segurança e
sustentabilidade para ambos. Sugere-se a limitação das áreas a serem visitadas,
melhoria na infraestrutura com a implementação de placas de sinalização,
exigência do descarte correto do lixo por parte tanto dos comerciantes, moradores,
como dos turistas, melhoria do acesso e segurança pública.
Deve-se atentar para o uso adequado e conveniente do espaço, para a
necessidade de planos de manejo, estudos de capacidade de carga, visando
resguardar o local e preservar o meio ambiente.
Por fim, espera-se que este estudo possa contribuir com a proposta de
roteirização do litoral sul da Paraíba usando transporte turístico recreativo, com
ênfase na política de fortalecimento do turismo e sustentável. Além de contribuir
com o sentimento de pertencimento da população local.
Palavras-chave: Gestão do Turismo; Sustentabilidade; Transporte Recreativo.
REFERÊNCIAS
57
BAHL, Miguel. Turismo com responsabilidade social. São Paulo: Roca, 2004. BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: SENAC, 2001.
BENI, Mário Carlos. Como certificar o turismo sustentável? Revista Turismo em Análise. v.14, nº2, p. 5-16. São Paulo: USP, 2003.
DI RONÁ, Ronaldo. Transportes no Turismo. São Paulo: Manole, 2002.
DIAS, Reinaldo. Turismo sustentável e meio ambiente. São Paulo: Atlas, 2012. DIAS, Reinaldo. Turismo Sustentável e Meio Ambiente. São Paulo: Atlas, 2003. DIAS, S. H. T. Os transportes no turismo e o passeio de buggy-turismo em Cumbuco–CE. São Paulo: Aleph, 2014.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL CHICO MENDES. Anuário de Responsabilidade Socioambiental. ISACM, 2015. Disponível em: http://institutochicomendes.org.br/anuario/?page_id=1332. Acesso em: 01/03/2016.
MATHEUS, Carlos E.; MORAIS, América; CAFFAGNI, Carla. Educação ambiental para o turismo sustentável. São Carlos: RIMA, 2005.
MINISTÉRIO DO TURISMO. Secretaria Nacional de Políticas de Turismo. Organização das Naçoes Unidas: declara 2017 o ano internacional do turismo Sustentável. 2017. Disponível em: www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/7383-onu-declara-2017-o-ano-internacional-do-turismo-sustent%C3%A1vel.html Acesso em: 13 Mar 2018.
MOURA, Anna Carla Cavalcante; GARCIA, Loreley Gomes. O discurso do turismo sustentável no contexto do polo turístico Cabo Branco, João Pessoa, PB. Anais VII Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica. Fortaleza, 2007.
OLIVEIRA, Djalma de P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologias e práticas. São Paulo: Atlas, 2004.
PALHARES, G.L. Transportes Turísticos. São Paulo: Aleph, 2002.
PAOLILLO, André Milton; REJOWSKI, Mirian. Transportes: Coleção ABC do Caucaia, CE. Fortaleza, UFC, 2014.
PORTAL PRAIAS-360. Conheça as praias brasileiras. Destinos turísticos na Paraíba: litoral sul paraibano. 2017. Disponível em: www.praias-360.com.br/paraiba. Acesso em 29 Abr 2018.
RUSCHMANN, Doris. Turismo e planejamento sustentável. São Paulo: Papirus, 2002.
58
SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: conceitos e impacto ambiental. São Paulo: Aleph, 2000.
TIMBÓ, Silva Helena; PORTUGUEZ, Anderson Pereira. Transporte recreativos e desenvolvimento local: atividade buggy-turismo na praia de Cumbuco, Munícipio de Caucaia, CE. Revista Turismo y Desarrolo Local. v.7, nº17. Diciember, 2014.
59
Gestão e ecoeficiência de empreendimentos turísticos em Carapibus e
Jacumã no Conde-PB30
Francisco Coelho Mendes31
Claudia de Araújo Cavalcante32 ([email protected])
Fernanda Silva Araújo dos Santos33 ([email protected])
Brenda Araújo da Silva34 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Segundo o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS, 2014), o conceito de ecoeficiência foi desenvolvido em 1992
pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), onde retrata
que, a ecoeficiência é alcançada por meio do fornecimento de bens e serviços a
preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e propicie
qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduz progressivamente o impacto
ambiental e o consumo de recursos ao longo do ciclo da vida.
Para Barbieri (2004) a ecoeficiência baseia-se na ideia de que a redução de
materiais e energia por unidade de produto aumenta a competitividade da
empresa ao mesmo tempo em que reduz as agressões ao meio ambiente.
Conforme CEBDS (2014), a ecoeficiência aborda fatores como: reduzir o
consumo de materiais e de energia com bens e serviços; reduzir a dispersão de
substâncias tóxicas; intensificar a reciclagem de materiais; maximizar o uso
sustentável de recursos renováveis; prolongar a durabilidade dos produtos; e
agregar valor aos bens e serviços.
A ecoeficiência “representa uma filosofia ou modelo de gestão empresarial
que incorpora a gestão ambiental, ou seja, a empresa, ao praticar ações
30
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 31
Doutorado em Ciência, Tecnologia e Inovação pela UFPB. 32
Discente do curso de Turismo pela UFPB. 33
Discente do curso de Hotelaria pela UFPB. 34
Discente do curso de Hotelaria pela UFPB.
60
ecoeficientes, está em sintonia com os preceitos de preocupação com o meio
ambiente” (COVA, 2010, p.91).
As empresas podem melhorar a sua imagem ao mesmo tempo que evitam
uma regulamentação desnecessária quando são percebidas como socialmente
responsáveis, sem contar que, “o aproveitamento do lixo na reciclagem, bem
como a captação de gás nos esgotos, além de melhorarem a imagem da empresa,
podem auferir à mesma, lucros significativos”. Assim, é praticada a ecoeficiência,
pois a mesma se preocupa com o uso eficiente dos recursos nas empresas e de
igual modo com o destino final dos resíduos gerados em suas atividades
produtivas (COVA, 2010, p.90).
Segundo PNUMA (2014), para incentivar a adoção de medidas de
ecoeficiência com benefícios visíveis e aumento da rentabilidade do negócio foi
lançado em 2014 a campanha “Passaporte Verde”, com o guia “ecoeficiência em
empreendimentos turísticos”, voltado para empresários e gestores do setor de
turismo, em especial os de hospedagem e alimentação.
Entende-se, então, que a preocupação permanente de uma gestão
moderna e inovadora será a educação ambiental continuada de seus
colaboradores, a preocupação com o meio ambiente e o combate à degradação
da dignidade humana. Fica evidenciada a importância da ecoeficiência e da
responsabilidade social empresarial para que uma empresa possa obter a
sustentabilidade no contexto das suas operações.
Segundo Paula, Waltrick e Pedroso (2017, p.10), as “organizações
socialmente responsáveis devem gerar valor para quem está próximo, enquanto
conquistam resultados melhores para si próprias.” No entanto, quando se
menciona as colocações e ações ecoeficientes em empresas cabe destacar não
só um direcionamento ao viés econômico, mas também social- cultural e
ambiental, e para além disso, distribuir esta responsabilidade não só aos
empreendimentos, mas toda a estrutura social local, como, por exemplo, ações
vindas da esfera pública, política com intuito de corroborar com o funcionamento
sustentável no ambiente como um todo, incentivando e promovendo ações que
possam fomentá-las e trazer subsídios para tal. Desta forma, Noro et. al. (2012,
61
p.4) menciona que, “o tripé da sustentabilidade é um conceito que ajuda a pensar
no futuro de uma maneira mais ampla e é preciso, porém que essa preocupação
atinja também as esferas políticas de modo decisivo, porque as empresas
dependem de mudanças de atitude nesse âmbito”.
Para o desenvolvimento deste estudo foi considerado como objetivo geral:
caracterizar as contribuições relacionadas as práticas de ecoeficiência e
desenvolvimento sustentável do turismo em Carapibus e Jacumã. Portanto, foram
desenvolvidos os seguintes objetivos específicos: identificar legislações e normas
pertinentes à ecoeficiência de empreendimentos turísticos; identificar quais são os
principais benefícios ambientais, econômicos e sociais que a comunidade local e
os empreendimentos turísticos dos bairros de Carapibus e Jacumã no Conde-PB
podem propiciar com a adoção da ecoeficiência. Por fim, espera-se que este
estudo sobre turismo sustentável possa contribuir para a difusão de práticas
destinadas ao desenvolvimento socioeconômico e socioambiental.
A relevância deste estudo, refere-se a adequabilidade do desenvolvimento
sustentável do turismo com a ecoeficiência dos produtos ou serviços ofertados nos
bairros de Carapibus e Jacumã no Conde-PB. A região estudada contempla uma
importante área de conservação ambiental que vem sofrendo consequentes
intervenções humanas que degradam, poluem e contaminam o meio ambiente.
Dessa forma, procuramos socializar experiências de pessoas comprometidas com
a prática do turismo sustentável junto aos empreendimentos turísticos da região.
Pois, desenvolveu-se um estudo exploratório e descritivo que contemple o
inventário, diagnóstico e análise situacional do objeto e local estudado.
METODOLOGIA
A metodologia adotada foi do tipo pesquisa qualitativa e descritiva, com
base em consultas bibliográfica e documental, visita técnica, observação direta e
coleta de depoimentos.
Quanto a pesquisa, foi realizada a revisão da literatura e fichamento de
textos bibliográficos; elaboração e validação do instrumento de coleta de dados
(roteiro de entrevista); visita técnica aos bairros de Carapibus e Jacumã para a
realização de inventário e diagnóstico dos empreendimentos turísticos.
62
Realizou-se a coleta de dados primários no período de Fevereiro a Maio de
2019, conforme cronograma previsto no plano de trabalho (atividades). A coleta foi
por amostragem, composta por colaboradores dos estabelecimentos, situados em
Carapibus: Hotel Pousada Corais de Carapibus, Pousada Aruanã, Pousada da
Luz, Pousada Lagoa Azul Carapibus, Pousada Enseada do Sol, Pousada
Ancoradouro, Carapibus Bar e Restaurante. Bem como, em Jacumã: Beira Mar
Bar e Restaurante, Litoral Sul Bar e Restaurante, Restaurante Peixada de
Jacumã, Restaurante Trattoria Casa Rústica, Palhoça do Gaúcho, Barcos
Pousada e Restaurante, Beach Hotel, Jacuma‟s Lodge Hotel, Hotel Viking,
Pousada Farol, Tabuleiro Pousada, Pousada Beija Flor, Hostel Pousada do Inglês,
Jacumã House (Casa de Entretenimento), Sitio Santos (esportes, recreação e
eventos).
Analisou-se os dados através de técnica de análise de conteúdo, que
ocorre por interpretação e comparação das informações recebidas. É uma das
técnicas de análise da comunicação, que considera o método como forma de não
se perder na heterogeneidade de seu objeto, permitindo a realização de inferência
de conhecimentos. Refere-se ao estudo de textos e documentos, bem como
obtenção de dados por observação direta e entrevista, mediante os procedimentos
sistemáticos como inferências e deduções lógicas (BARDIN, 2011).
RESULTADOS
Nesta fase da pesquisa, procurou-se caracterizar a infraestrutura do local
estudado e identificar os equipamentos de apoio ao turista. Destacamos os
atributos relacionados aos moradores e empreendimentos turísticos pesquisados,
tais como estabelecimentos de alimentos e bebidas e meios de hospedagens;
bem como atrativos naturais, culturais e estabelecimentos de recreação e lazer.
De acordo com análise da plataforma de Cadastro de prestadores de
serviços turísticos do Ministério do Turismo, o CADASTUR, a região do conde
conta com 30 (trinta) estabelecimentos da área de Hospedagem cadastrados.
Assim, como 12 (doze) estabelecimentos de Alimentos & Bebidas, incluindo
restaurante, cafeteria, bar e similares. Conta também com 14 (quatorze) Agências
de Turismo cadastradas.
63
Foram identificados os seguintes estabelecimentos, situados em Carapibus:
Hotel Pousada Corais de Carapibus, Pousada Aruanã, Pousada da Luz, Pousada
Lagoa Azul Carapibus, Pousada Enseada do Sol, Pousada Ancoradouro,
Carapibus Bar e Restaurante. Bem como, em Jacumã: Beira Mar Bar e
Restaurante, Litoral Sul Bar e Restaurante, Restaurante Peixada de Jacumã,
Restaurante Trattoria Casa Rústica, Palhoça do Gaúcho, Barcos Pousada e
Restaurante, Beach Hotel, Jacumã‟s Lodge Hotel, Hotel Viking, Pousada Farol,
Tabuleiro Pousada, Pousada Beija Flor, Hostel Pousada do Inglês, Jacumã House
(Casa de Entretenimento), Sitio Santos (esportes, recreação e eventos).
A coleta de dados se deu pela realização de entrevistas junto aos sócios-
proprietários ou colaboradores dos estabelecimentos, com ênfase em
ecoeficiência e sustentabilidade. Foram realizadas algumas perguntas sobre as
práticas sustentáveis dos empreendimentos e sobre os benefícios das ações
ecoeficientes no ambiente interno e externo das empresas. Bem como, existência
de incentivos públicos ou privados (ações do Estado ou Prefeitura) para manter
atitudes sustentáveis.
Quando se questionou sobre o conhecimento a respeito da ecoeficiência e
sustentabilidade, poucos entrevistados afirmaram ter conhecimento, outros
desconhecem a temática. Apesar disso, quando questionadas acerca das práticas
estabelecidas nos empreendimentos, foram relatadas ações que compreendem
um aspecto sustentável, sendo citadas o uso ao máximo da luz natural, a
diminuição do uso de descartáveis dando prioridade a copos e pratos de vidro e a
cooperação entre os estabelecimentos, diminuição do uso de canudos
descartáveis, coleta seletiva de latas, plásticos, papéis e vidros. Porém, existem
estabelecimentos que declararam: não trabalhar como nada que ajude a respeito
da ecoeficiência e sustentabilidade, só o básico mesmo, nem a separação de lixo
seco do molhado não se realiza.
Quando se questionou sobre os benefícios causados pelas atitudes
sustentáveis do estabelecimento, respondeu-se que alguns empreendimentos têm
atitudes sustentáveis, quando não acumulam lixo e fazem reciclagem dos lixos
sólidos (lixo seco).
64
Quando se questionou sobre os incentivos para as ações de ecoeficiência e
sustentabilidade, respondeu-se que os empreendimentos não recebem incentivos
públicos para manter atitudes sustentáveis. As práticas sustentáveis são por
iniciativa própria e com pouco conhecimento sobre a temática. Dessa forma,
observa-se a necessidade da participação do poder público para a viabilização de
projetos sustentáveis e necessidade de capacitação dos colaboradores para lidar
com o turismo sustentável; bem como a necessidade de melhoria da infraestrutura
local, principalmente quanto a carência de pavimentação, saneamento básico,
saúde pública e segurança pública.
Conforme análise, as praias de Carapibus e Jacumã no Conde são
conhecidas nacionalmente e mesmo assim existem poucos atrativos turísticos em
ambas as praias. A coleta seletiva seria ótima, já que a quantidade de bares e
quiosques nas praias dominam o local e assim poderiam reutilizar dos resíduos
dos alimentos para fins recicláveis.
Como foi informado pelos entrevistados, cada um é responsável pelo seu
lixo, onde é descartado em um terreno baldio e a prefeitura recolhe duas ou três
vezes por semana. Alguns dos estabelecimentos reutilizam do óleo para fazer
sabão, essa técnica deveria ser disponibilizada pela prefeitura ensinando os
outros estabelecimentos ou então ser distribuído em algum sítio local e ensinado
como fazer essa transformação, para que possa ser gerado renda para a
comunidade local.
Os estabelecimentos precisam utilizar mais das redes sociais, como
Instagram e Facebook, para que os visitantes estejam cada vez mais conectados
e acessem informações desses lugares.
Constatou-se também, a falta de profissionais que falam outros idiomas,
como Inglês e espanhol, é um ponto bastante negativo, até mesmo por essas
praias serem divulgadas internacionalmente e há demanda, principalmente de
argentinos, com os novos voos direto de Buenos Aires para João Pessoa.
Ao analisar os dados apresentados, segundo os entrevistados, só existe
uma opção de acesso às praias de Carapibus e Jacumã. Percebe-se a carência
de pavimentação e saneamento básico nas ruas dos distritos ou bairros, a falta de
65
calçamento e calçadas para facilitar a locomoção de veículos e pedestres.
Percebe-se também, que nas praias não se oferece os serviços do sistema de
saúde: pronto-socorro, hospital, clínica médica, posto de saúde, farmácia/drogaria
e clínica veterinária e nem existe delegacia ou posto segurança pública. Os
moradores e comerciantes queixam-se de terem que recorrer aos distritos ou
bairros vizinhos para utilizar os serviços de saúde ou para recorrer a segurança
pública.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tanto o conceito de ambos os temas como ecoeficiência e sustentabilidade,
passaram por várias transformações até chegar ao que entendemos hoje sobre
tais assuntos, tendo em vista que qualquer tipo de empreendimento pode ter como
objetivo a sustentabilidade como forma de atrair turistas.
Neste trabalho, procurou-se entender quais as formas e maneiras que as
empresas estão se planejando para desenvolver atividades sustentáveis
objetivando propiciar aos moradores locais e às gerações futuras uma boa
qualidade de vida. Dessa maneira, as entrevistas realizadas em diversos
segmentos turísticos mostram-nos como resultados as potencialidades turísticas
do local e a existência de alguns atrativos, com ênfase nas áreas de lazer,
recreação, hospedagem, alimentos e bebidas.
Conforme a pesquisa, observa-se que os gestores de alguns
empreendimentos turísticos, tentam trabalhar de forma que possam minimizar os
impactos ambientais com as informações que os mesmos possuem sobre a
temática ecoeficiência e sustentabilidade, como separação dos resíduos sólidos,
diminuição do uso de plásticos e não utilização dos canudos de plástico, pensando
na preservação dos mares, rios e animais marinhos. Porém, as praias necessitam
de investimentos em infraestrutura, como pavimentação e saneamento básico,
espaços de lazer, com praças para os moradores locais, iluminação pública,
saúde pública e segurança pública. Contribuindo assim, com o estabelecimento de
um profícuo planejamento, desenvolvimento e gestão sustentável no turismo, de
forma a propiciar benefícios para os autóctones (moradores locais), os
colaboradores, os empreendimentos e os turistas.
66
Palavras-chave: Ecoeficiência; Turismo Sustentável; Litoral Sul da Paraíba.
REFERÊNCIAS
BAHL, Miguel. Turismo com responsabilidade social. São Paulo: Roca, 2004.
BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelo e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: SENAC, 2001.
CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Estudo CEBDS e Accenture: sustentabilidade nas empresas. CEBDS, 2014.
COVA, Carlos José Guimarães. Gestão ambiental. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.
DIAS, Reinaldo. Turismo sustentável e meio ambiente. São Paulo: Atlas, 2012.
FERNANDES, Lissa V.; VIRGINIO, Darlyne F. Responsabilidade socioambiental na hotelaria: um estudo na via costeira de Natal-RN. Caderno Virtual de Turismo. v.11, n.2, 2011.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL CHICO MENDES. Anuário de Responsabilidade Socioambiental. ISACM, 2015. Disponível em: http://institutochicomendes.org.br/anuario/?page_id=1332. Acesso em: 12 Mar 2018.
MATHEUS, Carlos E.; MORAIS, América; CAFFAGNI, Carla. Educação ambiental para o turismo sustentável. São Carlos: RIMA, 2005.
MELO NETO, Francisco Paulo de. Gestão de interface empresa x sociedade. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. Ecoeficiência em empreendimentos turísticos: orientações práticas. PNUMA, 2014. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pnuma-passaporte-verde-lanca-guia-de-ecoeficiencia-para-empreendimentos-turisticos. Acesso em: 13 Mar 2018.
SANTOS, Roberta Dias Sisson. Responsabilidade Socioambiental Empresarial. 2012. Disponível em: http://www.autossustentavel.com/2012/03/responsabilidade-socio-ambiental.html#ixzz3fznEfEgM. Acesso em: 13 Mar 2018.
67
Índice de Satisfação dos Discentes com o Bacharelado em Turismo da
UFRN35
Ana Cecília Nascimento de Araújo36 ([email protected])
Carla Aparecida Gomes da Rocha Brito37 ([email protected])
Beatriz dos Ramos Mandú38 ([email protected])
Yngrid Stephannnye Lourenço Dantas39 ([email protected])
Rayane do Nascimento Miranda40 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Segundo dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo e da Oxford
Economics, somente em 2018 o setor global de Viagens e Turismo cresceu 3,9%
ao contribuir com uma cifra recorde de US$ 8,8 bilhões e gerar 319 milhões de
postos de emprego em todo mundo em 2018. No Brasil, o crescimento não foi
diferente, já que a contribuição do Turismo ao PIB Nacional foi de US$ 152,5
bilhões (8,1%). Sendo o Turismo um dos principais contribuintes da geração de
emprego e renda mundial com crescimento contínuo fez-se necessário estudar tal
fenômeno a fim de melhor compreender e com isso estimular seu
desenvolvimento de forma sustentável. Considerando-se o crescimento do turismo
e a necessidade de compreender este fenômeno criou-se, segundo Rejowski,
1996 apud Teixeira, 2001, no Brasil, os cursos de graduação em turismo na
década de 70, tendo seu primeiro curso inaugurado em 1971 na universidade de
ensino privado, conhecida hoje como Universidade Anhembi Morumbi. Por sua
natureza inter e multidisciplinar, o desenvolvimento na área não é fácil em função,
pois cria pugnas e isso acaba por dificultar seu entendimento amplo (Echtner,
1995 apud Teixeira, 2001). Entre as diversas instituições de ensino brasileiras que
oferecem esta graduação, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte
destaca-se por dois pontos: ser uma das melhores universidades do norte-
nordeste (THE, 2017) e seu campus principal encontra-se no terceiro destino
35
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 36
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 37
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 38
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 39
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 40
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN.
68
turístico mais procurado para férias de junho-julho (TURISMO, 2019): Natal/RN.
Com isso, definiu-se como palco para o estudo a seguir, o curso de turismo desta
instituição, criado em 1997 com ingressantes advindos pela aprovação em
vestibular - atualmente o ingresso ao curso dar-se por meio do ENEM (Exame
Nacional de Ensino Médio).
Apresentando como amostra de estudo os discentes da graduação em
turismo, cursando entre o primeiro e sexto período, tem este projeto por finalidade
quantificar a satisfação, elencar motivações, bem como as percepções gerais dos
mesmos com o curso ofertado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
METODOLOGIA
Baseia-se em uma pesquisa de campo exploratória, de caráter descritivo
com abordagem qualitativa dos dados adquiridos. Segundo Acevedo e Nohara
(2013) o objetivo da pesquisa exploratória é proporcionar maior compreensão do
fenômeno que está sendo investigado, permitindo assim que o pesquisador
delineie de forma mais precisa o problema. Já a pesquisa descritiva discrimina
detalhadamente e auxilia no processo de interação entre sujeito analisado e
pesquisador. Para Kauark, Manhães e Medeiros (2010) a pesquisa descritiva visa
descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática.
O processo metodológico fundamentado em análise qualitativa determina
as razões e os porquês da pesquisa. Tal delineamento é recomendado quando se
deseja conhecer os fatores que afetam o comportamento humano, tais como:
atitudes crenças, sensações, imagens e motivos (Acevedo; Nohara, 2013).
Por seu caráter e dimensão acadêmica optou-se selecionar a UFRN
(Campus Natal) para ser o campo de coleta dos dados. O campo de pesquisa será
o Curso de graduação em Turismo, localizado no Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Os sujeitos
da pesquisa são os discentes ativos do curso de Turismo da UFRN.
69
A coleta de dados foi realizada no mês de maio de 2019, tendo como
instrumento dos dados à entrevista semiestruturada que possui a abordagem de
descrever entre o pesquisador e o objeto pesquisado a relação pertinente.
O roteiro de entrevista contará com 10 questionamentos, que serão
divididos em: informações gerais: escolaridade, faixa etária e forma de ingresso;
motivos que levaram a escolher esta graduação; e a percepção dos discentes
acerca da problemática pesquisada, a fim de responder os questionamentos
propostos; e um quadro com 12 questões acerca da satisfação quanto ao curso.
Para análise e tabulação dos dados foram utilizados os softwares Excel e o
SPSS. Com o Excel, realizou-se a elaboração dos gráficos e tabelas que serão
apresentados; com o SPSS software específico para tabulação e confronto de
variáveis, foi possível a correlação das variáveis trabalhadas neste projeto.
RESULTADOS
Para realização deste estudo, foi desenvolvido um total de 100
questionários distribuídos entre alguns alunos do primeiro ao sexto período do
curso de turismo da UFRN, os quais serviram como base da nossa pesquisa. Nele
constava um total de 10 perguntas, separadas como quantitativas e qualitativas,
mais uma tabela contendo 12 questões que propunha entender de forma mais
específica, certos pontos por meio da análise dos seguintes graus de
concordância: 1 - Discordo totalmente, 2 - Discordo parcialmente, 3 - Indiferente, 4
- Concordo Parcialmente e, por último, 5 - Concordo totalmente.
Mediante a aplicação destes, chegamos aos resultados da coleta de dados
de cada questão. Dentre as 10 perguntas contidas no questionário, excluindo
nesse primeiro momento o acesso à tabela contida ao final, foram consideradas as
seguintes variáveis: sexo, idade, último curso concluído pelo estudante, a qual
semestre do curso de turismo ele pertence, se turismo era ou não sua primeira
opção de curso, qual motivo de ter escolhido o curso de Turismo e se ele pretende
ou não concluir tal graduação.
Em relação ao sexo, verificou-se que a grande maioria do público
entrevistado pertence ao sexo feminino, contabilizando 61% da amostra, enquanto
39% pertencem ao sexo masculino. Quanto à idade, a faixa etária predominante
70
está entre 17 e 25 anos, somando 89% do público. 62% das respostas advindas
são de estudantes em sua primeira graduação, fato explicado pela predominância
de pessoas mais jovens na faixa etária. 32% estão divididos entre egressos de
graduação, mestrado/doutorado, especialização e outras modalidades de ensino.
A maioria dos questionários preenchidos foi pelos discentes do primeiro
semestre, somando 33% do público, enquanto o segundo semestre preencheram
23%, quarto semestre 13%, terceiro semestre 12%, sexto semestre 11% e quinto
semestre, 8%. Constatou-se que a predominância dos dois primeiros semestres
se dá pelo fato do índice de evasão e reprovação nestas fases ser menor,
segundo dados informados pela própria secretaria do curso.
Ao questionar se o Curso de Turismo foi à primeira opção de ingresso no
ensino superior, 52% da amostra relatou que sim, um índice bastante positivo para
este estudo, todavia, ainda existe um índice relativamente alto de negatividade,
48%. Estes, em sua maioria, relataram que a escolha se deu por não ter nota
suficiente para a opção realmente desejada.
Também fora questionado aos entrevistados se pretendiam concluir a
graduação, independente de ter sido sua primeira opção ou não, e a resposta
majoritária foi sim, atingindo 93% dos questionários respondidos.
A variável central desta pesquisa tinha o intuito de saber se o ensino da
UFRN era ineficaz ou insuficiente para o Curso de Turismo e, segundo a
tabulação dos dados, uma considerável aprovação revelou-se dentre o corpo
estudantil, onde cerca de 56% das pessoas discordam totalmente, outros 23%
discordam parcialmente, 8% são indiferentes e 5% concordam totalmente,
suscitando o que afirma Ramos, Barlem, Lunardi, Barlem, Silveira e Bordignon
(2015, p. 6):
A satisfação geral dos alunos salienta a importância da satisfação como
fator essencial na motivação e envolvimento acadêmico, interferindo no
aproveitamento do aprendizado dos estudantes e, consequentemente, na
competência do profissional que irá inserir-se no mercado de trabalho.
71
Por fim, para obter uma compreensão sobre o quanto o curso de turismo
proporciona a seus discentes uma vivência significativa e se oferece atividades
suficientes para que isso ocorra, foi proposta esta análise em formato de questão,
onde, 25% do total, concordam totalmente com a afirmação. Entretanto, a maior
parte - cerca de 47%, quase a metade do total de entrevistados, alegam que
concordam parcialmente com tal afirmação, 14% discordam parcialmente, 11% se
mostraram indiferentes a isso e apenas 3% discordaram totalmente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando em consideração que o turismo é um dos principais fatores
econômicos do nosso estado e do país, buscou-se nesta pesquisa identificar os
quão satisfeitos estão os discentes deste curso e se a universidade está
oferecendo a qualidade de ensino da qual é conhecida, inclusive, de acordo com a
pesquisa anual do Jornal Folha de São Paulo, a UFRN tem o 12º melhor curso de
turismo no Brasil e a 22º melhor universidade nacional, de acordo com seu
ranking.
Pôde-se concluir, através desta pesquisa, que os discentes da graduação
em turismo encontram-se satisfeitos com o curso que escolheram, sendo este um
dado importante para que se continue aperfeiçoando o ensino do turismo e
ampliar a importância deste para a cultura e economia do município e até mesmo
do país, já que em sua grade de docente existem vários nomes fortes no cenário
acadêmico.
Deixa-se sugestão para projetos futuros, estudar a recepção do graduado
em turismo no mercado de trabalho e o diferencial desta graduação para si, as
perspectivas e percepções têm esses futuros profissionais no futuro, bem como o
incentivo a carreira no cenário acadêmico, já que essas pessoas são o futuro do
Turismo no Brasil.
Palavras-chave: Satisfação dos discentes, Educação superior, Educação no Turismo.
REFERÊNCIAS
72
TEIXEIRA, Rivanda Meira. Ensino Superior em Turismo e Hotelaria no
Brasil: Um Estudo Exploratório. Turismo em Análise, São Paulo, v. 2, n.
12, p.7-31, 31 nov. 2001.
BARRETTO, Margarita; REJOWSKI, Mirian (orgs.). Turismo: interfaces,
desafios e incertezas. Caxias do Sul (RS): EDUCS, 2001.
KAUARK, Fabiana da Silva; MANHÃES, Fernanda Castro; MEDEIROS, Carlos
Henrique. Metodologia da Pesquisa: Um guia prático. Itabuna: Via
Litterarum, 2010.
ACEVEDO, Claudia Rosa; NOHARA, Jouliana Jordan.Monografia no
curso de administração: guia completo de conteúdo e forma. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2006. xiv, 193 p. VIEIRA, Rodrigo. Turismo responde por
8,1% do PIB Brasil; veja dados globais. PANROTA, [S. l.], 6 mar.
2019. Disponível em: https://www.panrotas.com.br/mercado/economia-e-
politica/2019/03/turismo-responde-por-81-do-pib-brasil-veja-dados-
globais_162774.html. Acesso em: 6 jun. 2019.
MELO, Cecília. Pesquisa inédita revela destinos brasileiros mais
procurados em junho e julho. MTur, [S. l.], 24 jun. 2019. Disponível em:
http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/12751-pesquisa-do-
mtur-revela-destinos-brasileiros-mais-procurados-em-junho-e-julho.html. Acesso
em: 10 set. 2019.
UFRN entra no ranking das melhores universidades da América Latina.
Tribuna do Norte, Natal, RN, 1 ago. 2017. Disponível em:
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/ufrn-entra-no-ranking-das-
melhores-universdades-da-ama-rica-latina/387926. Acesso em: 10 set. 2019.
RANKING das Universidades - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). [S. l.], 2019. Disponível em:
http://ruf.folha.uol.com.br/2018/perfil/universidade-federal-do-rio-grande-do-norte-
ufrn-570.shtml. Acesso em: 10 set. 2019.
73
RAMOS, Aline; BARLEM, Jamila; LUNARDI, Valeria; BARLEM, Edison; SILVEIRA,
Rosemery; BORDIGNON, Simoní. SATISFAÇÃO COM A EXPERIÊNCIA
ACADÊMICA ENTRE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM.
Texto & Contexto - Enfermagem, [S. l.], p. 187-195, 1 mar. 2015. DOI
http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072015002870013. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
07072015000100187&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 10 set. 2019.
74
Logística reversa: Uma análise dos hostels localizados na
cidade De João Pessoa-PB41
Pyetro Pergentino de Farias42 ([email protected])
Helenn de Farias Melo43 ([email protected])
Marcleide Maria Macedo Pederneiras44 ([email protected])
Danylo Raphael Cavalcanti45 ([email protected])
Ridaine Cavalcanti da Silva46 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Ao tratar de meios de hospedagens, o controle da qualidade chama muita
atenção, atualmente os empreendimentos trazem em seus meios de divulgações,
as principais qualidades que vão desde o seu atendimento até as suas
acomodações, objetivando transformar o cliente em um consumidor, portanto é
necessário transformar as expectativas em uma realidade para criar uma relação
de fidelidade entre o que é publicidade e o que é apresentado (VIERA, 2003).
Dado o exposto o artigo traz como objetivo principal verificar se os hostels
adotam práticas de logística reversa na cidade de João Pessoa – PB. A pesquisa
se justifica na academia por apresentar de forma científica a prática da logística
reversa no ambiente dos meios de hospedagem alternativo. Diante da sociedade a
pesquisa se justifica em identificar as peculiaridades oferecidas pelos hostels da
capital paraibana em relação à logística reversa. Do exposto, o estudo busca
responder: Quais as práticas de logística reversa adotada pelos hostels da cidade
de João Pessoa – PB?
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
41
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 42
Pós-graduando em Turismo, Hotelaria e Eventos pela UFPB. 43
Graduanda em Hotelaria pela UFPB. 44
Doutora em Administração (UFPB). 45
Graduando em Hotelaria pela UFPB. 46
Graduanda em Hotelaria pela UFPB.
75
Buscando atingir os objetivos, foi realizada uma pesquisa quantitativa de
caráter descritivo, utilizou-se o método survey não identificando os colaboradores
da pesquisa, consistindo em verificar se os hostels adotam práticas de logística
reversa na cidade de João Pessoa – PB. A pesquisa envolveu uma etapa
referente ao levantamento bibliográfico sobre a prática da logística reversa; E
outra realizando uma coleta de dados, através de um formulário online contido no
Google docs.
METODOLOGIA
A pesquisa utilizou de uma abordagem quantitativa, pois Freitas et al (2000)
apresenta que é um tipo de pesquisa que busca o maior número de respondentes.
O estudo fez uso do método survey, no qual Barreto (2002) cita que em pesquisas
quantitativas, torna-se o método mais apropriado, pois apresenta uma pesquisa
que abrange o fenômeno de interesse.
A população desta pesquisa consiste em hostels situados na capital
paraibana e verificar as práticas de logística reversa adotada pelos
empreendimentos. Quanto aos sujeitos da pesquisa, os próprios componentes da
população se voluntariam para participar da pesquisa.
O instrumento de pesquisa foi aplicado do dia 29 de Maio de 2019 e em 14
de junho de 2019 todos os formulários haviam sido respondidos. O formulário de
pesquisa foi construído com 13 perguntas de múltipla escolha, no total foram
obtidos 11 respondentes. Para realização do estudo dos dados fez-se o uso do
software Excel para a elaboração de tabelas.
RESULTADOS
Gráfico 1: Destino dos Resíduos
76
Fonte: Dados da Pesquisa (2019)
Ao indagar da destinação dos resíduos, os respondentes apresentaram
distinção entre suas respostas dividindo o destino em dois caminhos, no qual
cinco empreendimentos afirmaram que fazem uso apenas da coleta domiciliar
pública (45,5%), e os outros seis afirmaram que praticam a grande coleta
domiciliar seletiva atingindo assim 54,5% conforme gráfico abaixo
Gráfico 2: Compras de materiais reciclados
Fonte: Dados da Pesquisa (2019)
Neste sub tópico foi analisado se os meios de hospedagem alternativos
realizam compras de materiais reciclados e reutilizados. Foi constatado que a
grande maioria realiza compras desses materiais (sete de onze respondentes ou
63,6%). Já os outros quatro (36,4%) afirmaram que não realizam as referidas
compras.
O gráfico abaixo apresenta as práticas de logística reversa adotas pelos
meios de hospedagem alternativos. O que chama bastante atenção
negativamente é o fato das práticas que não são adotadas. Porém é notória a
conscientização dos empreendimentos acerca do consumo da energia, onde os
hostels passam a fazer uso de sensores de presença (90,9%) diminuindo assim os
gastos com energia elétrica.
Gráfico 3: Práticas Adotadas pelos hostels:
77
Fonte: Dados da Pesquisa (2019)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, é de extrema importância ressaltar que esse tipo de amostra tem
como meta apenas sondagens sem propósitos inferenciais. No entanto, essa
sondagem pode ser útil para identificar necessidades por parte do mercado sobre
determinado assunto ou serviço e assim poder melhorar em aspectos específicos.
Palavras-Chave: Logística Reversa; Hostels; João Pessoa.
REFERÊNCIAS
BARRETO, MARGARITA. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas:Papirus, 2003.
FREITAS, H.; OLIVEIRA, M.; SACCOL, A. Z.; MOSCAROLA, J. O Método de Pesquisa Survey. Revista de Administração, São Paulo: v. 35, n.3, p. 105-112, julho/setembro. 2000.
VIERA, Elenara Viera. Marketing Hoteleiro: Uma ferramenta indispensável. Caxias do Sul: Ed. Educs, 2003.
78
Modelo organizacional de gestão em pessoas do turismo: Um estudo de
caso realizado com uma operadora de turismo47
Francyane do Nascimento Batista48 ([email protected])
Juliana Cabral Duarte Pereira49 ([email protected])
Taísa Camargo de Andrade50 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar o modelo organizacional e
as estratégias utilizadas para gerir pessoas de uma Operadora de Turismo
presente na cidade de Natal/RN. Como o próprio nome condiz, se trata de um
empresa que fornece vários tipos de pacotes para outras empresas parceiras
como as agências de viagens nas quais compram pacotes já montados pela
Operadora. Pacotes esses de hotéis, aéreos, de passeios, entre outros. A
organização em que foi feito o estudo, o qual é uma operadora de viagens
funciona também como uma agência de viagens e foi fundada em 2009 tendo a
sua loja física, entretanto a maioria das vendas que são realizadas é feita através
do meio eletrônico.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada é exploratória, pois buscamos entender e analisar
de que maneira a empresa se organiza diante da gestão de pessoas além de que
o estudo se caracteriza como uma pesquisa qualitativa. O universo da pesquisa
contempla a empresa com a operadora e agência de viagens, sendo realizada
com três colaboradores e três gerentes. Para isso, utilizamos de um questionário
com perguntas sucintas e objetivas para analisar um pouco mais do perfil e das
atividades desenvolvidas por seus colaboradores, assim, realizamos 6 entrevistas
com membros da equipe sendo 3 gerentes e 3 funcionários com um roteiro pré-
estabelecido de vinte e quatro perguntas, sendo um questionário utilizado para
colaboradores e outro questionário utilizado para os gerentes. A realização da
47
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 48
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 49
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 50
graduada em Ciências Contábeis pela UNIFACEX; e Discente do curso superior em Turismo
pela UFRN.
79
entrevista foi realizada na sede da empresa que é localizada em Natal nos dias 27
e 28 de Maio de 2019.
RESULTADOS
Diante das respostas concedidas de forma voluntária dos colaboradores e
gestores, obtivemos os resultados esperados foram de forma quantitativa e
qualitativa para ambas as categorias quanto aos quesitos de gênero, faixa etária,
tempo de trabalho na empresa, cargo, renda salarial, escolaridade, gestão de
pessoas, recrutamento e seleção, treinamento e capacitação, plano de carreira,
política de recompensas, avaliação e clima organizacional.
Quanto ao gênero dos colaboradores, todos pertenciam ao gênero
feminino; de faixa etária entre os 26 e 40 anos; com tempo de trabalho na
empresa variados, entre dois anos e sete anos e renda salarial até 4 salários
mínimos; Sobre as demais questões, as respostas foram coesas e afirmaram que
não existe um setor de Recursos Humanos dentro da empresa, mas ainda assim a
Gestão de Pessoas é executada de forma eficaz e satisfatória para os
colaboradores, com os seus objetivos alinhados, gestão participativa,
acompanhamento contínuo, etc; O processo de recrutamento e seleção é feita
pelo recebimento de currículos na própria empresa, mas a preferência é sempre
por indicação. Também existem estratégias online em captar novos talentos. Para
selecionar o candidato com o perfil desejado à vaga, são realizadas entrevistas,
provas e dinâmicas; Para o Treinamento e Capacitação, existe a fácil adaptação
de novos colaboradores que já tem experiência anterior, mas são as atitudes que
serão decisivas no processo de admissão. A capacitação é constante, visto que, é
uma empresa que possui necessidade de estar atualizada no ser mercado. Os
colaboradores recebem um manual de rotina para facilitar o entendimento às
normas da empresa; Quanto ao Plano de Carreira, houveram algumas ressalvas
quanto às definições atuais das funções que exercem não serem bem definidas,
entretanto, sempre há oportunidades prioritárias com recrutamentos internos.
Apenas uma resposta não achou necessária o Plano de Carreira, visto que, não
havia necessidade de ascender de carreira pela satisfação de cargo em seu setor;
A avaliação de desempenho dos colaboradores acontece através de
80
monitoramento, acompanhamento e reuniões semanais com feedback dos
resultados de cada um; Quanto à Política de Recompensas, todos os
Entrevistados demonstraram satisfação quanto ao recebimento dos benefícios e
cortesias como de viagem e hospedagem; Quanto ao clima organizacional, e
empresa está sempre preocupada com o conforto de seus colaboradores e
sempre se mostra ouvinte quanto à sugestões e reclamações.
Com os gestores, procurou-se abordar as mesmas questões e fazer um
comparativo com as respostas dos colaboradores. Com as respostas, tivemos
como resultados que apenas uma gerente se mostrou do sexo feminino dos três
Entrevistados e com a menor renda mesmo com o cargo de Supervisora, face ao
outro gerente do sexo masculino e que possui o cargo de Coordenador Financeiro.
Sobre a Gestão de Pessoas, os gerentes compartilham as mesmas ideias
que têm em relação a este processo, que apesar de não haver um setor
específico, existe um trabalho eficaz quanto ao controle de suas rotinas e que a
empresa em face de crescimento está estudando e implementando novas
mudanças para o ritmo de avanço; O processo de Recrutamento e Seleção é o
mesmo mencionado pelos colaboradores com o recebimento de currículos e
análise das qualificações, experiências, habilidades e competências, etc, além de
se realizar provas e entrevistas para encontrar o melhor perfil; Da mesma forma, o
processo de Treinamento e Capacitação é compatível com o que fora respondido
pelos colaboradores com a adaptação de uma semana e motivações durante a
relação de trabalho com a empresa; O Plano de Carreira concedido ao
colaborador que obteve destaque, merecimento, comprometimento, entendimento
do trabalho junto aos gestores; Sobre o método de avaliação, os gestores vão
além e dizem que é executado em diversas vertentes como pontualidade,
vestimenta, organização, execução de processos, conduta profissional, e também
ele têm como base de avaliação o feedback dos próprios clientes. Apenas um
Entrevistado não achou justa a forma de avaliação, pois o método avalia apenas
algumas características e sente a falta de um sistema de avaliação mais
abrangente; Com unanimidade sobre a Política de Recompensas, tanto os
colaboradores quanto os gerentes confirmaram os mesmos benefícios e como são
conseguidas as recompensas mediante os seus resultados, satisfazendo todos os
81
integrantes da empresa que acham esta política justa e que os fazem se sentir
motivados diariamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, infere-se dizer que a empresa segue uma ótima política em
relação à sua Gestão de Pessoas apesar de não haver um setor específico para
estratégias, sendo terceirizada a parte mais burocrática do RH, mas que motiva,
promove, capacita valoriza os seus colaboradores e gerentes, desde o processo
de admissão à avaliação, sempre buscando melhorar as relações interpessoais e
ampliar os resultados. A política apresenta apenas algumas ressalvas quanto à
uma definição mais esclarecida das funções atribuídas aos cargos, um método
mais abrangente de avaliação dos participantes e à um plano de carreira mais
conciso. São projetos que a empresa tem visualizado para melhorar o seu clima
organizacional frente ao seu sucesso no mercado como uma empresa turística.
