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COMO LER O EVANGELHO DE

SÃO MATEUS

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• BOA NOTÍCIA

Evangelho é uma palavra grega que, significa a notícia boatrazida pelo portador.Os evangelhos são a boa notícia de Jesus Messias, dada:primeiro aos cristãos que se comprometeram com a sua vidae o seu projeto, e depois a todas as pessoas.O evangelho segundo Mateus não é o primeiro, mas foicolocado no começo do Novo Testamento (Nova Aliança),porque era o mais apropriado para anunciar a passagem daspromessas contidas no Antigo Testamento para a suarealização em Jesus e por meio dele.

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Mateus escreveu para a sua comunidade, ou ascomunidades que viviam na sua região. No século I pelosanos 70.

Em 70 d.C. o império romano invadiu a Palestina, que jáera sua colônia e lhe pagava tributos. Sufocou omovimento judaico revolucionário, tomou Jerusalém edestruiu o templo. Os judeus tiveram que se dispersar ese reorganizar. As comunidades cristãs que aí existiamsaíram antes. Algumas foram para Pela, no lado orientaldo rio Jordão, outras se espalharam pela Síria e Fenícia, eoutras ainda se refugiaram junto à comunidade deAntioquia na Síria. E foi provavelmente de Antioquia, peloano 80 d.C., que Mateus escreveu o seu evangelho paraessas comunidades que tinham nascido na Palestina.

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Mateus é um judeu convertido ao cristianismo e se dirige aomesmo tipo de pessoas. Primeiro ele quer mostrar que Jesuse sua ação realizam tudo o que o Antigo Testamentoanunciava, pedia e prometia. Depois. que o cristianismotambém é ruptura com a religião judaica oficial, cristalizadaem formas e vivências que já estavam muito distantes doprojeto de Deus revelado e realizado em Jesus.Finalmente, quer mostrar que as comunidades não devemficar fechadas em si mesmas, um olhando para o outro, masse abrir para todos, levando a todos os tempos e lugares apalavra e a ação que libertam para a vida nova.Os evangelhos são o desenvolvimento dessa catequese,inicial. Não foram escritos para dar informações, mas paraajudar as comunidades a descobrir o sentido das palavras,ações e vida de Jesus, que revelam e concretizam o projeto deDeus para a vida da humanidade pela fé.

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Quem é Jesus para Mateus?

• Jesus é o "Deus conosco“

E vai ficar conosco para semprePara ensinar a justiça.

O batismo de Jesus aponta a meta da sua vida: realizar, a justiça.Mt 3, 15

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Na Bíblia, a justiça é a vontade de Deus, o seu projetoeterno. Somos justos e praticamos a justiça quandodeixamos que Deus realize a sua vontade sobre nóse, como através de Jesus, realize o seu projeto.

O Jesus de Mateus é, portanto, o Mestre da justiça.Com sua presença, palavra e ação, ele vai ensinando acomunidade a lutar pela justiça que liberta a todospara uma vida digna. E isso não ,deve ficar dentro dacomunidade apenas. Deve ser ensinado a todos, paraque todos aprendam de Jesus qual é a justiça que Deusquer.

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O MAPA DO EVANGELHO

INTRODUÇÃO:O MISTÉRIO DE JESUS (1-2)

Jesus nasceu dentro da história do seu povo eretoma o seu acontecimento central: o êxododo Egito, que marcou a passagem da escravidãopara a liberdade, da morte para a vida.

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lª PARTE:

JESUS PROCLAMA E TRAZO REINO DE DEUS (3,1-13,52)

PRIMEIRO LIVRINHO:A JUSTIÇA DO REINO DE DEUS (3-7)

NARRATIVA: Com Jesus o Reino de Deus chegou (3-4)Com Jesus chegou o tempo do julgamento da injustiça, porqueele vai realizar a justiça esperada. Para isso, porém, é necessáriosuperar as tentações que geram injustiças. O Reino vem primeiropara os necessitados, e Jesus precisa de colaboradores.

DISCURSO: O Reino de Deus é a justiça que liberta (5-7)No Sermão da Montanha Jesus explica aos seus seguidores o que éa justiça, e como ela vai, através dele e dos seus seguidores,produzir a libertação dos pobres e oprimidos.

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SEGUNDO LIVRINHO:A JUSTIÇA DO REINO LIBERTA

OS POBRES E OPRIMIDOS (8-10)

NARRATIVA: A justiça do Reino produz sinais concretos (8-9)

Os milagres de Jesus mostram que a justiça liberta o povo detoda opressão e cura toda a pessoa (doenças, paralisia,alienação, perigos, pecado, morte, cegueira etc.). Mas otrabalho é muito e exige mais pessoas.

DISCURSO: Jesus precisa de colaboradores (10)Jesus precisa de pessoas que se comprometam a continuar asua palavra e ação, para que a justiça do Reino liberte osnecessitados todos, em todo tempo e lugar.

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TERCEIRO LIVRINHO:A JUSTIÇA DO REINO

PRODUZ CONFLITOS (11,1-13,52)

NARRATIVA: Reações ao comportamento de Jesus (11-12)A ação promovida por Jesus entra em choque com todos os quese servem do poder, das instituições e da religião paraacobertar, manter e promover a injustiça.

DISCURSO: As parábolas explicam o presente e o futuro doReino (13,1-52)As parábolas explicam aos bons entende dores por que Jesusencontra obstáculos para implantar a justiça que leva ao Reino,e qual será o futuro de sua ação.

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2ª PARTE:JESUS ORGANIZA E LIDERA

O NOVO POVO DE DEUS (13,53-28,20)

QUARTO LIVRINHO:DA AÇÃO DE JESUS NASCE UM NOVO POVO (13,53-18,34)

NARRATIVA: O seguimento de Jesus (13,53-17,27)Os seguidores da palavra e da ação de Jesus pouco a pouco vãose reunindo ao redor dele para formar o novo povo de Deus,rompendo com o povo da antiga aliança.DISCURSO: A vida do novo povo de Deus (18)Nomeio dos que seguem a Jesus impera a justiça e amisericórdia. Nesse povo os pobres e pequenos têm sua vez esão protegidos até mesmo quando erram, contanto que saibamviver mutuamente o perdão e a misericórdia.

