COMO OS LOBOS SE TORNARAM

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#216 EDIÇÃO A DANÇA DO SOL Show não pode parar na superfície da nossa estrela XINGAR FAZ BEM Um palavrão jocoso pode curar o corpo e a alma COMO MATAR OS SEUS SONHOS Cinco maneiras de destruir bons projetos OÁSIS GRAÇAS AO CONTATO COM OS HOMENS COMO OS LOBOS SE TORNARAM CÃES

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Page 1: COMO OS LOBOS SE TORNARAM

#216

EDIÇÃO

A DANÇA DO SOLShow não pode parar na

superfície da nossa estrela

XINGAR FAZ BEM Um palavrão jocoso pode

curar o corpo e a alma

COMO MATAR OS SEUS SONHOS

Cinco maneiras de destruir bons projetos

OÁSISGRAÇAS AO CONTATO COM OS HOMENS

COMO OS LOBOS SE TORNARAM CÃES

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OÁSIS . EDITORIAL

POR

EDITOR

PELLEGRINILUIS

É preciso ter coração de pedra para não se derreter diante do olhar terno e amoroso de um labrador, um golden retriever ou, a rigor, de todo e qualquer membro da extensa lista de raças

caninas. Agora, no Japão, descobre-se que os cães teriam conseguido desenvolver um mecanismo típico do enlace afetivo que existe entre mães e filhos! Esse mecanismo é aquele que ocorre quando duas pes-soas se olham afetuosamente olhos nos olhos. Tal situação, segundo os pesquisadores japoneses, estimula a recíproca produção de oxito-cina, um hormônio produzido pelo cérebro que reforça a empatia e a confiança recíproca e propicia uma compreensão mútua, até mesmo sem uma comunicação verbal. Seria exatamente essa capacidade que teria ajudado os cães a permanecer conectados aos seres humanos, e seria ela um dos motivos que nos levam a definir esses animais como sendo parte integrante das nossas famílias.

A HISTÓRIA DA DOMESTICAÇÃO DOS CÃES REVELA MUITO MAIS DO QUE A SIMPLES ORIGEM DESSES ANIMAIS: NARRA O

QUADRO BEM MAIS COMPLEXO DAS ORIGENS DA CIVILIZAÇÃO HUMANA E DA INTELIGÊNCIA SOCIAL

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EDITOR

PELLEGRINILUIS

A descoberta é importante, mas ainda não dá respostas definitivas aos mistérios da história que nos liga ao melhor amigo do homem. Investigações genéticas dizem que tais processos começaram há mui-to mais tempo do que se imaginava. Em 1997, análises do DNA de mais de 300 lobos e cães de raças modernas mostravam claramente quando estes últimos começaram a se diferenciar do lobo ancestral. A comissão concluiu que os cães começaram a ser domesticados há 135 mil anos! Estudos posteriores defendem que o surgimento dos cães começou bem mais tarde, há cerca de 30 mil anos. De qualquer forma, a data exata e o local em que isso aconteceu permanecem um mistério.

A história da domesticação dos cães é o tema da nossa matéria de capa. Mas ela revela muito mais do que a simples origem desses ani-mais: narra o quadro bem mais complexo das origens da civilização humana e da inteligência social.

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LCOMO OS LOBOS SE TORNARAM CÃESGraças ao contato com os homens

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história que nos liga ao me-lhor amigo do homem ainda permanece cheia de inter-rogações e mistérios não resolvidos. Quando se fala de domesticação dos cães, as opiniões na comunidade científica se dividem quanto as datas em que ela começou

e como as coisas realmente ocorreram. Num ponto, porém, as coisas começam a ficar bem claras sobre como o homem e o cão se torna-ram amigos e aliados. Um artigo recém publicado no site da revista Science resume as últimas descobertas a res-peito. Durante décadas, acreditou-se que os primeiros cães entraram na história do ho-mem quando nossos antepassados decidiram levar filhotes de lobo para os seus acampa-mentos, nutrindo-os e cuidando deles.

Investigações genéticas dizem que tais pro-cessos começaram há muito mais tempo do que se imaginava. Em 1997, análises do DNA de mais de 300 lobos e cães de raças mo-dernas mostravam claramente quando estes últimos começaram a se diferenciar do lobo ancestral. A comissão concluiu que os cães co-meçaram a ser domesticados há 135 mil anos! Estudos posteriores defendem que o surgi-mento dos cães começou bem mais tarde, há cerca de 30 mil anos. De qualquer forma, a data exata e o local em que isso aconteceu permanecem um mistério. Metamorfose gradual A hipótese, formulada em 1907 pelo cientista britânico Francis Galton, não levou em conta o fato que a domesticação de um animal sel-vagem é um processo que requer centenas,

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As últimas descobertas científicas sobre as circunstâncias nas quais aconteceu a domesticação canina. Mais que a história de uma amizade multimilenária entre o homem e um animal selvagem, a domesticação dos cães narra o quadro das origens da civilização humana e da inteligência social

POR: EQUIPE OÁSIS FOTOS DA GALERIA: LISI NIESNER

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milhares de anos. Apesar dos cuidados, aqueles filhotes de lobo, crescendo, seriam fatalmente levados a reafirmar a sua natureza selvagem. Hormônios e genética falariam mais alto do que todo afeto e carinho. Como nasceu, então, o laço especial que existe entre o homem e o cão?

