Como Gravar Som Direto

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COMO GRAVAR SOM DIRETOpor David Pennington

SOM DIRETO INTRODUO O som direto em cinema surge com o documentrio a partir dos anos sessenta, principalmente com a disponibilidade dos gravadores "Nagra" e "Uher", dentre outros. O primeiro Nagra do Brasil foi trazido pelo cineasta sueco Arne Sucksdorff em 1962; trouxe tambm uma cmara e uma moviola, e esse material ficou no Ministrio de educao e Cultura, no Rio de Janeiro, disposio dos jovens cineastas. O sistema cmara-gravador, extremamente porttil, permitiu enorme mobilidade. Um engenhoso conjunto de circuitos eletrnicos analgicos permitia manter sincronismo entre o som e a imagem fotogrfica registrada, inicialmete com o auxlio de um cabo interligando a cmara e o gravador, e posteriormente sem cabo, por meio de "relgios" de cristal de quartzo, um na cmara, outro no gravador. Atualmente, usamos gravadores digitais para o registro "duplo", som e cmara de cinema. No prprio conceito de equipamento de gravao de som digital, est como raz, o "relgio" de cristal de quartzo. Este texto foi originalmente escrito em 1999, e embora tenha havido uma forte evoluo no que tange aos equipamento, os procedimentos bsicos no mudaram. Ainda necessrio muita ateno, escolha cuidadosa dos microfones, sua correta localizao, controle dos volumes para no sobrecarregar ou "estourar" a gravao. O SOM E O PRIMADO DA IMAGEM Muitos cineastas freqentemente menosprezam a importncia de obter um som original bom. Pensam que se a gravao original pelo menos audvel, bom o bastante, a alquimia da ps-produo "conserta" o som. Isto absolutamente falso. A gravao original regravada muitas vezes passando por muitas geraes, deteriorando-se, no ambiente analgico principalmente, a qualidade da gravao a cada passo at chegar tela do cinema. Se a gravao original for pobre, a trilha sonora do filme sofrer muitas perdas. Por isto, a gravao original dever buscar a excelncia. Devem ser usados o melhor equipamento e tcnicas disponveis para um resultado de alta qualidade. Mesmo no ambiente digital, embora as perdas de gerao a gerao sejam desprezvies, se a gravao original for de baixa qualidade, as mltiplas geraes tambm o sero. Inclusive alguns autores (Jay Rose, p. ex.) afirmam que graas a fatores ainda incontrolveis nos estdios de ps-produo, a situao ideal de infinitas cpias de um original, sem perdas de qualidade no corresponde realidade: principalmente em funo da compresso de dados, bom restringir a matriz a no mximo cinco a seis geraes para assegurar

boa qualidade do produto final. SOM SINCRONIZADO COM A IMAGEM O sistema "duplo" eletronicamente engrena a cmara cinematogrfica com o gravador de som. Os dois so coordenados por meio de um "tom" ou "pulso" de sincronismo cuja freqncia de 50 ou 60 Hertz. 60 Hertz aplica-se para os Estados Unidos, Brasil, Japo e alguns pases da Amrica Latina, Amrica Central e frica onde a freqncia da rede eltrica alternante de 60 ciclos por segundo. Na Europa, onde a freqncia da rede 50 ciclos por segundo, o tom de sincronismo tambm 50 Hertz. A pulsao de sincronismo tem que se combinar com a freqncia da rede eltrica para permitir a transferncia do som da fita magntica de de polegada para o filme magntico perfurado. Um oscilador de tom de sincronismo faz parte da cmara. Gera um tom de 60 ( ou 50) Hertz quando a cmara cinematogrfica est rodando a exatamente 24 (ou 25) fotogramas por segundo. Na Europa a combinao normalmente 50 Hertz e 25 fotogramas por segundo. Enquanto a cmara est rodando, o tom de sincronismo mudar sutilmente com as pequenas e inevitveis variaes de velocidade da cmara e do gravador de som de cinema. O tom ou pulso de sincronismo e o som dos dilogos so registrados separadamente sobre a fita de de polegada. A freqncia do tom de sincronismo reflete todas as mudanas de velocidade envolvidas, desde a variao de velocidade do filme na cmara, at variaes de velocidade do transporte da fita de udio, escorregamento da mesma, encurtamento ou expanso do comprimento da fita por variaes de temperatura e umidade. Quando a gravao transferida da fita de pol. para filme magntico perfurado, o tom de sincronismo registrado na fita controlar a velocidade do playback do gravador para obter uma pista de som que combinar com a pelcula, quadro a quadro exatamente. O mtodo comum de obter som sincronizado em sistema duplo conectar a sada do pulso de sincronismo da cmara com um cabo eltrico at o gravador de fita de de polegada. Um mtodo mais avanado utiliza controles a cristal altamente precisos. Com sincronismo a cristal a velocidade da cmara constante a exatamente 24 (25) fps; no gravador de fita encontra-se uma unidade geradora de pulso de sincronismo semelhante, que serve de referncia; os dois geradores de pulso, controlados a cristal, mantm uma preciso de freqncia em torno de 1: 10.000, o que assegura horas de sincronismo entre imagem e som. A vantagem do sincronismo por cristal que no h nenhuma necessidade de conectar a cmara de cinema ao gravador, atravs de um cabo.