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QUINTO LIVRINHOA VINDA DEFINITIVA DO REINO (19-25)

NARRATIVA: O Reino de Deus é para todos (19-23)Jesus entra em ruptura total com o antigo povo de Deus e sededica a ensinar os seus discípulos, sementes do novo povode Deus. Os conflitos com os mantenedores da sociedadeinjusta chega ao máximo.

DISCURSO: O processo do julgamento (24-25)O julgamento destrói a ordem injusta e promove o Reino dajustiça. O critério da participação no Reino é a misericórdiaque faz justiça aos oprimidos e marginalizados.

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CONCLUSÃO: A PÁSCOA DA LIBERTAÇÃO (26-28)

A morte e a ressurreição de Jesus marcam o fim doreino da injustiça. Ao mesmo tempo começa o longoensinamento que, através dos seguidores de Jesus,atingirá todos os povos, em todo tempo e lugar. E Jesusestará sempre presente na palavra e na ação dos quecom ele se comprometeram.

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JESUS COMEÇA A NOVA HISTÓRIA(Mateus 1)

o primeiro capítulo do evangelho de Mateus situa Jesus aomesmo tempo na história dos homens e no projeto de Deus.

Jesus é filho da história humana

Mt 1.1 é o título de todo o evangelho e resume o significadoda pessoa de Jesus: "Livro da origem de Jesus Cristo. filho deDavi, filho de Abraão “O Antigo Testamento se abre com olivro do Gênesis = origem, contando a origem do universo eda humanidade. Com Jesus vai começar uma nova criação euma nova humanidade. Ele é o novo Adão.

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Com Jesus. Davi foi o líder popular que se tornou orei justo. Apesar disso tudo, ele pecou (leia os livrosde Samuel). O verdadeiro líder popular e rei justovai ser Jesus Cristo, que fará toda a humanidadereconhecer e viver o caminho da justiça.Em Jesus, portanto, ecoa toda a aspiração e históriade um povo particular que reflete a história de todaa humanidade.Todos nós queremos um espaço no mundo e nahistória, a fim de passar para a frente a vida que emtodos nós palpita. Vida produz vida.

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AS MULHERES NA GENEALOGIA DE JESUS

Tamar se disfarçou de prostituta para assegurar umadescendência a seu marido falecido, e para si mesma um lugarna sociedade patriarcal Gênesis 38). Raab foi a prostituta queprotegeu os espiões israelitas por ocasião da entrada na Terra e '-da (Josué 2). Rute era uma estrangeira moabita provavelmenteidólatra, que se solidarizou com o povo e o Deus de Israel (livrode Rute). Betsabéia ("aquela que foi mulher de Urias") cometeuadultério com Davi e teve influência decisiva para que Salomãose tornasse rei (2Samuel 11; 1Re' 1). Jesus é fruto [mal de umahistória de aspirações, buscas, lutas, derrotas e conquistas.

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Mateus conta como foi o nascimento de Jesus (1, 18-25).

Não é apenas um filho da história humana. Ele é o Filho deDeus. Sua mãe é humana. Seu pai é divino. Nele se resume omistério que é a Vida. Deus tem a iniciativa, porque ele é aVida plena, geradora de todas as vidas.Maria, representante da humanidade que recebe a vida deDeus, em sua virgindade concebe a vida de Jesus de modointeiramente inesperado. É o Espírito de Deus que nela, eem nós, produz a vida nova. Assim, o nascimento de Jesus,resposta de Deus aos anseios da humanidade, começa pornos ensinar que a Vida é fruto da iniciativa de Deus emcontato com a nossa atitude aberta e receptiva, como aatitude de Maria.

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JESUS É AMEAÇA E SALVAÇÃO(Mateus 2,1-12)

Jesus é ameaça. Para quem?

Belém era a cidade onde havia nascido Davi, o rei justo. Há milanos o povo esperava que um descendente de Davi, justo comoele, viesse para libertar o povo dos inimigos e para levá-lo aviver segundo a justiça e o direito. A estrela, segundo osorientais, aparecia quando uma personagem importantenascia: "Um astro nascido e Jacó se torna chefe; um cervo selevanta, saindo de Israel" (livro dos Números 24,17). Os magoschegam a Jerusalém, centro do poder político, econômico eideológico-religioso da Palestina. E aí reina Herodes. Ele não éum rei legitimo os Judeus, pois era estrangeiro, ligado ao poderromano.

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Jesus é salvação. Para quem?

Os magos que vieram de longe representam todos os povosque esperam ardentemente pelo rei justo.

Jesus é o Rei Justoo encontro dos magos com Jesus é muito significativo. Jesusestá com sua mãe, um modo de Israel representar o rei. Ahomenagem que lhe prestam representa a sua submissão. Ospresentes que lhe dão mostram a submissão a um rei (ouro),o reconhecimento de que esse rei é divino (incenso) e, poroutro lado, de que esse rei vai ser morto (a mirra era usadano sepultamento). Em outras palavras, Jesus é o rei justo queserá morto pelos inimigos e depois, ressuscitado por Deus,será reconhecido por todos como divino Filho de Deus. Umanúncio do destino de Jesus.

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JESUS VAI PROVOCAR UM NOVO ÊXODO(Mateus - 2, 13-23)

Egito: lugar de refúgio

A família de Jacó-Israel, quando a fome grassava em Canaã,antigo nome da palestina (Leia Gênesis 42-48). No tempo donascimento de Jesus, o Egito era o país onde se refugiavam asfamílias suspeitas, perseguidas pelo terrível rei Herodes. Nahistória de Jesus repete-se a história do seu povo (2,13-15).

