Como as crianças aprendem e se comportam

24
COMO AS CRIANÇAS APRENDEM E SE COMPORTAM O ensino requer não só o conhecimento da disciplina, mas também conhecimento de como melhor as crianças irão aprender. É importante recordar-se de que uma criança de seis anos não pensa ou aprende da mesma forma que um rapaz de 16 anos. Eles estão em diferentes níveis de desenvolvimento físico. Estão também em diferentes níveis de desenvolvimento cognitivo e emocional. Muitas turmas irão incluir crianças de diferentes idades, muito embora todos possam estar na mesma classe. O professor deve estar ciente das diferenças entre as crianças da sua turma, e deve utilizar diferentes abordagens de ensino e de técnicas e gestão da turma, ao ajudá-los a aprenderem bem. 4.1: Como aprendem as crianças: Esta secção resume algumas características de crianças em diferentes grupos etários: (1) crianças de tenra idade entre seis e 10 anos; e (2) adolescentes de 11 a 18 anos de idade. A Criança de Tenra Idade (6 - 10 anos): A aprendizagem deve começar com as experiências da criança com o que ela já sabe. Quando as crianças vão à escola, elas já terão adquirido algum conhecimento - conhecem uma língua, sabem como relacionar com os membros das suas próprias famílias e já sabem muito sobre a sociedade e o mundo que as rodeia. O professor pode determinar que conhecimentos e capacidades as crianças terão já desenvolvido e, em seguida, consolidar isso. Por exemplo, pode encorajar as crianças a falarem sobre as suas vidas e inspirar-se do que já sabem. Nesta fase, as crianças são capazes de pensar logicamente sobre problemas concretos. Elas tornam-se mais confortáveis em trabalhar com signos tais como números e letras, embora ainda necessitem de várias oportunidades para trabalharem com materiais e objectos reais. Por exemplo, podem aprender a contar mais facilmente quando tiverem folhas e pedras para contar, em vez de o fazer de forma abstracta - nas suas cabeças ou escrevendo números. As crianças nesta idade precisam de muita prática antes de poderem dominar uma capacidade, e esta prática tem que ser espaçada ao longo de um certo período. Deve proporcionar diferentes oportunidades para as crianças praticarem e utilizarem os conhecimentos e as capacidades que forem introduzidos. O jogo é muito importante para crianças em idade escolar. Elas gostam de fazer jogos com réguas, pedras, desporto ou jogos de carta. Se dada a oportunidade, elas gostam de drama e encenar. O seu jogo é normalmente segradado em termos de género, o que, em certa medida, pode reflectir 1

Transcript of Como as crianças aprendem e se comportam

Page 1: Como as crianças aprendem e se comportam

COMO AS CRIANÇAS APRENDEM E SE COMPORTAM

O ensino requer não só o conhecimento da disciplina, mas também conhecimento de como melhor as crianças irão aprender. É importante recordar-se de que uma criança de seis anos não pensa ou aprende da mesma forma que um rapaz de 16 anos. Eles estão em diferentes níveis de desenvolvimento físico. Estão também em diferentes níveis de desenvolvimento cognitivo e emocional. Muitas turmas irão incluir crianças de diferentes idades, muito embora todos possam estar na mesma classe. O professor deve estar ciente das diferenças entre as crianças da sua turma, e deve utilizar diferentes abordagens de ensino e de técnicas e gestão da turma, ao ajudá-los a aprenderem bem.

4.1: Como aprendem as crianças: Esta secção resume algumas características de crianças em diferentes grupos etários: (1) crianças de tenra idade entre seis e 10 anos; e (2) adolescentes de 11 a 18 anos de idade.

A Criança de Tenra Idade (6 - 10 anos): A aprendizagem deve começar com as experiências da criança com o que ela já sabe. Quando as crianças vão à escola, elas já terão adquirido algum conhecimento - conhecem uma língua, sabem como relacionar com os membros das suas próprias famílias e já sabem muito sobre a sociedade e o mundo que as rodeia. O professor pode determinar que conhecimentos e capacidades as crianças terão já desenvolvido e, em seguida, consolidar isso. Por exemplo, pode encorajar as crianças a falarem sobre as suas vidas e inspirar-se do que já sabem.

Nesta fase, as crianças são capazes de pensar logicamente sobre problemas concretos. Elas tornam-se mais confortáveis em trabalhar com signos tais como números e letras, embora ainda necessitem de várias oportunidades para trabalharem com materiais e objectos reais. Por exemplo, podem aprender a contar mais facilmente quando tiverem folhas e pedras para contar, em vez de o fazer de forma abstracta - nas suas cabeças ou escrevendo números. As crianças nesta idade precisam de muita prática antes de poderem dominar uma capacidade, e esta prática tem que ser espaçada ao longo de um certo período. Deve proporcionar diferentes oportunidades para as crianças praticarem e utilizarem os conhecimentos e as capacidades que forem introduzidos.

O jogo é muito importante para crianças em idade escolar. Elas gostam de fazer jogos com réguas, pedras, desporto ou jogos de carta. Se dada a oportunidade, elas gostam de drama e encenar. O seu jogo é normalmente segradado em termos de género, o que, em certa medida, pode reflectir diferentes interesses dos rapazes e das raparigas (Mitchael, 1992). Crianças de tenra idade normalmente encenam perante os adultos que se encontram em volta. Elas vêm o professor como o seu modelo de papel por causa do seu contacto diário. Por conseguinte, é importante que o professor proporcione uma motivação positiva de comportamento, do conhecimento e de capacidades. Por exemplo, o castigo corporal praticado pelo professor pode muitas vezes levar as crianças a emitarem este tipo de comportamento com as outras.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Algumas formas para organizar lições para crianças de tenra idade:21. Tenha muitos materiais para as crianças utilizarem no processo de aprendizagem. As Crianças podem recolher alguns desses materiais elas próprias e estes podem ser guardados na turma. Materiais prontamente disponíveis incluem paus, pedras, folhas de plantas, plantas e imagens.22. Proporcione uma variedade de formas para as crianças exprimirem o que aprenderam. Algumas formas efectivas, práticas e divertidas de expressão incluem a encenação, o drama e jogos (para mais informações veja a secção 4.2 deste capítulo).23. As crianças aprendem melhor vendo e fazendo, ao invés de apenas serem mandadas. Em vez de lhes ordenar um facto, encontre formas pelas quais elas podem ver esses factos com os seus próprios olhos. Por exemplo, pode organizar visitas a locais próximos, tais como farmas, florestas e rios; ou introduza trabalho de projecto, tal como entrevistar os outros e registar essas entrevistas, procurar informações de livros, e explorar questões em

1

Page 2: Como as crianças aprendem e se comportam

pequenos clubes.

