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II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades
Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
COMO CRIAR PRAÇAS E FAZER DEMOCRACIA
MIRANDA, CLARA LUIZA
Universidade Federal do Espírito Santo. Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Rua Henrique Martins Rato. 18/ 301. Bairro de Fátima. Serra. ES [email protected]
RESUMO
Os movimentos sociais 25JAN egípcio, Occupy Wall Street (OWS) americano, 15M espanhol e Occupy Gezi turco evidenciam que permanece a importância do espaço público para o transcurso da vida política. As mobilizações ocorrem e travam batalhas em torno do público. Este termo é emparelhado ao conceito de comum, fundamental desta abordagem. O comum é compreendido como mixagem da produção material e imaterial promovido na metrópole, expresso na produção de ideias, de afetos, de relações sociais e de modos de vida. A coalização entre Estado e capitais que açambarca a cidade em detrimento dos cidadãos e processos que expõem descompassos entre economia global e política constam entre motivos das ocupações de espaços públicos metropolitanos entre 2011 e 2013 - o objeto do artigo. Nas ocupações focalizadas, experimenta-se a democracia direta, apoiando-se em meios híbridos: físicos e digitais e em modelos de gestão cooperativos que contestam a dicotomia privado-público e a captura do capital humano. Abordam-se principalmente o 15M e a plataforma Occupy Together. Relatos de participantes e análises de observadores compõem o corpus do texto.
Palavras-chave: Ocupações. Espaço Público. Comum. Movimentos Sociais. Economia Cognitiva.
CIDADE-TERRITÓRIO PRODUTIVO
A cidade recupera sua importância após um período de contraurbanização e de declínio das
metrópoles, em contraste à ampliação do raio de influência das redes urbanas (PEIXOTO, 2001,
p.177). Nos anos de 1960-80, o Estado se volta “contra as cidades, refreando o poderio, que
despolitizado subsiste” (ZUNTHOR, 1998, p.183). A nova reconcentração urbana é concomitante
ao dinamismo econômico global que perdura trinta anos - “todos os períodos de crescimento se
fizeram acompanhar de uma explosão urbana” (Braudel apud ZUNTHOR, 1998, p.183).
A cidade contemporânea é lugar do mercado, mas é também mercadoria. A cidade torna-se uma
agência de desenvolvimento econômico, diligenciado em torno de consensos, que enfatizam a
atração de empreendimentos privados e de turistas. Deste modo, se inicia a coalizão mercadológica
da cidade que será tratada a seguir.
No capitalismo flexível, “não há mais um fora”, todo o planeta está sob a jurisdição do mercado.
(NEGRI; HARDT, 2002, p.208). O fato de a fábrica ter se dispersado mundialmente não incide
necessariamente numa pós-industrialização. Mas, implica numa espécie de imaterialidade, numa
dissimulação da indústria, que segue “produzindo relações sociais, valores e lucros” (LAZZARATO,
2001).
As forças produtivas, que tendem a ser deslocalizadas, difusas e interconectadas, produzem não
apenas mercadorias, mas, também ricas e poderosas relações sociais (NEGRI; HARDT, 2002,
p.230), de modo que a captação de valores ocorre progressivamente a partir de relações
extraeconômicas. A produtividade está amplamente socializada.
A “cidade-território produtivo” é o cerne da economia do conhecimento e da vida, a nova relação
capital/trabalho passa investir na metrópole, lugar de trabalho e de vida, ou seja, de um comum ao
mesmo tempo político, econômico e ecológico do menor interstício ao território (Petrescu, Querrien,
Petcou apud BAUDOUIN; COLLIN, 2012, p.208). Este se configura por meio de geografias de
acontecimentos, ativações de links/elos que atravessam territórios híbridos (CACCIARI, 2009,
p.54).
Mesmo com a hipotética redução do Estado, ainda é dele a administração dos territórios físicos e a
decisão sobre a aplicação dos recursos públicos, distribuídos entre os poderes administrativos
territoriais. Sob a produção flexível, o Estado cede recursos públicos, aparatos jurídicos e
institucionais que facilitam a atuação do mercado na direção e na apropriação da produção da
cidade (RIZEK, 2010). Trata-se duma nova articulação entre Estado e capitais privados e
financeiros, que atua como uma “coalizão mercantilizadora da cidade”. Neste contexto, o Estado
iterativamente abdica de seu papel de planejador da renovação e do crescimento urbano. O
território da cidade se converte “num tipo de limite interno da expansão capitalista aberta”
(RIBEIRO; SANTOS JUNIOR, 2011).
