COMO INGRESSAR NA UNIVERSIDADE PÚBLICA...2016/07/09  · como o Cursinho oferece uma grande...

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O acesso à Universidade Pública é livre, gratuito e um direito de todos os cidadãos. Você sabe qual é o percurso para se chegar lá? Para muitas universidades, o caminho mais fácil é prestar o exame do ENEM. Muitos cursos de ensino superior têm vagas abertas todo o começo de ano letivo pelo SISU, que é o sistema que computa sua nota do ENEM para determinada vaga, e aqui em Guarulhos existem duas instituições de ensino superior que participam desse processo: o IFSP (Instituto Federal de São Paulo) e, a UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo). Além disso, ainda há a possibilidade de, com essa nota do ENEM, conseguir acesso aos programas do governo federal que oferecem bolsas no PROUNI, Pronatec e o investimento do Fies, mas aí são faculdades particulares. Apesar dessas possibilidades, ainda são poucos os alunos da periferia que estão cursando o ensino superior público. E ainda menor a quantidade que sabem que, pertinho de casa, tem uma universidade pública. Por que isso acontece? Conversamos com alunos da UNIFESP que moram nos arredores do Sítio São Francisco e com alunos e professores do ensino público para sabermos porque existe essa falta de informação. Natanael da Cruz é aluno de Filosofia na UNIFESP e morador do Sítio, além de ter sido professor do ensino público na região por dois anos. Segundo ele, são poucos os alunos com interesse em continuar os estudos e cursar o ensino superior público”. Também a universidade não contribui com a comunidade,“é preciso que a integração com o ambiente acadêmico parta da universidade e não esperar que a população faça isso”. Esse foi quase o destino que Gabrielle Costa teria ao final do ensino médio. Segundo ela, seus pais insistiam que precisava trabalhar quando fizesse dezoito anos para ajudar a família, mas ela foi firme, “Eu queria estudar e, apesar de haver a possibilidade de passar sufoco em casa, escolhi um caminho que me ajudaria mais ainda no futuro”. Ela não sabia da existência na UNIFESP no bairro dos Pimentas até fazer o ENEM e descobrir as vagas pelo SiSU. “Foi ótimo saber que havia uma universidade pública tão perto de casa, e que lá a gente, mesmo de origem humilde, encontraria um ambiente democrático”, comenta. Mesmo os que têm informação e querem entrar na universidade pública, a má qualidade do ensino público estadual não habilita esse jovem a conseguir notas boas nos exames. A solução é procurar os cursinhos para complementar os estudos e focar no conteúdo do ENEM e vestibulares. Alguns cursinhos populares têm oferta de bolsa, custeando as mensalidades, para ajudar quem não consegue pagar. Rômulo Ornelas é o coordenador do Cursinho Comunitário Pimentas e professor da rede pública. Para ele, o cursinho não deveria existir, já que “o ensino público deveria ter a qualidade para formar um jovem”. No cursinho, Rômulo é enfático “só fica aqui quem realmente quer se dedicar aos estudos”. Esse é o caso da Letícia Sampaio, que tem 18 anos, moradora do Vila Any, que sonha em passar no curso de Direito. Recém-saída do ensino médio, ela conta como o Cursinho oferece uma grande assistência na busca pela vaga e ainda deixa um recado para a garotada: “não desiste, é uma coisa difícil, mas não é impossível (...) se você acha que você não consegue e que nada vai dar certo, calma (...) tudo vai melhorar”, relata. Como diria Paulo Freire “Mudar é difícil, mas não impossível”, então saiba que você ainda tem todo tempo do mundo para ser o agente da mudança da sua vida. Se esforce, apesar da dificuldade do ensino público e de todos que tentarão te fazer desanimar. COMO INGRESSAR NA UNIVERSIDADE PÚBLICA COMO INGRESSAR NA UNIVERSIDADE PÚBLICA Cursinho Comunitário Pimentas – CCP (11) 2486-5778 Saiba mais sobre o ENEM, SISU, PROUNI, PRONATEC e FIES no site do Ministério da Educação www.portal.mec.gov.br www.ifsp.edu.br Sisu: IFSP oferece 1.160 vagas para cursos superiores I N F O R M A T I V O C O M U N I T Á R I O D O S MO R A D O R E S D O S Í T I O S Ã O F R A N C I S C O - G U A R U L H O S - S P - N º 9 - M A I / J U N - 2 0 1 6 009-curso_edited2.indd 1 29/06/16 11:40

