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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Como lidar com a Hiperatividade?
Vanesa Antunes da Costa Araujo
Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves D. Sc
Rio de Janeiro, 28 de Julho de 2007.
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Como lidar com a Hiperatividade?
Objetivos: Monografia apresentada à disciplina de orientação e metodologia da pesquisa científica como parte dos requisitos básicos para a conclusão do curso de pós-graduação em Psicopedagogia.
Vanesa Antunes da Costa Araujo
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha
prima Kathleen, por me dar inspiração
para pesquisar.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre iluminando minha vida.
A minha mãe, Sandra, por estar sempre pronta a ajudar-me e
proteger-me em todos os momentos de minha vida.
A minha irmã Valesca, pelo companherismo.
A minha madrinha, Kátia, pelo apoio constante.
A Simone Ferreira, minha professora, por ter a virtude de ser
atenciosa e por colaborar com o meu crescimento pessoal e
profissional.
A todos os meus alunos, por me darem a oportunidade de
aprender sempre.
A todos os amigos que conquistei ao longo da minha jornada!
A história de Philip das Mãozinhas sem Paz
“Deixem-me ver se Philip é capaz
De ser um bom rapaz
Deixem-me ver se ele vai saber
Sentar-se quieto na hora de comer.”
Assim papai mandou Phil se comportar;
E muito séria mamãe parecia estar
Mas Phil das Mãozinhas sem Paz,
Não fica sentado quieto jamais
Remexe-se, o corpo, as mãozinhas
E também dá risadinhas
E então, posso declarar
Para frente e para trás põe-se a balançar,
Inclinando sua cadeira
Como se fosse um cavalinho de madeira
“Philip, não estou de brincadeira!”
Vejam como é levada, e não se cansa
Cada vez mais selvagem essa criança
Até que a cadeira cai de vez no chão
Philip grita com toda força do pulmão,
Segura-se na toalha, mas agora
Agora mesmo é que a coisa piora.
No chão cai tudo, e como cai
Copos, garfos, facas e tudo mais
Que caretas e choramingos mamãe fez
Ao ver tudo aquilo cair de uma vez!
E papai fez uma cara tão feroz!
Philip se encontra em maus lençóis...
(poema cômico publicado no jornal inglês Lancet, em 1904,
apud Hallowell e Ratey, 1999)
RESUMO
Abordamos em nossa monografia diversas formas de estudo sobre
hiperatividade. Tomamos como referência diversos autores, em alguns casos,
psicólogos e psiquiatras, que sofrem desse transtorno, e estudaram esta
temática, caracterizando este quadro desde patologia a distúrbio de
comportamento. Esse transtorno causa muitos problemas na vida do indivíduo,
caracterizados por falta de concentração, impulsividade e agressividade, que,
geralmente, o levam a baixa auto-estima. A hiperatividade pode ser associada
ou não a falta de atenção, produzindo os termos DDA e TDAH. O diagnóstico
deve ser precoce e é baseado no histórico do indivíduo, e o tratamento é dado
através de psicoterapia e medicamentos psicoestimulantes. Nosso estudo traz
também, que é fundamental que a escola e a família procurem informações
sobre a hiperatividade, para que possam lidar com o problema com mais
facilidade e auxiliar no tratamento. Essas crianças são muito criativas, e se
forem estimuladas e tratadas corretamente conseguem levar uma vida normal.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O que é hiperatividade? 12 CAPÍTULO II Diagnóstico e Tratamento da Hiperatividade 18 2.1 – O que fazer quando se descobre a hiperatividade? 20 CAPÍTULO III A Hiperatividade na Escola 26 CONCLUSÃO 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35 ÍNDICE 38 ANEXOS 39
INTRODUÇÃO
O termo Hiperatividade é muitas vezes utilizado de maneira inadequada,
designando crianças com comportamento agitado aliado a dificuldades de
concentração e aprendizagem.
Uma parcela significativa de professores não sabe identificar as
características corretas da hiperatividade, fato que dificulta a percepção e o
conseqüente trabalho destes com crianças com este tipo de distúrbio.
Pensando em todas essas questões e por ter crianças muito próximas,
na escola e na família, com este comportamento diferente, optamos pesquisar
sobre o tema, com o objetivo de desenvolver a capacidade de lidar melhor com
estas crianças, tendo mais sensibilidade para perceber suas dificuldades e
possibilidades de sancioná-las.
São crianças que parecem sempre estar em movimento, que não
conseguem ficar paradas mesmo que outras pessoas exerçam um estímulo
nesta direção. Nem mesmo os pais destas crianças conseguem fazer com que
elas fiquem quietas. São estes, ou seja, os pais que mais sofrem com o
comportamento inquieto destas crianças, são eles que passam o maior stress
psicológico. Se de um lado estão os professores, os familiares e a sociedade
de um modo geral cobrando um comportamento mais calmo e sereno dos seus
filhos, do outro lado está a criança que se mostra resistente à todos os tipos de
tentativa de mudar de atitude. Como se esta situação já não fosse suficiente,
muitas vezes os pais ainda têm que arcar com outros problemas como os
prejuízos por danos causados à terceiros pelos seus "anjinhos" em algum
acidente ou a conta do ortopedista no caso deste dano ser feito contra eles
próprios.
