Como somos justificados por Deus - livro

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A474 Alves, Silvio Dutra Como somos justificados por Deus./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 104p.; 14,8x21cm 1. Salvação. 2. Justificação. 3. Fé. I. Título.

CDD 234

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Sumário

Justificação...............................................................

4

Por que a Nossa Justificação Depende da

Ressurreição de Cristo?....................................

16

Cristo, o Objeto e Fundamento da Fé

para a Justificação, em sua Morte................

25

Andarão de Branco..............................................

31

Significado de Ser Justificado Pela Fé........

33

Injustos Mas Justos..............................................

42

A Maior Bem-Aventurança.............................

44

Os Efeitos da Justificação..................................

47

Salvos por Meio da Justificação.....................

52

Justificação Pela Graça......................................

57

Justificação Pela Fé.............................................. 84

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Justificação

Os que Deus chama eficazmente, também livremente justifica. Esta justificação não

consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e

aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os

justifica em razão de qualquer coisa neles

operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo; não lhes

imputando como justiça a própria fé, o ato de

crer ou qualquer outro ato de obediência

evangélica, mas imputando-lhes a obediência e a satisfação de Cristo, quando eles o recebem e

se firmam nele pela fé, que não têm de si

mesmos, mas que é dom de Deus.

Ref. Rom. 8:30 e 3:24, 27-28; II Cor. 5:19, 21; Tito 3:5-7; Ef. 1:7; Jer. 23:6; João 1:12 e 6:44-45; At. 10:43-

44; Fil. 1:20; Ef. 2:8.

A fé, assim recebendo e assim se firmando em Cristo e na justiça dele, é o único instrumento

de justificação; ela, contudo não está sozinha na

pessoa justificada, mas sempre anda acompanhada de todas as outras graças

salvadoras (fruto do Espírito – paz, alegria,

bondade, mansidão, domínio próprio, amor

etc); não é uma fé morta, mas opera pelo amor.

Ref. João 3:16, 18, 36; Rom. 3:28, e 5: I; Tiago 2:17, 22, 26; Gal. 5:6.

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Cristo, pela sua obediência e morte, pagou plenamente a dívida de todos os que são

justificados, e, em lugar deles, fez a seu Pai uma

satisfação própria, real e plena. Contudo, como Cristo foi pelo Pai dado em favor deles e como a

obediência e satisfação dele foram aceitas em

lugar deles, ambas livremente e não por qualquer coisa neles existente, a justificação

deles é só da livre graça, a fim de que tanto a

justiça restrita como a abundante graça de Deus

sejam glorificadas na justificação dos pecadores.

Ref. Rom. 5:8, 9, 18; II Tim. 2:5-6; Heb. 10:10, 14; Rom. 8:32; II Cor. 5:21; Mat. 3:17; Ef. 5:2; Rom. 3:26;

Ef. 2:7.

Deus, desde toda a eternidade, decretou justificar todos os eleitos, e Cristo, no

cumprimento do tempo, morreu pelos pecados deles e ressuscitou para a justificação deles;

contudo eles não são justificados enquanto o

Espírito Santo, no tempo próprio, não lhes aplica

de fato os méritos de Cristo.

Ref. Gal. 3:8; I Ped. 1:2, 19-20; Gal. 4:4; I Tim. 2:6; Rom. 4:25; I Ped. 1:21; Col. 1:21-22; Tito 3:4-7.

Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora eles nunca poderão decair

do estado de justificação, poderão, contudo,

incorrer no paternal desagrado de Deus e ficar

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privados da luz do seu rosto, até que se

humilhem, confessem os seus pecados, peçam

perdão e renovem a sua fé e o seu

arrependimento.

Ref. Mat. 6:12; I João 1:7, 9, e 2:1-2; Luc. 22:32; João

10:28; Sal. 89:31-33; e 32:5.

A justificação dos crentes sob o Velho

Testamento era, em todos estes respeitos. a mesma justificação dos crentes sob o Novo

Testamento.

Ref. Gal. 3:9, 13-14; Rom. 4:22, 24.

Não poderíamos ser justificados se não tivéssemos antes, sido redimidos.

A redenção é o preço pago como resgate para libertar prisioneiros da prisão. Jesus pagou

com o seu sangue, de forma completa e

definitiva, o preço exigido pela justiça divina,

para livrar os pecadores da condenação eterna. Este resgate não tinha preço pois se refere à

libertação de vidas. Quanto vale uma só vida?

O pagamento de Cristo cobriu completa e perfeitamente, todos os débitos de todos os

crentes para com Deus. Todas as exigências da

lei foram pagas na cruz. O recibo do cancelamento total da dívida foi encravado

na cruz (Col 2.13,14). Agora, não há nenhuma

condenação para quem está em Cristo (Rom

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8.1), nenhuma chama do inferno destinada a

eles. O trabalho foi realizado completamente

pelo próprio Cristo, sem o auxílio de qualquer

pessoa.

A justificação é o efeito ou resultado da aplicação dos benefícios decorrentes da

redenção. Como o débito foi pago por outro em

nosso lugar, então somos declarados justos e sem culpa por Deus. Cristo se apresentou na

presença do Pai, no lugar dos pecadores, para

receber a sentença e a execução da mesma, que

eram destinadas a eles. Quando Deus disse em relação aos que seriam redimidos por

Cristo, que deveria condená-los e puni-los,

Cristo se declarou culpado no lugar deles.

Quando a execução da sentença foi determinada, Cristo declarou que deveria ser

punido no lugar deles, e o fez morrendo na cruz.

Isto é o que se chama de doutrina da

substituição ou sacrifício vicário. Cristo ficou no lugar do pecador, e nós ficamos no lugar de

Cristo diante de Deus. Ele nos olha como se

fôssemos Cristo, e somos aceitos por Ele com o

mesmo amor que ama a Cristo. E somos considerados herdeiros, inclusive de uma coroa

no céu, juntamente com Cristo. Tão logo que o

pecador se arrepende ele é justificado de todos

os seus pecados. Ele está sem culpa diante de Deus, inteiramente aceito pelo seu amor. Além

disso, ele passa a ter méritos porque tomou a

justiça de Cristo para si. Os trapos do pecador

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(seus pecados) foram lançados sobre Cristo (Is

53.11b), e as vestes de Cristo foram colocadas no

pecador arrependido.

