Como Escreve Uma Monografia

8/14/2019 Como Escreve Uma Monografia

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Como Escrever Uma Monografia

Marcelo Mello

Faculdades Ibmec/RJ

Conteúdo

1. Introdução: O que é uma Monografia?, p. 2

2. Por que é importante fazer uma boa Monografia?, p. 3

3. Como escolher um orientador, p. 4

(i) Sobre a natureza da relação orientador(a)-aluno(a), p. 6

4. Como escolher um tema, p. 7

5. Como escrever bem?, p. 8

6. Como escrever uma Monografia, p. 11

(i) Como evitar o plágio, p. 12

(ii) O Título da Monografia, p. 12

(iii) A Proposta de Monografia, p. 12

(iv) Resumo/Abstract, p. 13

(v) Introdução, p. 15(vi) Texto Principal, p. 16

(vii) Conclusão, p. 18

(viii) Referências, p. 18

7. Como apresentar a Monografia, p. 19

8. Conclusão, p. 21



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1. Introdução: O que é uma Monografia?

O trabalho de Monografia é requerido para a obtenção do grau de Bacharel

em Ciências Econômicas no Brasil. Em geral, ele é feito no último semestre do cursode graduação. Dessa forma, ele é visto como um trabalho de fechamento da

graduação, no qual o aluno(a) deve utilizar as ferramentas aprendidas ao longo do

curso. Nas Faculdades Ibmec/RJ, além de escrever a monografia, o aluno(a) deve

defender o trabalho perante uma banca composta de dois professores do quadro de

professores da faculdade. Perante a banca examinadora o aluno(a) deve demonstrar

domínio dos conceitos utilizados no trabalho.

O nosso objetivo com esse documento é auxiliar alunos(as) e orientadores(as)

no curso de monografia. Em particular, o documento contém informações que

facilitam o andamento do trabalho de monografia. Por exemplo, discute-se como

proceder na escolha do orientador, na escolha do tema de monografia, como escrever

bem, etc.

Existem dois aspectos que caracterizam de forma geral o trabalho de

monografia. Primeiro, a monografia em si é um trabalho acadêmico e, como tal, deve

respeitar a estrutura científica que define os trabalhos acadêmicos. Por esse aspecto,

a monografia deve dissertar sobre uma questão qualquer, e estudar essa questão

utilizando o método científico, isto é, dedução lógica, métodos estatísticos e

econométricos, ou modelos matemáticos.

Segundo, o trabalho de monografia é feito no contexto de um curso e, dessa

forma, sua avaliação difere da avaliação de um trabalho acadêmico tradicional. Por

esse aspecto, o trabalho de monografia deve ser avaliado pelo nível de maturidade e

domínio dos conceitos utilizados no trabalho. Nesse caso, a monografia pode tomar a



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forma de uma resenha crítica da literatura ou se basear na reprodução de algum

trabalho já publicado. Note que um trabalho acadêmico deve necessariamente

expandir a fronteira do conhecimento. O que estamos enfatizando nesse segundo

aspecto do trabalho monográfico é que essa restrição não se aplica à monografia.1

Finalmente, o conteúdo desse texto deve ser complementado com a leitura do

documento contendo as regras de monografia que está disponível na intranet e na

página eletrônica do curso.

2. Por que é importante escrever uma boa Monografia?

Eu vejo pelo menos quatro razões para se escrever uma boa monografia.

Primeiro, essa é uma ótima forma de mostrar à potenciais empregadores as técnicas e

conceitos econômicos aprendidos no curso de graduação. Eu acho que faz diferença

numa entrevista de trabalho, por exemplo, quando o aluno(a) diz que domina bem

uma técnica econométrica ou conceito econômico e oferece sua monografia como

prova disso.

Segundo, fazer uma boa monografia é uma forma de ganhar uma carta de

recomendação do orientador para um curso de pós-graduação, ou uma referência

profissional para o mercado de trabalho.

Terceiro, a monografia é um trabalho de fôlego escrito ao longo de 4 meses, o

que dá ao aluno(a) a oportunidade de aprender a escrever. Saber escrever bem é de

extrema importância na carreira profissional de qualquer um. De fato, não é

incomum que empregadores peçam uma amostra de um trabalho escrito do candidato

1 De qualquer forma, eu sempre encorajo os meus alunos(as) a perseguir uma questão no trabalho demonografia ao invés de fazer uma resenha.