A ‘inovação’ do capital, contudo, consiste em tirar partido não apenas dos recursos físicos, mas, do
capital social disponibilizado gratuitamente.
O trabalho imaterial designa não apenas uma “nova qualidade do trabalho e do prazer”,
compreende “novas relações de poder”, consequentemente, “novos processos de subjetivação”
(LAZZARATO, 2001, p.38) que criam novas formas de cooperação e novos conflitos na economia
cognitiva.
O capitalismo flexível na perspectiva da economia cognitiva não prescinde dos lugares. Mantêm-se
a importância dos “depósitos de externalidades positivas”, tais como as fontes de criação de
emprego informal e a descoberta do papel das redes comunitárias, de aglomerações dinamizadas
por tecnopolos, centros de conhecimento, de tecnologias, outros campos criativos e midiáticos
(MOULIER-BOUTANG, 1997).
A economia cognitiva prescinde dos lugares funcionalizados. A ideia de que há setores urbanos
criativos e classes portadoras de criatividade camufla processos de cooperação e de comunicação
expandida, próprios da territorialidade contemporânea. A produção do comum não ocorre em
lugares especificamente funcionalizados, mas em todas as “brechas e recônditos” das cidades. “De
fato, a produção do comum está se tornando a vida mesma da cidade” (NEGRI; HARDT, 2011 ,
p.257) e possui centralidade na economia cognitiva.
No mundo do trabalho inovação e criatividade, formação continuada, atualização e especialização
profissional são exigências requeridas ao esforço/consumo individual pelo mercado e expropriado
do comum. A produção é comum enquanto o consumo é individual, desagregador e despolitizador.
Por outro lado, a crise econômica de 2008 coloca milhões de pessoas na precariedade. De acordo
com relatório da OIT (In. CBN, 2013), grandes grupos econômicos recuperaram ganhos percebidos
antes 2008. Essas empresas ampliaram seus lucros, mas, pequenos empresários têm dificuldade
de crédito. Há desemprego e grande concentração de renda tanto na Europa quanto nos EUA
(CBN, 2013). A Espanha possui cerca de 6 milhões de desempregados (26% da população), mais
da metade dos espanhóis com menos de 25 anos está sem trabalho (RTP Notícias, 2013). Em
2008, 1% da população dos EUA apropria-se de 25% da renda, por isso os ocupas americanos se
autodenominam 99% (PECHANSKI, 2011, p.27).
“O novo capitalismo em rede, que enaltece as conexões, a movência, a fluidez, produz novas
formas de exploração e de exclusão, novas elites e novas misérias, sobretudo, uma nova angústia
(...)” que Rifkin chamou de desconexão (PÁL PELBART, 2002).
A Metrópole: produção, encontro e revolta
“A metrópole é para multidão o que a fábrica foi para a classe operária (...). As atividades da
multidão são produção, encontro e antagonismo” (NEGRI; HARDT, 2011, p.256). A metrópole
integra circulação, produção, exploração, revolta e o comum (HARDT, 2011).
A mixagem da produção nos espaços sociais, da migração e a transição da produção material para
a imaterial ocorrem na metrópole, incidindo em processos que potencializam o trabalho vivo:
produção de ideias, de afetos, de relações sociais e de formas de vida – o comum (HARDT, 2008).
Expressamente o comum está em pauta: “tem a ver com a certeza de que o transporte deveria ser
um bem comum, assim como o verde da Praça Taksim (...) e de que toda espécie de "enclosure" é
um atentado às condições da produção contemporânea, que requer cada vez mais o livre
compartilhamento do comum” (PÁL PELBART, 2013). As expressões do comum têm sido
reivindicadas nas lutas do precariato e pelos movimentos sociais como parte da reapropriação da
cidade.
O meio urbano é propício para a formação, a prática da liberdade e a provisão do espaço do diálogo.
Este é a base da construção do conhecimento. Igualmente, a prática da democracia requer a esfera
pública em vez da esfera privada. Harvey destaca que as funções urbanas formam um sítio propício
para a ação política dos movimentos sociais e para a revolta (2012, p.117). Segundo Virilio, o
contingente revolucionário não atinge a forma ideal na fábrica, mas na rua. Isso avaliza “a
confiança” de que a revolução se faz na cidade. Virilio, ainda, ressalta o papel fundamental da
circulação nas revoluções (VIRILIO, 1996, p.19).