A justificação é irreversível. Tão logo que o pecador toma o lugar de Cristo, e Cristo toma o

lugar do pecador, não há mais o temor de uma

segunda troca. Cristo pagou o débito e este não será exigido novamente (Jo 3.14,18). O castigo

que ele sofreu na cruz em nosso lugar não terá

que ser sofrido por nós novamente. Ele não

cancelou o escrito de dívida para que ele fosse reescrito outra vez (Col 2.13,14). Deus não dá o

perdão gratuito para voltar a condenar depois.

Daí não mais haver condenação para quem está

em Cristo Jesus (Rom 8.1). Ninguém pode condenar a quem Deus justificou (Rom 8.33,34).

Tudo isto é obtido gratuitamente sem as nossas obras (Ef 2.8,9). Nunca será obtido com base nos nossos merecimentos. É obtido por nada, sem

que nada façamos, além de crer. O ladrão que foi

salvo na cruz, e as pessoas que aceitam a Cristo

em seus leitos de morte, bem ilustram o fato de que a salvação/justificação é por meio da fé

somente, e não das obras.

O evangelho de Cristo é tão imensamente precioso que não poderia ser comprado por qualquer valor deste mundo ou do universo. É

por isso que Deus nos concede a salvação por

graça, mediante o preço altíssimo e

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incalculável, que Jesus pagou com sua própria

vida e ao dispor-se a levar sobre Si a culpa de

todos os nossos pecados.

Primeiro devemos ser justificados simplesmente pedindo para sermos salvos, e

faremos as boas obras depois (Ef 2.10), pois que

somos justificados, para sermos regenerados e santificados, porque a santidade é a essência

mesma da natureza de Deus. Se alguém quiser

ser justificado deve vir a Cristo como está, com

todos os seus pecados, não lhe escondendo cousa alguma, porque é isto o que nos

recomenda a Ele para sermos socorridos, a

exposição sincera do nosso estado de miséria e

o reconhecimento da nossa culpa, em razão do pecado. Mostrando-lhe o estado de sujeira e

os trapos de nossas roupas, ele as trocará pelas

suas vestes de justiça alvas e limpas (Zac 3.1-5).

Precisamos de arrependimento e o desejo de deixar o pecado para sermos justificados, mas

não é uma coisa nem outra a causa da

nossa justificação, ainda que necessárias, mas Cristo, Cristo, Cristo, somente Cristo.

Mas, para se arrepender, o pecador necessita do convencimento e da obra do Espírito Santo. O

homem dirigido pelo Espírito para ser justificado. O homem necessita ser justificado

porque foi criado para ser justo tanto para com

os demais homens, quanto para com Deus.

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Quando o homem é trazido a Cristo, pelo

Espírito, ele descobre que sua vida tem sido

manchada por várias ofensas contra a lei de

Deus.

O Espírito Santo nos convence do pecado antes que possamos ser justificados, para

compreendermos que estamos cheios de pecados, tanto em nossas ações exteriores,

quanto em nossos pensamentos e imaginação. O

pensamento e a imaginação do nosso coração

são continuamente maus. Ninguém pode alegar inocência diante do trono de Deus. A menos que

o homem seja derrubado do seu orgulho em não

se reconhecer pecador, Cristo nunca o

levantará. Por ser um transgressor da lei de Deus, o homem, sem Cristo, nunca pode estar

de pé diante dele baseado em sua própria

justiça. A possibilidade de ser justificado com

base na justiça própria deve ser considerada como um caso totalmente perdido. O passado

não poder ser apagado, e o futuro não será nada

melhor, e assim a salvação pelas obras da lei

será sempre uma impossibilidade (At 13.39; Rom 3.20,28; 4.1-8; 9.30-32; Gl 2.16; 3.11).

A lei amaldiçoa a todos os que não cumprem os seus mandamentos (Dt 27.26; Gl 3.10,11) mas Jesus se fez maldição no nosso lugar para nos

resgatar da maldição da lei (Gl 3.13,14). Os que

não têm a Cristo permanecem debaixo da

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referida maldição (Gl 3.10). Mas o justificado é

resgatado dela.

Os que buscam ser justificados pela lei, e não pela fé em Cristo, deveriam se lembrar que

quem quebra a lei num só ponto se torna

culpado de todos os demais (Tg 2.10). Um só

pecado sujeita o transgressor à condenação eterna no inferno (Mt 5.18,19,22). Isto revela

quão estrita é a justiça de Deus. E aponta para a

grandeza da ira de tal justiça que foi despejada

sobre Jesus quando pagou pelos nossos pecados na cruz, para satisfazer a exigência da justiça de

Deus. O que concluímos disto é que qualquer

pessoa que não tenha sido justificada por Cristo

está sob condenação (Jo 3.36b), e nós, que temos sido justificados devemos levar o pecado muito

a sério, sabendo que a ira de Deus contra o

pecado está revelada no castigo que Jesus sofreu

na cruz.

O homem só pode ser justificado pelo caminho de Deus (a graça que está em Cristo) que é

totalmente diferente do caminho através do qual não podemos ser justificados (o mérito das

nossas boas obras). Não somos justificados pela

nossa própria obediência, mas pela obediência

de Cristo (Rom 5.19).

Como a justificação não é pelo nosso merecimento, e sim pelos méritos de Cristo, é

comum afirmar-se que a salvação é um dom

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(graça) imerecido. De fato não é porque a

mereçamos, que a recebemos, mas porque

fomos eleitos pelo amor de Deus para recebê-la.

(Isto estudaremos pormenorizadamente no assunto relativo à eleição). E tudo o que se refere

à nossa salvação (eleição, justificação,

regeneração, santificação e glorificação) está em Cristo.

Quando o crente é abençoado com a bênção da justificação não é por sua própria causa, mas por

causa de Jesus. Deus apaga os seus pecados em razão do que Jesus fez. O crente não tem

méritos próprios mas tem recebido os méritos

ilimitados de Jesus, ao ser vestido com a

sua justiça divina (Mt 22.11,12; Rom 10.4; I Cor 1.30). Todos os méritos de Jesus são imputados

àqueles que são justificados pela sua graça.