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como parte do processo de seleção. Dessa forma, eu recomendo aos alunos(as) usar o

curso de monografia como um oportunidade para aprender a escrever. A razão é

simples – isso tem valor de mercado.

Finalmente, o curso de monografia tem 20 créditos (cinco vezes mais créditos

que um curso regular), o que faz com o que o impacto da nota da monografia no CR

acumulado seja considerável.

3. Como escolher um orientador de Monografia?

Os meus comentários abaixo são baseados na minha experiência como aluno,

quando tive que escolher os meus orientadores (de monografia, mestrado, e

doutorado), na minha experiência como orientador, e como coordenador de

monografias no Ibmec/RJ.

Eu vejo dois critérios objetivos para a escolha do orientador. Primeiro, se o

aluno(a) já tem um tema específico então vale a pena considerar como orientador o

professor(a) que é especialista no tema. Por exemplo, para um aluno(a) interessado

em gerenciamento de risco (porque quer direcionar sua busca de emprego para um

banco de investimento) é natural escolher um professor na área de gerenciamento de

risco. Note que, nesse caso, a escolha do tema tem precedência à escolha do

orientador. Para entrar em contato com o professor da área, basta enviar um e-mail

pedindo um agendamento de reunião para discutir sobre a viabilidade do tema e a

possibilidade de orientação de monografia.

Segundo, se o aluno(a) não tem um tema específico em mente, então deve

procurar um orientador no qual tenha um interesse profissional geral. Por exemplo,

um aluno(a) que tenha feito um curso no segundo ano de faculdade e tenha tido



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afinidade profissional com o instrutor pode contatar o mesmo e avaliar a

possibilidade de orientação de monografia. É legítimo o aluno(a) pedir um tema a um

professor. Note que, nesse caso, a escolha do orientador tem precedência à escolha

do tema de monografia. Para proceder nessa opção, basta contatar o professor em

questão e seguir o procedimento descrito acima. Isto é, agendar uma reunião para

discutir as possibilidades de orientação e tema.

A escolha do orientador é importante. Afinal, o trabalho de monografia se

estende por um prazo de 4 meses, e a convivência entre orientador e aluno(a) será

mais produtiva se esta for amigável e respeitosa. Lembre que Pai e Mãe não se

escolhe, porém o mesmo não vale para orientador. Portanto, escolha sabiamente o

seu orientador.

Outro ponto importante refere-se ao contato inicial entre aluno(a) e

orientador. O contato entre o aluno(a) e orientador é facilitado quando há um contato

prévio entre ambas as partes, por exemplo, caso o aluno(a) já tenha tomado um curso

com o professor em questão. De fato, a maioria dos orientadores têm preferência

explícita por orientar ex-alunos(as). A razão dessa preferência não é simples

capricho. Tipicamente os orientadores preferem orientar trabalhos em suas áreas de

interesse de pesquisa e ensino, e é mais fácil orientar um ex-aluno(a), pois este já

domina as técnicas e conceitos da área. Ademais, a busca por um tema também se

torna mais fácil.

Finalmente, os critérios acima não são rígidos. Não há problema algum se o

pareamento entre orientador e aluno(a) ocorrer de forma distinta dos canais

identificados acima.



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(i). Sobre a natureza da relação orientador(a)-aluno(a)

Em sua essência, a relação entre aluno(a) e orientador é profissional e

hierárquica. Em particular, é prerrogativa do orientador determinar prazos, dizer se o

trabalho está bom ou não, determinar o encerramento do trabalho, e escolher a banca

de examinação. Obviamente, isso não quer dizer que o orientador vai impor todas

essas prerrogativas ao aluno(a). Em geral, o que ocorre é uma negociação amigável

entre aluno(a) e orientador sobre cada um dos pontos acima. De qualquer forma, é

importante que o aluno(a) esteja avisado de quais são as prerrogativas do orientador. 2

É importante enfatizar que dizer que a relação entre aluno(a) e orientador é

essencialmente profissional e hierárquica, não é o mesmo que dizer que a relação

deve ser árida e áspera. De fato, o contrário ocorre. A relação orientador-aluno(a) é,

em geral, amigável e produtiva, e em muitos casos alunos(as) e orientadores mantêm

contato por longos períodos após o fim do trabalho de monografia.