Nagra 4.2 - o cavalo-de-batalha da indstria cinematogrfica at o incio dos anos 90

CLAQUETE E BLOOP Estando estabelecidas as velocidades da pelcula na cmara e da fita magntica no gravador, temos que fixar um ponto de sincronismo, ou seja, uma marca que permita estabelecer com preciso o sincronismo som/imagem. Isto conseguido tradicionalmente por meio da "claquete", uma pequena lousa. Nela so escritos o nome da produo, o numero da cena, a tomada ( "take" ), o nome da produtora, o nome do diretor, a data, o rolo de filme usado ( "numero de chassis") e o nmero de rolo de fita de gravao de som. Subordinada claquete h um segmento de madeira que pode ser batido na lousa, produzindo-se um som: assim, temos um som forte e seco, registrado na fita de som, e que corresponde imagem do segmento de madeira fechado na lousa. O "claquetista", em geral funo do continusta, antes de bater a claquete identifica a fita de som cantando as informaes mais importantes, lidas da prpria claquete. Assim temos identificao na pelcula e na fita de som. Normalmente a claquete batida no incio da cena, aps a cmara e o som estarem rodando, e antes do incio da ao. Em situaes onde o uso da claquete no incio da ao perturbaria o assunto (quando filmando vida selvagem ou crianas) uma "claquete de fim" usada. Ao trmino da cena, ainda com a cmara e o gravador de som ligados, feita a claquete; s que neste caso, a claquete operada de cabea para baixo, indcio de claquete de fim. Muitas cmaras modernas que usam sincronismo de cristal so equipados com um dispositivo automtico de marca de sincronismo, chamado "dispositivo de blooping". Este dispositivo automaticamente acende uma pequenina lmpada dentro da cmara, velando alguns fotogramas do filme negativo nela colocado. Enquanto isso, ativa um tom de udio, em geral 1000 Hertz, que registrado na fita do gravador de som. Posteriormente, os dois podem ser sincronizados: os fotogramas velados com o tom de udio gravado na fita de som. Quando a cmara de cinema conectada ao gravador por meio de cabo, o bloop controlado pelo cabo. Porm, quando operando com controle a

cristal, necessrio que a cmara tenha instalado um transmissor de rdio, cujo sinal recebido por um receptor instalado no gravador, e desta forma o sistema de bloop pode funcionar sem fios. De qualquer maneira, sempre necessrio identificar o plano de filme rodado e o trecho de fita gravada correspondente. GRAVADORES Somente alguns gravadores de fita de -polegada so adequados para operao de som sincronizado. O favorito da indstria o Nagra. Outros gravadores profissionais incluem o Stellavox, e o Perfectone. Tambm era utilizado o Uher 4000, mais barato e adaptado para gravao sncrona. Est em curso a substituio dos gravadores analgicos pelos gravadores de som digitais. Mesmo assim, ainda h muitos Nagras em operao por a, especialmente no cinema de resistncia do terceiro mundo; e em muitos pases da europa, muitos tcnicos de som ainda preferem o Nagra analgico. MICROFONES Os microfones so classificados por de sua natureza, e segundo o padro de recepo. Microfones dinmicos so os tipos mais resistentes. Empregam um im forte em sua construo, por isso aconselhvel mante-los longe de fitas magnticas e dos gravadores. Microfones de condensador ("eletrostticos") requerem fonte de alimentao bateria, ou a partir do gravador para operar. So um pouco mais frgeis e geralmente mais caros que a maioria do microfones dinmicos. Muitos tcnicos acreditam que so os de melhor qualidade. Os equipamente usual mete apresentam fontes de alimentao embutidos para esses equipamentos, so as fontes "Phantom" (12 a 48 Volts). necessrio escolher a fonte adequada a cada microfone. Quando utilizar microfones dinmicos, as fontes "Phantom" devem ser desligadas. Atravs de padro de recepo de som so classificados como segue: Microfones unidirecionais so freqentemente usados em filmagem. Favorecem sons que vm de uma direo determinada. Os nveis de captao dos sons fora do eixo do microfone caem rapidamente e assim possvel eliminar sons indesejveis. As freqncias altas so as primeiras a serem afetadas, quando a fonte sonora fica fora do eixo do microfone. Os microfones ultradirectionais ou "canho" ( em Portugal, "de espingarda") tm uma aplicao muito importante em cinematografia. So maiores que microfones unidirecionais e altamente direcionais, fazendo-os mais seletivos na recepo dos sons. Seu padro de recepo estreito fazem-nos especialmente satisfatrios para selecionar fontes sonoras ao ar livre onde h normalmente rudo de fundo a ser evitado; mas exigem muita ateno, pois um pequeno desvio do eixo em relao fonte sonora reduz drasticamente o nvel

