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(Lev. 19:33-34) Junho 2019 Guia de oração e mobilização eclesiástica em prol dos migrantes e refugiados Como nascido entre nós

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(Lev. 19:33-34)

Junho 2019 Guia de oração e mobilização

eclesiástica em prol dos

migrantes e refugiados

Como nascido entre nós

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Este material foi traduzido para o espanhol e adaptado com autorização da Refugee Highway Partnership. Outros recursos sobre o Domingo Mundial do Refugiado podem ser encontrados em: http://www.refugeehighway.net/

Coordenação da publicação Loida Carriel Ma. Alejandra Andrade

Tradução para o espanhol Stéphanie Andrade

Diagramação

Paola Lagos

Estefanía Luna

David Lasso

Para informações sobre a campanha, entre em

contato com: Loida Carriel Espinoza Assessora Regional de Incidências da Tearfund para a América Latina e o Caribe [email protected]

Ma. Alejandra Andrade V. Assessora de Alianças Estratégicas e Teológicas da Tearfund para a América Latina e o Caribe [email protected]

Andrea Villarreal Fontalvo Chefe de Comunicações da Tearfund para a América Latina e o Caribe [email protected]

Procure-nos em nossas redes sociais:

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Introdução

Introdução

Oração de uma pessoa refugiada

Guia para a mensagem

Perguntas para o debate

Carta pastoral: Reflexão de um pastor venezuelano

Mapa de oração

Conceitos importantes

A migração é um fenômeno natural presente em todas as espécies vivas: os pássaros migram, os peixes migram, os animais da selva migram ... e os humanos também. Pode-se dizer que a história da humanidade sempre foi uma história de movimentos, misturas e intercâmbios que nos tornaram quem somos hoje.

Embora a migração sempre tenha existido, nos últimos anos temos assistido a um aumento no número de pessoas obrigadas a deixar seus locais de origem em busca de uma vida digna e segura. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), atualmente existem 68,5 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo. Vários desses milhões de pessoas estão na América Latina e no Caribe. Muitas fogem da violência, pobreza, guerras e fenômenos climáticos; outras procuram se reunir com seus entes queridos. Para milhares dessas pessoas, a migração não é uma opção; é uma questão de sobrevivência.

Devido à crise social, política, econômica e ambiental que o mundo enfrenta hoje, estima-se que, longe de diminuir, o número de pessoas que resolvem migrar crescerá nos próximos anos. No meio desse panorama, estamos testemunhando com temor e preocupação sentimentos crescentes de ódio e rejeição diante da chegada dos "novos vizinhos". Essas manifestações de xenofobia estão presentes em todos os níveis: nos governos, nas instituições públicas, na sociedade civil e até mesmo nas comunidades de fé.

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Gerente

O que a Bíblia diz sobre migração e qual deve ser a resposta daqueles que se identificam como seguidores e seguidoras de Jesus?

Em todo o texto bíblico, a migração é um evento basilar. É o prelúdio das promessas, é prova e bênção, é incerteza e confiança, é um processo de purificação. É solidariedade e dependência, é uma experiência de cuidado e proteção, é fragilidade e força, é um fato central no plano de salvação de Deus. O próprio Jesus experimentou em primeira mão a realidade de milhões de migrantes, refugiados e deslocados à força, ao nascer "no meio do caminho", sem pousada e abrigo, e tendo que fugir da ameaça de morte. De acordo com a Bíblia, Deus cuida dos estrangeiros e, consequentemente, espera que o Seu povo o faça também (Ex 23: 9). "Como nascido entre nós" é uma campanha de alcance regional baseada na convicção de que, diante da realidade de migração crescente na América Latina e no Caribe, as comunidades cristãs são chamadas a responder da maneira como o nosso Mestre nos ensinou: com um espírito de aceitação, acolhimento e amor que não conhece barreiras de nacionalidade, raça, idioma ou religião. Portanto, esta iniciativa busca fortalecer a capacidade da comunidade evangélica para atender, proteger e promover os direitos dos migrantes.

De 20 de junho de 2019 - Dia Internacional dos Refugiados - até 31 de julho de 2020, as organizações, denominações e movimentos cristãos da América Latina e do Caribe que integram esta campanha realizarão ações conjuntas a fim de:

Sensibilizar as comunidades de fé e a sociedade civil em geral em torno do problema dos migrantes e refugiados;

Mobilizar indivíduos e comunidades de fé para que tomem medidas concretas para acolher e cuidar dos migrantes e refugiados no local onde vivem;

Promover engajamento na busca dos direitos dos migrantes e refugiados;

Promover a integração entre comunidades cristãs e comunidades de migrantes e refugiados.