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Egito: lugar de opressão e morte

Os magos não se deixaram cooptar pelos poderosos, Herodesficou furioso (2,16-19). Como dar um jeito no perigo que oameaçava? Solução do desespero: matar todas as crianças deBelém e dos arredores.

livro do Êxodo

O Faraó do Egito, com medo de que os hebreus semultiplicassem, tornando-se um "perigo" para os poderosos,também lançou mão de matar os recém-nascidos machos.Moisés, porém, o futuro líder da libertação do seu povo,escapou. O mesmo acontece com Jesus. Ele é o novo Moisés, olíder da libertação para todos aqueles que com ceIe secomprometerem.

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Da opressão e morte para a liberdade e a vida

Quando a salvação ainda está em germe, deve ser protegida detodos os modos. A árvore deve primeiro crescer, para depoisdar os seus frutos. Sabendo que o rei Herodes havia morrido,José volta com Maria e Jesus para a Palestina (2, 19-23). Nãofica na Judéia, porque Arquelau, filho e sucessor do reiHerodes, lá reinava. Não era nada melhor que seu pai, José esua família vão morar na Galiléia. Essa região ao norte daPalestina era muito significativa no tempo de Jesus. Aí estavamtodos os, descontentes com o governo, os principais focos desubversão do sistema, assim como os movimentosrevolucionários que procuravam uma forma alternativa frenteao:sistema econômico-político-social vigente.

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O estabelecimento da família de Jesus na Galiléia é motivopara o evangelista citar uma palavra profética difícil deidentificar: "Ele será chamado Nazareno”. Nazareno é umnome que pode ser interpretado de muitos modos. Emhebraico o termo é n'azir, ou seja, aquele que foi consagrado aDeus.

PREPARANDO A CHEGADADE JESUS

(Mateus 3,1-12)

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João é apenas o propagandista, o arauto-anunciador do queJesus vai fazer.

João aparece no deserto distante principalmente da cidade deJerusalém (3 -35)

Deserto fora o lugar do encontro e da intimidade com Deus,onde Israel aprendeu a ser fiel ao parceiro da aliança,construindo uma sociedade nova, baseada na justiça e nafraternidade. Com João volta esse tempo.

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Mateus identifica João com o profeta que anunciava a voltados exilados na Babilônia: agora vai acontecer essa volta,porque Jesus vai trazer a justiça que liberta da ,escravidão eda morte. Um pormenor importante: João se veste de maneirasumária (roupa artesanal de pêlos de camelo) e come o quetem à mão (gafanhotos e mel, silvestre). Isso mostra que ele éindependente dos grandes‘ centros, que produzem coisasmuito melhores, mas sempre dependendo da injustiça ...Atentemos: o reinado de Deus começa no deserto, e não nacidade ...

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O povo se converte.A pregação de João tem sucesso (3,5-6).

Que pecados são esses? Certamente ocompromisso com as estruturas injustas,contrárias ao reinado de Deus. Ao ouvir João, aspessoas começam a romper com o grandepecado da injustiça, tornando-se preparadaspara o compromisso com a justiça que Jesus vaiensinar. a batismo de João não é o batismocristão. Trata-se mais do sinal dearrependimento e conversão, uma purificaçãodo passado comprometido com a injustiça.

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Os chefes fingem

Se João recebe bem o povo, a sua atitude com os chefes é bemdiferente (3,7-10). Os fariseus eram os chefes espirituais;conheciam muito bem a religião e se gabavam de ser fiéis até oextremo. Os saduceus eram os chefes da economia, da política eda religião; eram todos da classe alta e, em primeiro lugar,lutavam por defender seus interesses e mordomias, econservar suas propriedades.João é duro. Chama-os de cobras venenosas, das quais só sepode esperar a morte. "Quem lhes ensinou a fugir da ira que vaichegar?" João está apontando para o julgamento.O reinado de Deus vai criar a justiça que porá em xeque toda ainjustiça.

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O anunciador não é o Messias

João explica bem o que está fazendo (3,11-12). Sua tarefa éapenas a de preparar. Por isso anuncia e batiza.

JESUS VAI CUMPRIR A JUSTIÇA(Mateus 3,13-17)

Em Mateus encontramos as primeiras palavras deJesus, uma espécie de "programa" de sua vida eação.

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Jesus é solidário com os pecadores

João pregava o arrependimento e a conversão, preparando opovo para a chegada do Messias, que iria fazer o julgamento etrazer o Reino de Deus. Nas palavras de João, Jesus, o Messias,seria um Juiz terrível. Qual não é o seu espanto, quando ele vêJesus chegar humildemente, como um candidato a mais para obatismo de conversão, ao qual todo o povo estava sesubmetendo!João resiste (3,13-14). Diz a Jesus que este é quem o deviabatizar, e não o contrário. E aí descobrimos a solidariedade deDeus com os homens. Primeiro Deus vem até nós e, emborasem qualquer compromisso com o pecado, faz-se um de nóspara nos libertar do pecado e nos levar para o Reino de Deus.

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Para cumprir toda a justiça

“Devemos cumprir toda a justiça" (3,15).De que justiça se trata? É a vontade, ou o desígnio, ou projetode Deus para a vida humana. E aquilo. que desde aeternidade Deus sempre projetou para toda a sua criação, eprincipalmente para a humanidade, a parte mais significativada criação. Deus quer que todos possam usufruir daliberdade (livro do Exodo)e da vida (livro do Gênesis).Liberdade é a capacidade de se descobrir, se aceitar, se amar eparticipar, Com a própria originalidade, dos rumos domundo, da sociedade e da história. Vida é o centro do projetode Deus e consiste em repartir tudo o que existe com todos.

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Jesus é o Filho que serve

-Depois do batismo de Jesus há uma cena de revelação (3,16-17).Jesus sai da água e vê o céu se abrir. a céu, na ,Bíblia, é a moradade Deus. Doravante, em Jesus e através dele, o céu vai estar emligação com a terra.-O Espírito de Deus, como pomba, descendo e pousando sobreele. No livro do Gênesis 1,2, o Espírito de Deus revoava sobre ocaos, prenunciando toda a criação que viria depois. Agora vaiacontecer a nova criação.-A voz que vem do céu declara: "Este é o meu filho amado, quemuito me agrada".