Adolescentes (11 - 18 anos): Pode haver crianças mais velhas na escola primária, muitas das quais adolescentes. Recorde-se que crianças de diferentes idades têm diferentes interesses e também pensam de formas diferentes, de tal forma que o professor deverá ensinar as crianças de maior idade de maneira diferente em relação às mais novas. Os adolescentes já não são ligados ao raciocínio concreto sobre objectos. Eles podem iniciar pensamento abstracto, e as suas capacidades e raciocínio científico aumentam. Os dados podem ser organizados através da classificação e da correspondência. Os resultados dessas operações facilitam o pensamento lógico dos alunos. Esses podem agora raciocinar hipoteticamente e gostar do tipo de problemas "e então".

Durante esta fase, os aprendizes mais velhos tendem a questionar e a criticar mais em relação às crianças mais novas. Eles podem não aceitar a autoridade muito facilmente e serão mais influenciados por crianças da sua própria idade, nomeadamente os seus amigos e colegas. São capazes de fazer mais barrulho na turma do que as crianças mais novas. Ao mesmo tempo eles podem ser capazes de aprender muito mais rapidamente e de forma mais abstracta do que as crianças mais novas.

Se possível, estas crianças mais velhas deviam ser colocadas em turmas com alunos da mesma idade. Todavia, onde isso não for possível, e onde um professor conseguir encontrar crianças de cinco anos de idade na mesma turma que as de 15 ou de 18 anos, seria aconselhável dividir a turma em grupos pequenos, com as crianças mais velhas trabalhando por vezes em conjunto e, noutras vezes, colocando crianças simpáticas mais avançadas como líderes de grupos de crianças de idades mais tenra. Se as crianças mais velhas competirem com as crianças mais novas, particularmente as raparigas mais velhas a competirem com os rapazes mais, ou os rapazes mais velhos a competirem com as raparigas mais novas, isso pode desencorajar e intimidar tanto os mais velhos, como os mais novos.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Algumas formas para organizar aulas para adolescentes:• Os adolescentes têm interesses diferentes dos mais novos. Descubra quais são esses interesses e utilize-os no seu ensino. Por exemplo, os adolescentes estarão mais interessados no que fazem como adultos, seja nas suas carreiras ou nas suas relações sociais. Eles podem muitas vezes estar mais interessados na expressão das suas personalidades, através dos seus hábitos e da sua linguagem. Utilize esses interesses nas suas aulas.• Os adolescentes gostaria de estar mais independentes, de fazer as coisas por si próprias, de aprender sozinhos e de se sentirem mais responsáveis de si próprios e pela sua aprendizagem. Utilize a boa vontade deles de quererem ser mais independentes por forma a permití-los aprender melhor. Por exemplo , deixe-os descobrirem informações através de entrevistas, leitura e investigação sozinhos. Permita-lhes fazer mais trabalho de projecto. Permita-lhes aplicar os seus conhecimentos e as suas capacidades para as realidades aos seus arredores, tal como desenhar mapas das suas casas, escolas e outros arredores.

4.2. Disciplina e Gestão da Turma: Na discussão a nível da secção 4.1 sobre como aprendem as crianças, foram feitas sugestões em relação à forma como os professores devem modelar o comportamento da aprendizagem e as melhores formas das crianças de tenra idade e dos adolescentes adquirirem conhecimentos e capacidades. Nesta secção, nós adoptamos uma perspectiva mais psicológica na discussão do desenvolvimento da criança e como esse desenvolvimento afecta o comportamento. Analisaremos como a disciplina e a gestão são tão importantes para o bem estar das crianças, e forneceremos sugestões concretas para formas positivas de disciplinar e gerir as crianças.

A disciplina é o que diz e faz para ensinar a uma criança individual um comportamento aceitável e orientá-la na prática desse comportamento. A disciplina não é simplesmente um castigo. A gestão inclui técnicas que os

2

Page 3: Como as crianças aprendem e se comportam

professores utilizam para orientar o comportamento de um grupo de crianças. A disciplina e a gestão irão ajudá-lo a responder três objectivos importantes:

• Manter as crianças fisicamente sãs. As crianças de tenra idade são impulsivas. Elas muitas vezes se movimentam e respondem sem pensar nas consequências das suas acções. As crianças mais velhas podem também ser levadas neste rítmo quando estiverem a brincar e a pôr em perigo outros alunos e si próprios.

• Promover o auto sentido das crianças. À medida em que se definem como pessoas separadas, as crianças testam os limites. Está aí para ajudar a estabelecer os limites quando necessário e permitir às crianças a se sentirem seguras. Saber que está presente para insistir em algumas limitações, irá diminuir os receios das crianças de perderem controlo e encoraja-as a estimularem a sua independência.

• Ensinar as crianças a desenvolver auto-controlo. Este processo leva muito tempo e, através dele, a criança aprende convicções, valores e um senso do correcto e do errado. Ao longo do tempo, as crianças já não precisarão de ser recordadas a se comportaren "correctamente", porque elas agirão como base na sua própria convicção é relação ao que é correcto fazer. O auto-controlo é importante por duas razões, em particular: (1) as pessoas com bom sentimento de auto-controlo confiantes e orgulhosas de si próprias; e (2) as pessoas com auto-controlo são membros mais responsáveis de um grupo - ao mesmo tempo que dão as suas próprias opiniões e convicções, elas respeitam as opiniões e as convicções dos outros.

Recorde-se que cada criança é uma pessoa individual e que as crianças na turma estarão a diferentes níveis de desenvolvimento, mesmo tendo a mesma idade. Seguem-se algumas directrizes e sugestões para os professores responderem aos objectivos acima:

• Faça coincidir as suas expectativas de comportamento ao nível do desenvolvimento das crianças. As crianças em tenra idade são, por exemplo, mais ou menos capazes de exercer auto-controlo. Elas compreendem porque é que existem regras e podem iniciar a gerar as suas próprias regras. À medida em que se desenvolvem mentalmente, elas demonstram agressividade mais de forma verbal do que física. Insultam-se umas às outras e precisam da sua ajuda para aprenderem que esse comportamento é nocivo e não aceitável.

• Mostre respeito às crianças, mesmo quando não aprova o seu comportamento. Tenha a cautela de não atacar a auto-estima das crianças. Não deve focar a sua desaprovação em relação ao comportamento sobre as crianças.

• Proporcione uma rotina. As crianças respondem muito bem às actividades rotineiras, tais como cantar uma canção matinal para iniciar o dia e para assinalar a hora do almoço. Também recorde-se de explicar às crianças o que vai acontecer em seguida, porque elas não se sentem à vontade em estar em transição ou sem limites. Por exemplo, pode dizer "depois desta actividade, nós vamos fazer um jogo".