Cristo se fez pecado por nós (II Cor 5.21) e nós

fomos feitos reis e sacerdotes para Deus (I Pe 2.9; Apo 5.9,10).

Estando vestido da justiça de Cristo, o crente não terá no céu uma justiça maior ou melhor do

que a que tem na terra. É por isso que não será mais aceitável a Deus quando for para o céu, do

que aqui na terra, pois a mesma justiça de Jesus

é a que os crentes possuem tanto na terra

quanto no céu. Uma justiça divina, melhor do que a que Adão tinha em seu estado

de inocência no Éden, que era uma justiça

humana, baseada na sua própria justiça. O

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caminho de chegada a esta justificação é a fé.

Não por meio de choros, orações, humilhações,

trabalhos, leitura da Bíblia (ainda que tudo isso

seja necessário depois que o crente é justificado) ou quaisquer outros meios, MAS

PELA FÉ. É a graça quem justifica e salva,

mas sempre por meio da fé, porque Deus prometeu que seria apenas este

o único meio da justificação (Hc 2.4; Rom 1.17;

5.1; Ef 2.8).

Mas, a fé que conduz à justificação é uma fé viva, genuína, que vem de Deus, do alto, que se

manifesta em obras (I Tim 1.5; Tg 2.17-19). A fé

sem fingimento que habitou na mãe e avó de

Timóteo (II Tim 1.5). A fé que conduz ao arrependimento e entrega da vida ao Senhor,

para que seja por Ele transformada e santificada

(este é um outro assunto que estudaremos sob

os temas de Regeneração e Santificação). Uma fé como esta não pode ser de nós mesmos, é

uma fé que também recebemos como um dom

de Deus.

O grande privilégio da justificação é que passamos a ter paz com Deus (Rom 5.1). O temor

do mal e do juízo vindouro terminam. O crente

se sente seguro nas mãos de Deus e descansa quanto ao destino eterno de sua alma,

independentemente das circunstâncias

adversas que possa sofrer neste mundo. O

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coração justificado pode experimentar a paz de

Cristo em meio às aflições e tribulações.

Permanecendo em Cristo, os crentes não

podem mais estar debaixo da maldição da lei, mesmo neste mundo, porque não apenas Deus

os perdoou em Cristo quanto a todas as suas

transgressões da lei, como estão destinados a viverem em perfeita harmonia com todas as

exigências da lei moral de Deus, no porvir, pela

capacitação recebida do poder e graça de Deus,

mediante a obra de redenção realizada por Jesus, bem como pela regeneração e

santificação operadas pelo Espírito Santo, que é

o selo e a garantia da salvação dos crentes. O

Espírito que tem lutado contra a carne e mortificado a natureza terrena do crente, na

batalha constante que se travará

permanentemente neste mundo, é a garantia

que temos de Deus, de que Ele completará a sua obra iniciada em nós na justificação e

regeneração, de purificação do pecado e do

revestimento de Cristo.

Como resultado ou consequência da justificação, somos regenerados e santificados

pelo Espírito Santo, em Cristo. Somos feitos

filhos de Deus (Jo 1.12; I Jo 3.2), herdeiros de

Deus, livrados da condenação da lei e da morte, e temos vida eterna (Mt 25.46; Lc 18.30; 20.35,36;

Jo 3.15,16,18; 3.36; 4.14,36; 5.24,29; 6.27,37,39,

40,47,51,54, 57,58; 8.51; 10.10,28; 11.26; 12.25,50;

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14.19; 17.2,3; At 13.46,48; Rom 1.17; 2.7; 5.9,17,18,21;

6.22,23; 8.1,2,6,16,18,32-35; 10.9,13; 14.4; I Cor

1.8,9; 2.12; 6.3; 9.25; 11.32; 15.49, 54; II Cor 1.24;

3.18; 4.17; 5.17; 13.6; Gl 4.6; 6.8; Ef 2.1,4,5,8-10; Fp 1.6,21; 3,21; Col 1.12, 22,27; 2.13,14; I Tes 1.10;

4.14,17; 5.9,10,23? II Tes 2.13,16,17; I Tim 1.15,16;

6.12; II Tim 1.9,10,12; 2.10; Tito 1.1,2; 3.4-7; Hb 1.14; 5.9; 6.17-20; 7.25; 8.12; 9.15; 10.14,39; 12.28; I Pe 1.3-

5,22,23; 5.10; II Pe 1.3,4; 3.7,13; I Jo 1.2; 2.25; 3.1-3;

5.11-13, 20; II Jo 1,2).

Não podemos sentir a justificação, por ser um decreto legal da parte de Deus que nos livra da

condenação e que nos imputa a justiça de Cristo,

mas podemos sentir os seus efeitos sobre nós: o

amor a Deus e aos irmãos em Cristo, o trabalho de purificação dos nossos pecados e o novo

nascimento operados pelo Espírito Santo, a paz

de Cristo em nossos corações e muitas outras evidências que comprovam que de fato fomos

feitos filhos de Deus por meio de nosso Senhor

Jesus Cristo.

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Por que a Nossa Justificação Depende da

Ressurreição de Cristo?

Fé Baseada na Ressurreição de Cristo

“Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou,” (Rom 8.34

a)

É a ressurreição de Cristo que dá sustentação à fé:

1. Por ser uma evidência da nossa justificação,

2. Por ter uma influência em nossa justificação.

Houve necessidade da ressurreição de Cristo, para a aquisição de nossa justificação.

O apóstolo faz a ênfase do argumento em favor da nossa justificação, na ressurreição do

Senhor, porque ao se referir à sua morte como a

primeira grande causa, ele aponta para esta

segunda, como que afirmando a sua importância, por dizer: “ou, antes, quem

ressuscitou”, como se tivesse reconhecido que

o argumento da ressurreição poderia até

mesmo ser colocado antes do relativo à morte, como prova da nossa justificação, porque aqui, o

que ele quer demonstrar, é que não há qualquer

base legal para sermos condenados à morte

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eterna por Deus, e a prova disso está marcada de

forma bastante evidente na ressurreição de

Jesus.