Queremos que você e sua comunidade façam parte deste movimento latino-americano para receber e cuidar de migrantes e refugiados. Neste livreto, você encontrará recursos que irão ajudá-lo a abordar esse problema com suas comunidades de fé: um guia de mensagens, histórias, reflexões, pedidos de oração e sugestões de liturgias. Este livreto é o primeiro de vários recursos que buscam informar, sensibilizar, treinar e mobilizar as comunidades religiosas em favor dos migrantes. Esses recursos são preparados pelas organizações que fazem parte desta campanha. Esperamos que este primeiro recurso seja útil para incentivar diálogos enriquecedores que resultem em ações que reflitam o caráter de Jesus.

Com entusiasmo e esperança,

Ma. Alejandra Andrade V. Assessora de Alianças Estratégicas e Teológicas da Tearfund para a América Latina e o Caribe

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Levíticos

Oração de um refugiado

" Quando um estrangeiro peregrinar convosco na vossa terra, não o

maltrateis. Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrinar convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos; estrangeiros

fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus."

Levítico 19:33-34

1 Em alta voz clamo ao SENHOR; elevo a minha voz ao SENHOR,

suplicando misericórdia. 2 Derramo diante dele o meu lamento;

a ele apresento a minha angústia. 3 Quando o meu espírito desanima, és tu quem conhece o caminho

que devo seguir. Na vereda por onde ando

esconderam uma armadilha contra mim. 4 Olha para a minha direita e vê; ninguém se preocupa comigo.

Não tenho abrigo seguro; ninguém se importa com a minha vida.

5 Clamo a ti, SENHOR, e digo: Tu és o meu refúgio;

és tudo o que tenho na terra dos viventes. 6 Dá atenção ao meu clamor, pois estou muito abatido;

livra-me dos que me perseguem, pois são mais fortes do que eu.

7 Liberta-me da prisão, e renderei graças ao teu nome.

Então os justos se reunirão à minha volta por causa da tua bondade para comigo.

- Salmo 142 -

Oração do Refugiado | Salmos 142 Este salmo é uma oração de Davi que reflete sua jornada como refugiado quando ele foi forçado por Saul a se abrigar em uma caverna.

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Guia para a Mensagem

Adaptado do guia de homilética de Gordon Showell-Rogers, Refugee Highway Partnership

Existem 68,5 milhões de pessoas forçadas a se deslocarem no mundo (ACNUR, junho de 2018). O Deus Vivo se preocupa com cada uma delas (99% delas nunca serão realocadas). Deus sabe quem deve se preocupar com elas e de que maneira.

O Deus Vivo provê financeiramente para os pobres e desfavorecidos (Levítico 19: 9, 23:22). Podemos ver isso na história de Rute, a estrangeira, e de Noemi, sua sogra viúva e duplamente deslocada. Também vemos isso no modo como Deus cuidou de Jesus e de sua família quando foram refugiados no Egito (Mateus 2: 13-21).

Além disso, já adulto, Jesus chorou no túmulo de seu amigo e as pessoas perceberam o quanto aquele amigo se importava (João 11: 33-36). De acordo com Mateus 25:31 e Hebreus 13: 2, o que está acontecendo vai além do que nossos olhos físicos podem ver. Quando nossos amigos da Venezuela visitaram nossa casa ou quando visitei meu amigo salvadorenho em um centro de detenção de imigrantes, vi a imagem de Deus em seus olhos (Mateus 25: 34-40). De certo modo, Jesus também está presente. Quando eu e minha família recebemos pessoas procurando abrigo em nossa casa, de algum modo misterioso, estávamos recebendo anjos (Hebreus 13: 2).

Deus mostra seu amor pelas pessoas deslocadas de diferentes maneiras, quando o seu povo se posiciona ao lado daqueles que estão desamparados e mostram seus cuidados para com viúvas e órfãos, estrangeiros e estrangeiras. Na experiência de muitos de nós, quando colocamos a hospitalidade em prática, estamos recebendo muito mais do que aquilo que damos. É melhor dar do que receber (Atos 20:35).