Esta monografia aborda um dos assuntos mais sérios e controvertidos da área educacional: O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade conforme denominado na quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana (APA). Utilizaremos as duas siglas "DDA" (Distúrbio de Déficit de Atenção) e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade ) para nos referir à este transtorno ao longo do texto.
Talvez o maior problema que ocorra em relação à DDA está no fato de
que o conhecimento sobre este transtorno seja muito pequeno na população
leiga e até mesmo nas áreas médica e psicológica. Muitas das pessoas com
DDA passam a sua vida inteira sendo acusadas injustamente de serem mal-
educadas, preguiçosas, loucas, desequilibradas, temperamentais, etc... quando
na verdade são portadoras de uma síndrome que simplesmente as fazem agir
de maneira impulsiva, desatenta e às vezes até mesmo caótica.
O desconhecimento que existe sobre DDA tem um motivo: a demora
para se reconhecer este transtorno como um problema neuropsicológico e a
controvérsia sobre se realmente o DDA pode ser reconhecido como um
transtorno por si próprio.
Neste trabalho nós reunimos informações que coletamos sobre os
diversos aspectos deste transtorno, esperando uma melhor compreensão do
que seja DDA e quais os recursos disponíveis para o seu tratamento, além de
fornecer novas alternativas para a integração do indivíduo na sociedade.
No capítulo I começaremos por uma tentativa de definição sobre a DDA
e suas características clínicas, mostrando como se manifesta, quais problemas
que causa, como o diagnóstico pode ser feito e o que sabemos sobre o
transtorno até o momento.
No capítulo II discutiremos os diversos tipos de tratamentos que existem
e como estes devem ser feitos.
Apresentaremos no capítulo III sugestões para o ensino de crianças com
DDA, defendendo a sua integração na escola normal, alertando sobre a
necessidade de conhecimento por parte dos educadores.
Para enriquecer nossa pesquisa, entrevistaremos professores de
crianças hiperativas, achando semelhanças na pesquisa de vários autores.
Esperamos que este trabalho possa criar novas hipóteses, para que o
conhecimento das famílias e educadores sobre DDA, possa crescer ainda mais
e diminuir o sofrimento daqueles que sofrem ou ainda irão sofrer com DDA.
Conseguir o que se quer é o
sucesso, mas querer o que se consegue
é a felicidade.
(autor desconhecido)
CAPÍTULO 1 O QUE É HIPERATIVIDADE?
“Então existe um nome para o que sou!...
Há um termo para isso, um diagnóstico, uma
condição real, e eu que sempre pensei que fosse
meio abobalhado.”
(depoimento de Edward M. Hallowell em seu livro Tendência à distração, 1999)
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é
caracterizado por uma constelação de problemas relacionados com falta de
atenção, hiperatividade e impulsividade. Esses problemas resultam de um
desenvolvimento inadequado e causam dificuldades na vida diária.
Crianças, adolescentes e adultos hoje diagnosticados com TDAH são
freqüentemente rotulados de “problemáticos”, “desmotivados”, “avoados”,
“malcriados”, “indisciplinados”, ou até mesmo “pouco inteligentes”. A maioria do
que se ouve sobre o assunto tem conotação negativa, devido ao fato deste
transtorno continuar sendo pouco conhecido, o que é responsável pela enorme
frustração que pais e seus filhos portadores desse distúrbio experimentam a
cada dia.
O TDAH é um distúrbio bio-psicossocial, isto é, parece haver fortes
fatores genéticos, biológicos, sociais e vivências que contribuem para a
intensidade dos problemas experimentados. Ele é causado por um mau
funcionamento da neuroquímica cerebral, provocado pela produção insuficiente
de neurotransmissores (Dopamina, Noradrenalina) em certas regiões do
cérebro (região parental posterior, sistema límbico, região frontal e sistema
reticular ascendente) – (Topczewski, 1999).
Como essas regiões são as principais reguladoras do comportamento
humano, falhas no funcionamento bioquímico nesta área levariam às
alterações encontradas no TDAH (desatenção, impulsividade e inquietação).
Outro aspecto é o forte componente hereditário do DDA. É comum a
ocorrência de DDA em várias pessoas de uma mesma família.
Em 1999, Hallowell e Ratey concluíram que
“ a predominância do DDA é maior entre
crianças adotadas do que na população em
geral; sugere-se que isso talvez se deva às
altas taxas de risco parental associadas ao
DDA, como o uso abusivo de drogas e
doença mental entre pessoas que dão seus
filhos para adoção ou têm os filhos,
removidos do lar.”
(p. 77)
Esse problema interfere na habilidade da pessoa de manter a atenção,
especialmente em tarefas repetitivas, de controlar adequadamente as emoções
e o nível de atividade, de enfrentar conseqüências consistentemente e, talvez o
mais importante, na habilidade do controle da inibição, que refere-se a
capacidade de evitar a expressão de forças poderosas que levam a agir sob o
domínio de impulso, de modo a permitir que haja tempo para o autocontrole. As
pessoas com TDAH podem até saber o que deve ser feito, mas têm a
inabilidade de poder parar e pensar antes de agir, independente do ambiente
ou da tarefa.
As pesquisas internacionais e nacionais indicam uma prevalência do
transtorno entre 3 a 6 % na população de crianças e adolescentes.
Ele ocorre independentemente de etnia, níveis de escolaridade, graus de
inteligência e condições sócio-econômicas.
