Como escolher o nome da minha empresa

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Como escolher o nome da minha empresa? Wilame Lima - [email protected]/ www.wilamelima.xpg.com.br De repente, você tem aquele estalo e tudo parece fazer sentido: chegou a hora de abrir o seu próprio negócio. A coisa começa a ficar complicada, entretanto, já na fase burocrática da coisa, mas o desafio mesmo chega quando é preciso escolher o nome que vai representar a sua companhia e o seu logotipo. Existem dois aspectos da identidade de uma marca: o “nome” e a “logomarca”. E é impossível fugir dessa fase. Seja grande ou pequeno, um negócio vai precisar, ocasionalmente, de um nome, ou de uma marca. Aí entra a ciência do branding, ou seja, o processo que envolve a criação de uma marca. Marca, entretanto, não é um nome, ou muito menos um logo. É algo que engloba estes dois aspectos, mas que vai muito além deles. O branding faz esse papel de identificar vantagens competitivas e de liga-las ao logo e ao nome que representarão todo um conceito empresarial. A marca é o elo entre o público e a ideia que ele percebe do produto ou serviço ofertados. Não é a toa que existe toda aquela conversa de que “marca é emoção”, “a marca é o maior patrimônio da empresa” etc. A marca é a roupa da empresa, que vai mostrar ao mundo o estilo da companhia. E para que isso dê certo, é preciso usar as peças corretas. Algumas vantagens, de acordo com Greg Byrne, estão na diferenciação em relação aos concorrentes. Outra é por meio de atributo específico, ou de uma característica distintiva valorizada pelo consumidor no momento da compra. Assim, temos a nossa primeira lição sobre a escolha do nome de uma marca: o nome mais eficaz é o que deriva de sua declaração de sua proposição de valor ao cliente. E assim como a missão muda, uma marca pode mudar, se atualizar com o passar dos anos. Alguns designers arriscam que o tempo de validade de um logotipo é de 10 anos – ou menos. As representações de marca dependem, assim, das estratégias criadas para alcançar algum ou vários dos objetivos a seguir (Greg Byrne): Ÿ Cobrar valores mais elevados em relação aos concorrentes Ÿ ·Simplificar e/ou acelerar o processo de decisão de compra Ÿ ·Reduzir o risco inerente à compra, percebido por potenciais novos compradores Ÿ ·Permitir o lançamento de novos produtos mais adiante Ÿ ·Conseguir clientes fiéis que promovam a marca Ÿ ·Forçar os parceiros dos canais a adotar a marca Ÿ ·Unir a equipe em torno de um objetivo comum Em termos simples, um processo de identificação incorreto é como vestir um pesado casaco no calor do verão, ou dar um terno e gravata para um hippie. No primeiro caso, existe uma falta de coesão entre o objeto identificado e o de identificação. No segundo, uma coisa não representa a outra.

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Como escolher o nome da minha empresa?Wilame Lima - [email protected]/ www.wilamelima.xpg.com.br

De repente, você tem aquele estalo e tudo parece fazer sentido: chegou a hora de abrir o seu próprio negócio. A coisa começa a ficar complicada, entretanto, já na fase burocrática da coisa, mas o desafio mesmo chega quando é preciso escolher o nome que vai representar a sua companhia e o seu logotipo. Existem dois aspectos da identidade de uma marca: o “nome” e a “logomarca”. E é impossível fugir dessa fase. Seja grande ou pequeno, um negócio vai precisar, ocasionalmente, de um nome, ou de uma marca. Aí entra a ciência do branding, ou seja, o processo que envolve a criação de uma marca.

Marca, entretanto, não é um nome, ou muito menos um logo. É algo que engloba estes dois aspectos, mas que vai muito além deles. O branding faz esse papel de identificar vantagens competitivas e de liga-las ao logo e ao nome que representarão todo um conceito empresarial. A marca é o elo entre o público e a ideia que ele percebe do produto ou serviço ofertados. Não é a toa que existe toda aquela conversa de que “marca é emoção”, “a marca é o maior patrimônio da empresa” etc. A marca é a roupa da empresa, que vai mostrar ao mundo o estilo da companhia. E para que isso dê certo, é preciso usar as peças corretas.