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-No salmo 2,7: "você é o meu filho". Jesus é o Filho de Deus, e énessa perspectiva que devemos. compreender tudo o que ele dize faz.

-O "filho amado" lembra Gênesis 22,2,quando Deus pede que Abraão sacrifique seu filho único.Também Jesus é o Filho único e amado de Deus, que serásacrificado pelo bem de todos.

-Em resumo, Jesus é o Filho de Deus, o rei justo que serásacrificado para realizar a justiça que Deus quer, em favor detodos.

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AS TENTAÇÕES DA INJUSTIÇA(Mateus 4,1-11)

As tentações acontecem no deserto. Por quê? Quando os hebreussaíram do Egito, lugar da injustiça, chamados por Deus paracriar uma sociedade justa, eles entraram no deserto. E o lugardas dificuldades e necessidades, onde aparece a cada momentoa tentação de voltar atrás, ,achando que nenhumatransformação é possível ,Jesus retoma essa parte da história doseu povo, e os quarenta dias de jejum recordam os quarenta anosde Israel no deserto, antes de entrar na Terra Prometida, ondehaveria justiça e vida para todos.

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A tentação da abundânciaO deserto é lugar de fome (4,2-4).

Este é o desejo do povo faminto: ter abundânciade alimento e pronto, está tudo resolvido.

Jesus cita Deuteronômio 8,3, lembrando que "não sóde pão vive o homem, mas de toda palavra que sai daboca de Deus". Por que isso? Porque a palavra de Deusnos ensina que não basta comer. E preciso tambémvestir, ter moradia, escola, assistência médica, lazer,enfim, tudo o que é necessário para viver dignamente.

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A tentação do prestígio

Atirar-se da parte mais alta do Templo de Jerusalém, bem na vistade todo o povo (4,5-7). Deus o rote será. Em outras palavras,abuso de confiança. A tentação é usar Deus. para o prestígiopessoal, colocando-o a serviço do próprio capricho e ostentação.

Jesus cita Deuteronômio 6,16, mostrando o que significa uma talatitude: "Não tente o Senhor seu Deus". E grande a ousadia deentortar o projeto de Deus para satisfazer interesses egoístas,simplesmente para "brilhar" diante do povo.

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A tentação do poder e da riqueza

Leva Jesus para um monte muito alto. Ora, a montanha era umlugar sagrado, onde o homem se encontrava com Deus Mas o diabovai lhe propor o contrário dará a ,Jesus todos os reinos do mundo esuas riquezas, bastando que Jesus o adore. Seria a maior traição.Em vez de adorar a Deus, adorar o diabo. Em vez de servir aoprojeto de Deus, servir ao projeto do diabo.Jesus vence essa suprema tentação citando Deuteronômio 6,13:"Vá embora, Satanás, porque a Escritura diz: 'Adore o Senhor seuDeus, e "sirva somente a ele' li. Dessa forma Jesus seloudefinitivamente o seu compromisso com Deus e com o projetodele.

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DIABO E SATANÁS

Diabo é uma palavra grega (diabolos), que significa umapessoa ou situação que lança uma coisa no meio, para separar.Diabólica é a ação que separa, criando divisões.Satanás é uma palavra hebraica (satan) que significaadversário. Aplica-se a tudo aquilo que causa dificuldades eatrapalhações para uma coisa se realizar. Satânica é a ação quedificultam um projeto.

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CHEGOU O REINO DE DEUS!(Mateus 4,12-25)

Três, coisas: onde Jesus começou a agir, quem ele chamou paraajudá-lo, e principalmente o que ele fazia. Essas três coisas nosajudam a compreender o que nós, seguidores comprometidos comJesus, devemos fazer também.

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Jesus começa sua atividade na Galiléia, ao n0rte da Palestina(4,12-17). Essa região era mal vista pelos habitantes do sul, daJudéia, desde o Antigo Testamento.Com efeito, o Norte havia sido tomado pelo império assírio em722 a.C. Desde essa época tinha-se desfigurado, pois ficara emcontato com civilizações pagãs, com costumes e religiõesdiferentes. Também era caminho entre o Egito e o Oriente, e asinfluências de todos os lugares se faziam aí. Era também a regiãodas tribos de Zabulon e Neftali, especialmente atingidas ecorrompidas pela ganância dos estrangeiros. Em poucas palavras,o povo de Deus dessa região norte estava pelo menos há 700 anosroubado da sua verdadeira identidade.

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Jesus, portanto, começa por onde não esperamos: pelaperiferia do povo de Deus, povo roubado, sofrido,desvalorizado e marginalizado por aqueles que se consideram"os escolhidos de Deus". Deus ama a todos, mas em primeirolugar aqueles que consideramos "perdidos". E no meio delesque surge a luz que iluminará a todos.

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Jesus não trabalha sozinho

Cafarnaum, ponto de partida da ação de Jesus, ficava às margensdo lago de Genesaré, também chamado mar da Galiléia (4,18-22).É aí, entre os pescadores, que Jesus encontra seus primeiroscolaboradores: Simão (Pedro) e André, Tiago e João. Dois pares deirmãos, sinal de que o Reino é lugar de fraternidade. Jesus escolhetrabalhadores, porque ele não precisa de teoria, mas de ação. OReino da justiça exige muito trabalho e dedicação.

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Os quatro eram pescadores. Pois Jesus lhes promete que de agora emdiante eles não vão pescar peixes, mas homens. Em outras palavras,Jesus não pede que façamos uma coisa completamente diferentedaquela que fazemos. Pede que façamos aquilo que já ,fazemos, agoraem favor de todos os outros.