De fato, a cidade é o "lugar em que o mundo se move mais, e os homens também", como define
Santos (1997, p.83). Para além do controle estrito capitalístico, a própria intensificação dos fluxos
da matéria, da população e do urbano gera descodificações, que tendem a escapar para a periferia
(DELEUZE; GUATARI, 2002, p.371), tendem escapar ao controle.
Henri Lefebvre observa a revolução (violenta ou não) contrai um sentido novo: de ruptura do
cotidiano e de restituição da festa, este é o desígnio possível da revolução e a função primordial da
cidade (LEFEBVRE, 1991, p.30). O possível é o que é criado mediante a ação e a prática da
liberdade. O possível é virtual, então é factível. “A ação tem como recursos a palavra e a luta, isto é
o discurso de guerra”, ambos têm lugar no espaço público (MOZAS, 2012, p.6).
A festa e a liberdade são afins às descrições de Davis (2012a), que refere os “laboratórios mágicos
que as ruas se convertem [nos] movimentos” de 2011. Destarte, Davis pondere: a pobreza ameaça
a todos desde África, Europa, Oriente e América: norte e sul. Negri e Hardt (2012) apostam que a
pobreza e a engenhosidade podem criar um devenir outro.
Embora as manifestações refiram-se às subjetividades quaisquer, os espaços ocupados não são
espaços quaisquer. Tahrir, Puerta del Sol, Saint Paul e Trafalgar (Londres), Liberty Square, Zucotti
representam os poderes: simbólico, político, da igreja e do dinheiro (MOZAS, 2012, p.6). Os
espaços físicos das ocupações citadas posicionam-se nos cores das metrópoles, onde multidões
afluem e atravessam, integrando percursos, praças, parques, ruas, avenidas e estações de
transporte coletivo. Frequentemente, são espaços representativos de uma história longa, são
pontos de referencia da dinâmica urbana e possuem caráter de permanência, enquadrando-se no
conceito de monumento de Aldo Rossi (1995).
“Who owns space?”
Desde a erupção da crise de 2008, com as revoltas e as mobilizações sociais subsequentes, está
patente o dark side do planejamento urbano e que seu quadro de referências não corresponde mais
às necessidades coletivas (BOURDIN, p.17).
Borja (2011) denuncia que o planejamento urbano tem “naturalizado como evidência objetiva os
mecanismos intocáveis e perversos do capitalismo especulativo dominante”. Cruz observa que no
quadro profissional sobressaem-se os vínculos com a privatização e o neoliberalismo econômico.
“Como arquitetos simplesmente nos alinhamos a estas condições e deixamos de rebatê-las” (2008,
p.151).
O “capital é o urbanista”1 dos processos de requalificação e de valorização econômica de setores
urbanos, que culminam em gentrificação de espaços populares do Cairo, do Rio de Janeiro e de
São Paulo, da privatização de espaços públicos em Londres, Nova York e Istambul, criando
segregação, corrupção e violação de direitos humanos. O planejamento participativo, que vinha
sendo um subterfúgio “para escorar o Estado diante de uma democracia vacilante” (BAUDOUIN;
COLLIN, 2012, p.210), cada vez menos é um instrumento corrente. Os processos de intervenção
citados são promovidos sem a participação dos cidadãos que reivindicam o direto de deliberar sobre
sua cidade e sobre suas vidas.
A "vida real" do planejamento evidencia-se quando se constata a distância entre o discurso do plano
e "o que é feito na prática" em relação aos processos de inclusão e de exclusão social, pautando
diferentes campos de interesses, relações de poder e fatores de dissenso (FLYVBJERG;
RICHARDSON, 2002, pág.52).
Há um descolamento de setores metropolitanos do tecido urbano, que gera no interior das
metrópoles “ilhas de prosperidade” ou polos de competências, que repercutem aspectos de
exclusão socioeconômica mesmo em países desenvolvidos. Estes espaços são configurados por
meio da criação de espaços de encravamento, que demarcam a clivagem de fluxos de públicos
‘diferenciados’, possibilitando isolamento corpóreo de grupos exclusivistas do contexto coletivo.