Algumas vantagens, de acordo com Greg Byrne, estão na diferenciação em relação aos concorrentes. Outra é por meio de atributo específico, ou de uma característica distintiva valorizada pelo consumidor no momento da compra. Assim, temos a nossa primeira lição sobre a escolha do nome de uma marca: o nome mais eficaz é o que deriva de sua declaração de

sua proposição de valor ao cliente. E assim como a missão muda, uma marca pode mudar, se atualizar com o passar dos anos. Alguns designers arriscam que o tempo de validade de um logotipo é de 10 anos – ou menos.

As representações de marca dependem, assim, das estratégias criadas para alcançar algum ou vários dos objetivos a seguir (Greg Byrne):

ŸCobrar valores mais elevados em relação aos concorrentesŸ·Simplificar e/ou acelerar o processo de decisão de compraŸ·Reduzir o risco inerente à compra, percebido por potenciais novos compradoresŸ·Permitir o lançamento de novos produtos mais adianteŸ·Conseguir clientes fiéis que promovam a marcaŸ·Forçar os parceiros dos canais a adotar a marcaŸ·Unir a equipe em torno de um objetivo comum

Em termos simples, um processo de identificação incorreto é como vestir um pesado casaco no calor do verão, ou dar um terno e gravata para um hippie. No primeiro caso, existe uma falta de coesão entre o objeto identificado e o de identificação. No segundo, uma coisa não representa a outra.

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Por que estamos todos aqui?

Como dissemos anteriormente, a estratégia de definição de um nome para a empresa deveria partir da sua missão, ou seja, para que ela existe. A missão não é algo complicado, mas a tarefa difícil é colocar em palavras o real motivo pelo qual a empresa será criada. Isso quer dizer que a missão expressa para clientes, funcionários, fornecedores etc. por que você possui um açougue e não uma boutique. O maior erro na hora de elaborar a missão é pensar que a empresa existe para dar lucro. Fazer dinheiro é consequência de uma boa estratégia e não finalidade. Veja o caso das ONGs para entender: uma ONG ainda é uma companhia, mas não tem por objetivo a acumulação de capitais. Entendeu?

Comece pelo básico. Pense por que você escolheu esta atividade, quais são seus objetivos e o que te mantém neste negócio. Depois disso, pergunte-se como as pessoas podem ser beneficiadas ao fazerem negócios com você. Baseie-se na missão da Disney: “Alegrar as pessoas”. Mais simples impossível. Aliás, quanto mais simples sua missão, maior a probabilidade de que as pessoas se lembrem dela.

Se este exercício não te ajudar, pense em sua empresa como uma pessoa. Enumere adjetivos que serviriam para designá-la. Lembra que ganhar dinheiro não é exatamente uma missão? Como você designaria uma pessoa que tem por objetivo ganhar dinheiro? O melhor adjetivo seria 'gananciosa' e não é bem assim que você quer que a sua marca seja lembrada não é mesmo? Tente se focar em adjetivos positivos, afinal de contas, as pessoas são mais estimuladas pelas virtudes que pelos defeitos.

E por que não aproveitar para pensar no futuro? Como o mundo evoluirá e causará modificações nos produtos que você vende ou nos serviços que presta? Imagine o caso da fita VHS e das videolocadoras. Locadoras que escolhessem o nome “VHS Locadora” poderiam sentir-se desatualizadas depois dos DVDs. E assim por diante.

Cuidado ao incorporar os adjetivos escolhidos ao nome da sua marca. “Melhor”, “Maior”, “Gigante” não são nada mais do que percepções muito individuais e esta percepção deveria ser do seu cliente e não sua. Então, avalie o nível do seu produto ou do seu serviço e faça a adequação do nome da empresa.

Aliás, falando em percepção, se a sua empresa fosse um homem crescido, como ela enxergaria o mundo? Quais seriam os seus valores? Qual seria a sua visão de mundo? A missão é o ponto de chegada. A visão é como você chegará até lá e os valores são as balizas que não te deixarão sair da estrada. Assim, se a missão da sua empresa é a mesma da Disney, sua visão poderia ser: “Projetar no mundo a possibilidade de ser sempre uma criança”. E um dos valores “nunca acabar com a magia de um sonho”.