Palavras-chave: gestão em pessoas do turismo, operadora, modelo
organizacional.
82
O setor da governança sob o olhar da motivação em rede hoteleira de João
Pesssoa.51
Emily Alana Lourenço dos Santos52 ([email protected])
Lis Vieira Araújo Silva Franco53 ([email protected])
Lyvia Camila Fernandes Madruga Barros54 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Motivação é a reunião de razões pelas quais alguém age de certa forma,
sendo este, um ato de despertar interesse. Na perspectiva organizacional, as
motivações também podem influenciar na taxa de rotatividade dos funcionários,
fazendo com que os conservem dentro da empresa ou a deixem por espontânea
vontade.
O setor da governança é considerado um dos setores mais importantes
para funcionamento dos estabelecimentos hoteleiros, pois é responsável pela
manutenção e conservação do hotel (ZANETTE, 2010). As camareiras
desempenham uma atividade extremamente detalhista e pesada, sendo
necessário arrumar várias Unidades Habitacionais em um período muito curto de
tempo.
A hotelaria está atrelada às atividades de turismo de um modo geral e tem
como propósito atuar nas áreas de hospedagem, alimentação, segurança,
entretenimento e outras atividades relacionadas ao bem-estar dos hóspedes. O
objetivo geral deste estudo foi de verificar quais são as motivações que o
departamento da governança tem na sua rotina de trabalho, bem como, visitar os
hotéis selecionados e entrevistar colaboradores do setor (camareiras, supervisora
de andares e governanta) a fim de tomar conhecimento das motivações aplicadas
pelo hotel para que as metas organizacionais sejam atingidas.
51
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo.. 52
Discente do curso superior em Hotelaria pela UFPB. 53
Discente do curso superior em Hotelaria pela UFPB. 54
Doutora em Turismo pela UFRN. Mestre em Turismo pela UFRN. Especialista em Turismo de
Base Local pela UFPB. Graduada em Hotelaria pela UFPB.
83
METODOLOGIA
Para esse estudo, optou-se pela entrevista semiestruturada no qual o
participante tem a possibilidade de discorrer sobre suas experiências a partir do
foco principal que é a motivação; ao mesmo tempo em que permite respostas
livres e espontâneas. Foram elaboradas 10 questões para a entrevista que
levaram em conta o embasamento teórico e as informações relevantes do tema.
Na exploração de campo, fase da coleta de dados foi realizada no período
de Julho e Agosto de 2019. Foram selecionados três hotéis no município de João
Pessoa. O critério desses hotéis se deu pelo fato deles serem da mesma rede
com configurações distintas. As entrevistas foram realizadas com um responsável
do setor da governança e com dois profissionais atuantes no nível operacional a
fim de maior confiabilidade nas respostas.
Os três hotéis investigados, dois estão situados na Avenida Cabo Branco
em João Pessoa e o terceiro na Avenida Almirante Tamandaré. Os nomes dos
empreendimentos foram preservados bem como os dos colaboradores. Nesse
sentido, na análise dos resultados os hotéis serão tratados com a sigla (H) de
Hotel seguidos por letras do alfabeto (HA, HB e HC). As entrevistas tiveram uma
média de 5 minutos, as respostas foram gravadas e depois transcritas para
viabilizar à análise dos dados.
RESULTADOS
De acordo com a pesquisa, identificamos que o hotel HA não possui uma
política humanizada, em relação aos fatores motivacionais. Durante a visita,
pudemos observar apenas uma pequena sala de convivência no estacionamento
(que se encontra no subsolo). Quando questionado, o colaborador referente ao
hotel HA informou que não aconteciam ações que o pudessem deixar motivado.
Apesar de haver treinamentos para os funcionários, nem todos podiam ter acesso,
pois só aconteciam para os colaboradores com mais tempo de casa.
No estabelecimento seguinte, o entrevistado HB mostrou-se motivado
durante a sua rotina diária de trabalho. Por desempenhar uma função mais alta na
organização do que o entrevistado HA, cabe também a ele motivar sua equipe
84
para que desempenhem o melhor trabalho. Quando questionado sobre os fatores
motivacionais proporcionados pela empresa, ele respondeu:
“Bom, ela sempre dá assim, faz treinamentos com a gente, faz com
que a gente busque conhecimento na área de motivação, mostra pra
gente que uma simples conversa, um prestar atenção, um ouvir, um
falar, um abraço, coisas simples que você pode fazer e às vezes no
dia a dia você esquece [...].” (Entrevistado HB).
Já, no último estabelecimento pesquisado comprovamos que o hotel (HC)
não dispõe de incentivos motivacionais relacionados a oportunidades de
crescimento. Quando questionada sobre treinamentos, a resposta foi rápida e
clara:
“Não tem!” (Entrevistado HC).
Logo, pudemos perceber que mesmo os hotéis pertencendo a uma mesma
rede, não havia uma padronização com relação ao tratamento com o colaborador.
Isso pode acarretar em uma alta taxa de rotatividade para empresa, de modo que
poderá trazer prejuízos financeiros à organização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo produzido indica que há uma influência efetuada pelo clima
organizacional no aspecto motivacional dos colaboradores de uma organização, e
que apenas o fato do profissional estar inserido no mercado de trabalho não
garante motivação e satisfação, antes deve haver inspirações sociais para que o
colaborador se mostre motivado.
Após a pesquisa feita, propõe-se que todos hotéis sigam a linha de ter o
setor de governança com líder participativo e motivado, pois desse modo, é mais
fácil de se alcançar a excelência na prestação de serviços aos hóspedes, na forma
operacional, visando um bom atendimento e satisfação dos mesmos. Ao longo de
toda a pesquisa realizada observou-se que os colaboradores motivados são
aqueles que consideram na sua visão, o ambiente organizacional satisfatório.
Este estudo recomenda possibilidades de trabalhos posteriores, como: uma
análise do setor de gestão de pessoas nessa rede que foi estudada, assim como
85
identificar mais necessidades que os colaboradores dos hotéis possuem. Também
se propõe que os administradores dos hotéis façam uma qualificação dos
colaboradores, mesmo que em um período curto, pois a excelência e a qualidade
da prestação do serviço aos hóspedes devem ser a prioridade.
Palavras-Chaves: Governança; Hotelaria e Motivação.
REFERÊNCIAS
ZANETTE, Fernanda Germano Corrêa. Procedimento Operacional Padrão de
Governança e Sustentabilidade em Hotelaria. Dissertação (Mestrado em
Administração) – Universidade de Caxias do Sul – UCS, Caxias do Sul – RS,
2010.
86
O turismo pedagógico como ferramenta no processo de ensino e aprendizagem no Ensino Superior: A percepção dos discentes de Gestão de
Turismo do IFRN – Campus Canguaretama55
Natany Regina Ramos do Nascimento56 ([email protected]) Renata Paula Costa Trigueiro57 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Na sociedade atual, diariamente surge na vida do homem a necessidade de
deslocar- se para fora do seu entorno habitual por diversas razões específicas
seja ela obrigatória ou não. Com o passar dos anos e com a disseminação desta
prática, viajar tornou-se uma atividade consolidada, conhecida atualmente como
Turismo (BENI,1990). Diante das demandas que surgiram após essa consolidação
se fez necessário que fossem criados cursos de formação superior para capacitar
atores que pudessem vir a atuar direta ou indiretamente nesta prática, com o
objetivo de organizar as atividades com recursos humanos especializados, bem
como também pessoas conscientes de suas ações.
Ao levar em consideração que após concluir a formação na área de
turismo, o indivíduo estará apto a exercer seus conhecimentos na prática, o
mesmo precisa estar ciente de sua responsabilidade, pois a atividade turística está
ligada a experiências, em sua maioria produtos ou serviços intangíveis, que
precisam ser minuciosamente estudados para diminuir qualquer possibilidade de
erro. É desta forma então que surge ainda na Academia a possibilidade de colocar
em prática um segmento do turismo que vem crescendo a cada ano na sociedade
atual, o turismo pedagógico.
Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho foi analisar a percepção dos
discentes do curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo do IFRN –
Campus Canguaretama em relação a prática do turismo pedagógico por meio das
aulas de campo que são realizadas pela Instituição.
55
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 56
Graduada em Gestão de Turismo pelo IFRN - campus Canguaretama. 57
Graduada em Turismo e mestre em Administração; Docente na área de Turismo e Eventos no
IFRN - campus Canguaretama.
87
Pode-se afirmar que a partir deste estudo, ficou evidente quais são as
contribuições que essas aulas proporcionam aos discentes, fazendo com que os
mesmos possuam experiências práticas para que sejam relacionadas com a teoria
estudada em sala de aula, desta forma, posteriormente utilizando a experiência
adquirida para aprimorar sua futura prática profissional.
METODOLOGIA
Para buscar um conhecimento mais aprofundado e até mesmo uma
resposta sobre a problemática discutida neste trabalho foi realizada uma pesquisa
de caráter qualitativo, do tipo exploratória descritiva. A pesquisa do tipo qualitativa
na maioria dos casos é utilizada quando existe uma grande quantidade de
informações disponíveis, geralmente utilizada com o objetivo de responder
perguntas sobre determinados questionamentos, em relação às características da
pesquisa qualitativa na maioria das vezes mostrar resultados a partir de
observações da própria realidade (PEREZ, et al, 2005).
Para a realização desta pesquisa foram entrevistados um total de 58
discentes no período de 30 de Outubro a 15 de Novembro do ano 2018, tendo
como campo de pesquisa as três turmas do curso Superior de Tecnologia em
Gestão de Turismo do IFRN – Campus Canguaretama sendo estas turmas do 2°,
4°, e 6° períodos do curso. Para a seleção dos alunos entrevistados foi utilizado o
critério de amostragem não probabilístico do tipo intencional, no qual o
entrevistador seleciona as pessoas que serão abordadas, para serem
entrevistadas.
Como instrumento de coleta de dados foram utilizadas entrevistas semi
estruturadas do tipo focalizada, sobre esse processo metodológico Cruz Neto
(2001, p 57) afirma que “a entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de
campo. Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos
atores sociais.” Para a análise dos dados, a técnica utilizada foi a análise de
conteúdo.
RESULTADOS
88
Para a obtenção dos dados que aqui serão discutidos foram entrevistados
um total de 58 discentes do curso Superior em Gestão de Turismo do IFRN –
Campus Canguaretama, os mesmos encontram-se divididos por períodos letivo.
Gráfico 01: Período do curso dos alunos..
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Gráfico 02: Faixa etária dos entrevistados.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Gráfico 03: Gênero dos discentes.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Gráfico 04: Perfil econômico dos alunos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
89
Foram realizadas no total oito perguntas abertas, dando assim total
liberdade para que os discentes pudessem expor conhecimentos, desejos e
opiniões a respeito da realização das aulas de campo oferecidas pela instituição.
Uma das perguntas buscou descobrir se o discente já tinha participado de
alguma aula de campo realizada pela instituição, e para quais lugares tinham
viajado, todos os respondentes afirmaram que sim, com relação aos lugares
visitados, as respostas foram as seguintes:
2° Período: Natal/RN, visitando os seguintes locais Forte dos Reis Magos,
Arena das Dunas, centro de convenções e o Iate clube Natal;
4° Período: Natal/ RN, visitando o forte dos Reis Magos e o Arena das
Dunas por meio de aula de campo organizada pelo docentes e a microrregião do
litoral sul, visitando locais como Pipa, Vila Flor, Pedro velho, Sagi, Pipa, Baia
formosa, por meio do projeto integrador organizado por docentes e discentes;
90
6° Período: Sibaúma, Natal/RN, visitando os seguintes locais Forte dos
Reis Magos, Arena das Dunas, e o Iate clube Natal, Prainha do canto verde e
Canoa Quebrada- Ceará por meio de aulas de campo organizadas por docentes e
Martins por meio do projeto integrador organizado por docentes e discentes.
91
Ao analisar o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) superior de tecnologia
em Gestão de Turismo bem como também as respostas obtidas durante as
entrevistas foi perceptível que as aulas de campo realizadas sempre são
organizadas de forma integrada, ou seja, a mesma abrange diversas disciplinas do
período letivo, trabalhando desta forma a interdisciplinaridade, buscando assim
promover aos discentes experiências que possuam elos entre diversas áreas de
conhecimento.
Outro fator importante é a cultura local e os eventos, tendo em vista que a
atividade turística não acontece exclusivamente em locais distantes, na maioria
das vezes ela está frente a localidade, porém muitas vezes acontece um bloqueio
onde não é permitido enxergar o que está próximo.
Levando em consideração, esse esquecimento da cultura local o curso
superior em gestão de turismo, busca também atender as localidades com
potenciais turísticos, algumas delas ainda pouco conhecidas, como é o caso do
interior, qualificando profissionais para que se tornem aptos para atuarem em
diversas áreas (PPC, 2014).
Assim como a cultura local e alguns eventos, também observa-se a
importância de alguns atrativos, dentre eles os patrimônios históricos e culturais,
apesar do conhecimento teórico ser de suma importância para o aprendizado do
discente. Desta forma o turismo pedagógico proporciona essa relação do teórico
com o concreto, envolvendo assim o homem com o meio, buscando vivenciar
experiências através de conhecimentos adquiridos em sala de aula.
Ao organizar uma aula de campo cabe-se frisar que o planejamento é um
dos principais elementos, pois ele é responsável por prever futuras ações,
imprevistos, acontecimentos dentre outros, para que tudo ocorra com máximo de
eficiência possível, reduzindo assim qualquer possível erro ou desastre que possa
ser prejudicial e venha atrapalhar o desenvolvimento da experiência e desta forma
também tudo aconteça com um significado e não apenas por ocorrer.
Diante da entrevista realizada foi observado que a maioria dos discentes
não conhecia ou tinha pouco conhecimento sobre esta tipologia. O pouco
conhecimento sobre turismo pedagógico por parte daqueles que não possuem um
92
aprofundamento maior no segmento se dá pelo fato do mesmo ser considerado
recente, porém “quando comparado a outros tipos tradicionais de turismo, pode-se
afirmar que o Turismo pedagógico antecede o turismo de lazer” (GOMES et al,
2012, p.87).
Apesar de ser considerado uma tipologia recente de turismo no Brasil,
dados do cadastro nacional de prestadores de serviço do setor (Cadastur),
mostram que é uma das atividades que mais cresceu nos últimos 5 anos no país,
sendo também está uma modalidade de turismo que com profissionais
capacitados e o planejamento adequado sempre terá público para atender, sendo
esta uma forma de driblar o período de sazonalidade (BRASIL, 2014).
Levando em consideração essas informações é de fundamental importância
que profissionais que estão se qualificando para futuramente atuarem na área
tenham conhecimento sobre esse nicho que tanto cresce nos últimos anos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os dados da pesquisa, é possível afirmar que as aulas de
campo realizadas sempre são organizadas de forma integrada, ou seja, a mesma
abrange diversas disciplinas do período letivo, trabalhando desta forma a
interdisciplinaridades, buscando assim promover aos discentes experiências que
possuam elos entre diversas áreas de conhecimento.
Através da pesquisa foi possível também conhecer o perfil socioeconômico
dos alunos do curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo do IFRN, bem
como, conhecer a percepção dos mesmos a respeito da importância da prática do
turismo pedagógico através da realização de aulas de campo; e também identificar
os pontos positivos e negativos durante todo processo desde a fase de elaboração
até as atividades pós aula de campo.
Com base nos dados que foram obtidos foi perceptível que o objetivo geral
foi respondido com êxito, os discentes demonstraram grande interesse em relação
as aulas de campo, deixando claro também o quanto essas aulas contribuem para
o processo de ensino e aprendizagem, e como as mesmas irão contribuir para
uma futura carreira profissional.
93
Palavras-chave: Turismo pedagógico. Aula de campo. Ensino superior. Gestão de Turismo.
94
Os atrativos que “não merecem” mais investimentos na cidade de Natal/RN58
Camila Nuta de Oliveira Araújo59 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Ao perceber os recentes dados quantitativos com relação as visitações dos
atrativos turísticos do Rio Grande do Norte e da cidade de Natal, ficou evidente
que a cidade de Natal necessita urgentemente de incentivos nesse segmento.
Nesse contexto, o que se percebeu foi que os atrativos, principalmente os
culturais, são pouco ou quase nada aproveitados. Desse modo, as visitações são
ínfimas, o que resulta na ausência de respaldo e investimentos nas atividades
turísticas culturais locais.
Sabendo da importância da demonstração da cultura, não só para reafirmar
a identidade do povo potiguar, mas também para os visitantes, foi feito um
questionário, o qual foi aplicado na população local e os visitantes. Percebeu-se
que, de fato, tanto os moradores como os visitantes conhecem pouco ou nada dos
atrativos culturais. Além disso, estão conhecendo pouco dos atrativos naturais,
também.
Muitos dos visitantes entrevistados explanaram insatisfação com os
atrativos da cidade de Natal, bem como também, com os atrativos do estado. A
acessibilidade foi um ponto ressaltado por alguns turistas e a comparação com
outros estados/cidades também foi presente.
Como foi o caso de Maceió/AL, alguns dos turistas entrevistados relataram
que nos próximos anos, ao invés de visitar o Rio Grande do Norte, vão para
Alagoas, mais especificamente, Maceió. Segue o depoimento:
2 “Eu já visitei Maceió e lá está bem melhor do que aqui. Inclusive esse ano
eu trouxe um casal de amigos para conhecer Natal, pois eu já conhecia, mas me
decepcionei. Aquela praia lá de Pipa, para descer ali é horrível. Não tem
acessibilidade. Próximo ano irei pra Maceió, não venho mais para cá não”.
(Informante 1).
No dia 13 de novembro de 2018, indicadores do turismo da capital de
Maceió foram apresentados pela ABIH. O que se percebeu foi:
58
resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 59
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN.
95
“Maceió consegue absorver tantos turistas enquanto outras
capitais sofrem para se manter no cenário turístico, como as capitais Salvador, que tem fechado hotéis; Recife, que sofre para manter a diária média; e Natal e Fortaleza que vêm registrando queda no volume de turistas”. (Fecomércio AL., 2018, documento eletrônico).
Desse modo, o presente trabalho considera que uma das chaves para a
solução da problemática é o investimento nos atrativos que foram considerados
não merecedores de investimentos, visto que, são fundamentais para a
diversificação do turismo na cidade e também para a reafirmação de uma
identidade coberta de originalidade.
METODOLOGIA
O levantamento das informações primárias foi realizado por meio da
seleção de uma amostra não representativa, de 100 indivíduos. Os entrevistados
foram selecionados com foco nos turistas e nos residentes. Os turistas foram
selecionados no Shopping do Artesanato Potiguar e no Shopping do Artesanato
Villarte Ponta Negra.
O questionário foi aplicado através do aplicativo "Google Formulário", que
permitiu a realização da pesquisa por meio de celular, e o armazenamento
automático do banco de dados da pesquisa, na plataforma Google.
A etapa seguinte consistiu na organização e tratamento do banco de dados.
As informações foram organizadas e representadas em tabelas e gráficos
descritivos, o que permitiu identificar as frequências de distribuição dos dados,
bem como o cruzamento das informações.
Em um segundo momento, foi aplicado o método de correlação entre duas
variáveis, de Pearson e de Spearman, para a análise da relação existente entre
todas as variáveis (tanto quantitativas quanto categóricas), o que contribuiu para a
identificação e análise de padrões e perfil, entre os respondentes.
“O estabelecimento de uma ponte entre os valores observados na amostra e os modelos postulados para a população, objeto da interferência estatística, exige a adoção de princípios teóricos muito bem especificados. [...] usaremos a chamada teoria frequentista (às vezes chamada de clássica). Seus fundamentos encontram-se em trabalhos de J. Neyman, E. Pearson, R. Fisher e outros.” – (MORETTIN, 2010, p. 317).
RESULTADOS
96
69% do público que respondeu a pesquisa, foram mulheres, e 31%
homens. A renda da maioria dos entrevistados, representados por 61%, está entre
R$0 à R$3000,00.
O resultado parcial da pesquisa leva em consideração o total de vezes que
o atrativo foi citado pelo entrevistado quando questionado sobre três atrativos que
o entrevistado acha relevante e três atrativos que o entrevistado não acha
relevante. A lista contava com os respectivos atrativos: Forte dos Reis Magos,
Museu Câmara Cascudo, Teatro Alberto Maranhão, Praia do Meio, Praia de Ponta
Negra, Aquário de Natal, Parque das Dunas e Cidade da criança.
Os três atrativos considerados mais relevantes foram: Praia de Ponta
Negra, Parque das Dunas e o Forte dos Reis Magos. Percebe-se que apesar de
pouco visitado pelos residentes, o Forte dos Reis Magos é visto como um
elemento de extrema importância histórica/cultural.
Os três atrativos considerados menos relevantes foram: Praia do Meio,
Cidade da Criança e o Teatro Alberto Maranhão. Apesar se Natal ser conhecida
pelo turismo de sol e mar, o atrativo mais citado como menos relevante foi uma
praia, a Praia do Meio, resultado esse que se dá em detrimento de sua fraca
visibilidade perante os residentes.
Ao serem questionados se o atrativo citado como menos relevante merecia
mais investimento, 77,6% disseram que sim e 22,4% disse que não.
Um dos objetivos é cruzar as respostas dos atrativos considerados menos
relevantes, com as respostas da questão que indagou se o atrativo selecionado
como menos relevante, merecia mais investimento. Dessa forma, o objetivo é
captar o atrativo que não está satisfazendo as expectativas dos entrevistados,
gerando desejo de desaparecimento do local, tendo em vista que não se vê mais a
necessidade de investimento no atrativo em questão.
Os resultados da pesquisa precisam passar por um cruzamento de dados,
tendo em vista que o método de correlação entre as variáveis, de Pearson e de
Spearman, vão cruzar a relação existente entre todas as variáveis. O que resultará
em uma análise de padrões e perfil, entre os respondentes.
Palavras-chave: Atrativos culturais; Cidade de Natal; Investimento; Turista;
Insatisfação.
97
REFERÊNCIAS
Fecomércio RN (2019). Perfil do Turista Alta estação 2019.
Fecomércio AL., (2018), documento eletrônico.
MORETTIN, P.A; BUSSAB, W.O. Estatística Básica. Editora Saraiva, 2010.
98
Qualidade alternativa: Abordando a medição de desempenho dos
colaboradores em meios de hospedagem alternativos60
Pyetro Pergentino de Farias61 ([email protected])
Marcleide Maria Macedo Pederneiras62 ([email protected])
Milena Araújo dos Anjos63 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O homem se locomove em busca de satisfazer as suas necessidades
sejam elas fisiológicas ou por prazer. E com o turismo não é diferente, Dias (2004)
cita que o turismo surgiu da busca do homem por melhores condições climáticas e
na busca de melhores alimentos. Através do tempo com a evolução da raça
humana, criação de sociedades e do comércio, as formas de turismo foram se
inovando, onde o homem passou a viajar em busca de vender, comprar e trocar
mercadorias. A competitividade está cada dia mais presente no mercado turístico.
As organizações hoteleiras precisam estar inovando e se renovando para não ficar
para trás nessa corrida. Entretanto o crescimento vem ocorrendo de forma
desordenada onde nem sempre a qualidade consegue acompanhar o contexto.
Teixeira e Silva (2010) citam as dificuldades enfrentadas pelos gestores e
observa-se que a verificação da aprendizagem é uma falha a se corrigir em
empreendimentos hoteleiros. A gestão da qualidade busca trazer para dentro da
organização melhorias ao longo de sua implementação, passando pelas etapas da
produção, do custo, do gerenciamento, da confiabilidade e pela diminuição dos
erros, tornando essencial a sua presença dentro da empresa. No setor de serviços
enxerga-se a aparição do termo qualidade total, onde os erros não são aceitos no
qual cada processo cabe a gerência ficar atenta aos detalhes das etapas citadas
anteriormente trabalhando de forma preventiva ao invés da maneira corretiva,
visando uma grande produção ao menor custo possível (GARVIN, 1992).
60
Resumo expandido apresentado ao Grupo temático Gestão em Turismo. 61
Pós-graduando em Turismo, Hotelaria e Eventos pela UFPB. 62
Doutora em Administração (UFPB). 63
Graduada em Hotelaria pela UFPB.
99
A medição de desempenho é atribuída a gestão da qualidade e surge como
uma vantagem competitiva, acarretando aos gestores o conhecimento acerca de
seus colaboradores, tornando possível implementar melhorias no
empreendimento. O processo de verificação de desempenho é algo crucial para o
sucesso de uma organização de pequeno porte, pois auxilia desde o
conhecimento para a gestão até uma tomada de decisão gerencial (LEITE, 2004).
O MTur (2011) cita que o Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de
Hospedagem, SBClass, não reconhece hostels e albergues em sua classificação,
no entanto, cabe ressaltar que internacionalmente são reconhecidos como meio
de hospedagem alternativos, sendo meios de hospedagem coletivos,
compartilhados e de pequeno porte.
Os Hostels vem a cada dia melhorando sua imagem e o seu marketing para
atrair cada vez mais pessoas, como já é bem conhecido no exterior os turistas
internacionais já o procuram bastante como solução low cost, o momento é de
trabalhar a imagem no mercado interno e para isso é necessário adquirir a
confiança do cliente. A gestão da qualidade surge como forma de solucionar
gradativamente essa questão. Cruz (2003) afirma que o turismo alternativo é
aquele que valoriza a natureza e a sociedade que gira em torno, indo de contra ao
turismo de massa, respeitando assim, tudo que está no destino escolhido.
A justificativa do projeto diante à academia se dá em apresentar a medição
de desempenho dos colaboradores nos meios de hospedagem alternativos e
como esse conhecimento pode gerar uma vantagem competitiva para o hostel.
Abordando os resultados obtidos com gráficos que apresentem as mudanças
ocorridas desde a implementação da avaliação de desempenho dos funcionários.
Já diante à sociedade se dá em evidenciar aos gestores das organizações o quão
podem melhorar em seus negócios se aprofundando no conhecimento acerca do
desempenho de seus colaboradores permitindo o incremento de uma vantagem
competitiva frente a seus concorrentes. Demonstrando a valorização de mesclar
aprendizados teóricos na prática da organização, permitindo o empresário
acompanhar e medir o progresso de seus colaboradores. Mediante o exposto
a pesquisa trará como principal objetivo: Esclarecer a relevância da medição de
desempenho dos colaboradores para definir e alcançar as metas dos meios de
hospedagem alternativos. Esse objetivo surge para trabalhar a seguinte
100
problemática: Como a utilização estratégica da medição de desempenho dos
colaboradores afeta o serviço turístico ofertado? Como objetivos específicos têm-
se: Demonstrar a importância de mensurar o desempenho dos colaboradores;
Apresentar o perfil dos meios de hospedagem alternativos; Contribuir com o
avanço no turismo e na gestão dos hostels; Evidenciar os resultados obtidos para
a academia e para os gestores abordando os pontos a melhorar.
METODOLOGIA
Para o atendimento ao procedimento metodológico procura-se inicialmente
fazer um levantamento bibliográfico sobre gestão da qualidade, medição de
desempenho dos colaboradores e os meios de hospedagem alternativos; Em
seguida descritiva, pois colherá informações e apresentará as características do
hostels em João Pessoa - PB; E qualitativa com um questionário semi estruturado
objetivando conhecer os hostels e poder acompanhar o desempenho tornando
possível enxergar a visão dos gestores antes e após conhecer acerca da gestão
da qualidade.
A pesquisa descritiva será utilizada para apresentar o perfil das
organizações e como elas se caracterizam diante do mercado hoteleiro paraibano,
Matias-Pereira (2016) cita que na pesquisa descritiva cabe ao pesquisador realizar
a análise e em seguida apresentar os fatos sem a manipulação ou interferência do
pesquisador. A escolha do objeto de estudo se deu pelo fato de que os
pesquisadores já obtiveram pesquisas e premiações tratando sobre meios de
hospedagem alternativos e por terem sido membros/coordenador do PIBIC
intitulado “Um estudo das características da medição de desempenho
organizacional das empresas hoteleiras de João Pessoa/PB”. Nas entrevistas
buscar-se-á compreender o posicionamento dos gestores dos hostels pessoenses,
população-alvo dos projetos e programas de avaliação de desempenho de
colaboradores implementados, ao qual se preocupam com o tema, de eventuais
conversas com pesquisadores de áreas conexas, bem como da percepção dos
turistas acerca da forma ao qual são recebidos em João Pessoa, provendo assim
uma melhor compreensão da realidade da cidade com diferentes percepções da
gestão da qualidade.
RESULTADOS ESPERADOS E SUA APLICABILIDADE
101
Espera-se que ao término da pesquisa espera-se que: Haja melhoria na
qualidade do serviço prestado pelos meios de hospedagem alternativos;
Efetividade e maior facilidade nas tomadas de decisões gerenciais devido ao
maior conhecimento do gestor acerca da produtividade dos colaboradores;
Conhecimento mais profundo dos colaboradores sobre o que e onde precisam
melhorar através de um feedback fornecido pela gerência. Para medir realizar a
avaliação de desempenho dos funcionários será utilizado o método do
Conhecimento, Habilidades e Atitude (C.H.A.). Assim será possível analisar as
competências técnicas, essenciais e comportamentais, tornando possível obter
melhores resultados acerca dos colaboradores nos hostels a serem analisados em
João Pessoa – PB. Será produzido um mapa de competências, permitindo
conhecer cada funcionário realizando seu devido cargo/função, para que a gestão
possa identificar as suas qualidades e os seus pontos a melhorar, a gestão de
qualidade alinhada a gestão de pessoas, não busca excluir funcionários da
empresa, mas sim desenvolver as suas competências criando possibilidades de
crescimento mútuo. O referido projeto se encaixa na linha de pesquisa “Gestão em
Turismo” pois aborda a temática gestão da qualidade e medição de desempenho
dos colaboradores, fato que não costuma ser trabalhado em meios de
hospedagem alternativo (hostels). O projeto buscará trazer uma gestão inovadora
a capital paraibana objetivando o crescimento do turismo dentro dos padrões da
qualidade organizacional, possibilitando melhorias na questão da vantagem
competitiva com empreendimentos de hospedagem locais e regionais de pequeno
porte. João Pessoa é a capital do estado da Paraíba e possui aproximadamente
809 mil habitantes, de acordo com o Censo realizado pelo IBGE em 2019.
Por ser uma capital litorânea e com o IDH alto tem atraído muitos turistas.
Porém, observa-se na pesquisa de Melo (2003) que ainda há resistência do
empreendedor em lidar com as atualizações do mercado, onde em alguns casos
fechasse os olhos para o management, apostando apenas na hospitalidade nata
do brasileiro para seguir administrando o meio de hospedagem. Mediante o
exposto esta pesquisa trará inovações para o mercado, trabalhando diretamente
com os gestores, apresentando a relevância na medição de desempenho dos
colaboradores nos hostels de João Pessoa. Para isso, será necessário o diálogo
com os empreendedores/gestores e a apresentação dos benefícios que podem
102
ocorrer implementando essa sistemática, demonstrando assim o futuro promissor
para o Turismo da capital pessoense.
Palavras-chave: Medição de Desempenho; Competitividade; Low Cost; Hostels.
REFERÊNCIAS
CRUZ, R. de C. A. Introdução a geografia do turismo. 2 ed. São Paulo: Roca,
2003.
Dias, R. Introdução ao Turismo. São Paulo: Atlas, 2004.
GARVIN, David A. Gerenciando a Qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992.
LEITE, D.C. C. Investigação sobre a medição de desempenho em pequenas empresas hoteleiras do nordeste brasileiro. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) -Universidade de Brasília, Brasília, 2004.
MATIAS-PEREIRA, José. Manual de Metodologia da Pesquisa Científica. 4 ed. – São Paulo: Atlas, 2016.
MELO, Alysson Amaral. O Setor Turístico de Hospitalidade: Um Estudo do Perfil do Dirigente de Pousadas e da Satisfação Gerada por Este Tipo de Empreendimento. Turismo – Visão e Ação. V.5, N.3, p.287-302, 2003.
________. Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem - SBClass. Publicado em: 2011. Disponível em: http://www.classificacao.turismo.gov.br/MTUR-classificacao/mtur site/Sobre.action>. Acesso em: 12 mar. 2019.
TEIXEIRA, R. M, SILVA, J. D. Relatório de Pesquisa: Empreendedorismo em Turismo e o Processo de Criação de Novos Negócios. Relatório Final de Iniciação Científica da UFS, São Cristóvão, 2010.
103
Qualidade dos serviços e acessibilidade: Uma análise com guias de turismo
do Rio Grande do Norte64
Caio Fernando Valentim de Souza65 ([email protected])
Bruno Ferreira Nunes Sobrinho66 ([email protected])
Flávia Yonara Vieira da Silva67 ([email protected])
Nilo de Melo Calazans Duarte68 ([email protected])
Islaine Cristiane Oliveira Cavalcante69 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O turismo se consolida como o fenômeno responsável por fazer com que
milhões de pessoas todos os anos, se desloquem do seu lugar de residência
movidos pelo intuito de conhecer lugares, provar novos sabores, conhecer
diferentes costumes e vivenciar experiências onde os elementos de lazer e de
descanso são de extrema importância. Dentre os diversos segmentos de pessoas
que realizam turismo, foi observado nesta pesquisa os deficientes físicos, que
segundo o último Censo Demográfico compõem 23,9% da população brasileira, ou
seja, 45,6 milhões de pessoas declaram ter algum tipo de deficiência, seja do tipo
visual, auditiva, motora, mental/intelectual (IBGE, 2012).
De acordo com esse contexto, esse estudo visa analisar qual o nível de
qualidade que os prestadores do serviço de Guia de Turismo atuante no Rio
Grande do Norte, com relação a turistas com deficiência motora, visual, de fala ou
intelectual, a partir do seu empenho de buscar capacitação e maneiras de oferecer
serviços diferenciados a esse público em específico, com o objetivo de estar
preparado a proporcionar a esses indivíduos uma experiência satisfatória. Visto
que a demanda é real, a temática torna-se bastante pertinente dado que pessoas
com necessidades especiais sentem a mesma necessidade de viajar realizando
64
Resumo expandido apresentado ao Grupo temático Gestão em Turismo. 65
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 66
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 67
Graduada em Ciências Sociais pela UFRN; Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 68
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 69
Mestre em Gestão de Turismo pela UFRN. Bacharel em Turismo pela UFRN. Técnica em
Gerência de Produção (SENAI).
104
atividades de lazer e fora do seu espaço habitual, entretanto, com a necessidade
de ambientes paramentados de acessibilidade e sobretudo, com um serviço
oferecido, no caso do guia de turismo, adequado às condições dessas pessoas.
Para fins de relevância, a pesquisa traz consigo dados disponibilizados
pelos próprios profissionais que atuam no Estado, expondo quais as dificuldades
que os mesmos tiveram tanto durante sua formação como técnico guia de turismo,
bem como em suas vivências atuais de trabalho. Por conseguinte, o produto desta
pesquisa tornará possível ter uma melhor compreensão a respeito das atuais
dificuldades que o guia de turismo percebe em suas atividades práticas junto aos
passageiros deficientes, assim como, quais são as lacunas existentes em seu
curso de formação no que se refere a um trato adequado ao turista com algum tipo
de deficiência. Esses dados então podem auxiliar em uma formação mais
adequada do guia e ao mesmo tempo ajudar a compreender que gargalos esses
profissionais enfrentam em seu cotidiano quando se trata de atender um
passageiro com necessidades especiais.
Contudo o objetivo geral que será exposto nas laudas seguintes, diz
respeito à compreender como se dá e até que ponto os profissionais “guias de
turismo” atuantes no Rio Grande do Norte desenvolvem habilidades relacionadas
a qualidade do serviço prestado a passageiros com algum tipo de deficiência. Em
outras palavras, será investigado aqui, como a qualidade do serviço prestado
pelos guias de turismo atua no estado para com pessoas com deficiência, se
houve uma capacitação adequada ou como os mesmos lidam com esses tipos de
passageiros em seu cotidiano de trabalho.
Para se alcançar o objetivo geral desta pesquisa, foi necessário
compreender os seguintes objetivos secundários:
a) Diagnosticar o nível de qualidade prestado pelos guias de turismo do Rio
Grande do Norte a passageiros com deficiência motora, auditiva, visual, de fala ou
intelectual;
b) Verificar a capacitação dos guias de turismo do Rio Grande do Norte com
relação ao tratamento com turistas que possuem algum tipo de deficiência e;
105
c) Compreender o que pode ser melhorado no processo de treinamento e
capacitação aos guias de turismo do Rio Grande do Norte, com o objetivo de
oferecer um serviço de qualidade eficaz.
A seguir será exposta a metodologia utilizada na pesquisa, bem como os
resultados encontrados e conclusão.
METODOLOGIA
Para se obter os dados necessários para a realização deste estudo foram
coletadas informações juntos aos guias de turismo atuantes no Rio Grande do
Norte, tendo usado como instrumento um questionário online de caráter qualitativo
e quantitativo, contendo questões abertas e fechadas por meio da ferramenta
Google Forms.
Para tanto, se teve uma amostra de 37 questionários, contendo 34
perguntas fechadas e 3 perguntas abertas, distribuídas via o aplicativo de
mensagens Whatsapp, de 30 de maio à 5 de junho de 2019.
Gil (2008) afirma que as respostas obtidas através de um questionário
proporcionam dados capazes de descrever características e testar hipóteses
levantadas durante a preparação da pesquisa. Também foi feita uma sistemática
pesquisa bibliográfica a fim de proporcionar uma análise e interpretação dos
dados.
RESULTADOS
De acordo com a metodologia aplicada, foi possível analisar quanto à
eficiência de qualidade do serviço prestado por 37 guias de turismo atuantes no
Rio Grande do Norte para com turistas que possuem alguma deficiência.
Foi possível verificar que 67,9% dos guias entrevistados não tiveram
acesso a materiais didáticos ou aulas sobre a temática de acessibilidade. Em
contrapartida, 28,6% costuma realizar um planejamento prévio de seus
guiamentos quando se é sabido que haverá algum turista possui algum tipo de
deficiência.
Não obstante, foi verificada a capacitação/habilidade de trato com esse tipo
específico de turistas dos guias de turismo mesmo sabendo que grande parte dos
106
entrevistados não obteve, durante seu curso de formação, uma qualificação
adequada. Dito isso, verificou-se que 21,4% dos guias entrevistados
desenvolveram suas habilidades de trato a pessoas com deficiência por meio de
vivências pessoais, ou seja, ele pode ter algum tipo de deficiência, pode ter algum
parente, amigo (a),esposa (o) que seja deficiente.
Além dos dados supracitados, foi investigado o que pode ser melhorado no
processo de treinamento e capacitação aos guias de turismo do RN, com o
objetivo de oferecer um serviço de qualidade eficaz. Para se alcançar o dado
necessário para o preenchimento deste objetivo específico, utilizou-se uma
pergunta de cunho qualitativo, onde foi indagado de que forma a instituição de
ensino que o mesmo estudou poderia ter contribuído para sua formação no
quesito capacitação para lidar com pessoas com algum tipo de deficiência. Das 23
perguntas respondidas, 3 se destacam, como por exemplo: “Com oficinas e
treinamentos impostos na grade curricular”; “Durante o curso, ter convidado um
profissional da área de saúde para abordar o assunto, e conscientizar os
profissionais (guias de turismo), como lidar com esses passageiros, que merece
todo nosso respeito e profissionalismo” ou até mesmo ”incluindo o tema na grade
do curso”. De modo geral foi possível perceber que o grande gargalo responsável
por um trato inadequado do guia de turismo para com turistas com alguma
deficiência está de fato na falta da disciplina específica na grade curricular das
instituições de ensino, bem como exemplos práticos durante as aulas do curso
que compõem o curso de guia de turismo.
CONCLUSÃO
Levando em consideração os fatos abordados por essa pesquisa é possível
verificar o fato que os cursos formadores de Guias de Turismo possuem uma
carência referente à formação de seus profissionais, visto que os cursos não
ofertam uma carga horária, nem momentos extraclasse como palestras,
minicursos ou visitas técnicas que se visem oferecer uma preparação adequada
para lidar com pessoa com limitações ou algum tipo de deficiência.
Percebido isso, com os resultados aqui obtidos é ser possível apontar lacunas
existentes nas instituições que formam novos Guias de Turismo, na perspectiva
107
que sejam realizadas melhorias, devido às necessidades apontadas pelos próprios
profissionais.
É importante frisar que esses dados foram disponibilizados pelos Guias de
Turismo atuantes no Estado do Rio Grande do Norte de acordo com suas
vivências atuais. Além de se obter o dado de que o conteúdo oferecido pelo curso
de guia tem se configurado como insuficiente no que tange o trato do Guia com
passageiros deficientes, foi possível também entender de que forma fazem a
manutenção de seus conhecimentos para com trabalhos dessa natureza. Assim
sendo, por meio do método utilizado por meio da Trilogia de Juran, observar que
82,1% dos guias entrevistados procuram se aperfeiçoar por conta própria. Não
obstante, é imprescindível que em seu processo de formação haja uma
qualificação mais eficiente, o que nos leva a refletir sobre a necessidade da
atualização dos conteúdos dos currículos de instrução desses profissionais. Assim
poderá se iniciar a conscientização de modo institucional para o atendimento e
oferta de um serviço com maior qualidade e adequação às necessidades dos
indivíduos com limitações temporárias ou permanentes.
Palavras-chave: Gestão da Qualidade. Guias de Turismo. Rio Grande do Norte.
108
Turismo Náutico: Uma possível nova Vertente para o Turismo desenvolvido
na cidade de Penedo - AL70
Robson Silva Oliveira Junior71 ([email protected])
Jadilson Santos Barreto72 ([email protected])
Jaqueline Gomes Feitoza73 ([email protected])
Solange Lima Vieira Vasconcelos74 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O turismo náutico é o segmento que possui como principal elemento
motivador as “embarcações”. O transporte em barcos voltado para a atividade
turística pode ser definido de diferentes maneiras, como exemplos pode-se
observar os grandes cruzeiros ou pequenos barcos que fazem trajetos em rios,
represas ou lagoas. Este segmento trata de colocar barcos a disposição e
proporcionar a atividade turística.
A cidade de Penedo- AL está a cerca de 150 km da capital de Alagoas,
Maceió, localiza-se as margens do rio São Francisco e possui aspectos
significativos para a prática do turismo náutico. A quantidade de embarcações no
porto ribeirinho, um rio com muitos atrativos, como as prainhas de água doce que
ficam no entorno da cidade de Penedo, natureza em alguns pontos preservados,
dentre outras características que podem ser elencadas, torna a prática desse
segmento, como alternativa de atividade econômica.
A grande virtude deste trabalho é tentar interagir com diversos barqueiros
locais, desde os proprietários das embarcações de grande porte, até aquelas de
menor porte, para que todos os agentes possam estar envolvidos com a prática. A
atividade náutica em Penedo pode ser fortalecida através da participação de todos
os ribeirinhos, pois, possuindo o básico (infraestrutura para o turismo náutico e
formas de comercialização) o turismo pode crescer na localidade.
70
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Gestão em Turismo. 71
Discente do curso superior em Turismo pela UFAL. 72
Discente do curso superior em Turismo pela UFAL. 73
Discente do curso superior em Turismo pela UFAL. 74
Discente do curso superior em Turismo pela UFAL.
109
Este trabalho possui como principal objetivo, observar se o turismo náutico
pode ser outro segmento para ser comercializado em Penedo – AL, já que
atualmente a cidade restringe-se apenas para o turismo cultural. A cidade
oferecendo outros roteiros, com segmentos diferentes é uma alternativa que
contribui para o avanço na comercialização do turismo na localidade.
METODOLOGIA
Este trabalho é caracterizado por ser uma pesquisa de caráter qualitativo,
pois visa promover um segmento considerado novo para a cidade e qualificar se
existe viabilidade para esta atividade. Além disso, o trabalho dividiu-se em duas
etapas: etapa 1, pesquisa bibliográfica; etapa 2, pesquisa de campo. Ambas as
etapas serão descritas em dois subtópicos.