Londres é pródiga em exemplos de praças e parques produzidos pelo mercado e/ou administrados
ou controlados pelo setor privado (CARMONA; WUNDERLICH, 2012). A Praça Trafalgar onde
ocorre uma ocupação em Londres, em 2011, possui uma sociedade gestora privada. Em Nova York
e outras cidades americanas são usuais os espaços ‘públicos’ pertencentes aos setores privados
(Privately Owned Public Space - POPS). O OWS tem lugar no Parque Zuccotti, que é um POPS
sem muros e aberto ao público.
As ocupações despertam o desejo de reapropriação pública da cidade, que passa ter
monitoramento público via internet, sob a questão: “who owns space?” O público se dá conta que os
espaços da cidade se tornaram cada vez mais privatizados e pergunta: “O que acontece com a
democracia quando não temos mais espaços para nos reunir, nos organizar e planejar
coletivamente (...)? O que acontece quando a nossa cidade não nos pertence?”
A desagregação e a pobreza da vida social urbana acirram-se nesses espaços de passagem,
descontínuos e controlados dos centros urbanos e dos bairros, devido sua insipidez e inospitalidade
na escala das localidades e de seus habitantes. O lugar da política foi desativado (NEGRI &
HARDT, 2002, p.208).
1 Grafite em São Paulo
Figura 1- Oficiais NYPD defendem a entrada do parque da Trinity Church (um POPS) Nova York, dezembro de 2011. Ativistas comemoravam de três meses do OWS. Foto de Michael Bocchieri URL. http://news.nationalpost.com/2011/12/31/25-best-occupy-photos-of-2011-2//Getty Images.
OCUPAÇÕES DE ESPAÇO PÚBLICO: A RETOMADA DA POLÍTICA
Os tópicos anteriores contextualizam motivações das ocupações das praças e parques (2011-13).
Notadamente, visa-se implicá-los na escala da produção da metrópole. Apresentaram-se processos
que expõem que “a economia global está fora dos limites da política” (ZIZEK, 2011, p.18),
finalmente, deve-se chegar à aspiração por uma democracia real já.
Devem-se observar os movimentos como sintomas, seguir os encaminhamentos dos mesmos,
assim como os desdobramentos globais. Concorda-se com Zizek que: “não se deve tomá-los
inicialmente como reinvindicações e questões para as quais precisam produzir respostas claras e
programas sobre o que fazer, na verdade, devem-se produzir questões para elas” (ZIZEK, 2011,
p.25). Uma proposta estimulante, conforme assinala Deleuze: na colocação de problemas importa
um “esforço de invenção” em criar os termos nos quais eles se colocarão (DELEUZE, 2008, p.13).
Os movimentos sociais recentes advêm de processos descentralizados, provocados pela
insatisfação popular, indignação, revolta; prescindem de aparelhos organizados e apresentam
métodos moleculares de experimentação. Estes movimentos adquirem novas práxis, novas
conotações em relação aos movimentos precedentes, apresentando formas distintas nos diferentes
lugares e nos diferentes momentos. Mas constituem, sem dúvida, um único ciclo de lutas levado a
cabo pela multidão do trabalho imaterial/ cognitivo (Revel, Negri apud COCCO, 2012, p.16).
Os ativismos sociais de 2011 a 2013 demonstram a importância do espaço público para a vida
política. Com as ocupações, metrópoles e praças são incorporadas à dimensão relacional de
criação de experiências singulares e de saberes (UNIVERSIDADE NÔMADE, 2011, p.12),
reestabelecem a possibilidade de política pela via do poder constituinte.
Os movimentos globais de ocupação têm muitos pontos em comum. Utilizam-se da interação entre
tecnologias digitais e espaços físicos, ensejando experimentação de modelos de gestão coletivos e
de reapropriação do comum, criando o espaço híbrido. Espaço híbrido se refere à mescla entre o
espaço físico e o digital, um meio em que há comunicação dinâmica e participação em rede.
“Comunidades” se formam mediante compartilhamentos e convivência. Um dos efeitos das redes é,
justamente, a criação de grupos que pensam, se exprimem, rememoram e inventam (SERRES,
1994, p.129).
Twitter, facebook e streaming permitem acompanhar as mobilizações em tempo real. Os ativistas
espanhóis ressaltam “o feedback permanente dos dispositivos tecnopolíticos”, que lhes permitem
“estar na praça sem estar” e o contato contínuo com o “imaginário coletivo”. Os acampados sentem
a rede e a praça em simbiose permanente (MONTERDE, 2012, p. 40). A partir dos relatos de
experiências dos ocupas, pode-se afirmar que as redes sociotécnicas não dissolvem a noção de
lugar, mas articulam presença física e “pluripresença mediatizada”. Também não contrapõem
distância e presença, antes as integram (WEISSBERG, 2010). Agentes, dispositivos, meios
ambientes e fontes de informação, conectados em rede distribuídos, integrados, expandidos e
multiplicados desenvolvem o sistema de hibridação (SIENA, 2013) e processos de
“movimentos-sistema-rede” (CEDILLO, 2012).