Algumas observações sobre são importantes. Primeiro, o aluno(a) deve

sempre respeitar o plano de trabalho discutido com o orientador, assim como os

prazos estabelecidos para o cumprimento do mesmo. Segundo, o aluno(a) deve

manter o orientador informado sobre o desenvolvimento da monografia, por

exemplo, enviando mensagens de e-mail periodicamente. O orientador tem a

prerrogativa de terminar a orientação caso julgue que o aluno(a) abandonou o

trabalho de monografia (e.g., caso o aluno(a) não entre em contato com o orientador,

ou não faça progresso no trabalho de monografia por um longo período de tempo).

Em geral, eu digo aos meus orientandos(as) que se eles(as) passarem 30 dias sem

2 Há casos em que o aluno(a) contesta uma ou mais de uma das prerrogativas do orientador. Nessecaso, abre-se a possibilidade de terminar a relação de orientação.



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fazer progresso na monografia, eu considero que o trabalho foi abandonado e declaro

encerrada a relação de orientação.

Terceiro, do ponto de vista do aluno(a), este deve esperar que o orientador

ofereça orientação competente e respeitosa. Ademais, o orientador deve estar

disponível, dentro de limites razoáveis, para se reunir com o aluno(a), responder a e-

mails, e discutir o plano de trabalho de monografia, e prover comentários sobre o

progresso do trabalho.

Finalmente, é importante ressaltar que não é papel do orientador motivar o

aluno(a). Essa é uma concepção equivocada, porém comum. Na verdade, é

exatamente o contrário – é o aluno(a) que deve se mostrar motivado.

4. Como escolher um tema de Monografia?

Como discutido acima, idealmente a monografia deve conter uma questão a

ser respondida. A primeira forma de escolher um tema de monografia já foi

mencionada acima: é legítimo o aluno(a) pedir um tema a um professor. Entretanto,

existem outras formas de encontrar um tema de monografia. Abaixo, eu listo como

surgiram alguns temas de monografias/teses sob minha orientação. Adicionalmente,

eu sugiro algumas estratégias de identificação de bons temas de monografia.

Alguns temas de monografia/tese que eu orientei apareceram naturalmente, a

partir de perguntas de alunos(as). Por exemplo, certa vez um aluno meu me

perguntou porque as taxas de juros no Brasil era tão altas. Eu sugeri que ele

respondesse essa pergunta em sua tese. Em outro caso, um aluno me perguntou qual

seria um bom modelo de previsão para a taxa de inflação. Da mesma forma, eu disse

que essa pergunta daria um bom tópico de tese. Em ambos os casos, produziram-se



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boas dissertações. A moral da história é que a curiosidade intelectual, em particular,

a direcionada à economia, é uma forma de identificar tópicos de monografia.

Outra fonte de idéias são jornais e revistas especializados. Por exemplo, a

revista The Economist é uma excelente fonte de idéias, assim como os jornais

Financial Times, e Wall Street Journal (o primeiro mais do que o segundo). Esses

meios de comunicação colocam muitas questões interessantes de política econômica

que podem se tornar temas de monografia. Por exemplo, muito se discute na mídia

especializada que o yuan, a moeda chinesa, se encontra sobrevalorizada. Um possível

tema de monografia seria calcular a taxa de câmbio de equilíbrio para a China e

quantificar o tamanho da sobrevalorização do yuan.

O debate político também pode servir de inspiração para temas de

monografia. Por exemplo, qualquer proposta de mudança de legislação tributária,

trabalhista, ou em qualquer outra área pode ser objeto de estudo de uma monografia.

Em 2009.2, eu orientei um aluno que teve como tema de monografia se a proposta de

redução da jornada de trabalho semanal de 44hs para 40hs que presentemente circula

no congresso é um fator de criação ou de destruição de emprego.