• Ofereça alternativas. Seja flexível com os seus planos de lição, porque problemas de comportamento muitas vezes surgem quando as crianças estão cansadas ou julgam que as tarefas são demasiado difíceis. Se as crianças tiverem a enfrentar dificuldades com um exercício, esteja pronto para alterá-lo ou oferecer um exercício diferente, em vez de forçá-las a continuar. Ajude as crianças a compreenderem outros sentimentos. O reconhecimento de como o seu comportamento influencia os outros, irá ajudar as crianças a começarem a aprender a controlar o seu próprio comportamento. As crianças de tenra idade não terão desenvolvido a capacidade de percepção, portanto o professor terá que realçar este aspecto: "o seu amigo está desiludido porque

3

Page 4: Como as crianças aprendem e se comportam

você o bateu" ou "ele ou ela está zangado(a) porque não permitiu que jogue consigo".

• Envolva a turma inteira na solução de problemas. Se houver um problema que afecta a turma inteira, peça os alunos que façam uma reflexão sobre formas para o resolver. A reflexão significa permitir que todos sugiram soluções sem descontinuar qualquer uma delas, e o professor deve acompanhar essas sugestões. Quando já não êm sugestões, faça uma revista da lista e elimine sugestões, dando boas razões de porque é que não são aplicadas. Se as crianças não poderem apresentar quaisquer soluções racionais, também pode oferecer soluções. Isto encoraja trabalho em equipa e criatividade na criação de problemas.

• Reconhecer o comportamento positivo das crianças. Um soriso ou um comentário de encorajamento contribuirá em grande medida para promover um comportamento desejado. Por exemplo, "gosto da forma como vocês os dois cooperaram para decidir quem iria desenhar primeiro".

• Encoraje as crianças a falarem sobre os seus sentimentos e as suas frustrações. Ouça o que as palavras e as acções das crianças te dizem sobre os sentimentos delas. Elas podem precisar da sua ajuda para encontrar palavras para definir os seus sentimentos. Ajude-as a explicarem às outras crianças que estão a sentir-se aborecidas, tristes, frustradas, excitadas, etc.

• Mantenha o seu sentido de humor. Uma brincadeira, uma canção engraçada ou uma cara patética podem dar a cada criança o necessário sentido de perspectiva, quando as coisas se tornarem tensas.

• Esteja ciente de que pode influenciar as suas expectativas e respostas ao comportamento das crianças. As suas experiências da infância, a sua personalidade e as suas convicções e os seus valores influenciam na forma como trata as crianças. É particularmente importante para as crianças de tenra idade que as normas que estabele para o espaço de aprendizagem sejam apropriadas e não apenas uma repetição de como foi criado.

• Comunique a sua filosofia sobre a disciplina e a gestão aos pais. É extremamente importante que as crianças não recebam mensagem altamente conflictuosas dos vários proporcionadores de cuidados nas suas vidas. O professor deve trabalhar com os pais no sentido de desenvolverem técnicas mutuamente aceitáveis de gestão, reconhecendo que a gestão que necessita no espaço da aprendizagem tende a ser peculiar à medida em que devem sempre encorajar a aprendizagem. Pode querer organizar encontros regulares com os pais a fim de discutir o comportamento e a disciplina, e pode pretender encorajar aos pais a adoptarem o seu comportamento, tal como tratar as crianças com respeito, mesmo quando não concorda com o seu comportamento.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Caixa de Reclamações: Uma tradicional caixa de reclamações, com um buraco no topo, pode ajudá-lo a acompanhar o seu ensino, na medida em que os alunos podem reclamar sobre tudo sem consumir o seu tempo ao fazê-lo (eles podem mesmo fazer algum exercício escrito no processo). Faça uma leitura das reclamações no fim de cada dia; as reclamações importantes são conservadas para ser tratada na medida em que julgar apropriado (possívelmente terá sido capaz de ver e de tratar de situações bater-se um ao outro e de outras agressões físicas imediatamente). As reclamações mais insignificantes são normalmente ignoradas, já que as crianças tinham já feito o que precisavam fazer: apenas faça alguma coisa para as satisfazer. Nesses casos, é muito provável que até à altura em que for ler as mesma, elas se tenham esquecido de tudo.De: http://www.teachnet.com/manage.html.

Orientações para tratar de distúrbios na turma: Há uma série de orientações gerais que vários professores

4

Page 5: Como as crianças aprendem e se comportam

julgaram ser efectivas (Hoover, 1987). Todavia, não há um procedimento fixo para distúrbios na turma:

• Conversas perturbantes. Algumas vezes, estes distúrbios podem ser ignorados. Se o seu alastramento ameaçar, o professor pode passar para a área de distúrbios. Ele/ela pode oferecer-se para ajudar os alunos a iniciar uma certa tarefa. Se o professor estiver a falar para o grupo inteiro, uma pausa ou uma pergunta a um dos alunos que esteja a criar distúrbios, pode efectivamente resolver o problema. Embora alguns professores sejam rápidos em separar os alunos que perturbam, isso é muitas vezes um procedimento que não é aconselhável. A prática pode criar desgostos e servir para alastrar o problema para outras partes da sala.

• Super-dependência de uma criança em relação a uma outra. Este é um problema que normalmente se ultrapassa por si próprio. Por vezes, os alunos precisam um do outro até que seja possível uma atenção aceitação social mais ampla. A aceitação social mais ampla é encorajada através de ênfase sobre trabalho em grupo.

• Hostilidade entre indivíduos e/ou grupos. Converse com cada um dos participantes individualmente. Tente descobrir as causas antes de qualquer tentativa drástica de reformação.

• Aldrabice. A aldrabice pode ocorrer como resultado de demasiado ênfase nos graus ou estabelecimento de padrões não realistas. Por exemplo, se a tarefa for demasiado defícil para os alunos, estes serão obrigados a responder ao requisito.

• Temperamento. Quando uma criança numa certa turma tem tendência a temperamento, todos os outros na aula devem evitar ouvir essa criança. O professor pode necessitar de tirar a criança da turma para que as outras crianças não lhe dêem audiência. O profesor pode querer descobrir o que causou o temperamento da criança e, em seguida, tentar ajudá-la a ver o seu comportamento de forma diferente. Isso pode ajudá-la a evitar a sua repetição.

GUIA PRÁTICO À EDUCAÇÃO - CAPÍTULO 5COMO ENSINAR NUMA VARIEDADE DE SITUAÇÕES

Cada criança é uma pessoa individual, que se desenvolve ao seu próprio nível e de acordo com necessidades, capacidades, interesses, influência cultural, padrões de aprendizagem e comportamentos diferentes. Algumas crianças aprendem numa base essencialmente visual, enquanto que outras aprendem numa base auditiva. Algumas preferem aprendizagem individual, enquanto que outras aprendem melhor em grupos. Além disso, diferentes estilos e estratégias de aprendizagem, são exibidas em idades diferentes, quando estiverem a aprender disciplinas diferentes ou quando estiverem confrontadas com diferentes tipos de problema. Essas diferenças, por conseguinte, devem ser tomadas em consideração na selecção de métodos de ensino apropriados e actividades na turma. Esta secção proporciona uma panorâmica de diferentes métodos de ensino e aprendizagem e proporciona sugestões práticas para a sua implementação na turma.