As experimentações de democracia direta nas ocupações são realizadas mediante uma
“construção laboriosa”. Com isso, o espaço público reassume seu lugar como esfera de
deliberação, onde se articula o comum e se tramitam as diferenças (SIENA, 2012). Participantes do
15M e do Democracia Real Ya! (movimentos espanhóis surgidos em 15 de Maio de 2011), que
atuaram no #AcampaSol, e do Occupy Wall Street (OWS) ressaltam que os espaços de tomada de
decisão do movimento são abertos: assembleias, web e ferramentas inventadas desde então.
Enfim, os ativistas atinam que "já não se trata de tomar a praça, mas de criar a praça. (...),
compreendendo os elementos que a tornam possível - a crítica ao poder político”. Enaltecem a
cooperação dos presentes como força pragmática que faz a “praça real e tangível”, conformando “o
mínimo múltiplo comum não só habitável, mas alegre.” (FATI_MATTA, 2011, p. 31).
O urbanismo tático das ocupações
Ocupar é preencher ou ter lugar, apresentar exterioridade, ter visibilidade, todavia ‘empatar’.
As ocupações tem um passado de greves de ocupação, de ocupações promovidas pelo Movimento
Sem Terra - MST, por diversas organizações de moradores sem teto, no Brasil, e pelos Zapatistas
no México como tática de luta e visibilidade social, além dos okupas e squats, um exemplo de
vivência libertária.
Para definir urbanismo tático, Mozas recorre à definição de Michel de Certeau (1998, p.97-9).
Certeau que designa estratégia às práticas que distinguem um lugar “próprio”, de onde podem
manipular as relações de força, um tipo “específico de saber”, possuindo no poder a sua face
“preliminar”. As táticas são recursos dos destituídos de um lugar próprio, quando jogo/ luta ocorre
num terreno cuja regra o transcende; quando se trata do “outro”; quando não se obtém
institucionalidade no campo, consequentemente deve-se operar por “astúcia” em relação ao tempo,
aproveitar as “ocasiões”.
O urbanismo tático é intervenção direta dos usuários, mediante astúcia e dissenso. Nas acampadas
os ocupas buscam “desgastar o poder para permanecer nas praças”, enquanto o poder recorre às
diversas formas de controle constituídas (ou não). O procedimento fundamental das ocupações é
ação participativa e autoconstruída (MOZAS, 2012, p.13).
A ação tática arquitetônico-urbanística reside em ações pontuais, que visam efeitos duradouros e o
desenvolvimento do capital social (MOZAS, 2012, p.14). Isso converge com noção de programa que
se define por ações e atividades, sendo transformável no tempo (GAUSA, 2000, p.484). A
programação estabelece graus e escalas de organização; tendências; ritmos, regimes e intensidade
de usos.
De acordo com Mozas os movimentos sociais contagiaram o urbanismo, que deriva para um
urbanismo de guerrilha, ou seja, uma prática convertida à luta política e à reinvindicação coletiva
(MOZAS, 2012, p.15). O arquiteto-urbanista tático abre mão da pretensão de “falar pelos outros, em
nome dos outros”, propiciando uma redistribuição do poder (FOUCAULT, 2000, p.71). O
#Acampasol testou tais procedimentos.
Julia Ramirez descreve o #Acampasol era um bidonville, uma favela feita de materiais descartados,
de estética precária, de materiais pobres de acordo com as formas de viver dos sem teto. O método
construtivo era “o faça você mesmo”, a autoconstrução, que gera um assentamento orgânico em
constante mutação e reposicionamento. Desde o início apareceram zonas funcionais conforme
atividades que refletiam o nível de auto-organização das atividades e grupos de trabalho - descritos
adiante. O acampamento remanejava-se constantemente para remeter que “estavam em todas as
partes”. (RAMIREZ, 2012, p.112).