Etapa 1: A pesquisa bibliográfica é um meio pelo qual o pesquisador busca
conhecer o tema proposto, através disso, o tema “turismo náutico” foi procurado
por meio de revistas online, artigos, sites, entre outros meios. O aprofundamento
no tema se deu com muita dificuldade, isso se dá movido pelo ineditismo do tema
pesquisado associado a região de Penedo. Vale observar que a partir das leituras,
além de adquirir conhecimentos sobre o segmento, foi estabelecido um novo
conceito para o tema.
Etapa 2: A pesquisa de campo foi usada como forma de averiguar a
aplicação dos conceitos e levantamentos realizados na primeira etapa. No
primeiro momento, foi para observar o rio e seus atrativos, compreender a
infraestrutura da localidade, captar ao máximo os benefícios deste segmento. O
segundo momento marcou a pesquisa direta com proprietários de barcos,
informantes de turismo e poder público. Cada agente respondeu um questionário,
que possuía perguntas objetivas e subjetivas.
RESULTADOS
Este trabalho ficou caracterizado pelo potencial que o turismo náutico
oferece a Penedo - AL, a pesquisa teve como duração um período de
aproximadamente 20 semanas e foram estabelecidos, três aspectos: a) existem
passeios parecidos com turismo náutico; b) os moradores locais observam com
bons olhos este segmento e c) o turismo náutico precisa de integração.
110
Durante a etapa de campo, não foi observada a exploração do potencial
náutico da região, pois o que ocorre são passeios esporádicos que acontecem em
fins de semanas e geralmente são pessoas da cidade mesmo, que compram os
passeios. Segundo os barqueiros que fazem os passeios, em casos distintos
(como período de festas) que pessoas de outras localidades participam. Os
principais passeios são: para foz do rio São Francisco e o passeio para Santana
do São Francisco – SE, e geralmente a embarcação possui atrativos como música
ao vivo e venda de bebidas.
Os moradores locais, principalmente a comunidade de pescadores,
visualizam o turismo náutico como possibilidade para gerar renda, alguns
entrevistados citaram que “existem muitas dificuldades para encontrar peixes no
rio São Francisco” e que a “atividade da pesca encontra-se cada vez mais difícil”.
Dessa forma, é possível perceber que essa atividade poderia englobar um maior
número de componentes.
Por fim, foi constatado que existe a necessidade de integração, entre os
três agentes que compõem o turismo: poder público, setor privado e a comunidade
local. Foi observado que nos últimos anos (principalmente no primeiro semestre
de 2019) houve incentivos do poder público, como a inauguração da “Marina
Pública” (marina é o local destinado para barcos serem atracados, onde também
são encontrados alguns pontos de diversão e entretenimento) e a festa náutica,
porém, a população efetivamente necessita ter uma participação mais ativa, com
foco nas decisões.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível descrever que o turismo náutico possui potencial para Penedo –
AL, pois a cidade possui o rio navegável, embarcações a disposição e atrativos
que podem ser agregados. Diante do observado, foi visto que um dos principais
empecilhos para o desenvolvimento desta atividade é a ausência de organização,
pois, aqueles que oferecem o serviço de passeios, não conseguem ofertar
constantemente. Além de organização, falta um “marketing” intenso e necessita
parcerias para agregar.
111
Conclui-se desse modo, que diante da implementação do Turismo Náutico
na cidade de Penedo- AL são notórias algumas necessidades. Como exemplo, é
possível destacar a necessidade de uma qualificação técnica para os moradores
que venham a desempenhar essa atividade, a fim de proporcionar uma
experiência lucrativa para eles e única par os visitantes. No entanto, para que isso
aconteça é preciso que diferentes setores (da população local aos gestores)
possam se unir em parcerias que viabilizem essa possibilidade, desde já tão real.
Palavras-chave: Turismo náutico, Penedo, Embarcações.
REFERÊNCIAS
FUNDAÇÃO DE TURISMO DE ANGRA DOS REIS. Ordenamento do turismo náutico. Prefeitura de Angra dos Reis. 2017.
LAKATOS, E.M; MARCONI. M.A. Fundamentos de Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MTur. Programa Nacional de Orientação para Implantação de Marinas nas Águas Interiores Brasileiras. 2003.
PAIVA, Ricardo Alexandre. O turismo promoção e consumo do espaço. Colóquio (Inter) nacional. São Paulo. 2015.
Segmentação do Turismo: marcos conceitual. Brasília: Ministério do Turismo, 2006.
TURISMO NAÚTICO EM ANGRAS DOS REIS- RJ. Sustentabilidade em questão. 2011
TURISMO NÁUTICO: ORIENTAÇÕES BÁSICAS. Ministério do Turismo. Coordenação Geral de Segmentação. 2010.
112
Uso de redes sociais como captação de vendas: Um estudo na CI intercâmbio - NATAL/RN75
Anna Laurytha Carlos Gonçalves76 ([email protected])
Mabel Simone Guardia77 ([email protected])
Mayanne Fabiola Silva Araujo78 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O mercado de agências de viagem e turismo se mostra como um dos mais
dinâmicos e competitivos da economia, nas agências de intercâmbio não é
diferente elas estão em ininterrupta ascensão abrangendo os mais diversos tipos
de clientes, que procuram os mais variados tipos de serviços. As empresas estão
utilizando cada vez mais as redes sociais como importantes ferramentas de
comunicação com seus clientes atuais e potenciais a fim de divulgarem sua
marca, produtos e serviços.
O presente trabalho tem como objetivo geral avaliar o impacto das redes
sociais na estrutura e nas atividades da agência de intercâmbio CI – Natal/RN, e
possui como específicos analisar o papel das redes sociais na divulgação de
produtos, aferir as novas tecnologias podem ter sobre a estrutura, atividade e
organização das agências de viagens, identificar possíveis relações entre o uso
das redes sociais e o aumento das vendas de uma agência, investigar o papel das
redes sociais na divulgação dos produtos turísticos.
A pesquisa justifica-se, pois as redes sociais virtuais são atualmente
ferramentas populares na comunicação social, sendo cada vez mais utilizadas no
marketing empresarial, dessa forma o segmento de agências sofre impactos com
o aumento e popularização da internet (FLECHA; COSTA, 2006), o consumidor
tem acesso na maioria das vezes para efetuar reservas de passagens em
companhias aéreas, hotéis, pesquisas de pacotes turísticos, entre outros serviços
e por isso, as agências acabam perdendo seu espaço, por tanto as agências
75
Resumo expandido apresentado ao Grupo de Temático Gestão em Turismo. 76
Mestre em Turismo pelo programa de Pós-Graduação em Turismo da UFRN, bacharel em
Turismo pela UFRN. 77
Doutora em Engenharia de Produção pela UFRN, Especialização em Gestão da Qualidade pela
UFRN, graduação em Turismo pela UnP. 78
Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Negócios (MBA) pela UFRN, Bacharel em Turismo
pela UFRN.
113
devem se adequar e se restabelecer em uma nova organização mercadológica,
entendendo o mercado turístico para lidar eficaz e eficientemente com o conjunto
de instrumento técnico.
O estudo tem relevância para o conhecimento dos fatores positivos e
negativos acarretados pelo uso da internet por agentes de viagens e
consumidores de serviços turísticos, possibilitando assim que agências de viagem
se utilizem dessas informações para melhoria e crescimento de seus serviços.
METODOLOGIA
Para realização dessa investigação, em um primeiro momento, utilizou-se
de pesquisa bibliográfica para entender os conceitos centrais da pesquisa, que se
destacam em: agência de viagem, marketing e tecnologia. Em seguida realizou-se
a pesquisa qualitativa do tipo descritiva. O campo de atuação foi um estudo de
caso único, concentrado na empresa CI intercâmbio. Os dados levantados na
pesquisa foram colhidos por meio de uma entrevista semiestruturada aberta com o
consultor de vendas da Ci Intercâmbio que abordou questões como a importância
das redes sociais para a empresa, como as redes sociais auxiliam nas vendas,
qual o retorno a empresa obtém com as redes sociais, os impactos positivos e
negativos das redes sociais na estrutura e nas atividades desenvolvidas pela
empresa, entre outras perguntas que surgiram no decorrer da conversa com o
agente de viagem. Após a coleta dos dados foi possível fazer uma análise
qualitativa das abordagens citadas anteriormente.
RESULTADOS
A empresa CI Intercâmbio foi fundada em 1988, e tem como slogan “a
melhor empresa de intercâmbio e turismo jovem do Brasil”. Atualmente tem mais
de 100 lojas em todo o país e já embarcou mais de meio milhão de brasileiros
para conhecer o mundo em viagens que unem estudo, trabalho e lazer. A empresa
tem como missão “Embarcar na viagem do jovem do começo ao fim e ampliar
seus horizontes, criando um novo jeito de aprender viajando e viajar aprendendo”.
E sua visão é “Fazer parte da vida do jovem, sendo sua opção número 1 quando
ele pensar em estudar, trabalhar no exterior ou simplesmente viajar para aprender
com o mundo” (www.ci.com.br).
114
A CI possui contas cadastradas em diferentes redes sociais tais como
facebook, instagram, twitter, pinterest, youtube, linkedin, webmail, whatsapp, que
auxilia os agentes de viagem na obtenção de informações importantes objetivando
verificar as preferências dos consumidores para poder atender os seus desejos e
necessidades, além de obter informações dos seus maiores concorrentes, realizar
pesquisas de mercado, identificar novas oportunidades, trocar informações, ideias
e sugestões que podem ser aproveitadas para a estratégia de marketing,
O consultor de vendas relata que um grande ponto positivo das mídias
sociais é a economia de tempo para divulgação, acesso e retorno de informações,
uma vez que a comunicação se dá de forma praticamente instantânea, pois elas
reúnem um grande número de clientes num mesmo lugar e ao mesmo tempo de
modo que todos podem participar tirando suas dúvidas ou até mesmo dando
sugestões que podem ser aproveitadas pela empresa. Assim, esta ferramenta de
divulgação permite uma resposta mais rápida, além de uma melhor interação entre
cliente e empresa. Dessa forma, fica mais cômodo saber o que os seus clientes
pensam de seus produtos.
Porto (2014) ressalta que as redes sociais permitem diálogo e mediante a
postagem de conteúdos relevantes é possível captar a atenção dos consumidores
e que Algumas redes sociais permitem por meio delas mesmas o monitoramento
do desempenho das páginas, onde é possível analisar se os conteúdos postados
estão captando e despertando o interesse dos usuários.
Ao ser questionado sobre o interesse em usar as redes sociais e o que
motivou essa iniciativa, a o consultor de vendas destacou que por ser uma
empresa com mais de 10 anos de atuação, precisa acompanhar a modificação do
mercado onde estão os novos e futuros clientes. Além disso, este trabalho é
complementar, atribui valor a marca, fidelizando e formando uma opinião sólida da
empresa.
A sede da CI, em seu departamento de marketing e comunicação, que fica
localizada em São Paulo – SP, posta informações diariamente, vídeos, fotos,
enquetes, dinâmicas para que haja entrosamento contínuo dos usuários. Ademais,
quando o cliente envia uma mensagem por meio dessas redes sociais, a matriz
115
passa as informações instantaneamente para a franquia mais próxima do
potencial cliente e, por política interna da empresa, as respostas são fornecidas no
prazo máximo de 24 horas.
Além de usar as redes sociais como canal de divulgação, a empresa
também as utiliza como canal para receber reclamação, sugestão ou dúvidas, pois
existem espaços nas redes sociais para deixar a experiência como cliente CI,
fazer avaliação e comentário, como também pode ser utilizado para resolver
problemas e imprevistos rapidamente.
Para CI Intercâmbio esse novo cenário é capaz de posicionar
estrategicamente as tomadas de decisões de acordo com seus objetivos
claramente focados. Eles deixam claro também que as novas mídias se não
utilizadas da forma correta, podem apresentar riscos à reputação da empresa. É
fundamental que o ambiente esteja disponível à colaboração, inovação e
transparência da empresa para com os consumidores, saber receber críticas,
elogios e sugestões.
As mídias sociais vêm se tornando uma ferramenta importante para a
estratégia ou ação de marketing, pois 80% dos internautas brasileiros participam
de algumas mídias ou redes sociais, fazendo com que elas sejam consideradas
indispensáveis para as atividades empresariais (TORRES, 2009). A participação
das organizações em redes sociais, mesmo que indiretamente, possui grande
importância no desenvolvimento das empresas em geral, pois quando uma
organização conhece o que seus clientes estão comentando nas redes sociais a
mesma se prepara para atender pedidos antes desconhecidos, porém desejados
entre os internautas e assim poderá manter e adquirir novos clientes, da mesma
forma que poderá conhecer como está o índice de satisfação dos consumidores
pelo seu produto/serviço.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atual situação das agências de viagens diante das tendências de
mercado possibilita considerações significativas sobre o setor de serviços e a
realidade do profissional. Essas agências percebendo a grande influência da
internet estão utilizando desta ferramenta para divulgar sua marca, produtos e
116
serviços diretamente pelas redes sociais, criando assim, uma aproximação maior
com seus clientes.
Os objetivos propostos foram alcançados e as questões respondidas, onde
o impacto das redes sociais na estrutura e nas atividades da agência de
intercâmbio CI – Natal/RN acontece de forma positiva para a capacitação de
clientes e a comunicação entre os mesmos. Acima de tudo, procurou-se mostrar a
relação entre mídias sociais e empresas na gestão de qualidade, focando a
integração teoria/prática possibilitando novas abordagens de mercado. A utilização
das mídias sociais oportuniza a redução de custos, encadeando a obtenção de
excelentes resultados e uma condição competitiva privilegiada no mercado.
Por ser um tema recente, o presente trabalho poderá se tornar fonte de
pesquisa e base de novos estudos a fim de conhecer, analisar e melhorar o setor
de viagens e turismo, bem como sua prestação de serviços, além de identificar
prejuízos e ganhos de mercado.
Dessa maneira, é possível concluir que as redes sociais estão sendo
utilizadas como ferramentas aliadas a outras estratégias de divulgação para
fortalecer a organização, a fim de divulgarem a marca, produtos e serviços
buscando dar credibilidade e aproximar seu público alvo de maneira rápida e
direta.
Palavras-chave: Agências de viagens. Intercâmbio.Redes sociais.
REFERÊNCIAS
CENTRAL DE INTERCÂMBIO. Sobre a CI Intercâmbio e Viagem. Disponível
em:<https://www.ci.com.br/sobre-a-ci-intercambio-e-viagem > Acesso em: 12 jan
2019
FLECHA, Ângela; COSTA, Jane Iara Pereira da; CARDOSO, Olga Regina. O
impacto do turismo e o futuro profissional dos consultores de viagem.
Revista de Estudos Turísticos, Edição 18, mai. 2006, p. 1-15. Disponível em: .
Acesso em: 20 fev. 2019.
117
PORTO, C. Facebook Marketing. São Paulo: Novatec, 2014
TORRES, C. A bíblia do marketing digital: tudo o que você queria saber sobre
marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo:
Novatec, 2009.
118
GT 02 - Planejamento e Organização do Turismo
16 e 17 – 08h/10h
119
A experiência como produto turístico no Pôr-Do-Sol Do Jacaré79
Hayvolla Cavalcanti Ferreira Leite80 ([email protected])
Lidiana de Castro Lima Bandeira81 ([email protected])
Paula Dutra Leão de Menezes82 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Procura-se neste trabalho, apresentar dados relacionados ao crescimento
do potencial turístico no nordeste brasileiro, mais especificamente do “turismo de
experiência” no Pôr-do-sol do Jacaré, que fica localizado no estado da Paraíba,
além de identificar seu potencial de crescimento e enfatizar a necessidade da
criação de um banco de dados para melhoria e tendências da inovação no turismo
de experiência.
De acordo com os dados do Ministério do Turismo (2012), sobre a
movimentação do turismo interno, mostra que a preferência pela região nordeste é
maior entre pessoas das duas maiores faixas de rendas familiares pesquisadas
pelo MTUR, sendo que mais de 44% dos entrevistados com renda entre R$ 4.801
e R$ 9.600 e 46,9% daquelas com renda acima de R$ 9.600 manifestaram a
intenção de viajar para o Nordeste. Assim, acredita-se que existe uma predileção
do turista brasileiro ao nordeste, ao qual o ponto turístico do estudo está inserido.
Em relação à origem dos visitantes, estudos realizados pela Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (2012) mostram que os estados vizinhos do
Rio Grande do Norte e Pernambuco correspondem juntos a mais de 20% do total
de visitantes no estado. Ou seja, a localização do Pôr-do-Sol é estratégica pois
está igualmente localizada para ambos estados.
Ainda assim, existe uma insuficiência de dados atribuídos especificamente
ao Pôr-do-sol do Jacaré, onde foi identificado através de visitas técnicas a
79
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo 80
Graduada em Administração de Saúde pela Eastern Michigan University. Pós-Graduada em
Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Graduanda em Hotelaria pela UFPB. 81
Licenciada em História pela UFPB. Graduanda em Hotelaria pela UFPB. 82
Professora do Departamento de Turismo e Hotelaria, do Centro de Comunicação, Turismo e
Artes da UFPB. Doutora em humanidades y artes pela Universidad Nacional de Rosario, Argentina.
120
incipiência de meios de fiscalização do volume de visitantes, suas preferências e
sua origem.
A gestão administrativa do produto turístico do Pôr-do-sol do jacaré é feita
“às cegas”, causando maior vulnerabilidade, principalmente quanto à
sazonalidade. Uma vez que, não existe uma base de dados confiáveis para que
haja melhorias na experiência turística, tornando-se necessário à implementação
de novas ideias e projetos que fortaleçam o trade turístico local. Para isto, o
objetivo deste estudo é a criação de uma base de informações confiáveis, para
que através da mesma, promova-se a profissionalização do turismo de experiência
do Pôr-do-Sol do Jacaré, além de potencializar a criação de novos produtos
turísticos.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada será uma análise qualitativa. Na primeira etapa será
realizada uma análise dos comentários dos usuários das plataformas digitais do
TripAdivisor, Google, Instagram e Facebook. Na segunda etapa será aplicado um
questionário com turistas que visitarem o destino do Pôr-do-sol do Jacaré. A
amostra será por acessibilidade, ou seja, os que se dispuserem a participar da
pesquisa. Os dados obtidos serão armazenados na plataforma Google Forms,
onde serão, tratados, filtrados e segmentados.
HIPÓTESES
A partir da conclusão do projeto, tende-se a criar novas tendências de
produtos turísticos, qualificar os serviços prestados, potencializar novas parcerias,
intensificar o turismo de experiências não apenas através do Pôr-do-sol, mas de
uma cadeia de produtos, fortalecendo assim, o trade turístico local.
Palavras-chave: Turismo de experiência, Pôr-do-Sol do Jacaré, Banco de dados,
Trade Turístico.
121
Acessibilidade no terminal rodoviário de Currais Novos/RN: Um estudo de
caso83
Aline Costa da Silva84 ([email protected]) Isadora Shirlayne da Silva Adelino85 ([email protected])
Kaila Gabriela dos Santos Silva86 ([email protected]) Layrane Mayara Lino Santos87 ([email protected])
Dra. Mabel Simone de Araújo Bezerra Guardia88 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O presente trabalho consiste em um estudo de caso no terminal rodoviário
de Currais Novos, onde são observados a infraestrutura e serviços oferecidos aos
usuários que circulam diariamente pelo terminal. Enfatizando alguns pontos que
foram analisados, como acessibilidade, segurança, informações e sinalizações
turísticas, além dos equipamentos no entorno do terminal.
O terminal rodoviário existe para ajudar o homem em sua locomoção,
facilitando o acesso ao transporte independentemente do tipo de modal. Segundo
a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) “Os serviços de transporte
rodoviário interestadual e internacional de passageiros no Brasil são responsáveis
por uma movimentação superior a 130 milhões de usuários/ano” o transporte
rodoviário é bastante utilizado. As rodovias oferecem serviços de transportes
coletivos atendendo a demanda populacional, entretanto é importante destacar
que o transporte rodoviário pode oferecer serviços como regular ou de fretamento,
o terminal rodoviário oferece dos serviços de transporte de passageiros em
ônibus.
O terminal rodoviário analisado foi o de Currais Novos no Rio Grande do
Norte, o estudo ocorreu in loco, precedido de análise bibliográfica informações
sobre a infraestrutura e os serviços oferecidos neste terminal. A análise está
83
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo. 84
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 85
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 86
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 87
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 88
Doutorado em Engenharia Agrícola pela UFCG. Mestrado em Engenharia da produção pela
UFRN. Especialização em gestão da Qualidade pela UFRN. Graduação em Turismo pela UnP.
122
centrada na infraestrutura do local com viés na acessibilidade do espaço,
destacando os locais os quais possuem ou não acessibilidade para pessoas que
possuem alguma deficiência e/ou mobilidade reduzida.
Há área destinada para estacionamento com vagas para vinte e cinco
veículos, sendo elas para vinte automóveis e cinco ônibus, o terminal não tem
locais de travessia de pedestres e não é devidamente sinalizado com faixas ou
placas que indicam esse propósito
Objetivo do trabalho é analisar a infraestrutura e os serviços oferecidos da
rodoviária de Currais Novos, destaque para acessibilidade, limpeza, identificação
de acessos.
O tema abordado é de grande relevância é notável que existe uma baixa
quantidade de estudos publicados na área de transportes. Dessa forma, esse
estudo de caso aborda terminal rodoviário de Currais Novos, no qual é de
relevante importância para entender as necessidades dos usuários que utilizam
diariamente a infraestrutura do terminal.
METODOLOGIA
O estudo de caso ocorreu na rodoviária de Currais Novos localizada no
estado do Rio Grande do Norte. Para a elaboração do trabalho em questão foram
utilizadas algumas abordagens metodológicas com o objetivo de descobrir a real
situação atual da rodoviária de Currais Novos. A pesquisa contou com o método
qualitativo em seu questionário.
A fonte de dados foi um questionário qualitativo de cunho descritivo,
havendo dez pessoas entrevistadas, utilizado como roteiro de observação do
terminal rodoviário - elaborado pelos autores deste estudo - o mesmo dispõe de
perguntas relacionadas à segurança, acessibilidade, sinalização em geral e
informações turísticas, assim como perguntas direcionadas ao conforto,
alimentação e produtos de higiene necessários para os usuários do terminal. Para
a aplicação do questionário também foi necessário fazer visitas in loco para
melhor ampliação de informações e coleta dados.
DISCUSSÕES
123
A acessibilidade em um terminal turístico é de grande importância para os
moradores, visitantes e turistas que utilizam dos serviços rodoviários, pois irá
promover segurança e conforto para as pessoas que possui deficiência físicas e
limitações físicas. A cidade de Currais Novos, RN, encontrasse em 9º lugar da
cidade do estado do Rio Grande do Norte que possui maior quantidade de
deficientes. (IBGE, 2010).
Levando em consideração os dados do IBGE, entendesse que a
acessibilidade no terminal rodoviário é importante, para que as necessidades
básicas sejam atendidas para as pessoas que possuem alguma deficiência, desta
forma é importante que a acessibilidade esteja presente e seja adaptada para os
usuários de cadeiras de rodas, cegos, usuários de muletas e deficientes auditivos.
Desta forma o terminal rodoviário deve conter acessibilidade desde a entrada a
saída do estabelecimento rodoviário, lanchonetes e restaurantes devem ter
acessibilidade, os guichês das empresas de ônibus a bilheteria da estação
ferroviária também.
O terminal rodoviário de Currais Novos localizado no Rio Grande do Norte,
dispõe de acessibilidade parcial, havendo uma rota externa acessível, rampa,
estacionamento e calçada rebaixada, ser livre de obstáculos no seu ambiente,
porém falta acessibilidade nas lanchonetes não havendo uma altura adequada
para que os usuários de cadeiras de rodas possam se comunicar. Ressaltando as
qualidades dos banheiros para a acessibilidade é necessário que estejam
acessíveis no banheiro (vasos sanitários, pia e chuveiro) no entanto o banheiro da
rodoviária de Currais Novos não dispõem de condições mínimas para a
acessibilidade, havendo precariedade no espaço para os cadeirantes, onde o piso
não está apropriado, pois não é antiderrapante, a pia não está adequada em sua
altura.
Considerando a sinalização no terminal rodoviário de Currais Novos, não
existe nenhuma sinalização entre a área externa para facilitar o acesso aos
cadeirantes, para as pessoas que possuem deficiência visual, ou deficiência
auditiva. Levando em consideração que é essencial que a sinalização seja
eficiente para atender a demanda de pessoas que possui deficiências físicas ou
limitações, neste caso é necessário que haja sinalização através do símbolo
124
internacional de acesso, símbolo internacional de pessoas com deficiência visual,
símbolo internacional de pessoas com deficiência auditiva e símbolo de surdez e
cegueira.
Entretanto o banheiro deve dispor de segurança e conforto para os
deficientes físicos e visuais, pois os mesmos necessitam de espaços, por
exemplo, um deficiente físico irá necessitar de espaço para que a cadeira de roda
possa entrar no banheiro, deve haver as barras e piso antiaderente. O terminal
rodoviário de Currais Novos dispõe em seu banheiro público apenas uma barra de
apoio, porém não está no local adequado, o espaço do banheiro é muito pequeno
para que uma cadeira de rodas possa ter acesso, dificultando assim a locomoção
dos cadeirantes, o piso do banheiro não é antiaderente e dispõe de várias
precariedades.
É evidente as condições precárias da rodoviária, tendo em vista o espaço
para o acesso do banheiro, a falta de barra de apoio, não havendo então
segurança para as pessoas que possui deficiência física ou limitações físicas.
É importante ressaltar a necessidade de um piso antiaderente e os
cuidados com o piso no entorno do local da rodoviária, ficou evidenciado que a
rodoviária de Currais Novos não possui um piso antiaderente, havendo então uma
falta de segurança no local para as pessoas que possuem deficiências e
limitações físicas, podendo então ocasionar acidentes nos locais, entende-se que
além dos pisos antiderrapantes é essencial que haja tipos de sinalização tátil dos
pisos, sendo identificados como piso de alerta e o piso direcional, identificando os
acessos de telefone, caixas de correios, início e fim de escadas e embarque e
desembarque dos ônibus. É importante destacar que a rampas contidas na
rodoviária não possui uma inclinação adequada. Além disto é necessário possuir
pessoal capacitado para lidar com os deficientes, assim facilitando o acesso e
permanência no equipamento.
Em decorrência o que foi apresentado é importante que haja realização de
adaptações e reformas nos locais, a acessibilidade do terminal rodoviário de
Currais Novos é precária, falta de sinalização, falta de espaço adequado para os
deficientes físicos utilizarem o banheiro. Entende-se que essas precariedades irão
125
ocasionar risco para a segurança da população que utiliza os serviços rodoviários.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres as adaptações podem ser
realizadas, fica evidente que:
Utilizando a criatividade é possível realizar adaptações de forma a
garantir o conforto e a segurança necessária, por meio de intervenções
(obras) simples, que podem ser feitas rapidamente e com poucos
recursos financeiros. (2012, p.6)
Se adequar às normas impostas pela a ANTT é essencial, no entanto é
importante que o terminal rodoviário disponha de acessibilidade adequada para
todos, é importante oferecer segurança para o público.
RESULTADOS
O terminal rodoviário apresenta uma boa estrutura básica, mas possui
fragilidades em alguns quesitos para melhor atender os seus usuários. No
decorrer desse estudo de caso estará descrito sobre a infraestrutura e serviços e
em que pontos podem ser melhorados.
A infraestrutura do terminal rodoviário por ser de pequeno porte atende as
necessidades básicas, contendo rampas de acesso para pessoas com mobilidade
reduzida, banheiros, espaços para sentar, lanchonetes e guichês das empresas
de transportes rodoviários. O terminal atende a necessidades básicas, mas
precisa de melhorias para atender satisfatoriamente aos diversos tipos de usuários
que utilizam dos seus serviços.
O espaço externo do terminal rodoviário de Currais Novos é todo
contornado por calçada com piso liso. Ela ainda conta com iluminação própria,
porém na visita in loco foi possível observar que várias lâmpadas estavam
precisando ser trocadas, tendo em vista que várias lâmpadas estavam queimadas,
embora a rodoviária também conta com auxílio de postes de iluminação a troca
dessas lâmpadas são essenciais para o seu bom funcionamento, além disto o
terminal conta com uma área verde no seu entorno.
Para identificar esses pontos, foram realizadas visitas in loco no terminal
rodoviário como o objetivo de identificar e analisar o que foi avaliado por meio de
observação sistemática na infraestrutura do local. Dessa forma, nota-se a
126
necessidade de melhorias em alguns quesitos, como a adaptação dos banheiros,
disponibilizar de tomadas, internet e relógios, letreiros com informações gerais e
turísticas. Para essa melhoria, deverão ser realizadas coisas pontuais descritas
nesse trabalho e que vão melhorar na utilização do terminal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O interesse em medidas de acessibilidade deveria ter ganhado um aumento
devido à sua relevância já que o terminal rodoviário é utilizado diariamente por
diversas pessoas que precisam de um atendimento mais singular. É evidente que
algumas adaptações possam ser realizadas gastando pouco e obtendo resultados,
pois ficou evidente que o terminal rodoviário de Currais Novos necessita de
manutenção em seu local, levando em consideração questões sobre a
acessibilidade e infraestrutura, sendo necessário deixar claro as vagas específicas
para os deficientes físicos que necessitam de espaço para poder se movimentar.
É necessário que as rampas sejam adaptadas para a passagem segura do
deficiente físico, os banheiros necessitam identificação para o uso dos deficientes
físicos e visuais é essencial ter barra de apoio para a segurança dos usuários.
Portanto fica evidente que o terminal turístico de Currais Novos dispõe de
uma infraestrutura, mínima necessária, e necessita de manutenções, evidenciado
que é importante que haja reforma no espaço.
Palavras-chaves: Terminal Rodoviário. Turismo. Acessibilidade.
REFERÊNCIAS
Agência Nacional de Transportes. APRESENTAÇÃO DE PASSAGEIROS.
Disponível em: <http://www.antt.gov.br/passageiros/Apresentacao.html> Acesso
em: 01 de dez. de 2018.
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127
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DUNHAM, José Augusto. SINTERP- Simulador para terminais Rodoviários de Passageiros Intermunicipais: Contribuição para Avaliação do desempenho de Terminais Rodoviários do rio de Janeiro. Dissertação de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2008.
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PEQUENO, Edilene Adelino; BARROS, Lírria Vieira; SILVA, Lohrane Mayara Oliveira Ferreira da. Sistema de transporte rodoviário e turismo: uma análise na região turística do Vale dos Grandes Rios-TO. Turismo Contemporâneo, Natal, v. 4, n. 2, p.331-352, dez. 2016.
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Unric. ALGUNS FACTOS E NÚMEROS SOBRE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. Disponível em < https://www.unric.org/pt/pessoas-com-deficiencia/5459>. Acesso em 01 de dezembro de 2018.
128
Centro histórico de Natal: Temáticas emergentes nos noticiários online no
período de 2009 a 201989
Maria Klara Alvares de Melo90 ([email protected])
Luana Dayse de Oliveira Ferreira91 ([email protected])
Mozart Fazito Rezende Filho92 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Natal está localizada no Estado do Rio Grande do Norte, cidade turística
que vivenciou nos últimos anos uma complexa problemática social, a violência
urbana, com índices elevados e crescentes a cada nova estatística, sendo de 70,6
a taxa de homicídios + Mortes Violentas por Causa Indeterminada - MVCI para
cada 100 mil habitantes segundo o Atlas da violência de 2018. Além da violência
urbana, outras problemáticas sociais merecem a atenção do setor público, como o
aparente abandono ao centro histórico da cidade de Natal, situado na Zona Leste
constituído pelos bairros de relevância histórica e cultural como a cidade Alta,
Ribeira e alecrim, Santos Reis.
Diante dessas problemáticas, foi realizado um levantamento de notícias e
reportagens na plataforma da internet com o objetivo central de evidenciar quais
as temáticas mais presentes na mídia a respeito do Centro Histórico da cidade de
Natal/RN.
METODOLOGIA
Foi realizado um processo de coleta de dados secundários em web sites
jornalísticos onde buscou levantar os principais noticiários e reportagens
divulgados na plataforma da internet no período de 10 anos (2009 a 2019),
sobretudo, nas temáticas identificadas e abordadas como categorias emergentes
“Violência”, “Iniciativas público/privadas”, “Cultural”, “Estrutural”. No quadro 1 será
89
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo. 90
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 91
Mestre em Turismo pela UFRN. 92
Pós-Doutorado pela UFRN. Doutorado em Geografia, Planejamento e Política Ambiental pela
University College Dublin, Irlanda. Mestre em Planejamento e Gestão de Desenvolvimento Regional e Urbano em um programa Sanduíche entre a Universidade de Dortmund na Alemanha, e a Universidade de Dar es Salaam, Tanzânia. Bacharel em Turismo pela União de Negócios e Administração.
129
apresentado as principais características que corresponde cada categoria das
reportagens e noticiários identificados.
Quadro 1 – Características das categorias dos noticiários e reportagens
CATEGORIA DESCRIÇÃO
Violência Notícias relacionadas a episódios de criminalidade e violência urbana, bem como, divulgações de documentos contendo dados de índices de violência.
Análise estrutural Divulgação de documentos contendo dados gerais por bairros, tais como, econômicos, populacionais, sociais habitacionais.
Cultura Abordando informações sobre movimentos e eventos culturais realizadas nos bairros.
Iniciativas públicas/privadas
Informações sobre políticas de planejamento urbano, projetos de revitalização, manutenção estrutural, ações de iniciativa público/privada.
Fonte: Dados da Pesquisa (2019)
RESULTADOS
Diante desse cenário problemático do aumento da violência, ausência do
Estado e projetos de intervenção urbana, salienta-se a relevância de compreender
quais foram as mudanças instauradas na dinâmica social, econômica e cultural
vivenciadas na última década nos principais bairros de valor histórico e cultural de
Natal, sendo esses bairros, Cidade Alta, Ribeira, Rocas e Santo Reis, e para isso,
foi realizado o processo de coleta de dados secundários.
Dessa forma, foram levantadas 58 reportagens, na Figura 1 permite-se
evidenciar as principais categorias de noticiários de acordo com o levantamento
realizado.
Figura 1 – Categorias de noticiários do período de 2009 a 2019
130
Fonte: Dados da Pesquisa (2019)
Os noticiários sobre a temática da violência e criminalidade configura-se a
categoria com mais representatividade na mídia de acordo com o levantamento
realizado, correspondendo cerca de 43% das reportagens que foram divulgadas
sobre os bairros do Centro Histórico de Natal. Ressalta-se uma alta porcentagem
de notícias sobre a violência urbana nos bairros em estudo, no qual, é transmitida
para os residentes uma sensação de insegurança e medo da criminalidade, no
entanto, de acordo com OBVIO (2017) uma análise de números absolutos em
2017 no período de 1 de janeiro a 30 de setembro de 2017, os bairros da Zona
Leste de Natal apresentam-se com menor índice de Crimes Violentos Letais
Intencionais - CVLIs, sendo esses, Rocas (11 CVLIs); Santo Reis (6 CVLIs),
Cidade Alta (3 CVLis) e Ribeira (2 CVLis) .
As notícias sobre episódios de violência são pautas sempre muito
exploradas, por vezes, sustentam grande parte das edições jornalísticas, de
acordo com Corrêa (2009) é impossível deixar de notar que, praticamente todos
os noticiários inseridos na cultura de massa, os aspectos criminais ganham um
espaço no cotidiano das pessoas.
A segunda categoria mais representativa nas mídias jornalísticas
corresponde cerca de 40% sobre as notícias relacionadas a iniciativas públicas e
privadas realizadas nos bairros. Já os noticiários relacionados a informações
culturais correspondem apenas 9% das pautas, apresentando um número
consideravelmente baixo, uma vez que, trata-se de bairros que possuem uma
relevância histórica e cultural para a identidade da Cidade do Natal e que ao longo
dos anos essas características estão sendo esquecidas pela sociedade. Além
disso, a categoria que menos se destacou nos noticiários foi denominada como
“estrutural” apresentando 8% das notícias.
131
Dessa forma, compreende-se que as reportagens relacionadas às
temáticas da violência urbana, bem como, as ações e iniciativas públicas e
privadas compuseram as principais pautas midiática durante o período de 2009 a
2019, sendo interessante identificar de forma mais aprofundada quais foram os
conteúdos e informações que mais se sobressaíram a respeito dessas categorias,
sendo apresentados por meio das Figuras (2 e 3) a seguir.
Figura 2 – Conteúdos sobre a categoria de Violência
Fonte: Dados da Pesquisa (2019)
A partir da Figura 2, é possível identificar que os noticiários que mais se
destacaram foram os que abordaram a divulgação de dados sobre a violência de
forma geral da Cidade de Natal/RN, no qual, apresenta índices estatísticos e
análises sobre a criminalidade e segurança pública, destaca-se a importância da
veracidade das informações divulgadas e a maneira como são retratados esses
dados para a população, uma vez que, é por meio da transmissão desses
conteúdos que a sociedade possui conhecimento do atual cenário da violência
urbana na Cidade do Natal.
Dessa maneira, 32% dos noticiários divulgados pelos sites jornalísticos
possuem em suas reportagens situações de crimes como assaltos,
principalmente, de automóveis, empreendimentos particulares e em transportes
públicos que circulam na Zona Leste de Natal/RN, sobretudo, percebeu-se que a
Ribeira foi o bairro mais presente nas notícias de crimes como assaltos. Já
notícias relatando crime hediondo como homicídio correspondeu cerca de 16%
das reportagens destinadas aos bairros levantados na categoria de violência,
sendo Cidade Alta e Rocas os principais locais dos homicídios.
132
Já as notícias coletadas na categoria de violência sobre as operações
policiais realizadas nos bairros da Zona Leste correspondem cerca de 12%,
sobretudo, fazendo patrulhamentos nas principais vias com o objetivo de coibir
crimes de roubos de automóveis e a transportes públicos. Percebeu-se maior
frequência de notícias com ações policiais nos bairros Cidade Alta e Santo Reis.
A próxima categoria a ser apresentada de forma detalhada será a
denominada de Iniciativas públicas e privadas que correspondem os noticiários
que abordam informações sobre as ações tanto elaboradas quanto as
desenvolvidas pelo Poder público como também ações do poder privado. Sendo
assim, por meio da figura 3, é possível identificar um panorama dos conteúdos
midiáticos da categoria Iniciativa público/privado, no qual, percebe-se que as
notícias mais publicadas estão relacionadas aos projetos de intervenção
urbanística dos bairros históricos, apresentando cerca de 60% das reportagens,
havendo maior concentração de informações sobre os projetos de revitalização
ocorridos no bairro Ribeira e Cidade Alta.
Figura 3 – Conteúdos sobre a categoria iniciativas
Fonte: Dados da Pesquisa (2019)
De acordo com Rocha (2015) os primeiros passos para a os projetos de
revitalização urbana em Natal/RN tiveram início pelo bairro da Ribeira,
historicamente, seguindo uma tendência internacional que tinha como objetivo
fortalecer a capacidade competitiva e atrair investimentos por meio da gestão dos
centros históricos. Portanto, vários projetos de revitalização foram elaborados
destinados ao bairro da Ribeira que buscaram reverter o quadro de declínio das
estruturas sociais, econômicas, culturais. Já no bairro da Cidade Alta as ações de
revitalização têm como principal motivador um grupo de empresários que iniciaram
o projeto “Viva ao Centro”, diante desse panorama vivenciado nos dois bairros é
133
compreendido o fato dos principais noticiários da categoria de iniciativas
pública/privado seja voltada para os projetos de revitalização urbana cerca de
74%.
18% dos noticiários levantados na categoria de iniciativas públicas e
privadas são relacionados sobre os eventos culturais realizados no centro histórico
de Natal, principalmente, na Ribeira e na Cidade Alta. Por outra vertente, com o
intuito de realizações de eventos culturais por parte da iniciativa pública.
Ainda na categoria de Iniciativa pública e privada foi possível identificar que
4% dos noticiários são vinculadas às ações de melhorias de infraestrutura urbana
realizadas por meio da gestão pública. Além disso, 4% também das notícias foram
destinadas a divulgar projeto de qualificação para os comerciantes do Beco da
Lama, sobretudo, com curso de gastronomia, segurança alimentar e gestão de
idiomas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De forma geral, pode-se afirmar que as categorias de noticiários que mais
se destacaram durante o período de 2009 a 2019 foram as relacionadas a
violência urbana e as iniciativas públicas/privadas no que tange os bairros da Zona
Leste de Natal. Notou-se que por meio dessas reportagens um aspecto
importante: Ribeira e a Cidade Alta são os bairros da Zona Leste que mais estão
se sobressaindo em reportagens midiáticas, principalmente, quando o foco é a
busca pela valorização cultural e projetos de revitalização, esquecendo assim, os
demais bairros, como o bairro de Santo Reis e Rocas, que esteve presente nos
noticiários principalmente relacionados à violência urbana.
REFERÊNCIAS
Corrêa, F. B. (Agosto de 2009). Imaginário do Medo. Rio de Janeiro: Editora
Multifoco.
Norte, O. -O. (2017). Boletim Analitico: Setembro, a violência continua. Natal/RN:
OBVIO.
134
Rocha, L. R. (2015). REABILITAÇÃO URBANA NO BAIRRO DA RIBEIRA:
perspectivas de um centro urbano em transformação. Trabalho de Conclusão de
Curso Gestão de Políticas Públicas. Natal, RN, Brasil: Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.
135
Comunidade local e turismo: Estreitando relações93
Paulo Henrique Ferreira Lacerda94 ([email protected])
Ranieryson Viana de Freitas95 ([email protected])
Ilana Kiyotani96 ([email protected])
INTRODUÇÃO
No pensamento complexo, tudo está interligado, como uma trama de rede,
tendo não só as partes que a compõem como foco, mas também suas ligações e
resultados emergentes entre suas partes. Ou seja, de acordo com o paradigma
complexo, é preciso enxergar por mais de uma lente a realidade e entender que a
mesma não é resultado de uma única ação (MORIN, 2015). Assim é o turismo, um
fenômeno complexo que envolve uma gama de atores, atividades e questões que
se relacionam, formando o ecossistema turístico (BENI e MOESCH, 2017). Pensar
no turismo de maneira complexa implica em entender mais do que uma única
visão, valorizando a inclusão e participação social de todos nos processos de
planejamento e gestão da atividade.
Dessa forma, como os planejadores podem incluir a sociedade nestes
processos? Um dos primeiros passos é o estreitamento das relações entre
comunidade local e o turismo, a partir de seus atrativos, planejamento e
promoção. A relação do turismo, seus usuários e a comunidade se dá no espaço,
que, por sua vez, é construído por diversos bens dos quais o turismo se apropria.
Segundo González (2014), os bens públicos e comuns são os que mais a
população tem acesso. Os bens comuns e públicos são usados também pelo
turista, e isso é recorrente em toda destinação, são os chamados usos múltiplos.
O Estado enquanto responsável do bem estar social, tem o dever e olhar para
esses bens públicos, e equilibrar os efeitos positivos e negativos do seu uso.
93
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático em Planejamento e Organização em
Turismo. 94
Discente do curso superior em Turismo pela UFPB. 95
Graduado em Marketing Estratégico Sequencial pelo Instituto Paraibano de Ensino Renovado.
Graduado em Turismo pela UFPB. 96
Doutora em Turismo pela UFRN. Mestre em Geografia pela UFPB. Especialista em Análise
Ambiental pela Universidade Federal do Paraná. Bacharel em Turismo pela UFPB. Professora adjunta da UFPB.
136
A segregação socioespacial também é algo frequente em destinações
turísticas, sendo preciso estar atento a isso.A inserção da comunidade
respeitando sua autonomia, com ética e protecionismo, é dever do poder público
local, quando se seguem as diretrizes nacionais e supranacionais para o
desenvolvimento sustentável do turismo. Para Murta e Alabano (2002) é
importante que a comunidade construa um olhar sobre seus patrimônios,
possibilitando o pertencimento e uma nova gama de bens, podendo ser utilizados
na atividade turística. A comunidade enxerga e interpreta a sua cidade com um
olhar diferente da lógica do capital, pois nem sempre os bens “comercializados”
refletem a memória e o sentimento de pertencimento local. Para os autores, dessa
forma estimula-se o ouvir a comunidade em um processo contínuo de (re)
interpretar a cidade e seus bens.