A ação libertadora

É o primeiro resumo da atividade de Jesus (4,23-25). O que faz ele?Aproveita de tudo o que seu povo já possuía, em primeiro lugar aSinagoga ou casa de oração, lugar de ouvir a Palavra de Deus, meditá-lae depois colocá-la em prática. E Jesus anuncia aí a novidade do Reinotão esperado por todos. Mas Jesus não fica só no falar. Ele parte para aação. E a primeira coisa é descobrir as doenças e enfermidades do povo.Estas não são apenas os problemas físicos, mas tudo aquilo queenfraquece e diminui ou acaba com a vida do ovo em todos os sentido

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O demônio tapeia e aliena as pessoas.

A epilepsia deixa as pessoas momentaneamentefora de si.

A paralisia impede o povo de andar .

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A FELICIDADE DOS POBRES(Mateus 5,1-16)

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1ª “Bem aventurados os que tem um coração de pobre"

-Muitos pensaram que "têm coração de pobre" os que mesmomantendo a posse dos bens materiais, não prenderam ocoração a eles.

-Por uma livre escolha, despojam-se de tudo 'Pobres decoração” são aqueles que decidem não possuir mais nada parasi e colocar tudo o que têm à disposição dos outros. lembre-sebem: pobre, segundo o Evangelho, não é aquele que não possuinada, mas aquele que não retém nada para si.

Mateus enumera

8 bem-aventuranças,

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2ª “Bem-aventurados os que choram“

O sofrimento não é uma coisa boa. Deus não se comprazquando os homens estão mergulhados na dor, nem é ele queenvia desventuras e tribulações. Ele não quer que os homenssofram. Quando Jesus proclama bem-aventurados os que"choram“ emprega um termo bem conhecido para quemconhece a Bíblia . No livro de Isaías fala-se dos "aflitos": sãoaqueles que não têm casa para morar, que não têm terra paracultivar porque a herança dos pais foi ocupada por estranhos, esão obrigados a se pôr a serviço dos inescrupulososproprietários das terras, e devem suportar injustiças,

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3ª “Bem Aventurados os mansos"

O termo "manso" usado por Jesus é retomado do AntigoTestamento e, mais precisamente, do SI 36. Neste salmo os mansossão, os que foram privados dos seus direitos, da sua liberdade, dosseus bens.

No evangelho Jesus é apresentado como "manso" (Mt 11,29;21,5), mas não no sentido de "fraco, tímido, covarde". Ele viveuconflitos dramáticos, mas enfrentou-os com disposições de coraçãoque caracterizam os "mansos": recusou o uso da violência, foipaciente, tolerante, tomou-se servo de todos.Bem-aventurados são os que diante das injustiças, tomam asmesmas atitudes de Jesus.

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4ª. "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”

A fome e a sede são as necessidades mais imperiosasque o -homem experimenta. É com essa ansiedadeincontida que os discípulos de Cristo devem procurar "ajustiça“.

Para Deus a "justiça é feita“ quando um mau se tornajusto.

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5ª “Bem aventurados os misericordiosos"

Na Bíblia a "misericórdia", mais que um sentimento depiedade é uma ação em favor de quem temnecessidade de ajuda.

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6ª “Bem aventurados puros de coração"

Os puros são os que têm um comportamento ético de acordocom a vontade de Deus aqueles que têm um coração íntegro,aqueles que não amam ao mesmo tempo Deus e os ídolos.

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7ª “Bem aventurados os pacíficos”.

Mas na Bíblia a palavra "paz" (shalom) não significa só ausênciade guerra. Indica o bem-estar total, harmonia com Deus, com osoutros e consigo mesmo, prosperidade, justiça, saúde, felicidade.Os "pacíficos" são, pois, aqueles que se esforçam para que essavida plena de todo o bem se tome possível para cada pessoa.Para eles é reservada a mais bela das promessas: "Deus osconsidera seus filhos".

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8ª “Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça”.

Aquele que sofre por sua fidelidade ao Senhor é proclamadobem-aventurado no _momento e pelo próprio fato de serperseguido. A perseguição não é sinal de derrota, mas deêxito. É um motivo de alegria porque prova que foi feita aescolha certa, aquela segundo a "sabedoria de Deus".

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A PERFEIÇÃO DA JUSTIÇA(Mateus 5,17-48)

Um dos centros do Sermão da Montanha é 5,20: "Se a justiçade vocês não superar a dos doutores da Lei e dos, fariseus,vocês não entrarão no Reino do Céu". Os doutores da Lei ouescribas eram os intelectuais, donos do saber, queinterpretavam a Bíblia para os outros. Sabiam muito bem oque se devia fazer, mas não o faziam e nem sempreensinavam aos outros o que Deus pedia. Uma forma deconservar o poder: ocultar.

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Jesus exige a justiça maior.

Para explicar o que é a justiça maior. Jesus retoma algumasexigências da Lei (5,21-42).

O ato de matar começa com o ressentimento e a raiva. É precisocortá-los pela raiz, resolvendo o ódio que pode levar até aoassassinato. O adultério começa com o olhar cobiçoso, com osplanos para arrebatar a mulher do próximo.O senso de justiça não se apega simplesmente a uma regra ounorma escrita. Pelo contrário, vai até o fundo dela e setransforma em discernimento que em cada situação dita um atonovo, capaz de encaminhar a liberdade e a vida.

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A justiça que Jesus exige dos pobres que.se comprometem comele é esse discernimento que vê profundamente as situações, eem todas elas gera um ato libertador .Deus manda o sol e a chuva sobre justos e injustos, sobre amigose inimigos. Eis a questão. E nós, o que faremos diante disso?Somos imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1,26-27). Esomos filhos dele. Tal pai, tal filho. O maior desafio écompreendermos aquilo que Deus diz através do profetaEzequiel: "Eu não tenho prazer na morte de ninguém...Convertam-se e terão a vida" (Ez 18,32).