Finalmente, não há uma fórmula fechada para selecionar um tema de

monografia, porém as sugestões acima – curiosidade intelectual direcionada para

economia, ler jornais e revistas especializados, e estar atento aos debates de política

econômica – são boas dicas para identificar temas de monografia.

5. Como escrever bem?

Na profissão do economista são muito valorizadas a habilidade de se

comunicar efetivamente por escrito e de escrever bem. Por escrever bem entende-se



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uma escrita eficiente, direta, e elegante. Entretanto, escrever bem é difícil. É comum

encontrar trabalhos mal escritos em economia, mesmo entre economistas maduros.

Não é diferente com monografias. De fato, é comum encontrar monografias em suas

versões preliminares pessimamente escritas.

Entretanto, do mesmo jeito que se aprende economia, é possível aprender a

escrever. Abaixo, eu listo várias regras clássicas que são adotadas por economistas

em seus trabalhos escritos. Eu recomendo aos meus alunos(as) que sigam fielmente

as regras abaixo.

1. Faça um esboço do texto antes de começar a escrever. Determine os

pontos importantes que o leitor deve saber. Seja seletivo na escolha do

material a ser incluído no texto. Não esqueça que o seu principal objetivo

é fazer com que o leitor entenda os pontos que você elegeu como

importantes. Não desvie desse objetivo.

2. Simplicidade. Opte por frases curtas e simples. Frases longas e com

pretensas sofisticações atrapalham a leitura do texto. Escolha palavras que

são comumente usadas por economistas. Evite palavras rebuscadas;

lembre que você não está escrevendo um romance. Elimine qualquer

palavra desnecessária (e.g., “O artigo de Lucas (1988) é muito importante

para a teoria do crescimento.”, Por que escrever “muito importante”?

Basta dizer que o artigo é importante; “Essa monografia tenta

identificar...”, pode ser escrito como “Essa monografia identifica...”, etc).

3. Dentro de um parágrafo uma frase tem que estar ligada à outra. Em geral,

um parágrafo contém apenas uma idéia, e não várias. Se um parágrafo

contém várias idéias então provavelmente ele pode ser quebrado em maisde um parágrafo.



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4. Use o tempo presente. Não escreva “Essa monografia mostrará...”, e sim

“Essa monografia mostra...”. Mesmo quando se referir ao que foi feito no

passado use o tempo presente, e.g, “Caselli (2007) mostra que o produto

marginal do capital está equalizado entre os países.”, soa melhor do que

“Caselli (2007) mostrou que o produto marginal do capital estava

equalizado entre os países.”

5. Não use adjetivos; eles são desnecessários. Por exemplo, “Nosso

resultado é muito importante.” Quem disse isso? O próprio autor? Esse

não conta. A frase inteira pode ser removida.

6. Elimine frases vagas e sem conteúdo. Por exemplo, “A política industrial

da China é muito eficiente.” O conteúdo informacional dessa frase é

nenhum. O que quer dizer política industrial eficiente? Essa definição só

existe na mente do autor, o que só atrapalha o leitor.

7. Eu recomendo usar a primeira pessoa do plural em trabalhos acadêmicos,

pois a primeira pessoa do singular soa arrogante.3,4 Por exemplo, “Nós

construímos um painel com 20 países...”, soa melhor que “Eu construo

um painel com 20 países...”. Note que se o trabalho tem mais de um autor

então o uso da primeira pessoa do plural é o mais natural.

8. Revise o texto várias vezes. Essa é a prática padrão entre os economistas.

9. Finalmente, existem vários economistas que são conhecidos por escrever

bem, dentre eles, eu cito dois: Greg Mankiw (Harvard), e Robert Lucas

3 Certamente, o leitor já notou que eu faço amplo uso da primeira pessoa do singular nessedocumento. Entretanto, esse não é um trabalho acadêmico.4 É comum encontrar trabalhos escritos em inglês que usam a primeira pessoa do singular. De fato,

alguns economistas americanos argumentam que a primeira pessoa do plural é que soa arrogante. Dequalquer forma, na língua portuguesa, me parece que a primeira pessoa do singular é que soaarrogante, pois parece linguagem de príncipe.