Alguém indaga: Por que vocês foram

justificados? Por causa da morte de Cristo, respondemos. Então vem a réplica: “Mas quem

garante que a morte de Jesus foi eficaz para que

vocês fossem justificados?”, e a nossa resposta será: “Porque isto foi comprovado na sua

ressurreição, que é a prova patente que ele foi

aceito e justificado pelo Pai, morrendo em nosso

lugar, carregando os nossos pecados sobre o seu corpo, I Pe 2.24.

Sua ressurreição comprova então que a justiça de Deus está plenamente satisfeita pela morte

de Cristo. sua ressurreição pode nos dar plena

certeza disso.

Em segundo lugar, ela teve e tem uma influência em nossa própria justificação, sim, e

uma influência tão grande como a sua morte

teve. Em ambos os aspectos, não podemos ser

condenados, porque Cristo ressuscitou.

Ele ressurgiu dos mortos, e nós também juntamente com ele. Podemos ser justificados e

vivificados porque ele vive. Nós vivemos porque

ele permanece vivo, e vivo para sempre.

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Como ele próprio afirmou: “porque eu vivo, vós também vivereis”, Jo 14.19.

E temos a certeza de que podemos viver nele, porque ele pagou completamente toda a nossa

dívida de pecados, e Deus está satisfeito com a

oferta da sua vida em sacrifício vicário, ou seja,

em nosso lugar.

Se o Senhor tivesse pago a nossa dívida em sua morte, mas caso não revivesse em glória, em sua

ressurreição, não poderíamos receber da sua vida, pela qual somos salvos e vivificados. Ele é o

pão vivo que desceu do céu e alimenta o nosso

espírito. Vivemos pela sua vida, e assim deveria

ser, porque foi isto que foi pactuado entre ele e o Pai, antes mesmo que viesse ao mundo para

efetuar a nossa redenção.

Após discorrer sobre a ressurreição em todo o 15º capítulo de I Coríntios, o apóstolo Paulo

fecha o capítulo com um hino de triunfo sobre o

pecado e a morte:

“1Co 15:55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?

1Co 15:56 O aguilhão da morte é o pecado, e a

força do pecado é a lei.

1Co 15:57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.”

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A nossa ressurreição não será para a segunda morte, conforme sucederá aos ímpios, mas para

a vida, e isto comprova que temos participado da

ressurreição de Cristo, porque fomos justificados por Deus juntamente com ele, em

sua morte e ressurreição.

Assim, afirma o apóstolo:

“o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.” (Rom 4:25).

Nesta passagem se afirma expressamente que Jesus ressuscitou por causa da nossa

justificação. Não que o termos sido justificados

tenha sido a causa da sua ressurreição, mas o oposto disto, ou seja, somos justificados por

causa da sua ressurreição.

Então a ressurreição de Cristo não foi apenas uma evidência, um meio de prova da nossa

justificação, mas algo que teve uma influência causal na própria justificação.

Isto pode ser visto em I Coríntios 15.17, onde o apóstolo argumenta nos seguintes termos: “se

Cristo não ressuscitou, permaneceis ainda nos

vossos pecados e a sua fé é em vão”, ou seja, embora você possa ter a certeza de que a fé

opera em você sobre o mérito da morte

de Cristo, no entanto, seria em vão, se Cristo

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não ressuscitasse, pois, neste caso, a sua

justificação seria nula; e assim estariam ainda

em seus pecados.

Ninguém deve duvidar quanto à verdade de que a morte de Cristo pagou a nossa dívida de

pecados, mas ainda assim, dependíamos

também da quitação dessa dívida, e isto seria feito pela sua ressurreição. A conta deveria ser

rasgada e devidamente quitada no céu, de modo

que nós, devedores que éramos da justiça

divina, pudéssemos ser liberados da nossa condição de devedores.

Em sua morte Jesus é o nosso Sacrifício, e em sua ressurreição e ascensão ao céu, Ele é o nosso Sacerdote e Advogado. Ambas funções são

necessárias para a nossa redenção, e por isso

elas se encontravam prefiguradas na Lei, onde

nenhum sacrifício teria valor caso não fosse apresentado na presença do sumo sacerdote de

Israel, e também no tabernáculo, e quanto ao

sacrifício que era oferecido pelo pecado de toda

a nação no dia da Expiação, o sangue teria que ser apresentado no Santo dos Santos, e deveria

ser aspergido sobre o propiciatório da arca da

aliança, que representava a presença de Deus.

Assim, também nosso Senhor se apresentou como nosso Sumo Sacerdote no céu para

apresentar o sangue do seu sacrifício na

presença do Pai no Santo dos Santos celestial.

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Isto é devidamente explicado na epístola aos

Hebreus.

Nenhum de nós poderia ter a plena justificação que nos dá o direito de acessarmos diretamente

ao Pai, caso não tivéssemos a nosso Senhor Jesus

Cristo intercedendo por nós, à sua direita, como

nosso Sumo Sacerdote. Por isso importava que ele ressuscitasse dentre os mortos para realizar

a sua função sacerdotal em nosso favor, de

modo que sejamos aceitos por Deus Pai.

O Pai designou antes mesmo dos tempos eternos, Tito 1.1-3, o Filho para realizar estes

ofícios para o nosso benefício e para a sua glória.

Como o ato da justificação é um ato jurídico, no qual somos os beneficiados, em razão do

pagamento da fiança da nossa libertação que foi

pago por nosso Fiador, e por todas os

atos atributivos e imputativos para sermos considerados sem culpa e justos diante de Deus,

e então poder desfrutar de tudo isto porque

Jesus não apenas pagou o preço exigido em sua

morte, como também, ressurgiu dos mortos para a realização de todo este aparato jurídico,

necessário à nossa libertação e defesa contra

nossos acusadores, agindo como nosso

Advogado no céu, para garantir a nossa justificação. O apóstolo João, por isso, em sua

primeira epístola ao falar de Jesus como nosso

Advogado, I Jo 2.1, ele diz que ele é fiel e justo

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para nos “purificar de toda injustiça”, como se

referindo de um modo peculiar ao ato da

justificação, caso confessemos os nossos

pecados, I João 1.9.