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O acesso à Universidade Pública é livre, gratuito e um direito de todos os cidadãos. Você sabe qual é o percurso para se chegar lá? Para muitas universidades, o caminho mais fácil é prestar o exame do ENEM. Muitos cursos de ensino superior têm vagas abertas todo o começo de ano letivo pelo SISU, que é o sistema que computa sua nota do ENEM para determinada vaga, e aqui em Guarulhos existem duas instituições de ensino superior que participam desse processo: o IFSP (Instituto Federal de São Paulo) e, a UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo). Além disso, ainda há a possibilidade de, com essa nota do ENEM, conseguir acesso aos programas do governo federal que oferecem bolsas no PROUNI, Pronatec e o investimento do Fies, mas aí são faculdades particulares.

Apesar dessas possibilidades, ainda são poucos os alunos da periferia que estão cursando o ensino superior público. E ainda menor a quantidade que sabem que, pertinho de casa, tem uma universidade pública.

Por que isso acontece? Conversamos com alunos da UNIFESP que moram nos arredores do Sítio São Francisco e com alunos e professores do ensino público para sabermos porque existe essa falta de informação.

Natanael da Cruz é aluno de Filosofia na UNIFESP e morador do Sítio, além de ter sido professor do ensino público na região por dois anos. Segundo ele, são poucos os alunos com interesse em continuar os estudos e cursar o ensino superior público”. Também a universidade não contribui com a comunidade,“é preciso que a integração com o ambiente acadêmico parta da universidade e não esperar que a população faça isso”.

Esse foi quase o destino que Gabrielle Costa teria ao final do ensino médio. Segundo ela, seus pais insistiam que precisava trabalhar quando fizesse dezoito anos para ajudar a família, mas ela foi firme, “Eu queria estudar e, apesar de haver a possibilidade de passar sufoco em casa, escolhi um caminho que me ajudaria mais ainda no futuro”. Ela não sabia da existência na UNIFESP no bairro dos Pimentas até fazer o ENEM e descobrir as vagas pelo SiSU. “Foi ótimo saber que havia uma universidade pública tão perto de casa, e que lá a gente, mesmo de origem humilde, encontraria um ambiente democrático”, comenta.

Mesmo os que têm informação e querem entrar na universidade pública, a má qualidade do ensino público estadual não habilita esse jovem a conseguir notas boas nos exames. A solução é procurar os cursinhos para complementar os estudos e focar no conteúdo do ENEM e vestibulares. Alguns cursinhos populares têm oferta de bolsa, custeando as mensalidades, para ajudar quem não consegue pagar.

Rômulo Ornelas é o coordenador do Cursinho Comunitário Pimentas e professor da rede pública. Para ele, o cursinho não deveria existir, já que “o ensino público deveria ter a qualidade para formar um jovem”. No cursinho, Rômulo é enfático “só fica aqui quem realmente quer se dedicar aos estudos”. Esse é o caso da Letícia Sampaio, que tem 18 anos, moradora do Vila Any, que sonha em passar no curso de Direito. Recém-saída do ensino médio, ela conta como o Cursinho oferece uma grande assistência na busca pela vaga e ainda deixa um recado para a garotada: “não desiste, é uma coisa difícil, mas não é impossível (...) se você acha que você não consegue e que nada vai dar certo, calma (...) tudo vai melhorar”, relata.

Como diria Paulo Freire “Mudar é difícil, mas não impossível”, então

saiba que você ainda tem todo tempo do mundo para ser o agente

da mudança da sua vida. Se esforce, apesar da dificuldade do ensino

público e de todos que tentarão te fazer desanimar.

COMO INGRESSAR NA UNIVERSIDADE PÚBLICA

COMO INGRESSAR NA UNIVERSIDADE PÚBLICA

Cursinho Comunitário

Pimentas – CCP

(11) 2486-5778

Saiba mais sobre o ENEM,

SISU, PROUNI, PRONATEC

e FIES no site do Ministério

da Educação

www.portal.mec.gov.br

www.ifsp.edu.br

Sisu: IFSP oferece

1.160 vagas para

cursos superiores

INFORMATIVO COMUNITÁRIO DOS MORADORES DO SÍTIO SÃO FRANCISCO -GUARULHOS-SP - Nº9 - MAI/JUN -

2016

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BrasilBolivia

Quando chegou ao Brasil, como foi sua trajetória?