No que tange ao gênero, estudos recentes sugerem que a proporção de
meninos para meninas seja 4:1 (quatro para um). Entre as meninas
predominam os sintomas de desatenção. Já entre os meninos, predominam os
sintomas de hiperatividade/impulsividade.
Muito embora os sintomas sejam aparentes na idade de três ou quatro
anos, eles se mostram mais evidentes entre os seis e os oito anos de idade,
quando as exigências relativas à atenção, na escola, excedem àquelas
impostas no lar ou na pré-escola.
Quando falamos de DDA é muito difícil separar os problemas comportamentais primários dos secundários. O indivíduo com DDA tende a exibir um comportamento irrequieto que faz com que as pessoas à sua volta o tratem de uma forma diferenciada. Na maioria das vezes esta diferenciação é negativa, se manifestando através da exclusão social do indivíduo por causa da sua inabilidade de se manter quieto, de praticar esportes ou a sua tendência de quebrar coisas.
“A criança constrói seu mundo psíquico e se
relaciona afetivamente com as pessoas próximas, por
meio do amor que a ela é dedicado. A forma pela qual
é cuidada, em termos de maternidade e paternidade,
influencia, sem dúvida, na maneira como ela se sente
em relação a si mesmo e como será capaz de ajustar-
se à vida que se espera dela e para ela.”
(Genes, 2002)
Muitas vezes o indivíduo com DDA têm a tendência de se sentir
excluído, devido ao seu comportamento. Este tipo de exclusão vai levar o
indivíduo a desenvolver problemas psicológicos que podem seguir duas
direções opostas dependendo da estrutura pessoal deste: a introversão ou o
comportamento anti-social.
A introversão ocorre quando o indivíduo resolve se submeter as regras
que lhe são impostas, escondendo o seu verdadeiro comportamento, se
separando das relações sociais por ser achar demasiadamente incompetente
para tal e muitas vezes acaba entrando em depressão por sentir que não é
aceito pelo seu jeito de ser.
O comportamento exibicionista pode aparecer quando o indivíduo
mostra a sua ira através de agressividade. Este tipo de comportamento tende a
ser o principal motivo pelo qual os pais acabam levando a criança para uma
consulta com um especialista de saúde mental.
Não são raros também os casos de comportamentos anti-sociais ligados
ao DDA como vício em drogas (causados pela vontade de resolver o
problema), alcoolismo, destrutividade, agressões sexuais, etc... Este tipo de
comportamento tende a ocorrer quando o DDA não é diagnosticado e tratado a
tempo, pois é uma forma do paciente expressar a sua desesperança com o seu
problema. Acreditando que nada pode ser feito para resolvê-lo, ele mostra a
sua desesperança com este tipo de comportamento.
Jamais se desespere em meio às mais
sombrias aflições, pois das nuvens negras cai
água límpida e fecunda.
(provérbio chinês)
CAPÍTULO 2
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA HIPERATIVIDADE As características desse transtorno aparecem bem cedo para a maioria
das pessoas, logo na primeira infância, e alguns relatos realizados por mães,
mostram que a criança mexia-se muito desde o período da gravidez. Com o
diagnóstico precoce e o tratamento adequado podemos reduzir drasticamente
os conflitos das crianças com TDAH (Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade).
Os principais sintomas desse transtorno muitas vezes são
confundidos com outros distúrbios psicológicos ou até mesmo com o jeito de
ser, por isso o diagnóstico pede uma avaliação ampla e multidisciplinar,
composta por médicos, psicólogos e pedagogos, unindo informações colhidas
junto aos pais e professores.
Hallowell e Ratey (1999), definiram que há um conjunto lógico de etapas
que leva ao diagnóstico do DDA.
“A chave para isso é a história, a própria recapitulação feita pela pessoa, de sua vida, confirmada e
ampliada (principalmente quando se diagnostica o DDA em uma criança) pelas observações de
pessoas próximas: pais, cônjuge, professor, irmãos, amigos. Não há nenhum exame definitivo para o
DDA, nenhum exame de sangue, leitura de eletroencefalograma, tomografia computadorizada,
tomografia por pósitron, raios X, achado neurológico patognomônico ou contagem de pontos em teste
psicológico. É importante sublinhar este ponto: o diagnóstico de DDA se baseia antes de tudo na
história do indivíduo.” (p. 235)
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-IV), para se chegar a um diagnóstico correto, é
necessário que a criança tenha apresentado pelo menos seis dos sintomas de
desatenção, hiperatividade ou impulsividade por pelo menos seis meses, em
dois ambientes diferentes (casa, escola) e antes dos sete anos de idade.
Os critérios diagnósticos são:
♦ Desatenção
♦ Falta de atenção em detalhes ou erro por descuido
♦ Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou jogos
♦ Desatenção quando lhe dirigem a palavra diretamente
♦ Não segue instruções e falha em terminar os deveres da escola, tarefas
rotineiras ou de trabalho.
♦ Dificuldade em organizar tarefas e atividades
♦ Relutância ou desgosto em desenvolver tarefas que exijam esforço mental
constante, como trabalhos escolares e lições de casa.