Como isto poderia ter sido feito senão pela sua ressurreição? Daí ser afirmado na Palavra que

ele ressuscitou por causa da nossa justificação,

ou seja, para ativá-la, para administrá-la, para

não somente nos atribuir a sua própria justiça, como também para implantá-la

progressivamente ao nosso caráter, por nos

fazer participantes de sua própria vida e

virtudes.

Daí a grande certeza do apóstolo ao indagar: Quem intentará acusação contra os eleitos de

Deus? Quem os condenará? E então apresenta o

argumento final: eles estão justificados e é Deus

quem os justifica desta forma jurídica incontestável, quer perante toda a Terra, quer

perante o céu, ou até mesmo perante o próprio

inferno.

O plano de justificação dos pecadores é perfeito e completamente seguro, de forma que também é segura a salvação daqueles que são

justificados por meio da fé em Cristo.

Não há neste plano divino qualquer brecha que possa dar ocasião a uma apelação ou ação por

parte de tudo e todos que tentem anular o

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direito que Cristo conquistou para os

justificados, de modo que eles podem repousar

seguros que este direito nunca poderá lhes ser

negado ou retirado, ainda que parcialmente.

“por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança.” (Heb 7.22).

Tão perfeito é o ato da nossa justificação, que se diz que nosso Senhor aparecerá uma segunda

vez em sua volta, sem pecado, Heb 9.28, ou seja, a justificação garantirá a nossa perfeição

espiritual por ocasião de sua volta, de tal forma,

que não haverá nenhuma necessidade que ele

carregue de novo os nossos pecados sobre si, como fizera em seu primeiro advento, para que

pudéssemos receber esta justificação. Assim,

aparecerá sem pecado, não que tivesse pecado

antes, ou que estivesse com algum pecado no céu, mas sem a necessidade referida de fazer

expiação pelo pecado em nosso lugar, uma

segunda vez. Daí se dizer também, que tendo ele

“ressuscitado dentre os mortos, já não morre mais”, Rom 6.9, ou seja, pela perfeita

justificação que ele operou em nosso favor,

jamais haverá necessidade de qualquer outra

expiação que demandasse que ele morresse de novo pelos pecadores. E também se diz, que com

uma única oferta aperfeiçoou para sempre

quantos estão sendo santificados, Heb 10.14.

Page 24: Como somos justificados por Deus - livro

24

Agora, todo este argumento da Palavra de Deus em favor da ressurreição de nosso Senhor como

prova e causa da nossa justificação, encoraja e

aumenta a nossa fé nele. Aumenta também a nossa gratidão e amor. Porque ainda que não

cheguemos a ter um conhecimento pleno da

real profundidade deste maravilhoso plano de salvação, ele funcionará para todos os que

creem em Cristo, independentemente do citado

conhecimento pleno.

Mas bem faremos em aumentar no

conhecimento desta graça e do Senhor, conforme nos exorta a própria Palavra, para que

jamais nos desviemos da Rocha na qual somos

firmados por meio da fé.

“2 Pe 3:17 Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda

que, arrastados pelo erro desses

insubordinados, descaiais da vossa própria

firmeza;

2 Pe 3:18 antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus

Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no

dia eterno.”

Page 25: Como somos justificados por Deus - livro

25

Cristo, o Objeto e Fundamento da Fé para

a Justificação, em sua Morte

“Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu.” Rom 8.34

Veremos como não é a pessoa de Cristo

simplesmente, mas Cristo morrendo, o objeto da fé para a justificação.

Não é olhando para o Cristo triunfante, mas sim para o Cristo crucificado que a fé opera para a

nossa justificação; porque Ele se fez maldição em nosso lugar em sua morte. Ele foi tipificado

pela serpente morta de bronze que Moisés

levantou no deserto, e para a qual quando os que

estavam morrendo olhavam, eram curados e viviam.

Quando se olha apenas para as excelências pessoais da glória que está em Jesus Cristo, e

quando o coração se afeiçoa a ele somente nisto,

comete-se um erro porque a primeira visão que uma alma humilde deve ter, é a de contemplá-lo

como o seu Salvador, feito pecado por nós, e que

se fez maldição em nosso lugar, obedecendo até

a morte para nos remir do pecado, Rom 8.3.

Cristo, é, para nós, precioso e excelente em sua pessoa, ainda mais quando considerado com

suas vestes salpicadas de sangue. Sim, e eu digo

Page 26: Como somos justificados por Deus - livro

26

mais, que considerando a fé para justificação,

que é, este ato o que justifica um pecador;

porque esta justificação está baseada na

obediência de Cristo até à morte.

Segundo a Lei, todas as coisas são purificadas com sangue, e sem sangue não há remissão de

pecados, Heb 9.22.

Por isso Paulo diz em sua Epístola aos Coríntios, que nada conheceu entre eles senão Cristo, e

este crucificado, 1 Coríntios 2.2.

Assim também, em sua Epístola aos Gálatas, ele chama a sua pregação entre eles de a pregação

da fé, 3.2. E qual foi o objetivo principal do mesmo, senão apresentar Cristo crucificado

diante de seus olhos? Gál 3.1.

Nosso Senhor instituiu a santa ceia para ser um memorial da sua morte, porque é nesta que se

baseia a nossa justificação.

Por isso a fé é chamada de fé em seu sangue,

Rom 3.25, porque nosso Senhor derramou o seu sangue para a remissão dos pecados.

Assim, tanto em Ef 1.7 e Col 1.14, vemos que temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, a sua pessoa nos dá o direito legal

para nos apropriarmos de todas as promessas, e

seu sangue garante o seu cumprimento, porque

Page 27: Como somos justificados por Deus - livro

27

fomos comprados por um preço completo

e adequado, 1 Tim 2.6.

E como o pecado é a força da lei, e das ameaças da mesma, assim a satisfação da justiça por

Cristo é a força de todas as promessas do evangelho.

Em uma palavra, uma alma humilde que recorre a Cristo, está agora viva e glorificada no

céu, mas porque Ele foi crucificado e se fez pecado por nós.

A fé deve contemplar até o fim o Cristo crucificado, ou seja, para a intenção de Deus e de

Cristo em seus sofrimentos, e não

simplesmente para a história trágica de sua morte e sofrimentos. É o coração e mente, e

intenção de Cristo no sofrimento, que a fé

principalmente olhe para ele e o coração seja

atraído para descansar no Cristo crucificado.