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(Chicago). Eu recomendo a consulta aos trabalhos de Mankiw, e Lucas

como exemplo de trabalhos bem escritos.5 Adicionalmente, as seguintes

referências são úteis: (i) Strunk, W. e E.B. White, (2000), The Elements

of Style, 4th ed., Longman publishers, USA; (ii) The Economist (2005),

Style Guide, The Bestselling Guide to English Usage, The Economist

Books; (iii) Zinsser, W. (2006), On Writing Well, The Classic Guide to

Writing Nonfiction, 30th Anniversary edition, Collins, New York, NY.

6. Como escrever uma Monografia?

No item (i) eu estabeleço a definição de plágio, e sugiro uma forma fácil de

evitá-lo. Infelizmente, muitos alunos(as) não estão devidamente familiarizados com a

definição de plágio, o que pode causar problemas ao longo do curso de monografia.

Nos itens (ii)-(vii) eu descrevo, em linhas gerais, qual deve ser o conteúdo de

cada seção do trabalho monográfico. O material nos itens (ii)-(vi) deve ser encarado

como sugestivo, e não imperativo. De qualquer forma, o que se segue é um ponto de

partida útil.

Finalmente, é importante enfatizar que a monografia deve ser escrita em

linguagem formal evitando a todo custo expressões em língua estrangeira, ou

coloquialismos na língua Portuguesa. Ou seja, além do conteúdo da monografia

seguir o método científico, a sua forma também deve seguir a linguagem científica.

5 Eu recomendo à consulta ao blog mantido por Greg Mankiw.



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(i). Como Evitar o Plágio

Eu copio aqui a definição do verbo plagiar do Dicionário Houaiss:

“Plagiar v. 1. Apresentar como da própria autoria obra artística, científica etc. que

pertence a outrem; 2. Fazer imitação de trabalho alheio”

Eu adiciono à definição acima o seguinte: a cópia da linguagem, da estrutura,

de idéias, e pensamentos de outros e atribuí-los a si mesmo, é considerado plágio.

Além do plágio, outras formas de desonestidades consideradas gravíssimas são a

falsificação de documentos, banco de dados, ou qualquer outro tipo de registro, e a

compra ou contratação de trabalho não-autorizado (como, por exemplo, a contratação

de “ghost-writers”, ou a simples compra de monografias).

Finalmente, existe uma forma simples de evitar o plágio: basta não plagiar.

(ii). O Título da Monografia

Idealmente, o título da monografia deve ser curto, diretamente relacionado à

questão estudada no trabalho, e, mais importante, não deve conter palavras em língua

estrangeira. Lembre que de monografia requer linguagem formal, e no Brasil a língua

oficial é o Português. Dessa forma, todos devem resistir a tentação de introduzir

palavras em inglês no texto, e, principalmente, no título.

(iii). A Proposta de Monografia

A proposta de monografia deve conter o objetivo da monografia e pelo menos

cinco referências bibliográficas. (Ver detalhes sobre os requerimentos da proposta de

monografia no documento Regras de Monografia disponível na intranet). Nesse



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sentido, a proposta de monografia pode ser estruturada de forma semelhante à seção

introdutória do trabalho. Uma possível estrutura é a seguinte:

- No primeiro parágrafo o autor(a) deve dizer qual é o objetivo do trabalho.

Por exemplo, “O objetivo dessa monografia é estimar os retornos da educação no

Brasil com base num novo banco de dados do IBGE...”, ou então algo do tipo “O

objetivo da monografia é testar hipótese de convergência estocástica entre os estados

brasileiros...”.

- Depois de colocar a questão no primeiro parágrafo, o autor(a) pode

introduzir os detalhes de como ele(a) vai abordar a questão. Por exemplo, “Seguindo

a metodologia de Barro e Sala-i-Martin (2004), nós estimamos a equação de

convergência...”, ou então “O nosso trabalho está relacionado ao artigo de Hall e

Jones (1999) que também assume uma função de produção Cobb-Douglas...”.

Finalmente, o tamanho ideal para uma proposta de monografia é de 2-3

páginas.

(iv) Resumo/Abstract

É importante entender qual é a função do resumo/abstract. A julgar pelos

resumos que eu vejo nas monografias, os alunos(as) não têm idéia de para que serve

o resumo/abstract. É comum achar que o resumo/abstract é apenas um resumo do

trabalho, e o aluno(a) deve resumir ali tudo o que fez na monografia. Esse não é o

caso.