de captao. Microfones omnidirecionais tm um ngulo largo de recepo e detectam especialmente baixas freqncias de todas as direes. So bons para registrar sons de ambiente e efeitos sonoros, e para discusses em grupo onde o microfone tem que permanecer estacionrio. O microfones lavalier (chamados tambm "microfone globo-reprter")ou microfones de lapela, so construdos para serem colocados sobre a caixa torcica. So projetados para favorecer freqncias altas, compensando desta maneira a superabundncia de baixas freqncias que se originam nesta rea. Por isto sempre devem ser colocados sobre o trax. Os microfones de lapela mantm distncia constante entre o microfone e a boca; tendem a ter uma ao localizada, podendo s vezes ser usados com uma cmara ou locaes ruidosas. Infelizmente, so suscetveis a "rudo de cabo", causado pelo cabo que se esfrega na roupa do ator ou locutor. Algumas medidas podem ser tomadas para aliviar este fato. OUTROS EQUIPAMENTOS Fones de ouvido de alta qualidade so necessrios para o tcnico avaliar a qualidade de som. Os fones de ouvido devem ser compatveis com o gravador em termos eltricos, a impedncia dos fones deve combinar com a impedncia de sada de fones do gravador.

A melhor posio para o microfone geralmente acima e frente do talento, ou ator; normalmente h necessidade de algum tipo de suporte, uma girafa ou "boom", que poder ser improvisando um cabo de vassoura ou at um boom de estdio sofisticado. Em todo caso, o microfone deve ser montado de forma que no toque nenhuma superfcie slida diretamente. Pode ser suspenso por ligas de borracha, ou em emergncias somente, o microfone pode ser fixado com fita crepe a um cabo de vassoura, forrando-se o microfone com espuma.

Microfone com paravento, e boom fechado e extendido (http://www.studio1productions.com/mic_boom_poles.htm) Para filmagem ao ar livre, um paravento uma necessidade; normalmente consiste em uma cobertura de espuma que desliza sobre o microfone para protege-lo do contato direto com o vento. Freqentemente, o paravento tambm usado em recinto fechado. O microfone e seus cabos so sensveis e requerem manuteno considervel e cuidados no manuseio. H um modo padronizado de enrolar cabos para evitar o torcer constante dos fios internos delicados. Fios embolados e ns, nunca devem ser puxados; sempre devem ser cuidadosamente desembaraados. MANUTENO DO EQUIPAMENTO DE SOM Assim como a cmara, o gravador de fita deve ser conferido antes do uso. As partes mais importantes a ser examinadas so a cabea magntica, o mecanismo de transporte, o oscilador de referencia, os amplificadores, o interruptor e conectores de cabos. (Estamos tratando de gravadores de FITA analgicos profissionais! - este linque esclarecedor, mas em ingls). O problema mais comum a magnetizao das cabeas de gravao. As cabeas de playback e gravao devem ser desmagnetizadas regularmente. Um desmagnetizador pequeno deve ser usado aps cerca de doze horas de uso ou se a cabea vier a ficar nas proximidades de qualquer material magntico, como um microfone dinmico, um motor eltrico poderoso, ou ferramentas de metal de qualquer tipo, como chaves de fenda, alicates, etc.