Aprendizagem competitiva, individualística e cooperativa: Em qualquer situação social, há três formas diferentes pelas quais as pessoas individuais podem relacionar-se com a outra. Elas podem competir para ver quem é melhor, agir independetemente sem inter-agir com outros, ou trabalhar juntos para realizarem objectivos partilhados (Johnson & Johnson, 1994). Essa inter-dependência social existe continuamente. Por conseguinte, é importante que as crianças aprendam a funcionar efectivamente em todos os três tipos de

5

Page 6: Como as crianças aprendem e se comportam

situações sociais. Aprender, em qualquer área disciplinar, pode extenuar os esforços competititvos, individualísticos e/ou cooperativos dos alunos. Por exemplo, os professores podem estruturar as suas aulas para que os alunos:• Se engajem em lutas de vitória-derrota para ver quem é o melhor, utilizando uma abordagem competitiva para a aprendizagem.• Trabalhar independentemente para realizar metas ao seu próprio nível e no seu próprio espaço, a fim de estimular esforços individualísticos.• Trabalhar cooperativamente em grupos, garantindo que todos os membros dominem o material atribuído para a tarefa.

A competição é baseada numa excassez concebida e em comparações sociais. Quando se exige a competição entre os alunos, estes trabalham um contra o outro para realizar uma meta que apenas um ou pouco alunos podem realizar. Esforços individualísticos são baseados na independência e no isolamento um dos outros. Assim, quando os alunos trabalham individualmente, aprendem a realizar metas de aprendizagem não relacionadas às dos outros. Por último, a copeeração é baseada em acções conjuntas para realizar objectivos mútuos. Quando estiverem a cooperar, os alunos procuram resultados que sejam benéficos tanto para si próprios, como para outros membros do grupo (Johnson & Johnson, 1994).

Resultados de investigação (Johnson & Johnson, 1994) indicam consistentemente que a aprendizagem cooperativa é uma das formas mais importantes e poderosas para estruturar situações de aprendizagem. Promovem maior realização de aprendizagem, mais relacionamentos positivos inter-pessoais e maior auto-estima do que esforços competitivos ou individualísticos. Porém, isso não significa que a aprendizagem competitiva e indiviualística devam ser abandonadas. Cada abordagem de aprendizagem - competitiva, invidualística e cooperativa - tem o seu próprio mérito no processo de aprendizagem. Quando aplicada de forma apropriada, essas capacidades de inter-dependência formam um conjunto integrado.

Saber como estruturar a aprendizagem competitiva, individual, ou cooperativa dos alunos, é um dos aspectos mais importantes do ensino. Tal como sugerido por Johnson & Johnson (1994), a decisão deve ser tomada cautelosamente, de acordo com os seguintes critérios:1. Quais são os objectivos da lição e da tarefa de instrução que visa atingi-los?2. Quão importante é o objectivo da aprendizagem para os alunos?3. Que inter-acção professor-aluno é necessária? Que assistência e orientação do professor precisam os estudantes para completar a tarefa?4. Que inter-acção aluno-aluno é necessária? Que assistência e orientação de colegas precisam os alunos para completar a terefa?5. Quais são as expectativas do alunos no papel que desempenham durante a lição?6. Como deve ser organizado o espaço de aprendizagem? Para decidir a abordagem da aprendizagem, ou a combinação das abordagens da aprendizagem, para utilizar numa aula, os professores devem compreender: (1) o que são esforços cooperativos, competitivos e individualísticos? (2) as condições sob as quais essas abordagens são efectivas; (3) os papeis dos professores e dos alunos na aplicação dessas abordagens de aprendizagem.

O quadro a seguir ajudá-lo-á a pensar sobre estas questões, a fim de decidir que abordagens de aprendizagem são mais apropriadas para as suas aulas:

6

Page 7: Como as crianças aprendem e se comportam

Quadro 2: Principais componentes de competição, invidualismo, e cooperação apropriados

COMPETIÇÃOAPROPRIADA

INDIVIDUALIZAÇÃOAPROPRIADA

COOPERAÇÃOAPROPRIADA

Tipo de actividade

Prática, conhecimento,recordação e revisão de capacidadesA tarefa é clara, com a especificação de regras para a competição

Aquisição de abilidades econhecimentos simples.A tarefa é clara e o omportamento é especificado a fim de evitar confusão, e necessidade para ajuda extra.

Qualquer tarefa de instrução. Quanto mais conceitual e complexa for a tarefa, maior é a cooperação.

Percepção da importância do objectivo

A meta não é concebida como sendo de grande importância para os alunos, e eles podem aceitar perder ou ganhar

A meta é considerada importante para todos os alunos; os alunos procuram tarefas que sejam úteis e relevantes,se cada um deles espera realizar o seu objectivo.

A meta é concebida como importante para todos os alunos.

Inter-acçãoProfessor-aluno

O professor é tido como constituindo a principal fonte de assistência, reforço e apoio. O profes sor está disponível para perguntas e esclareci-mento das regras. O professor arbitra deferendos, julga a correcção das respostas e retribui os vencedores.

O professor é tido como a principal fonte de assistência, reforço e apoio.

O professor acompanha e intervem em grupos de Aprendizagem para ensinar habilidades cooperativas.

Inter-acçãoaluno-aluno

Observar outros alunos num grupo. Alguma conversa entre alunos. Alunos agrupados em grupos homogéneos para garantir igual portunidade de vencer.

Nenhuma, os alunos traba- lham sozinhos com pouca ou nenhuma inter-acção com os colegas da turma.

Prolongada e intensa inter-acção entre os alunos, ajudar e artilhar, acompanhamento de colegas, prática oral de materiais em estudo e apoio e encorajamento gerais.

7

Page 8: Como as crianças aprendem e se comportam

Expectativados alunos

• Revisão de material anteriormente aprendido•Ter uma oportunidadeigual de ganhar•Devirtir-se com a activi-dade, ganhar ou perder•Seguir as regras

Cada aluno espera:• Ser deixado sózinho• Trabalhar ao seu próprio passo• Assumir uma parte importan- te da responsabilidade na conclusão da tarefa

• Grupo a ser vitorioso• Todos os membros contribuem para o êxito• Inter-acção positiva entre os membros do grupo• Todos os membros dominam o material atribuído

Arranjo doespaço deaprendizagem

alunos organizados em Grupos de três ou mais

Carteiras/lugares separados com tanto espaço possível entre alunos.