O resumo/abstract deve conter o objetivo de trabalho, os principais

resultados, e a principal contribuição do trabalho. É com base no resumo/abstract que

o leitor vai decidir se vai ler a introdução. É com base na introdução é que o leitor vai



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decidir se vai ler o restante do trabalho. É essa a função do resumo/abstract – auxiliar

o leitor na decisão de ler o trabalho ou não.

Embora não haja um limite de palavras para o resumo/abstract, este não deve

conter mais do que 200 palavras. Esse limite existe para ficar compatível com os

periódicos de economia que limitam o tamanho do resumo/abstract. Considere como

exemplo o resumo/abstract abaixo:6

Unit root tests suggest that shocks to relative income across U.S. states are permanent, whichcontradicts the stochastic convergence hypothesis. We suggest that this finding is due to the well-known low-power problem of unit root tests in the presence of high persistence (i.e., low speed ofconvergence) and small samples. First, interval estimates of the largest autoregressive root for therelative income in the 48 U.S. contiguous states are quite wide, including many alternatives that are

persistent but stable. Second, interval estimates of the half-life of relative income shocks that arerobust to high persistence and small samples suggest that in most cases shocks die out within zero toten years. Third, estimation of a fractionally integrated model for the relative income process suggestsstrong evidence of mean reversion in the data. These findings provide ample support for the stochasticconvergence hypothesis.

Observe a estrutura do resumo/abstract acima. Na primeira frase o autor nos diz qual

é o consenso na literatura – de que a hipótese de convergência estocástica não é

válida para os estados americanos. Na segunda frase, o autor coloca um problema

com o consenso, e introduz uma nova hipótese. Em seguida, o autor dá substância à

nova hipótese nos dizendo o conteúdo do trabalho (linhas 4-9). O resumo/abstract se

encerra nos dizendo qual é a grande conclusão do trabalho – a hipótese convergência

estocástica é válida (penúltima e última linhas). Finalmente, tudo isso foi escrito em

apenas 142 palavras.

6 Esse resumo/abstract foi extraído de Marcelo Mello (2010), Stochastic Convergence Among U.S.States, Macroeconomic Dynamics, no prelo.



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(v) Introdução

A seção introdutória da monografia deve conter o objetivo do trabalho, qual é

a principal contribuição do trabalho, os resultados importantes, e uma explicação de

como os resultados foram obtidos. Por exemplo, o autor pode começar a seção

escrevendo sobre o objetivo do trabalho: “O objetivo dessa monografia é...”

Não há problem em iniciar a seção introdutória de outra forma, por exemplo,

escrevendo sobre a literatura na qual a questão a ser abordada se encontra.

Entretanto, em algum momento um parágrafo se iniciando com “O objetivo dessa

monografia é...” deve aparecer. Isso facilita a leitura do trabalho pelo leitor, e ajuda o

autor(a) a manter o foco.

Adicionalmente, eu recomendo deixar claro qual é a principal contribuição do

trabalho. Por exemplo, o autor(a) pode começar um parágrafo escrevendo “A

principal contribuição do trabalho é...” De novo, isso ajuda a ambos, leitor e autor(a).

Uma vez que o autor(a) estabeleceu qual é a sua principal contribuição, ele(a)

tem que explicar como esse resultado foi obtido. Por exemplo, o autor(a) poderia

escrever “Nós calculamos o produto marginal do capital a partir de um painel com 95

países para o período de 1970-2000 usando dados da PWT. Nossas estimativas

sugerem que...”.

Ademais, o autor(a) deve mostrar quais são as implicações do resultado

obtido. Por exemplo, continuando do exemplo acima, “A equalização do produto

marginal do capital entre os países sugere que o mercado internacional de capitais é

integrado.”

A introdução deve conter também uma breve discussão sobre a literatura

relacionada. Por exemplo, continuando do exemplo acima, o autor(a) poderia



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escrever “O nosso artigo está relacionado com Lucas (1990) no sentido que....

Ademais, o nosso resultado é consistente que o trabalho de Caselli e Feyrer (2007)

que também estimam o produto marginal do capital...”