1. Nosso Deus maravilhosamente hospitaleiro Na história da criação (Gênesis 1-3), Deus criou um mundo perfeitamente belo e convidou o homem e a mulher para compartilhar e desfrutar dessa beleza. Deus modelou com Adão e Eva o belo dom de compartilhar. Deus colocou a hospitalidade em prática. No Novo Testamento, Jesus convida seus seguidores judeus e gentios para comer na celebração histórica da Páscoa como uma lembrança contínua de sua misericórdia que, graças à sua morte, aceitou pecadores inúteis como parte de sua família. Um dia, o Deus Vivo mostrará ao mundo a mais generosa hospitalidade, que transcende nossa imaginação. A Bíblia nos diz que esse "Banquete do Senhor" é apenas uma pequena degustação da grande festa que um dia será celebrada: "a ceia das bodas do Cordeiro" (Apocalipse 19:9), ou "O Grande Banquete de Deus" (Apocalipse 19:17).

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Depois que Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, 20e disse: "Levante-se, tome o menino e sua mãe e vá para a terra de Israel, pois estão mortos os que procuravam tirar a vida do menino". 21Ele se levantou, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.

Mateus 2: 19-21

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2. Nosso chamado para seguir Seu exemplo

Em Hebreus 13: 2, o escritor se refere à história de Abraão (Gênesis 18) e lembra a seus leitores que todo aquele que anda pela fé é chamado a praticar a hospitalidade: essa prática muitas vezes traz surpresas maravilhosas!

Nas antigas culturas do Oriente Médio e na maioria das culturas do mundo, essas lições do Deus vivo sobre hospitalidade estão profundamente enraizadas na vida cotidiana, na vida das pessoas comuns. Essa hospitalidade - muitas vezes para com estranhos - é muitas vezes evidente na generosidade e bondade das pessoas mais pobres do planeta.

3. Hospitalidade em um contexto de perseguição e

sofrimento

Esses desafios apresentados em Hebreus 13 foram vividos por pessoas que enfrentaram severa perseguição por causa de sua fé em Jesus. Assim, o autor sente a necessidade de dizer a seus leitores que não se esqueçam de mostrar hospitalidade aos estrangeiros (Hebreus 13: 2), lembrando-os da experiência de Abraão, contada no capítulo 18 de Gênesis.

Aparentemente, ele está dizendo que, para não negar a fé em Jesus, seus leitores devem demonstrar sua fé nEle amando seus irmãos (versículo 1), praticando a hospitalidade (versículo 2) e cuidando das pessoas vulneráveis. (versículo 3)

Anyelis, um lindo bebê de um mês de idade, sentiu desde o ventre materno quão difícil era a migração e o refúgio. Devido à falta de comida e falta de trabalho, seus pais deixaram a Venezuela, partindo para a Colômbia e depois para o Equador. Como milhares de venezuelanos, a mãe de Anyelis teve que caminhar, dormir a céu aberto no meio do pântano e com frio, enfrentar o roubo de todos os seus documentos, ser explorada no trabalho, dar à luz em condições difíceis e sair do hospital no meio da noite, sem sapatos e sem lugar para dormir.

Ao saber da situação, a reação imediata de uma organização cristã foi encontrar refúgio e acompanhar as atividades de seu pai. Hoje, Anyelis e seus pais moram com uma das famílias anfitriãs cristãs que acolhem refugiados venezuelanos, que lhes oferecem hospitalidade, fraternidade e proteção integral até que possam se tornar independentes e se estabelecer no Equador.

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Vi um anjo que estava em pé no sol e que clamava em alta voz a todas as aves que voavam pelo

meio do céu: "Venham, reúnam-se para o grande

banquete de Deus…

- Apocalipse 19:17 -

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Na parábola de Lucas 15 (11-32), o pai (do filho pródigo) tira a sua capa e corre para receber o filho rebelde (versículo 20): deixando de lado sua dignidade e envolvendo seu filho nos braços. Embora o Pai tenha sofrido muito, ele demonstra uma enorme hospitalidade. Sua reação imediata é receber seu filho com grande abundância e generosidade. Jesus está sugerindo que, se esta é a maneira pela qual Deus recebe aqueles que não merecem, quanto mais devemos receber nossos companheiros sofredores e necessitados?

Celebremos generosamente, recebendo e praticando a hospitalidade para com os necessitados e deslocados.