O município de Petrolândia, no interior do estado de Pernambuco,
encontra-se numa fase de transição de cidade com potencial turístico para cidade
turística. Nesta fase é primordial que o planejamento seja feito de maneira
integrada, participativa e descentralizada, seguindo as diretrizes do Programa de
Regionalização do Turismo (PRT) (BRASIL, 2013). A participação dos diversos
atores envolvidos no planejamento turístico é necessária para tornar tal
planejamento exequível. Entretanto, segundo Endres (2012), em muitas
instâncias, conselhos e órgão gestores, não há uma participação efetiva e eficaz
dos diversos atores nas discussões sobre o turismo, ocasionando problemáticas.
A presença da sociedade civil é necessária para que de fato conquiste o
desenvolvimento sustentável local, dessa forma deve incentivar através de ações
essa participação na garantia de melhores resultados.
O Programa Casa das Juventudes, implantado desde 2010 pelo Governo
do Estado de Pernambuco, é uma política pública dedica aos jovens que tem o
objetivo de apoiar movimentos e coletivos locais, incentivando a participação, a
autonomia e os anseios individuais, assim como a formação cidadã e política.
Dentre os 93 municípios parceiros do governo estadual, o município de
Petrolândia é um dos que aderiram ao programa, e através da Secretaria de
Desenvolvimento Social, Cidadania e Juventude desenvolve atividades com a
juventude local, oferecendo um espaço de acolhimento, debates e serviços, o que
possibilita mudanças sociais. Em uma dessas atividades incentivou-se um olhar
137
local para os patrimônios da cidade através de roteiros de lazer, uma oportunidade
de vivenciar a cidade, em muitos dos casos, nunca antes oferecido e realizado
pelos jovens. Construindo uma ação de (re) ofertar a cidade a quem lhe é de
direito.
Diante do exposto, o presente trabalho tem objetivo geral de analisar as
atividades realizadas pelo Programa Casa das Juventudes em Petrolândia como
ferramenta de sensibilização e planejamento da cidade e do turismo. Dessa forma,
apresentando um breve histórico da cidade, descrevendo as atividades realizadas
e uma análise das percepções dos jovens participantes do programa. Como uma
maneira de verificar, na prática, vivências advindas da mudança territorial causada
pelo turismo, e utilizando o turismo enquanto fenômeno não somente econômico,
mas que valoriza a cultura local o que possibilita mudanças sociais e ambientais.
METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica foi o início para o entendimento e construção deste
trabalho, assim como nas ações e discussões com o público alvo. Buscou-se
artigos, livros, e revistas que tratassem dos temas: políticas públicas, participação,
patrimônio e pertencimento. Para limitar a empiria e dar um recorte territorial, a fim
de favorecer a aplicabilidade do questionamento das atividades, foram realizadas
visitas com os jovens participantes do Programa Casa das Juventudes em
Petrolândia, visando colocá-los em contato com o patrimônio da cidade. Essas
visitas foram construídas a partir de roteiros turísticos existentes, onde os atrativos
foram escolhidos estrategicamente de modo que fossem característicos do local e
possuíssem traços culturais marcantes. Assim, três atrativos turísticos da cidade
foram escolhidos: Trilha Ecológica no Serrote do Padre, visitação à Aldeia Angico
e a visitação ao Bico de Papagaio. Visitas a campo que ocorreram em abril de
2019, favorecendo a percepção dos roteiros turísticos e do planejamento do
turismo na região. Para avaliação das atividades e ações, foram aplicados
questionários estruturados no intuito de entender a percepção dos jovens que
visitaram os atrativos. Totalizaram-se 45 respondentes, cadastrados e
participantes do Programa Casa das Juventudes, esse regulamentado pela Lei nº
14.577/2011. Também foram utilizados roteiros em rodas de conversas informais
com os jovens, buscando considerações e feedback sobre as atividades de
maneira mais direta contribuindo para os resultados alcançados neste trabalho.
138
RESULTADOS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
município de Petrolândia está localizado no Sertão de Itaparica, em Pernambuco.
Tem cerca 39.492 mil habitantes e fica a 430 km da capital do estado, Recife,
principal destino turístico do estado. O município fica a 40 km de Paulo Afonso-BA,
cidade mais próxima que vem facilitando o turismo em Petrolândia por possuir o
modal aéreo. Atualmente, faz parte da Região Turística Ilhas e Lagos - uma das
14 regiões do estado de Pernambuco -, e mostra em sua estrutura pública a
institucionalização do turismo enquanto área de interesse desde o ano de 2011
com a criação do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) e a Secretaria de
Desenvolvimento Econômico e Turismo (SEDETUR). A história da cidade inicia-se
no século XVII com a formação de povoados. A luta das comunidades pelo espaço
e desenvolvimento do município está presente em alguns dos seus atrativos
turísticos, como na cidade submersa. Uma transformação vivida pelos moradores
com a construção da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga, o que os obrigou a deixar
suas casas e construírem uma nova cidade. A antiga cidade foi inundada pelo
Lago Itaparica com a construção da usina, trazendo um dilema e oportunidades
entre a nova e velha cidade de Petrolândia.
A Igreja submersa é um dos principais patrimônios e atrativos da cidade,
assim como as trilhas no Serrote do Padre, a visita à aldeia e ao Bico do
Papagaio, uma formação rochosa, à beira do rio, que parece um papagaio, ambos
estão inseridos em roteiros turísticos comercializados. As visitas ocorreram em
dias variados, sendo a Gruta do Padre, no Serrote do Padre a primeira vivência
dos jovens com os atrativos locais. O Serrote do Padre situa-se na zona rural do
município e está inserido na Reserva Indígena Pankararu. Nela, utilizou-se uma
trilha ecológica e atividades de ecoturismo de base comunitária, para contar a
história do município e da região. Percebeu-se o desconhecimento da história
local por 37 dos 45 jovens envolvidos nas atividades, o que ocasiona um
distanciamento do pertencimento em relação aos atrativos. Através da visitação a
Aldeia Angico, pertencente aos povos Pankararu, a história da luta pelo território
foi contada, discutindo questões sobre espaço, preservação de tradições e resgate
cultural. Os jovens puderam vivenciar a cultura indígena através da música, ritos,
artesanato, história oral e culinária. A visitação ao Bico de Papagaio, sinônimo de
139
beleza, foi o último atrativo visitado, possibilitando uma maior interação com
natureza, e percepção do fluxo turístico na região e questões ambientais. Após a
vivência dos roteiros, questionaram-se como os mesmos jovens enxergam o
turismo e a importância da atividade para valorização da memória e patrimônios
da cidade.
Dessa forma, segundo os entrevistados o turismo é uma atividade
importante para o município economicamente, e os roteiros turísticos foram
considerados, para além da questão de lazer, uma ferramenta de sensibilização
turística e educação patrimonial para própria comunidade. Construindo um novo
olhar para os atrativos, e uma oportunidade de aperfeiçoar o planejamento
turístico realizado pelo poder público e setor privado. Críticas também foram
levantadas pelos entrevistados, que contribuem para o planejamento da atividade.
Percebeu-se a falta de conexão entre os atrativos, dificuldades de acesso, e
infraestrutura de apoio para visitação dos locais, como sinalização, transporte e
pontos de apoio.
Os resultados das atividades realizadas com os jovens mostram que houve
um início de interação da comunidade local com os atrativos, e que essas
interações - em diferentes níveis - se mostram benéficas para os participantes. Os
resultados também apontam que o turismo no município tem um grande potencial;
devido às percepções geradas a partir das visitações dos atrativos. Uma das
potencialidades é o Lago de Itaparica que, além de importante para economia da
cidade, se mostra frágil, pois é o que sustenta o lazer, turismo, piscicultura e
agricultura na cidade, merecendo um melhor planejamento.
Os roteiros, quando avaliados, puderam mostrar que existem grandes
possibilidades de serem utilizados para o turismo pedagógico, ecoturismo e
turismo de base comunitária. A utilização de roteiros pode ser caracterizada
enquanto metodologia ativa, pois coloca os jovens ouvintes em situação ativa no
processo de aprendizagem com as comunidades visitadas. Os roteiros ainda se
mostraram uma metodologia alternativa para contar a história da cidade, não
apenas para os de “fora”, mas para a própria comunidade.
140
Roteiros turísticos pensados para o turista podem servir como um
patrimônio a mais para as comunidades receptoras, unindo o conhecimento,
ensinamento, cultura e interação ambiental entre pessoas e seus espaços que
foram apropriados pelo turismo, trazendo uma sistematização entre espaço
turístico e lugar para a comunidade, e trabalhando a sensibilização turística. De
outra forma, constroem-se também novas oportunidades de roteiros ao estimular a
vivência e o olhar para/com os locais. Por fim, a experiência se mostrou uma
maneira de trabalhar a educação patrimonial no município por meio dos atrativos
escolhidos e ainda sendo possível de ser parte integrante de um futuro programa
de sensibilização para o planejamento turístico no município.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em uma comunidade o turismo traz benefícios além dos econômicos. O
trabalho mostrou que utilizar o turismo com um caráter inclusivo é alternativa
viável; pensar em questões culturais, sociais e ambientais não apenas enquanto
modificadas negativamente pelo turismo, mas enquanto esferas possíveis de
serem valorizadas por meio do mesmo. Trabalhar a percepção da comunidade
acerca do turismo e usar as estruturas e modificações espaciais ocasionadas por
este terminou sendo um mecanismo dinâmico de interação comunitária e turismo.
As atividades propostas pelo Programa Casa das Juventudes se mostram tão
eficientes em seus propósitos de proporcionar o lazer, conhecimento e
sentimentos de pertencimento aos jovens que foram incluídas no calendário
efetivo do programa. Foi elaborado um projeto piloto e entregue a Secretaria de
Desenvolvimento Social, Cidadania e Juventude e a Secretaria de Turismo de
Petrolândia que amplia a questão de roteiros turísticos vivenciado pela
comunidade local. As atividades proporcionaram uma interação e o contato
primário com parte das histórias e culturas local, possibilitando uma relação de
pertencimento, assim como o incentivo à participação popular nas decisões sobre
o turismo. A boa interação entre a comunidade e o seus bens públicos e comuns
além de ajudar a preservar o destino turístico, ajuda a reduzir os impactos
negativos da atividade na destinação.
Palavras-chave: participação, turismo, Petrolândia, planejamento, sensibilização turística.
REFERÊNCIAS
141
BENI, Mario Carlos; MOESCH, Marutscka. Ciência do Turismo. Revista Turismo
& Desenvolvimento. v. 25, p. 9-30, 2017. Disponível em:
<https://www.redalyc.org/pdf/2610/261056114003.pdf>; Acesso em: 02 de agosto de 2019.
BRASIL. MTUR-MINISTÉRIO DO TURISMO DO BRASIL. Programa de Regionalização do Turismo. Brasília, 2013.
ENDRES, A. V. As políticas de turismo e os novos arranjos institucionais na Paraíba/Brasil. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política. Florianópolis, SC, 2012.
GONZÁLEZ, María Velasco. Governança turística: políticas públicas inovadoras ou retórica banal?. Caderno Virtual de Turismo, v. 14, 2014.
Ed.: UFMG ;Território Brasilis, 2002.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo.(2015). Tradução Eliane Lisboa.(5. Ed.). Porto Alegre: Sulina.
MURTA, Stela Maris; ALBANO, Celina. (org) Interpretar o Patrimônio: Um exercício do olhar.org. Belo Horizonte. Ed.: UFMG ;Território Brasilis, 2002.
142
Em busca de uma cidade sustentável: As ações de ecourbanismo no Espaço
Turístico de João Pessoa- PB97
Paulo Henrique Ferreira Lacerda98 ([email protected])
Ranieryson Viana de Freitas99 ([email protected])
Ilana Kiyotani100 ([email protected])
INTRODUÇÃO
As cidades vêm vivenciando transformações urbanas de maneira acelerada
em algumas regiões do país. Transformações espaciais que alteram as relações,
priorizando interesses e necessidades individuais aos coletivos, e modificando as
percepções sobre atividades econômicas, transformando fomentando cidades
artificiais e insustentáveis. Uma cidade sustentável é aquela (re) planejada como
um espaço de todos, sem privilégios. Portanto, baseado no modelo de
Desenvolvimento Urbano Sustentável, coloca-se em prática ações que favoreçam
as necessidades, qualidades e condições ambientais em primeiro lugar. Diante do
contexto político, social e ambiental em que vivemos, cidades passariam a ser
centradas não apenas no homem, mas em sua relação com o meio, gerando
melhoria na qualidade de vida e buscando novos modelos de urbanização
(BRASIL, 2015; KANASHIRO, 2004), enfrentando e adequando-se a problemas
mundiais como a pobreza, urbanização, degradação, valorização e segregação do
espaço, com objetivo de tornarem-se cidades mais justas e habitáveis. Dessa
forma, foge-se da lógica de um produto negociável a qualquer custo, uma
“máquina de riqueza”, onde todo o planejamento é ditado pelo capital, que
estimula o surgimento de cidades atraentes para o consumo e a competição.
Também vai de encontro ao conceito trazido por Pippi et al (2003) das cidades
sitiadas, que por serem desarticuladas ocasionam problemas socioambientais
(ARANTES; VAINER; MARICATO, 2013). Devido ao mau planejamento, as
cidades continuam seguindo uma lógica econômica, distanciando-se de modelos
97
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização em Turismo 98
Discente do curso superior em Turismo pela UFPB. 99
Graduado em Marketing Estratégico Sequencial pelo Instituto Paraibano de Ensino Renovado.
Graduado em Turismo pela UFPB. 100
Doutora em Turismo pela UFRN. Mestre em Geografia pela UFPB. Especialista em Análise
Ambiental pela Universidade Federal do Paraná. Bacharel em Turismo pela UFPB. Professora adjunta da UFPB.
143
baseados na condição humana. A urbanização favorece esse distanciamento
através de modelos saturados, muitos deles frutos da atividade turística presente
em espaços da cidade. O Turismo, como uma atividade importante no
desenvolvimento econômico e social, torna-se ao mesmo tempo responsável e
impactado por transformações urbanas, pois utiliza o território da cidade como
mercadoria. Considerando áreas entre a dispersão, deslocamento e atração, o
espaço turístico é planejado para atrair e satisfazer um determinado público. Para
Boullón (2002) o espaço turístico é percebido através da ação e interação entre
elementos dentro do espaço, sendo esses: os homens, as firmas e instituições, a
infraestrutura, o meio ecológico e os atrativos turísticos, também passíveis de
gerar problemas urbanos nas cidades (RODRIGUES, 1997). Para planejar as
cidades, de acordo com Kanashiro (2004), é preciso um olhar atento às questões
ambientais, repensando modelos urbanísticos ultrapassados e incentivando a
participação da sociedade através da descentralização de poder, construindo
novos instrumentos e políticas públicas que busquem equalizar interesses e uso
consciente de recursos e do meio ambiente. O plano Iniciativa Cidades
Emergentes Sustentáveis (ICES), incentivado pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), é um dos que impulsionam ações de ecourbanismo. João
Pessoa, terceira cidade mais antiga do país, participa desse projeto desde 2014,
visando transformar a cidade para o futuro através de mudanças na produção do
espaço, com a participação da sociedade civil, setor produtivo e a academia. O
ecourbanismo é considerado estratégia de atuação baseada na sustentabilidade,
favorecendo o planejamento urbano e soluções para os problemas e impactos
sociais e ambientais. De forma equilibrada, incentiva o bem estar das pessoas,
melhoria de vida e preservação de recursos, repensando como vivemos e
construímos as cidades. Para Pippi et al (2003), planejar melhor as cidades,
seguindo princípios que estimulem a participação da comunidade, a mobilidade, o
uso eficaz dos recursos, a relação do homem com o meio ambiente, a
sociabilidade, a construção de políticas de revitalização de espaços e habitação, é
importante para construção de cidades sustentáveis, além do uso de tecnologias e
novos materiais, para obter resultados eficazes e em prol da coletividade. Todos
esses princípios devem estar presentes nas cidades, sendo estimulados por
diversos atores, inclusive o mercado turístico, buscando novas práticas em relação
ao meio ambiente e a população local para além da simples sigla “eco”. Diante do
144
exposto, será que é possível encontrar ações de ecourbanismo no espaço turístico
de João Pessoa? De que maneira tais ações apresentam-se e contribuem para a
busca de uma cidade sustentável? Dessa forma, o objetivo deste trabalho é
apresentar as ações de ecourbanismo presentes no espaço turístico da cidade, de
acordo com os princípios propostos por Pippi et al (2003) e Kanashiro (2004). Tais
princípios são fundamentais no permitir que as cidades sejam planejadas para as
pessoas, trazendo de volta a harmonia entre os homens, e entre os homens e
natureza.
METODOLOGIA
O levantamento de referências bibliográficas em artigos, livros, revistas e
sites na internet foram necessários para construir esse trabalho e as discussões
de planejamento do espaço, urbanização e turismo. Utilizou-se os princípios de
ecourbanismo abordados e propostos por Pippi et al (2003) e Kanashiro (2004)
como: mobilidade, acessibilidade, recursos, participação, comunidades,
revitalização e o lado “eco” do turismo, como modelo para leitura do espaço
turístico de João Pessoa, e definição de uma cidade sustentável. Realizou-se
pesquisas de campo durante os meses de Abril a Setembro de 2018 e de Abril a
Agosto de 2019, como parte de visitas técnicas que possuíam os locais
apresentados nesse trabalho como objeto de estudo. Pesquisa de campo
delimitada e baseada no entendimento de Boullón (2002) sobre espaço turístico,
tendo em vista que, para o planejamento da cidade, a Prefeitura Municipal, através
do Mapa de Zoneamento, considera espaço turístico as zonas ZT1 e ZT2. Dessa
forma, apenas os bairros de Cabo Branco, Tambaú e Manaíra, se enquadram
nesse recorte. Foi realizada uma pesquisa documental por meio de mapas,
projetos e documentos da Prefeitura Municipal de João Pessoa e órgãos públicos
disponíveis. Assim como a participação em audiências públicas no que tangia às
discussões sobre planejamento urbano na cidade, turismo e políticas públicas, e
conversas informais com gestores no setor de turismo, moradores, e participantes
dessas audiências, favorecendo maior entendimento sobre as ações encontradas.
RESULTADOS
A cidade de João Pessoa possui mais de 810 mil habitantes, e desde a
década de 40 vem passando por processos de expansão, dando lugar a novos
bairros, espaços públicos e a problemas sociais e ambientais. Sua dinâmica é
145
ditada por ações do poder público, assim como do setor privado, que conduz à
valorização de espaços em detrimento de outros. Na atividade turística, destaca-
se como um destino do segmento de sol e mar, e recentemente do turismo de
negócios e eventos. A cidade não possui corredores turísticos criados para facilitar
o fluxo de turistas, entretanto, algumas ruas e avenidas são utilizadas para esse
fim, como: Av. Presidente Epitácio Pessoa, Av. Ruy Carneiro, Av. Nossa Senhora
dos Navegantes, Av. Almirante Tamandaré e Av. Beira Rio. Por essas, são
possíveis analisar a mobilidade, uma preocupação de médias e grandes cidades.
Percebe-se que a cidade sofre com o fluxo crescente de carros, mas vem
incentivando novas formas de transitar. Há um contínuo projeto de recuperação de
vias, faixas exclusivas para ônibus de transporte coletivo, mais faixas de
pedestres, construção de ciclovias e ciclofaixas, melhoria na sinalização e
iluminação, buscando facilitar o escoamento do trânsito. Há aproximadamente 21
ciclovias pela cidade, uma malha de 60. A Avenida Beira Rio é um desses
exemplos, recebeu uma ciclovia que liga a orla ao centro, e uma padronização de
canteiros centrais e calçadas, introduzindo uma reeducação urbana, onde se
prioriza o pedestre. O mesmo ocorreu na orla, onde se diminui as faixas para os
carros, construindo parklets, ciclovias e ciclofaixas, incentivando a prática de
esportes e a sociabilidade. Aos domingos, a Av. Epitácio Pessoa tem uma faixa
dedicada ao uso das bicicletas. O transporte público carece de investimentos e de
manter direitos já conquistados, como pagamento de meia passagem para
estudantes e gratuidade para aposentados e pessoas com necessidades
especiais. A criação de faixas especiais para ônibus facilita a mobilidade na
cidade, porém é preciso pontuar a falta de paradas de ônibus em trechos das
principais vias e informação sobre os trajetos e linhas. O uso de tecnologias de
transporte vem crescendo com apps que facilitam as informações de itinerário e
atualização de dados pela Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOB). É evidente
também a falta de espaços públicos nas comunidades e bairros, e os poucos
existentes não favorecem relações entre os moradores, e moradores e a natureza,
assim como os visitantes. Perceber-se que a orla é o principal espaço de
socialização comum a todos. Novos espaços de socialização tendem a fazer parte
do processo de revitalização e requalificação de áreas, uma política do poder
público municipal, que segundo a Secretaria de Turismo (SETUR-JP), o centro
tornou-se o foco nesse processo de revitalização nos últimos anos, para a
146
secretaria, são áreas marginalizadas e esquecidas que merecem o resgate.
Praças e parques vêm sendo requalificados e revalorizados, como a Praça da
Independência, o Pavilhão do Chá e o Parque da Lagoa, alguns ainda não
conseguem atrair um maior fluxo de pessoas, fomentando a revitalização da
região. Tal política de “revitalização” vem gerando críticas de setores da sociedade
civil e organizada, como a Vila Sanhauá e o Parque Ecológico Sanhauá, ambos
em áreas históricas da cidade, pois incentivam um processo de gentrificação
disfarçados no slogan de “devolver o centro para cidade”, sem considerar a
existência de comunidades locais que ali residem, que serão retiradas em prol de
um parque com viés turístico, comercial e da especulação territorial. A cidade
ainda carece de espaços públicos mais integrados e verdes, que valorizem a
qualidade de vida, são exemplos os parques Pharayba I e II, no bairro do Bessa,
expandindo o espaço turístico. Nesse processo, percebe-se a existência de
comunidades participativas, que buscam seus direitos e enxergam a cidade por
outras óticas, em comparação com a população total, são poucos os pessoenses
que lutam, resistem e insistem por uma cidade melhor. Associações e Ongs, como
Amigos da Barreira, Porto do Capim em ação, Minha Jampa entre outras,
fiscalizam o poder público, cobram ações e participam das políticas públicas. Ao
pensar no lado “eco” do turismo, a cidade precisa buscar desenvolver melhor
práticas de ecoturismo, há pouca interação entre turistas e os espaços naturais,
muitos ainda desconhecidos. A hotelaria vem modificando a forma de se
apresentar e constitui-se como importante exemplo da preocupação com a
sustentabilidade, exemplo disso tem-se o Hotel Verde Green, tendo todas as suas
ações voltadas para práticas ecourbanísticas, como a utilização de tecnologias e
aproveitamento de novos materiais e recursos disponíveis. Desde 2008, há um
projeto intitulado “Não Vai pelo Ralo”, que une cerca de 50 restaurantes no
descarte consciente de óleo de cozinha, evitando o despejo nos rios e mar através
do saneamento básico da cidade. A participação da sociedade é necessária nas
decisões para uma cidade sustentável, mas muitos projetos são criticados pela
falta de dar voz a comunidades e organizações, o Parque Ecológico Sanhuá e
reforma da orla da cidade são exemplos. O município possui uma lei que limita a
altura dos prédios da orla, criando um escalonamento necessário para gerar
qualidade de vida. A orla da cidade recebeu recentemente placas informativas que
permitem a cidade torna-se mais legível a todos.
147
CONSIDERAÇÕES
A cidade onde o sol nasce primeiro vem se planejando para o futuro e o
turismo tem o papel de participar com maior ênfase nesse planejamento e
urbanização, pensando os espaços pela ótica da sustentabilidade. João Pessoa
faz parte do Projeto Cidades Emergentes e Sustentáveis do BID, que pretende
planejar a cidade para alcançar 1 milhão de habitantes, em menos de 30 anos,
investindo na qualidade de vida das pessoas e da gestão. Mais que dados,
percebe-se investimento público na mudança do espaço urbano, com ações
consideradas ecourbanísticas que vêm facilitando o ir e vir de todos, e o desejo de
apreciar a cidade e habitá-la. Contudo, há desafios como instruir a participação, a
construção de espaços melhor planejados, e um olhar para comunidades que já
vivem segregadas na cidade desarticulada - criada pelas políticas públicas ou sua
falta. Arquitetos, gestores, urbanistas e planejadores, precisam interpretar a
cidade e planejá-la para todos, aliando a seus genius loci - como diz a carta de
Atena - no planejamento para o futuro. João Pessoa está a caminho de uma
cidade sustentável, construindo esforços para espaços de igualdade, inclusão e
justiça socioambiental. O espaço turístico da cidade vem se ampliando,
demonstrando a necessidade de um olhar atento para atividade, evitando
problemas e criando soluções.
Palavras-chave: ecourbanismo, planejamento urbano, turismo, João Pessoa
REFERÊNCIAS
ARANTES,Otília; VAINER, Carlos B.; MARICATO,Ermínia. A cidade do pensamento único, Petrópolis, Vozes. 2013
BOULLÓN, Roberto C. Planejamento do espaço turístico. Editora da Universidade do Sagrado Coraçao, 2002.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente Sustentabilidade urbana: impactos do desenvolvimento econômico e suas conseqüências sobre o processo de urbanização em países emergentes: textos para as discussões da Rio+20: volume 3 habitação social e sustentabilidade. Tarcisio Nunes et al (org.) Brasília: MMA, 2015.
KANASHIRO, M. Da antiga à nova Carta de Atenas − em busca de um
paradigma espacial de sustentabilidade Desenvolvimento e Meio Ambiente. 2004.
Editora UFP
148
PiPPI , Luis Guilherme Aita et al. A Aplicação da sustentabilidade no ambiente urbano. In ENECS 2003 – ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE CIENCIAS SOCIAIS, Brasília, 2003. Anais... Disponível: http://www.avaad.ufsc.br/moodle/file.php/32/hiperlivro_caminhos/Eco_e_Novo_Urbanismo/eco_urbanismo/GuilhermeENECS2003_-_sonia.pdf> acesso em: 28 de Mai de 2018.
RODRIGUES, Adir B. (org.). Turismo, modernidade e globalização. São Paulo: HUCITEC, 1997.
149
Empreendimento turístico de impacto social: Uma análise do potencial da
Fazenda Caju, sob o ponto de vista da comunidade local101
Francisco Henrique Bezerril de Lima102 ([email protected])
Marília Medeiros Soares103 ([email protected])
INTRODUÇÃO
A globalização é um dos principais fatores responsáveis por constantes
mudanças no âmbito social, político e econômico. Com isso, se faz necessário à
organização da sociedade rumo ao fortalecimento e desenvolvimento local para
proporcionar relevância econômica e social das comunidades. Como também, o
empreendedorismo de impacto social unido ao turismo, junto ao desenvolvimento
da economia. Unidos tornam-se razões importantes dentro da temática
empreendedora para estabelecer o desenvolvimento econômico numa região
promissora. Nessa perspectiva de atingir rentabilidade com o turismo, surgem,
assim, novas tendências que elevam a prática alternativa sustentável do turismo,
uma delas é o turismo com amplitude social dentro das áreas rurais.
Para Silva, Vilarinho e Dale (1998), o turismo em áreas rurais é considerado
no Brasil como uma nova fonte de geração de emprego e renda para as famílias
que vivem no campo, isso significa uma nova alternativa diante dos resultados não
satisfatórios da agricultura. Trazer atividades urbanas para territórios rurais é
considerada uma atitude que defendem as comunidades dos grandes prejuízos
que os grandes investimentos deixam nessas áreas.
Dessa forma, a presente pesquisa aborda o empreendedorismo de impacto social
relacionado com o turismo e o artesanato. Juntos, possuem potencial para
fortalecer comunidades localizadas em áreas rurais. Este trabalho pretende
apresentar as atribuições que definem o empreendedorismo social, destacando a
101
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização no Turismo. 102
Graduado em Turismo pela UFRN. 103
Mestre em Geografia pela UFRN. Especialista em Planejamento e Gestão de Eventos pela FAL.
Bacharel em Turismo pela UFRN.
150
possibilidade da inserção do turismo rural, e mostrar por que esse tipo de turismo
se diferencia do turismo convencional.
Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho é analisar o potencial da
Fazenda Caju situada na comunidade de Riacho da Goiabeira, enquanto
empreendimento turístico no que tange ao empreendedorismo de impacto social,
sob o ponto de vista de uma comunidade local. À proporção que os objetivos
específicos são conhecer as impressões da comunidade de Riacho da Goiabeira
em relação à propriedade; observar o nível de interesse dos moradores em
trabalhos com artesanato e identificar o nível de qualificação da comunidade em
relação à produção da economia criativa.
Os resultados apontam interesse de forma relevante da comunidade no
enquadro participativo do impacto social refletido pela Fazenda Caju, perfazendo o
alcance por meio de cursos que evoquem a participação dos autóctones sob o
aspecto cultural no que provoca o pertencimento territorial dos moradores. Dessa
forma o estudo tende a fornecer subsídios para o empoderamento como forma de
desenvolvimento do espaço rural, principalmente para as mulheres, representando
a maioria dos entrevistados durante a pesquisa.
METODOLOGIA
Como método de pesquisa para a caracterização do presente trabalho, será
adotado uma abordagem exploratória, feito com o auxílio de revisão bibliográfica
para apoiar e analisar os pontos abordados na pesquisa, que serão levantados
através de uma coleta de informações com os moradores da comunidade Riacho
da Goiabeira na cidade de Ceará-Mirim/RN.
De acordo com Severino (2002), a pesquisa apresenta também caráter qualitativo,
por abordar de maneira exploratória determinado assunto, isto é, estimula a busca
de percepções e espaço para novas interpretações. Para a realização da pesquisa
foi realizado um estudo de caso. Conforme Yin (2001) o estudo de caso é uma
estratégia de pesquisa que compreende um método que abrange tudo em
abordagens específicas de coletas e análise de dados.
151
O instrumento de coleta de dados e informações será através de
questionários. Os questionários serão realizadas com os moradores de Riacho da
Goiabeira, utilizando um roteiro com 8 questões entre fechadas e abertas,
realizadas com os sujeitos da pesquisa, principalmente mulheres.
Foram entrevistados 39 pessoas, para investigar a ótica dos entrevistados
sobre a Fazenda Caju, os interesses em cursos de artesanato e laticínios e a
possibilidade de receber visitantes na fazenda e no seu entorno. Os questionários
foram realizados em dois momentos. A primeira aplicação dos questionários
aconteceu antes da realização do primeiro curso sobre laticínios e o segunda
aplicação foi realizado após a realização do curso.
RESULTADOS
Portanto, diante da aplicação dos questionários, os resultados apontam,
que a comunidade vislumbra melhorias para as condições de vida atual dos
moradores, pois de acordo com a realização do mesmo antes do primeiro curso, a
expectativa das pessoas que demonstraram interesse em participar foi muito
grande. Dessa forma, o interesse pelos cursos converge na valorização do capital
humano pela ótica de Zapata (2007), onde a busca da atuação por meios das
suas habilidade e competências valoriza o social, a cultura do ambiente em que
vivem. Isso significa dizer que as ações de qualificação podem viabilizar melhorias
para o desenvolvimento do meio rural da localidade, para que possa estabelecer a
promoção dos recursos endógenos, tendo o valor social em primeiro lugar, com o
objetivo de diminuir as desigualdades.
Com a aplicação dos questionários a partir do segundo momento, ou seja,
após o primeiro curso, constatou-se percepções em alguns entrevistados que não
participaram do primeiro curso, e que souberam da realização do curso de manejo
de produtos derivados do leite, afirmando-se que o curso provocou estímulos nos
participantes da pesquisa, o qual relatou-se o surgimento em conhecer a fazenda,
interesse em fazer o curso ou até mesmo outros cursos relacionados ao ambiente
em que vivem, exemplo, cursos de doces que aproveitassem as frutas da região,
artesanato, e até mesmo ideias, conforme uma entrevistada:
152
“A Fazenda Caju precisa de uma organização de mulheres para ajudar a
evoluir a fazenda.”
A frente ao que foi exposto é possível captar a necessidade e/ou
possibilidade de empoderamento dos sujeitos desta pesquisa, onde segundo Sen
(2000) é o fortalecimento dos atores sociais, constituídas em processos contínuos
no entorno das comunidades. Assim, as ações da fazenda enquanto negócio de
impacto se inscrevem num processo essencialmente pautado nas dimensões do
desenvolvimento sustentável: social, econômico e ambiental a partir do ponto de
vista da comunidade local, no que pode contribuir para a microeconomia local e
para a sustentabilidade das relações de poder do território onde a comunidade
está inserida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O empreendedorismo é considerado uma prática transformadora de ideias
em realidade, capaz de mudar para melhor a vida das pessoas, é mudar a ordem
das coisas para se atingir os objetivos propostos por um negócio. São muitas as
conceituações a respeito do empreendedorismo, assim como suas vertentes
explicitadas nesta pesquisa.
O presente estudo procurou analisar o potencial da Fazenda Caju enquanto
negócio de impacto social voltado para o turismo, sob o ponto de vista da
comunidade de Riacho da Goiabeira, em Ceará-Mirim. Conforme se pode
observar ao longo do desenvolvimento deste estudo, os resultados permitem
concluir que a comunidade é receptiva no tocante à visitação de turistas para a
fazenda, como também para o seu entorno, confirmando o seu potencial como
negócio de impacto, o qual evidencia a possibilidade de empoderamento como
diferencial de desenvolvimento sustentável da comunidade.
Conforme já exposto, os problemas sociais causados pela deficiência do
poder público são as principais motivações para empreendedores sociais
buscarem as soluções para a construção de uma sociedade menos
desequilibrada. Para isso os negócios de impacto social emergem a fim de unir a
lucratividade em conjunto com a sociedade como medida de desempenho deste
tipo de negócio.
153
Mediante aos questionários analisados verifica-se que os resultados
encontrados apresentam percepções relevantes a partir dos moradores
entrevistados sobre o desenvolvimento local endógeno voltado para os espaços
rurais.
Palavras-chaves: Turismo. Comunidade. Fazenda Caju.
154
Entre redes: Os atores e o turismo na cidade de Areia -PB104
Paulo Henrique Ferreira Lacerda105 ([email protected])
Ranieryson Viana de Freitas106 ([email protected])
Ilana Kiyotani107 ([email protected])
Ana Valéria Endres108 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Basta um olhar atento para enxergar como a sociedade passa a
estabelecer sua dinâmica através das redes. Desejando ou não, vivemos em
redes. Um sistema de relações, ora visível ora não, que influencia, organiza e
regula a vida dos indivíduos e de toda sociedade. Estão inseridos na sociedade e
em suas redes atores, interesses, organizações e hierarquias, costumes e
obrigações, modos, princípios e valores. Redes são “um sistema de nodos e elos,
uma estrutura sem fronteiras (...) de apoio” (Marteleto, 2004), são conexões, teias
de fácil e difícil entendimento, havendo trocas e potencializando recursos, um
sistema vivo baseado em objetivos (Silveira, 2013). Vivemos em redes, das mais
comuns e rotineiras no dia a dia da sociedade, às mais complexas. A partir da
década de 90 no Brasil, as redes começam a ser utilizadas como instrumento de
mudança organizacional da sociedade e estratégia de desenvolvimento local.
Incentiva-se uma nova relação entre Estado e sociedade civil, favorecendo a
existência de instâncias e mecanismos de participação institucional. O turismo
passa a utilizar a formação de redes como estratégia de planejamento e
implementação da atividade em localidades. Com a criação de planos e
programas que mobilizam atores, estimulando a criação de conselhos e
104
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo. 105
Discente do curso superior em Turismo pela UFPB. 106
Graduado em Marketing Estratégico Sequencial pelo Instituto Paraibano de Ensino Renovado.
Graduado em Turismo pela UFPB. 107
Doutora em Turismo pela UFRN. Mestre em Geografia pela UFPB. Especialista em Análise
Ambiental pela Universidade Federal do Paraná. Bacharel em Turismo pela UFPB. Professora adjunta da UFPB. 108
Doutora em Sociologia Política pela UFSC. Mestre em Planejamento do Desenvolvimento pela
UFPB. Especialista em Ecoturismo (UFPA) e Desenvolvimento de Áreas Amazônicas (UFPB). Graduada em Turismo pela UFPA.
155
instâncias, e uma gestão colaborativa e descentralizada. Os atores da sociedade
como setor público, setor privado e sociedade civil têm suas responsabilidades e
estabelecem redes de confiança e poder, buscando um equilíbrio nas decisões em
prol da atividade turística, tendo o Estado o papel da construção de políticas
públicas que permitam e legitimem a participação. A cultura participativa está
presente no Programa de Regionalização do Turismo (PRT), que desde sua
criação em 2003 vem se atualizando para promover um turismo mais sustentável.
As cidades e comunidades devem utilizar as redes para atingir a governança,
poder e desenvolvimento local, esses somente obtidos através das relações
(BRASIL, 2013). No turismo as instâncias de governança ou Fóruns são redes que
geram recursos e empoderamento. Apesar das relações horizontalizadas, ainda
há relações centralizadas e unidirecionais nos espaços de participação,
dependentes do Estado ou do setor privado, grupos que retém informações e
poder, e influenciam decisões. Para Marteleto (2004) é necessário estudar e
considerar todas as relações de poder dentro de uma rede. Entende-se que a
dinâmica da rede, as informações e o poder podem interferir nos objetivos e
resultados. É necessário enxergar as redes através dos indivíduos/organizações e
suas relações, que podem ser construídas por razões pessoais, econômicas,
sociais ou sobre outros interesses, carecendo ser analisadas de diversas formas.
A Análise de Redes Socias (ARS) é um instrumento que possibilita a interpretação
da estrutura, demonstrando que tais relações oferecem e limitam oportunidades e
ações. O turismo vê na formação de redes a oportunidade de conquistas e
formalização do setor, e ao longo do tempo atores e instituições vêm criando
oportunidades de melhorar a participação da sociedade. Silveira (2013) ressalta
que parcerias e trocas de informações são importantes para construção de redes
dinâmicas e alcance dos objetivos. Mesmo havendo a desmotivação, a
morosidade, o clientelismo e outras problemáticas que causam uma participação
ineficaz, de acordo com Endres (2012), o incentivo às redes vem se constituindo
um instrumento de resultados no turismo. A Paraíba as incentiva através do
amadurecimento e criação de regiões turísticas. Hoje são 11 regiões e, segundo
Schadeck (2016), a Região Turística do Brejo vem destacando pela organização,
participação e engajamento, fruto do envolvimento de indivíduos e organizações.
Areia está inserida nessa região ao lado de 16 outras cidades, e vem construindo
no turismo sua principal fonte econômica. Considerada patrimônio artístico
156
histórico nacional, é terra de José Américo de Almeida e Pedro Américo, além de
outros personagens atuais que vem transformando o turismo na cidade, apesar
das dificuldades. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é compreender
quem são os atores envolvidos no turismo de Areia-PB e como suas relações e
dinâmicas favorecem, ou não, o Turismo na cidade. Apresenta-se um breve
histórico da cidade, os segmentos turísticos que se destacam, e as organizações e
indivíduos que permitem o desenvolvimento da atividade e da cidade,
configurando-se um exemplo, para o Estado, de protagonismo, criatividade e de
união no turismo.
METODOLOGIA
Para construção do trabalho foi feito o levantamento das referências
bibliográficas em artigos, monografias, livros, revistas e sites na Internet. Foi
realizada pesquisa documental por meio de atas e documentos disponibilizados
pelo Fórum do Brejo e as associações (ADESCO E ATURA) da cidade, sendo
possível apresentar os atores, a dinâmica e participação dos mesmos em grupos,
permitindo contextualizar o objeto de estudo. A pesquisa de campo foi realizada
entre Junho de 2017 e Agosto de 2019, sendo resultado de projetos de PIBIC
2016/2017 e PIBIC/PIVIC 2018/2019 intitulados: Turismo, análise de redes sociais
e capital social na Região Turística do Brejo da Paraíba/Brasil e Turismo, Análise
de Redes Sociais (ARS) e capital social no município de Areia: um estudo sobre
as bases do desenvolvimento da Região Turística do Brejo da Paraíba/Brasil.
Foram realizadas entrevistas semi estruturadas e com roteiros a partir da técnica
de bola de neve com lideranças na cidade, sendo entrevistado um total de 30
pessoas entre representantes de governos municipais e estadual, organizações e
associações do turismo.
RESULTADOS
Uma cidade com uma população de mais de 23 mil habitantes, situada na
Microrregião do Brejo Paraibano, vem investindo em sua história, seus atrativos e
o uso da criatividade para atrair o turista, servindo de modelo para as cidades da
Paraíba, que buscam no turismo uma atividade capaz de gerar desenvolvimento
econômico e social. Areia tem o seu passado baseado no cultivo da cana de
açúcar, período áureo de desenvolvimento local, ainda visto nos engenhos
transformados em atrativos turísticos, assim como nos casarões bem preservados
157
da cidade. O clima ameno, a cachaça, a história, os eventos, os filhos ilustres, a
natureza, a tranquilidade, a comunidade, e sua gente contribuem para a imagem
turística da cidade. Desenvolve os segmentos do turismo histórico-cultural, rural,
educativo e de experiência. Muitos desses vêm se destacando devido às redes de
cooperação e de confiança criadas na cidade e na região. De acordo com os
entrevistados um sentimento de confiança, comprometimento e união é que o vem
fazendo a diferença no turismo no município. A ideia de que “todos ganham juntos
e unidos” é proferida pelos principais atores na cidade, e reverberada pelo Estado
e pelo Brasil em eventos que apresentam o município, as organizações e o
turismo como case de sucesso. Muitos dos atores envolvidos com a atividade, de
acordo com a análise de documentos e entrevistas, passam a entender e a cobrar
a participação eficaz de todos na busca de recursos e obtenção de resultados. As
redes criadas na cidade e região possuem regras de atuação, estatuto, cobrança
de taxa mensal de associados e membros, e inscrição de CNPJ, a busca da
formalização como um meio de alcançar os objetivos. O sentimento colaborativo é
percebido de diversas formas na cidade: na organização dos eventos, nos
detalhes que a ornamentam e construídos por “várias mãos”, gerando um clima
hospitaleiro, no acolhimento, na disponibilidade e atenção dos moradores aos
visitantes, como na divisão de responsabilidades entre os atores. Percebe-se a
existência de uma rede maior na cidade de forma complexa, horizontalizada,
atenta às oportunidades e onde há um fluxo de informação e a participação, como
a existência de outras redes. Formadas para planejar, implementar o turismo,
acolher, ofertar e se solidarizar, podemos apresentar três principais redes que vem
favorecendo o turismo em Areia: o Fórum Regional de Turismo Sustentável do
Brejo (FRTSB-PB), a Associação de Turismo Rural e Cultural de Areia (ATURA) e
a Associação para o Desenvolvimento da Comunidade Chã de Jardim (ADESCO).
O Fórum é a principal rede da Região do Brejo, surgiu em 2010, do convênio
firmado entre a SETDE/PB, o Ministério do Turismo e o SEBRAE. Coordenando o
PRT em âmbito regional, reúne 17 cidades, e seus atores são responsáveis pela
diversificação do turismo na região, mostrando potenciais pouco valorizados. Um
total de 91 indivíduos e organizações que participam e contribuem de alguma
forma com para o planejamento do turismo na região; desses, 43 do setor público,
24 do setor privado, 12 do terceiro setor e 12 da sociedade civil. Destaca-se a
presença do setor público e privado, entre eles o SEBRAE e a Prefeitura de
158
Pilões, além da ATURA. O Fórum busca construir oferta de atrativos, como novos
roteiros e eventos, destacando: a Rota Caminhos do Frio e Raízes do Brejo.