Quando cheguei morei

no Bom Retiro, como muitos imigrantes bolivianos, que vem para trabalhar na costura. Vim com uma promessa falsa que aqui no Brasil você ganha bem e que ganha em dólar, e que logo teria um bom trabalho.

Como chegou ao bairro dos Pimentas?

Quando eu cheguei aqui fui trabalhar numa oficina grande. Trabalhava das 6h à meia noite. Não gostei. Era muito cansativo. Fiquei um mês por lá, e precisei procurar outro lugar para morar.

Qual sua relação com a

Receita

Internacional

Sushi Fácil

COMO VIVEM OS BOLIVIANOS NO SÍTIO SÃO FRANCISCO

INGREDIENTES:

3 ovos ou 1 pacote de algas (nori)1 xícara de arroz próprio para sushi1 e 1/2 xícara de água6 colheres de vinagre de arroz1 colher de sopa rasa de açúcar1 colher de café rasa de Ajinomoto1 pitada de sal

RECHEIOS:

Palitos de cenoura pré-cozidosPalitos de pepino japonês sem as sementes e alfaceManga e alfaceShoyuPreparo Omelete

Bata os ovos temperando com uma pitada de sal outra do açúcar.Umedeça com um pedaço de

papel toalha uma frigideira bem larga.Esquente bem a frigideira e despeje com uma concha o ovo batido e cubra todo o fundo até que fique com a espessura de 2 milímetros.Use outra frigideira de mesmo tamanho como tampa para virar a omelete e assar o outro lado.Corte em fatias de 3 centímetros.

MODO DE PREPARO Lave bem o arroz até que a água saia transparenteDeixe o arroz de molho por cerca de 20 minutos, coloque o arroz e a água para cozinhar, sendo 10 minutos em fogo alto e 10 minutos em fogo baixo (verifique se a quantidade de água e o tempo de cozimento foi suficiente, o arroz deve ficar

cozido, empapado, mas seco)À parte junte o vinagre, o sal e o açúcar e leve ao fogo até mornar

Coloque o arroz num refratário e junte o molho mexendo para esfriar e pegar o molho por igual

Quando estiver frio, pegue uma fatia de omelete ou alga espalhe cerca de 3 colheres de sopa de arroz por cima e coloque o recheioEnrole o sushi com o auxílio de um pano de prato coberto com filme plástico.Leve à geladeira por alguns minutos para ficarem mais firmesCorte os sushis, sirva com o molho shoyu.

Tatiane Trukiti, 34 anos, Moradora do Pimentas há 3 anos, é descendente de japoneses e professora.

cultura brasileira? Como se dá essa relação?

O idioma é o que mais atrapalha, nós falamos espanhol e vocês falam português. No dia a dia nos acostumamos e nos adaptamos. Vocês são alegres como a gente.

Como vocês mantem o costume, a cultura de vocês viva? (os pratos típicos, as festas, etc.)

A gente tenta se unir. No começo eram poucos moradores aqui nos Pimentas, 5 ou 6 famílias. Quando cada um fazia aniversário, nos juntávamos para comemorar, fazendo nossos pratos, ouvindo nossas músicas. Hoje em dia já são muitas

famílias. Somos unidos.

Você tem vontade de voltar para a Bolívia?

O trabalho aqui no Brasil não é mais promissor como antes. Só vale a pena ficar por aqui quem já tem família, filhos na escola e casa, que é o meu caso. Até gostaria de voltar para a Bolívia, mas já estou enraizado.

Outros bolivianos que não têm a mesma condição estão voltando ou estão indo procurar trabalho no Chile, na área rural, que é a nova promessa de conseguir dinheiro. Assim como, primeiro foi na Argentina, depois no Brasil, na Espanha, agora é o Chile.