Grupos pequenos

5.1: Métodos e actividades de ensino: Alguns métodos e actividades de ensino são particularmente úteis na estruturação de esforços competitivos, individualizados e cooperativos de aprendizagem. Estes incluem:1. Trabalho em grupo.2. Competição inter-grupos.3. Trabalho individualizado4. Aprendizagem activa:

  • Demostração, experiência e observação• Trabalho de projecto• Papel a desempenhar e drama• Contar história• Jogos• Canções e danças• Circular

5. Perguntas e respostas6. Utilização de livros.

Trabalho em Grupo: Cada criança que se matricula na escola é parte de várias e diferentes comunidades. Por exemplo, cada uma delas pode ser membro de uma família, uma base cultural e étnica e/ou uma religião. Ao longo do tempo, as crianças podem gozar dos benefícios de se juntarem a mais uma comunidade - a comunidade do seu grupo de aprendizagem. Através do método de trabalho em grupo ou de aprendizagem cooperativa, os professores tentam criar um sentido de comunidade e de pertença entre as crianças. Criando um sentido de comunidade, proporciona às crianças habilidades e uma base que lhes preparará para a vida e o trabalho no futuro, como membros de famílias e de outras comunidades na sociedade.

A turma inteira contitui um grupo, e é útil saber como utilizar esse grupo de forma mais eficaz. As turmas podem variar no seu volume, de alguns alunos para, por vezes, mais de 100. Em turmas grandes, é difícil prestar atenção individual a cada criança. Além do mais, as pessoas tendem a comportar-se diferente quando estão em grupos grandes, em comparação com situações em que se encontram em pequenos grupos. Por exemplo, as crianças tímidas podem ser menos susceptíveis de fazer perguntas, prática, e a aplicar o que aprendem num grupo maior, enquanto que as crianças avançadas podem sentir-se cansadas e frustradas quando tiverem que esperar pelas outras. O trabalho em grupo ajuda permitir a cada criança ganhar prática e

8

Page 9: Como as crianças aprendem e se comportam

atenção adequadas através de cooperação com os seus colegas.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Algumas formas de dividir as crianças em grupos.

Agrupar crianças amigas Isto é por vezes útil em permitir as crianças desenvolver as suas relações sociais e a ajudar umas às outras. É particularmente no princípio, quando as crianças podem sentir-se sós e perdidas. Os alunos podem julgar mais fácil exprimir-se quando estão juntos num pequeno grupo, lendo ou quando estão a escrever exercícios que deverão ser avaliados mais tarde. É importante que os materiais de instrução, tais como livros e manuais de exercício, forem disponibilizados a todos os alunos. Aprendizagem activa. As crianças aprendem melhor quando são participantes activas no processo de aprendizagem, em vez de ser receptora passivas de informação. Neste contexto, o papel do professor é o de facilitar a aprendizagem através de actividades que irão ajudar as crianças a praticar habilidades necessárias na disciplina. Tais actividades podem incluir: a descoberta e observação, a encenação e drama, contar histórias, jogos, canções e danças.

Demonstrações, experiências e observação: Algumas disciplinas, tais como as Ciências Naturais e a Geografia devem-se a demonstrações e experiências. As demonstrações são normalmente feitas pelo professor. As experiências podem também ser feitas pelo professor a título de demonstração, mas muitas vezes as próprias crianças realizam experiências ou individualmente, ou em grupos. A demonstração e as experiências vão de par em par com a observação, o que significa olhar para as coisas atentamente e registar o que se vê. Uma experiência, demonstração ou observação pode ajudar as crianças a desenvolverem capacidades científicas e a aumentarem o seu interesse pela aprendizagem.

ESTUDO DE CASO : Experiências e observação numa aula de ciências. As plantas proporcionam possibilidades infinitas, tanto para demonstrações, observações e experiências. Por exemplo, pode experimentar com plantas diferentes, colocando uma na escuridão e uma outra à luz do sol, ou colocando diferentes tipos e quantidades de adubos em plantas diferentes. A plantação de sementes em diferentes tipos de solos é também uma experiência interessante. A medição e o registo do crescimento de uma planta normalmente proporciona uma experiência de aprendizagem na matemática e nas ciências.

Trabalho de Projecto: O trabalho de projecto é uma boa forma de permitir as crianças desenvolver os seus próprios interesses, a trabalhar em grupos e a aprender independentemente. Este pode ajudar a desenvolver capacidades de investigação e de análise. O trabalho de projecto que pode ser feito em qualquer espaço de aprendizagem, inclui:

 

• Entrevista com os pais e outras pessoas na comunidade;• Estudos da área vizinha (farmas, florestas, desertos, rios, oceano), ou• Um boletim informativo da turma onde cada aluno ou grupo é responsável por diferentes tarefas

Tendo em conta que projectos são trabalhos originais e criativos, eles podem levar muito tempo. Geralmente, é suficiente fazer um projecto por período, dedicando algumas horas por semana ao projecto.

Papel a desempenhar e drama: A encenação como um modelo de aprendizagem tem raízes nas dimensões de educação tanto pessoais, como sociais (Joice & Wells, 1996). Tenta ajudar pessoas individuais a encontrar significado pessoal no seio dos seus mundos sociais e resolver dilemas sociais com a assistência do grupo social. Permite aos indivíduos trabalhar em conjunto na análise de situações sociais e no desenvolvimento de uma forma acordada para fazer face a essas situações.

9

Page 10: Como as crianças aprendem e se comportam

Ao seu nível mais simples, a encenação é uma forma para fazer face a problemas através da acção - um problema é identificado, encenado e discutido. Alguns alunos podem encenar, enquando que outros observam. Tal como indicado por Joice e Wells (1996), o processo de encenação proporciona um exemplo livre do comportamento humano que permite aos alunos: (1) explorar os seus sentimentos; (2) saber o íntimo das suas atitudes, seus valores e suas percepções; (3) desenvolver as suas capacidades de solução de problemas; e (4) explorar a disciplina de forma variadas.

A encenação, enquando um método de ensino e aprendizagem, é particularmente apropriada em situações emergência em que as crianças podem experiementar sentimentos de ansiedade e desespero. A encenação enfatiza não só o conteúdo intelectual, mas também aspectos emocionais da vida quotidiana. Ela proporciona uma possibilidade para explorar os sentimentos dos alunos, que podem reconhecer, compreender e talvez libertar. Vários tipos de problemas podem ser explorados através da encenação, incluindo:

7. Dilemas individuais. Estes podem ocorrer quando um aluno estiver perante dois valores diferentes ou entre os seus próprios interesses e os interesses dos outros. A encenação faz com que este dilema seja acessível às crianças e ajuda-as a compreenderem porque é que ocorre e o que fazer com o mesmo.8. Conflitos inter-pessoais. Uma grande aplicação da encenação é revelar conflitos entre as pessoas para que os alunos possam encontrar técnicas para os ultrapassar.9. Relações inter-grupos. Problemas inter-grupos decorrentes de situações técnicas, raciais, ou culturais, ou de convicções autoritárias, podem ser explorados através da encenação. Neste contexto, a encenação pode trazer ao de leve estereótipos e prejuízos, e ajudam os alunos a compreenderem as razões de situações de conflito.10. Problemas históricos ou contemporânneos. Estes incluem situações críticas/de emergência no passado, ou no presente, que influenciam as vidas pessoais das crianças.