Criada em 2010, a ATURA hoje reúne 22 empresários e microempresários do
setor de turismo, um número em crescimento que favorece o entendimento de
uma rede, que possibilita resultados e benefícios aos inseridos. Dessa forma, a
associação é vista como exemplo de empreendedorismo, o que incentivou a
criação de associações turísticas nas cidades vizinhas. Seus membros se
mostram participativos no planejamento do turismo, com apoio do setor público
local. A rede é responsável, em conjunto com outras redes, pelo protagonismo de
Areia no turismo do estado. Realizando eventos, roteiros e melhorias na cidade,
ocasionando um sentimento de pertencimento, orgulho e memória dos moradores.
Os investimentos no turismo vêm possibilitando a diminuição do êxodo rural e
atraindo investimentos privados. O uso da mão de obra e recursos locais é
incentivado pela própria associação, o que favorece a criação de novas redes e o
desenvolvimento econômico e social. O “indicar o outro” é percebido entre os
empresários, não havendo a ideia de competição, mas a de valorização do
trabalho coletivo. O associativismo e cooperativismo estão presentes em Areia,
ações baseadas na confiança e reciprocidades segundo os entrevistados.
Destaca-se entre os principais atores da ATURA a presença de lideranças
femininas, e entre as organizações: o Engenho e Pousada Triunfo, Rancho Nova
Vida, Casa do Doce e ADESCO, com o Restaurante Vó Maria. Há entre os atores
um sentimento de unidade, capaz de superar as dificuldades independentemente
de apoio político, um empoderamento adquirido através da participação na rede.
Os atores mostram-se conscientes da sua posição e capacidade, o que incentiva a
participar e a formar novas redes. Deve-se destacar que tal atitude pode gerar
conflitos, críticas, e a ideia de individualismo, mas ambos os entrevistados
reforçam o pensamento de coletividade. Há um amadurecimento das redes
existentes na cidade, devendo estar atentas para a troca de informação, pois
redes ou seus atores podem deter determinadas informações para benefícios
individuais. Na área rural do município uma comunidade vem se destacando com
práticas de turismo rural, ecológico, e de experiência. A ADESCO, fundada em
2006, é uma associação que reúne os moradores da Comunidade Chã de Jardim,
sendo responsável pela melhoria da Comunidade, ofertando emprego, renda e
estimulando a captação dos moradores. Destacam-se na rede lideranças
159
construídas através de vínculos religiosos e familiares, seus atores se organizam
nas práticas agrícolas e turísticas, são exemplos: o Restaurante Vó Maria, a
Fábrica de Polpas, a Vila do Chã, o artesanato na palha, as trilhas e as oficinas na
Mata Pau de Ferro, além dos eventos, como o Festival do Suco. O
empreendedorismo, a criatividade, a inovação estão na comunidade. Assim como
na ex-presidente da ADESCO, a liderança feminina é considerada o ator animador
e apoiador da rede, possibilita a busca de recursos para todos. A líder e demais 21
associados fazem questão de reforçar que não vão abandonar as raízes, e que
tudo foi conquistado em conjunto, “um sonho, pouco a pouco construído”.
Percebe-se na rede da ADESCO uma contínua busca a instituições para
qualificação e apoio em seus projetos, assim como a participação eficaz dos seus
associados e de membros convidados (um total de 129 atores), que participam
para estudar a dinâmica daquela comunidade, que tem garantido melhorias de
desenvolvimento local através do turismo.
CONSIDERAÇÕES
Os arranjos associativos permitem a cidade de Areia destaque no turismo
do Estado. Fruto de determinação, criatividade e união de seus atores, vem
modificando um pensamento ainda existente na sociedade, de que no interior há
carência de serviços e falta de oportunidades. Como toda cidade, Areia tem suas
dificuldades, mas a existências de redes como as do turismo é perceptível,
constroem um espírito de solidariedade e de confiança. As relações propiciadas
pelo Fórum, ATURA e ADESCO, permitem uma longa vida ao turismo na cidade.
Mesmo enxergando por vezes críticas a essas associações e a instância, deve ser
ressaltado que seus membros buscam, incansavelmente, a unidade e apoio de
todos para gerar benefícios e o desenvolvimento local. As lideranças femininas
estão presentes em ambas as redes, com papeis decisivos e por elas são
incentivados novos atores, empreendimentos e eventos que vêm surgindo na
cidade. As redes de turismo vêm transformando pessoas, comunidades, a cidade
e a região, relações mais próximas e verdadeiras demonstram que quando o
turismo é pensando por todos, todo mundo ganha.
REFERÊNCIAS
160
BRASIL. MTUR-MINISTÉRIO DO TURISMO DO BRASIL. Programa de Regionalização do Turismo. Brasília, 2013.
ENDRES, A. V. As políticas de turismo e os novos arranjos institucionais na Paraíba/Brasil. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política. Florianópolis, SC, 2012.
MARTELETO, R. M.; SILVA, A. B. O. Redes e capital social: o enfoque da informação para o desenvolvimento local. Ciências da Informação, Brasília, v.33, n. 3, p.41-49, set/dez 2004.
SCHADECK, C. A. Governança E Capital Social: Ingredientes imprescindíveis aos Fóruns de Turismo da Paraíba. Monografia. CCTA/UFPB. João Pessoa, PB, 2016.
SILVEIRA, Maria Pozzer da Silveira. Redes de Agroecologia: uma inovação estratégica para o Desenvolvimento territorial sustentável; Estudo de caso de dois grupos do Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida de Agroecologia no período de 2002 a 2012; 201, 484p; Tese (Doutorado em Sociologia Política) – Universidade Federal de Santa Catarina.
161
Inventário turístico de Carnaúba do Dantas/RN109
Layrane Mayara Lino Santos110 ([email protected])
Aline Costa da Silva111 ([email protected])
Ana Cláudia Aquino Germano112 ([email protected])
Francinúbia Borges da Silva113 ([email protected])
Dr. Marcelo da Silva Taveira114 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Carnaúba dos Dantas/RN é um município do Rio Grande do Norte e está
localizado na mesorregião Central Potiguar e na microrregião do Seridó Oriental a
234,5 km da capital do Estado, Natal, e integra o Polo de Turismo Seridó
(instância de governança regional do Rio Grande do Norte).
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com o objetivo de
colaborar com o desenvolvimento turístico do município, elaborou o inventário da
oferta turística, por meio da iniciativa do Curso de Turismo/CERES, em parceria
com a Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Carnaúba dos Dantas.
Também, contou-se com a participação técnico-científica efetiva do Curso de
Turismo da UERN/Mossoró, o que rendeu uma parceria enriquecedora e
promissora nos últimos anos. As universidades envolvidas disponibilizaram capital
humano especializado para realização do trabalho técnico, composto por docentes
e discentes da área de turismo.
O Projeto de Inventariação Turística é uma ação do Programa de Extensão
Turismo, Qualificação Profissional e Desenvolvimento Regional do Seridó Potiguar
(QUALISTUR), vinculado à Pró Reitoria de Extensão da UFRN, em parcerias com
o Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES), Departamento de Ciências
Sociais e Humanas (DCSH), Grupo de Pesquisa “Turismo, Sociedade & Território”
109
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo. 110
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 111
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 112
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 113
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 114
Doutor em Ciências Sociais pela UFRN; Docente do departamento de Ciências Sociais e
Humanas no CERES-Currais Novos
162
e Laboratório de Pesquisas e Estudos Turísticos (LAPET), com parceria do
Departamento de Turismo (DETUR) da UERN/Mossoró.
O município de Carnaúba dos Dantas é integrante do Polo Turístico
Regional do Polo Seridó e um dos municípios integrantes do projeto Geoparque
Seridó, possuindo diversos atrativos culturais e naturais.
A partir dessas impressões, despertou-se a necessidade de conhecer
melhor o potencial turístico do município por meio da elaboração do Inventário da
Oferta Turística, o qual foi realizado pela equipe da UFRN/CERES Currais Novos
e UERN Mossoró, em 2019. Entende-se que a dinâmica e o cenário turístico no
município vêm crescendo nos últimos anos, então para melhor sentido de
planejamento turístico fez-se parceria com a gestão pública para atualização
dessa ferramenta de planejamento.
O Inventário Turístico objetiva identificar os principais atrativos, serviços e
infraestrutura turística do município, e posteriormente, planejar de forma técnica o
desenvolvimento do turismo na cidade, na perspectiva sustentável, integrada e
inclusiva.
O Inventário da Oferta Turística abrange o levantamento de bens e serviços
turísticos e atividades correlatas existentes no contexto inventariado. Nesse
sentido, este documento disponibiliza dados confiáveis sobre a potencialidade
turística do município e encontra-se dividido nas seguintes categorias: a)
Infraestrutura de Apoio ao Turismo; b) Serviços e Equipamentos Turísticos; e c)
Atrativos Turísticos.
O Inventário Turístico é o primeiro passo na ação do planejamento do
turismo, ele disponibiliza à gestão pública do município e aos empreendedores
informações de qualidade para iniciar o processo de avaliação do município que
irão auxiliar na criação de diretrizes para o desenvolvimento da atividade turística
de forma integrada, articulada e sustentável em âmbito municipal e no cenário
regional
METODOLOGIA
163
A realização deste estudo técnico seguiu as diretrizes norteadoras do
Projeto de Inventariação da Oferta Turística (INVTUR) do Ministério do Turismo,
cujo processo de levantamento de dados e apresentação dos resultados trilhou as
seguintes etapas metodológicas:
Primeiramente, foi realizada uma coleta de informações gerais do município
a partir do levantamento de dados em órgãos públicos municipais: Secretaria de
Turismo e Cultura, Secretaria de Saúde, e Secretaria de Educação. Assim, foi
possível identificar as principais necessidades de infraestrutura, relação de
atrativos e empresas do setor, que são foco da inventariação turística.
Na segunda etapa, realizou-se oficina de orientação e capacitação de
estudantes (bolsistas e alunos voluntários) dos Cursos de Turismo da
UFRN/CERES e da UERN/Campus Mossoró, para conhecimento da metodologia
adotada, definição do cronograma de trabalho e aplicação dos formulários de
inventariação.
Na terceira fase do trabalho, foram realizadas pesquisas in loco para coleta
de dados, por meio da aplicação de formulários de acordo com as categorias A
(infraestrutura de apoio ao turismo), B (serviços e equipamentos turísticos), e C
(atrativos turísticos), pertinentes à metodologia nacional de inventariação da oferta
turística do Ministério do Turismo.
A aplicação do instrumento de pesquisa aconteceu no período de 26 de
abril a 28 de abril de 2019. Posteriormente, foi realizada a tabulação, análise e
tratamento dos dados, e formatação do documento para ser apresentado por
ocasião da Reunião Ordinária do Conselho de Turismo do Polo Seridó, e entrega
pública do documento finalizado (nas versões impressa e digital) à gestão
municipal de turismo de Carnaúba dos Dantas.
RESULTADOS
Os resultados do inventário são de acordo com os dados coletados na
pesquisa de campo realizada no município, contando com informações de
serviços e equipamentos turísticos, vale ressaltar que todos os empreendimentos
inventariados possuem infraestrutura mínima para atender o turista que visita o
município de Carnaúba dos Dantas.
164
O gráfico a seguir, apresenta a relação dos empreendimentos divididos por
setores na cidade de Carnaúba dos Dantas, os quais atuam diretamente com a
atividade turística. Ao observar os dados presentes neste gráfico, percebe-se a
predominância das empresas gastronômicas e de hospedagem. Vale ressaltar que
os equipamentos listados neste documento possuem o mínimo de infraestrutura
física e de serviços que proporcionem uma boa experiência ao turista.
Gráfico 1. Empresas do Setor Turístico
Fonte: Pesquisa de campo, 2019.
Ao analisar o gráfico, nota-se a predominância dos setores gastronômicos e
de hospedagem, possuindo a mesma quantidade de equipamentos ambos os
segmentos. É importante ressaltar que o número estipulado pelo setor
gastronômico e de hospedagem não abrange todos os empreendimentos, tendo
em vista que nem todos possuem uma infraestrutura física e de serviços para dar
suporte adequado ao turista.
Tanto os equipamentos gastronômicos quanto os de meios de hospedagem
possuem predominância na cidade. Possivelmente, para atender a demanda de
residentes, visitantes, representantes comerciais, e, principalmente aqueles
oriundos do turismo religioso, os quais se fazem presentes durante todo o ano na
cidade, mesmo que em períodos mais ou menos frequentados. Tais equipamentos
preenchem a capacidade geralmente em períodos de eventos turísticos que há no
município e também pela demanda regional supracitada.
Seguidos pelos setores de agências de viagens com uma representante da
empresa Anaraí Receptivo, atendendo de formas online e a domicílio. Bem como
o setor de eventos que também disponibiliza de uma opção na cidade, mais
especificamente a Casa Show Balada Paradise.
165
O gráfico a seguir, denota a totalidade de pessoas empregadas,
formalmente, na atividade turística no município por segmento.
Gráfico 2. Números de empregos formais do setor turístico.
Fonte: Pesquisa de campo, 2019.
Em média, o turismo emprega cerca de 98 pessoas em Carnaúba dos
Dantas, com base na pesquisa de campo realizada em maio/junho de 2019, no
âmbito formal da atividade. Portanto, pode-se notar que existe uma predominância
em termos de empregabilidade com relação a outros equipamentos de serviços
turísticos, os quais correspondem a agências de viagens, empresa de eventos,
guias de turismo e comércio turístico, seguido pelo setor de equipamentos
gastronômicos e meios de hospedagem.
Esses postos de trabalho são decorrentes do turismo de forma direta e
indireta, por exemplo, aqueles empregados diretamente por meio do turismo são:
recepcionistas de pousadas, garçons e garçonetes de equipamentos
gastronômicos, agentes de viagens, guias e condutores locais de turismo, dentre
outros. E os empregados de forma indireta com a atividade turística são, por
exemplo, organizadores de eventos e colaboradores de supermercados.
Portanto, são empregadas em média 100 pessoas direta e indiretamente
por meio do turismo em Carnaúba dos Dantas. Diante dos dados, observa-se um
número não tão expressivo, tendo em vista que é uma cidade que possui
demanda turística religiosa, mais especificamente. Vale ressaltar que esse valor
quantitativo de funcionários é uma estimativa da pesquisa de campo, uma vez que
durante a inventariação na cidade o valor de funcionários do setor de comércio
(categoria A) não foi informado.
166
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Carnaúba dos Dantas é um município de significativa potencialidade
turística, que possui diversos atrativos que atraem públicos de vários segmentos
turístico. O carro chefe do município é o Turismo Religioso, porém, Carnaúba dos
Dantas possui grande potencialidade no ecoturismo e no turismo de aventura.
O município integra o projeto de desenvolvimento territorial sustentável,
Geoparque Seridó, em virtude de sua potencialidade turística e da geodiversidade
presente no município, com locais de interesse cultural, histórico, científico,
geológico e turístico, os quais atraem visitantes e turistas de todo o Brasil e de
outros países do mundo pela peculiaridade das pinturas rupestres no Complexo
Arqueológico Xique Xique.
Assim como, a religiosidade, no atrativo Monte do Galo que atrai diversos
turistas com fins religiosos, além da clássica hospitalidade seridoense, que
contribui com o acolhimento dos turistas e visitantes, fazendo com que a visita a
cidade se torne uma experiência única e melhor.
Apesar da potencialidade turística do local, alguns fatores ainda precisam
ser implementados para que o município possa se desenvolver turisticamente.
Nessa direção, sugere-se alguns direcionamentos para a gestão pública: a)
implantação de estrutura de visitação turística (cordas) para auxiliar na visitação
da Cachoeira dos Fundões, tendo em vista o difícil acesso a cachoeira, assim
melhorando a acessibilidade do atrativo com intuito de evitar possíveis acidentes;
b) Ativação do Centro de Atendimento aos Turistas (CAT) para fomento do
turismo, divulgação dos atrativos, apoio ao artesanato, dentre outras atividades de
cunho turístico; c) Incentivar os comércios turísticos com realização de cadastro
do Ministério do Turismo (CADASTUR); e d) realização de projetos com as
doceiras, visando o marketing e reconhecimento da produção gastronômica
regional; e) desenvolver projeto de conscientização ambiental e turística de modo
sustentável com escolas municipais. Essas são algumas sugestões pensadas
para fortalecer e desenvolver a atividade turística em Carnaúba dos Dantas de
forma sustentável nos próximos anos.
Palavras-chaves: Inventário Turístico, Planejamento, Oferta Turística.
167
Inventário turístico de Tangará/RN115
Layrane Mayara Lino Santos116 ([email protected])
Aline Costa da Silva117 ([email protected])
Ana Cláudia Aquino Germano118 ([email protected])
Francinúbia Borges da Silva119 ([email protected])
Dr. Marcelo da Silva Taveira120 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Tangará/RN localiza-se na microrregião Borborema Potiguar a 92,2 km da
capital do Estado do Rio Grande do Norte, Natal, e o município é integrante do
Polo de Turismo Agreste/Trairi (instância de governança regional do Rio Grande
do Norte).
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com o objetivo de
colaborar com o desenvolvimento turístico do município, elaborou o inventário da
oferta turística, por meio da iniciativa do Curso de Turismo/CERES, em parceria
com a Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer. Também, contou-se com
a participação técnico-científica efetiva do Curso de Turismo da UERN/Mossoró, o
que rendeu uma parceria enriquecedora e promissora nos últimos anos. As
universidades envolvidas disponibilizaram capital humano especializado para
realização do trabalho técnico, composto por docentes e discentes da área de
turismo.
O Projeto de Inventariação Turística é uma ação do Programa de Extensão
Turismo, Qualificação Profissional e Desenvolvimento Regional do Seridó Potiguar
(QUALISTUR), vinculado à Pró Reitoria de Extensão da UFRN, em parcerias com
o Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES), Departamento de Ciências
Sociais e Humanas (DCSH), Grupo de Pesquisa “Turismo, Sociedade & Território”
115
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo. 116
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 117
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 118
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 119
Discente do curso superior em Turismo pelo CERES - Currais Novos. 120
Doutor em Ciências Sociais pela UFRN; Docente do departamento de Ciências Sociais e
Humanas no CERES-Currais Novos
168
e Laboratório de Pesquisas e Estudos Turísticos (LAPET) e conta com o apoio e
parceria do Departamento de Turismo (DETUR) da UERN de Mossoró.
O município de Tangará, a cidade do pastel, como é conhecida, possui
significativa potencialidade turística, sendo um importante polo gastronômico do
estado. O município também possui com uma das vaquejadas mais famosas da
região. O local ainda possui valor cultural nordestino com o premiado Arraiá do
Lampião.
A cultura e história também são atrativos turísticos de Tangará, tendo em
vista a existência de casarios antigos no centro e museus na Zona Rural que
retratam a história do município e seu desenvolvimento por uma das principais
personalidades políticas da época, o Coronel Theodorico Bezerra, além de possuir
uma forte religiosidade entre seus munícipes.
A partir dessas impressões, despertou-se a necessidade de conhecer
melhor o potencial turístico do município por meio da elaboração do Inventário da
Oferta
Turística, tendo em vista que, a dinâmica e o cenário turístico no município vêm
crescendo nos últimos anos, então a realização do inventário vem como uma
ferramenta de melhoria de planejamento turístico, assim fez-se parceria com a
gestão pública para a elaboração desta ferramenta de planejamento.
O Inventário Turístico objetiva identificar os principais atrativos, serviços e
infraestrutura turística do município, e posteriormente, planejar de forma técnica o
desenvolvimento do turismo na cidade, na perspectiva sustentável, integrado e
inclusivo.
O Inventário da Oferta Turística abrange o levantamento de bens e serviços
turísticos e atividades correlatas existentes no contexto inventariado. Nesse
sentido, este documento disponibiliza dados confiáveis sobre a potencialidade
turística do município, divididas nas seguintes categorias: a) Infraestrutura de
Apoio ao Turismo; b) Serviços e Equipamentos Turísticos e; c) Atrativos Turísticos.
O Inventário Turístico é o primeiro passo na ação do planejamento do
turismo, ele disponibiliza à gestão pública do município e aos empreendedores
169
informações de qualidade para iniciar o processo de avaliação do município que
irão auxiliar a criar diretrizes para o desenvolvimento da atividade turística.
METODOLOGIA
A realização deste estudo técnico seguiu as diretrizes norteadoras do
Projeto de Inventariação da Oferta Turística (INVTUR) do Ministério do Turismo,
cujo processo de levantamento de dados e apresentação dos resultados trilhou as
seguintes etapas metodológicas:
Primeiramente, foi realizada uma coleta de informações gerais do município
a partir da coleta de dados em órgãos públicos municipais: Secretaria de Turismo,
Esporte e Lazer; Secretaria de Saúde; Secretaria de Educação. Assim, foi possível
identificar as principais necessidades de infraestrutura, relação de atrativos e
empresas do setor, que são foco da inventariação turística.
Na segunda etapa, realizou-se oficina de orientação e capacitação de
estudantes (bolsistas e alunos voluntários) dos Cursos de Turismo da
UFRN/CERES e da UERN/Campus Mossoró, para conhecimento da metodologia
adotada, definição do cronograma de trabalho e aplicação dos formulários de
inventariação.
Na terceira fase do trabalho, foram realizadas pesquisas in loco para coleta
de dados, por meio da aplicação de formulários de acordo com as categorias A
(infraestrutura de apoio ao turismo), B (serviços e equipamentos turísticos), e C
(atrativos turísticos), pertinentes à metodologia nacional de inventariação da oferta
turística do Ministério do Turismo.
A aplicação do instrumento de pesquisa aconteceu no período de 25 a 27
de maio de 2019. Posteriormente, foi realizada a tabulação, análise e tratamento
dos dados, e formatação do documento para ser apresentado por ocasião de
Reunião Ordinária do Conselho de Turismo do Polo Agreste Trairi, e entrega
pública do documento finalizado na versão impressa e digital à gestão municipal
de turismo de Tangará.
RESULTADOS
170
Os resultados do inventário são de acordo com os dados coletados na
pesquisa de campo realizada no município de Tangará, contando com
informações, números de serviços e equipamentos turísticos e a quantidade de
empregos gerados pelo turismo, vale ressaltar que todos os empreendimentos
inventariados possuem infraestrutura mínima para atender o turista que visita o
município de Tangará.
O gráfico 1, apresenta a relação dos empreendimentos divididos por
setores na cidade de Tangará, nos quais atuam diretamente com a atividade
turística. Ao observar os dados presentes neste gráfico, é possível notar a
predominância das empresas gastronômicas. Vale ressaltar que os equipamentos
listados neste documento possuem o mínimo de infraestrutura física e de serviços
que proporcionem uma boa experiência para o turista.
Gráfico 1. Empresas do setor turístico
Fonte: Pesquisa de Campo, 2019.
Ao analisar o gráfico, nota-se a predominância do setor gastronômico,
possuindo 32 equipamentos espalhados pela cidade. É importante ressaltar que, o
número estipulado pelo setor gastronômico não abrange todos os
empreendimentos, tendo em vista não possuírem uma infraestrutura física e
serviços para dar suporte ao turista adequadamente.
Como mencionado anteriormente, os equipamentos gastronômicos
possuem predominância na cidade comparado aos outros seguimentos. Isso se dá
possivelmente, para atender a demanda regional, e também aqueles oriundos do
turismo religioso, os quais passam pelo município de Tangará para então chegar
171
em Santa Cruz-RN, cidade do estado que abriga a maior estátua católica do
mundo, com 56 metros de altura, já que as cidades são vizinhas, e Tangará é
reconhecida nacionalmente pela especialidade gastronômica de pastéis, os
visitantes que estão apenas de passagem, optam por parar, conhecer e consumir
a culinária tangaraense.
Quanto aos equipamentos de hospedagem a cidade possui um total de três
equipamentos, os mesmos preenchem a sua capacidade geralmente em períodos
de eventos turísticos que há no município e também pela demanda de residentes,
visitantes, representantes comerciais e turistas.
O gráfico a seguir, denota a totalidade de pessoas empregadas,
formalmente, na atividade turística no município por segmento.
Gráfico 2. Números de empregos formais do setor turístico.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2019.
Em média, o turismo emprega formalmente e informalmente
aproximadamente 312 pessoas em Tangará, com base na pesquisa de campo
realizada em junho/julho de 2019. . Portanto, pode-se notar que existe uma
predominância em termos de empregabilidade com relação a outros serviços de
equipamentos turísticos nos quais corresponde na cidade a agência de viagens, a
empresa de transportes turísticos, a empresa de eventos, o guia de turismo, o
artesanato e comércio turístico, seguido pelos setores de equipamentos
gastronômicos e meios de hospedagem.
As profissões decorrentes do turismo de forma direta seriam daquelas
pessoas que ocupam os cargos de recepcionistas de pousadas, garçons e
garçonetes de equipamentos gastronômicos, artesãos, agente de viagens, guia e
172
condutor local de turismo, dentre outros. E os empregados de forma indireta com a
atividade turística seriam os organizadores de eventos e funcionários de
supermercados, por exemplo.
Logo, as 312 pessoas que trabalham de forma direta e indireta por meio do
turismo em Tangará é um número considerado significativo, uma vez que a cidade
possui apenas uma maior demanda turística devido à fama do pastel do município
em âmbito nacional e também devido a períodos de eventos. Com isso, percebe-
se que o turismo na cidade de Tangará é uma atividade que contribui
positivamente com a economia local. Vale ressaltar que esse valor quantitativo de
funcionários é uma estimativa da pesquisa de campo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tangará é um município que possui grande potencialidade turística, com
diversos atrativos que atraem públicos de vários segmentos turístico. O carro
chefe do município é o Turismo Gastronômico, em função da produção de pastel,
fato que faz com que Tangará seja conhecida como “A Cidade do Pastel”. Além do
segmento gastronômico, Tangará, possui diversos segmentos, como o
Pedagógico, o Turismo Religioso e o Turismo de Aventura.
O município integra o Polo do Agreste/Trairi, uma região cultural e de
belezas singulares. Assim como a região turística, a cidade possui potencialidade
turística expressiva, com locais de interesse cultural, histórico e turístico, os quais
atraem visitantes e turistas de todo o estado a fim de conhecer o pastel e a sua
história.
Apesar da potencialidade turística do local, alguns fatores ainda precisam
ser implementados para que o município possa se desenvolver turisticamente.
Nessa direção, sugere-se alguns direcionamentos para a gestão pública: a)
Melhoria de vias de acesso e iluminação dos atrativos; b) Criação do Centro de
Atendimento aos Turistas (CAT) para fomento do turismo, divulgação dos
atrativos, apoio ao artesanato, dentre outras atividades de cunho turístico; c)
Incentivo os comércios turísticos a realizar o cadastro do Ministério do Turismo
(CADASTUR); d) Realização de projetos sociais em meio a comunidade
tangaraense a fim de proporcionar conscientização ambiental e turística; e)
173
Fomento de marketing e promoção turística por meio de mídias digitais; e f)
Catalogação dos itens museológicos do Museu Fazenda Irapuru.
As ações mencionadas, além de constituírem os principais entraves para o
desenvolvimento do turismo do município, também podem ser compreendidas
como recomendações técnicas imprescindíveis e pertinentes para o
aprimoramento das estratégias públicas e privadas, que visem o planejamento
sistemático e a melhoria do produto turístico de Tangará nos próximos anos.
174
Planejamento e sustentabilidade do turismo em Coqueirinho e Tambaba no
Conde-PB121
Francisco Coelho Mendes122
Claudia de Araújo Cavalcante123 ([email protected])
Fernanda Silva Araújo dos Santos124 ([email protected])
Brenda Araújo da Silva125 ([email protected])
INTRODUÇÃO
A sustentabilidade depende de um planejamento e deve se considerar os
aspectos ou dimensões econômicas, ambiental, sociocultural e político-
institucional. O ambiente é a base dos recursos naturais e culturais e dependem
da qualidade e proteção a longo prazo. Diante disso, pretende-se entender que o
ambiente é dinâmico e tem grandes proporções e estão inter-relacionados com
aspectos éticos, políticos, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, culturais
e ecológicos. Não se pode esquecer o homem nessa dinâmica, ele está e faz
parte do ambiente, onde muitas vezes modifica para o seu melhor convívio,
esquecendo de toda uma cadeia produtiva e da necessidade de desenvolver
práticas sustentáveis.
Portanto, Dias (2003), ressalta que é necessário a participação da
comunidade local dentro do processo de planejamento do turismo. Logo, a
parceria público-privada se mostra importante nos processos de planejamento e
desenvolvimento sustentável de um produto ou destino turístico. Contudo, essa
parceria deve apoiar o associativismo, o cooperativismo, a interação e a
integração entre os atores regionais ou locais.
1. O MTur (2007) define turismo sustentável como a atividade que
mantém os aspectos culturais, a diversidade biológica e a integridade dos
ambientes naturais para o futuro, ao mesmo tempo em que satisfaz
as necessidades dos visitantes e das regiões receptoras no presente.
121
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo. 122
Doutorado em Ciência, tecnologia e Inovação pela UFPB. 123
Graduanda em Turismo pela UFPB. 124
Graduanda em Hotelaria pela UFPB. 125
Graduanda em Hotelaria pela UFPB.
175
Portanto, o turismo sustentável ocorre quando existe uma harmonia
entre a atividade turística, a natureza e a comunidade anfitriã, com a
finalidade de se conservar os recursos naturais para as gerações
futuras.
2. O desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento do turismo estão
conectados à conservação do meio ambiente, visto que a
sustentabilidade é uma estratégia que busca um equilibrado
desenvolvimento dos destinos turísticos (MATHEUS; MORAIS; CAFFAGNI,
2005).
3. Segundo Swarbrooke (2000, p.19), a sustentabilidade do turismo é definida
como “formas de turismo que satisfaçam hoje as necessidades dos turistas,
da indústria do turismo e das comunidades locais, sem comprometer a
capacidade das futuras gerações de satisfazerem suas próprias
necessidades”.
4. O turismo é uma atividade que tanto pode vir a induzir como depender do
desenvolvimento sustentável. E a sustentabilidade do turismo pode ser
entendida de maneira abrangente, mas sempre tendo como foco a
conservação dos recursos naturais, da cultura e da comunidade
receptora. É necessário que o “trade turístico”
adote práticas
sustentáveis para que se reduzam os custos e se minimizem os impactos
socioambientais de seus empreendimentos (MTUR, 2016).
Para o MTur (2016), as práticas e as ações sustentáveis adotadas pelos
empreendimentos turísticos podem reduzir o consumo de energia e de água,
orientar a maneira correta de descartar os resíduos, valorizar a cultura local,
incentivar as pessoas e os prestadores de serviços turísticos a se tornarem
agentes e multiplicadores do turismo sustentável, beneficiando o destino, o meio
ambiente e a comunidade local.
O desenvolvimento sustentável do turismo, dar-se por meio do controle dos
impactos negativos e a manutenção do equilíbrio entre conservação e
176
desenvolvimento, enfatizando os aspectos ambientais, sociais, econômicos e
culturais. Desse modo, o turismo sustentável pode ser visto como um turismo que
possui uma viabilidade econômica e que não destrói os recursos naturais, sendo
desenvolvido de forma planejada, sistemática e equilibrada.
Certamente, o “planejamento é um processo ordenado e sistematizado de
produção de bens, produtos e serviços, que vai contribuir para transformações da
realidade existente, de acordo com os objetivos de desenvolvimento desejados
pelos atores envolvidos”. Para que haja eficiência, eficácia e efetividade do
planejamento, faz-se necessário a participação e integração dos grupos sociais no
seu processo de desenvolvimento, assim como a contemplação de princípios
aplicados a sustentabilidade ambiental, econômica, sociocultural e político-
institucional (MTUR, 2007, p.24).
Para o desenvolvimento deste estudo foi considerado como objetivo geral:
caracterizar as contribuições relacionadas às práticas de planejamento,
desenvolvimento sustentável do turismo nas praias de Coqueirinho e Tambaba no
Conde-PB. Portanto, foram desenvolvidos os seguintes objetivos específicos:
identificar legislações e normas pertinentes ao planejamento e desenvolvimento
do turismo sustentável; identificar como a prática do turismo sustentável pode
auxiliar a comunidade local e os empreendimentos turísticos, localizados nas
praias de Coqueirinho e Tambaba no Conde-PB, a melhorarem os seus processos
de desenvolvimento de produtos ou serviços. Por fim, espera-se que este estudo
sobre turismo sustentável possa contribuir para a difusão de práticas destinadas
ao desenvolvimento socioeconômico e socioambiental.
A relevância deste estudo, refere-se a adequabilidade do desenvolvimento
sustentável do turismo com o planejamento dos produtos ou serviços ofertados
nas praias de Coqueirinho e Tambaba no Conde-PB. A região estudada
contempla uma importante área de conservação ambiental que vem sofrendo
consequentes intervenções humanas que degradam, poluem e contaminam o
meio ambiente. Dessa forma, procuramos socializar experiências de pessoas
comprometidas com a prática do turismo sustentável junto aos empreendimentos
turísticos da região. Pois, desenvolveu-se um estudo exploratório e descritivo que
177
contemple o inventário, diagnóstico e análise situacional do objeto e local
estudado.
METODOLOGIA
A metodologia adotada foi do tipo pesquisa qualitativa e descritiva, com
base em consultas bibliográfica e documental, visita técnica, observação direta e
coleta de depoimentos.
Quanto a pesquisa, foi realizada a revisão da literatura e fichamento de
textos bibliográficos; elaboração e validação do instrumento de coleta de dados
(roteiro de entrevista); visita técnica nas praias de Coqueirinho e Tambaba para a
realização de inventário e diagnóstico dos empreendimentos turísticos.
Realizou-se a coleta de dados primários no período de Fevereiro a Maio de
2019, conforme cronograma previsto no plano de trabalho (atividades). Em janeiro
de 2019, elaborou-se um relatório parcial da primeira fase da pesquisa.
A coleta foi por amostragem, composta por colaboradores dos
estabelecimentos, situados na Praia de Coqueirinho: Mirante da Praia de
Coqueirinho, Quiosque Sol e Mar, Quiosque Coqueirinho, Quiosque Marlin,
Pousada Beach House Coqueirinho. Bem como, na Praia de Tambaba: Mirante
Praia de Tambaba, Restaurante Arca do Bilú, Xexeu Tambabar, Pousada
Naturista de Tambaba, Shopping Rural Tambaba.
Analisou-se os dados através de técnica de análise de conteúdo, que
ocorre por interpretação e comparação das informações recebidas. É uma das
técnicas de análise da comunicação, que considera o método como forma de não
se perder na heterogeneidade de seu objeto, permitindo a realização de inferência
de conhecimentos. Refere-se ao estudo de textos e documentos, bem como
obtenção de dados por observação direta e entrevista, mediante os procedimentos
sistemáticos como inferências e deduções lógicas (BARDIN, 2011).
RESULTADOS
Nesta fase da pesquisa, procurou-se caracterizar a infraestrutura do local
estudado e identificar os equipamentos de apoio ao turista. Destacamos os
atributos relacionados aos moradores e empreendimentos turísticos pesquisados,
178
tais como estabelecimentos de alimentos e bebidas e meios de hospedagens;
bem como atrativos naturais, culturais e estabelecimentos de recreação e lazer.
Conforme a proprietária do Restaurante e Pousada Arca do Bilú, em
entrevista realizada em 6 de abril de 2019, o estabelecimento oferece um cardápio
bastante regional e decoração bastante temática feita com objetos locais e
animais artesanais, além de encantar seus visitantes com o paladar, a pousada
oferece quartos aconchegantes, além de um espaço com redes para um bom
descanso ao fim da tarde. Funcionando desde 2003, o ramo de atuação é o de
alimentos e bebidas e hospedagens. O meio de acesso é o rodoviário e os meios
de comunicação existente são o telefone e as redes sociais.
A Pousada Naturista de Tambaba, em entrevista realizada em 5 de maio de
2019, o estabelecimento é voltado para os visitantes mais exóticos, já que a
estrutura fica na parte de nudismo da praia. O ramo de atuação é o de
hospedagens e lazer. O estabelecimento não possui estacionamento próprio,
porém o acesso é rodoviário até a praia de Tambaba, possui restaurante no local
e aceita cartões de crédito e débito. Os meios de comunicação são o telefone e a
internet.
Conforme a fundadora e proprietária do Shopping Rural Tambaba, em
entrevista realizada em 6 de abril de 2019, o estabelecimento é uma área que
disponibiliza de vários quiosques e lojas com diversos produtos de fabricação
local, desde os seus famosos doces, picolés, artesanatos, cachaça, entre outros
produtos. O ramo de atuação é oferecer lazer e entretenimento, funcionando a
quase 7 (sete) anos. O meio de acesso é o rodoviário e o principal meio de
comunicação é o telefone celular e as redes sociais.
Em entrevista com o gestor da Pousada e Restaurante Beach House
Coqueirinho, em 06 de abril de 2019, o objetivo da junção de pousada e
restaurante é para aproveitar o lindo espaço aberto para a praia de coqueirinho,
onde se aproveitaram do espaço que era utilizado para o café da manhã e abriram
para almoço. Seu ramo de atuação é o de alimentos e bebidas e hospedagens. O
horário de funcionamento da pousada é de 24 horas, enquanto o restaurante é
das 10:00 às 17:00 horas. O perfil dos seus clientes são turistas. O meio de
179
acesso é o rodoviário e o local possui estacionamento próprio e os meios de
comunicação existente são o telefone e as redes sociais.
Em entrevista realizada com o gestor do Restaurante Canyon de
Coqueirinho, em 08 de abril de 2019, o restaurante foi um dos pioneiros a oferecer
conforto e qualidade quando se refere a lugares para a alimentação na praia de
coqueirinho. Além de ser bastante conhecido por receber bastante celebridades, o
restaurante abre espaço para casamentos, aniversários e eventos corporativos.
Seu ramo de atuação é o de alimentos e bebidas, e seu horário de funcionamento
é das 09:00 às 17:00 horas. O perfil dos seus clientes são turistas e pessoas da
classe alta que desejam conhecer o belo espaço que funciona há 17 anos no
mercado paraibano. O meio de acesso é o rodoviário e não possui
estacionamento próprio, e os meios de comunicação são o telefone, as redes
sociais e o site do estabelecimento.
Conforme análise, as praias de Coqueirinho e Tambaba no Conde são
conhecidas nacionalmente e mesmo assim existem poucos atrativos turísticos em
ambas as praias. A coleta seletiva seria ótima, já que a quantidade de bares e
quiosques nas praias dominam o local e assim poderiam reutilizar dos resíduos
dos alimentos para fins recicláveis.
Como foi informado pelos entrevistados, cada um é responsável pelo seu
lixo, onde é descartado em um terreno baldio e a prefeitura recolhe duas ou três
vezes por semana. Alguns dos estabelecimentos reutilizam do óleo para fazer
sabão, essa técnica deveria ser disponibilizada pela prefeitura ensinando os
outros estabelecimentos ou então ser distribuído em algum sítio local e ensinado
como fazer essa transformação, para que possa ser gerado renda para a
comunidade local. Os estabelecimentos precisam utilizar mais das redes sociais,
como Instagram e Facebook, para que os visitantes estejam cada vez mais
conectados e acessem informações desses lugares.
Recentemente, foi inaugurada a praça de alimentação da Praia de
Coqueirinho, ficou uma ótima estrutura, oferecendo descanso e conforto nas horas
das refeições, além desse percurso ser acessível. Porém, não foi feito
180
estacionamento e o pouco espaço que existe, é tarifado por um valor superior ao
valor de mercado.
Constatou-se também, a falta de profissionais que falam outros idiomas,
como Inglês e espanhol, é um ponto bastante negativo, até mesmo por essas
praias serem divulgadas internacionalmente e há demanda, principalmente de
argentinos, com os novos voos direto de Buenos Aires para João Pessoa.
Ao analisar os dados apresentados, segundo os entrevistados, só existe
uma opção de acesso às praias de Coqueirinho e Tambaba. Percebe-se a
carência de pavimentação e saneamento básico nas ruas dos distritos ou bairros,
a falta de calçamento e calçadas para facilitar a locomoção de veículos e
pedestres. Percebe-se também, que nas praias não se oferece os serviços do
sistema de saúde: pronto-socorro, hospital, clínica médica, posto de saúde,
farmácia/drogaria e clínica veterinária e nem existe delegacia ou posto segurança
pública. Os moradores e comerciantes queixam-se de terem que recorrer aos
distritos ou bairros vizinhos para utilizar os serviços de saúde ou para recorrer a
segurança pública.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tanto o conceito de ambos os temas como planejamento e
sustentabilidade, passaram por várias transformações até chegar ao que
entendemos hoje sobre tais temas, tendo em vista que qualquer tipo de
empreendimento pode ter como objetivo a sustentabilidade como forma de atrair
turistas.
Nesse trabalho, procurou-se entender quais as formas e maneiras que as
empresas estão se planejando para desenvolver atividades sustentáveis
objetivando propiciar aos moradores locais e às gerações futuras uma boa
qualidade de vida. Dessa maneira, as entrevistas realizadas em diversos
segmentos turísticos mostram-nos como resultados as potencialidades turísticas
do local e a existência de alguns atrativos, com ênfase nas áreas de lazer,
recreação, hospedagem, alimentos e bebidas.
Conforme a pesquisa, observa-se que os gestores de alguns
empreendimentos turísticos, tentam trabalhar de forma que possam minimizar os
181
impactos ambientais com as informações que os mesmos possuem sobre a
temática planejamento e sustentabilidade, como separação dos resíduos sólidos,
diminuição do uso de plásticos e não utilização dos canudos de plástico, pensando
na preservação dos mares, rios e animais marinhos. Porém, as praias necessitam
de investimentos em infraestrutura, como pavimentação e saneamento básico,
espaços de lazer, com praças para os moradores locais, iluminação pública,
saúde pública e segurança pública. Contribuindo assim, com o estabelecimento de
um profícuo planejamento, desenvolvimento e gestão sustentável no turismo, de
forma a propiciar benefícios para os autóctones (moradores locais), os
colaboradores, os empreendimentos e os turistas.
Palavras-chave: Planejamento; Turismo Sustentável; Litoral Sul da Paraíba.
182
Processo de Integração versus segregação socioespacial a partir de registros midiáticos de viagem em São Miguel do Gostoso - RN126
Jefferson Rafael Tavares127 ([email protected]) Michel Jairo Vieira da Silva128 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O turismo do Rio Grande do Norte é um dos setores mais fortes em divisas,
extensão de atuação e oportunidades de emprego e investimento. A atividade
expande-se na última década não apenas em destinos já consolidados como Natal
(Capital) e Tibau do Sul (praia de Pipa), mas em outras localidades interioranas e
litorâneas. O município litorâneo de São Miguel do Gostoso (com cerca de 9.531
habitantes – IBGE, 2017) é um dos destinos que vem se destacando tanto
nacionalmente quanto internacionalmente em decorrência de suas praias que
compõem um cenário de vila de pescadores e pelos ventos alísios que tornam a
região favorável para atividades esportivas, principalmente as náuticas (SETUR -
RN, 2019).
A localidade que antes era procurada como espaço para descanso ou
refúgio (com um fluxo de turistas incipiente) passou ao longo da década de 2010 a
ser associada a uma imagem (principalmente em redes sociais e plataformas de
vídeo) de destino alternativo, mas também badalado com diversidade de público
nacional e internacional em meio a campeonatos esportivos e eventos culturais e
de lazer.
Sabe-se que o turismo impacta em questões que se desdobram sobre as
relações socioespaciais na dinâmica turística e no cotidiano da comunidade
receptora (Krippendorf, 2009). Discutir algumas dessas bases ao vislumbrar o
crescimento do turismo em São Miguel do Gostoso (aqui com ênfase no turista
nacional) surge da preocupação em estudar relações pertinentes ao
desenvolvimento desse destino envolvendo o turista nacional-doméstico (que em
126
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo. 127
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 128
Coordenador do curso de Turismo da UFRN.
183
muitos casos registra sua viagem por meio de Vlogs – abreviação de vídeo+blog),
o trade e os moradores.