O desejo do coração de Cristo é o de que os pecadores possam alcançar o perdão, e o

coração de Cristo está tão cheio nisto, para

consegui-lo, de modo que o coração do pecador

possa desejá-lo, e achar por fim, descanso nele.

Sem isso, a contemplação e meditação da história de seus sofrimentos, e da grandeza

deles, será completamente inútil. E ainda, o uso

principal que muitos crentes carnais fazem dos

Page 28: Como somos justificados por Deus - livro

28

sofrimentos de Cristo, é simplesmente o de

terem compaixão pelos sofrimentos do Senhor,

e se indignarem com o fato dele ter padecido nas

mãos daqueles que o crucificaram, mas isto nada mais é do que a história trágica como a de

um grande e nobre personagem, cheio de

virtudes heroicas, que comoverá os espíritos ingênuos, que leiam ou ouçam sobre isso, sim, e

suas afeições são movidas na forma de uma

ficção, elaborada por sua imaginação fantasiosa,

o que é senão uma devoção carnal.

Em vez de focarmos no fato histórico, devemos sim, procurar entender o significado e

propósito dos sofrimentos de Cristo, pelo que

Ele próprio nos ensina nos evangelhos, e os seus apóstolos em suas epistolas, na Bíblia.

Por isso importa termos a mente de Cristo, 1 Cor

2.16, especialmente a sua mente em todos os seus sofrimentos.

Para que tivéssemos uma melhor compreensão do infinito significado e importância de sua morte, Deus instituiu os sacrifícios de animais e

a Páscoa no Velho Testamento para tipificá-la, e

também o revelou aos profetas, como vemos por

exemplo em Isaías 53 e no Salmo 22.

“A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando

Page 29: Como somos justificados por Deus - livro

29

aos homens as suas transgressões, e nos confiou

a palavra da reconciliação.”( 2 Cor 5.19)

Cristo veio ao mundo para apresentar a si mesmo como sacrifício pelos nossos pecados.

(Heb 10.5)

“então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para

estabelecer o segundo. Nessa vontade é que

temos sido santificados, mediante a oferta do

corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a

exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas

vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais

podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício

pelos pecados, assentou-se à destra de Deus,

aguardando, daí em diante, até que os seus

inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para

sempre quantos estão sendo santificados. E

disto nos dá testemunho também o Espírito

Santo; porquanto, após ter dito: Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o

Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e

sobre a sua mente as inscreverei, acrescenta:

Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para

sempre. Ora, onde há remissão destes, já não há

oferta pelo pecado.” (Hebreus 10.9-18).

Page 30: Como somos justificados por Deus - livro

30

“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus

enviando o seu próprio Filho em semelhança de

carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o

pecado,” (Romanos 8.3).

Page 31: Como somos justificados por Deus - livro

31

Andarão de Branco

“Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas

vestiduras e andarão de branco junto comigo,

pois são dignas.” (Apocalipse 3.4)

Podemos entender isso como se referindo à

justificação. "Andarão de branco", isto é, devem ter um senso constante de sua própria

justificação pela fé, os quais devem saber que a

justiça de Cristo é imputada a eles, para todos

aqueles que têm sido lavados e foram feitos mais alvos do que a neve recém-caída.

Outrossim, isto se refere a alegria e satisfação,

porque estavam com vestes brancas usadas pelos judeus em ocasiões festivas. Aqueles que

não contaminaram as suas vestes terão seus

rostos sempre brilhantes e entenderão o que

Salomão disse: "Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois

Deus já de antemão se agrada das tuas obras.”

(Ecl 9.7)

Aquele que é aceito por Deus deve usar roupas brancas de regozijo e alegria, enquanto caminha

em doce comunhão com o Senhor Jesus. De onde procedem tantas dúvidas, tanta miséria, e

tristeza? É porque muitos crentes

contaminaram as suas vestes com pecado e

Page 32: Como somos justificados por Deus - livro

32

erro, e, portanto, perdem a alegria da sua

salvação, e a comunhão do Senhor Jesus, eles

não andam aqui embaixo de branco.

A promessa também se refere a andar de branco diante do trono de Deus. Aqueles que não contaminaram as suas vestes aqui certamente

andarão de branco lá em cima, onde as hostes

celestiais vestidas de branco cantam eternos

aleluias ao Altíssimo. Eles terão alegrias extraordinárias, além da felicidade sonhada,

bem-aventuranças que a imaginação não

conhece, bem-aventuranças jamais alcançadas.

O "sem mácula no caminho" terá tudo isso, e não por mérito, nem por obras, mas por graça.

Devem andar com Cristo de branco, porque ele

os tornou "dignos". Em sua doce companhia

beberão das fontes da água da vida.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.

Page 33: Como somos justificados por Deus - livro

33

Significado de Ser Justificado Pela Fé

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz

com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;”

(Romanos 5.1)

“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” (Romanos 3.28)

Geralmente, quando perguntamos a alguém o que é ser justificado por meio da fé em Jesus

Cristo, a resposta que costuma ser dada é que

isto significa ser tornado justo por Deus, como

se a justificação fosse um processo, assim como é a santificação. Todavia, como veremos

adiante, a justificação não é um processo, uma

operação de transformação, mas um ato

declarativo de Deus do perdão de todos os nossos pecados, de modo que somos

considerados livres de qualquer culpa ou

condenação, e por conseguinte vistos por Ele

como inocentados e justos, no momento mesmo em que nos convertemos a Cristo, e esta

declaração divina jamais será invalidada.

Quando fazemos um exame cuidadoso da palavra justificação tanto no original grego do Novo Testamento, quanto no hebraico do Velho,

vemos que o significado não é ser transformado

em justo, mas ser considerado justo por Deus.

Page 34: Como somos justificados por Deus - livro

34

Evidentemente, não poderia ser outro o significado porque perfeitamente justo

somente é o próprio Senhor.