O último parágrafo da seção introdutória deve especificar qual é a estrutura

texto. Por exemplo, o último parágrafo pode ser algo do tipo “Este trabalho está

estruturado da seguinte forma. Na seção 2, nós apresentamos a literatura relacionada.

Na seção 3, nós discutimos o modelo econométrico... Finalmente, a última seção

conclui.”

Finalmente, a seção introdutória não deve conter mais do que quatro páginas.

(vi) Texto Principal

O texto principal é o espaço que o aluno(a) tem para escrever em detalhes o

obejtivo do trabalho, e explicar como os resultados do trabalho foram obtidos.

Ademais, o aluno(a) deve comparar o seu trabalho com outros trabalhos na literatura,

por exemplo, discutindo metodologias alternativas, trabalhos com resultados

contrários aos encontrados, etc. O texto principal é encerrado com a submissão dos

seus resultados à testes de robustez (ver abaixo). Finalmente, seguem abaixo alguns

comentários gerais.

- O texto principal é a primeira parte do trabalho a ser escrita. É também a

maior seção do trabalho, contendo várias subseções. É difícil precisar o número de

páginas do texto principal, porém este não deve ter menos do que 15-20 páginas.

Contando com um texto principal de 20 páginas, um introdução de 4 páginas, e uma

conclusão de 1 páginas, obtém-se um total de 25 páginas, que é o mínimo requerido

para o trabalho de monografia.



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- Revisão da literatura vs. Literatura relacionada: Alguns autores insistem em

fazer uma longa revisão da literatura. Eu discordo. Basta citar os artigos diretamente

relacionados ao trabalho. Nesse caso, não é necessário mais do que duas ou três

páginas para a revisão da literatura. Um título mais adequado para essa seção é

literatura relacionada, e não revisão da literatura.

- Estatísticas descritivas: Em trabalhos empíricos dedica-se uma seção para

discutir o banco de dados e a construção das variáveis. Além disso, deve-se incluir

uma tabela com estatísticas descritivas. O tamanho dessa seção é variável. Um banco

de dados conhecido não necessita de uma longa explicação. Por outro lado, um banco

de dados novo requer uma explicação mais detalhada.

- Seção com exercícios/testes de robustez: Como mencionado acima, uma vez

obtidos os resultados, é padrão testar a robustez dos resultados. Por exemplo, numa

monografia empírica o aluno(a) pode mudar o tamanho da amostra ou usar uma

metodologia diferente, e checar se os resultados iniciais se alteram. Em geral, a seção

de testes de robustez é a última seção do texto principal, seguida pelo conclusão do

trabalho.

- Citações: Para citar um artigo com apenas um autor utilize o último nome

seguido do ano de publicação do trabalho. Por exemplo, “Caselli (2005)...” Com dois

autores, utilize o último nome dos dois autores e o ano da publicação, por exemplo,

“Caselli e Feyrer (2007)...” Com três autores ou mais, citar o trabalho da seguinte

forma: “Caselli et al. (2006).” A abreviatura “et al.” (ou et alli), quer dizer “e outros”

em latim. Para citar dois artigos do mesmo autor, basta escrever “Caselli (1996,

1997)...”, e caso os artigos tenham o mesmo ano, escreva “Caselli (1996a, 1996b)...”



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(vii) Conclusão

A conclusão deve reiterar qual foi o objetivo do trabalho, listar os principais

resultados, e reiterar qual é a principal contribuição do trabalho. Em alguns casos, a

conclusão pode incluir também uma agenda para trabalhos futuros. A conclusão, em

geral, tem uma ou duas páginas.

(viii) Referências

Somente inclua nas referências trabalhos que são citados no texto. Para

incluir artigos publicados em periódicos acadêmicos use o seguinte estilo:

Lucas, R. E., 1990, Why doesn’t Capital Flow from Rich to Poor Countries?,

American Economic Review, 80, 92-96.

Para mais de um autor:

Caselli, F. and J. Feyrer, 2007, The Marginal Product of Capital, Quarterly Journal of

Economics, 122, 569-600.