A prefeitura de Madri manifestou preocupação com possíveis depredações ao espaço corporativo,
revelando uma vicissitude do espaço formal-instituído: o acampamento ativista realiza um tipo
efetível de urbe, alternativo às “praças duras” de “ócio comprado” (RAMIREZ, 2012, p.112). O
#AcampaSol foi uma intervenção improvisada coletiva, convertida em dispositivo revolucionário,
onde se saboreou o “fazer cidade”; consumando espacialidades híbridas, reencontrando “os
problemas do local e do mundo” (SERRES, 1994, p.200).
Siena (2012) pondera que em termos de configuração física, o acampamento da Puerta Del Sol
favorece o contato entre as pessoas, contrapondo-se aos espaços que são criados para dificultar
esse contato e inibir a habilidade de experimentar. Para ele, a “acampada” proporcionou a criação
do espaço comum. Espaços que não estão sujeitos a ordens preestabelecidas, que são criados por
necessidade ou ação coletiva. O comum implica autogoverno e espaço de “qualquer um”;
contestando a propriedade privada, a dicotomia privado-público e a “captura do capital humano”
(SERRANO, 2012, p.45). O #AcampaSol recebeu o prêmio de obra de arte mais importante de 2011
da revista Art Forum e o reconhecimento do Prêmio Europeu de Espaço Público Urbano.
Davis ressalta o “triunfo do cara a cara, da organização dialógica” do OWS sobre a internet (DAVIS,
2012b, p.41). “A genialidade de OWS está na ocupação de um dos imóveis mais caros do mundo,
liberando a praça privada como um espaço público catalisador de protestos” (DAVIS, 2012b, p.40),
representa para ele a democratização e ocupação produtiva do espaço público (DAVIS, 2012b, p.
42).
Gessen (2011) reproduz o depoimento de um observador que fornece uma rica imagem espacial do
acampamento OWS em seu auge: “As fachadas neoclássicas dos cinco prédios da Justiça em volta
da praça, normalmente, dão à praça um ar de desolação, como se você tivesse sido jogado em
Washington DC. Mas com toda aquela gente... parecia a Europa. (...). Camaradas, é aqui que a
coisa acontece. (...). Ontem, a multidão demorou duas horas para andar seis quarteirões até o
Zuccotti Park, onde algo entre 50 e 500 pessoas – estudantes, anarquistas, anarquistas que
estudam – vivem acampados há três semanas. (...). Boa parte do Zuccotti Park foi ocupado por
sacos de dormir, muitos deles cobertos com lona azul, para protegê-los da chuva. (É ilegal montar
barracas sem autorização em New York City, para manter os sem tetos afastados do centro da
cidade, e, agora, para impedir que os manifestantes montem seus acampamentos). No centro do
parque está montado uma espécie de bufê (...). Ali perto, o centro de imprensa e mídia – cerca de
doze pessoas reunidas numa roda, cada um com seu laptop, e um pequeno gerador com vários
cabos interconectados e wifi. (...). O parque ocupado fica logo depois de uma esquina de Wall
Street; praticamente do outro lado da rua está o gigantesco canteiro de obras do Marco Zero.”
No OWS houve reclamações sobre a “natureza hermética de estar acampado todo o tempo”, imerso
no próprio experimento social, perdendo contato físico com o resto da cidade. Mas, por outro lado, o
movimento reúne uma série de mapas, que mostram sua repercussão nos EUA e fora do país.
Registra-se um dos paradoxos da circulação nas ocupações de 2011, elas são paragens, paradas:
“occupy is not a movement” diz pichação no chão de uma ocupação.
Figura 2. Bibliotecas das ocupações OWS 1 (Fonte: https://peopleslibrary.wordpress.com/2011/10/), #AcampaSol 2 (foto de Constanza Rava, 2011), #OccupyGezi ,2013, 3 e 4 (Fonte: http://occupygezipics.tumblr.com/)
TÁTICAS DO URBANISMO TÁTICO
Embora sejam movimentos que se propagam de baixo para cima por contágio verbal ou via redes
sociais da internet, conduzindo ações coletivas e multitudinárias que dispensam líderes as
ocupações não são movimentos sem planejamento nem sem organização. Por exemplo, a
ocupação da Praça Tahrir, Cairo, em janeiro de 2011, teve planejamento e organização por grupos
políticos organizados (Ibrahim apud. MIRANDA, 2013, p.31-2). Percebe-se também uma
inteligência coletiva que transforma a Praça Tahrir numa comunidade em 2011, e nos demais
acampamentos esporádicos ocorridos desde então.