♦ Facilidade em perder objetos necessários para tarefas escolares ou
atividades (material escolar, brinquedos)
♦ Distração
♦ Esquecimento de atividades diárias
♦ Hiperatividade ou impulsividade
♦ Inquietação: mexe-se na cadeira, balança os pés, movimenta as mãos,
levanta-se da cadeira com freqüência na sala de aula ou em outras
situações em que se esperaria que permanecesse sentada
♦ Corre ou pula excessivamente em situações inapropriadas
♦ Dificuldade em participar de jogos ou atividades de lazer em silêncio
♦ Parece estar sempre a “mil por hora” ou a “todo vapor”
♦ Fala incessante e intrometimento em conversas alheias
♦ Costuma interromper conversas e não espera que terminem frases para
respondê-las
♦ Não sabe esperar sua vez nos jogos, brincadeiras e nas filas
♦ Interrompe assuntos e faz perguntas antes da hora
A partir desses critérios, três subtipos do distúrbio podem ser identificados: o tipo predominantemente desatento, o tipo predominantemente hiperativo-impulsivo, e o tipo combinado, que apresenta igualmente os dois tipos de sintomas (Sobrinho e Cunha, 1999).
2.1 - O que fazer quando se descobre a hiperatividade?
“A esperança começa com o diagnóstico.
Mais do que acontece com a maioria dos
distúrbios, o simples fato de diagnosticar o DDA
exerce um poderoso efeito terapêutico. Os muros
de anos de incompreensão começam a desabar
sob a força de uma explanação lúcida da causa
dos problemas do indivíduo. Enquanto no caso
de outras condições médicas, o diagnóstico
determina a direção do tratamento, no caso do
DDA o diagnóstico é, em grande parte, o
tratamento, pois proporciona por si só um
grande alívio. (...) Tudo o mais no tratamento
evolui de forma lógica a partir do entendimento
do diagnóstico.”
(Hallowell e Ratey, 1999)
Um segundo passo é nos informarmos melhor sobre o DDA. No caso de
crianças, pais e professores devem aprender o máximo possível a respeito da
condição. A medida que as pessoas envolvidas se informam, torna-se mais
fácil a relação com a pessoa portadora de distúrbio.
Devemos apresentar ao paciente o seu problema. A criança é capaz de
compreendê-lo, se tudo lhe for exposto com um vocabulário apropriado.
Devemos tomar essa atitude para que a própria criança tenha responsabilidade
com a sua medicação. Caso contrário, haverá a possibilidade dos mesmos não
serem ingeridos devido a recusa do tratamento.
O tratamento deve ser multidisciplinar, enfocando as áreas cognitiva,
emocional, pedagógica e social (Genes, 2002).
Observamos que na maioria dos casos são usados medicamentos
estimulantes, ou seja, psicoestimulantes (Topczewski, 1999), que agem nos
neurotransmissores, ativando ou desativando o sistema nervoso central,
ajudando o paciente a concentrar-se ou fixar a atenção de uma maneira mais
integral do que antes, podendo também nivelar os humores (Hallowell e Ratey,
1999).
A Ritalina, nome comercial da droga metilfenidato, um dos remédios mais
usados, é alvo de polêmica entre médicos, isso porque nem todos concordam
com o uso do medicamento, pois acreditam que a hiperatividade seja um
quadro transitório, que se resolve apenas com psicoterapia.
“Há quem imagine que, pelo fato de não serem
encontradas alterações no exame neurológico
convencional ou no eletroencefalograma, estes
pacientes não necessitam de tratamento com
medicamentos.”
(Topczewski, 1999)
Sobrinho e Cunha (1999), no livro Dos Problemas Disciplinares de
Conduta: práticas e reflexões, completam afirmando que
“Psicoestimulantes e antidepressivos têm
sido os tratamentos tradicionalmente usados para reduzir
a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade que
acompanham os déficits de atenção. Dada a natureza
comportamental desses sintomas, o tratamento
medicamentoso não é uma idéia implícita na conclusão
diagnóstica. Aceitá-lo ou não é quase sempre uma decisão
difícil para os pais. Uma das razões subjacentes a esses
receios e preconceitos parece estar no fato de se tratar, na
grande maioria das vezes, de crianças sem problemas
médicos evidentes que possam justificar o uso de
medicação, e por se tratar de drogas controladas, de uso
infreqüente na clínica pediátrica.”
(pág. 76)
Em 1999, Topczewski afirma que todos os pacientes apresentam
benefícios com tratamento, melhorando a hiperatividade e o nível de atenção e
concentração, proporcionando resultados positivos no aprendizado, em
conseqüência, facilitando a aceitação da criança pelos colegas, professores e
no ambiente familiar.
O autor ressalta ainda a importância das terapias psicológica,
fonoaudiológica e psicopedagógica, associadas ao uso do medicamento, pois
as defasagens que o paciente apresenta, conseqüentes às dificuldades
pregressas, devem ser abordadas por outros especialistas. E associa o uso do
psicoestimulante ao de um analgésico, pois pode aliviar a dor, mas não é um
tratamento curativo.
“O medicamento estimulante apresenta uma ação
efetiva na hiperatividade, na capacidade de concentração e
no grau de atenção.”
(pág. 82)
A média do tempo de duração do tratamento com medicamentos fica em
torno de 18 e 24 meses, mas pode se estender até 36 meses até que seja
considerado que o paciente esteja em condição ideal, e o medicamento vai
sendo suspenso de modo lento e progressivo.
Devemos considerar que a retirada do medicamento está relacionada à
melhoria do quadro geral, seja escolar, familiar e social.