3. Hospitalidade e fortalecimento da fé

Segundo uma pesquisa do Instituto Barna sobre a experiência da espiritualidade nos lares cristãos, um dos elementos que contribuem ativamente para o fortalecimento da fé é a prática da hospitalidade. A beleza da hospitalidade é que não são apenas os adultos que podem praticá-la, mas também as gerações mais jovens. Assim, nosso tema este domingo parece ter implicações para os jovens, como também para os meninos e meninas. As próximas gerações têm o potencial de mudar nosso mundo profundamente dividido, revertendo as injustiças e transformando o mundo para o bem-estar das futuras gerações.

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25 »Mientras tanto, el hijo mayor

estaba en el campo. Al volver, cuando se acercó a la casa, oyó la música del baile. 26 Entonces llamó a uno de lossiervos y le preguntó qué pasaba. 27

“Ha llegado tu hermano —le respondió—, y tu papá ha matado el

ternero más gordo porque ha recobra- do a su hijo sano y salvo”.

- Lucas 15: 25-27 -

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"Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, ouviu a música e a dança. 26Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo. 27Este lhe respondeu: 'Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo'

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Perguntas para discussão

O Dia Internacional dos Refugiados é uma boa oportunidade para refletir sobre o que significa praticar a hospitalidade, abrir nossos corações, abrir nossas casas e sentar para comer e chorar com as pessoas deslocadas.

Algumas perguntas para a discussão sobre a mensagem:

Carta Pastoral:

“Meu coração sofre e caminha com os refugiados e migrantes” - Pr. Richard Serrano, Venezuela

Sou pastor de uma igreja local na Venezuela, porém minhas angústias e súplicas hoje têm a ver com realidades que extrapolam os limites geográficos de meu país. Todos os dias, milhares de compatriotas partem em busca de melhores condições de vida para si e para os seus entes queridos. Hoje o meu povo representa a maior migração em massa da história da América Latina. Meu coração sofre e caminha com eles.

1. Como Deus demonstra hospitalidade para conosco? 2. Que lições podemos aprender com os textos bíblicos citados

acima?

3. Como seria a hospitalidade generosa em nosso contexto?

4. Neste mundo complexo onde vivemos com migrantes, refugiados e / ou deslocados de forma forçada, o que significa para nós como indivíduos, como famílias, como igrejas e como as nações "não esquecer de mostrar hospitalidade para com os estrangeiros"?

5. Existem pessoas refugiadas entre nós que, são de fato como anjos (Hebreus 13:2)?

6. O que podemos aprender com a hospitalidade cristã que recebemos de refugiados e migrantes?

7. Como podemos promover esse espírito generoso entre as pessoas marginalizadas e deslocadas para que possam continuar e crescer?

8. Que lições podemos tirar dos resultados da pesquisa do Instituto Barna sobre como promover uma fé vibrante entre nossas crianças e jovens?

9. De que modo a ênfase bíblica na hospitalidade dignifica e exalta as mulheres de todas as nossas culturas?

Quando respondi ao chamado pastoral e decidi ser treinado para exercê-lo, o mínimo que imaginei foi que um dia eu teria que atuar no meio da situação que estamos vivendo hoje. Tenho que orar, pregar e acompanhar pessoas que permanecem no país em meio a uma crise profunda e generalizada (social, política, econômica, moral e espiritual). Tenho que encorajar os crentes a discernir os desafios e oportunidades de ser igreja em meio à essas circunstâncias. Precisei também de orar e aconselhar aqueles que, por várias razões, decidiram deixar o país. Como o Apóstolo Paulo, tive que rir com alguns e chorar com muitos.

A mídia e as redes sociais nos lembram que o nosso povo caminha longas distâncias, sem roupas adequadas, com a mochila repleta de medos e esperanças. Pessoas de todas as idades e regiões do país, de diversas condições sociais, passam frio e fome e enfrentam dificuldades e desprezo. Felizmente, muitos deles têm sido tratados com respeito e solidariedade pelos irmãos desta Grande Pátria. No entanto, a grande preocupação é que esse fluxo não para.

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Pelo contrário, as demandas aumentam e se tornam cada vez mais complexas; igualmente preocupantes são as atitudes xenofóbicas, a falta de vontade política em nível nacional, regional e global, os riscos da população migrante mais frágil e a impotência das comunidades eclesiais.