A maioria dos etologistas (especialistas em comportamen-to animal) preferem hoje a hipótese da auto-domestica-ção. Os primeiros homes deixavam pilhas de carcaças de animais nos limites dos seus acampamentos: despojos que deviam atiçar o apetite dos lobo mais audazes, capazes de se aproximar dos homens sem sentir medo.

Esses exemplares, bem nutridos, viveram mais que os ou-

tros e geraram mais filhotes. De geração em geração, a coragem se tornou um traço evolutivo de sucesso, que le-vou alguns lobos a comer na mãos do homem. Foi nesse ponto que, provavelmente, teve início uma fase mais ativa da domesticação: os lobos mais conhecidos foram integra-dos aos agrupamentos humanos, usados como guardiões, companheiros de caçada, pastores. Um estudo da Universidade de Aberdeen, Escócia, feito em colaboração com vários museus, universidades e cole-ções privadas de todo o mundo, permitiu comparar cente-nas de esqueletos de lobos e cães, revelando nos ossos de cães alguns indícios de como ocorreu a domesticação. Por exemplo, o achatamento das pontas das vértebras dorsais dos cães sugerem que os animais carregassem cargas nas suas costas. Ou ainda, a falta de pares de molares no ma-xilar exterior, talvez ligada ao uso de rédeas para cães-lobo empregados em trabalhos de arrasto de trenós. De todos os modos, essas formas de ajuda foram cruciais para a sobrevivência e o desenvolvimento dos nossos an-cestrais. A ligação com os cães desde então foi sendo refor-çada mais e mais. Um estudo japonês publicada neste mês na Science revela a arma definitiva que os cães utilizaram para irromper no coração dos homens: a oxitocina. Um olhar que fala

Segundo Takefumi Kikusui, etólogo da Universidade de Azabu, em Sagamihara, no Japão, os cães teriam conse-guido desenvolver um mecanismo típico do enlace afetivo que existe entre mães e filhos. Esse mecanismo é aquele que ocorre quando duas pessoas se olham afetuosamente

Companheiro fiel desde a antiguidade, um cão acompanha uma caravana na Via do Sal, no Tibete

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olhos nos olhos: tal situação estimula a recíproca produção de oxitocina, um hormônio produzido pelo cérebro que reforça a empatia e a confiança recíproca e propicia uma compreensão mútua, até mesmo sem uma comunicação verbal. Tal capacidade teria ajudado os cães a permanece-rem conectados aos seres humanos, e seria um dos moti-vos que nos leva a definir esses animais como sendo parte integrante das nossas famílias. A história da domesticação dos cães, concluem os cientis-tas, revela muito mais do que a simples origem desses ani-mais: narra o quadro bem mais complexo das origens da civilização humana e da inteligência social. GALERIA

Para compreender os lobos é preciso viver e se comportar como eles. Para fazê-lo, o primeiro passo é saber ganhar o seu respeito. A partir destas simples considerações teve início a aventura do zoólogo alemão Werner Freund que, em 1972, criou uma reserva de lobos na floresta de Mer-zig, no extremo sul da Alemanha. Mas Freund não parou ali: ele decidiu viver como lobo entre os lobos, partilhando com eles cada momento da sua vida, caçadas e refeições inclusive.

A bela galeria de imagens abaixo mostra Werner Freund em várias situações com seus amigos lobos.

Amizade eterna. Esqueletos abraçados de um homem e de um cão, encontrados em uma casa de 12 mil anos atrás, em

Israel. The Upper Galilee Museum of Prehistory

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1 No interno da matilha, Freund se comporta como o elemento dominante, o que lhe valeu o papel de líder reconhecido por todos os outros membros. Como todo líder que se respeite, quando se trata de comer ele é o primeiro a alimentar-se da pre-sa, arrancando nacos de carne crua com os dentes para recordar a todos a sua autoridade, para depois lançá-la aos outros lobos que se alimentarão respeitando a hierarquia da matilha.