Nessa perspectiva, inquieta saber – por meio desses vlogs postados na
internet - se tal destino apresenta fluidez nas relações entre residentes e turistas,
se existe fácil circulação de visitantes e visitados em espaços, ou se ocorre a
manipulação das experiências de viagem, afastamento de residentes, resultando
em isolamentos. São Miguel do Gostoso seria espaço de encontros que
evidenciam situações positivas a comunidade ou divergências e distanciamento
impressos no trânsito turístico do turista e sua relação com o residente?
Na busca por aproximação a respostas a essas inquietações, a pesquisa
busca então responder a seguinte pergunta-problema: - Como se dá o processo
de integração/segregação entre turistas nacionais e residentes em São Miguel do
Gostoso (2018-2019) por meio de vlogs de viagem (youtube)?
Para responder a essa questão temos como objetivo geral da pesquisa: -
analisar o processo de integração versus segregação de turistas em São Miguel
do Gostoso, por meio de registros midiáticos (youtube.com) de viagem doméstica.
E como objetivos específicos: - Contextualizar historicamente o processo de
"turistificação" do município em análise; - Rastrear as experiências turísticas de
visitantes nacionais no destino estudado; - Identificar nos registros midiáticos
processos de integração turística em São Miguel do Gostoso – RN.
METODOLOGIA
Está pesquisa possui uma abordagem qualitativa, constituída na análise de
conteúdo bibliográfico e documental. Mas também seguiu uma análise de
conteúdo (Bardin, 1977), alinhando-se a um contexto fílmico (Bauer & Gaskell,
2015). Sendo a análise fundamentada em vlogs de viagem postados no YouTube
e que apresentavam São Miguel do Gostoso como destino de férias nacionais.
Tais vlogs foram apreciados por meio de categorias de análise e registro
(inspirados em Silva, 2017), por considerar que tais categorias podem auxiliar na
interpretação da dinâmica turística (processos de integração do turista com o
destino).
184
Tabela 1. Evidências de Processos de Integração dos Turistas com a Cidade-
Cenário
PLANEJAMENTO URBANO DA CIDADE-CENÁRIO [PUC-C]
AÇÃO PÚBLICA E PRIVADA SOBRE O TURISMO [APPT]
- Mobilidade do Transporte Urbano (fixos e fluxos):
Via Veículo Força Motriz Terminal
- Mobilidade do Transporte Turístico (fixos e fluxos):
Via Veículo Força Motriz Terminal Modelo de passeio (pequenos
grupos, grandes grupos, individuais)
- Espaços de Lazer para residentes (fixos):
Praças Parques Centros históricos/culturais Praias, lagos, rios
- Atrativos Turísticos Visitados (fixos): Naturais Artificiais
- Equipamentos Específicos do Turismo: Hospedagem Alimentação Agenciamento Lazer Compras Vida Noturna
- Atividades de Recreação para Residentes (fluxos):
Culturais/Religiosos Esportivas/saúde/lazer Eventos Contemplação/contato com a
natureza
- Motivação turística (fluxos): Cultural Sol e Praia Eventos Aventura Outros
- Hospitalidade Não Turística (fluxos): Servidores públicos Trade não turístico Moradores
- Hospitalidade Turística (fluxos): Trade público Trade privado
Após a estruturação dos índices evidenciados no quadro anterior, foram
criados critérios para seleção de experiências de viagem, incorrendo em 3 filtros
que permitiram a geração de confiabilidade e representatividade. Sendo eles, 1)
Palavra-chave – inserção de palavras que remetem ao destino no site YouTube -,
185
2) Data de Postagem – entre 17 de Fevereiro de 2018 a 10 de Março de 2019 -, 3)
Duração do Vídeo – mínimo de 5 minutos -.
RESULTADOS
No que se refere a MOBILIDADE DO TRANSPORTE URBANO E
TURÍSTICO, é percebido inicialmente traços que remetem a segregação no
destino. Em análise feita aos vlogs é percebido que os turistas chegam a cidade
em sua maioria por meio de carros próprios ou alugados, enquanto os residentes
não possuem sequer um terminal de passageiros. Enquanto o turista se utiliza do
carro os residentes utilizam formas de compartilhadas de acesso à cidade, como
por exemplo moto-táxi e carros de lotação.
Enquanto a ESPAÇOS DE LAZER PARA RESIDENTES, ATRATIVOS
TURÍSTICOS E EQUIPAMENTOS VISITADOS, é notado uma carência em
relação a esses quesitos. São identificados registros apenas em dois vlogs.
Inicialmente é notado a Igreja de São Miguel Arcanjo e a Praça do Cardeiro, que
são vistos apenas como elementos dos vídeos, não existe o uso desses espaços
pelos turistas. Ainda é possível ver uma visita ao Museu Casa de Taipa, entretanto
esse espaço nos levanta questionamentos acerca da espetacularização para o
consumo turístico. O espaço é criado e gerido para tal função, criando-se então
um produto com características de simulacro (Baudrillard, 1981).
Ainda sobre os atrativos artificiais, é notado que existem poucos atrativos
histórico-culturais que geram a valorização da comunidade de alguma forma. Os
que aparecem nos registros de viagem estão inseridos em outros municípios,
como o Marco do Descobrimento e a Capela de Nossa Senhora dos Navegantes –
que pertencem a Pedra Grande -. Entretanto são vistos e entendidos pelos turistas
como pertencentes a São Miguel do Gostoso, criando assim uma difusão na
imaginação geográfica do destino.
Sobre os equipamentos específicos do turismo, é possível identificar uma
certa concentração dos meios de hospedagem, restaurantes e agências de
receptivos/guarderias entre a via RN-221 (que corta a cidade) e a beira mar. Essa
dinâmica de divisão nos faz refletir sobre possível segregação na área funcional
186
turística do destino, pois é visto claramente que a concentração de residências
está claramente alocada do outro lado da via RN-221.
Em relação a ATIVIDADES DE RECREAÇÃO PARA RESIDENTES E
MOTIVAÇÃO TURÍSTICA, até que se aproximam, tendo em vista que o espaço
das principais práticas são as praias – que aparecem em todos os vlogs -. Os
residentes associam-se a práticas de banhistas, mas também a algumas
atividades esportivas, como vôlei de praia e futebol. Já os turistas se associam a
atividades como passeios de buggy e quadriciclo, sendo identificado o pouco
contato com o residente o que acaba por fortalecer a imagem de separação entre
esses atores. A principal motivação está associada a sol e praia, sendo
evidenciadas nos vlogs várias idas às praias.
No que diz respeito a HOSPITALIDADE NÃO TURÍSTICA E
HOSPITALIDADE TURÍSTICA, é notado apenas dois exemplos de hospitalidade
privada em momentos de informação sobre meios de hospedagem e atrativos
turísticos. Esse baixo ou nenhum contato do turista com o trade não turístico e os
moradores, acrescido do seu quase que exclusivo contato com os funcionários e
gestores do trade turístico, aponta para uma reflexão sobre confinamento (SILVA,
2017) em uma programação pouco espontânea e em uma dinâmica em que o
visitante apenas dialoga com seus pares ou com sujeitos envolvidos na busca do
lucro por meio do turismo, do capital espetáculo.
CONCLUSÃO
Feito a análise das experiências de viagem alinhada ao processo de
integração versus segregação entre turistas nacionais e os residentes no
município de São Miguel do Gostoso, é notório dentro do cenário analisado que as
formas de integração dos turistas nacionais com o destino, seus residentes e seus
demais elementos são limitadas.
Enquanto a análise dos registros midiáticos, a vivência dos turistas com a
cidade, seu ritmo e moradores é mínima. Não se observa integração com os
residentes - a não ser em práticas de consumo (o residente como prestador de
algum serviço), assim como não se observa espaços públicos que de alguma
forma possam promover de maneira mais fluida essa integração.
187
Os mapas registram que a área funcional turística do destino apresenta
características que se aproximam da ideia de gueto turístico. As experiências de
viagem evidenciam uma bolha turística, em que turistas permanecem reclusos em
espaços dissociados dos residentes em grande parte (apesar de algumas
evidências de integração). Dificulta-se assim a integração entre os turistas e
residentes na cidade, que por sua vez carrega traços que são desconhecidos
pelos turistas que visitam o destino.
Conclui-se essa pesquisa reconhecendo seus limites, entendendo ser
necessário avançar em pesquisas também com o olhar do turista internacional e
principalmente do residente de São Miguel do Gostoso, aprofundando questões
sobre esse processo de segregação/integração entre visitantes e visitados.
Palavras-chave: Turismo, São Miguel do Gostoso, Segregação Socioespacial.
REFERÊNCIAS
Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. BAUER E
GASKELL.
Bauer, M. W., & Gaskell, G. (2015). Pesquisa qualitativa com texto: imagem e
som: um manual prático. Tradução de Pedrinho A. Guareschi. Rio de Janeiro:
Vozes.
Hayllar, B, Griffin, T., & Edwards (2011). Turismo em áreas urbanas:
compreendendo o campo de estudo. In B. Hayllar et al. (Orgs.). Turismo em
cidades: espaços urbanos, lugares turísticos (pp. 1-7). Rio de Janeiro: Elsevier.
IBGE. (2017). São Miguel do Gostoso. [S. l.],. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/sao-miguel-do-gostoso/panorama. Acesso em:
8 mar. 2019.
Krippendorf, Jost. (2009) Sociologia do Turismo: para uma nova compreensão
do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph.
188
Turistificação de Natal/RN através da roteirização129
Fernanda Gomes de Freitas130 ([email protected])
Francielen Letice de Souza Silva131 ([email protected])
Michele Galdino Câmara Signorett132i ([email protected])
INTRODUÇÃO
O termo “Turistificação” foi criado após leitura de um artigo do consultor de
empresas e conferencista Stephen Kanitz, com o tema: “Precisamos Turistificar o
Brasil”. Assim, e pela adaptação junto aos professores envolvidos nessa pesquisa,
a ideia é fazer a junção do substantivo “turismo” com o verbo (ação) de
“transformar” uma localidade qualquer em um roteiro turístico. Considerando o que
se entende do termo turístico “Roteirização” como sendo o processo de
racionalização das viagens que sincroniza espaço, tempo, bens e serviços,
podemos dizer que é um instrumento que facilita a promoção e a venda do
destino, combinando as atividades histórico-culturais sociais e naturais. Em
relação à localidade, foi escolhida a cidade do Natal, a capital do estado do Rio
Grande do Norte. Dentre as razões da escolha, destaca-se o fato de Natal ser
uma cidade turística com grande potencial de rotas alternativas às de sol e mar,
porém, com pouca infraestrutura, vontade política e formação qualificada para o
desenvolvimento das mesmas. Além disso, recentemente, a cidade vem
enfrentando uma série de dificuldades procedentes da crise na economia nacional,
na segurança pública estadual e nos preços abusivos das passagens aéreas,
tornando urgente alternativas de ampliar sua oferta turística. Ainda sobre o porquê
da Cidade do Natal, atualmente, os esforços públicos e privados vêm se
concentrando em focar tanto na imagem do destino quanto seus serviços nos
aspectos da experiência histórico/social/cultural, não só para atrair e receber bem
um número cada vez maior de turistas, mas também para incentivar essa
atividade tão importante para o desenvolvimento econômico e social das cidades e
dos estados. Pensando na estruturação dessa oferta turística de forma
129
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Planejamento e Organização do Turismo. 130
Discente do curso superior em Turismo pela UERN. 131 Discente do curso superior em Turismo pela UERN. 132
Doutora em Turismo pela Universidade de Aveiro, Portugal. Mestre em Engenharia de Produção
pela UFRN. Graduada em Turismo pela FACEX.
189
sustentável, o projeto propõe a investigação de novas rotas para serem oferecidas
como roteiros turísticos para Natal. Segundo Bernier, o “turismo como atividade de
consumo de massa começa a manifestar-se nos anos 1970. Desde então, vem
experimentando um contínuo e intenso processo de mudanças que obriga aqueles
que se dedicam a sua análise a reinterpreta-lo constantemente, em busca de
instrumentos que permitam otimizar seu enorme potencial” (Bernier apud Scarpati
2008. p.1). Além da sua capacidade de mudança e do seu caráter complexo e
multissetorial, o profissional de turismo também passa por alguns preconceitos
caracterizados pelo desconhecimento apropriado da atividade que a caracteriza
como uma atividade menor, de fácil gestão e predatória, o que nos leva a crer que
sua pesquisa e seu conhecimento estão longe de serem satisfatórios. Resultado
desse universo pouco explorado, é que mesmo depois desses 49 anos de
atividade no Brasil, as perguntas no meio do turismo continuam sendo as
mesmas: como diversificar a oferta turística dos pólos, cidades e países para que
o turista permaneça o tempo necessário para desenvolver a economia de toda a
cadeia produtiva do turismo? Dentre as tentativas e as necessidades eminentes
de conhecer tal fenômeno, surge em 2003 o Ministério do Turismo, que defende
um modelo de gestão que visa à ampliação do consumo do produto turístico no
mercado nacional e o aumento da taxa de permanência e gasto médio do turista
por meio da criação de roteiros turísticos com o lançamento, em abril de 2004, do
projeto Roteiros do Brasil (Programa de Regionalização do Turismo: Roteiros do
Brasil, Diretrizes Operacionais, 2011-2014). Desde então, roteirizar se tornou parte
das discussões do estudo do turismo e de seus termos técnicos e por ser um tema
um tanto recente, ainda não permitiu uma grande interação entre a teoria e a
prática. Apesar de sua importância indiscutível para a atividade do turismo e o
mercado, a literatura específica ainda é insuficiente. Muitos cursos inserem o tema
em suas grades curriculares como disciplina obrigatória, optativa ou tópico da
disciplina de Agências de Viagens. Com isso, os roteiros turísticos tornaram-se
fundamentais na organização e comercialização do turismo como produto
diversificado que imprime a imagem histórico-cultural do destino.
OBJETIVOS
190
Objetivo Geral: Diversificar e sistematizar a informação dos produtos e serviços
turísticos, através da investigação de novos roteiros turísticos para a cidade do
Natal.
Objetivos Específicos:
a) Criar um banco de dados que disponibilize informações importantes de pontos
turísticos, estruturas de lazer e serviços em geral para o turista e o próprio
morador da cidade do Natal; b) Indicar novos roteiros utilizando cores específicas;
c) Integrar os roteiros através de terminais (pontos) intermodais (modalidades de
transporte), onde o turista possa sair de um e entrar em outro roteiro com
facilidade;
d) Elaborar um guia da cidade, com mapa, legendas auto explicativas e distintas
por cores.
METODOLOGIA
1) Levantamento Bibliográfico e Demarcação de Espaço
Durante a execução do projeto iremos realizar buscas em sistemas de
bibliotecas científicas, periódicos indexados da CAPES, sites específicos no que
se refere à artigos científicos sobre temas correlatos ao projeto. Também
realizamos consultas constantes aos livros e periódicos existentes na biblioteca da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Assim como, pesquisas
em mapas da cidade que demarquem bairros e limites entre as zonas
administrativas (norte, sul, leste e oeste). Iremos proceder à catalogação e
fichamento de todo material bibliográfico levantado.
2) Coleta de Dados em Campo
Com a demarcação destas zonas, iremos a campo coletar dados para a
realização de um diagnóstico dos espaços com notório potencial turístico
utilizando como base o modelo do Ministério do Turismo.
Nestas visitas serão observados todos os tópicos que compreendem:
infraestrutura básica, hospedagem, alimentação, agências de turismo,
191
entretenimento, lazer, história, geografia, meio ambiente, cultura, transporte e
religiosidade. As visitas serão guiadas por um roteiro de observação que inclua
para cada tópico aspectos relativos a este.
3) Indicação e Integração de Roteiros
Após o diagnóstico coletado, criaremos um banco de dados de cada zona e
a partir das suas características recomendaremos a indicação dos quatro (4)
itinerários com cores específicas. Em seguida, integraremos os roteiros através de
pontos de intersecção das cores, onde o usuário poderá optar por percorrer ou
não todas as zonas com as opções de transportes disponíveis.
4) Elaboração do Guia da Cidade
Nessa etapa, teremos a colaboração dos participantes do curso com
especialidade em georreferenciamento e cartografia, para a construção de um
mapa com legendas auto explicativas e distintas por cores que sirva de guia para
a cidade.
5) Preparação e Apresentação do Relatório Parcial
Iremos apresentar junto a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
(PROPEG) um relatório parcial das atividades realizadas durante os primeiros seis
meses de execução do projeto.
6) Participação em Eventos Científicos
Participaremos como autores de pelo menos dois eventos, um interno, o XV
Salão de Iniciação Científica da UERN e outro externo e internacional, o INVTUR
2020 na cidade de Aveiro, Portugal, ambos, com apresentação de resumo com
dados dos resultados da pesquisa
7) Preparação e Apresentação do Relatório Final
Ao término da execução do projeto, iremos remeter à PROPEG o relatório
final de todas as atividades realizadas. Em termos de produtos espera-se elaborar:
- 1 guia das 4 zonas de Natal com o “Roteiro Ginga com Tapioca”; - 1 trabalho
para apresentação em evento nacional e outro evento internacional; - 1 artigo
192
científico completo para publicação em periódico indexado (QUALIS entre A1 e
B3); - 1 relatório parcial aos 6 meses - 1 relatório final aos 12 meses
Palavras-chave: Turistificação. Roteiros Turísticos. Circulação turística. Cidade do Natal.
REFERÊNCIAS BAHL, Miguel. Viagens e roteiros turísticos. Curitiba: Protexto, 2004.
BERNIER, Enrique Torres. “actualización de las megatendências del mercado turístico”. Apuntes del Programa de Doctorado en Gestión y Risarollo Turístico Sostenible”. Málaga: UMA, 2005. BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo: Roteiros do Brasil, Diretrizes Operacionais, 2011-2014.
______. Segmentação do turismo e o mercado. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. ______. Nova Cartilha do Programa de Regionalização do Turismo: Regionalização, Sensibilização e Mobilização, 2019. Disponível em: http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/12288mtur-publica-nova-cartilha-do-programa-de-regionaliza%C3%A7%C3%A3o-do-turismo.html. Acesso em: 01 abr. 2019.
IBGE. Dados do Censo 2010. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 10 jun. 2013.
JÚNIOR, Manoel Onofre. Guia da Cidade do Natal. Minas Gerais: Editora UFRM, 1998.
KANITZ, Stephen. Precisamos Turistificar o Brasil. Disponível em: (http://blog.kanitz.com.br/turistificarturistificando-brasil/). Acesso: 03 jun. 2013.
MCKERCHER, B., Lew, A. A. Correntes turísticas e Distribuição Espacial de Turistas cit in Compêndio de Turismo. Lisboa: Instituto Piaget, 2004.
SCARPATI, Federico Vignati. Gestão de destinos turísticos - Como atrair pessoas para polos, cidades e países. Ed. SENAC, 2008.
SEBRAE. Projeto de desenvolvimento de produtos e roteiros turísticos. Manual de operações – Roteiros e banco de dados, 2005.
URRY, John. The Tourist Gaze. London: Sage Publications, 1990.
estações e motivações religiosas.
193
GT 03 – Hospitalidade, Lazer e Eventos 16 e 17 – 08h/10h
194
#Vem para Campina Grande: A vantagem do E-marketing na hospitalidade
do maior São João do mundo133
Milena Araújo dos Anjos134 ([email protected])
Pyetro Pergentino de Farias135 ([email protected])
Marcleide Maria Macedo Pederneiras136 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Com a evolução da internet os setores do turismo e da hospitalidade saíam
do meio offline para o meio online, digital e multicanal, buscando acompanhar o as
tendências de consumo estabelecidas pela nova geração de viajantes, onde
comodidade, praticidade e independência se tornou um diferencial importante
(LIMBERGER, ANJOS, MEIRA & ANJOS, 2014).
Gabriela Otto (2019), sócia-proprietária da GO Associados, empresa
especializada no desenvolvimento de empresas e pessoas, explica esse
fenômeno do consumo online, como sendo uma nova tendência motivada pelo
geração Millenial (nascidos após o início da década de 1980 e até ao final da
década de 1990), compreendidos como a geração da internet, que trazem a
praticidade, comodidade e independência como fatores motivacionais para o
consumo de viagens.
Para alcançar esse público o e-marketing aparece como ferramenta de
destaque, ao aproximar a empresa do cliente/turista, através de uma variedade de
canais, colocando todas as informações à disposição do consumidor, permitindo o
compartilhamento de informações/dados, possibilitando uma personalização do
serviço de hospitalidade (CORFU, 2002).
Essa modalidade de marketing proporciona uma publicidade em tempo real,
onde os conteúdos gerados pelos usuários possibilitam um acompanhamento
integral da experiência do viajante, por meio de postagens, comentários, resenhas
133
Resumo expandido apresentado do Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 134
Graduada em Hotelaria pela UFPB. 135
Pós-graduando em Turismo, Hotelaria e Eventos pela UFPB. 136
Doutora em Administração (UFPB).
195
e avaliações, podendo ser uma fonte estratégica e lucrativa para o marketing
hoteleiro e turístico (DUVERGER, 2013).
O e-marketing utilizado pelos serviços relacionados ao turismo e a
hospitalidade, possibilitam aos destinos turísticos visibilidade e engajamento da
comunidade, colocando-os a um só “click de distância” do turista (SOUZA, 2010).
De acordo com o Jornal da Paraíba (2017), dentre esses destinos turísticos
está Campina Grande na Paraíba, palco do Maior São João do Mundo, uma das
mais tradicionais festividades culturais do país, atraindo turistas de todo o Brasil e
do mundo, apresentando-se como um forte atrativo turístico para a cidade e uma
grande fonte de receita para a hotelaria local .
Assim, este estudo tem como objetivo identificar como o E-marketing
influencia no processo de tomada de decisão de consumo de viagens, na escolha
do destino Campina Grande durante a festividade do São João, buscando
responder a seguinte questão: De que maneira o E-marketing influencia no
processo de tomada de decisão de consumo de viagens? Para isso procura-se:
Evidenciar o perfil do turista participante da festividade do São João de Campina
Grande; Descrever a utilidade das mídias digitais para o turista no processo de
escolha do destino Campina Grande e do meio de hospedagem para a festividade
do São João; Compreender a importância das mídias digitais como veículo de
compartilhamento de opiniões.
METODOLOGIA
Buscando responder aos objetivos previamente traçados, foi realizado um
estudo quantitativo e qualitativo de caráter exploratório, com base bibliográfica
descritiva. Tendo como sujeito de estudo, turistas que já estiveram e/ou estavam
hospedados em Campina Grande durante o São João nos anos de 2016 a 2019,
estabelecendo o período de coleta de dados in loco entre os dias 23 e 24 de junho
de 2019 e disponibilização de formulário de pesquisa online entre os dias 23 de
junho a 10 de julho de 2019. Foi utilizando o método survey de pesquisa, tendo
como instrumento questionário presencial e virtual baseado na escala likert.
196
Gray (2012) cita que a pesquisa exploratória torna possível entender as
razões e motivações subentendidas para determinadas atitudes e
comportamentos das pessoas, sendo assim foi usada para identificar quais
estratégias e meios digitais são utilizados pela turista no processo de tomada de
decisão de consumo de viagens, na escolha do destino Campina Grande durante
a festividade do São João. No total, têm-se respostas de 146 participantes, sendo
55 respostas obtidas in loco e 91 por meio virtual.
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Mediante a pesquisa, identificou-se como o E-marketing influencia no
processo de tomada de decisão de consumo de viagens, na escolha do destino
Campina Grande durante a festividade do São João, onde se percebe que a
digitalização tem tornado o acesso à informação e o contato com o turista/cliente
mais ativo e pessoal. A Central de Informações do instituto de turismo Convention
& Visitors Bureau de Campina Grande, afirma que além de atendimento
presencial, as informações sobre a festividade e a localidade são acessadas por
meio online, através de plataformas digitais de comunicação (G1 PB, 2019).
A geração Millennial, que aparece como predominância dentre o perfil do
respondente da pesquisa, confirma o perfil de consumo virtual, desde a forma de
planejar a viagem até a reserva da hospedagem, apresentado a conectividade
com o destino como um ponto crucial para o sucesso dos setores do turismo e da
hotelaria. O Ministério do Turismo (2016), afirma que as mídias digitais são uma
excelente oportunidade para impulsionar os negócios e a divulgação do turismo
brasileiro, dentro e fora do país, sendo uma forte ferramenta no processo de
conquista e fidelização do cliente.
De acordo com a opinião dos respondentes, é notória a importância das
mídias digitais dentro do processo de tomada de decisão de consumo de viagens,
estabelecendo-se desde o pré-viagem, como uma ferramenta de reconhecimento
e busca por informações, durante a viagem como uma plataforma de comunicação
e difusão de conteúdo e experiências, e no pós-viagem uma forma de marketing
de massa, sendo praticamente um feedback em tempo real para os meios de
hospedagem e demais interessados.
197
A partir do exposto, conclui-se que o E-marketing influencia de muitas
maneiras e em várias etapas no processo de tomada de decisão de consumo de
viagens, por isso cabe a rede hoteleira e ao destino turístico de Campina Grande,
atentarem-se às novas tendências do mundo digital para atender as necessidades
dessa geração de consumidores online. Com isso é importante ressaltar que, em
um período de grande movimento turístico como o São João, todo cuidado e
atenção aos detalhes faz a diferença na percepção do cliente, principalmente
acerca da disponibilização de informações e postagens realizadas tanto pelos
meios empresariais (turísticos e de hospitalidade), como aqueles produzidos pelos
usuários. Tendo em vista que, qualquer comentário pode ter grande impacto e
repercussão instantânea por meio do “boca-boca digital”, o que torna importante a
veracidade e a atualização do conteúdo disponibilizado online.
Palavras-chave: Conteúdos Gerados pelo Usuário; Criação de conteúdo online;
E-marketing; Mídias Digitais; São João.
REFERÊNCIAS
CORFU, A. C. Web marketing nas empresas de turismo em Portugal. (Dissertação de Mestrado em Gestão de Informação)- Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal, 2002.
DUVERGER, P. Curvilinear Effects of User-Generated Content on Hotels’ Market Share: A Dynamic Panel-Data Analysis. Journal of Travel Research, v. 52, n. 4, p. 465-478, 2013.
GRAY, D. E. Pesquisa no mundo real. Porto Alegre: Penso, 2012.
JORNAL DA PARAÍBA. O São João é o Principal Produto Turístico da Paraíba. Caderno de Economia e Negócios. Publicado em 24 jun. 2012. Disponível em: www.jornaldaparaiba.com.br/economia/sao-joao-e-o-principal-produto-turistico-da-paraiba.html. Acesso em: 22 fev. 2019.
LIMBERGER, P., ANJOS, F., MEIRA, J. & ANJOS, S. Satisfaction in hospitality on TripAdvisor.com: An analysis of the correlation between evaluation criteria and overall satisfaction. Tourism & Management Studies, 10(1), 59-65, 2014.
OTTO, G. As Mudanças do Comportamento de Compra Online e Seus Custos. Artigo Blog, 2019. Disponível em: http://gabrielaotto.com.br/blog/mudancas-comportamento-de-compra-online-e-seus-custos/. Acesso em: 25 jun. 2019.
SOUZA, F. Marketing trends: As mais importantes tendências do Marketing para os próximos anos. Academia Brasileira de Marketing. M. Books Editora, 2010.
198
Central de informações atendeu mais de 15 mil turistas durante o São João 2019 de Campina Grande. Jornal G1, Paraíba. Publicado em 11 jul. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/pb/paraiba/sao-joao/2019/noticia/2019/07/11/central-de-informacoes-atendeu-mais-de-15-mil-turistas-durante-o-sao-joao-2019-de-campina-grande.ghtml. Acesso em: 22 jul. 2019.
GURGEL, G. Turismo e mídias digitais: redes sociais impulsionam vendas e destinos. Publicado em 29 sep. 2016. Atualizado em 15 out, 2016 Disponível em: http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/7135-turismo-e-m%C3%ADdias-digitais-redes-sociais-impulsionam-vendas-e-destinos.html. Acesso em: 22 jul. 2019.
199
A percepção de empresas locais sobre o setor de eventos na cidade de
Natal/RN entre os anos de 2016 e 2018137
Clidenor Pereira da Silva Júnior138 ([email protected])
Ricardo Lanzarini139 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Os eventos acontecimentos programados e estão presentes em meio à
sociedade desde o período da Antiguidade, entretanto, é perceptível que durante
os últimos anos os municípios passaram a investir cada vez mais no turismo de
eventos, sendo esse um segmento do turismo que cresce cada vez mais. Além de
quebrar a sazonalidade econômica de um destino, os eventos são capazes de
realizar a promoção deste espaço, já que há um deslocamento de público de
diversas cidades e regiões.
Desse modo, há uma movimentação na cadeia econômica em geral do
destino onde está sendo realizado o evento (Zanella, 2012), além de servir como
uma ótima ferramenta de marketing, onde o turista conhece a cidade em um curto
e satisfatório período, planeja a sua volta para desfrutar do turismo de lazer. De
acordo com Marujo (2012), os eventos estão a ser cada vez mais usados como
ferramentas de marketing para posicionar ou reposicionar um destino. Com o
planejamento e organização de eventos turísticos a marca de um destino pode ser
aperfeiçoada, fortalecida ou modificada.
Seguindo essa nova tendência, se percebe uma crescente quanto aos
investimentos destinados à captação e implementação de eventos no Brasil. Ao
entender que tal atividade reverbera de maneira positiva sobre os destinos que os
sediam, a indústria de eventos passou a atuar como alavanca para o setor de
viagens e turismo (SEBRAE/WTTC/MTur,2018).Não obstante, mesmo diante de
um cenário propício ao incremento do setor de eventos, não há pesquisas que
137
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 138
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 139
Pós-Doutorado em Lazer e Turismo pela USP. Doutorado em Ciências Humanas pela UFSC.
Mestre em Geografia e Bacharel em Turismo pela UFMS.
200
apontem os possíveis resultados sobre o destino Natal, no Rio Grande do Norte.
Diante de uma necessidade latente de se apropriar de dados que vislumbrem o
planejamento e ações para o setor de eventos potiguar, esta pesquisa faz parte do
projeto guarda-chuva intitulado “O mercado de eventos e suas potencialidades
para a diversificação da atividade turística em Natal/RN”, que tem como objetivo
uma compreensão acerca da dinâmica e os impactos do mercado de eventos no
município de Natal/RN, tendo como base os anos de 2016 a 2018, assim como
sua relação direta com o desenvolvimento do setor turístico local. Neste trabalho,
o foco se apresenta sob a forma como os empresários locais do setor de eventos
se relacionam com o poder público e o turismo, como segue.
METODOLOGIA
A presente pesquisa é empírica, de caráter exploratório–descritivo. Para
Dencker (1998), o estudo exploratório procura alcançar ou conseguir nova
captação do fenômeno para que possa formular um problema mais preciso de
pesquisa. A pesquisa descritiva tem como ideia central “a descrição das
características de determinada população e o estabelecimento das relações entre
as variáveis” (GIL, 1996, p. 46). Para uma melhor estruturação dos resultados
encontrados, foi realizado o uso de mapas dialógicos para uma associação de
ideias e melhor aproximação com o objeto de estudo.
Além disso, o trabalho foi realizado por uma abordagem qualitativa para a
compreensão do grupo social em análise. “A pesquisa qualitativa não se preocupa
com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da
compreensão de um grupo social, de organização, etc” (GOLDENBERG, 1997, p.
34). Desse modo, como amostra da pesquisa, foram entrevistadas seis empresas
ligadas aos setores de eventos do Rio Grande do Norte, ambas associadas ao
Natal Convention Bureau (Natal CVB), critério este utilizado para delimitar o
universo da pesquisa. De acordo com Vergara (1997), universo de pesquisa é o
conjunto de elementos ou pessoas que possuem características que serão objeto
de estudo e a amostra, é uma parte do universo escolhido para uma
representatividade.
No que se refere ao instrumento de pesquisa, foi utilizado um roteiro de
entrevista base contendo oito perguntas relacionadas ao mercado de eventos na
201
cidade de Natal, tais quais: os serviços oferecidos pela empresa entrevistada, a
sua atuação direta e indiretamente entre os anos de 2016 e 2018, a descrição do
setor de eventos nos últimos três anos de acordo com a visão do entrevistado, a
avaliação do entrevistado sobre às condições urbanas, a segurança, a
infraestrutura e a organização turística para a captação de eventos na cidade,
além de outras questões relacionadas ao Natal Convention Bureau, como o seu
período de associação ao Natal CVB.
De acordo com Lima (2016, p. 27), é “através da entrevista é possível
construir histórias de vida, captar experiências, valores, opiniões, aspirações e
motivações dos entrevistados, escolhidos segundo os critérios e interesses do
tema investigado”. Logo, os conteúdos das entrevistas correspondem a base de
dados aqui apresentadas e correlacionadas a partir do uso da técnica de mapas
conceituais de Spink (2010), que agrupa o conteúdo de diferentes entrevistas a
partir de tópicos-chaves organizados em forma de tabelas que facilitam o
entendimento e a visualização integralizada do pesquisador. Assim, as entrevistas
foram gravadas e transcritas para que depois pudessem ser agrupadas por
conteúdo temático. Para manter o sigilo dos dados, os entrevistados foram
identificados numericamente.
RESULTADOS
De acordo com as entrevistas realizadas junto às seis empresas foi
possível obter resultados relacionados à cidade do Natal como um potencial
destino de eventos. Para tanto, foram avaliados alguns itens como: os fatos
significativos em relação a Natal como destino de eventos, como a gestão pública
atua em prol deste setor, avaliações sobre condições urbanas, segurança e
infraestrutura local, a percepção do que Natal tem de competitivo em relação aos
estados vizinhos e a deficiência do setor de eventos na cidade.
Mesmo sendo a Região Nordeste a segunda maior captadora de eventos
no país (ABEOC, 2013), observa-se que essa distribuição regional não é
igualitária, considerando-se os nove estados do Nordeste e suas dimensões
continentais, bem como suas diferenças de desenvolvimento social e econômico.
Por isso, a concorrência do mercado de eventos regional é bastante desigual e
Natal tem perdido uma fatia significativa desse mercado por estar entre as duas
202
cidades que mais captam eventos na região (Recife/PE e Fortaleza/CE),
igualmente mais ricas e com maior infraestrutura urbana para atender a grandes
eventos. Contudo, os entrevistados apontaram fatores favoráveis em relação a
Natal como destino de evento.
Dos seis entrevistados, cinco citam a localização do Centro de Convenções
de Natal como um principal fator de destaque para que o município alcance o
status de destino de eventos, bem como a sua proximidade com a cadeia hoteleira
da cidade e o principal centro turístico urbano (bairro de Ponta Negra). Além disso,
o Entrevistado 01 relatou que a cidade de Natal tem importantes fatos históricos,
capazes de construir eventos relacionados à estes, movimentando o turismo na
cidade.
Já ao descrever Natal como um destino de eventos nos últimos três anos,
há uma discrepância entre os seis entrevistados: dois deles afirmam que o setor
de eventos na cidade esteve em declínio durante os últimos três anos, entretanto,
quatro dos entrevistados afirmam um crescimento do setor de eventos na cidade e
potencialidade para crescer ainda mais. Infelizmente não existe dados oficiais que
corroborem com uma ou outra opinião, fato que pode ser considerado uma
fragilidade na organização do setor, pois o mais provável é que o parâmetro de
declínio ou crescimento de cada empresa está diretamente relacionado ao seu
faturamento anual. Se tomarmos esse fato como padrão, pode-se considerar
positivo o cenário dos últimos 03 anos.
O segundo tópico temático se refere à atuação da gestão pública perante o
setor de eventos. Os Entrevistados 02 e 03 relatam que houve melhorias enquanto
gestão atual e o Entrevistado 06 afirma que há uma grande atuação dos órgãos
públicos no setor de eventos, facilitando e ampliando o turismo de eventos na
cidade de Natal. Já os entrevistados 01, 04 e 05 avaliam a atuação da gestão
pública no setor de eventos com certa deficiência, acreditando que esta possa
atuar de forma mais eficiente para que se possa haver um avanço qualitativo. De
modo geral, após uma prévia consulta sobre a política pública de turismo estadual
e municipal, constatou-se que nunca houve uma política específica para o
desenvolvimento do setor de eventos, mas sim algumas ações pontuais, como a
reforma do Centro de Convenções de Natal.
203
Durante a entrevista, foi realizada uma avaliação pessoal dos entrevistados
das seis empresas acerca de determinados itens na cidade de Natal, como suas
condições urbanas, segurança, infraestrutura local e a organização turística para a
captação de eventos para a cidade. Em relação à avaliação das condições
urbanas, segurança, infraestrutura e organização turística para captação de
eventos da cidade de Natal, quatro, dentre os seis entrevistados, elencaram a
rede hoteleira como um ponto positivo da cidade, bem como a proximidade que o
Centro de Convenções tem em relação a estes, facilitando o acesso do turista que
está praticando turismo de eventos na cidade. Os entrevistados acreditam que o
Centro de Convenções tem uma localização estratégica e que o favorece perante
outros centros. Dois dos entrevistados relataram que os problemas de
insegurança acabam por afastar e diminuir o turismo de eventos na cidade, um
destes relata os casos de insegurança que foram notícias nos jornais do Brasil e
até do mundo, há alguns anos atrás. 06 entrevistados relataram fatores prós em
relação a Natal como destino de eventos.
Com vista para o mar e para o principal cartão postal da cidade, o Centro
de Convenções de Natal teve a sua última grande reforma foi em 2007. É
perceptível que após sua reforma e ampliação em 2018 se abriu um novo
horizonte ao setor de eventos, especialmente pela ampliação de 14.250 m² para
23.640 m², dobrando sua capacidade de carga. Logo, pode abrigar grandes
eventos como feiras congressos internacionais, podendo estes até ocorrer de
forma simultânea, como acontece em Centros de Convenções de capitais
vizinhas, melhorando o cenário competitivo do município.
Observou-se que por unanimidade, os seis entrevistados destacaram esse
fator como um diferencial positivo para atrair o turismo de eventos na cidade de
Natal, tendo em visto a sua proximidade com a rede hoteleira, facilitando o
acesso. Também foi destacado pelos entrevistados 04 e 06 a quantidade de leitos
que a cidade oferece, possibilitando atender qualquer tipo de público e evento. Já
em relação aos déficits do setor de eventos, há diversos problemas enfrentados
pelos empresários em virtude da má administração do município.
Os entrevistados elencaram fatores importantes que demarcam uma
deficiência para a captação de eventos na cidade de Natal. O Entrevistado 05
204
relata que, mesmo após a reforma de ampliação do CCNatal, o mesmo deixa a
desejar no quesito infraestrutura, bem como juntamente com o entrevistado 04,
relatam também que a localização do novo aeroporto, inaugurado em 2014 para
atender a Copa do Mundo FIFA de Futebol, é distante e de difícil acesso, trazendo
dificuldades para a captação de eventos. Os Entrevistados 03, 04 e 06 afirmam
que a gestão do CC apresenta falhas, não realizando uma demanda de captações
necessárias.
O Entrevistado 01 relata que há pouco interesse dos órgãos públicos
investirem na captação de eventos para cidade, o que acaba ficando responsável
apenas pela iniciativa privada, não havendo uma união entre os órgãos públicos e
privados. Já o Entrevistado 02 acredita que deve haver uma maior divulgação do
CCNatal, bem como mostrar as potencialidades do destino para o público externo,
a fim de atrair cada vez mais eventos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Natal, assim como a maioria das capitais brasileiras, vive de períodos de
baixa e alta estação, durante a baixa, o setor hoteleiro acaba em declínio, a
economia local tem uma baixa e, com isso, a cidade tem investido no turismo de
eventos, por ser uma possibilidade de alavancar a economia local durante período
de baixa estação, tendo em vista que não só a rede hoteleira ou o Centro de
Convenções obtém lucro, mas a cidade inteira, já que a cadeia econômica passa a
ter uma movimentação em cadeia, gerando empregos, impostos e
desenvolvimento local.
A dinâmica e os impactos causados em meio ao mercado de eventos na
cidade atua diretamente sobre o desenvolvimento do setor turístico de Natal,
tendo em vista que a cadeia ao seu redor tem a sua economia movimentada
enquanto ocorre um evento, sendo analisado também em conjunto com as
empresas entrevistadas. Não só o espaço em que está recebendo o evento obtém
um lucro, toda a cadeia próxima também tem uma movimentação econômica
injetada, os hotéis, restaurantes, pequenos comerciantes da vizinhança, entre
outros, como bem frisado nas tabelas 01 e 04.
205
De acordo com os resultados obtidos através das 06 empresas
entrevistadas, a proximidade do Centro de Convenções de Natal com o setor
hoteleiro da cidade é um fator totalmente positivo à logística, mesmo que o
aeroporto represente o maior ponto negativo pela distância e falta de segurança
no trajeto. Também a questão da insegurança na cidade é generalizada, pois
Natal foi considerada a 8 cidade mais violenta do mundo e a capital mais violenta
do país segundo a ONG mexicana Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública
y la Justicia Penal A.C. Também a falta de limpeza pública adequada e de
políticas públicas de captação de eventos têm afetado diretamente o
desenvolvimento do mercado e seu cenário competitivo.
Para além dos fatores elencados, é importante destacar que a falta de
pesquisas sobre esse mercado dificulta muito o entendimento de sua dinâmica,
inclusive para os próprios empresários locais. Por questões culturais e falta de
hábito, a principal dificuldade no levantamento dos dados apresentados foi a
concessão de informações que, mesmo com o compromisso de sigilo, foram, em
sua grande maioria, negadas ou negligenciadas, fato que inviabilizou análises
mais profundas e respostas mais precisas sobre este cenário.
Palavras-chave: Eventos.Eventos M.I.C.E. Turismo de Eventos.
206
Estudo introdutório sobre a hospitalidade nos eventos da Casa de
Evangelização Monsenhor Aloísio Catão, João Pessoa/PB140
Hugo César Nunes de Melo141 ([email protected])
Aline Gisele Azevedo Lima de Barros142 ([email protected])
INTRODUÇÃO
A hospitalidade existe desde a antiguidade, pode-se dizer que foram os
religiosos seus precursores, com o hábito de acolher os viajantes nos conventos.
Longe de se esgotar todas as vertentes sobre os estudos da hospitalidade, neste
trabalho foram enfatizadas aquelas que mais diretamente contribuíram para a
construção do conceito de hospitalidade atual, cabendo mencionar, o ato de
comer junto, de entreter, do abrigar-se e do deslocar-se (viagens). Como Castelli
expõe “hospitalidade significa receber, abrigar, alimentar e cuidar do visitante”
(CASTELLI, 2010, p.04).
Observando que a religião Católica tem esse viés da acolher pessoas, e já
apresentando a sua adaptação a uma nova realidade de mundo, pode-se falar que
a Igreja agora considera os leigos atores determinantes para tal adaptação, o que
contribuiu para o surgimento das Associações de leigos, que são os novos
movimentos da Igreja constituídos a partir do Concílio Vaticano II (1961-65), os
chamados Novos Movimentos Eclesiais – NME e Novas Comunidades – NC.
Nesse sentido, passou-se lentamente de uma Igreja com uma visão
marcadamente clerical, na qual aos leigos eram confiadas funções únicas
subordinadas e executivas (FERREIRA, 2011), para uma concepção de igreja
toda ministerial, que mesmo tendo presente as distinções próprias das funções de
cada parcela do povo de Deus, tornou-se uma Igreja muito mais participativa e
mais acolhedora.
Assim, pode-se mencionar que o objeto de estudo desta pesquisa são os
eventos realizados pela Casa de Evangelização Monsenhor Aloísio Catão -
140
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 141
Bacharel em Hotelaria pela UFPB. 142
Mestre em Engenharia da Produção pela UFRN. Bacharel em Turismo pela UFRN.