É por meio da justificação que obtemos a salvação eterna de uma vez para sempre, no

momento mesmo em que cremos em Cristo e somos considerados justos por Deus, uma vez

que esta é a porta que se abre para a regeneração

e a santificação do Espírito Santo. Em outras

palavras, sem a justificação não pode haver nem regeneração, nem santificação. É a justiça do

próprio Cristo que nos é imputada para a

salvação do mesmo modo pelo qual Abraão fora também justificado no passado.

Vejamos então algumas ocorrências bíblicas da

citada palavra:

1 - Logizomai (grego) – imputar, atribuir

Quando a Bíblia fala do modo da justificação, é dito que ela é imputada, atribuída, vendo-se

portanto, claramente, que se trata de uma declaração divina quanto à condição que somos

considerados por ele por estarmos em Cristo, a

saber, de justificados.

Romanos 4.3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado

(Logizomai) como justiça.

Page 35: Como somos justificados por Deus - livro

35

Romanos 4.4 Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado (Logizomai) o galardão

segundo a graça, mas segundo a dívida.

Romanos 4.5 Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é

imputada (Logizomai) como justiça.

Romanos 4.6 Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa

(Logizomai) a justiça sem as obras, dizendo:

Romanos 4.8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa (Logizomai) o

pecado.

Romanos 4.9 Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre

a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi

imputada (Logizomai) como justiça a Abraão.

Romanos 4.10 Como lhe foi, pois, imputada (Logizomai)? Estando na circuncisão ou na

incircuncisão? Não na circuncisão, mas na

incircuncisão.

Romanos 4.11 E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé quando estava na

incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem, estando eles também na incircuncisão; a

fim de que também a justiça lhes seja imputada

(Logizomai);

Page 36: Como somos justificados por Deus - livro

36

Romanos 4.22 Assim isso lhe foi também imputado (Logizomai) como justiça.

Romanos 4.23 Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta

(Logizomai),

Romanos 4.24 Mas também por nós, a quem será tomado em conta (Logizomai), os que

cremos naquele que dentre os mortos

ressuscitou a Jesus nosso Senhor;

Gálatas 3.6 Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado (Logizomai) como justiça.

Tiago 2.23 E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado

(Logizomai) como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.

2 – dikaioô (grego) - considerar justo ou inocente

Mateus 12.37 Porque por tuas palavras serás justificado (dikaioô), e por tuas palavras serás condenado.

Lucas 18.14 Digo-vos que este desceu justificado (dikaioô) para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será

humilhado, e qualquer que a si mesmo se

humilha será exaltado.

Page 37: Como somos justificados por Deus - livro

37

Atos 13.39 E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados (dikaioô), por ele é

justificado (dikaioô) todo aquele que crê.

Romanos 2.13 Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados (dikaioô).

Romanos 3.4 De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem

mentiroso; como está escrito: para que sejas

justificado (dikaioô) em tuas palavras, e venças

quando fores julgado.

Romanos 3.20 Por isso nenhuma carne será justificada (dikaioô) diante dele pelas obras da

lei, porque pela lei vem o conhecimento do

pecado.

Romanos 3.24 Sendo justificados (dikaioô) gratuitamente pela sua graça, pela redenção

que há em Cristo Jesus.

Romanos 3.26 Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e

justificador (dikaioô) daquele que tem fé em

Jesus.

Romanos 3.28 Concluímos, pois, que o homem é justificado (dikaioô) pela fé sem as obras da lei.

Page 38: Como somos justificados por Deus - livro

38

Romanos 3.30 Visto que Deus é um só, que justifica (dikaioô) pela fé a circuncisão, e por

meio da fé a incircuncisão.

Romanos 4.2 Porque, se Abraão foi justificado (dikaioô) pelas obras, tem de que se gloriar, mas

não diante de Deus.

Romanos 4.5 Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica (dikaioô) o ímpio, a sua

fé lhe é imputada como justiça.

Romanos 5.1 Tendo sido, pois, justificados (dikaioô) pela fé, temos paz com Deus, por nosso

Senhor Jesus Cristo;

Romanos 5.9 Logo muito mais agora, tendo sido justificados (dikaioô) pelo seu sangue, seremos

por ele salvos da ira.

Romanos 8.30 E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes

também justificou (dikaioô); e aos que justificou

(dikaioô) a estes também glorificou.

Romanos 8.33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica

(dikaioô).

I Coríntios 6.11 E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido

santificados, mas haveis sido justificados

Page 39: Como somos justificados por Deus - livro

39

(dikaioô) em nome do Senhor Jesus, e pelo

Espírito do nosso Deus.

Gálatas 2.16 Sabendo que o homem não é justificado (dikaioô) pelas obras da lei, mas pela

fé em Jesus Cristo, temos também crido em

Jesus Cristo, para sermos justificados (dikaioô)

pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne

será justificada (dikaioô).

Gálatas 2.17 Pois, se nós, que procuramos ser justificados (dikaioô) em Cristo, nós mesmos

também somos achados pecadores, é

porventura Cristo ministro do pecado? De

maneira nenhuma.

Gálatas 3.8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar (dikaioô) pela fé os

gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão

benditas em ti.

Gálatas 3.11 E é evidente que pela lei ninguém será justificado (dikaioô) diante de Deus, porque

o justo viverá pela fé.

Gálatas 3.24 De maneira que a lei nos serviu de

aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados (dikaioô).

Page 40: Como somos justificados por Deus - livro

40

Gálatas 5.4 Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais (dikaioô) pela lei; da graça

tendes caído.

Tito 3.7 Para que, sendo justificados (dikaioô) pela sua graça, sejamos feitos herdeiros

segundo a esperança da vida eterna.

Tiago 2.21 Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado (dikaioô) pelas obras, quando

ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?

Tiago 2.24 Vedes então que o homem é justificado (dikaioô) pelas obras, e não somente

pela fé.

(Nota: Tiago não está dizendo que a justificação é um somatório de fé mais obras, mas que a fé

que justifica é sempre evidenciada pelas boas

obras da fé.)

Tiago 2.25 E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada (dikaioô) pelas obras,

quando recolheu os emissários, e os despediu por outro caminho?

Nota Geral: Os verbos logizomai e dikaioô não foram apresentados flexionados nas passagens

bíblicas citadas.