Sujeira se acumula nas cabeas do gravador pela transcurso da fita sobre elas. Deve ser removido usando um limpador de cabea lquido, ou lcool isoproplico. lcool comum no recomendado, porque tem ingredientes adicionais, e uma quantidade de gua (lcool hidratado) que pode prejudicar as cabeas de gravao e reproduo dos gravadores de fita. Quando limpar, nunca raspe a cabea com qualquer instrumento duro. Use cotonetes novos, uma vez apenas para cada cotonete. Deve ser tomado cuidado para no sacudir ou forar as cabeas, que podem ficar desalinhadas. Se a cabea est fora de alinhamento, as freqncias altas sero as primeiras a desaparecer. Nunca tente a realinhar as cabeas voc mesmo, a menos que tenha experincia para isso. Os gravadores digitais devem ser limpos com discos ou fitas de limpeza prprios, e a manuteno sempre atravs de empresas especializadas.

Muitos dos problemas do gravador podem ser diagnosticados a partir do som gravado. Um som tremulante normalmente causado por um mecanismo de transporte defeituoso que avana a fita a uma velocidade desigual. Zumbidos e assobios podem ser causados por um amplificador defeituoso, mas tambm pode a ser a fonte de alimentao nas proximidades de um aparelho eltrico. Tambm fios eltricos nas proximidades podem induzir zumbidos, ou at mesmo uma estao de rdio pode ser captada ocasionalmente pelos cabos de microfone, agindo como antenas. Tambm poderiam ser recebidos pelo adaptador de corrente alternada do gravador de fita; por essa razo, sempre bom dispor de um jogo de pilhas para o gravador. Se um zumbido est presente, a primeira coisa para fazer mudar de lugar todos os cabos dos microfones. Se estiverem captando o zumbido, esta providencia poder eliminar a captao. Sempre deve ser lembrado que se o zumbido de origem acstica gerado por alguma fonte audvel prxima, proveniente dos prprios microfones; da, muitas vezes, durante uma gravao, mandar desligar um condicionador de ar, TV ou geladeira resolve o problema. Luzes fluorescentes so notrios geradores de interferncias, e os microfones devem ser mantidos longe deles. Melhor ainda desligar as luzes fluorescentes quando possvel.

Rudos semelhantes a fogo crepitando so devidos a cabos de ligao com defeitos. Finalmente, se o gravador de fita permanece no sol quente, a temperatura excessiva pode conduzir a mau funcionamento, produzindo rudos estranhos. Assim, bom manter o equipamento em um lugar fresco e ventilado. No se esquea que dentro da mala de um carro, ao sol, a temperatura interna pode chegar a 70 ou 75 graus centgrados - e alguns plsticos amolecem nessa temperatura. CUIDADOS COM AS FITAS, DISCOS E CD's

Igualmente importante manuteno das fitas. Devem ser armazenadas longe de campos magnticos, microfones dinmicos, altofalantes, motores e transformadores. Evite extremos de temperatura e umidade. Temperaturas de at 22 Centgrados e umidade at 60 por cento so valores aceitveis para azmazenamento contnuo. Uma caixa de isopor interessante para manter o material virgem ou gravado, durante a produo, a uma temperatura constante. No ponha gelo dentro dessa caixa! A temperatura que se estabelece durante a madrugada suficientemente baixa para durar o dia inteiro - voc retira o material virgem para o trabalho do dia, de manh, e noite rotula e guarda o material gravado. Quando uma fita gravada foi armazenado e no reproduzida durante seis meses ou mais, deve ser rebobinada antes de ser reproduzida. Para gravaes profissionais e de alta qualidade, use somente fitas virgens. Sempre que viajar com materiais gravados com registros magnticos, tente lev-los com voc mesmo, especialmente quando viajando de avio; se os materiais tm que ser despachados como bagagem, tenha certeza um funcionrio do aeroporto no os faa passar por Raios-X ou os sujeita campos magnticos fortes que poderiam apagar ou danificar a gravao. Sempre devem ser bem etiquetados quaisquer pacotes, declarando os contedos, com informao suficiente, de forma que os materiais possam ser abertos facilmente para inspeo. OS GRAVADORES DE FITA A velocidade padro para gravar som de filme 7 ips (polegadas por segundo); a esta velocidade um carretel de 5 polegadas - de uso corrente dura aproximadamente 15 minutos, o que acompanha bem um chassis de filme de 400 ps (12 minutos). Mas os bons gravadores apresentam ainda a velocidade de 3 e ips e tambm 15 ips. A primeira, mais lenta, usada para gravar entrevistas; a segunda, mais rpida, usada para gravaes de msica. Mas somente a velocidade de 7 ips usada para som direto de cinema. Ao instalar um carretel novo de fita, a primeira coisa a fazer cantar uma identificao de voz no comeo da fita, que deve incluir o seguinte: ttulo da produo, nmero da produo, nome do operador, nmero de rolo de fita, numero do chassis de filme correspondente, e a data. Esta mesma informao tambm aparecer no boletim de som e na caixa da fita, alm do nmero de gravador, o tipo de fita, e a velocidade de gravao. Depois da identificao de voz, um tom de tom de referncia gravado na fita por cerca de 20 segundos. Este tom de referencia produzido por um oscilador instalado dentro do gravador. O Tom de referencia de 1000 ou 2000 Hertz, ou ainda uma combinao de tons de 1000 + 10.000 Hertz, e gravado a uma intensidade de 8 dB (menos oito dB) ou -10 dB (menos dez dB). Este tom usado para ajustar os nveis para a regravao (ou "transferncia") do material gravado em fita de de polegada para a fita magntica perfurada no estdio. CONTROLE DE VOLUME DE GRAVAO