207
CEMAC, localizada no bairro de Cabo Branco, em João Pessoa, capital paraibana,
que “é uma Associação Católica fundada em 07 de novembro de 2008, com o
objetivo de realizar eventos para evangelizar e angariar fundos para pagar as
despesas referentes à CEMAC” (CEMAC, 2016, p. 6)
Neste contexto, tendo como foco a CEMAC que organiza eventos para o
público Católico, também surge a necessidade de entender a evolução dos
eventos, que vem acontecendo ao longo de toda a história da humanidade, desde
os Jogos Olímpicos da antiguidade, passando pela Idade Média, marcada pelos
eventos religiosos, até os dias atuais, com suas mais diversas tipologias e
classificações, que dependem do perfil do público, de sua capacidade, de sua
área de interesse, acarretando efeitos socioeconômicos positivos para a
comunidade local, podendo proporcionar a geração de novos empregos e o
aproveitamento da mão de obra local, promovendo o desenvolvimento de
atividades complementares ao evento principal, tais como transporte interno,
áreas de alimentação, brindes, etc. (ZANELLA, 2012)
É neste panorama, da diversidade de eventos, que as Associações
Católicas, como a CEMAC, objeto deste estudo, começam a perceber que a
realização de eventos é uma forma de aproximar o homem do divino e assim
evangelizar, pois a humanidade encontra-se em uma fase de muito individualismo
e que a busca por um Deus que preencha e acolha aparece como uma alternativa
a este “vazio”, sendo para esses eventos acontecerem é necessário muito
planejamento para melhor acolher a pessoa que se interessa em participar.
Portanto, diante deste contexto é que se percebe a importância do estudo
da hospitalidade nesses tipos de eventos, por isso, que a pergunta a ser
respondida nesta pesquisa é: como acontece a hospitalidade nos eventos
realizados pela Casa de Evangelização Monsenhor Aloísio Catão, João
Pessoa/PB, na visão de seus organizadores?
Como objetivo geral buscou-se verificar a hospitalidade nos eventos
realizados pela CEMAC na visão de seus organizadores. E como objetivos
específicos identificar as particularidades desses eventos e apresentar suas ações
para a construção da hospitalidade.
208
METODOLOGIA
Esta pesquisa se caracteriza por ser exploratória, pois se trata de estudo
novo e que segundo Moresi (2003, p. 09) os estudos exploratórios “são pesquisas
de campo com investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu
um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir
entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação”.
Assume a abordagem qualitativa por se tratar de um estudo que pretende
levantar como acontece a hospitalidade nos eventos realizados pela CEMAC na
visão de seus responsáveis. Moresi (2003), afirma que a abordagem qualitativa
não se limita somente a representação numérica, mas busca uma explicação para
os fenômenos sociais sem o uso de práticas estatísticas.
Os sujeitos da pesquisa foram os responsáveis por organizar e realizar os
eventos da CEMAC, o Diretor Administrativo e o Vice Presidente do Conselho
Pastoral.
Como instrumento de coleta de dados decidiu-se por um roteiro de
entrevista pré-estabelecido aplicado através de entrevista pessoal com o Diretor
Administrativo e o Vice Presidente do Conselho Pastoral no dia 15 de outubro de
2017.
A técnica de análise de dados foi totalmente qualitativa à luz do referencial
teórico.
RESULTADOS
Faz-se necessário, antes de iniciar a análise das entrevistas, entender
como é a estrutura organizacional da CEMAC, pois foi perguntado aos
entrevistados por quais ministérios tinham passado até chegar na função que
exercem atualmente.
A estrutura organizacional da CEMAC é composta hierarquicamente por:
Dirigente Espiritual (padre), Presidente, Vice Presidente, Administrador Financeiro,
Diretor Administrativo, Secretária, Conselheiros Pastorais, Coordenadores de
Ministérios (11) e Membros da CEMAC.
209
Mediante essas informações pode-se apresentar o perfil dos entrevistados,
o Diretor Administrativo (A) possui 29 anos, o Vice Presidente (B), 23 anos, ambos
são do sexo masculino, com ensino superior completo, estão há 6 anos na
CEMAC e não possuem experiência profissional em eventos. Dentre os
ministérios que o Diretor Administrativo (A) participou, estão o ministério Quem
Como Deus e Anjos das Ruas, o qual foi coordenador, além de ter sido formador.
E o Vice Presidente (B), coordenou o Ministério da Liturgia, sendo também
secretário.
Dando início a análise do roteiro de entrevista foi perguntado ao
entrevistado B como eram idealizados os eventos da CEMAC, que disse:
Os eventos da Casa[2], por serem religiosos, são idealizados de acordo
com a necessidade da Casa e as orientações da Igreja, seja pelos
direcionamentos do Bispo Dom Delson, seja pelos direcionamentos do
Papa para toda a Igreja [sic]
Continuando foi perguntado como é organizada a programação e se era a
mesma para todos os eventos. O entrevistado B disse que a programação não era
igual para todos os eventos, que varia de acordo com o público alvo, adequando-
se a realidade do evento. Por exemplo, nos eventos para famílias não há
programação no sábado pela manhã (muitos pais trabalham), é realizado no
sábado à tarde e domingo o dia inteiro, porém no evento para crianças existem
atividades no sábado pela manhã.
Quanto à questão da estrutura da programação dos eventos, a grande
maioria inicia-se com um louvor comandado pelo Ministério de Música, para dar as
boas vindas com um pouco de animação, logo após inicia-se oração e/ou
adoração, em seguida um momento de partilha com dinâmica e pregação.
Em seguida perguntou-se como se organiza a estrutura geral dos eventos,
quais serviços são oferecidos aos participantes e se existe equipes de trabalho.
Quanto aos serviços oferecidos durante os eventos, o entrevistado A, informou
que oferecem lanchonete, pois os eventos duram dois turnos, estacionamento e
210
aconselhamento[3]. Quanto às equipes (todos voluntários integrantes da CEMAC)
que trabalham, ou como dizem na CEMAC, servem[4] nos eventos são:
intercessão, música, comunicação, limpeza, liturgia, cantinho da criança,
apresentador(es), aconselhamento, decoração, lojinha, estacionamento, ordem,
lanchonete, cozinha, acolhida, artes, quartos, Stand da Consagração (apenas no
evento Geração Totus Tuus), Stand – Casa, Palco e iluminação (eventos
externos), entretenimento e coordenação geral, as equipes de cozinha e quartos,
são utilizadas exclusivamente no Retiro de Carnaval.
Por isso, ao ser questionado sobre quando se pensa na programação e
estrutura dos eventos, o intuito de acolher os participantes da melhor forma
possível é considerado. O entrevistado A disse:
Sim, a programação inteira é pensada de acordo com o público alvo, para
que se acolha cada um da melhor forma possível. Em eventos para
famílias, oferecemos também equipe para cuidar das crianças, de modo
que os pais possam aproveitar o evento da melhor forma possível. [sic]
É interessante observar, que pela resposta acima, a questão do
acolhimento, de pensar no perfil dos participantes dos eventos, de ofertar serviços
para melhor receber estas pessoas, se faz presente na organização dos eventos
da CEMAC, pressupondo que ao se planejar os eventos se pensa em ações de
hospitalidade, sem talvez ter noção que estão fazendo ações que levem à
hospitalidade.
E para finalizar, foi perguntado se na percepção deles, os eventos da casa
são acolhedores.
Sim, porém sempre há como melhorar. Acredito que fazemos o que
podemos ao nosso alcance para acolher da melhor forma, porém ainda
há muito a ser percorrido. [sic]
Portanto, após analisar as respostas do entrevistado A e B, pode-se
perceber que os organizadores não tem experiência profissional na área de
211
eventos, que organizam os eventos de acordo com a necessidade da
programação. É interessante perceber que a estrutura dos eventos é simples, mas
que segue uma organização pré-definida e planejada com serviços e equipes de
serviço bem determinadas, que tudo é pensado para melhor acolher e servir aos
participantes, podendo-se dizer que segundo as respostas dos entrevistados os
eventos da Casa possuem ações que levam à hospitalidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo introdutório sobre a hospitalidade nos eventos realizados pela
Casa de Evangelização Monsenhor Catão - CEMAC na visão de seus
organizadores possibilitou a identificação das particularidades de um tipo
específico de evento católico, os organizados por uma Associação de leigos, ao
apresentar através de uma das respostas dos entrevistados, que os eventos são
idealizados por orientações da Igreja, seja pelos direcionamentos do Bispo ou do
Papa, como também pelas necessidades que a CEMAC visualiza na comunidade
pessoense, mas sempre voltados às normas da Igreja.
Também é interessante ressaltar que mesmo os entrevistados não tendo
experiência profissional em eventos, todos os eventos realizados pela CEMAC
possuem estrutura planejada e organizada com serviços e equipes para executar
suas tarefas e, como afirma Castelli (2010), receber, abrigar e cuidar através da
equipe de acolhida, entretenimento, música, decoração, limpeza, etc., bem como
alimentar através da lanchonete e cozinha.
Portanto, pode-se perceber que a hospitalidade é buscada pelos
organizadores dos eventos da CEMAC. Mesmo sem perceber, os responsáveis
pensam o evento de acordo com o perfil do público, para então organizar uma boa
programação e a estrutura condizente com a proposta do evento.
Palavras-chave: Hospitalidade; Eventos; Eventos Católicos.
212
Estudo sobre o evento Réveillon do Gostoso no olhar do residente de São
Miguel do Gostoso143
Ana Lays do Nascimento144 ([email protected])
Michel Jairo Vieira da Silva145 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de localidades por meio do turismo comumente exige
participação popular no processo decisório, valorização da comunidade nos
postos de trabalho, enaltecimento da cultura local, qualidade de vida dos
residentes em práticas de lazer normalmente compartilhadas com o turista (SILVA,
2017). Apesar do avanço de formas participativas de gestão e desenvolvimento,
ainda são poucos os destinos litorâneos do Brasil onde esta realidade com
participação popular, na busca pela qualidade de vida daqueles que moram na
cidade, na integração dos mesmos ao fenômeno turístico.
Embora se tenha órgãos e entidades específicas da área atuando sobre
esses destinos (NÓBREGA, 2013), em diversos casos não há uma atuação forte
ou diálogo eficiente na governança que deveria integrar gestão pública, privada, e
autóctone (ligados direta ou indiretamente à atividade turística). Em diversos
lugares propõem-se muitas vezes projetos, eventos que atentam para a cadeia
produtiva do turismo, mas que não inserem o morador (como trabalhador ou
consumidor) nas práticas de lazer desenvolvidas na parceria público/privado,
gerando em muitos casos exemplos claros de segregação.
O município de São Miguel do Gostoso, destino paradisíaco com demanda
nacional (sol e praia) e internacional (sol e praia, acrescido fortemente pelo
turismo de aventura – kite e wind surf), localizado no litoral norte do estado do Rio
Grande do Norte, vem se destacando como um destino. Dentre seus mais
recentes projetos e parcerias, tem-se desde o ano de 2016 o grande evento
Réveillon do Gostoso. Este evento com duração de 5 dias e que conta com grande
estrutura, embora seja realizado em uma comunidade caiçara e de população
simples, é caracterizado como grande porte, de alto padrão e que atrai um público
143
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 144
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 145
Coordenador do curso de Turismo da UFRN.
213
de aproximadamente 3 mil pessoas, entre elas muitas celebridades nacionais e
internacionais o que o torna significativamente uma festa elitizada e bastante cara.
Dessa maneira, esta pesquisa busca avançar em um entendimento sobre
os impactos desse evento para a cidade turística de São Miguel do Gostoso/RN.
Sendo então fundamental compreender aos olhos de residentes o impacto desse
grande evento no município, usando inclusive (por entender o exercício de
participação popular) seu local de fala.
E, para um maior aprofundamento, torna-se pertinente apresentar os
objetivos específicos: a) Contextualizar historicamente o evento Réveillon do
Gostoso; b) Mostrar os impactos do evento em emprego, renda e benefícios a
cidade aos olhos dos entrevistados; e c) Conhecer o processo de apropriação do
evento pelos residentes entrevistados em sua prática de lazer.
Por trás dessa pesquisa está o interesse em observar formas de
planejamento mais harmoniosas (Krippendorf, 2003), que visem à promoção do
desenvolvimento socioespacial, enxergando uma mudança socialmente positiva e
participativa e não unicamente visando o capital a curto prazo.
METODOLOGIA
Esta pesquisa tem uma abordagem qualitativa e de caráter exploratório
(buscando familiarização com temática específica por meio de um contato com
número pequeno de 10 moradores que não estivessem ligados a nenhuma
representação social (como sindicatos, associações, etc.). Em seguida, foi
necessário realizar análise de entrevista semiestruturada com a secretária de
turismo municipal. Com foco no olhar de residentes sobre evento Réveillon do
Gostoso (2018-2019), o trajeto da pesquisa permitiu inicialmente uma análise
bibliográfica e documental (Gil, 2002), que culminou em uma contextualização
histórica da região e do evento.
Tais etapas, quando conclusas, permitiram o alcance dos objetivos
específicos que nas análises foram divididos em sub-seções (contextualização
histórica do evento; olhar do residente sobre o evento; práticas de lazer do
residente durante o réveillon), alicerçando o objetivo geral desta pesquisa.
RESULTADOS
Contextualização histórica do Réveillon do Gostoso
214
De acordo com a entrevista realizada com a atual Secretária de Turismo e
Comunicação o réveillon obteve um público de 1.800 pessoas e gerou grande
impacto positivo ainda em seu primeiro ano, fomentando a economia do município,
propiciando uma receita de 5 milhões para a cidade. Segundo ela, isso
proporcionou a alguns residentes uma nova oportunidade de negócio,
possibilitando uma melhor renda nesse período de festa.
Nota-se que há um discurso muito positivo da parte da gestão quando se
mencionam as ações realizadas em prol e através do evento. No entanto, alterar o
cotidiano do residente com algo novo sem que eles estejam preparados (olhar de
alguns residentes) é algo 3 preocupante no tocante à realização de eventos, mas
também no processo de integração/segregação da população (FAGUNDES &
ASHTON, 2010), e é neste ponto onde muitas vezes as instituições envolvidas
pecam com a não inclusão dos habitantes, por mais que bens materiais
objetivamente sejam entregues à população. A participação pública no processo
decisório é fundamental e soberana, como aponta Beni (2006).
Impactos do evento aos olhos da comunidade
Durante as entrevistas evidenciam-se uma série de críticas levantadas pela
população quando questionadas sobre o processo de sua inclusão na tomada de
decisão de implementação do evento na comunidade. Alguns entrevistados
alegam que o Poder Público não consultou claramente a população sobre o
projeto.
Para além disso, não há dúvidas sobre o crescimento da cidade, e sobre
estruturas e oferta de serviços aos turistas, visto que a localidade aos poucos se
molda para atender as necessidades dos visitantes. O comércio e serviços são os
setores mais beneficiados, principalmente nesse período de evento. Porém, nota-
se que o despreparo e anseio pela necessidade de obter uma melhor rentabilidade
leva o próprio residente em alguns casos a se alto segregar (deixando a cidade no
período de festa).
O Réveillon do Gostoso no lazer do residente
O que se vê na cidade são duas realidades de tendência díspar – o lazer do
residente e o lazer do turista. Apesar de reconhecer a importância do evento, e
que a lógica do evento não deve ser obrigatoriamente assimilada pelo morador – é
necessário refletir sobre como essa dinâmica se instala no imaginário dos
215
moradores. É preciso buscar uma justiça social e interação ou pelo menos
equidade nas experiências do residente e do turista. É preciso ter como norte a
população local sendo valorizada e sua cultura referenciada pelos visitantes,
fugindo assim das formações dos guetos, sendo este um modo de segregação.
CONCLUSÃO
Pensar o turismo nos propõe criar, planejar e gerir ações que promovam o
desenvolvimento inclusivo e participativo da comunidade desde a tomada de
decisões a sua implementação e benesses. Tendo o turismo de eventos como um
grande multiplicador econômico e social, torna-se necessário observar os
impactos e louros advindos de sua prática aos olhos dos moradores do destino.
Ao dar voz a moradores de diferentes perfis por meio de uma pesquisa
exploratória de aproximação e familiarização com o tema, exercitamos com eles a
prática da participação popular, levantando suas opiniões, inquietações e desejos
- sendo aspecto fundamental na gestão pública do turismo.
Nesta perspectiva, ao desenvolver este trabalho, identificamos um evento
de sucesso financeiro para seus idealizadores e fornecedores. Observamos
exemplos de autóctones do município de São Miguel do Gostoso que reconhecem
o crescimento e desenvolvimento da cidade em função da realização desse
evento, principalmente para os serviços de comércio, hotelaria e alimentação.
Em contrapartida, alguns entrevistados veem o evento como uma festa
elitista e segregacionista. Onde pouco ocorre a inclusão da comunidade do ponto
de vista da 4 participação e lazer devido aos altos preços de ingressos e as
opções ofertadas para a comunidade.
Ainda que a Prefeitura realize uma festa para a comunidade no dia 31 de
dezembro de cada ano, para eles é discrepante a qualidade da estrutura e
experiência de lazer da festa em comparação com o Réveillon do Gostoso, com
bandas desconhecidas estruturas pequenas e que muitas vezes não atende as
necessidades da própria população. Destaca-se também a falta de oportunidades
de emprego por alguns moradores.
Percebe-se por fim, que diante do exposto – a percepção desses
moradores aponta para uma relevância econômica do evento, mas a gestão que
não incentiva a uma interação social entre os residentes e turistas, e enaltece o
distanciamento por meio de deslocamento (aluguel de casas), mas na separação
216
em espaços de consumo marcadamente distintos, o que fere diretamente o
conceito de turismo harmonioso e integrador, que busca o desenvolvimento
socioespacial.
Reconhecendo os limites da pesquisa, para estudos futuros
complementares a essa proposta é então fundamental avançar em pesquisas com
metodologias quantitativas sobre o impacto do evento na comunidade, além de
trabalho que abarque as opiniões e perspectivas também de turistas que
participam do evento, além dos organizadores do mesmo e fornecedores.
Palavras-chave: Turismo. Evento. Réveillon do Gostoso.
REFERÊNCIAS
BENI, M. Política e planejamento estratégico no desenvolvimento sustentável do
Turismo. Revista Turismo Em Análise, v. 17, n. 1, pp. 5-22, 2006. Dói:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v17i1p5-22.
FAGUNDES, Camila; ASHTON, Mary Sandra Guerra. Desenvolvimento regional
através do turismo: geração de emprego e renda. Revista Conhecimento Online.
Ano 2, v. 2, setembro de 2010. Dói: https://doi.org/10.25112/rco.v2i0.146.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
KRIPPENDORF, J. Sociologia do Turismo: para uma nova compreensão do
lazer e das viagens. São Paulo: Aleph, 2003.
NÓBREGA, W. Turismo, desenvolvimento e políticas públicas: limites e avanços
do estado do Pará. In: AZEVEDO, F. Figueiredo, S., Nóbrega, W., Maranhão, C.
(eds) Turismo em foco. Belém: Naea, 2013.
SILVA, Michel Jairo Vieira da. O turismo de massa e a cidade: processos de
integração versus segregação socioespacial em capitais nordestinas (Recife-PE e
Natal-RN) a partir de registros (VLOGS) de viagem de turismo doméstico. 2017.
312f. Tese (Doutorado em Turismo) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.
217
Eventos como ferramenta para o desenvolvimento turístico de um município:
Uma proposta de calendário de eventos para Serraria/PB146
Flávio Luis Lima147 ([email protected])
Aline Gisele Azevedo Lima de Barros148 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O Turismo é um conjunto de atividades que envolvem o deslocamento de
pessoas de um lugar para o outro, seja ele doméstico ou internacional, está ligado
a diversos segmentos, entre eles o turismo de consumo, onde são organizadas
excursões com o objetivo principal de fazer compras, o turismo religioso, realizado
para encontros em regiões com tradição religiosas, o turismo cultural, o turismo
rural, o turismo ecológico, o turismo de eventos entre outros. (MATIAS, 2010).
Todo evento é um instrumento institucional e/ou promocional utilizado na
comunicação dirigida, com a finalidade de criar ou fortalecer a imagem de
empresas, produtos, serviços, ideias de pessoas por meio de um acontecimento
previamente planejado, num determinado espaço de tempo, com a aproximação
entre os participantes, que seja física ou através de recursos tecnológicos, os
eventos são manifestações sociais em torno de diferentes temas proporcionado
pela natureza e pela cultura de um grupo.
O turismo de eventos tem sua importância para uma cidade ou região,
podendo incentivar o desenvolvimento socioeconômico local, contribuindo para
geração de empregos e renda, como também, a melhoria da infraestrutura que
beneficia não só o turista, como também a população da cidade.
Os eventos mobilizam um grande número de profissionais durante sua
organização e realização, provocando movimentação econômica nas cidades
sedes. Outro aspecto importante do turismo de eventos é o fato de o turista poder
retornar depois com a família, para os locais que mais lhe agradaram. (BRITTO E
BRITTO, 2002)
146
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 147
Bacharel em Hotelaria pela UFPB. 148
Mestre em Engenharia da Produção pela UFRN. Bacharel em Turismo pela UFRN.
218
Considerando o município de Serraria/PB[2], objeto desse estudo, que
realiza eventos mais voltados a cultura, como por exemplo, a Rota Cultural
Caminhos do Frio e o São João Pé de Serra, mas que ainda não possui uma
organização desses eventos para que a população possa se preparar e usufruir de
seus benefícios, propõem-se nesta pesquisa a elaboração de um calendário de
eventos, que se configura como uma forma de organização dos eventos que
acontecem a cada mês na cidade.
Diante deste contexto a questão que se buscou responder nessa pesquisa
é como um calendário de eventos pode auxiliar no desenvolvimento turístico do
município de Serraria/PB?
No objetivo geral buscou-se verificar como um calendário de eventos pode
auxiliar no desenvolvimento turístico do Município de Serraria/PB. E como
objetivos específicos procurou-se apresentar os eventos como ferramenta para o
desenvolvimento turístico de uma localidade, bem como averiguar os eventos já
existentes e os que aconteciam e hoje não mais se realizam, além de levantar os
eventos que se destacam para então propor um calendário de eventos para
Serraria/PB.
METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se por ser descritiva, pois segundo Gil
(2002) nesses tipos de pesquisa busca-se a descrição das características de
determinada população ou fenômeno bem como a utilização de técnicas
padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação
sistemática.
É uma pesquisa com abordagem quantitativa e qualitativa, pois segundo
Moresi (2003), é quantitativa porque existem dados numéricos que foram tratados
com técnicas estatísticas que quantificam as informações, e é qualitativa, pois se
levantou os eventos que acontecem e já aconteceram no município de Serraria
para poder elaborar o calendário de eventos.
A população da presente pesquisa foi as pessoas que participam
diretamente e indiretamente dos eventos realizados no município, englobando: os
jovens que fazem parte dos grupos culturais que se apresentam nos eventos, os
219
comerciantes, os proprietários ou responsáveis pelos meios de hospedagem,
representantes da população e os secretários da Secretaria de Turismo,
Comunicação e Eventos e da Secretaria de Educação e Cultura do município de
Serraria.
A amostra foi não probabilística por conveniência para os jovens dos grupos
culturais, os comerciantes, os proprietários ou responsáveis pelos meios de
hospedagem e representantes da população, pois seria impossível alcançar a sua
totalidade.
Decidiu-se por dois instrumentos de coleta de dados, um questionário, com
questões abertas e fechadas, para a amostra descrita no parágrafo anterior,
aplicado no período de 08 a 14 de abril de 2018, e uma entrevista com os
secretários da Secretaria de Turismo, Comunicação e Eventos e da Secretaria de
Educação e Cultura.
Para análise, os dados numéricos adquiridos com os questionários foram
expostos em gráficos para receber um tratamento quantitativo e as respostas das
questões abertas foram tabuladas e analisadas de forma quantitativa e qualitativa.
As entrevistas foram analisadas de forma qualitativa à luz do referencial teórico.
RESULTADOS
Antes de iniciar os resultados é interessante informar que Serraria é um
município do Brejo Paraibano, com 6.602 habitantes, situada a 90km da capital
Paraibana, na parte mais elevada da cordilheira da Borborema, ocasionando um
clima agradável durante o dia e frio à noite, com um apelo natural de paisagens
campesinas, onde se desenvolveu a lavoura da cana-de- açúcar e engenhos
produzindo rapadura e aguardente. Serraria é mais visitada na época da Rota
Cultural Caminhos do Frio[3].
Diante desta breve introdução sobre o município inicia-se a análise do
questionário e das entrevistas. Foram respondidos 50 questionários, sendo 25 de
jovens dos grupos culturais, 10 comerciantes, os 02 proprietários dos dois meios
de hospedagem existentes em Serraria, 13 representantes da população
(Presidente, vice e integrantes da associação de moradores).
220
O perfil dos respondentes traçado pela pesquisa foi composto da seguinte
forma: quanto ao gênero, a grande maioria de mulheres (64%); quanto a faixa
etária, os jovens entre 15 e 20 anos prevaleceram (55%), mas adultos entre 30 e
50 anos, também aparecem de forma significativa (35%); quanto a escolaridade a
maioria possui o ensino fundamental completo (45%). Já as duas secretarias são
compostas por duas mulheres, na faixa etária entre 40 e 50 anos e escolaridade
nível superior.
Para iniciar as questões referentes aos eventos foram questionados se
trabalhavam nos eventos realizados no município, 54% dos respondentes
disseram que trabalham de alguma forma, vendendo, fazendo apresentações
culturais, tocando, organizando e as duas secretárias também trabalham
diretamente na organização e realização dos eventos, sendo interessante
observar que os dois proprietários dos meios de hospedagem responderam que
não trabalham nos eventos, mas sim, são beneficiados pelos eventos.
Em relação a importância dos eventos para o município, todos responderam
positivamente sobre ser muito importante. Quando perguntados se percebiam
algum tipo de benefício dos eventos realizados, principalmente os comerciantes e
os responsáveis dos meios de hospedagem responderam que sim, principalmente
o aumento nas vendas e da renda, corroborando com as respostas das
secretárias.
Seguindo indagou-se sobre a infraestrutura se era condizente para a
realização dos eventos e se não, se o dinheiro deixado pelos eventos poderia
contribuir para a sua melhoria. 54% responderam que a infraestrutura é boa, mas
que pode melhorar caso a verba adquirida pelo município através dos eventos
seja revertida para a infraestrutura.
Quando questionados sobre emprego e renda, 47% responderam que os
eventos ajudam a melhorar a geração de emprego e a renda.
Mediante essas respostas foi perguntado quais eventos mais se destacam.
A maioria concorda que é o município participar da Rota Cultural Caminhos do
Frio, seguido pela festa da Emancipação Política, São João, As comemorações de
Fim de Ano, 7 de setembro.
221
E quanto ao resgate de eventos informaram em ordem decrescente de
respostas, os seguintes: Semana Cultural, Dia da Crianças, Festa do Padroeiro,
Apresentação da Paixão de Cristo, Serraria Fest, Festa do trabalhador (1º de
maio), Feira Gastronômica e Gincana.
Por fim, foi questionado se a elaboração de um calendário de eventos
ajudaria a população, as entidades e estabelecimentos a se prepararem melhor
para atender a demanda dos eventos realizados em Serraria/PB, além de
movimentar cada vez mais o município, 96% concordam que seria muito
interessante, pois poderiam se organizar tanto para participar como para trabalhar
e assim gerar mais emprego e renda para a comunidade. As secretárias
responderam que seria importante para o município, mas que não conseguiam
realizar devido a falta de pessoal.
E como pesquisa qualitativa, após todos os levantamentos dos
questionários e entrevistas elaborou-se a proposta do Calendário de Eventos para
Serraria.
Quadro 01 – Proposta de Calendário de Eventos para Serraria/PB
JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL
* Colônia Férias
Feliz
*Carnaval em
Serraria (móvel)
*Dia internacional
da mulher.
* Paixão de Cristo
(móvel)
*Show de talentos
MAIO JUNHO JULHO AGOSTO
*Semana Cultural
*Torneio do 1º de
maio
*Festival de
Quadrilhas no São
João.
*Festa do
Padroeiro da
cidade (móvel).
*Trilhas do frio.
*Feira
Gastronômica
*Caminhos do frio.
*Cavalgada da Fé.
*Feira
Gastronômica
222
SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
*Desfile Cívico.
*Gincana do Bem.
*Encontro de
bandas márcias e
fanfarras.
*Festa das
crianças.
*Serraria Fest.
*A festa da
cachaça.
*Alto de Natal.
*Festa de Final de
Ano.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.
Assim, considerando o que Britto e Britto (2002) afirmam sobre calendário
de eventos ser o canal de informação que expressa fatos e costumes
diferenciados, difundindo um conhecimento mais profundo de valores, ao mesmo
tempo em que evidencia os atrativos, esses eventos podem vir a se tornar uma
forma de as localidades ou entidades turísticas promoverem sua imagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o término dessa pesquisa concluiu-se que a proposta de um
calendário de eventos para o município de Serraria/PB, como forma de auxiliar
seu desenvolvimento turístico, se faz interessante, na visão dos sujeitos que
participaram do estudo, devido os eventos poderem possibilitar a movimentação
do município, atraindo mais turistas durante todo o ano e assim gerar mais
emprego e renda, e através do calendário a população poder se organizar tanto
para participar como para trabalhar nos eventos.
Por Serraria ser um município pequeno e ser circunvizinha de alguns
municípios que também trazem consigo valores artísticos, culturais e sociais,
notou-se também a necessidade de melhorias na sua infraestrutura geral do
município tanto para a realização dos eventos, como para a população local.
E para a construção do calendário de eventos foram apontados sugestões
de novos eventos, os eventos que mais se destacam no município (Rota Cultural
Caminhos do Frio, seguido pela festa da Emancipação Política, São João, As
comemorações de Fim de Ano, 7 de setembro), assim como os que poderiam ser
resgatados (Semana Cultural, Dia da Crianças, Festa do Padroeiro, Apresentação
da Paixão de Cristo, Serraria Fest, Festa do trabalhador (1º de maio), Feira
223
Gastronômica e Gincana), visto que existem datas nas quais são realizados
eventos que necessitam de maior amplitude, outros que estão ganhando
amplitude como a Paixão de Cristo e a Feira Gastronômica, alguns eventos que
sumiram com o passar do tempo e que a população sente falta, como a Semana
Cultural.
Portanto, esse estudo por apresentar como os eventos, através de sua
organização em um calendário, podem auxiliar no desenvolvimento turístico de
uma localidade, considerando suas características específicas, no caso
Serraria/PB, buscou contribuir com o município, pois foi entregue as secretarias
participantes do estudo.
Palavras-chaves: Eventos, Turismo de eventos, Serraria, Calendário de eventos.
224
Interfaces entre o direito, lazer, saúde e terceira idade:
Contribuições do projeto “Saúde e Cidadania na Melhor Idade”149
Ana Karla de Sousa Severo150 ([email protected])
Pedro Ivo Valentim da Silva151 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o Brasil vem passando por transformações sociais
que estão ocasionando mudanças significativas em seu perfil populacional. De
acordo com Morhy (1999), o número de idosos está crescendo consideravelmente
e o aumento do tempo de vida deve-se aos avanços nas áreas social, científica e
da saúde. Entre os principais progressos destacam-se as reformas políticas que
procuraram adequar-se às necessidades deste público, reformulando e
assegurando os seus direitos sociais e ainda, os avanços da medicina e da
indústria farmacêutica, que em conjunto com as descobertas científicas e
tecnológicas, propiciaram ganhos importantes para o campo da saúde.
A Constituição brasileira de 1988, desde sua promulgação, prevê em seu
art. 6º o lazer e a saúde como direitos sociais. A própria Carta Magna ainda dispõe
no art. 230 sobre o dever que a família, a sociedade e o Estado têm de amparar
as pessoas idosas, buscando garantir a sua participação na sociedade, partindo
da defesa de sua dignidade e bem-estar.
Em consonância com a Constituição Federal, a Lei nº 10.741/2003 (Estatuto
do Idoso), determina o dever da sociedade de assegurar com absoluta prioridade
diversos direitos das pessoas idosas, dentre os quais o lazer e a saúde,
respeitando-se as condições biopsicossociais inerentes à idade e ao processo de
envelhecimento.
Nesse sentido, além das falsas percepções que permeiam a velhice,
apresentam-se aos indivíduos da terceira idade mudanças fisiológicas,
149
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 150
Graduação em Tecnologia em Lazer e Qualidade de Vida pelo IFRN. Discente do curso superior
em Direito pela UFRN. 151
Graduado em Direito pela UFRN.
225
psicológicas e sociais significativas que exigem uma contínua capacidade
adaptativa ao longo dos anos.
Em um contexto que engloba as implicações do envelhecimento no seio
social bem como as consequências da inatividade ou da falta de atividades sociais
a serem vivenciadas pelos idosos, ressalta-se a importância da sua participação
em atividades diárias, que sejam devidamente planejadas e organizadas, pois
estas podem contribuir para a redução da depressão e dos riscos que a
acompanham. A depressão, nesta conjuntura, é apontada como um dos maiores
sofrimentos emocionais que permeia a vida do idoso, fato que representa uma
redução de suas perspectivas sociais e principalmente de sua qualidade de vida.
Desta forma, observa-se a necessidade de iniciativas por parte dos setores
públicos e privados para incentivar ações direcionadas a este grupo etário, a fim
de que se possibilite além da atenção adequada às suas necessidades, condições
para uma vida digna e com qualidade.
Entre as inúmeras iniciativas já existentes em nosso país, destaca-se o
projeto “Saúde e Cidadania na Melhor Idade”, programa de extensão do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, que objetiva
oferecer por meio de suas diversas atividades uma melhoria para a saúde e a
qualidade de vida do idoso participante. O mesmo segundo Maia et al (2007),
busca viabilizar um espaço de integração social, explorando alternativas de lazer
de forma a possibilitar o resgate da ludicidade, do prazer de viver, favorecendo
desta maneira a qualidade do existir.
Neste âmbito, o lazer segundo Gáspari; Schwartz (2005), é compreendido
como uma possibilidade de preenchimento qualitativo do tempo livre adquirido
após a aposentadoria, que possui como parâmetro as opções e preferências
pessoais, configurado através de seu caráter lúdico, espontaneidade, prazer e
alegria, o que conduz a uma ressignificação emocional das experiências
individuais e sociais nesta etapa de vida.
Considerando a importância de espaços como este que contribuem de
maneira peculiar para a qualidade de vida de pessoas idosas, a problemática
desta pesquisa centra a sua questão em verificar se as atividades de lazer
226
oferecidas pelo projeto “Saúde e Cidadania na Melhor Idade” podem contribuir
para amenizar os transtornos relacionados à depressão dos participantes do
programa que apresentam este perfil.
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar as contribuições das
atividades de lazer proporcionadas pelo “Projeto Saúde e Cidadania na Melhor
Idade” em prol das pessoas que apresentam transtornos emocionais relacionados
à depressão, participantes do programa. Como objetivos específicos busca
verificar a existência de pessoas com transtornos depressivos no “Projeto Saúde e
Cidadania na Melhor Idade”; identificar as causas que contribuíram para o
desencadeamento da depressão no grupo do projeto, portador deste transtorno;
averiguar os possíveis benefícios que as atividades de lazer proporcionam para os
idosos.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa social de natureza qualitativa realizada com os
participantes do projeto “Saúde e Cidadania na Melhor Idade”, programa de
extensão desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Norte (IFRN).
No que concerne ao projeto “Saúde e Cidadania na Melhor Idade”, este foi
implantado no IFRN em 22 de abril de 2000, sob a iniciativa e coordenação de
duas profissionais da área de educação física pertencentes ao quadro permanente
da referida instituição de ensino. Este programa busca desenvolver um projeto
social voltado para a terceira idade que possibilite a ressignificação e
conscientização do papel destas pessoas na sociedade. Desta forma, objetiva
proporcionar experiências que permitam a construção de novos conhecimentos,
ampliando os horizontes de cada idoso participante no que diz respeito às suas
potencialidades físicas e psicológicas. Além disto, o projeto tem por finalidade
estimular a participação social, promover o resgate do lúdico e da cidadania, e
desta maneira, contribuir para melhorias na saúde e qualidade de vida deste grupo
etário.
Quanto à estratégia para a realização do presente trabalho, optou-se por
desenvolver o método “Estudo de Caso”, uma vez que esta técnica permite,
227
segundo Severino (2002), a reunião de informações detalhadas, que propiciam um
amplo conhecimento sobre o objeto a ser estudado. Esta pesquisa foi realizada
com uma amostragem processada de forma não-probabilística e intencional,
constituída por 14 alunos participantes do Projeto que apresentaram diagnóstico
de depressão. Desta forma, verificou-se por meio das opiniões e pensamentos do
grupo entrevistado, a configuração de uma análise que possibilitou a
contemplação dos objetivos expostos neste estudo.
O instrumento utilizado na referida pesquisa constituiu-se de uma entrevista
estruturada, composta por seis questionamentos. Estas questões envolvem a
busca por informações relacionadas ao contexto sócioafetivo do idoso que
apresenta transtornos relacionados à depressão, bem como as suas inter-relações
com as atividades de lazer, vivenciadas durante sua participação no “Projeto
Saúde e Cidadania na Melhor Idade”.
Quanto à análise e discussão dos resultados, a mesma foi realizada por
meio de uma comparação entre as informações obtidas dos entrevistados e o
referencial teórico desenvolvido, os quais relacionam-se aos objetivos propostos
pelo estudo.
RESULTADOS
No contexto dos idosos participantes do “Projeto Saúde e Cidadania na
Melhor Idade”, verifica-se que o surgimento da depressão está associado, entre
outros fatores, ao estresse gerado por situações de vida que envolvem algum tipo
de perda ou apresentam problemas difíceis de manejar. Nesta conjuntura,
destaca-se o rompimento matrimonial através da separação ou da perda do
cônjuge, que representa um evento traumático na vida destas pessoas e conduz a
um desequilíbrio emocional que pode contribuir para a manifestação de
sintomatologias depressivas.
Entre os fatores desencadeantes da depressão, ressalta-se ainda a solidão
representada pelo isolamento e/ou a ausência de um convívio social saudável com
familiares e amigos e que possam trazer significado à existência; os problemas
familiares e de saúde que provocam sentimentos de incapacidade, dependência e
228
fragilidade; e a aposentadoria, que rompe a rotina profissional e com esta a perda
de status, favorecendo sensações de inutilidade e desvalorização social.
Desta forma, evidencia-se por meio dos idosos entrevistados e por suas
respostas, que ao vivenciarem em seu cotidiano as práticas de lazer oferecidas
pelo projeto “Saúde e Cidadania na Melhor Idade”, estes apresentaram melhoras
significativas, amenizando os sintomas e transtornos ocasionados pela depressão.
As vivências no projeto representam para estas pessoas, um momento de
fortalecimento e sociabilidade, que revitaliza a auto-estima, propiciando ânimo e
vigor, além de devolver o equilíbrio emocional, a alegria e o prazer em viver.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se que a terceira idade constitui um público com significativo
crescimento no Brasil, e este aumento vem delineando um novo perfil populacional
na sociedade brasileira. Com isto, surgem também novas demandas e
necessidades que exigem mudanças políticas e sociais, a fim de que possam
atender adequadamente a expectativas e necessidades deste grupo etário.
Neste sentido, iniciativas públicas e/ou privadas que incentivem e
desenvolvam ações direcionadas ao idoso, ocupam um papel de fundamental
importância para a promoção do bem-estar e da qualidade de vida destas
pessoas. Estas ações, sobretudo as desenvolvidas no âmbito do lazer, podem
além de resgatar a ludicidade e o prazer em viver, conduzir a uma vida mais
dinâmica e mais plena de realizações significativas.
Sendo assim, observa-se que as atividades de lazer oferecidas pelo projeto
“Saúde e Cidadania na Melhor Idade”, contribuem significativamente para a
melhoria da qualidade de vida dos que sofrem de depressão, uma vez que
favorece um contato mais profundo com a própria realidade e possibilita uma
ressignificação desta existência. Neste sentido, ressalta-se que estas práticas,
permitem a adoção de um estilo de vida saudável, mais autônomo e com isto,
apresenta-se como um fenômeno capaz de criar um redimensionamento da vida
humana.
Palavras-Chave: Direito. Idoso. Saúde. Depressão. Lazer.
229
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em:
04 de abril/2019.
BRASIL. Ministério da Justiça. Estatuto do idoso. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 10 de
junho/2019.
GÁSPARI, Jossett Campagna; SCHWARTZ, Gisele Maria. O Idoso e a
ressignificação emocional do lazer. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v.
21, n. 1, p.69-76, Abr., 2005.
MAIA, Sônia Cristina Ferreira et al. Programa Saúde e cidadania da melhor
idade. Natal: [s.n], 2007.
MORHY, Lauro. Terceira idade. Revista Humanidades, Brasília, n 46, p. 1, out.,
1999.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São
Paulo: Cortez, 2002.
SOLOMON, Andrew. O demônio do meio-dia: uma anatomia da depressão. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2002.
230
O mercado de eventos de Natal/RN: Estudo da percepção das empresas de
eventos em relação ao Natal Convention Bureau152
Juliana Cabral Duarte Pereira153 ([email protected])
Ricardo Lanzarini154 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Os eventos estiveram presentes na sociedade desde a Antiguidade.
Segundo Matias (2013, p.4), “os eventos atravessaram diversos períodos da
história da civilização humana, atingindo os dias atuais”. Diante desse contexto,
podemos dizer que os eventos sempre foram parte da sociedade, adquirindo
diferentes características ao longo da história.
Fato é que são limitadas as pesquisas direcionadas ao mercado de
eventos na cidade de Natal/RN, sendo os poucos dados disponibilizados pelo
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), ligado à Federação
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio RN), criado em
2009 para realizar pesquisas econômicas, fornecendo dados referentes ao
comportamento do consumidor potiguar e à situação das áreas locais de comércio
e serviços. A última pesquisa realizada foi sobre “Perfil dos Foliões do Carnaval de
Parnamirim 2019”, que apontou traços específicos sobre um evento e não sobre o
mercado de eventos em Natal em sua totalidade.
Pode-se observar em Natal um número considerável de prestadores de
serviços em eventos. Segundo o site oficial do Natal CVB, a organização reúne
mais de 90 empresas ligadas diretamente ao setor de eventos e contribui de forma
significativa para o turismo no município, que tem investido em eventos como
forma de atrair os turistas, especialmente em datas que eram consideradas de
baixa temporada para Natal, como o período do Carnaval, que agora recebe alto
incentivo da Prefeitura Municipal a fim de aquecer a economia.
152
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 153
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 154
Pós-Doutorado em Lazer e Turismo pela USP. Doutorado em Ciências Humanas pela UFSC.
Mestre em Geografia e Bacharel em Turismo pela UFMS.
231
O objetivo é compreender a dinâmica deste mercado com base nos anos
de 2016 a 2018 junto a algumas empresas que são mantenedoras do Natal CVB,
sendo esse critério utilizado como comprovante de vinculação das empresas ao
atendimento em eventos dos mais diversos portes e tipos.
METODOLOGIA
O universo de pesquisa do presente artigo contempla às empresas
organizadoras de eventos associadas ao Natal Convention and Visitors Bureau,
que foi estabelecido como critério de seleção e comprovação da empresa como
diretamente ligada ao setor. A pesquisa é empírica, de caráter exploratório–
descritivo. Para uma melhor estruturação dos resultados encontrados, foi realizado
o uso de mapas dialógicos para uma associação de ideias e melhor aproximação
com o objeto de estudo.
Além dos dados técnicos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas
com a utilização do questionário com dezesseis perguntas com os representantes
de seis empresas pesquisada, a fim de se coletar a história e os fatos sociais, bem
como perceber a integração ou separação existente entre os agentes que
alimentam o mercado de eventos em Natal.
A abordagem qualitativa predomina a partir das falas dos empresários, pois
é nesse tipo de abordagem que é apresentado um aprofundamento na
compreensão do grupo social. “A pesquisa qualitativa não se preocupa com
representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão
de um grupo social, de organização, etc” (GOLDENBERG, 1997, p. 34). Para a
sistematização dos dados, foram utilizados mapas conceituais apresentados por
Spink (2010).