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JUSTIÇA VERDADEIRA(Mateus 6,1-18)

Mateus vai direto ao assunto: "Prestem atenção! Não pratiquem ajustiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados poreles. Fazendo assim, vocês terão a recompensa do Pai de vocês queestá no céu" (6,1). Os fariseus praticavam ajustiça ostensivamente,para serem vistos e elogiados e, assim, manterem seu prestígio epoder, tapeando o povo. Pura máscara, pura representação.Os seguidores de Jesus, ao contrário, deverão praticar ajustiça nãopara se exibirem, bancando "os tais", mas para obedecer ao Pai,fonte de liberdade e vida para todos.O Pai é o começo e o fim de tudo. Os homens são apenasinstrumentos.

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A recompensa de fazer o que Deus quer é ter a experiênciada própria vida de Deus.

As três faces da justiça

No tempo de Jesus a justiça era encarada como a realização detrês práticas: esmola, oração e jejum.

1. A esmola

No seu Reino a justiça proporciona vida digna para todos, atravésda partilha igualitária dos bens que ele destinou a todos.

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2. A oraçãoA oração (6,5-6) nos coloca em contato com oPai, continuamente nos lembrando do projeto deDeus e do nosso compromisso com esse projeto.

PAI NOSSOOração da comunidade (nosso), com seis pedidos. Os três primeiros sãopor toda a humanidade: que todos reconheçam o Pai (nome), que seuReino de justiça se realize (Reino), trazendo para o mundo a vida queDeus quer para todos (vontade). Os três últimos são pela comunidade:que Deus conceda o (necessário e suficiente para ela viver (pão), queDeus a perdoe assim como ela perdoa seus inimigos (perdão), e que o Painão permita que a comunidade sucumba às tentações da injustiça(tentação). (Se a comunidade não perdoar, ela deixará de ser otestemunho do amor do Pai.

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3. O jejum

Jejuar (6,16-18) é privar-se de alguma coisa que julgamos muito importante, e depois descobrir que essa coisa não é tão importante assim. No jejum podemos perceber horizontes novos para a nossa vida, e principalmente o que é essencial e fundamental para a vida humana.

A ESCOLHA FUNDAMENTAL(Mateus 6,19-34)

Primeira escolha: ou Deus ou o dinheiro

Mas qual é esse tesouro? A maior tentação é a de identificá-lo com o dinheiro. Quem temdinheiro pensa que tudo está resolvido, e que poderá safar-se de qualquer necessidade ouproblema, comprando tudo e todos. Grande ilusão. O dinheiro acumulado multiplica osproblemas, e os ladrões (os que foram roubados antes) e os ambiciosos (que caem namesma ilusão) não deixam o rico em paz.Isso para não falar das graves conseqüências que a riqueza produz: riqueza de uns à custada miséria da maioria. Situação insustentável.

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Segunda escolha: ou a justiça ou as preocupações

Ao desespero dos pobres o Evangelho contrapõe os pássaros eos lírios. Os pássaros não se preocupam nem se angustiam. Oslírios se vestem melhor do que o rei Salomão, o mais rico epoderoso rei de Israel. Por quê? Primeiro, porque um pássaro éum pássaro. Nada mais e nada menos. Um lírio é um lírio. Nadamais e nada menos.Ambos são o que são, graças a Deus e à sua providência, queproporciona a ambos serem o que são e terem tudo o quenecessitam para isso. E aqui vem o contraste: o ser humano émuito mais que um pássaro e um lírio. Ria portanto, ser umescândalo de beleza e felicidade.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 62

Pássaro é pássaro. Lírio é lírio. E o ser humano deve serrealmente humano, isto é, feito à imagem e semelhança deDeus. Quando ele descobrir que o Reino da justiça é o queele e Deus desejam, então aprenderá que pode confiarinteiramente em Deus e no seu projeto. Não se preocuparámais com o dia de amanhã, porque o amanhã será muitomelhor se tivermos lutado hoje pela justiça que Deus quer, enós todos também.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 63

JUSTIÇA NÃO É TEORIA, MAS PRÁTICA(Mateus 7)

Dois pontos fundamentais:A regra suprema da justiça, e a necessidade departir para a prática.

A regra de ouro

Qual o critério para praticar a justiça? O v.12 dá a chave: "Tudo oque vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocêstambém a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas". Lei eProfetas eram o modo de se referir ao Antigo Testamento. Jesus oresume inteiro nessa curta frase que apela para a consciência decada um. Por onde começar? Por si próprio .

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 64

Assim, o apelo para a promoção da justiça vem de dentro de cadaum.Ao redor desse tema fundamental, temos vários conselhos.agrupados nos vv. 1-20:

1. Não, julguem! (vv. 1-5). Seremos julgados da mesmaforma com que julgamos os outros. Por isso é melhor: não julgar. Só Deus, que tudo vê e sabe, pode julgar.

2. Saibam discernir (v. 6).

3. Confiem no Pai (vv. 7-11).

4. Não se iludam (vv. 13-14).

5. Cuidado com os aproveitadores (vv. 15-20).

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 65

Justiça é prática, e não teoria

Não adianta ficar só rezando com palavras, confortavelmenteprotegidos dentro de quatro paredes. ou usando o nome deDeus e de Jesus para remendar situações revocadas pelainjustiça. Deus não quer isso. Ele quer que a nossa oração levea prática da justiça ou melhorainda, quer que aprendamos a rezar através da ação quetransforma a realidade, criando o Reino da justiça que Deusquer.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 66

As duas parábolas finais (7,24-27) voltam de novo ao temafundamental: é preciso ouvir e depois colocar em prática. Nãoadianta ouvir falar da justiça. E preciso realizar a ação prática, quetransforma concretamente a ,realidade.