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2 Primeiro foram os alvos lobos árticos, todos provenientes de zoológicos ou parques naturais. Em 40 anos de convivência com os lobos, Freund criou 70 filhotes, todos como se fossem filhos seus. A partir da quinta semana de vida, com a per-missão da mãe loba, Freund transcorria as noites dormindo sobre a terra com eles. Quando cresciam, ele os treinava para a caça e brincava com eles, como faz um bom pai. Hoje não existem apenas lobos árticos na reserva: além deles, entre os 29 animais da matilha existem também exemplares europeus, canadenses, siberianos e mongóis, como é o caso de Heko, o exemplar desta foto tirada quando ele lambe a língua de Freund em sinal de reconhecimento.

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3 Mas para viver com os lobos é necessário falar a mesma língua. Por isso Freund aprendeu a ulular como eles, estudando a sua linguagem até dominá-la por completo.

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4 Um lobo ártico responde ao chamado de Freund como se fosse o de um seu similar. Na natureza, ulular faz parte da gran-de sociabilidade dos lobos e tem principalmente o objetivo de assinalar a própria posição ao resto da matilha, possibilitan-do a inspeção acurada do território de caça.

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5 Hora do almoço para os lobos do Wolfspark Werner Freund. Javalis, lebres e cervos constituem o alimento habitual da matilha, mas com frequência andar juntos à caça de animais selvagens no interior da reserva não é suficiente para matar a fome de todos os membros do grupo. Um lobo adulto, com efeito, necessita de 3 a 5 quilos de carne por dia, e Freund sabe disso. Assim, quando a caçada não basta, é ele a pensar em todos, contando com a ajuda de camponeses, criadores e vizi-nhos do parque: um velho touro ou um veado atropelado por um carro constituem um presente dos céus, permitindo-lhe matar a fome dos seus vorazes amigos. Mas regras são regras, e o primeiro bocado é sempre para Freund, embora ele de-pois permita a seus lobos alimentar-se diretamente do pedaço que segura com os dentes, numa atitude de máxima confian-ça e respeito recíproco.

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6 Viver com 29 temíveis predadores não significa sempre viver no sétimo céu. Os embates no interno da matilha aconte-cem, e Freund aprendeu que as regras hierárquicas têm de ser sempre respeitadas, pois disso depende a boa convivência da matilha como um todo. Em certa ocasião, anos atrás, Freund tentou apartar duas lobas em luta, mas a mais forte reagiu mordendo-o. Nesse ponto, o lobo macho que vinha logo abaixo de Freund na hierarquia expulsou a loba desrespeitosa da matilha. Essa loba ficou fora do grupo até que decidiu voltar a lamber as mãos do amigo humano, pedindo-lhe desculpas.

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7 O lobo ártico, com pelo branco e macio, conquistou o coração de Freund. Até cerca de 150 anos, na Europa, registravam-se raros e ocasionais episódios de agressões a humanos por parte de lobos isolados. Apesar disso, o lobo negro é um dos temas mais difusos quando se quer fazer medo às crianças.

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8 Werner Freund acaricia com seu bastão de caminhada Monty, o macho dominante da matilha. O casal alfa assume uma postura predominante, caracterizada pela cabeça e a cauda mantidos bem altos e as orelhas retas. Os outros membros da matilha, por seu lado, demonstram sua submissão lambendo o focinho deles e mantendo a cabeça, a cauda e as orelhas mais baixas do indivíduo de posição hierárquica superior.

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9 Se Freund é por todos considerado o líder, quando ele está ausente quem o substitui é Meiko, o macho alfa ergo, o seu alter ego sobre quatro patas. Todos os dias, quando Freund chega, ele é sempre o primeiro a se aproximar para saudá-lo, enquanto todos os outros esperam em sinal de respeito. Depois que esse macho lhe lambeu a face em sinal de saudação, também os demais lobos podem se aproximar.

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10 O valor e o significado da matilha para os lobos atinge o seu ponto máximo durante as caçadas. É nesses momentos que o jogo de equipe passa a ter um papel fundamental, determinante do sucesso da empreitada, ou seja, da sobrevivência. A força dos lobos depende totalmente da coordenação do próprio grupo. Os membros da matilha caçam juntos qualquer ani-mal que se encontre em seu território, seja ele pequeno ou grande. Os exemplares solitários são obrigados a se contentar com presas pequenas, tanto porque só devem encontrar alimento para si próprios, quanto pelo fato de que caçar um grande animal pode ser muito perigoso para um lobo que age sozinho.

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11 No lobo, o que fascinou tanto Werner Freund a ponto dele decidir transcorrer a própria vida na matilha? Provavelmente a própria natureza desse animal sensível e inteligente, capaz de ser ao mesmo tempo indivíduo livre e membro de uma so-ciedade. Um animal que cuida dos seus doentes, protege a família e sente necessidade de pertencer a alguma coisa maior que ele mesmo: a matilha. Todas as matilhas de lobos possuem uma estrutura bem definida, formada por um casal domi-nante (macho e fêmea alfa), um indivíduo ou um casal beta (vice-líder), alguns indivíduos de categoria mediana e por um lobo de baixa categoria (ômega).