Um artigo do periódico Educação (abril 1999), traz o depoimento do
psicoterapeuta e psiquiatra Luiz Cushnir: “Todas as linhas de tratamento
dinâmicas, que não restrinjam ao verbal, são mais indicadas.”
Nesse mesmo artigo é ressaltado que as terapias entram em cena para
ajudar a criança a se autovalorizar e encontrar alternativas para se adaptarem
socialmente. Cita ainda a ludoterapia (terapia à partir de jogos e brincadeiras),
como sendo recomendada para crianças pequenas.
O terapeuta deverá também ter conhecimento sobre a hiperatividade
para poder conduzir a terapia de maneira que o paciente se sinta confortável e
seguro. O vínculo de confiança também é muito importante, porque em alguns
casos o terapeuta acaba se tornando a única esperança que uma pessoa
hiperativa tem de ser compreendida e a última ponte de ligação com a
sociedade.
CAPÍTULO 3
A HIPERATIVIDADE NA ESCOLA
Uma história...
Zezinho foi um bebê chorão e que dormia pouco. Aos seus
pais sempre diziam que era uma fase, um problema transitório da idade e
Onde há vontade, há um caminho.
(ditado americano)
que com o tempo se resolveria. De fato, Zezinho cresceu, melhorou, mas
tornou-se uma criança muito agitada, “parecida com o pai e com o tio”,
diziam as avós. Sua mãe já estava ficando esgotada. Como todos diziam
que lugar de criança era junto com outras crianças, Zezinho foi
matriculado na escola. Iniciaram-se as reclamações escolares. A
professora dizia que o Zezinho não ficava quieto, não prestava atenção
nas brincadeiras e se dispersava com muita facilidade; não conseguia
participar das brincadeiras com os coleguinhas, não aceitava as regras
dos jogos, sempre querendo impor as suas, era mandão e solicitava a
atenção da professora todo o tempo, como se fosse o único. Em casa,
não ficava sentado à mesa nem por poucos minutos durante as refeições;
diante da TV, nem mesmo seus programas preferidos prendiam a sua
atenção. A mãe comentava que o menino cansava até o cachorro, que se
escondia quando ele chegava em casa. A orientadora da escola sugeriu
aos pais que procurassem uma psicóloga. Iniciaram-se então as sessões
de psicoterapia com a criança, por acreditarem que o problema poderia
ser emocional. O tempo passou e os resultados foram desanimadores,
pois Zezinho mal se concentrava nas atividades propostas, o que
dificultava o trabalho da terapeuta. Foi através da solicitação da terapeuta
e com a indicação do pediatra que os pais procuraram um neurologista
infantil, para uma avaliação. Disseram ao neuropediatra terem lido nos
jornais e assistido pela TV descrições de casos semelhantes ao do filho, e
que para isso existiam medicamentos que poderiam melhorar seu
comportamento. Vieram, então, para saber mais detalhes a respeito.
Histórias como essa são muito freqüentes, e quadros caracterizados
pela hiperatividade e o distúrbio de atenção são comuns na infância e na
adolescência (Topczewski, 1999).
Considerando as questões motivadoras desse trabalho iniciaremos este
capítulo ressaltando o papel da escola:
“A escola, desde o século XIX, tornou-se uma
atividade obrigatória, e, desde então, a escolaridade
passou a ter um papel fundamental para a ascensão social.
A partir deste período, as dificuldades escolares e os seus
fracassos passaram a ser considerados como um
problema importante ou até mesmo uma doença. Várias
são as causas determinantes do fracasso escolar, e a
hiperatividade é uma delas. Sabemos que a população de
hiperatividade é grande e parte dela apresenta dificuldade
para a adaptação escolar, social e familiar. Uma reflexão é
necessária sobre os efeitos da hiperatividade e quais as
repercussões no futuro imediato e a longo prazo,
considerando-se a inadaptação social e profissional.
(Topczewski, 1999)
Como vimos no capítulo anterior, os professores devem estar sempre
atualizando seus conhecimentos sobre o DDA, pois é a escola, antes mesmo
dos pais, que percebe que algo está errado. Além de perceber o
comportamento no aluno, a escola é menos permissiva do que a família, que
acaba por absorver o comportamento da criança e funciona em torno dele.
Em 1985, Sucupira explica o comportamento da criança
hiperativa na escola e a postura que os professores geralmente têm
diante do fato.
“... Trata-se daquela criança que “não pára quieta”,
perturba a classe porque se levanta, mexe com os colegas,
não consegue terminar as tarefas, é distraída e
freqüentemente uma criança agressiva. Por ser uma
criança difícil, que traz problemas para a classe e não
consegue aprender, é comum os professores chamarem os
pais e indicarem a necessidade de procurar o pediatra,
neurologista ou psicólogo, para que seja feito um
eletroencefalograma. Tenta-se encontrar uma alteração
neurológica que explique os distúrbios do
comportamento...”
(pág. 32)
Como vimos na citação de Sucupira, este tipo de comportamento
prejudica o relacionamento da criança com hiperatividade com todos da escola,
colegas, professores e funcionários.