Tal como sugerido por Shaftels (1967), a actividade da encenação consiste dos principais nove passos que se seguem: (1) Fazer o aquecimento do grupo; (2) Seleccionar participantes; (3) Definir o panorama; (4) Preparar observadores; (5) Encenar; (6) Discutir e avaliar; (7) re-encenação; (8) Discutir e avaliar; e (9) Partilhar experiências e generalizar. Cada um desses passos tem uma finalidade específica que contribui para focar a actividade da aprendizagem. Juntos, eles garantem que uma linha de pensamento é seguida por toda a complexidade de actividades, que os alunos estejam preparados nas suas funções, que os objectivos para a encenação sejam identificados e que a discussão subsequente proporcione uma conclusão significativa. Estas três fases e actividades são resumidas no guia da encenação na página seguinte.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Guia de Encenação

Fase 1: Aquecimento do Grupo. Identificar ou introduzir problemas: Explicite o problema, interprete a história do problema, explore questões e expllique a encenação.Fase 2: Seleccionar participantes. Analise os papeis, seleccione os encenadores, seleccione os observadores.Fase 3: Estabelecer o panorama. Defina a linha de acção, volte a indicar os papeis a desempenhar, discuta a situação do problema.Fase 4: Preparar os observadores. Decida o que procurar. Atribua tarefas aos observadores.Fase 5: Encenação. Inicie a encenação. Mantenha a encenação. Interompa a encenação.Fase 6: Discuta e avalie. Reveja a acção da encenação (eventos). Discuta o principal foco (Foi realista?) Desenvolva a próxima cena.Fase 7: Reencenação. Faça encenações revistas. Sugira os passos seguintes ou alternativas de comportamento.Fase 8: Discuta e avalie. À semelhança da fase 6.Fase 9: Partilhe experiências e generalize. Relacione situações de problemas a experiências reais e

10

Page 11: Como as crianças aprendem e se comportam

problemas da actualidade. Explore princípios gerais de comportamento.De: Joice & Wells, 1996

A encenação, particularmente a mudança do papel a desempenhar, é apropriada para explorar questões do género na turma. Quando os rapazes assumem os papéis das raparigas e as raparigas assumem os papéis dos rapazes, novos conceitos sobre diferenças no género podem ser ganho.

Considerações do Género

Contar histórias. Contar histórias é uma experiência de intercâmbio. Estabelece um relacionamento caloroso entre a pessoa que conta e os que ouvem, aproximando-os mais uns aos outros: adultos às crianças, crianças às crianças. Em situações de emergência, onde as crianças podem estar separadas dos seus pais e familiares, as histórias podem tocar às crianças, reduzindo a sua alienação e ansiedade, e trazendo um sentido de pertença. Além disso, as crianças a ouvir histórias durante a vida escolar pode (1) reforçar os seus impulsos criativos, particularmente na área da escrita; (2) expandir os seus interesses de leitura; e (3) manter viva a herança cultural das populações.

Contar histórias, como um método de ensino, é uma forma perfeita de envolver os pais e outros membros da comunidade na educação dos seus filhos. Eles podem trocar histórias sobre o seu passado, a cultura local e eventos sociais. As suas histórias podem ser uma mistura de legendas, mitologias, lendas, ou contos pessoais. Quando os pais e outros membros da comunidade estiverem concernentes, interessados e envolvidos na aprendizagem, eles emitem uma mensagem poderosa aos seus filhos quanto à educação. Eles inspiram as crianças.

Crianças de diferentes idades podem ser associadas a histórias, e a educação deve combinar aspectos que atraiem todos os grupos de ouvintes. Por exemplo, as crianças mais novas gostam de acção, enquanto que as mais velhas gostam de subtilezas de humor e de inter-acção entre os intervenientes.

Jogos. As crianças devem dominar um grande número de habilidades nas fases iniciais. Tal como foi descoberto na investigação sobre a metodologia de ensino, tanto na turma, como na ajuda às crianças uma-por-uma (Kaye, 1991), fazer jogos pode ser uma ajuda efectiva para as crianças aprenderem e praticarem quase todas as habilidades que são necessárias na escola. Os jogos podem estimular a capacidade da criança de recolher informações, aprender novas palavras, ler, escrever, ou contar. Os jogos podem também promover a curiosidade intelectual e o pensamento criativo na criança.

Ao mesmo tempo, os jogos são divertidos enquanto actividades de aprendizagem. Quando as crianças se sentam para fazer um jogo interessante, elas relaxam-se e concentram-se ao mesmo tempo - relaxam-se porque o jogo é interessante, e concentram-se porque o jogo representa um desafio (Kaye, 1991). Esta combinação cria um quadro perfeito de mentalidade para aprendizagem. Há várias ocasiões para os professores utilizarem actividades de jogo de 10 minutos na turma. Por exemplo, os jogos podem ser utilizados:1. para "aquecer" a turma no início do dia;2. para introduzir novos tópicos;3. para modelos e prática; ou4. para rever tópicos anteriores.

Será capaz de encontrar exemplos de jogos concebidos para a leitura, a redacção e a contagem na Parte 5 no Guia.

11

Page 12: Como as crianças aprendem e se comportam

Canções e Danças. As canções e as danças têm um valor educacional porque proporcionam uma possibilidade para as crianças aprenderem sobre os valores culturais da sua comunidade. Embora seja difícil reservar tempo especial para canções e danças durante as horas das aulas, pode efectivamente introduzí-las como exercícios de aquecimento no início do dia.

O género é um importante elemento de cultura e é, muitas vezesUm incentivo para a expressão artística. As canções e danças Representam uma oportunidade para as crianças exprimirem as Suas esperanças, os seus receios, a sua ignorância e os seusConhecimentos mútuos. Tanto os alunos, como os professores,Podem explorar e exprimir ideias sobre o género, utilizandoSignificados criativos e artísticos, tais como canções e danças.

Considerações do Género

Circular. Circular é um método de ensino que pode ajudá-lo a envolver todos os alunos numa actividade de aprendizagem. Cada crianças num grupo, ou numa turma, tem a sua vez para comentar num tópico, acrescentar ideias e factos nas respostas às perguntas, ou desenvolver narração de uma história. Cada criança pode falar apenas uma em cada vez. O professor define quanto tempo é que cada contribuição deve levar, à medida em que o exercício se inicia e faz uma reacção se o processo estiver fora do controlo. Esse método de ensino e aprendizagem proporciona oportunidades iguais e, em grupos mistos, ajuda as crianças a prever o que será dito por outros alunos (O'Gara, 1996).