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12 Para sobreviver, os lobos precisam de cerca 5 quilos de carne diariamente, mas isso não significa que tenham a possibi-lidade de comer com regularidade. Muitas vezes sucede que fiquem sem comida por mais de um dia, e assim sendo costu-mam comer com voracidade tudo aquilo que conseguem engolir, chegando a comer 9 quilos de carne em uma única refei-ção.

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13 Cada matilha possui uma estrutura social fortemente hierárquica. O casal alfa, chefes do grupo, não apenas são monóga-mos mas também são os únicos da matilha que terão filhotes. Estes serão cuidados e protegidos por todo o resto do grupo. Quando se tornam adultos, ao redor dos dois anos de idade, podem escolher ficar na matilha, ocupando-se dos filhotes do casal alfa, ou ir embora abandonando o grupo. Na matilha cada um tem um papel bem definido e quem quiser mudar isso, subindo na escala social ou assumindo a liderança, deve demonstrar em combate que está à altura das suas pretensões.

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14 Cercado por lobos árticos no interno da reserva que criou, Werner Freund divide com seus amigos lobos também os mo-mentos de relax. Na verdade o pesquisador é casado e sua esposa vive numa pequena casa construída ao lado da floresta cercada onde vive a matilha.

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Sol, nossa estrela, desde sempre fascina nossos olhos e imaginação. No passado, era entendido como a divindade máxi-ma na maior parte dos

sistemas mitológicos que foram criados ao longo das eras. Hoje, sabemos que ele é um imenso corpo físico, uma desmesurada bola de fogo na qual se processa uma miríade de atividades que influenciam todos os corpos planetários que orbitam a seu redor, a Terra inclusive. E, sobre a Terra, estamos nós, os humanos, e tudo aquilo que vive e respira. Sem o Sol, simplesmente não existiríamos.

Mas, ao mesmo tempo, a atividade solar pode nos destruir. O que é a atividade so-lar ? O Sol está sempre ativo. Ele tem seus tempos, seus ritmos, suas tempestades. Elas podem afetar o clima da Terra. As manchas solares, por exemplo, são tempestades mag-néticas na superfície do Sol. As labaredas solares que podemos observar surgem como flores imensas na superfície da estrela. São fruto da radiação produzida pela liberação da energia magnética associada às manchas solares.

A astronomia classifica esses intensos bri-lhos solares (“flares”, em inglês) usando cin-co categorias do mais fraco para o mais for-te: A, B, C , M, e X. Cada categoria é 10 vezes mais forte do que a anterior. Dentro de cada categoria, um surto está classificado 1-9 , de acordo com a força, embora flares de classe X possam ser mais altos do que os da classe 9. De acordo com a NASA, a mais poderosa explosão solar registrada foi um X28 (em

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O que acontece na atmosfera solar? Podemos ter uma visão clara disso no vídeo de Michael König que apresentamos no final da matéria. Trata-se de uma montagem das imagens mais significativas colhidas entre 2011 e 2015 pelo telescópio espacial Solar Dynamics Observatory, da Nasa. Um segundo vídeo, da NASA, resume em timelapse três anos de atividade solar em três minutos

POR: LUÍS PELLEGRINIVÍDEO: MICHAEL KÖNIG FOTOS NASA

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2003). Ejeções de massa coronal (CMEs) são explosões de material solar (nuvens de plasma e campos magnéti-cos) que disparam da superfície do Sol . Outros eventos solares incluem fluxos de vento solar que provêm de bu-racos coronais no Sol.

Como a atividade solar afeta o tempo e a vida na Terra?

A atividade solar afeta a Terra em muitos aspectos, al-guns dos quais apenas começamos a entender. Por exem-plo, os danos em satélites e em outros sistemas de alta tecnologia espacial provocados por um Sol particular-mente ativo que gera tempestades magnéticas. Mas, até mesmo durante os ciclos solares de inatividade, nossa estrela emite grandes flares que podem causar bilhões de dólares de prejuízos à infraestrutura da navegação GPS, hoje uma ferramenta essencial para as viagens aéreas de todo tipo.

Além disso, até mesmo quando a radiação solar é fraca e tranquila, provocando ventos solares moderados, isso representa riscos para a astronáutica e para o sistema de satélites, já que nessas condições os perigosos raios cósmicos provenientes da galáxia podem penetrar muito mais fundo no interior do sistema solar, atingindo a Ter-ra.