À luz de Hebreus 13:1-25, eu me permito fazer algumas reflexões sobre essa realidade crua e desafiadora. Tenho em mente o meu povo que ainda está na Venezuela, aqueles que estão a caminho e os seguidores de Jesus que vivem em países de trânsito ou que recebem os venezuelanos.

A carta aos Hebreus nos permite enxergar um ambiente de desânimo por causa da perseguição. O fervor cristão havia diminuído, mas, curiosamente, um interesse específico pelas instituições e ritos do judaísmo estava em ascensão. O autor, portanto, escreve para mostrar a superioridade de Cristo como sumo sacerdote e cordeiro perfeito e para chamar os crentes para corresponder à dignidade e suficiência de Cristo através de uma vida que imite e reflita Jesus. Observa-se, assim, que Hebreus é uma carta doutrinária e também de exortação e ética.

Precisamos dizer algo mais sobre o conteúdo de Hebreus, com relação à questão da migração, que tem a ver com a função sacerdotal em um duplo sentido. Primeiro, o autor mostra que não se pode comparar o ofício dos sacerdotes da antiga aliança, o sangue dos animais e os ritos do judaísmo com a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Voltar ao anterior é retroceder. O sacerdócio de Cristo é perfeito, superior e suficiente. Seu trabalho se concentra em dar vida a todos e especialmente àqueles que mais sofrem. Em segundo lugar, em resposta à fé, os cristãos assumem seu sacerdócio como crentes, vivendo o seu culto diário a Cristo, isto é, levando uma vida que imita seu amor, dedicação e solidariedade com os outros.

Até aqui, o autor de Hebreus detalhou a superioridade de Cristo sobre o judaísmo. Agora, no capítulo 13, ele chama os crentes para serem sacerdotes como Cristo. Se Ele viveu uma vida obediente até a morte, dedicada ao perdão e bem-estar do povo, especialmente dos mais fracos, os crentes deveriam fazer o mesmo. Hebreus propõe uma espiritualidade que se materializa no amor fraterno e permanente. Esse amor precisa ser expresso em ações concretas para pessoas específicas em circunstâncias concretas (Hebreus 13: 1-6): a) não se esqueça da hospitalidade, como se estivessem hospedando anjos; b) lembrem-se dos maltratados e presos como se estivessem presos junto com eles; c) honrem a vida conjugal; d) vivam uma vida virtuosa, de bons hábitos e confiança no Senhor.

Na carta, são redefinidos para os cristãos os sacrifícios que agradam a Deus: "Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada." (Hb 13:16). Isso tem que ser lembrado com frequência, já que a nossa tendência é esquecer. Como antigamente, hoje os migrantes continuam sendo uma comunidade que ficou de fora dos benefícios do sistema vigente, que sofre por razões sociais, políticas, econômicas e morais, sendo obrigado a estar sempre em movimento.

Os migrantes são "deixados de fora", excluídos. O interessante é que o ministério sacerdotal, segundo Hebreus, tem seu foco precisamente para "fora": a) os animais sacrificados para expiar pecados eram queimados "fora do acampamento", b) "... Jesus também sofreu fora do portão da cidade a fim de santificar o povo através do seu próprio sangue"; c) também devemos sair para fora de nosso acampamento para enfrentar os insultos contra Cristo.

Portanto, os cristãos são desafiados a assumir um sacerdócio que precisa se comprometer com aqueles que enfrentam marginalização, sofrimentos, desprezo e até mesmo a morte. Os migrantes representam um segmento muito exposto ao desprezo, sofrimento e injustiça.

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Vamos continuar parados? Vamos ficar com os braços cruzados? Como criar uma maior conscientização entre os crentes? Como podemos traduzir nosso discurso em ações intencionais, sustentadas e combinadas?

São muitas as implicações de Hebreus 13. O sacerdócio de Cristo não afeta apenas nossa redenção pessoal, mas também nos compromete com a busca do bem daqueles que não conhecem a Deus e sofrem violência, opressão e injustiça. Nós que conhecemos a Jesus precisamos sair "para fora", onde estão as pessoas marginalizadas e sofredoras. Nossa função não é apenas litúrgica, pedagógica e de proclamação, mas solidária.