De acordo com Schneider (2011), no OWS, vários coletivos participaram da convocação. O grupo
Adbusters fez o cartaz, US Day of Rage fez a criação da estratégia de tecnologias da informação, TI
Alexa O’Brien promoveu a convocação no Tweeter, o grupo Anonymous também participou. “Mas
em campo, em Nova York, quase todo o planejamento foi feito pelo pessoal envolvido na
Assembleia Geral de NYC”, o dispositivo de gestão da ocupação.
Em Istambul, Turquia, um projeto de um shopping sobre o Parque Gezi, privatiza o último grande
espaço verde da cidade. Vários setores da população manifestaram-se contrários a sua
implementação. Esta intervenção municipal foi planejada sem a participação da população, portanto
não há canais de diálogo. Quando se instala o canteiro de obras, face o iminente arrasamento do
parque, a resistência ocupa o parque. Um workshop com alunos da Universidade Técnica de
Istambul e o Coletivo Mapping the Commons, realizado em Novembro de 2012, capta o
descontentamento coletivo, antecipando-se aos protestos e revoltas do #OccupyGezi. Este
explicita: “não é apenas por causa do parque”, o que reivindica é o direto de deliberar sobre sua
cidade e sobre suas vidas.
Grande parte dos movimentos recorre a assembleias: um coletivo horizontal, sem liderança, com
sistema de consenso autogerido fundamentado no ideário anarquista. Nas assembleias se toma as
decisões de ocupar, onde e como ocupar, sobre regras de conduta, sobre os encaminhamentos do
movimento diz Schneider (2011). As assembleias têm conduzido vários movimentos sociais deste
tipo em todo o mundo: “na Argentina, na Praça Tahrir, na Puerta Del Sol”, agora na Turquia. “Não é
simples trabalhar para gerar consensos novos. É difícil, frustrante e lento. (...). Quando se chega a
algum consenso, o que muitas vezes exige dias e dias de discussões e de tentativas, a sensação de
alegria é quase indescritível” (SCHNEIDER, 2011).
Assembleias acontecem inclusive após o processo de ocupação. Após violenta repressão, o
arrefecimento dos protestos em Istambul, além das ações “silent standing man”, assembleias
populares acontecem em diferentes bairros da cidade. Tal como na Espanha, na Grécia e outros
acampamentos, os manifestantes na Turquia estão começando a experimentar sua própria forma
de democracia direta contra os poderes instituídos (ROOS, 2013).
Comissões e grupos de trabalho também estão presentes nas ocupações globais. Inúmeras
comissões e grupos de trabalho assessoram “em tácito acordo” a “Assembleia Geral”, segundo
Schneider. Da mesma forma, o #Acampasol dispunha de inúmeras comissões e grupos de trabalho:
enfermaria, respeito, migração e mobilidade, amor, legal, música, carpintaria, arte, audiovisual,
ação-criatividade, atividades, informação, comunicação, propostas, participação, meio ambiente,
coordenação, bibliotecas, etc.
Figura 3. Diferentes configurações da acampada da Praça Puerta del Sol, 2011. Fonte Oscar. URL. http://spanishrevolution11.wordpress.com/2011/06/11/one-last-tour-of-puerta-del-sol/
Figura 4 Vista geral da Praça Puerta Del Sol durante a acampada. Fonte: Gregório. URL. http://porelpaseodelvendaval.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html
Participação, interação, cooperação, coletivos são termos acionados, potencializados e
reverberados pelas ocupações abordadas. São procedimentos e agrupamentos que não se
encerram nos movimentos, os promovem, organizam, compõem, desdobram, refletem-nos. Eles
desenvolvem modos de vida alternativos à ordem institucional, fundamentados em democracia
direta; baseados no dissenso, no fluxo livre de informação e no copyleft. Compõem-se aos moldes
de uma inteligência coletiva, que evidencia os processos coletivos de criação e subjetivação.
As regras de conduta dos acampamentos relacionam-se às relações com moradores e usuários
locais, à gestão da ocupação e da convivência, todavia, à segurança do acampamento devido
repressão policial. Para os ocupas as regras estão ligadas também ao sucesso do movimento.