Recentemente, cientistas da NOAA (The National Oce-anic and Atmospheric Administration, agência federal norte-americana encarregada dos estudos sobre as con-dições dos oceanos e da atmosfera terrestre) concluíram que quatro fatores determinam as temperaturas globais: os níveis de dióxido de carbono na atmosfera, as erup-ções vulcânicas, o padrão do fenômeno oceânico El Niño no Oceano Pacífico, e a atividade do Sol.

Erupção solar gigante. A pequena esfera azul abaixo representa o tamanho da Terra em relação à labareda emitida por nossa estrela

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A mudança climática global, incluindo longos períodos de frio global, chuvas, secas e outras mudanças climáti-cas também pode ser influenciada pela atividade do ciclo solar. Isso agora é afirmado com base em evidências his-tóricas: períodos de atividade solar deprimida parecem corresponder a períodos de frio global. Por exemplo, du-rante 1645 e 1715, um período que durou 70 anos, poucas manchas solares foram observadas, inclusive no final dos ciclos de 11 anos dentro desse período quando eram es-peradas grandes manchas e erupções. Pois bem, nessas décadas a Europa entrou em um período climático que ficou conhecido como “Pequena Idade do Gelo”. As tem-

peraturas médias caíram entre 1,8 e 2,7 graus Fahrenheit. Por outro lado, as fases em que há aumento da atividade solar parecem corresponder a períodos de aquecimento global. Durante os séculos 12 e 13, o Sol esteve muito ati-vo, e o clima europeu foi bastante suave.

Atividade solar fraca: Estamos no início de uma nova era glacial?

Os sintomas de um aquecimento das temperaturas mé-dias globais provocado sobretudo por atividades huma-nas são bem evidentes e inegáveis. Apesar disso, a baixa atividade solar verificada nos últimos anos aliada às pro-jeções nada animadoras de seu fortalecimento, levaram vários cientistas a especularem sobre a repetição de uma nova mini era do gelo, similar a que ocorreu no século 17.

A cada 11 anos o Sol passa por momentos alternados de alta e baixa atividade eletromagnética, conhecidos por mínimos e máximos solares. Esse período é chamado de ciclo solar ou de Schwabe e desde que as observações começaram a ser feitas já foram contados 24 ciclos até o ano de 2015.

Como dissemos acima, entre 1645 e 1715, o Sol passou por um estranho período, com atividade quase nula. Du-rante 70 anos, as manchas solares se tornaram extrema-mente raras e o ciclo de 11 anos parecia ter se rompido. Coincidência ou não, esse período de enfraquecimento coincidiu com uma série de invernos implacáveis que atingiram o hemisfério Norte. Esse período no comporta-

A ilustração mostra como o vento solar atinge a Terra e é desviado pelo campo magnético do nosso planeta

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mento do Sol ficou conhecido como Mínimo de Maunder e até hoje os cientistas não sabem ao certo como ele foi disparado. O que se sabe é que o Sol só voltou ao normal no século seguinte, quando o ciclo de 11 anos foi reesta-belecido e as temperaturas no hemisfério norte voltaram aos valores tradicionais.

Nova mini era do gelo?

Excluindo alguns momentos pontuais de extrema de-monstração de força, a atividade solar recente apresenta constante declínio, com 75% a menos de grupos solares em relação ao observado em 2001, no pico do ciclo ante-rior.Nos últimos meses, a observação da fotosfera solar não revelou manchas significativas, repetindo outras ocasiões recentes e cada vez mais frequentes.Essa quase ausência de manchas até poderia ser conside-rada normal, já que no começo do século 20 o Sol tam-bém apresentou esse comportamento. A diferença é que atualmente estamos deixando o ápice do ciclo 24 e pelos próximos seis anos a atividade eletromagnética deverá ser cada vez menor.

É bem verdade que conhecemos ainda muito pouco a res-peito da influência direta que a atividade solar exerce no clima da Terra. Sabe-se, no entanto, que a atividade solar mais forte provoca mais explosões solares e que estas eje-tam milhões de megawatts de energia, em diversos com-primentos de onda, na alta atmosfera do planeta. Se isso não causa alterações meteorológicas imediatas e perceptí-

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veis, pode a longo prazo ter consequências climáticas ain-da não estudadas e o Mínimo de Maunder observado no século 17 pode ter sido uma consequência direta da baixa atividade solar. E isso pode estar se repetindo agora.

Veja o vídeo 1 aqui: Na sequência deste vídeo de Mi-chael König aparecem jatos luminosos, protuberâncias e erupções solares e closes das regiões ativas. Além disso, o vídeo mostra o trânsito lunar de janeiro de 2014, o do planeta Vênus em junho de 2012, o do cometa Lovejoy em dezembro 2011 e finalmente o eclipse de novembro 2012.