?Fazer Perguntas. Fazer perguntas é o coração do ensino. Apresentar boas perguntas é uma das formas mais efectivas de estimular o pensamento e a aprendizagem. Esta é uma habilidade que todos os professores devem desenvolver. Garanta que seja capaz de permitir que cada criança responda as perguntas, ao invés de apenas ouvir as mais rápidos e as mais atrevidas. Pode fazer isso: (1) permitindo que as crianças escrevam as suas respostas individualmente, de forma a que todas elas tenham tempo suficiente para pensar e dar uma resposta; ou (2) utilizando trabalho em grupo para permitir que toda a criança contribua no seio de um grupo pequeno e amistoso. Isto proporcionará uma possibilidade para toda a criança contribuir na discussão. A fim de reduzir a intervenção do professor e promover participação dos alunos, pode aplicar as seguintes técnicas:

 

• Chamar os não-voluntários. Quando os alunos sabem que são poucos susceptíveis de ser chamados, a menos que levantem os braços, eles podem continuar a mantê-los em baixo. Os poucos alunos que levantam os braços tendem a monopolisar a experiência. Aqui, pode simplesmente anunciar que todos serão chamados, ou utilizar a Passagem em Volta para facilitar a participação activa dos que não se apresentam como voluntários.• Reorientação. A sala do professor pode ser minimizada pelas perguntas que elicitam várias respostas. Pode instruir, "esta pergunta tem várias partes. Favor dar apenas uma resposta". A reorientação tem uma vantagem adicional de encorajar os alunos a responderem-se uns aos outros.• Faça pausa por um tempo adequado. O professor deve pausar durante alguns segundos depois de fazer a perguntar e antes de chamar alguém para responde-la. Fazendo pausa, dá a cada aluno tempo para organizar o seu pensamento para uma resposta. Deve também notar que alguns alunos precisam de mais tempo para expressar do que outros. Se interromper um aluno antes de concluir, os alunos tímidos tendem a se sentirem desencorajados.• Abrir-se a respostas inesperadas. Por vezes pode ouvir respostas inesperadas dos alunos, e outras vezes, isso pode não acontecer. Quando ouvir uma resposta que não esperava, ou que julga ser inaceitável, em vez de dizer "não, isto é errado", tente esclarecer o que o aluno quer dizer.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Diferentes Tipos de Perguntas:

12

Page 13: Como as crianças aprendem e se comportam

 

• Repetição/aprendizagem de rotina. Pedir que as crianças repitam o que já aprenderam. A isso chama-se de aprendizagem de rotina, e é importante para se recordar de fórmulas, tabuadas e regras.• Repetir. Pedir que as crianças repitam uma história que ouviram por suas próprias palavras. Esta é uma melhor forma de ensino e aprendizagem, do que uma mera aprendizagem de rotina.• Resumo. Pedir que as crianças resumam os principais pontos da matéria aprendida.• Explicação. É importante fazer perguntas como "como", "porque", "quando", "o que é" e "por quem", na turma. Depois de saber que os alunos compreenderam os factos essenciais da matéria aprendida, pode fazer perguntar para avaliar a sua compreensão. Essas perguntas pedem os alunos a explicarem as informações, os factos relacionados, as generalizações e as definições.• Expressão. Pedir que as crianças contem originais ou que que exprimam as suas próprias ideias. Isso é mais fácil na língua materna, ou numa língua que a criança já conhece bem.• Análise. Analisar conhecimento que já foi dado. Muitos exercícios exigem análise, por exemplo a divisão de objectos em categorias tais como duros/moles, grande/pequeno, forte/fraco, mamíferos/insectos/répteis. O processo de análise envolve separar informação e criar relacionamentos a fim de descobrir a sua estrutura básica, ou o seu significado subjacente. A análise inclui definir presunções, motivos e implicações. Os alunos podem identificar questões e chegar a conclusões com base em determinados factos.• Solução de problemas. A solução de problemas pode ser introduzida proporcionando um problema e vendo como as crianças podem resolver este problema. Um exemplo é ver como proporcionar acomodação habitacional própria para condições climatéricas diferentes: um clima quente contra um clima muito frio.; a necessidade para raios solares e ar, ao mesmo tempo que se evita o vento e a chuva. Ou como manter a casa limpa.• Avaliação. Perguntas sobre avaliação apelam para comentários envolvendo julgamentos, opiniões, reacções pessoais e crítica. Perguntas tais como "Na sua opinião ...?" "Pensa que...?" "Como reagiria...?" Os alunos são solicitados a darem a sua opinião e, em seguida, a darem uma base para os seus pareceres a essas perguntas. Não há certo ou errado.

5.2: Aplicações de Ensino e Aprendizagem: A utilização efectiva de aplicações de ensino e aprendizagem é importante em garantir que as experiências de aprendizagem dos alunos sejam divertidas, inter-activas e significativa. Quando estiver a planificar e preparar as suas lições, procure por recursos à sua volta que pode utilizar ou criar para tornar a aprendizagem mais significativa e mais divertida. Por exemplo, a natureza proporciona inúmeras aplicações de aprendizagem e ensino, tais como o solo, a areia, sementes, plantas, folhas, paus, pedras, insectos e água. A casa proporciona várias outras fontes de materiais de aprendizagem e ensino, tais como açucar, sal, óleo e detergentes. Pode também utilizar fotografias, mapas e quadro, como aplicações de aprendizagem e ensino nas suas aulas.

Fotografias. Uma colecção de fotografias é uma importante e poderosa aplicação de ensino e aprendizagem.

13

Page 14: Como as crianças aprendem e se comportam

Hoje, é possível fazer-se uma boa colecção a um custo mínimo. Pode fazer uma boa colecção de fotografias, a partir de jornais, revistas e brochuras. Se estiver a utilizar fotografias, tente engajar os alunos o mais activamente possível. Uma boa apresentação de perguntar irá estimular interesse, aumentar a capacidade de observação e levar a raciocínio.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Algumas formas de utilizar fotografias nas turmas.

 

• Utilize fotografias para ensinar a leitura, particularmente ao nível de principiantes. Normalmente, pode escolher fotografias em relação às quais as crianças estão interessadas (avião, mãe, pai, laranja) e escreva a palavra próximo da fotografia, ou num papel separado, para que a criança possa identificar a fotografia à palavra.• Utilize as fotografias para descrição e discussão. As crianças podem descrever o que viram, o significado da fotografia, quem ou o que está na fotografia, porque é que é importante, como podia ser mudada, etc.• Utilize as fotografias para a contagem, a adição, subtracção, divisão e multiplicação. Existem objectos infindos a serem utilizados na matemática, sejam galinhas, árvores, pessoas ou outras coisas.• Utilize fotografias para jogos. Vários jogos diferentes envolvendo a matemática, a soletração, a leitura, a selecção e outras actividades, podem ser feitos com fotografias. Por exemplo, fotografias de mamíferos ou aves podem ser agrupados.