A gerência do DDA em sala de aula é uma área importante no
tratamento da criança. Para que essas crianças possam avançar, o professor
precisa compreender bem o que é o DDA, para que tenha resultados
significativos no seu trabalho. A experiência vivida na sala de aula pode
construir ou destruir o embasamento intelectual das crianças com DDA e a
auto-estima, que é um grande agravante na vida destas, que de tanto ouvirem
em casa e na escola que são “bagunceiros”, “desorganizados” e “inquietos”,
geralmente começam a ter uma baixo auto-estima, que deve ser trabalhada
nas terapias.
Como vimos acima, a hiperatividade tem grande relação com a
aprendizagem. Em 2002, Topczewski, no livro Aprendizado e suas
desabilidades – Como lidar ?, define a aprendizagem.
“É a capacidade e a possibilidade que as pessoas
têm para perceber, conhecer, compreender e reter na
memória as informações obtidas. É este o cortejo que leva
à ampliação e ao enriquecimento das experiências
anteriormente vividas; trata-se de um processo complexo
que possibilita a criação e o desenvolvimento de novos
conhecimentos. É por meio do aprendizado que se
modifica o comportamento intelectual e social dos
indivíduos. Portanto, o aprendizado é um processo
fundamental na vida do ser humano.”
(pág. 17)
As crianças hiperativas apresentam dificuldades no aprendizado, em
muitos casos, devido à falta de atenção e concentração, que dificultam a
assimilação dos conceitos apresentados pela professora, tendo um resultado
final, aquém do esperado. Muitas vezes elas terminam as tarefas rapidamente,
às vezes até de maneira inadequada, sobrando tempo disponível para
atrapalhar os colegas, interferindo na dinâmica das aulas e comprometendo
assim seu rendimento escolar.
A criança hiperativa tem grandes dificuldades de trabalhar em grupo,
pois interfere de modo inoportuno e extemporâneo, prejudicando o rendimento
dos outros alunos. Nestas circunstâncias é rejeitada pelos colegas tanto para
os trabalhos em conjunto como para as brincadeiras. A interferência da
professora, que chama atenção do aluno, com o objetivo de manter a
organização da sala de aula, provoca uma reação agressiva por parte deste,
além de acentuar a hiperatividade (Topczewski, 1999).
O autor considera ainda, que a punição não é o caminho mais adequado
para se lidar com a criança hiperativa. Em determinadas ocasiões a criança
hiperativa não consegue acatar ordens, manter-se concentrada e atenciosa,
mesmo que deseje isso, muitas vezes sofrendo punições e não conseguindo
entender o porquê.
Devido a grande dificuldade que os professores têm em lidar com a
criança hiperativa na sala de aula, citaremos alguns aspectos importantes
dessa relação.
A criança com TDAH não deve ser vista como uma criança problema e
sim como uma criança que tem um problema e é de extrema importância que
tanto a instituição quanto o professor busquem informações sobre o que é
TDAH e qual seu papel enquanto educadores.
Desde o início das aulas, é importante que seja apresentado um sistema
de regras, ou uma espécie de contrato, devido às dificuldades que a criança
com TDAH tem para compreender e adequar seu comportamento em situações
diferentes, garantindo a ela antever as possíveis conseqüências de seus atos.
A criança precisa da ajuda permanente do professor para se organizar.
Ele deve colocá-la em lugar estratégico, onde possa afastar todas as
distrações possíveis, deve verificar se suas tarefas foram entendidas, dividindo-
as em unidades menos complexas, a fim de que seja terminado, dosar o tempo
dispendido em cada atividade, fazer o controle do tempo e oferecer reforço a
cada etapa concluída.
Uma outra maneira de ajudar na organização dessa criança é fazer com
que a rotina da classe seja clara e previsível, pois mudanças de rotina são
difíceis de serem ajustadas por crianças com TDAH.
É fundamental que o professor seja capaz de promover situações de
aproximação e socialização entre a criança e a turma, desenvolver a
sensibilidade, a empatia e o respeito aos valores do grupo, dar o retorno
positivo sempre que a criança atingir o objetivo determinado e aumentar os
canais de comunicação com a turma, a criatividade e a auto-estima do aluno,
numa relação de respeito e afetividade.
O professor deve permitir movimento em sala de aula, pedindo que a
criança pegue algum material, apague o quadro ou recolha trabalhos, como um
ajudante da turma. Assim ele pode sair da sala quando estiver mais agitado e
recuperar o autocontrole.
Vimos nas entrevistas feitas com professores de crianças com
hiperatividade (ANEXOS), que essa alternativa de dar tarefas e
responsabilidades para a criança dá muitos resultados e os próprios colegas de
turma começam a perceber a diminuição da agitação desta criança e a
solicitam para ajudar nas tarefas, já que é freqüentemente a primeira a acabar.
O professor pode criar na sala de aula um ambiente favorável, usando
artes, música e jogos, que são fatores estimulantes para a hiperatividade.
A criança hiperativa precisa de professores que lhe dêem estímulos para
desenvolver sua criatividade.
Se colocássemos uma criança hiperativa em uma sala especial, branca,
sem interferências ou estímulos senão aqueles planejados pelo professor,
estaríamos afastando a possibilidade da criança de entrar em contato com o
mudo real, composto de estímulos que ajudariam essa criança a formar
conceitos grupais, desenvolvendo o seu intelecto capacitado para interagir com
o meio.
Trabalhando desta forma, acreditamos que estaremos fazendo com que
a criança interaja melhor ao meio e evite as decepções causadas pela
desinformação alheia.