Veja o vídeo 2 aqui: Três anos de atividade solar em três minutos. Vídeo NASA

O gráfico mostra a média de manchas solares desde 1610, com destaque para o Mínimo de

Maunder, de 70 anos de inatividade

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TOXINGAR FAZ BEM

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m todas as línguas, desde sem-pre, o repertório de palavrões foi e continua sendo abundante e variado. Quase sem exceção, todos os idiomas têm seus glossários e dicionários de pa-

lavrões, imprecações, pragas e maldições. A tal ponto que alguns cientistas do comportamento decidiram investigar para descobrir como e por que a necessidade de imprecar se manifesta com tanta intensidade e constância em praticamente

todas as culturas. Surpresa: descobriu-se, sem sombra de dúvida, que quando proferidas de modo espontâneo, verdadeiro, carregadas das emoções que as produziram, as imprecações, as pragas e maldições têm o poder quase ime-diato de aliviar as tensões. Mais ainda, podem introduzir o maldizente num processo de cura de moléstias físicas e psíquicas desencadeadas, muito provavelmente, pela repressão daquelas mesmas tensões.

Para começar, existem vários tipos de palavrões à escolha do freguês. Em seu livro “The Stuff of Thought” (A substância do pensamento), Steven Pinker explora os diferentes modos de injuriar e praguejar, a partir do abusivo – “Seu merda!” - Ao catártico – “Merda, o café está muito quente!” O modo que você escolher de-pende de uma série de fatores, entre eles se você está estressado ou relaxado, se sente algum tipo de dor, se está apenas tentando fazer rir os seus amigos. O importante, quando se solta um palavrão, é fazê-lo de modo solto, de boca cheia, sem vergo-nha, com confiança. Aqui estão alguns dos be-nefícios potenciais da imprecação: 1. Ela alivia a dor. Em estudo publicado na revista NeuroReport, estudantes universitários mergulharam as mãos na água gelada para ver quanto tempo conseguiriam suportar as dores lancinantes que surgem nos diferentes tempos

ECiência comprova: proferidos na hora certa, com verve e vivacidade, palavrões podem desencadear em quem os pronuncia um efeito curativo tanto físico quanto emocional

POR: MARY JO DILONARDOFONTE: MNN MOTHER NATURE NETWORK

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de congelamento. Aqueles que proferiram os palavrões de sua escolha relataram menos dor e sua capacidade de resistência durou cerca de 40 segundos a mais do que aqueles que foram forçados a pronunciar uma palavra neutra. Depois de liderar o estudo, o pesquisador Richard Stephens, da Universidade Keele, na Inglaterra, disse: “Gostaria de aconselhar as pesso-as, se eles se machucarem, para esconjurar à vontade”.

2. Não faz o seu coração disparar. Palavrões podem ati-var sua combatividade ou sua resposta de fuga a uma situação

de risco ou perigo, disparando suas tendências agressivas – e tanto melhor quando esse dispa-ro acontece de modo positivo. Talvez por isso os treinadores esportivos e militares tendem a imprecar e a berrar suas ordens, inclusive com o uso de palavrões e de expressões obscenas. 3. A imprecação o mantem motivado e engajado na ação a ser cumprida. Mo-nika Bednarek, professor de linguística da Universidade de Sydney, estudou alguns dos programas de TV mais populares da América, contando quantos palavrões foram pronuncia-dos em cada um. Com mais de cem palavras pesadas, maldições e imprecações por episódio, a popular série “The Wire” bateu todos os con-correntes em matéria de linguajar profano. No cinema, o campeão foi “O lobo de Wall Street”, filme que teve cinco indicações ao Oscar: um palavrão a cada vinte segundos. Conclusão?

Palavrão = popularidade. 4. Ela ajuda você a estabelecer conexões com os ou-tros. A mesma Monika Bednarek afirma que, para a maior parte das pessoas, palavrões podem ajudar a estabelecer e consolidar relacionamentos pessoais. “Além das funções psicológicas desempenhadas pelos palavrões, não devemos esquecer a suas funções sociais. Para muitas pessoas, xingar e imprecar é importante para a criação de relacionamentos próximos, para o estabelecimento de laços de amizade ou de intimidade com os outros. Laços sociais podem ser criados a partir deles”.