Aos venezuelanos que são forçados a deixar sua pátria, eu digo: sejam fortes e corajosos. Entreguem a sua causa ao Céu, de onde esperamos nosso lar permanente. Sejam honestos! Nada de orgulho ou autopiedade! Mantenham suas raízes vivas, cultive sua identidade. Sejam respeitosos e gratos. Não se esqueçam daqueles que ficaram para trás. Na medida do possível, continuem a apoiar seu povo e qualquer iniciativa que contribua para a restauração do nosso país. Nós oramos por vocês sempre.

Para as nações vizinhas, é justo lembrar que a migração é um direito humano. As pessoas têm a liberdade, até mesmo a obrigação, de repensar suas vidas e buscar melhorias. Admitimos que a saída de nosso povo traz consigo altos custos e desafios. Aqueles que resistem à lei e escolhem transgredir têm que responder à justiça por suas ações, mas nunca por seus patrícios. Acredito que a maioria é composta de gente sofrida, honesta, preparada e trabalhadora, que está apenas procurando uma oportunidade para enfrentar a tragédia que nos aflige.

As comunidades baseadas na fé, especialmente as igrejas, têm neste fenômeno migratório a grande oportunidade de compartilhar o Evangelho, demonstrar o amor e o poder do Deus da vida e a esperança que nos foi revelada em Jesus.

As lentes que usamos para entender a migração devem ser as da fé! Assim, a chave para a igreja assumir a atitude correta em relação à migração é entender o que está no centro do Evangelho: as boas novas. É isto que está no coração de Jesus e é isto que nos chama a servir hoje no cerne da cultura.

Senhor, abençoe o nosso povo, especialmente as crianças, os idosos e as mulheres. Tem piedade do nosso país. Damos graças pelos corações e mãos que se abrem para nos ajudar. Que todos aqueles que permanecem em nosso país, os que estão na estrada ou que já estão vivendo em outras latitudes, recebam esta bênção (Hebreus 13: 20-21).:

"O Deus da paz, que pelo sangue da aliança eterna trouxe de volta dentre os mortos a nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, os aperfeiçoe em todo o bem para fazerem a vontade dele, e opere em nós o que lhe é agradável, mediante Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém."

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Ora por nuestros hermanos y hermanas desplazadas forzadamente que viven en circunstancias difíciles y con futuros inesperados. Ora para que Dios les dé su pan diario. Ora para que El sane sus corazones, mentes y cuerpos de los traumas sufridos. Ora para que sientan la presencia de Dios y para que Dios renueve su fe, alegría y fuerza con cada amanecer. Ora para que Dios les dé esperanza y un futuro.

Ora por las mujeres, niños y niñas refugiados(as). Ellas(os) están entre las personas más vulnerables y representan más de la mitad de la población refugiada del mundo. Ora para que Dios las proteja de personas que se aprovechan y explotan su vulnerabilidad.

Ora para que Dios levante a personas pacificadoras y lleve paz en países donde la situación política, económica, social y humanitaria están forzando a las personas salir de sus hogares. Ora por paz y seguridad en los países de América Latina y Caribe donde más se generan personas refugiadas, migrantes, desplazados como Venezuela, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicaragua y Haití.

Ora por la campaña Como nacido entre nosotros y el trabajo que desarrollan las organizaciones que acompañan y protegen a los refugiados. Oremos por el crecimiento de individuos, iglesias y agencias Cristianas que ayuden a buscar el bienestar y la protección de las personas desplazadas forzadamente.

México enfrenta un inédito fenómeno migratorio: según datos oficiales, entre enero y marzo más de 300.000 personas han cruzado el país de forma irregular con rumbo a Estados Unidos. Es el trimestre con el mayor número de migrantes en los últimos años. Según organizaciones civiles y autoridades, se trata de una cifra histórica, ya que el promedio anual de personas en tránsito suele ser de entre 150.000 y 400.000. De mantenerse la tendencia este 2019, esta última cifra cifra puede superarse en algunas semanas.

Ora para que Dios continúe permitiendo el crecimiento de esta red de personas cristianas comprometidas por la búsqueda del bienestar de las personas desplazadas forzosamente en Colombia, Honduras, Guatemala, El Salvador, Venezuela, Haití. Ora para que las iglesias locales sean más efectivas en recibir y amar a las personas desplazadas forzadamente en sus comunidades.