Para iniciar o ano de 2016, o Projeto Com Com Pimentas, com a co-produção do Coletivo Kinoférico, realizou um curta-metragem chamado “Era Uma Vez no Sítio”. Um faroeste que possui elementos de ficção-científica e é ambientado na região do Sítio São Francisco, numa realidade onde há duelos de máquinas

fotográficas ao invés de armas de fogo.

A produção contou com os próprios educandos no segmento da TV e moradores do Bairro dos Pimentas, inclusive na frente das câmeras com atores e não-atores da região. Foi o primeiro grande filme de ficção feito fora das oficinas e workshops de comunicação comunitária, produzido com

baixíssimo custo, contando com muita criatividade, improviso e muita boa vontade dos envolvidos.

O Coletivo Kinoférico é um grupo formado, em 2015, pelos membros que compõem o nível intermediário do núcleo de audiovisual no Com Com. Possui quatro curtas, incluindo “Era Uma Vez no Sitio, e algumas videorreportagens

produzidas dentro do projeto.

O curta-metragem estreou no início das oficinas do primeiro semestre no projeto Com Com Pimentas, e, em seguida, pretende-se divulga-lo nos festivais e mostras do cinema do país.

Era Uma Vez

no Sitio

i

Edy, 38 anos, chegou no Brasil em 2001, é comerciante no bairro dos Pimentas

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Produziram esta edição: Almir Paulo de Lima, Ana Aline, Fabio Santos, Felipe Lopes, Gabriel Araujo, Stefani Sena, Sheyla Coelho, Nelson Silva,

Wesley Casey.

Educadores: Agner Rebouças, André Gustavo, Gilberto Caetano, Humberto Boni, Jeferson Nascimento, Jeronimo Vilhena, Maria Fernanda Salvador,

Sheyla Coelho.

Diretores responsáveis: Agner Rebouças e Maria Fernanda Salvador

Vetores: Freepik

A COMUNIDADE EM DESTAQUE

Toda segunda, quarta e sexta

das 10h às 12h e 14h às 16h.

Local: EAT- Escritório de Apoio

Técnico - CDHU

Rua Nove,679 (Rua da feira de

terça-feira, em frente ao C9/ Antiga

Fábrica Violeta).

Participe do Projeto

Com Com Pimentas

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UMA NOVA RÁDIO CHEGA AOS PIMENTAS

FUTSAL NO PIMENTAS

Utilidade pública

No dia 25 de maio desse ano foi inaugurada a Rádio Com Com e o Programa Pimentas no Ar, sob a coordenação de Jeffersom Nascimento (Borracha). A rádio poderá ser acessada via internet pelo site > www.radiocomcom.com.br e pela página no facebook > www.facebook.com/rádio-ComCom.

Por meio de uma linguagem popular, a rádio tem como público alvo jovens e adultos. No ar 24h por dia pela internet, ela contará com o Programa Pimentas no Ar, canal de comunicação especialmente produzido para a população da região do bairro dos Pimentas, em Guarulhos, onde o Projeto também atua. No programa, haverá quadros variados, como o Desabafa Sítio, em que a população do Sítio São Francisco

poderá revelar o seu ponto de vista sobre as mudanças na região, e o quadro CDHU Responde, canal da própria CDHU que irá responder as perguntas dos moradores, gerando a possibilidade de ouvir os dois lados no processo de urbanização.

Com uma equipe composta de alunos do nível intermediário da Oficina de Rádio oferecida pelo Com Com Pimentas, como Luciene, Vitória e Fernando, outra proposta interessante da rádio é divulgar e conhecer o trabalho dos artistas do Pimentas promovendo assim maior interação entre os artistas e público da região.

A rádio tem como objetivo o aprofundamento da comunicação comunitária,

estabelecer laços entre a comunidade e criar um lugar de discussão e entretenimento. Onde, além de saber as notícias sobre o bairro, os moradores poderão se divertir e ouvir muita música boa, com programação mesclando estilos musicais ao longo de todo dia.

Nenhum programa será perdido, já que todas as reprises ficam salvas no Arquivo, do site da rádio, livre para que qualquer pessoa possa ouvir. Em breve, a rádio também estará disponível para audição através de um aplicativo para smartphones. A Rádio ComCom foi originada a partir dos polos Cubatão e Guarulhos do Projeto Com Com.

Gabriel Araujo

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