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5. Faz você se sentir no controle da situação. “Ao imprecar e esconjurar mostramos para nós mesmos que não somos apenas vítimas passivas das situ-ações, mas que também temos poderes para reagir e lutar”, escreveu o psiquiatra inglês Neel Burton. Esses processos po-dem incrementar a autoconfiança e a au-toestima. 6. Imprecações costumam fazer rir as pessoas. Muitas vezes usamos expressões de humor escabroso para que-brar a resistência de nossos amigos ou das pessoas que nos cercam. Enquanto nin-guém for ofendido por tais manifestações, a imprecação pode conservar seu grande valor como entretenimento. 7. Proferir palavrões pode ser catár-tico. Deu uma martelada no polegar? Um ou dois palavrões pertinentes podem ter um efeito de alívio. Da mesma forma, eles podem representar um alívio para as dores provocadas por doenças não físicas. Se você levou um fora da namora-da ou está atrasado para um encontro por causa do trânsito, imprecar contra tais situações poderá lhe ajudar a diminuir e controlar a dor e a preocupação. 8. “A imprecação permite que você expresse seus verdadeiros sentimentos a respeito de alguma coisa. Na esteira do palavrão pode ocorrer um desabafo, uma ex-pressão de raiva ou descontentamento, e também de alegria, surpresa, felicidade’ , afirma Timothy Jay, psicólogo do Co-

légio de Artes Liberais de Massachusetts, que estudou o as-sunto por 35 anos. “É como a buzina do seu carro, você pode fazer um monte de coisas com isso, é como se ela estivesse instalada dentro de você”. 9. A imprecação ajuda você a se encaixar dentro de uma situação. Está sofrendo pressão por parte dos colegas, ou de alguma pessoa? Palavrões podem lhe ajudar a se sentir mais confortável no contexto dessas situações sociais. Se todo mundo está sendo um pouco profano e saindo dos cânones convencionais de comportamento, imprecar mostra que você pode fazer o mesmo, pois é parte do grupo. Ele demonstra que você se sente à vontade, e é capaz de ser você mesmo in-clusive diante dos colegas.

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brasileira Bel Pesce deixou o Brasil para estudar no MIT - Massachusetts Institute of Te-chnology. Mas após um bem sucedido estágio no Silicon Valley – a capital mundial da informática - ela retornou a seu país cheia de ideias para

inspirar os outros a transformar seus sonhos em realidade.

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Todos queremos inventar um produto divisor de águas, abrir uma empresa de sucesso, escrever um livro que atinja recordes de venda. Porém, pouquíssimos de nós alcançam esses objetivos. A empresária Bel Pesce desfaz cinco mitos, fáceis de acreditar, que fazem com que os projetos dos seus sonhos nunca se realizem

VÍDEO: TED – IDEAS WORTH SPREADINGTRADUÇÃO: GUSTAVO ROCHAREVISÃO: TÚLIO LEÃO

Embora jovem, Bel Pesce trabalhou em gran-des empresas de tecnologia – na Microsoft, na Microsoft Touchless e no Google, onde colaborou para melhorias no Google Trans-late. Também trabalhou na área financeira do Deutsche Bank, e ajudou a lançar várias startups - mais notavelmente , a plataforma de vídeo Ooyala e Lemon Wallet, um aplica-tivo que reproduz o conteúdo de sua carteira em seu telefone.

Mas é no seu mais recente empreendimen-to que Bel Pesce está investindo todo o seu talento e saber. Ela abriu uma escola, FazI-NOVA , que se dedica a ajudar os estudan-tes - tanto em cursos ao vivo em São Paulo, quanto online – a perseverar em direção a seus próprios sonhos e ambições. A escola tem crescido muito desde a sua criação em 2013.

Bel Pesce é também autora de três livros: The Brazilian girl of Silicon Valley, Superhe-roes: Wanted, e The Girl from Silicon Valley 2. Ela foi nomeada como uma das “100 pes-soas mais influentes do Brasil” pela Revista Época .

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Vídeo da palestra de Bel Pesce no TED

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Tradução integral da palestra de Bel Pesce no TED:

Nos últimos anos eu me dediquei a entender como as pessoas al-cançam seus sonhos. Quando pensamos nos sonhos que temos, e a marca que queremos deixar no universo, é impressionante ver o que há em comum entre os sonhos que temos e os projetos que nunca acontecem. (Risos) Estou aqui hoje para falar para vocês so-bre cinco maneiras de como não correr atrás de seus sonhos.

Um: acredite em sucesso da noite para o dia. Vocês conhecem a história, né? O cara técnico cria um aplicativo mobile e vende bem rápido por muito dinheiro. Bem, essa história pode parecer real, mas aposto que está incompleta. Se investigarmos a fundo, o cara já criou 30 aplicativos antes e ele fez um mestrado sobre o assunto, um Ph.D. Ele vem trabalhando nisso por 20 anos.Isso é bem interessante, eu mesma tenho uma história no Bra-sil que as pessoas acham que foi sucesso da noite para o dia. Eu ve-

nho de uma família humilde, e dois dias antes do prazo para se candidatar ao MIT, comecei minha inscrição. E pronto! Eu fui aceita. As pessoas podem achar que foi da noite para o dia, mas só deu certo porque, nos 17 anos anteriores, eu le-vei a sério minha vida e educação. Sua história de sucesso da noite para o dia sempre é resultado de tudo o que você fez em sua vida até aquele momento.