Dependendo do tipo de trabalho podemos usar o controle de volume de gravao em automtico ou manual. Os profissionais concordam que a gravao manual d resultados melhores. O controle de volume automtico gera uma gravao com o som de primeiro plano menos distinto, e com um rudo de fundo mais evidente. Porm, algumas situaes, como em certos aspectos de documentrios, podem pedir a gravao automtica. Neste caso, sacrificada qualidade do som a favor da flexibilidade. Quando se usa o controle manual, o volume fixado durante um ensaio. A distoro mais sria da gravao a sobrecarga da fita por um sinal de amplitude excessiva. Neste caso, o ponteiro indicador do VU-meter fica excedendo constantemente o limite mximo de gravao indicado, zero dB, e diz-se que a gravao est "estourada". Ajusta-se o volume simultaneamente com a colocao do microfone, de forma que o ponteiro apenas ocasionalmente chegue indicao zero do VU-meter:Este o indicador de nvel de volume do gravador Nagra. essencialmente um indicador de PICOS de volume, diferentemente do V.U. metro ou V.U. meter, que um indicador de valores mdios. Tanto assim, que 0 (zero) V.U. corresponde a -8 dB indicado no modulmetro do Nagra

volume ideal: aproxima-se do "ZERO dB", mas...

...no ultrapassa essa marca com muita ...e o "ZERO dB" indicado no incio de frequncia... uma faixa vermelha, no instrumento medidor, o V-U metro.

Esta representao corresponde ao V.U. meter padro usado na maioria dos equipamentos de udio semiprofissionais e profissionais.

Isto vale para a gravao analgica, no ambiente digital muita coisa muda. No caso da gravao digital, um pouco diferente: ou TUDO ou NADA. Ou seja, se o indicador de gravao de um equipamento digital chegar ao valor 0 dB (ZERO decibis), a gravao poder ficar comprometida; se ultrapassar, a gravao ficar inutilizada. Os gravadores analgicos suportam mais abusos, pois a distoro por excesso de modulao instaura-se progressivamente, da ser possvel o ponteiro (ou outro tipo de indicao)

ultrapassar o ndice 0 dB vez em quando. Com a gravao digital, no. Ultrapassado o ndice zero dB, ocorre o "overload": a deteriorao da gravao imediata. Inclusive os indicadores digitais costumam ser do tipo LED, com indicao luminosa quando ocorre o overload, o seja, sobrecarga da gravao.