Quadro. Um quadro efectivo deve ser simples. Ele exprime um pensamento de forma tão clara que é compreendido de imediato. As cores devem ser utilizadas efectivamente para pôr em realce os pontos importantes. Tente exprimir o conceito de forma clara e evitar uma massa confusa e congestionada de mensagens. Bons quadro podem ser feitos em cartões nos quais os produtos são empacotados. Os lápis de côr e feltros são ideais, mas giz coloridos e tinta podem também ser muito úteis. As palavras escritas no quadro devem ser suficientemente grandes para todos os alunos poderem ler sem qualquer dificuldade de visão. Os alunos que se sentam no fundo da sala devem ser capazes de ler o que está escrito no quadro se este for apresentado à frente. Deixar os mapas nas paredes, é uma boa forma de encorajar a revisão do materiral aprendido pelos alunos, bem como de decorar e fazer brilhar a turma. Quadro preto. A utilização efectiva do quadro preto é uma habilidade que todos os professores devem aprender. Todos os trabalhos no quadro preto devem ser visível para todos os alunos, se este for utilizado como um ponto focal para as aulas. Pode também querer utilizar cores diferentes de giz no quadro, para enfatizar o que está a ser aprendido. Pode também pensar sobre diferentes formas de utilizar o espaço do quadro preto. Por exemplo, pode escrever a seguinte informação, regularmente:

 

• Data:• Objectivo do dia;• Ditados e provérbios astutos; e• Notícias, tais como datas de nascimento ou guias de cuidados de saúde.

Colecção de materiais de leitura. O material de leitura desempenha um papel importante no ensino. Mesmo que as crianças não tiverem alcançado o nível em que podem ler, encontrarão muito gozo e benefício quando estiverem a olhar as fotografias. O que faz se não tiver livros? Pode escrever alguns livros, por si próprio e pedir que os pais, os membros da comunidade e as próprias crianças escrevam outros. Algumas ideias para escrever as suas próprias ideias de leitura e livros incluem:   • Histórias sobre as crianças, escritas por elas próprias;

• História e geometria da zona, escritas pelos pais, avós e outros membros da comunidade;• Canções cantadas por membros da comunidade, tais como folclóricos, cançoes de trabalho, colheitas e celebração;

14

Page 15: Como as crianças aprendem e se comportam

• Poemas tradicionais e poemas ouvidas pela rádio;• Notícias locais; e• Histórias científicas.

Para as classes mais avançadas, pode utilizar histórias tiradas de nornais. Pode utilizar recortes de jornais. Por exemplo, publicidades, histórias e reportagens podem ser utilizados como materiais de leitura. Se tiver uma duplicadora, pode fazer cópias. Se não, o livro pode ser escrito num bom papel, ou numa cartolina, e agrafado em forma de livro. Pode, brevemente, recolher um mínuto de 50 cartões de leitura ou livros para a sua aula.

Manuais. Um manual é uma parte importante que os professores podem utilizar. Todavia, deve evitar uma utilização não apropriada do manual, tal como leitura regular e memorização do texto. Esta prática pode ser desencorajadora e não inspiradora para as crianças primárias. Lembre-se que os manuais não e não podem substituí-lo enquanto professor.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Algumas formas de Utilizar o Manual:

 

• Um bom manual dar-lhe-á uma cobertura lógica do conhecimento e das capacidades que devem ser ensinadas e aprendidas, para poder utilizar isso a fim de garantir uma cobertura minuciosa das áreas. Utilize o manual como um livro de referência e como um guião para verificar se terá coberto a área de forma adequada.• Tome alguns dos exemplos e exercícios do manual e aplique-os às condições locais. Por exemplo, se estiver a fazer fracções, como é que isso podia ser utilizado na família e na comunidade? O que é dividido na família (Alimentos? Dinheiro? Terras?) Se a história for sobre a família, permita que as crianças falem sobre as suas famílias. Se a história for sobre animais, as crianças devem falar sobre os animais das suas casas e dos seus campos.• Faça alguns dos exercícios de um livro oralmente e, em seguida, seleccione algumas crianças para escrever essas histórias no quadro.• Dramatize algumas das histórias do manual para trazê-las à vida. Isto pode ser feito através de uma narração excitante pelo professor, ou através da criação de uma encenação com as crianças. Acrescentar a música e a dança pode tornar isso mais excitante e interessante.• Utilize o manual para a revisão de capacidades que terão sido ensinadas.

Mapas. Mapas adequados são muito úteis no ensino. O atlas proporciona um esqueleto de estudo geográfico. Você, por sua vez, dá-lhe a vida. Mapas de parede são importantes instrumentos de ensino porque toda a turma pode olhar o mapa e dirigir a sua atenção a qualquer característica que desejar enfatizar. Pode desenhar os seus próprios mapas na parede se estes não estiverem disponíveis. De forma geral, mapas de parede podem incluir o continente e o seu país. Pode também querer fazer um mapa do mundo. As crianças podem fazer mapas das suas aldeias ou da sua região, o que também pode ser utilizado como mapas de parede.

Rádio e cassetes audio. Se lições radiodifundidas forem disponíveis na sua comunidade, muitas vezes a radio proporciona boas aulas suplementares ao seu ensino. O professor e os seus alunos devem estar adequadamente preparados antes do início da difusão. O trabalho de seguimento depois da lição é igualmente importante.

SUGESTÕES PRÁTICAS: Algumas formas de utilizar cassetes audio nas aulas.   • Porque as crianças gostam de aprender canções, podem ser uma boa forma de linguagem de

aprendizagem, particularmente como segunda língua.• Grave a pronuncia do professor e das crianças. Isto permite que as crianças corrijam a sua

15

Page 16: Como as crianças aprendem e se comportam

pronuncia, por exemplo quando estiverem a aprender palavras como "hit", "heat" e ""hurt" em inglês.• Grave diálogos, entrevistas e debates na turma, como se fossem para radiodifusão.• Utilize declarações e histórias gravadas da rádio em lições de língua, por exemplo para a audição e a compreensão.

Modelos. Para várias disciplinas é útil utilizar modelos. Modelos simples podem ser constituídos a partir de materiais em papel, madeira, plastecina, plástico, metal, ou quaisquer outros para demonstrar esferas, figuras e volume. A plastecina é facilmente tida como material de utilização. Pode utilizá-la para fazer modelos da sua geografia, ciências, ou outras lições de arte. Vários modelos científicos podem ser feitos com latas e objectos plásticos. Por exemplo, um modelo mostrando como purificar a água pode ser feito filtros de areia, recipientes e garrafas plásticas.

16