E para artigos ou capítulos em livros:

Klenow, P. and A. Rodriguez-Clare, 1997, The Neoclassical Revival in Growth

Economics: Has it Gone Too Far?, in: B. Bernanke, and J. Rotemberg, eds., NBER

Macroeconomics Annual, Vol. 12 (MIT Press, Cambridge) 73-103.



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7. Como apresentar a Monografia?

No dia da defesa, a sequência de eventos é a seguinte. Primeiro, o aluno(a)

tem 20min para apresentar o trabalho.

7

Segundo, ao final da apresentação, oorientador passa a palavra para o segundo membro da banca. Terceiro, ao final dos

comentários do segundo membro da banca, o orientador toma a palavra e faz seus

comentários. Quarto, ao final dos comentários do orientador, este e o segundo

membro da banca se reunem e deliberam sobre qual deve ser a avaliação da

monografia. Nesse momento, o aluno(a) deve estar fora da sala. Ao final da

deliberação, o aluno(a) é convidado a retornar a sala, e a avaliação da monografia é

anunciada. A seqüência de eventos descrita acima dura, no total, em média, 60

minutos. Finalmente, para a apresentação em si, eu recomendo aos meus alunos(as)

que sigam as seguintes observações:8

1. Fazer entre 20 e 25 transparências. As transparências devem ser claras com

pouco material de forma a facilitar a vizualização de seu conteúdo. A fonte

deve ter, no mínimo, tamanho 24 (eu uso tamanho 28-32 nas minhas

apresentações). Na página do curso na internet e na intranet há um modelo de

transparências para a monografia.

2. Logo nas primeiras transparências, o aluno(a) deve deixar claro qual é o

objetivo do trabalho. Lembre que 20min passam rápido, e é essencial que o

objetivo do trabalho fique claro logo de saída. Caso contrário, o que vier

depois não fará sentido. Logo em seguida ao objetivo do trabalho, é uma boa

idéia apresentar quais são as conclusões do trabalho. No restante do tempo o

7 Caso a apresentação seja interrompida devido à perguntas da banca, o tempo de apresentação podeser estendido a critério do orientador.8

Na verdade, as observações abaixo valem para qualquer tipo de apresentação, seja ela monografia,tese, trabalhos acadêmicos em congressos, etc.



20

aluno(a) pode preencher a apresentação explicando como os resultados foram

obtidos e com os detalhes interessantes.

3. O objetivo do trabalho e os resultados obtidos na monografia devem ser

reiterados na conclusão da apresentação.

4. Concentre a apresentação no valor adicionado da monografia, no que ela traz

de novo. Seja justo e dê crédito aos outros, porém lembre que a banca quer

ver o que você fez de novo no seu trabalho, e não que você sabe bem o

trabalho de outros.

5. É importante que o aluno(a) fale em voz alta, e pausadamente. Uma forma

certa de irritar a banca é falar baixo e/ou rápido. Ademais, é importante

prestar a atenção em algumas regras de etiqueta como, por exemplo, não

apresentar o trabalho sentado, ou dar as costas para a banca e apresentar o

trabalho para as transparências. Com relação à vestimenta, eu recomendo

roupas neutras e sem adereços. O motivo é simples - a atenção da banca deve

estar voltada para o trabalho e não para qualquer outra coisa.

6. Não ultrapasse o tempo de 20min alocado para a apresentação. Se ocorrer de

faltarem apenas alguns minutos e muitas transparências, não passe correndo

pelo material que falta – apenas diga que o trabalho contém mais material

interessante, e que este pode ser discutido mais tarde. Em seguida, vá direto

para a conclusão.

7. É uma boa idéia praticar sozinho e em voz alta a apresentação.

8. Seja pontual. De fato, eu recomendo aos alunos(as) que cheguem 15min antes

da hora da defesa para verificar se está tudo em ordem com a sala, com o

projetor, etc.



8. Conclusão

Esse documento tem como objetivo aperfeiçoar o trabalho de monografia. As

regras listadas acima são usadas por economistas e comumente adotadas por revistasacadêmicas de economia.

Escrever bem é essencial na profissão do economista. A monografia, além de

ser um trabalho de fechamento do curso no qual o aluno(a) solidifica os conceitos

econômicos, ela também dá ao aluno(a) a oportunidade de aprender à escrever.

Como Escreve Uma Monografia

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