A questo mais importante sobre o indicador de nvel de gravao, a possibilidade do corte dos picos mais altos da gravao, que podem no ser percebidos pelo operador, e que introduzem distores. Nesta atividade, a regra : faa ensaios, escute-os em caixas de som em volume de moderado a alto, e desenvolva a sua forma pessoal de ajustar os volumes de gravao. Se voc estiver trabalhando com equipamento associado (mixer, por exemplo) com indicador tipo "VU- meter", a relao entre os dois : 0 (zero) VU = -12 (menos 12) no indicador do aparelho digital A forma de fazer uso dos microfones, no entanto, pouco mudou nestes ltimos cinqenta anos. O USO DO MICROFONE Procura-se colocar o microfone o mais perto possvel da fonte sonora, de forma geral. claro que, se o microfone no deve aparecer na cena, ficamos restritos aos limites do quadro para aproximar o microfone. Nestes casos, procura-se usar um microfone direcional, ou um ultracardiide, pendurado numa girafa. s vezes possvel ocultar um microfone cardide ou omnidirecional no cenrio, no meio de um vaso com flores, por exemplo. Um microfone de lapela pode ser oculto dentro das roupas de um ator. Em todos os casos, no ensaio, uma avaliao da qualidade do som deve ser cuidadosamente feita, e se for o caso, substituir o microfone ou a forma de captao do som naquela instncia.

Se o microfone fica mais longe da fonte sonora, o volume do gravador tem que ser aumentado, e isto implica num aumento do rudo de fundo. Talvez seja necessrio induzir o ator a projetar a voz de forma mais alta. A melhor posio de microfone ligeiramente acima e frente da cabea do ator, e no alcance mximo, digamos, de um metro. O microfone normalmente deve ser apontado diretamente para a boca do ator. Uma exceo poderia ser no caso de ator ou atriz com voz sibilante que pode ser modificada favoravelmente apontando o microfone ligeiramente para um lado, provocando intencionalmente a perda de altas freqncias.

Quando o ator se vira ou outro comea a falar, o microfone deve ser mudado rapidamente

para mante-lo na direo da boca dos atores. Inicialmente difcil fazer isto, mas com bastante, plausvel. No caso de dois atores, pode-se usar um microfone para cada um, mas se a mecnica da cena exigir movimentao dos atores, no uma soluo vivel.Colocar um lapela em cada ator, passar o cabo pela perna da cala, fixar no tornozelo uma soluo simples, se a mecnica da cena no for muito complexa. Para situaes em que a mecnica da cena sofisticada, deve-se usar microfones rdio-transmissores com lapelas, se o local permitir. Em todo caso, quando se faz uso de microfones de lapela, o som parece estar permanentemente em primeiro plano. No documentrio mais prtico o uso de um direcional, com e sem paravento, ou ento um ultracardiide permanentemente instalado dentro de um paravento, que facilita ao operador estar sempre pronto para entrar em ao. Embora os microfones sem fio sejam bem melhores que os de vinte anos atrs, necessrio ensai-los no ambiente onde sero utilizados, pois so propensos a captar interferncias. TIPOS DE MICROFONES H cinco tipos bsicos de microfones: o OMNIDIRECIONAL, O CARDIIDE, O HIPERCARDIIDE, O ULTRA-CARDIIDE e o DIRECIONAL (tambm: canho, espingarda (em Portugal) e o microfone BI-DIRECIONAL (usado em estdios de gravao, emissoras de rdio). A esta diviso corresponde um "diagrama polar" que sugere o padro de captao de cada tipo:

Padro de captao cardiide: Padro hiper-cardiide: apresenta privilegia a frente do microfone, Padro de captao omnidirecional: podendo o talento se mover um certa direcionalidade em frente capta com a mesma intensidade, relativamente, sem grande perda de ao microfone, embora a rejeio no qualquer seja a posio da fonte em captao; no entanto, a rejeio no sentido oposto ao eixo no seja relo ao eixo do microfone sentido contrrio ao eixo mxim muito forte. porisso muito utilizado em palco.

Padro de captao ultra-cardiide: uma espcie de cardiide melhorado, mas apresenta ainda pouca rejeio contra o eixo

Padro de captao direcional: apresenta forte captao frente, mas deca rpidamente para os lados, apreentando um ngulo til estreito de cerca de 50 graus. Embora a rejeio contra o eixo

Padro de captao bi-direcional: apresenta boa captao frenteverso, e reduzida sensibilidade nas laterais. Bom para entrevistas de rdio e gravaes de voz com dois cantores frente a frente.

seja relaticamente pequena, requer muita ateno o seu uso. Pequenos desvios do microfone em relao fonte sonora provocam perdas acentuadas de sinal. (Fonte destas ilustraes: ALTEN, Stanley, Audio in Media, Syracuse University Press, Belmont, 1981).