Ora por los países que acogen a las personas refugiadas. 80% de la población global de personas refugiadas se encuentra en países en desarrollo. En América Latina, algunos de esos países son Colombia, Ecuador, Perú, México, Costa Rica, República Dominicana. Estos países llevan una carga pesada ya que grandes olas de personas refugiadas pueden ser difíciles de acoger y cuidar para los países -aún cuando se cuenta con el apoyo de las Naciones Unidas. Ora por los principales países que acogen a personas refugiadas como Colombia, Ecuador, Perú, México.

Mapa de Oração Oremos pelas famílias anfitriãs

Ore por nossos irmãos e irmãs deslocados forçadamente, que vivem em circunstâncias difíceis e sem saber o que o futuro lhes trará. Ore para que Deus lhes dê o pão de cada dia. Ore para que Ele cure seus corações, mentes e corpos dos traumas que sofreram. Ore para que sintam a presença de Deus e para que Deus renove sua fé, alegria e força a cada amanhecer. Ore para que Deus lhes dê esperança e um futuro.

Ore pelas mulheres, meninos e meninas refugiados(as). Eles estão entre as pessoas mais vulneráveis e representam mais da metade da população mundial de refugiados. Ore para que Deus os proteja daqueles que aproveitam e exploram sua vulnerabilidade.

Ore para que Deus levante pacificadores e traga a paz aos países onde a situação política, econômica, social e humanitária está forçando as pessoas a deixarem suas casas. Ore por paz e segurança nos países da América Latina e do Caribe, onde os refugiados, migrantes e deslocados são os mais afetados, como Venezuela, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua e Haiti.

Ore pela campanha "Como nascido entre nós" e o trabalho que desenvolvem as organizações que acompanham e protegem os refugiados. Oremos pelo crescimento das pessoas, igrejas e agências cristãs que buscam o bem-estar e a proteção dos deslocados e refugiados. Oremos também pelas famílias anfitriãs.

O México enfrenta um fenômeno migratório sem precedentes: segundo dados oficiais, entre janeiro e março, mais de 300 mil pessoas atravessaram o país de forma irregular para os Estados Unidos. Esse foi o trimestre com o maior número de migrantes nos últimos anos. De acordo com organizações civis e as autoridades, trata-se de um dado histórico, já que a média anual de pessoas em trânsito fica geralmente entre 150.000 e 400.000. Se a tendência continuar em 2019, esse número poderá ser superado em algumas semanas.

Ore para que Deus continue permitindo o crescimento dessa rede de cristãos comprometidos com a busca do bem-estar dos deslocados à força na Colômbia, Honduras, Guatemala, El Salvador, Venezuela, Haiti. Ore para que as igrejas locais sejam mais eficazes em receber e amar as pessoas deslocadas à força em suas comunidades.

Ore pelos países que acolhem os refugiados. 80% da população global de refugiados está nos países em desenvolvimento. Na América Latina, alguns desses países são: Colômbia, Equador, Peru, México, Costa Rica e República Dominicana. Esses países carregam um fardo pesado, já que hospedar e cuidar dessas grandes ondas de refugiados pode ser difícil - mesmo quando eles têm o apoio das Nações Unidas. Ore pelos principais países que recebem refugiados, como Colômbia, Equador, Peru, México.

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Organizaciones que se han sumado a la campaña

Aliados Nacionales

Sociedades Bíblicas Unidas en Ecuador

Aliados Regionales

Conceitos importantes

Quem é uma pessoa refugiada? O refugiado tem um temor fundado de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou por pertencer a um grupo social específico.

Quem é uma pessoa deslocada internamente? Trata-se de alguém que foi obrigado a fugir de sua casa, mas que nunca atravessa uma fronteira internacional, deslocando-se dentro de seu próprio país.

Quem é uma pessoa apátrida? É alguém que não é cidadão de nenhum país devido a vários motivos, inclusive decisões ou omissões legais, técnicas ou administrativas.

Quem é uma pessoa que solicita asilo? É a pessoa que buscou proteção como refugiado, mas cuja solicitação de status de refugiado ainda não foi atendida.

O que é a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados? A Convenção dos Refugiados de 1951 é um tratado multilateral das Nações Unidas que define quem é um refugiado e estabelece os direitos das pessoas que recebem asilo e as responsabilidades das nações que concedem asilo.

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Aliados regionais

Organizações que impulsionam a campanha

"Como nascido entre nós"

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Esta es una campaña de:

Campanha convocada pela