Dois: acredite que alguém tem a resposta para você. As pes-soas sempre querem ajudar, né? Todo mundo: sua família, seus amigos, seus sócios, todos eles têm opiniões sobre o caminho que você deve seguir: “E deixa eu dizer, vá por esse caminho.” Mas uma vez que você está dentro, tem outros caminhos que você também tem que escolher. E você mesmo tem que tomar essas decisões. Ninguém tem a resposta per-feita para a sua vida. E você tem que continuar tomando as decisões, certo? Os caminhos são infinitos e você vai continu-ar batendo a cabeça, e faz parte do processo.

Três, essa é bem sutil, mas bem importante: decida se aco-modar quando o crescimento estiver garantido. Quando sua vida está ótima, você reuniu uma ótima equipe, e sua receita não para de crescer, e tudo está resolvido... Hora de se acomodar. Quando lancei meu primeiro livro, trabalhei duro para distribuí-lo em todo o Brasil. Com isso, mais de 3 milhões de pessoas o baixaram, mais de 50 mil pessoas com-praram cópias físicas. Quando eu escrevi uma sequência, um certo impacto era garantido. Mesmo se eu fizesse pouco, as vendas seriam boas. Mas bom nunca é bom. Quando você está crescendo em direção a um topo, você tem que traba-lhar mais duro ainda e encontrar um outro topo. Talvez se eu fizesse pouco, algumas centenas de milhares de pessoas leriam, e isso já é ótimo. Mas se eu trabalhar mais duro do

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Tradução integral da palestra de Bel Pesce no TED:

que nunca, eu posso levar esse número para os milhões. Assim eu decidi, com meu novo livro, passar por cada estado brasileiro. E eu já consigo ver um novo topo. Não há tempo para se acomodar.

Quarta dica, e essa é bem importante: acredite que a culpa é de outra pessoa. Eu sempre vejo as pessoas dizendo: “Pois é, eu tive essa ótima ideia, mas ninguém teve a visão para investir.” “Oh, eu criei esse grande produto, mas o mercado está tão ruim que as ven-das não foram bem.” Ou: “Não consigo encontrar talentos; minha equipe deixa muito a desejar”. Se você tem sonhos, é sua respon-sabilidade fazê-los acontecer. Sim, pode ser difícil encontrar talen-tos. Sim, o mercado pode estar ruim. Mas se ninguém investiu na sua ideia, se ninguém comprou seu produto, com certeza, alguma coisa nisso tudo é culpa sua. (Risos) Com certeza. Você precisa pe-gar seus sonhos e fazê-los acontecer. E ninguém alcança seus ob-jetivos sozinho. Mas se você não os fez acontecer, é sua culpa e de mais ninguém. Seja responsável por seus sonhos.

E a última dica, e essa também é muito importante: acredite que a única coisa que importa são os sonhos em si. Uma vez eu vi uma propaganda, e havia vários amigos, eles estavam subindo uma montanha, era uma montanha bem alta, e era muito trabalho. Dava para ver que estavam suando e que era difícil. E estavam subin-do, e finalmente chegaram ao topo. Claro, eles decidiram come-morar, né? Vou comemorar: “Eba! Nós conseguimos, estamos no topo!” Dois segundos depois, eles se olham entre si e dizem: “Certo, vamos descer.” (Risos)A vida nunca significa somente os objetivos a serem atingidos em si mesmos. A vida é a jornada. Sim, você deveria aproveitar os ob-jetivos, mas as pessoas acham que têm sonhos, e no momento que conseguirem alcançar esses sonhos, estarão num lugar mágico onde a felicidade estará em toda a volta. Mas alcançar um sonho é uma sensação temporária, e sua vida não é. A única maneira de

alcançar todos os seus sonhos é aproveitar totalmente cada passo da jornada. É o melhor caminho.

E é simples: sua jornada é feita de passos. Alguns passos se-rão exatos. Às vezes você vai tropeçar. Se for exato, comemo-re, porque algumas pessoas esperam muito para comemo-rar. E se você tropeçar, transforme isso num aprendizado. Se cada passo se tornar um aprendizado ou uma comemoração, tenho certeza de que você vai aproveitar a jornada.Pois bem, cinco dicas: acredite no sucesso da noite para o dia; acredite que alguém tem as respostas para você; acre-dite que, com crescimento garantido, você deve se acomo-dar; acredite que a culpa é de outra pessoa; e acredite que somente os objetivos em si são importantes. Confiem em mim: se fizerem isso, vão destruir seus sonhos.

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Bel Pesce