Ouvindo tudo isso, o povo fica admirado (7,28-29)! Jesus temautoridade. Qual? A de falar a partir do que ele faz. Os doutoresda Lei sabiam de tudo, mas não faziam nada. Jesus primeiro vive epratica, e só depois explica e ensina. O verdadeiro anúncio nasceda ação prática que a comunidade realiza.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 67

A JUSTIÇA LIBERTAOS OPRIMIDOS

(Mateus 8,1-9,34)

Somos tentados a ver os milagres de Jesus como fatos isolados eextraordinários, que só ele podia fazer, porque era o Filho deDeus. Ora, também somos filhos de Deus, e devemos fazer osmesmos milagres, pois somos chamados a realizar a justiça queele realizou. Os milagres são modelos da ação que todo discípuloé chamado a realizar.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 68

Justiça é servir à libertação

Mt 8,7 explica o que está por trás da ação de Jesus: "ele tomouas nossas enfermidades e carregou (= tirou) as nossas doenças".Trata -se de uma citação do profeta Isaías (53,4). O profetafalava do Servo de Javé, que iria libertar o povo de tudo aquiloque o escravizava e oprimia. Jesus é esse servo, e sua açãoliberta das enfermidades e doenças.Quais? Tudo aquilo que impede as pessoas de serem livres eterem uma vida digna, como Deus quer.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 69

As dimensões da ação libertadora estão no tipo das í coisas que Jesus faz:o leproso era um marginalizado. Quais são os marginalizados de hoje? Oparalítico dependia dos outros, não podia agir por si mesmo. O que é queparalisa as pessoas hoje? A febre e a hemorragia eram doenças queenfraqueciam e prostravam as pessoas. O que é que enfraquece eprostra o povo hoje? Os demônios alienavam as pessoas. E hoje, o que éque aliena o povo? O pecado também paralisa a pessoa e não a deixacaminhar por si mesma. O que é que nos paralisa hoje? Quais os pecadosque não nos deixam caminhar? A morte prematura vai contra o projetode Deus, que quer a vida. O que é que compromete a vida do povo e ofaz morrer antes do tempo? A cegueira impede de ver a realidade. Quemé que nos tapa os olhos hoje, para não vermos as injustiças que secometem? A mudez impede o homem de falar e se comunicar, dizendo asua palavra para construir a sociedade e a história. Quem é que tapa aboca do povo, imedindo- o de participar na construção da vida humana?

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 70

A justiça não conhece fronteiras

Atendendo ao pedido de um pagão (8,5-13) e agindo em terraestrangeira Jesus mostra que a justiça do Reino não se restringeao quintal do povo de Israel. Todos são filhos de Deus e Deusquer liberdade e vida para todos. Os israelitas daquele tempoviviam pensando na sua libertação e na sua vida. Jesus acabacom esse nacionalismo, e ultrapassa todas as fronteiras, paralibertar a todos os que necessitam de libertação

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 71

A justiça não conhece preconceitos.

A Lei proibia a um leproso aproximar-se dos outros, e também quealguém o tocasse. Também proibia tocar ou ser tocado por umamulher menstruada ou com corrimento. E ainda de comer com ospecadores e gente de má fama. O risco era ficar impuro e, portanto,ficar separado de Deus. Ora, Jesus faz tudo isso, e ele é o "Deusconosco". Mostra-nos assim que devemos jogar os preconceitos, eos preconceitos religiosos principalmente, no lixo. Justiça não é ficar"em paz" entre os "puros", mas ir até os doentes e colaborar paralibertá-los, curá-los e regenerá-los, se eles de fato desejarem isso.Lei que impede a liberdade e a vida não vem de Deus, mas da nossapequenez.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 72

A justiça traz a nova aliança

A justiça provoca uma grande festa na casa de Mateus, o pecador,e muitos outros como ele se acotovelavam aí, ao redor de Jesus(9,9-17). Os fariseus, que se consideravam perfeitos, ficamescandalizados. Jesus explica: "quem precisa de médico é odoente, e não os que estão bem de saúde". Ironia pura. Osfariseus tinham que ser curados do seu orgulho. E os discípulos deJoão Batista, muito severos, também se escandalizam. Jesusexplica: "como fazer jejum em festa de l<1Samento"?Sim, a libertação traz grande festa, e só não participa dela quemnão se alegra pelo fato de o povo se libertar para uma vida nova. Éo tempo da nova aliança, da nova ligação de Deus com ahumanidade, ligação que lhe traz vida nova, em todos os sentidos.Quem é que não quer isso?

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 73

A MISSÃO PRECISADE TRABALHADORES(Mateus 9,35-10,15)

A atividade libertadora

Jesus continua sua prática, e três coisas são importantes:o ensinamento (Jesus ensina a ler a Bíblia na perspectivada justiça), o anúncio (o Reino é a boa notícia de que alibertação vem pela prática da justiça) e a cura (a justiça libertade tudo o que diminui ou impede a liberdade e a vida) (9,35-38).

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 74

Jesus olha as multidões abandonadas e sofridas e sentecompaixão. Palavra Importante, porque nela está a raiz damissão: compaixão significa sofrer junto, sentir em si mesmo asdores e os problemas do povo. Quando sentimos dor, temos quefazer ai a coisa para resolvê-la. Jesus sentiu isso, e espera que nóssintamos também.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 75

Doze que começam um novo povo

Jesus chama os que o acompanham mais de perto e compartilhamas suas preocupações (10,1-4). Não é possívelser amigo de alguém e não participar da vida e idéias dessealguém. E o grupo de Jesus já aumentou. Ele havia começado otrabalho com quatro pessoas (4,18-22). Agora já são doze.Conhecemos pouco e cada um deles, assim como conhecemospouco as pessoas que hoje trabalham no projeto de Jesus, que é oprojeto do Pai. O importante é o número doze. O ovo de Deus eraformado por doze tribos: Para libertar o povo de Deus que gemedebaixo da injustiça é preciso que todo o povo lute pela justiça.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 76

A missão é continuar o que Jesus começou.