How to make a successful Occupation, tópico postado no site Occupy Together, sugestão da
ocupação de Londres, designa posturas consideradas importantes nas ocupações: “A policia só
pode agir se alguém fizer algo ilegal”. Lista, então, comportamentos que dariam fundamento jurídico
para a polícia agir: buscar sinergia com outros eventos da praça; não ofender a policia; exercitar a
não violência contra pessoas ou propriedades. “Isto inclui grafites, pois são criminalizados,
oportunizando a ação da polícia contra todo acampamento com ou sem o consentimento da
‘sociedade gestora’ da praça”.
O OWS tinha uma política de boa vizinhança que preceituava regras sanitárias, a tolerância zero ao
uso de alcool e de drogas e à ofenças a pessoas e propriedades; e limitação do horário dos
tambores. As regras estritas têm a ver com não provocar a polícia e respeito à vizinhança residente,
que através do conselho comunitário, apoia a ocupação, reunindo-se regularmente com os ocupas
“para aplainar problemas de qualidade de vida”. Fato contrário à expectativa do prefeito que tinha a
intenção de colocar os “manifestantes como violadores dos direitos dos habitantes” (TAYLOR,
2011).
Dentre as estratégias da polícia e do poder público para dispersar as ocupações, Vanessa Zettler
relata, em Nova York, 2011, prisões aleatórias em massa. Quanto mais violenta a repressão, mais
pessoas apoiavam o movimento nas ruas devido multiplicação das informações nas redes sociais.
Nos EUA, a fim de recuperar o controle do espaço ocupado por manifestantes, está no cômputo das
estratégias policiais, além da proibição de acampar no espaço público sem permissão (já citada), o
resgate de leis do Século XIX. Estas leis incluem a proibição de dormir em público e a proibição de
que mais de duas pessoas mascaradas se reúnam em lugar público em Nova York. Em Chicago,
restringem manifestações em grupo, alegando que a livre-expressão é individual. Globalmente,
vivencia-se a censura, o monitoramento e o controle (cópia, autoria) à internet. Práticas autoritárias
contra a transgressão que instauram o warfare, o Estado de Exceção (COCCO, 2012, p.16).
COMO OCUPAR PRAÇAS E FAZER DEMOCRACIA
Enquanto o urbanismo tático reúne os métodos territoriais, as plataformas como 15M.cc
(http://www.15m.cc/) e Occupy Together (http://www.occupytogether.org/) dispõem a
documentação sobre os movimentos com o papel de divulgar e refletir sobre os processos de
ocupação. 15M.cc constitui um "guarda-chuva" de documentos e projetos do 15M.
HowToCamp/HowToOccupy, abrigado no site Occupy Together, é concebido para promover e
difundir os métodos, técnicas e conhecimentos sobre formas de ocupação pacíficas dos espaços
públicos, enquanto “desenvolve formas sustentáveis de vida baseados na democracia
participativa”.
O Occupy Together é “uma comunidade aberta com base em informações livres/gratuitas, que
acredita no poder de sinergia do creative commons e copyleft em benefício coletivo”. O objetivo
deles é estabelecer um database universal e acessível, composto de documentos referentes às
bases práticas da desobediência civil e pacífica, “instrumentos necessários para promover
ocupações pacíficas”, Visa-se difundir este database na rede, criando uma cadeia colaborativa de
informações. A circulação, nessas ocupações, transborda, se multiplica perante a disponibilidade
de presença à distância e de ubiquidade das redes sociotécnicas.
Os conteúdos gerados nessas plataformas são comunitários, passados de praça em praça,
adaptando-os de acordo com as singularidades de cada lugar, operando em permanente revisão
coletiva (MONTERDE, 2012, p. 41). Nestes espaços os movimentos globais se mostram cientes
que podem “transformar as mobilizações em torno do público em organização do comum”
(UNIVERSIDADE NÔMADE, 2011, p. 12).
Enfim, para concluir, esses encontros alegres de singularidades (NEGRI; HARDT 2012, p.371) que
consistem as ocupações insurgentes legam de contribuição à democracia: experimentos sobre
possibilidades de gestão coletiva e ensaios de governanças constituintes. Conforme explanou este
texto, as ocupações são táticas não são espontâneas. Elas instituem um autogoverno da multidão,
um poder constituinte social, organizado, desejante, desejável. Os movimentos globais fazem
aflorar o “Estado Democrático que excede os limites do Estado de Direito”, de modo que energias
sociais de luta experimentam “direitos ainda não incorporados”, colocando em cheque “pactos
tacitamente estabelecidos, (...) a partir dos focos que o poder não pode dominar inteiramente”
(LEFORT, 2001, p.75).
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