Para isto devemos nos tornar mais sensíveis com visão ampla para um
mundo dinâmico e mutável, que é o mundo infantil.
CONCLUSÃO
Com base nos estudos feitos sobre a hiperatividade, pudemos perceber
que ainda é um assunto pouco conhecido por profissionais da educação, pais e
até mesmo médicos.
Devido a essa falta de informação, que causa o atraso no diagnóstico e
no tratamento, muitas vezes o indivíduo passa anos da sua vida
constrangendo-se em diversas situações causadas por esse transtorno.
No caso da criança, a escola, geralmente, é a primeira a perceber os
sintomas da hiperatividade (falta de concentração e impulsividade), o que torna
mais fácil o diagnóstico, já que geralmente a professora, percebendo tal
comportamento inadequado, sugere que os pais procurem um tratamento
psicológico.
O diagnóstico é dado através do histórico da criança. Não há exames
que comprovem definitivamente a hiperatividade, o que dificulta o entendimento
dos pais sobre esse transtorno, já que não há comprovação clínica do
problema.
Dado esse diagnóstico, o tratamento é iniciado através da psicoterapia,
com a finalidade de auxiliar a criança a controlar melhor a impulsividade e a
ansiedade, além de um importante trabalho com a auto-estima, que costuma
ser baixa em crianças com hiperatividade.
Em muitos casos, são usados medicamentos psicoestimulantes
associados à psicoterapia, que atuam nos neurotransmissores do cérebro. O
remédio funciona como um par de óculos para quem é míope, ajudando a
melhorar a concentração, elevando o desempenho escolar, além de diminuir a
impulsividade e a agressividade encontrada comumente nessas crianças.
Os resultados dos estudos demonstraram que o maior problema de lidar
com a hiperatividade é a desinformação. O conhecimento auxilia no
relacionamento com a criança. Vimos que alguns professores de crianças
hiperativas, que se informaram sobre o tema, apesar de em alguns casos
terem dificuldades com o sistema de ensino ou a metodologia da escola, têm
tido melhores resultados em seu trabalho, usando a criatividade e os estímulos.
As pessoas que se relacionam com a criança hiperativa, pais,
professores e psicólogos, têm um grande papel de cuidar para que esse
transtorno seja cada vez mais controlado, trabalhando com uma visão
multidisciplinar.
Finalmente, gostaríamos que esse transtorno fosse divulgado,
principalmente nas escolas, e se possível, através da mídia, para que diminua
o sofrimento que, principalmente, as crianças, mal entendidas, passam por
toda a vida, até que se diagnostique o problema.
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Comportamento da Criança In Revista Neurociências, v.16, n.3, p.106-110,
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O que é hiperatividade? 12 CAPÍTULO II Diagnóstico e Tratamento da Hiperatividade 18 2.1 – O que fazer quando se descobre a hiperatividade? 20 CAPÍTULO III A Hiperatividade na Escola 26 CONCLUSÃO 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35 ÍNDICE 38 ANEXOS 39
ANEXOS
ENTREVISTA:
Entrevistado (Nome fictício): Simone Rede de ensino que atua: Particular Faixa etária da turma: 11 anos 1) Você tem ou já teve acesso a algum material sobre hiperatividade? Qual?
Sim, li vários livros, material da internet, palestras e conversas informais com psicólogos e psiquiatra.
2) O que é hiperatividade para você?
Hiperatividade é uma doença, que ainda é dificilmente diagnosticada com antecedência, para que se trate a criança e não se tenha seqüelas.
3) Você encontra dificuldades na prática pedagógica, com crianças hiperativas?
Sim, pois as informações ainda são muito precárias e não se sabe, na
verdade, como lidar com elas.
4) Você desenvolve algum trabalho especial com crianças hiperativas? Fale sobre ele?
O trabalho é contínuo e requer muita paciência e amor, pois o hiperativo
precisa ser cobrado o tempo todo, isso dá trabalho. 5) E os resultados, como têm sido?
Proveitosos, pois a persistência e perseverança fazem com que eles melhorem muito.
6) Dê sugestões de atividades que você costuma fazer com suas crianças
hiperativas?
Faço atividades curtas, quando percebo cansaço, por parte da criança, deixo levantar, sair um pouco da sala, cobro o tempo todo os deveres e a responsabilidade, elogio todas as vezes que acerta ou faz as coisas no tempo certo, coloco sempre para ajudar em alguma tarefa, como ajudante do dia, levar recados, etc. e principalmente, procuro escutá-lo e dar bastante carinho e amor.
ENTREVISTA:
Entrevistado (Nome fictício): E.C.F. Rede de ensino que atua: Particular Faixa etária da turma: entre 4 e 5 anos 1) Você tem ou já teve acesso a algum material sobre hiperatividade? Qual?
Sim, um texto sobre hiperatividade, retirado da internet.
2) O que é hiperatividade para você?
É a mudança no comportamento e aprendizado na criança.
3) Você encontra dificuldades na prática pedagógica, com crianças hiperativas?
Sim, o aluno atrapalha o desenvolvimento da aula e não consegue terminar as tarefas.
4) Você desenvolve algum trabalho especial com crianças hiperativas? Fale
sobre ele?
Sim, tento manter sua atenção através de brinquedos. 5) E os resultados, como têm sido?
Os resultados não têm sido proveitosos.