Desse modo, os mapas agrupam a sistematização dos dados em forma de
tabelas, separadas por temática e entrevistas. Para Lima (2016, p. 27), é “através
da entrevista é possível construir histórias de vida, captar experiências, valores,
opiniões, aspirações e motivações dos entrevistados, escolhidos segundo os
critérios e interesses do tema investigado”, agrupando o conteúdo de diferentes
entrevistas a partir de tópicos-chaves organizados em forma de tabelas que
facilitam o entendimento e a visualização integralizada do pesquisador. Assim, as
232
entrevistas foram gravadas e transcritas para que depois pudessem ser agrupadas
por conteúdo temático. Para manter o sigilo dos dados, os entrevistados foram
identificados numericamente.
RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo teve como objetivo geral a compreensão do perfil das empresas
entrevistadas e a sua relação com o Natal CVB. A pesquisa teve como base os
anos de 2016 a 2018. Desse modo, realização das entrevistas foi possível ter as
respostas e por meio da transcrição das entrevistas, inserção em mapas e a
análise de dados, a fim de entender a perspectiva dos entrevistados.
A cidade de Natal, assim como a maioria das capitais brasileiras têm como
uma das suas atividades o turismo de eventos, envolvendo não só empresas
específicas voltadas a eventos, como na área de montagem ou estrutura
audiovisual, mas engloba e movimenta outros setores do turismo, como o
segmento de receptivo, passeios e gastronomia.
Outro dado muito interessante a ser comentado diz respeito à construção
de uma relação da empresa junto aos seus clientes. Na maioria das empresas
existe o contato com o cliente a partir das rodadas de negócios promovidas pelo
Natal CVB e a entidade procura estabelecer vínculos com o cliente e no próximo
evento, o cliente entre em contato diretamente à empresa. Nessa situação, o Natal
CVB atua como uma ponte de ligação entre as empresas e o cliente do setor de
eventos, cabendo à empresa desenvolver um trabalho comercial.
As empresas estudadas, em sua maioria, têm um bom resultado na
atuação em eventos entre os anos de 2016 e 2018. Em relação a eventos
captados, grande parte dos entrevistados, denotam que a organização têm um
papel imprescindível para os eventos, até mesmo um dos entrevistados chamou
atenção para ao fato de que 85 a 90% dos eventos que atuam ser captados pela
organização.
A maioria das empresas têm a percepção de que estar associado a um
CVB agrega resultados benéficos para a sua organização, como crescimento do
setor do turismo, empregabilidade e investimento. Ademais, constataram que
houve resultados proveitosos após a associação com a organização.
233
Outro fato interessante diz respeito ao tempo de associação das empresas
ligadas aos eventos a organização, a maioria das empresas que são associadas
estão a um tempo considerável junto ao Natal CVB.
Ademais, um elemento que foi possível identificar no estudo diz a
percepção dos mantenedores sobre a organização, expondo que ela está em
constante processo de melhora e crescimento, e que nos dias atuais está com
uma maior atuação no cenário de eventos na cidade do que antigamente.
Outro fato a ser destacado é referente a atuação do Convention de Natal
frente à captação de eventos para Natal, em relação a qualidade dos serviços que
a empresa oferece, a maioria dos entrevistados denotaram para o fato de que a
organização procura prestar uma excelência nos seus serviços assim como uma
boa relação com os mantenedores e passa uma boa imagem da cidade, tendo a
percepção de oferecer um serviço com profissionalismo e com qualidade.
Palavras chaves: Turismo. Eventos. Natal Convention Bureau.
234
Planejamento e Eventos: Estudo sobre espaços para realização de eventos
em Pipa/RN155
Ariana Vitória Lucas Bonfim156 (vitó[email protected])
Flávia Vitória Bernardo Dias157 ([email protected])
Renata Paula Costa Trigueiro158 ([email protected])
INTRODUÇÃO
O segmento de turismo de eventos é um difusor da economia brasileira, é
uma estratégia criativa e eficaz para diminuir a sazonalidade turística, por ser uma
atividade que traz retorno para a localidade onde o evento está sendo sediado. O
Ministério do Turismo apoia, por meio de convênio, o fomento da atividade visando
à movimentação de fluxos turísticos.
Conforme pesquisa contratada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à
Pequena e Microempresa) em parceria com a ABEOC BRASIL (Associação
Brasileira de Empresas de Eventos) a indústria brasileira de eventos é uma das
que mais crescem, movimentou R$ 209,2 bilhões no ano de 2014, valor
equivalente a 4,32% do PIB (Produto Interno Brasileiro). Na comparação com
2001, quando a renda anual da indústria de eventos foi de R$ 37 bilhões, houve
um crescimento de 465% o estudo mostrou que em 2013 o Brasil sediou 590 mil
eventos, 95 deles nacionais e metade realizados nos Estados da região Sudeste
(São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo), a mais populosa do
país. No total, esses eventos contaram com a participação de 202,2 milhões de
pessoas, que gastaram, em média, R$ 161,80 por dia, somando gastos anuais de
R$ 99,3 bilhões (ABEOC, 2017).
Muitas cidades passaram a investir e planejar na captação de eventos. Com
o intuito de atrair mais visibilidade e consequentemente um fluxo turístico maior. O
segmento de eventos é responsável por desenvolver a atividade turística onde o
155
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 156
Discente do curso Técnico em Eventos pelo IFRN - Campus Canguaretama 157
Discente do curso Técnico em Eventos pelo IFRN - Campus Canguaretama 158
Graduada em Turismo e mestre em Administração; Docente na área de Turismo e Eventos no
IFRN - campus Canguaretama.
235
turismo é pouco explorado, isso se deve ao fato de a sua realização divulgar o
destino, assim ajuda a atrair pessoas para a participação do mesmo, contribuindo
para movimentar o comércio local. De acordo com o Ministério do Turismo (2017),
o Brasil recebeu no ano de 2014 o número de 6,4 milhões de turistas. Já em 2015
a estimativa foi de 6,3 milhões, houve uma pequena diminuição com relação ao
ano anterior. O Nordeste e o Sul são, respectivamente, as regiões preferidas dos
brasileiros para as próximas viagens. Desses 79% de turistas, escolhem o próprio
país para viajar. Os dados são da pesquisa de Sondagem do consumidor –
Intenção de viagem.
A praia de Pipa, está localizada no município de Tibau do Sul, distante à 85
km de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, Brasil. É um dos principais
destinos do estado, o principal balneário do Litoral Sul do RN, incluindo ainda em
seu roteiro praias como Ponta do Madeiro, Praia do Amor e a de Baía dos
Golfinhos. Em 2016, foi eleita pelo prêmio Travelers' Choice Praias 2016, uma das
10 melhores praias do Brasil. Tal premiação se deu a partir de milhões de opiniões
e avaliações dos turistas ao longo de um tempo estimado de 12 meses. No Brasil
25 praias foram premiadas, sendo a região Nordeste a de maior número de
vencedores. Totalizando 15, seguido pelo Sudeste (7) e Sul (3) (VEJA, 2017).
É notória a visibilidade da praia da Pipa, ela é conhecida mundialmente por
suas belezas naturais e suas belas praias, desse modo, tem como principal
segmento turístico desenvolvido o turismo de sol e mar. Entretanto, outros
segmentos são somados a esse, como o turismo de aventura, o ecoturismo, o
turismo cultural, o turismo gastronômico e o turismo de eventos, objeto desse
estudo.
Por ser um destino famoso por suas belas paisagens praianas, a demanda
turística se concentra na alta temporada, ocasionando à sazonalidade turística,
que segundo Britto e Fontes (2002), é a ausência de atividades turísticas em
determinados períodos do ano (baixa temporada), bem como a concentração das
mesmas em um espaço e tempo e com características próprias (alta temporada).
Desse modo, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro até início de março, e
também, Julho que é o período das férias escolares, uma determinada cidade
236
praiana está lotada de turistas, já no restante do ano há um decréscimo dessa
demanda.
O presente projeto se justifica devido à relevância que o turismo de eventos
representa na economia de um destino, especificamente na praia de Pipa, que
recebe turistas não só do Brasil como também do mundo.
Além disso, o projeto é importante para gerar informações para a
comunidade acadêmica, para a sociedade, para o município de Tibau do Sul, bem
como para a qualificação da equipe envolvida no estudo. Do ponto de vista
pessoal, o interesse pela temática surgiu devido a necessidade de conhecer a
infraestrutura existente para a realização de eventos e dispor de resultados acerca
dos eventos que movimentam a praia mais badalada do Rio Grande do Norte.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar a infraestrutura
existente nos espaços utilizados para a realização de eventos em Pipa/RN, para
isso será necessário identificar os espaços para eventos em Pipa, a tipologia dos
eventos realizados nos espaços, a capacidade de carga dos lugares pesquisados,
a empresas que realizam os eventos, período que os eventos são realizados,
entre outros aspectos.
METODOLOGIA
A pesquisa foi de natureza básica, pois buscou gerar conhecimentos novos
para o campo da Ciência. Quanto aos objetivos, se classifica como exploratória e
descritiva, ou seja, procurou descrever características da infraestrutura de eventos
no fenômeno turístico, no que diz respeito à praia da Pipa/RN (GIL, 2008).
Tendo como procedimento o estudo de caso, pois procurou gerar
conhecimento amplo e diversificado acerca do assunto. Quanto à abordagem foi
de caráter qualitativo.
A população da pesquisa foi composta por todos os espaços com potencial
para a realização de eventos em Pipa/RN. Esses estabelecimentos foram
selecionados baseados em pesquisa prévia sobre a localidade, levando em
consideração o espaço físico, dados coletados na Secretaria de Turismo de Tibau
do Sul, dados coletados no Booking.com e na mídia social de compartilhamento
237
de imagens, Instagram, através da divulgação que os estabelecimentos fazem
sobre a realização de eventos nos seus espaços.
Nesse sentido, teve-se como amostra 8 estabelecimentos: 4 hotéis, 1
pousada, 1 Spa, 1 Casa de show, 1 Arena de eventos. Os estabelecimento
selecionados foram Sun Bay Hotel, Pipa Atlântico Hotel, Hotel Sombra e Água
Fresca, Bupitanga Hotel, Pousada Toca da Coruja, Spa da Alma, Boate Calangos,
Arena Pipa Open Air, conforme exposto a seguir.
Para a coleta de dados realizou-se entrevista com os responsáveis pelos
espaços, bem como visitação in loco para observação. A entrevista foi
semiestruturada do tipo focalizada que de acordo com Gil (2008), é um tipo de
entrevista composta por um tema específico, permitindo ao entrevistado falar
abertamente sobre o assunto.
Na visitação in loco nos estabelecimentos pesquisados, além de fazer uma
entrevista e a observação, também foi utilizado um instrumento de coleta de dados
com um check list de informações sobre a infraestrutura que foi observado nos
estabelecimentos.
Para análise dos dados a técnica utilizada foi a análise de conteúdo, que de
acordo com Severino (2007) significa uma análise de informações das
comunicações constantes disponibilizadas por perguntas, entrevistas e
depoimentos.
RESULTADOS
De acordo com dados da Secretaria de Turismo de Tibau do Sul, em 2018,
a praia de Pipa possui 102 meios de hospedagem, sendo 23 hotéis, 65 pousadas,
10 hostels, 4 flats. Possui também 6.000 leitos e 2.134 unidades habitacionais.
Além dos meios de hospedagem, existem outros lugares com potencial
para a realização de eventos em Pipa, tais como boates, casas de show, espaços
abertos como estacionamento, arena de eventos, entre outros.
Esses estabelecimentos foram selecionados baseados em pesquisa prévia
sobre a localidade, levando em consideração o espaço físico, dados coletados na
Secretaria de Turismo de Tibau do Sul, dados coletados no Booking.com e na
238
mídia social de compartilhamento de imagens, Instagram, através da divulgação
que os estabelecimentos fazem sobre a realização de eventos nos seus espaços.
Nesse sentido, os estabelecimentos selecionados foram Sun Bay Hotel,
Pipa Atlântico Hotel, Hotel Sombra e Água Fresca, Bupitanga Hotel, Pousada
Toca da Coruja, Spa da Alma, Boate Calangos, Arena Pipa Open Air.
A pesquisa realizada dos espaços para realização de eventos em Pipa/RN,
revelou que tem, no total, uma área de aproximadamente 142.500 metros
quadrados. Dos hotéis pesquisados, um deles não foi possível a obtenção da área
total de seu espaço. Desse total de 142.500 metros quadrados, 30.500 são da
Casa de Show, a Boate Calangos, e da Arena, o Pipa Open Air, conforme exposto
na Tabela 1.
Tab. 1 – Metros quadrados por tipo de espaço – 2018
Tipos de espaços Número de m2 %
Hotel 62 000 43,5%
Pousada 25 000 17,5%
Spa 25 000 17,5%
Casa de Show 500 0,35%
Arena 30 000 21,05%
TOTAL 142 500 100%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.
Dos meios de hospedagem pesquisados, foi observado um total de 340
unidades habitacionais. Sendo que, segundo dados da Secretária de Turismo do
município de Tibau do Sul/RN, Pipa dispõe de 2.134 unidades habitacionais,
conforme exposto na Tabela 2.
Tab. 2 – Unidades habitacionais dos Meios de Hospedagem pesquisados – 2018
Tipos de espaços Unidades Habitacionais %
Hotel 294 13,77%
239
Pousada 28 1,31%
Spa 18 0,84%
Restantes dos meios de hospedagem de pipa
1794 84,06%
TOTAL 2134 100%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.
As informações levantadas mostram que „Meios de hospedagem‟ são
responsáveis pela maior quantidade de espaços usados para eventos em
Pipa/RN. Os eventos mais recorrentes nesse tipo de espaço são os casamentos,
encontros de vivência e jantares. Mas além deles, com uma tipologia diferente,
tem-se como exemplo o hotel Pipa Atlântico, que possui um centro de eventos
onde é geralmente realizado eventos de cunho empresarial. A arena Pipa Open
Air recebe em seu espaço eventos corporativos, esportivos, shows, culturais e
privados.
Na pesquisa em campo, foi observado nas falas dos entrevistados, que, os
espaços estão predispostos a receber outros tipos de eventos. Houve algumas
exceções em que, por o estabelecimento visar manter um certo conforto e
privacidade para seus hóspedes, eles não aceitariam qualquer tipo de evento, e
de preferência para sua realização seria necessário fechar o espaço inteiro (mais
especificamente, no caso dos meios de hospedagem).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A organização de eventos é uma atividade que requer bastante
planejamento, visto que é necessária a contratação de vários prestadores de
serviços para concretizar e tornar o evento realidade.
Um dos primeiros passos para organizar um evento é a elaboração de um
projeto, bem como a escolha da data e a seleção do local onde o evento irá
acontecer. Para a seleção do local é necessário conhecer a infraestrutura que o
local oferece para a realização do evento.
Diante disso, buscou-se analisar a infraestrutura existente nos espaços
utilizados para a realização de eventos em Pipa/RN, para isso foi necessário
240
identificar os espaços para eventos em Pipa, a tipologia dos eventos realizados
nos espaços, a capacidade de carga dos lugares pesquisados, período que os
eventos são realizados, entre outros aspectos.
É possível concluir que os objetivos foram parcialmente alcançados, pois foi
possível identificar os espaços para a realização de eventos em Pipa, entretanto,
algumas informações como valores e itens mais específicos da infraestrutura dos
locais pesquisados não foi possível obter.
Nesse sentido, se faz necessário continuar a pesquisa para que se possa
obter informações mais amplas sobre a infraestrutura disponível para a realização
de eventos na Praia de Pipa/RN.
Palavras-chave: Planejamento; Espaços; Eventos; Turismo.
241
Relação da hospitalidade comercial nos comentários de satisfação do
Tripadvisor sobre o hotel Wish Natal159
Carla Aparecida Gomes da Rocha Brito160 ([email protected])
Beatriz dos Ramos Mandú161 ([email protected])
Rayane do Nascimento Miranda162 ([email protected])
Rayssa Carla Ferreira de Araújo Santos163 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Os meios de hospedagem compõem um dos pontos fundamentais para o
sucesso de uma viagem. Um problema não solucionado ou uma resposta
incompleta, pode acarretar em uma má experiência que, consequentemente,
encaminhará o potencial turista a ter uma avaliação negativa daquele ambiente,
podendo até fazê-lo desistir de retornar aquele destino. Podemos considerar então
a atividade turística como uma cadeia interligada em diversos pontos, onde uma
falha mínima pode prejudicar todo o conjunto. Tentando compreender as
exigências desses turistas, os meios de hospedagens buscam nas plataformas
digitais de viagens um aporte para auxiliar no aperfeiçoamento de seus serviços.
Esse é o caso da mediadora de serviço TripAdvisor, fundada em fevereiro
do ano 2000, com diversos conteúdos relacionados a viagens e turismo, como a
busca por passagens aéreas, dicas do que se fazer no destino escolhido, opções
de restaurantes, aluguéis de casas para temporadas, locações de veículos e
hospedagem, além da plataforma de CGU – Comentários Gerados por Usuários.
A hospedagem torna-se fator determinante na qualidade da viagem, pois
enquanto se está viajando, o hotel/resort/hostel se transformam em suas casas. E
diferente do que muitos podem pensar, não é só pela infraestrutura e atrativos que
se determinada a qualidade do hotel, a prestação do serviço pode ser um fator
essencial em relação à vivência experienciada. Para um hóspede, a hospitalidade
159
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 160
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 161
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 162
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN. 163
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN.
242
pode ser encontrada na gentileza e no sorriso do recepcionista, a presteza na
resolução de algum problema, ou você conseguir se comunicar com aquela
pessoa em seu idioma – inglês, espanhol, libras e etc. Neste ponto, a
hospitalidade doméstica e comercial tem o mesmo objetivo: fazer com que aquela
pessoa se sinta em casa, acolhida, bem recebida, como nos diz a própria
definição de hospitalidade. A hospitalidade na hotelaria geralmente está atrelada
ao atendimento e receptividade prestados no hotel, sendo possível encontrar
alguns comentários em plataformas digitais como “atendimento excelente”,
“pessoas muito hospitaleiras e gentis” e “me senti como se estivesse em casa”.
Podemos entender essa ligação e sua importância nos sites de avaliação como
Tripadvisor. As notas de avaliação possuem diversos quesitos e “atendimento”
encontra-se com destaque entre eles.
Neste trabalho, iremos relacionar a hospitalidade comercial a partir dos
comentários de satisfação da plataforma TripAdvisor - aqui analisado pela termo
atendimento - transmitida pelos funcionários aos hóspedes de um hotel. Para esse
estudo será avaliado o Hotel Wish Natal/RN tendo como foco principal da
pesquisa compreender por meio do estudo desses comentários a importância de
um bom atendimento e do acolhimento oferecido pelo empreendimento e como
esses fatores determinam a avaliação do mesmo.
METODOLOGIA
O tipo de pesquisa utilizado neste trabalho é classificado como um método
qualitativo exploratório que tem como característica a observação do contexto
estudado, no qual envolve obtenção de dados descritivos sobre os hóspedes do
Hotel Wish Natal e com pesquisa bibliográfica da literatura pertinente ao tema. A
realização da pesquisa se deu pelo levantamento de dados através da plataforma
digital “TripAdvisor” onde permite que seus usuários realizem comentários a
respeito de sua estadia – neste caso os usuários que se hospedaram no Hotel
Wish Natal, durante o período de 15 a 18 de maio de 2019, onde pesquisaram-se
os dados relativos ao ano de 2018. Os dados foram analisados por meio do
Microsoft Excel, onde foi possível elencar as informações encontradas elaborando
os gráficos dispostos na Análise de Resultados deste estudo. Ressalta-se,
portanto, que a abordagem qualitativa aqui utilizada contribui para que, com os
243
resultados dos dados coletados, seja possível obter uma nova percepção sobre o
assunto tratado, de modo que as informações ajudem no ponto de vista estudado.
A abordagem do estudo da hospitalidade oferecido no serviço turístico foi o início
do procedimento metodológico buscando entender a realidade e compreensão do
sujeito com finalidade de torná-lo mais explícito ou de construir hipóteses. A
técnica de pesquisa utilizada teve como objetivo fazer um levantamento de dados
necessárias para obtenção de conhecimento acerca da relação entre a
hospitalidade comercial fornecida para os seus clientes com base nos
comentários e respostas da plataforma digital.
ANÁLISES E DISCUSSÕES
Para realização deste estudo foi definido como ano base 2018, levantando-
se os comentários realizados durante o mesmo. O site Tripadvisor permite a seus
usuários realizarem comentários a respeito de sua estadia e receberem um
feedback da empresa a qual estão avaliando. Torna-se assim uma ferramenta de
extrema importância para entender a preferência de seu público, além de
possibilitar ao empreendimento averiguar os pontos defeituosos e com isso buscar
melhorias.
Ao avaliarmos os comentários na página do Hotel Wish Natal foram
encontrados um total de 852 comentários efetuados por usuários, como
demonstrado no gráfico abaixo:
Fonte: elaborada pelos autores
244
O gráfico demonstra que nos meses de Janeiro e Fevereiro/2018 foram os
que receberam o menor número de avaliações, em contrapartida, os meses de
Agosto e Novembro/2018 foram os que receberam o maior número de avaliações.
Se considerarmos que no Brasil a alta estação compreende-se nos meses de
Janeiro, Julho e Dezembro, encontramos uma inversão nas avaliações: quem se
hospeda na baixa estação tende a avaliar mais do que aqueles que se hospedam
na alta estação.
Outro ponto pesquisado foi o conteúdo desses comentários. Para melhor
análise, foram divididos em três categorias:
● Positivo: quando não havia reclamações a respeito do hotel.
Entraram também como comentários positivos aqueles que
elogiavam o hotel, mas possuíam reclamações a respeito de
fatores externos ao mesmo, como por exemplo: temperatura da
água do mar, restaurantes externos, passeios realizados em
outros locais e etc;
● Intermediário: comentários que em seu texto possuíam elogios e
reclamações;
● Negativo: comentários com reclamações e críticas de insatisfação
com o hotel.
O Hotel Wish Natal, por meio de seu setor de relacionamento compreende
a importância deste feedback ao usuário, o que demonstra uma preocupação no
“pós-venda” e não somente enquanto o cliente usufrui da hospedagem. Essa
“importância” foi constatada, pois, dos 852 comentários recolhidos do ano de
2018, todos os 852 receberam o feedback do Hotel Wish Natal. Para os 758
comentários positivos, houve os agradecimentos e o convite de retorno; para os
59 intermediários e os 35 comentários negativos, foi possível ver que o
responsável buscou compreender o usuário e ressaltar que estariam sempre a
buscar melhorias para um serviço de excelência.
Outra ferramenta disponível no site possibilita a interação entre usuários em
forma de voto. Um usuário pode avaliar se aquele comentário foi útil ou não para
si. Isso evidencia o fato de que um comentário de terceiros pode influenciar na
245
escolha daquela hospedagem na hora da viagem. Para esta pesquisa os
comentários que não obtiveram nenhum voto como útil foram nomeados como
„abstenção‟. Dos 852 comentários que o Hotel Wish Natal recebeu durante o ano
de 2018, 152 votos foram considerados úteis para outros usuários, enquanto 700
comentários não receberam nenhum tipo de voto. Embora grande parte dos
comentários não receberam votos, é importante salientar que usuários buscam
informações com outros usuários em suas pesquisas para viajar e que não se
baseiam mais somente naquilo que está descrito no site da empresa.
Por fim, o foco desta pesquisa foi medir pelos comentários dos usuários a
satisfação dos mesmos quanto ao atendimento prestado pelo hotel sujeito à
pesquisa, para com isso entender a importância da hospitalidade e seu impacto
positivo aqueles que o recebem, pois a hospitalidade inclui-se em toda a
experiência que o turista teve no local, e a receptividade ofertada pelos
colaboradores do hotel é somente outra forma de hospitalidade.
Para isso, averiguamos nos comentários o aparecimento da palavra
“atendimento”, seus radicais e sinônimos.
Fonte: elaborada pelos autores
Neste gráfico foram incluídos os comentários que em sua avaliação há a
palavra atendimento e suas variações. Neste quesito não houve comentários
negativos a respeito do atendimento no Hotel Wish Natal, ou seja, todos os
comentários que citam o atendimento do local estão entre os comentários
246
positivos e/ou intermediários. O que nos mostra que mesmo onde houveram
ressalvas ao hotel, o atendimento ainda foi avaliado de forma positiva.
Com isso, pode-se entender que o atendimento - ou hospitalidade - pode
ser fator determinante na hora da avaliação de um hotel, e que está estende-se
muito além do período da hospedagem, vai até o retorno da empresa ao
comentário, o cuidado de ter seu cliente ciente de que está sendo ouvido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em qualquer lugar que frequente, um bom atendimento é essencial para
que haja (ou não) um regresso, sendo essa a forma de definir a hospitalidade do
local. Seja como usuário ou colaborador, é necessário entender a importância de
uma boa relação entre empresa e cliente, ou seja, entender e difundir a
hospitalidade comercial. No caso do turismo, que tem seu diferencial por trabalhar
com atendimento (direta ou indiretamente) que influencia de forma primordial na
experiência de um cliente, compreender como seu público reagiu após a usufruir
de algo, é um fator relevante para o sucesso do equipamento e para compreender
como está a hospitalidade de seu empreendimento.
Tomando como base o ano de 2018, pode-se notar que em meio às
avaliações, o atendimento - ou hospitalidade, como alguns gostavam de definir -
manifesta-se em 74% das avaliações de forma positiva, não havendo avaliações
negativas para este critério. Isso demonstra que mesmo com avaliações
negativas, o atendimento pode destacar-se e influenciar na vivência daquele
hóspede. Como principais limitantes da pesquisa podemos destacar a escolha de
somente um empreendimento, um ano específico de pesquisa e escolha de uma
única plataforma para estudo.
Com isso, percebe-se a importância da hospitalidade para o funcionamento
dos equipamentos turísticos - nesse caso atrelado ao atendimento - e para os
usuários dos mesmos. Para estudos futuros, sugerimos a interpretação dos
comentários em outras plataformas de avaliações como Booking.com ou
Hotéis.com; e estudo comparativo da hospitalidade comercial existente entre os
resorts cinco estrelas na cidade de Natal/RN.
Palavras-chaves: Tripadvisor; Wish Natal; Hospitalidade; Atendimento.
247
REFERÊNCIAS
ALVES, JULIANE MOREIRA. Hospitalidade nos meios de hospedagem: A
oferta de serviços de hospedagem na percepção de turistas surdos – Brasília,
2017. 40 f.
CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. Hospitalidade – São Paulo: Aleph, 2004 –
(Coleção ABC do Turismo).
CESTARI, Heloísa. CONHEÇA O WISH, O MAIS NOVO HOTEL DE LUXO DE
NATAL. [S. l.], 25 jul. 2018. Disponível em: https://rotadeferias.com.br/conheca-o-
wish-o-mais-novo-hotel-de-luxo-de-natal/#masthead. Acesso em: 23 maio 2019.
TRIPADVISOR. Sobre o TripAdvisor. [S. l.], 2019. Disponível em:
https://tripadvisor.mediaroom.com/br-about-us. Acesso em: 7 jun. 2019.
WISH Natal - Tripadvisor Brasil. [S. l.], [2017?]. Disponível em:
https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g303518-d304339-Reviews-
Wish_Natal-Natal_State_of_Rio_Grande_do_Norte.html. Acesso em: 23 maio
2019.
WISH Natal Exclusive Resort. [S. l.], [2017?]. Disponível em:
https://www.wishhotels.co/resort-em-natal/wish-natal-by-gjp/. Acesso em: 23 maio
2019.
248
Turismo Fashion: Potencialidades e contribuição dos eventos de moda para
a criação da imagem de marca de destinos turísticos (Seridó/RN)164
Adson de Lima Claudino165 ([email protected])
INTRODUÇÃO
Os eventos em seu contexto histórico, estão intrinsecamente vinculados
com o surgimento e a evolução da atividade turística, concomitantemente as
celebrações e festejos motivavam o deslocamento de pessoas para outros
destinos, o desenvolvimento do turismo permitiu as viagens para participação em
encontros de interesse profissional, comercial, promocional ou social,
caracterizando o turismo de eventos.
Os eventos apresentam-se como forte incentivo para a economia local,
estratégias para promoção de destinos e impulsionadores da atividade turística
por não sofrerem interferência da sazonalidade e períodos de crises financeiras.
De acordo com os dados de 2018 da Pesquisa SEBRAE/OMT & MTur, os eventos
M.I.C.E. (Encontros, Incentivos, Conferências e Feiras) movimentaram R$ 854
bilhões de reais da economia brasileira, o que representa 13% do PIB Nacional.
A Associação Brasileira de Eventos (ABRAFESTA) aponta que o mercado
de festas e eventos sociais arrecadou mais de R$ 17 bilhões de reais em 2018. Os
resultados de ambas pesquisas não podem ser generalizados para todo o setor,
visto que abordam tipologias distintas de eventos, mas ainda assim é notório o
impacto positivo que os eventos possuem para a economia e para o turismo.
Os eventos e o turismo de eventos configuram-se como mercados
multifacetados que conseguem integrar-se com outras áreas/serviços, sendo
vislumbrada com essa possibilidade de integração, a indústria da moda. A palavra
moda frequentemente é associada à vestuário, pois no senso comum refere-se ao
vestir, então se moda é roupa e seu significado indica a transmissão de uma
164
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 165
Discente do curso superior em Turismo pela UFRN.
249
mensagem e/ou expressão do que se sente, estando inseridas nesse processo as
peças de vestuário, podemos considerá-la como um fenômeno socioeconômico.
Segundo dados de 2017 da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção, o faturamento da cadeia têxtil e de confecção chegou à US$ 51,58
bilhões, enquanto em 2016 obteve-se US$ 42,94 bilhões, o setor gerou 1,5 milhão
de empregos diretos e 8 milhões de indiretos e efeito renda. O Brasil é o quarto
maior produtor de malhas do mundo e detém da maior Cadeia Têxtil completa do
Ocidente.
O estudo pretende ser realizado no polo Seridó do Rio Grande do Norte
devido sua inclusão no Programa de Interiorização da Indústria Têxtil, Pró-Sertão,
idealizado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Desenvolvimento
Econômico (SEDEC-RN), em parceria com a Federação das Indústrias do RN
(FIERN) e SEBRAE/RN, tendo como objetivo “contribuir para a geração de
emprego e renda em municípios localizados em regiões de baixo desenvolvimento
econômico, apoiando a implantação de novas empresas de confecções no Rio
Grande do Norte” (SEDEC/RN, 2015), o que resulta na concentração de
confecções de moda na região.
O Seridó é um polo turístico fortemente cultural que contempla em seu
calendário uma diversidade de eventos como estratégias para manter constante o
fluxo turístico. Nesse aspecto, detém de potencial para expandir o setor de
eventos culturais, que atualmente possuem grande atratividade, devido ao
aumento do interesse por parte dos turistas neste segmento.
Mediante o contexto apresentado, o Seridó vislumbra a oportunidade de
alinhar os eventos culturais com a moda, sendo esta pesquisa uma nova
perspectiva de atratividade para o destino, bem como o estudo sobre a construção
da sua imagem de marca. Considerando a hipótese levantada, as indagações a
seguir norteiam o desenvolvimento do estudo: quais as potencialidades para o
desenvolvimento de eventos de moda no Seridó? e; os eventos de moda
corroboram para a criação da imagem de marca do destino Seridó/RN?
A razão pela escolha da temática foi em detrimento da expansão do
mercado de vestuário brasileiro, o qual é capaz de atrair um grande público pela
250
possibilidade de comprar ou realizar negócios no setor de vestuário (MTur, 2015).
A relevância acadêmica da temática é percebida nos crescentes estudos sobre
turismo com viés na moda e/ou nos eventos de moda, teóricos como Moura
(2010), Silva (2014), Camelo (2015), Souza (2016), Silva (2016), Cirillo (2018) e
Lewis, Kerr e Burgess (2019) desenvolveram pesquisas nessas áreas.
É pertinente dedicar estudos aos eventos e à moda por serem mercados
que impactam positivamente um destino turístico na medida em que estimulam a
economia, inserem a comunidade no mercado de trabalho, favorecem o turismo e
atuam como agentes promocionais de uma localidade turística, contribuindo para
a construção da imagem de marca do lugar. Além de ser uma temática relevante
para o turismo contemporâneo pela ascensão da indústria têxtil e ao grande
número de deslocamentos com o intuito de participação em eventos de moda.
Desta forma, o objetivo do estudo consiste em analisar o potencial turístico dos
eventos de moda no Seridó/RN e se estes podem contribuir para a criação da
imagem de marca da região.
METODOLOGIA
O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa de tipologia
descritivo-exploratória, pois trata-se de uma temática ainda escassa de trabalhos
acadêmicos, almejando contribuir para o conhecimento técnico-científico sobre o
turismo interligado à indústria da moda no Rio Grande do Norte, descrevendo as
potencialidades do segmento na região.
Conforme destacado por Amoras e Amoras (2016, p.133) a pesquisa
exploratória é utilizada “quando dados e informes sobre o objeto selecionado
forem muito escassos” permitindo sanar lacunas de conhecimento acerca de
determinado assunto. As pesquisas descritivas de acordo Gil (2002, p.42) “tem
como objetivo primordial a descrição das características de determinada
população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.
Referente à abordagem, apresenta-se como de caráter qualitativo uma vez
que pretende ser realizado um levantamento de dados para melhor compreensão
do tema. Acerca a coleta de dados, pretende-se fazê-la através de entrevistas
com um grupo amostral composto por 20 profissionais que atuem em diferentes
251
setores do turismo e da moda, podendo ser empresários, docentes e discentes de
cursos que englobem a temática analisada e/ou gestores públicos de 10
municípios do Seridó/RN, tais profissionais ocupam cargos/funções em áreas
socioeconômicas que podem ser incorporadas ao marketing e à imagem do
destino, sendo assim, suas funções compactuam com todas as esferas desta
pesquisa.
A razão pelo público para participação no estudo foi por julgamento
(escolha) e conveniência, decorrente de cargos compatíveis com a proposta do
estudo e consequentemente de seus conhecimentos prévios, tanto pela temática
abordada quanto pela atual conjuntura dos municípios para com as atividades
turísticas e têxteis.
Referente à contextualização, dados e informações acerca do turismo e da
indústria da moda, foram obtidos mediante pesquisa bibliográfica utilizando-se de
livros, artigos científicos, dissertações, teses, documentos oficiais e sites
relevantes para o estudo e para analisar os dados desta pesquisa, será aplicada a
técnica de análise de conteúdo de Bardin.
RESULTADOS ESPERADOS
Com esta pesquisa, pretende-se destacar a relevância da indústria da
moda através da atratividade turística que os eventos de moda possuem, capazes
de atrair um público motivado pela participação em eventos deste setor, seja para
firmar negócios, promover suas marcas ou até mesmo para obter conhecimento
das novas tendências de moda; e por fim, descrever como essas festividades
podem impactar na imagem de marca do polo turístico Seridó/RN, podendo
transformá-lo em um destino referência para o segmento de turismo de moda.
Espera-se que para o alcance dos objetivos propostos a pesquisa in loco
seja realizada com um público respondente atuante em cargos distintos do
mercado turístico e da indústria têxtil/moda, para que as indagações da hipótese
inicial após as análises dos resultados, ou sejam confirmadas, identificando
potencial turístico nos eventos de moda e quais seriam as contribuições desses
eventos para a criação da imagem de marca do Seridó. Ou em caso de refutação,
252
que seja possível analisar quais os entraves que impossibilitam o vínculo entre a
criação da imagem de marca do destino analisado com os eventos de moda.
Palavras-chave: Turismo. Eventos. Moda. Imagem de Marca. Seridó
253
Uma visão sobre a gestão de pessoas de um hotel de rede na cidade de João
Pessoa - PB166
Lucas Andrey Sabino Muniz de Souza167 ([email protected])
Mateus de Oliveira Ângelo Gomes168 ([email protected])
Lyvia Camila Fernandes Madruga Barros169 ([email protected])
INTRODUÇÃO
A gestão de capital intelectual surge no período da Revolução Industrial
onde foi observado que fatores psíquicos e sociais podem influenciar de maneira
direta na execução do trabalho. Santos e Franco (2018) afirmam que com a
constatação destes fatores os gestores começam a valorizar o capital humano, e
alguns temas são propostos para discussão no ambiente de trabalho, entre eles, a
comunicação, motivação e liderança. Com a evolução das questões referentes à
administração de recursos humanos a qualidade de vida no trabalho é otimizada,
ocorrendo a valorização dos colaboradores e a criação de políticas que auxiliam
no desenvolvimento pessoal e profissional de cada funcionário. Segundo
Chiavenato (2008), a gestão de pessoas se torna uma área muito vulnerável aos
princípios das organizações, por ser totalmente contingencial e situacional, ou
seja, ela se molda a partir das características de ambiente de trabalho,
tecnologias, modo de gestão, entre outros atributos que pertencem às
organizações. A hotelaria de rede está presente em diversos países do mundo,
sendo responsáveis por determinar padrões de qualidade de serviço
internacionalmente. No Brasil as cadeias de hotéis estão presentes com diversos
empreendimentos e propostas de serviço, segundo Píccolo (2011) a primeira rede
a instalar-se em território nacional foi a norte americana Hilton, na cidade de São
Paulo. O fato motivou outros empreendimentos internacionais a estabelecer filiais
no Brasil. As cadeias de hotéis possuem uma cultura organizacional própria que
beneficia todos os estabelecimentos da rede, desse modo é curioso pensar em
166
Resumo expandido apresentado ao Grupo Temático Hospitalidade, Lazer e Eventos. 167
Discente do curso superior em Hotelaria pela UFPB. 168
Discente do curso superior em Hotelaria pela UFPB. 169
Doutora em Turismo pela UFRN. Mestre em Turismo pela UFRN. Especialista em Turismo de
Base Local pela UFPB. Graduada em Hotelaria pela UFPB.
254
quais estratégias são utilizadas na gestão do capital humano nesses
empreendimentos, observando quais são os procedimentos utilizados e as
políticas específicas de cada rede. A cidade de João Pessoa, capital da Paraíba,
está presente vigorosamente no segmento de turismo de sol e mar, onde os mais
de 20km de praias atraem cada vez mais turistas todos os anos de acordo com o
Governo do Estado da Paraíba (2019). A capital paraibana vem aumentando
exponencialmente o número de meios de hospedagens, consequentemente, a
vinda de organizações mais atualizadas e humanizadas farão parte da grade
hoteleira de João Pessoa. O propósito geral deste respectivo trabalho foi analisar
e demonstrar as políticas de gestão de pessoas de um hotel de rede na capital
paraibana, para relacionar os processos de gestão de pessoas próprios do hotel e
os procedentes da rede.
METODOLOGIA
Para atingir o objetivo de identificar os processos de gestão de pessoas,
aplicamos o método qualitativo, um conceito adaptativo a convicções e
mecanismos pertinentes, analisando outras perspectivas (Flick, 2009). Além disso,
utilizamos o procedimento de pesquisa exploratória em que se trata de materiais
bibliográficos. O objeto de estudo da presente pesquisa foi um hotel de rede e de
pequeno porte da cidade de João Pessoa - PB, que conta com aproximadamente
25 funcionários e mais de 120 unidades habitacionais. Como ferramenta de coleta
de dados foi elaborado um roteiro de entrevistas direcionado ao subgerente do
estabelecimento. De acordo com Pádua (1996) um roteiro de entrevista é uma
lista de questões em que o entrevistador deverá conduzir-se durante a entrevista,
a qual permite uma diversidade de respostas ou surgimento de novos pontos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir da coleta de dados foi observado que o empreendimento estudado
possui algumas iniciativas direcionados a gestão de capital humano e a qualidade
de vida no trabalho. Foram analisados os aspectos de recrutamento, treinamento
e qualificação, incentivos aos colaboradores e a cultura organizacional advinda da
rede e própria do hotel. Em relação ao recrutamento, é responsabilidade da
gerência, onde é desenvolvido métodos que são utilizados para o recrutamento e
seleção de novos colaboradores. Este aspecto varia de acordo com o
estabelecimento da rede e com o gestor responsável. Dividido em três categorias,
255
o treinamento acontece primeiramente presencialmente, logo após a admissão do
colaborador. Adiante, com uma frequência mensal é aplicado um treinamento por
meio de uma plataforma online fornecida pela rede, ao final de cada capacitação
sucede uma avaliação. Posteriormente e ocasionalmente, pelo motivo que não
possui periodicidade fixa, ocorre os treinamentos presenciais, sendo estabelecidos
pela subgerência do empreendimento. A importância dessas atividades influência
no posicionamento do funcionário perante a empresa, visto que o mesmo pode ser
beneficiado se concluir essas atividades com excelência, mantendo assim, seu
registro positivo no sistema da rede de hotéis. Outro ponto a respeito da
qualificação é o auxílio de entidades externas para aprimorar as habilidades dos
colaboradores, e o setor mais carente deste tipo de atividade é o de manutenção,
que conta com um vínculo a uma empresa de qualificação profissional da cidade.
O colaborador é beneficiado com um desconto na mensalidade do curso técnico
em manutenção, podendo especializar-se na área. Ademais, os incentivos
estabelecidos estão diretamente relacionados com assiduidade e o resultado das
avaliações dos treinamentos aplicadas pela rede, caso o colaborador vá bem, o
currículo dele ficará “verde” (positivo), dessa maneira ele poderá se destacar como
melhor funcionário do hotel e receber um bônus de 400,00 reais, bem como se
destacar pela região e ganhar uma quantia de 700,00 reais e pelo país para
adquirir um valor de 2.000,00 reais. Para mais, a empresa fornece auxílio
farmácia, a qual a mesma fica responsável por pagar 50% do valor dos
medicamentos uma vez que o seu funcionário esteja enfermo, como também
sorteiam ingressos para o cinema e convidam familiares dos funcionários para
jantar ou almoçar em restaurantes da cidade. A respeito da cultura organizacional
advinda da rede é notável que algumas atividades se tornem padrão, bem como a
organização do hotel em si, porém o estabelecimento tem autonomia para
incorporar algumas iniciativas que variam de acordo com seus gestores, como por
exemplo a unidade estudada, a mesma possui uma gerência adepta do turnover,
com justificativa de ver novas perspectivas no ambiente de trabalho. De acordo
com o SEBRAE (2019), este é um termo igualmente conhecido como rotatividade
de pessoas dentro de uma empresa, este processo acontecer por várias
complicações de origem empregatícia. Com o direcionamento do estudo para a
gestão de capital humano nota-se que a rede responsável e o estabelecimento se
complementam, onde a rede insere padrões de gestão e facilitadores de
256
treinamento e o empreendimento atua com a execução em luz a sua atual
realidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O empreendimento estudado apresenta iniciativas e estratégias para
gestão de capital humano, dentre os processos estudados, os que mais se
destacaram pela relação de rede, hotel e funcionários foram os sistemas de
treinamento e incentivos. Entre os principais pontos de valorização do colaborador
está o sistema de treinamento que através de plataformas digitais, facilita o
acesso e o aprendizado. Ademais, é notável a disposição da empresa no
desenvolvimento profissional do funcionário, visto que a mesma demonstra
interesse em capacitações externas, o que possibilita ao colaborador novas
perspectivas no ambiente de trabalho. Tendo em vista o objetivo do trabalho, foi
observado na relação entre rede e unidade nos quesitos de gestão, há
independência por parte do hotel, o qual possui total liberdade para estabelecer
parâmetros com foco no desenvolvimento organizacional. Como sugestão de
estudos póstumos está a análise de todos os hotéis de rede da cidade de João
Pessoa - PB, buscando identificar similaridades entre seus sistemas de gestão de
talentos.
Palavras-chave: Hotelaria de rede, Gestão de Pessoas, João Pessoa.
REFERÊNCIAS
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Descubra o que é turnover e como ele pode afetar a sua empresa. SEBRAE.
<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/artigoshome/entenda-o-que-
e-turnover-e-o-impacto-da-rotatividade-no-
negocio,44e08fa0672f0510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 14 de
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FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. [Qualitative sozialforschung, 3
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FRANCO, Suzana A. M. SANTOS, Adelcio M. A ADMINISTRAÇÃO E O
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PÍCCOLO, Daniel R. DISPERSÃO TERRITORIAL DAS REDES HOTELEIRAS
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Caminhos de Geografia Uberlândia v. 12, n. 37 mar/2011 p. 44 - 53
258