CONSEQÜÊNCIAS DA MISSÃO (Mateus 10,16-11,1)

Ovelhas no meio de lobos

A situação daqueles que se comprometem com o anúncio e aprática da justiça é crucial (10,16-25). Com sua palavra e ação elesirão atingir o coração da sociedade injusta, e esta, ameaçada nassuas bases, irá reagir e não medirá esforços para acabar com essa"subversão da ordem". Os seguidores de Jesus, como ele próprio,serão considerados inimigos e bandidos. Serão perseguidos, presos,torturados, levados a julgamento, condenados e, quem sabe,mortos.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 77

O discípulo deve estar bem atento: o seu compromissofundamental foi com Jesus, com a palavra e a ação dele. Se for fiela esse compromisso, Jesus também será fiel a ele, e o apresentaráao seu Pai. Ai, porém, do discípulo que renega a causa de Jesus!Jesus também o renegará ao Pai. Apior coisa é ter conhecido averdade e depois traí-la. Essa culpa jamais nos deixará dormir.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 78

JESUS É: MESMO O MESSIAS?(Mateus 11)

Capítulo 11 de Mateus funciona como revisão do queaconteceu até agora neste evangelho. O povo daquele tempo,como nós hoje, esperava pelo Messias libertador. Jesus chegou,começou a falar e a agir, mostrando que o seu compromisso eracom o Reino de Deus e com a justiça que faz esse Reino setornar presente e concreto na vida do povo. Será que ele émesmo o Messias?

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 79

Até o anunciador duvida

João Batista estava preso (ver 4,12) por enfrentar violentamenteos poderosos (ver 14,1-5). Ele havia anunciado a chegada doMessias que iria julgar e condenarviolentamente toda a injustiça, mas Jesus se apresentarahumildemente para o batismo de conversão (veja 3,13-15). Joãoesperava alguém forte, e Jesus parece fraco. Então manda seusdiscípulos perguntar: "Você é mesmo o Messias, ou devemosesperar um outro?" ( 11,7- 15). Essa pergunta pode ser tambéma nossa: Será que Jesus traz de fato a solução para todos osnossos problema.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 80

A resposta de Jesus aponta não para a suapessoa mas para o que ele faz: o povocomeça a enxergar, a andar, a ficar limpo desua marginalização a ouvir e importante, ospobres recebem a notícia da sua libertação.Tudo o que os profetas anunciavam para otempo do Messias.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 81

Por que João e Jesus não são aceitos?

João era severo e violento. Exigia arrependimento, conversãoe mudança de vida. Jesus é manso e cheio de compaixão, eliberta o povo do sofrimento e dos problemas. Mas há genteque não gosta nem de um nem do outro (11,16-19). Comoentender? Jesus compara essas pessoas com criançascaprichosas que emburram e não querem participar nem dobrinquedo de festa, nem do brinquedo de velório. No fundo,essas pessoas não querem mudar, ou melhor, não queremreconhecer que estão erradas e precisammudar. Então partem para a difamação: "João? Ora, ele é umlouco!. .. Jesus? Ora, ele é um boa-vida!. .."

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 82

Quem pode entender o que Jesus faz?

Jesus começa a criticar as cidades: Corazin,Betsaida, Cafarnaum ... (11,2-24) Por quê?Porque nelas estavam os poderes,principalmente os poderes intelectuais,concentrados sobretudo nas sinagogas, onde opovo entrava para ouvir a Palavra de Deus.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 83

Só os pobres compreendem o projeto de Deus

Mateus 11,25-30 é um dos pontos mais altos doevangelho. Jesus louva o Pai porque ele revela o seuprojeto aos pobres e os esconde aos "sábios","inteligentes" e “poderosos".

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 84

JESUS AGE POR DEUSOU PELO DEMÔNIO?

(Mateus 12)

O amor está acima da Lei

A maior observância para os judeus era a lei do sábado (12,1-6).No entanto, Jesus não só a viola, mas permite que os seusdiscípulos a violem. Era proibido pela Lei fazer qualquer trabalhono dia de sábado. Quando a lei foi criada, ela servia às pessoas,assegurando seu direito ao descanso.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 85

Contudo, com o tempo ela se tomou não maisdireito, mas obrigação. Colhendo espigas paracomer, os discípulos estavam fazendo o que eraproibido. Proibido matar a fome? Curando umhomem com a mão paralisada, Jesus estavaviolando a lei. Mas que lei é essa, que impede deconservar a vida e libertar para a ação?

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 86

Os fariseus, que se julgavam santos, serviam -se da Lei paraoprimir as pessoas, enchendo-as de culpa. Jesus é diferente.Mostra que a Vida está muito acima da Lei, e que esta só temsentido quando está a serviço da Vida. O Templo pode ser violadoquando a vida humana está em necessidade. A lei do sábado podeser violada quando a propriedade está em perigo (uma ovelha).Ora, a vida humana, com suas necessidades e problemas, estámuito acima de um edifício e de uma propriedade! (12,9-14).Deus ama a vida humana, e não quer que ela seja sacrificada, nemque seja em nome do seu culto. A alegria de Deus é queestejamos vivos e felizes. O resto é para servir a isso, e se nãoservir para isso, não serve para nada. Deus quer-liberdade e vida,e está contra todo tipo de escravidão e morte. Devemosdesconfiar de tudo o que não serve à liberdade e à vida. Isso nãovem de Deus, mas do demônio.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 87

Deus quer misericórdia

Jesus age por Deus ou pelo demônio?

Depois que Jesus curou o homem com a mão atrofiada, os fariseus, que seconsideravam santos e perfeitos, "saíram e fizeram um plano para matarJesus". Por quê? Porque eles iriam perder prestígio: defendiam a Lei e aimpunham a todo custo, para oprimir o povo, mantendo-o sempre culpado,sempre aquém das exigências que elesmesmos fabricavam. Jesus é perigoso para aqueles que conseguem uma boasituação às custas da miséria do povo.

Jesus é o .Emanuel, o "Deus conosco", aquele que põe em ação o projeto deDeus libertando e dando vida ao povo. Dizer que ele faz isso por obra dodemônio é entortar tu o, chamando o bem de mal e o mal de bem.

14/1/2014 21:35 Pe. Wellington G. Souza 88

A fé não pede sinais

Agora vêm os doutores da Lei, ouescribas, os intelectuais daquele tempo,em socorro dos fariseus, os "perfeitos”(12,38-45). Pedem a Jesus um sinal deque ele é o enviado de Deus.