6) Dê sugestões de atividades que você costuma fazer com suas crianças hiperativas?
Costumo trabalhar com jogos lúdicos.
ENTREVISTA:
Entrevistado (Nome fictício): T.M.F. Rede de ensino que atua: Particular Faixa etária da turma: entre 8 e 9 anos 1) Você tem ou já teve acesso a algum material sobre hiperatividade? Qual?
Sim, livros, apostilas, material colhido na internet. Infelizmente esse é um assunto “pouco” divulgado, então, não se tem muito onde colher informações e encontrar pessoas (ou melhor psicólogos), que conheçam melhor esse assunto. É muito termos acesso por conta do alto valor cobrado pelas consultas, às vezes por uma explicação.
2) O que é hiperatividade para você?
É um tipo de disfunção mental.
3) Você encontra dificuldades na prática pedagógica, com crianças hiperativas?
Sim, pois eles têm muita dificuldade de conseguirem ficar dentro de uma
sala durante quatro horas recebendo informações em cima de informações. Acho que eles deveriam ter atividades, a maioria fora da sala, mais construtivas.
4) Você desenvolve algum trabalho especial com crianças hiperativas? Fale
sobre ele?
Não. É muito difícil para um professor que trabalha com uma turma onde 80% da classe é de crianças “normais” e apenas 20% de crianças “problemas” fazer um trabalho especial com hiperativos, que ao contrário da turma não sentam, não prestam atenção e sem querer, acabam falando o que não devem e com isso, atrapalham toda a classe. Acho que com essas crianças deveria ser feito um trabalho individual e direcionado, mas infelizmente a maioria das escolas e dos profissionais que nelas trabalham não tem estrutura, tanto de espaço como psicológico, para lidar com essas “pequenas feras”. 5) E os resultados, como têm sido?
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6) Dê sugestões de atividades que você costuma fazer com suas crianças hiperativas?
Colocar a criança à frente das atividades dentro da sala, trabalhar
bastante a coordenação motora, através de danças, jogos, etc.. Isso ajuda a gastar, mesmo que um pouco, energia.
ENTREVISTA:
Entrevistado (Nome fictício): J. P.C. Rede de ensino que atua: Particular Faixa etária da turma: 6 anos 1) Você tem ou já teve acesso a algum material sobre hiperatividade? Qual?
Infelizmente não tive acesso a muitos materiais, mas pude ler sobre o assunto numa apostila cedida por uma amiga de trabalho, onde o assunto pôde ser debatido.
2) O que é hiperatividade para você?
Uma disfunção mental, que não permite que a criança tenha uma concentração necessária para realizar algumas atividades.
3) Você encontra dificuldades na prática pedagógica, com crianças
hiperativas?
Muitas dificuldades, devido a falta de esclarecimento sobre o assunto.
4) Você desenvolve algum trabalho especial com crianças hiperativas? Fale sobre ele?
As atividades realizadas em sala de aula englobam toda a turma e não
apenas os hiperativos, já que não possuo um número muito grande de crianças com este problema, portanto acredito que haja uma deficiência grande da minha parte nesse aspecto. 5) E os resultados, como têm sido?
Tenho obtido bons resultados.
6) Dê sugestões de atividades que você costuma fazer com suas crianças hiperativas?
As atividades feitas com a turma e com essas crianças são:
- Jogos (quebra-cabeça, dominó, adivinhar os objetos e os sons com os olhos vendados).
- Atividades lúdicas e rítmicas. - Explorar ao máximo o espaço oferecido pela escola para que possam
extravasar toda sua energia, para que tenham uma atenção e concentração maior nas atividades realizadas.
Observação: Não realizar as atividades apenas como uma brincadeira, mas sempre procurando obter bons resultados no aspecto escolar.
ENTREVISTA:
Entrevistado (Nome fictício): D.C Rede de ensino que atua: Particular Faixa etária da turma: entre 9 e 10 anos 1) Você tem ou já teve acesso a algum material sobre hiperatividade? Qual?
Sim, através de apostilas e informações via internet.
2) O que é hiperatividade para você?
Hiperatividade é uma alteração do comportamento, decorrente de uma disfunção cerebral. Ela pode ser observada através de algumas características específicas de comportamento.
3) Você encontra dificuldades na prática pedagógica, com crianças
hiperativas?
Sim, infelizmente a escola ainda não oferece um ambiente e o material necessários para lidar com essas crianças. Além disso, a metodologia não é apropriada para a criança hiperativa.
4) Você desenvolve algum trabalho especial com crianças hiperativas? Fale
sobre ele?
Sim, normalmente faço com que a criança hiperativa tenha algumas responsabilidades. Costumo indicá-la como ajudante, peço ajuda quando preciso de favores e o incentivo a ajudar os colegas que apresentam dificuldades com tarefas. 5) E os resultados, como têm sido?
Pude observar que a criança se sente feliz em estar cooperando e sendo útil. Consigo com isso ajudá-lo a fortificar a auto-estima. Percebi também, que a turma passou a solicitá-la quando preciso, e não vejo isso atrapalhar o andamento normal da aula.
6) Dê sugestões de atividades que você costuma fazer com suas crianças
hiperativas?
Costumo propor trabalhos em grupo, jogos e atividades lúdicas, mas infelizmente não há possibilidade de manter esse ritmo com freqüência.