SUSPENSO ELSTICA E PARAVENTOS essencial para o controle dos rudos provocados pelo vento em torno do microfone, o uso de um paravento. Um paravento de qualidade ("zepelin") uma estrutura plstica perfurada que fica em volta do microfone, este por sua vez sobre um suporte elstico que previne os rudos de manipulao, e, ainda, uma capa de l de carneiro sobre o conjunto todo. Nessas condies, o conjunto capaz de enfrentar um vento forte. Como o conjunto no tem arestas, o vento passa em volta do conjunto sem formar turbulncias .

Microfone direcional NEUMANN de alta qualidade instalado em suporte elstico.

Paravento para um microfone direcional. Observe que apresenta uma superfcie aerodinmica, evitando pontas onde se formar turbulncias, e da, ruidos provocados pelo vento.

AMBIENTES Para as finalidades de som direto, algumas sugestes: A forma do quarto e o tipo de moblia e as texturas dos materiais presentes (roupa de cama, cortinados, cortinas e tapetes) influem na qualidade acstica do ambiente. Pouco material absorvente provoca o aparecimento de reverberao, que diminui a inteligibilidade do som, e caracteriza um ambiente "amplo". Um som gravado com reverberao no pode ser satisfatoriamente limpo, mesmo com tcnicas digitais. possvel forrar o ambiente todo, piso, paredes e at o teto, com cobertores (desses de baixo custo), com exceo da rea do quadro, e isto ajuda muito a diminuir as reverberaes. Em locaes, este o melhor remdio. Sempre que possvel, o microfone deve ser posicionado de forma que seu eixo traspassa o quarto diagonalmente. Caso contrrio, um efeito de onda estacionria pode acontecer - as ondas de som saltam de lado a lado em paredes paralelas, s vezes se cancelam, s vezes se reforam e o efeito final desagradvel. Se o microfone estiver sobre uma superfcie lisa, uma mesa ou aparador, forre a superfcie

com um pano, cobertor ou uma folha de espuma. Se um locutor est lendo um texto, o texto no pode ficar entre sua boca e o microfone, pois haver uma perda de altas freqncias. PERSPECTIVA SONORA O som e a perspectiva do quadro devem se combinar para reforar aspectos sutis de verossimilhana. Se um ator parece "longe" no quadro, sua voz no deve soar como se estivesse em close. Da mesma forma, o som tem que ajustar-se locao. Por exemplo, um salo enorme deve ter bastante reverberao e no o som abafado de uma alcova. Estas regras podem ser quebradas por razes criativas.

importante gravar um pouco do som ambiente de todas as locaes de cada seqncia. Para isto, logo aps a gravao da cena, pede-se silncio da equipe (o que s vezes no to fcil assim) e grava-se de 30 segundos a um minuto do som ambiente. Em seguida falase ao microfone, descrevendo a que se refere o trecho gravado. Som ambiente da cada cena inestimvel durante a edio do filme. RUDO DE CMARA Muitas vezes estamos com uma cmara ruidosa. De todos os rudos gerados pelo sistema, o rudo de cmara o nico que impossvel de remoo satisfatria posteriormente. Muitas cmaras antigas no tem silenciador (blimp), ou quando tm, no se usa porque incomodo demais. Desde insistir para cobrir a cmara com uns dois casacos grossos, at o uso de microfones de lapela, microfones direcionais ou o uso de lentes mais longas (75 a 100 mm), todos os recursos so vlidos para reduzir o rudo de cmara de uma velha Arriflex 2C. DUBLAGEM Freqentemente por causa de condies de gravao difceis, como rudos de avies ou a proximidade de mquinas barulhentas, trfego intenso, etc., impossvel conseguir uma gravao adequada. Nestes casos, grava-se da melhor forma possvel, e posteriormente os atores substituem "dublam" suas prprias vozes, nos trechos defeituosos, em estdio de transcrio e dublagem. Braslia, 25/setembro/1999 - agosto 2007 REFERNCIAS Nagra III manual, Kudeski, Lausanne, Switzerland, 1962; Nagra IV-2 Manual, Kudelski, Lausanne, Switzerland, 1986; FRATER, Charles, Sound Recording for Motion Pictures, The Tantivity Press, London, 1979; ALKIN, Glyn, Grabacin y Reproduccin del Sonido, Centro Universitrio de Estudios Cinematogrficos, Universidade Nacional Autonoma de Mexico, Mexico 1988, DETMERS, Fred, The American Cinematographer Manual, ASC Press, Hollywood, 6a Edio, 1986, ALTEN, Stanley, Audio in Media, Syracuse University Press, Belmont, 1981.