COMO DAR MÁS NOTÍCIAS? II SIMPÓSIO DE BIOÉTICA – HAOC JUNHO - 2010 Ingrid Esslinger...
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COMO DAR MÁS NOTÍCIAS?II SIMPÓSIO DE BIOÉTICA – HAOC
JUNHO - 2010
Ingrid [email protected](11) 3846-5275 / (11) 9113-6730

Perguntas que não calam:
1) A “ má notícia é má para quem ” ? Para a equipe de saúde?Para a família?Para o paciente? 2) A “ má notícia ” pode ser boa?

MÁS NOTÍCIAS:
• Informar o diagnóstico de uma doença incurável
• Piora irreversível do quadro
• Comunicar a morte para os familiares

COMUNICAÇÃO
Importante no impacto que a notícia terá
Hierarquicamente: o médico deve comunicar o diagnóstico e o prognóstico.

“A comunicação é um eixo fundamental na relação humana e um componente essencial no cuidado. O emprego adequado de técnicas e estratégias de comunicação pelos profissionais de saúde é medida terapêutica comprovadamente eficaz, permitindo ao paciente compartilhar medos, dúvidas, sofrimentos, contribuindo para a diminuição do estresse psicológico e garantindo a manifestação de sua autonomia.” (PAES, 2009)

Algumas habilidades podem ser aprendidas; outras, não!
A morte em nossa sociedade, ainda é vista como inimiga.
Entretanto...

“Não, não, a morte não é algo que nos espera no fim. É a companheira silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos aterrorizar, dizendo sempre a verdade e nos convidando à sabedoria de viver”.
Rubem Alves – O médico

É Comum...
MITO DA MÚTUA PROTEÇÃO ou CONLUIO DO SILÊNCIO:
•Familiares e paciente vivem cada qual sua solidão. A comunicação clara é facilitadora do processo de luto (prevenção para luto não complicado)
•Medos comuns do médico ao noticiar uma doença cujo prognóstico é reservado:
O paciente não agüentar (deprimir)O paciente perder a esperançaO paciente não aderir ao tratamento.

Porém, estudos mostram que:
“receber boas informações (honestas, claras, compassivas) é um desejo universal dos pacientes em estado avançado da doença.” (PAES, 2009).E quando o paciente não quer saber sobre sua condição de saúde?Torna-se necessário identificar alguém próximo ou um familiar que possa receber estas informações e ser o interlocutor.

O que uma comunicação adequada facilita?
• Conhecer problemas, anseios, temores e expectativas do paciente e familiares.•Facilitar o alívio de sintomas de modo eficaz (“dor total”).•Respeitar e reforçar a autonomia do paciente.•Dar tempo e oferecer oportunidades para a resolução de conflitos pendentes.•FAZER COM QUE A SOLIDÃO NÃO SEJA TÃO GRANDE.

COMUNICAÇÃO: é um processo complexo, que envolve a dimensão verbal e não verbal, envolvendo aspectos conscientes e inconscientes de todos os personagens envolvidos:
“ não é a família, nem o paciente, nem a equipe, muitas vezes, que decide... Mas sim, aquilo que às vezes não é dito, aquilo que se capta (ou é captado) de inconsciente para inconsciente”. (Cassorla, 26/06/2002, durante argüição da tese de livre docência da Profa. Dra. Maria Júlia Kovács).

Estratégias facilitadoras para a comunicação de notícias difíceis:ETAPAS ESTRATÉGIAS
Prepare-se para comunicar Escolha o local, de preferência onde haja acomodações para sentar
Cuide da privacidade
Reserve tempo para a conversa
Descubra o quanto o paciente sabe, o quanto quer saber ou
agüenta saber
Utilize perguntas abertas: o que você sabe sobre sua doença? O que você teme sobre sua condição?
Atente aos sinais não-verbais do paciente durante as respostas
Identifique sinais de ansiedade extrema ou sofrimento exacerbado, avaliando as condições emocionais do paciente
Compartilhe a informação Informe com tom de voz suave, porém firme, utilizando vocabulário adequado à compreensão do outro
Seja claro e faça pausas para que o paciente tenha oportunidade de falar
Valide a compreensão, fazendo perguntas curtas
Utilize o toque afetivo e a proximidade física
Verbalize compaixão e solidariedade ao sofrimento do outro

Acolha os sentimentos Permaneça junto do paciente
Permita e estimule a expressão de sentimentos (de modo verbal e/ou não verbal)
Verbalize disponibilidade para ouvi-lo
Planeje o segmento Fale concisamente sobre sintomas, possibilidades de tratamento e prognósticos
Estabeleça, junto com o paciente, metas a curto e médio prazos e ações para atingi-las
Verbalize a disponibilidade para o cuidado e o não-abandono
Deixe claro como e onde encontrá-lo, se necessário
Fonte: PAES, 2009

VerdadeA portadaverdadeestavaaberta,massódeixavapassarmeiapessoa de cadavez.Assimnão era possívelatingirtoda a verdade,porque a meiapessoaqueentravasótraziaoperfil de meiaverdade.Esuasegundametadevoltavaigualmente com meioperfil.Eosmeiosperfisnãocoincidiam.Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.Chegaramaolugarluminosoonde a verdadeesplendiaseusfogos.Eradivididaemmetadesdiferentesumadaoutra.Chegou-se a discutirqual a metademaisbela.Nenhuma das duas era totalmentebela.Ecareciaoptar. Cada um optouconformeseucapricho, suailusão, suamiopia.)
Carlos Drummond de Andrade