Sua empresa também tem diferentes estágios de vida. Quando criança, ela terá características que podem não ser as mesmas que na fase adulta. A antecipação de cenários e de tendências é uma mão na roda para escolher um nome ou um logotipo que se deteriorarão com o passar do tempo. Evite nomes que podem se tornar facilmente obsoletos, como “casa das vassouras”. E se um dia você decidir vender refrigeradores?

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Quem somos nós?

Chegou a hora de escolher um nome. Este pode ser algo abstrato, informativo, descritivo ou sugestivo, algo que já existe, um neologismo, não importa. O que importa é o nome escolhido deve transmitir a quem vai se relacionar com a sua empresa o seu expertise; qual o valor do produto ou serviço adquirido e quão exclusivo esse produto ou serviço é. Os melhores nomes são fáceis de se pronunciar, de se reconhecer e de se memorizar

Depois de definida a missão, consulte dicionários, publicações especializadas e entidades de classe para descobrir possíveis nomes. Você deve chegar a pelo menos cinco ou dez opções que se alinham à missão da empresa. Realize uma pesquisa criteriosa para saber se alguém já utiliza aquele nome. Para Ruth Vasquéz, a identidade visual da empresa (que tem sua representação máxima pelo logotipo e seu nome) visam representar, caracterizar e comunicar um conceito de marca. Assim, você deveria pensar que o nome da sua empresa deve transmitir uma ideia de uma identidade única.

Meu primeiro logotipo

A logomarca ou logotipo é a representação da identidade da sua empresa por meio de cores, fontes e símbolos. São eles que refletem a

imagem geral que você deseja transmitir e a essência de seu negócio e que estará presente em todo material de comunicação da empresa. Elas podem ser, além disso, um símbolo, uma representação estilizada da empresa (como a onda da Nike) ou simplesmente o próprio nome da marca mais trabalhado (como o logo da Microsoft).

Então, preste atenção na imagem que deseja passar: a Volvo, por exemplo, tem uma logomarca que passa a ideia de força. A Apple, de design e de diferenciação. As cores e a tipologia (fontes) vai ajudar e muito a passar essa ideia. Vermelho, laranja e amarelo são cores intensas e estimulam o interesse e a agitação. O azul e o verde, por outro lado, induzem à calma e à estabilidade. As cores neutras transmitem confiança e nobreza. Cores muito contrastantes criam energia e movimento, enquanto o contraste sutil sugere suavidade. Colocar na “Casa da Vovó Rute” um logotipo rosa choque ou verde-limão com certeza seria totalmente discrepante da imagem de tranquilidade de uma senhora.

E muito cuidado com as fontes. Algumas empresas escolhem fontes que deixam o nome quase impossível de ser lido. Lembre-se que as fontes serifadas (aquelas com tracinhos na base e no topo) dão sensação de continuidade e de tradição. São ótimas para textos impressos. Já as sem serifas são melhores para materiais com, pouco texto e muitas imagens, como websites.

Fuja de iniciais, de nomes complexos e daqueles que são muito difíceis de se explicar o conceito. Preste atenção à palavra escolhida porque ela pode ser negativa em outro país, como é o caso da “Pajero”, que nos países de língua espanhola teve que ser trocado para “Montero” porque o primeiro nome significa masturbação ou mentira na Colômbia, no Chile e na Argentina.

É ruim escolher um sobrenome para representar a empresa? Isso depende: a Disney teve sucesso. A escolha de um sobrenome, do nome da cidade onde a empresa foi criada etc. vai depender, como explicamos, dos critérios que foram priorizados pelo seu criador. Se a função da sua empresa for representar a figura bondosa e generosa da sua avó, por que não chama-la de “Dona Benta”? Vale tudo, desde que haja um sentido e uma identificação forte entre o nome e o negócio. Só não vale chamar uma oficina mecânica de “Casa da Vovó Rute”.