3 - tsadaq (hebraico) – considerar justo em sentido forense

Page 41: Como somos justificados por Deus - livro

41

Isaías 45.25 Mas no Senhor será justificada (tsadaq), e se gloriará toda a descendência de

Israel.

Isaías 53.11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu

conhecimento o meu servo, o justo, justificará

(tsadaq) a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.

(Nota: neste texto se afirma que a justificação é obtida somente por meio do nosso

conhecimento pessoal e íntimo de Jesus Cristo, pois é a Ele que se refere a profecia de Isaías 53.)

Page 42: Como somos justificados por Deus - livro

42

Injustos Mas Justos

Todas as pessoas, sem uma só exceção, nada

possuem por natureza, que lhes recomende ao Reino dos Céus.

Mesmo no caso de Abel, Noé, Abraão, Moisés, Davi, Daniel, Isaías e tantos outros – homens dos

quais o próprio Deus deu testemunho de serem

justos e agradáveis perante Ele, haveria um juízo de condenação eterna sobre eles, caso Deus não

lhes tivesse justificado do pecado, pela fé.

Afinal todos eles eram também pecadores assim como nós, e o salário do pecado para qualquer

um é sempre a morte eterna.

Assim, há uma justiça perfeita que nos é atribuída pela fé, que é a de Jesus Cristo, que nos livra da condenação e que permite sermos

agradáveis a Deus em obras de fé,

arrependimento, justiça e busca da presença do

Senhor por um andar digno perante Ele e todos os homens.

De modo que apesar de injustos que éramos aos olhos de Deus, antes da nossa conversão a

Cristo, somos considerados justos por causa da

pessoa, obra e méritos do Senhor Jesus.

Page 43: Como somos justificados por Deus - livro

43

Apesar de não sermos perfeitos na prática da justiça, enquanto vivermos neste mundo,

todavia possuímos a justiça perfeita de Jesus que

nos foi atribuída por Deus, simplesmente por causa do arrependimento e da fé, e esta justiça

jamais será retirada de nós.

Page 44: Como somos justificados por Deus - livro

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A Maior Bem-Aventurança

“3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em

Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.

4 Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.

5 Mas, àquele que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada

como justiça.

6 Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:

7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos.

8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.” (Romanos 4.3-8)

Se dependêssemos de nossa justiça própria

para sermos reconciliados com Deus e habitar com Ele para sempre, todos estaríamos

perdidos inapelavelmente.

Isto se dá em decorrência de todos sermos pecadores e a justiça perfeita de Deus sujeitar à

Page 45: Como somos justificados por Deus - livro

45

condenação eterna por um único pecado

cometido ao longo de todo o curso da vida.

E sabemos que não há ausência de pecado mesmo no maior dos santos que viveram, que

vivem ou que ainda viverão na Terra.

Por isso Deus salva, justifica, simplesmente por graça e mediante a fé, porque nunca houve

diante dele uma única pessoa perfeitamente

justa.

Sabemos que para que esta justiça divina nos fosse imputada, atribuída, para a nossa

justificação, a nossa dívida de pecados deveria,

antes, ser liquidada.

Sendo pecadores jamais poderíamos fazê-lo, nem mesmo um anjo do céu, porque o liquidante deveria ser alguém digno e mais

elevado do que os céus para quitar, pela riqueza

infinita de seus méritos e graça, as dívidas de

todos quantos se achegassem a Ele em busca de remissão.

Isto foi feito por Jesus quando morreu no nosso lugar na cruz, porque foi nele, que não tinha

qualquer pecado, que Deus castigou a nossa

culpa, de modo que pôde se apresentar como sendo o nosso Grande Substituto, para que

pudéssemos ser achados inculpáveis diante de

Deus, apesar de sermos pecadores.

Page 46: Como somos justificados por Deus - livro

46

Então se diz na Escritura desde os dias do Velho Testamento, pelo Espírito Santo, através da boca

do rei Davi (Sl 32.1,2), que bem-aventurado é

todo aquele que é justificado pela fé, porque todas as suas maldades e os seus pecados são

perdoados e cobertos pela graça e misericórdia

de Deus, que determinou lançá-los todos no mar do esquecimento, sem qualquer intenção de

lhes imputar dali por diante qualquer acusação

ou condenação em juízo por causa do pecado,

com vistas a um castigo eterno.

Cristo pagou a nossa conta, como Fiel Fiador e Salvador, satisfazendo inteiramente à exigência

da justiça e santidade de Deus.

Page 47: Como somos justificados por Deus - livro

47

Os Efeitos da Justificação

O primeiro deles é que por meio dela fomos

resgatados da maldição da Lei, que afirma que é

maldito de Deus todo aquele que não cumpre

perfeitamente todos os seus mandamentos, e por conseguinte, somos livrados também da ira

de Deus contra o pecado.

Enquanto o homem não é justificado, Deus

permanece em guerra com ele. Mas uma vez justificado, a guerra termina, porque é

reconciliado com Deus por meio de Jesus, de

maneira que se diz que agora desfruta de paz

com Ele, em vez de se encontrar sujeito à sua ira que se manifestaria certamente no dia do juízo,

sujeitando-o a uma condenação eterna.

Por meio da justificação o cristão passa a participar da graça do evangelho, na qual ele

estará firmemente seguro por causa da obra

perfeita de redenção que foi feita em seu favor

por Jesus.

Isto significa que ainda que ele venha a decair da graça, pela prática de pecados eventuais, esta

queda nunca será numa forma final e definitiva,

porque foi transformado em filho de Deus, por meio da justificação.

É a justificação que abre também para nós a esperança firme e segura de que participaremos

Page 48: Como somos justificados por Deus - livro

48

da glória de Deus, como Paulo afirma em Rom

5.2.

Mas os efeitos da justificação não param por aí, porque uma vez sendo transformados em filhos

de Deus, passamos a contar com a assistência da

graça, a qual nos fortalece e ampara nas

tribulações pelas quais a nossa fé é colocada à prova, para que possa crescer.

De maneira que isto não é para motivo de tristeza, mas para se dar glória a Deus, porque prova que de fato nos tornamos seus filhos, e

que agora estamos sendo aperfeiçoados por Ele

através das tribulações, para que aprendamos a

perseverança, a experiência e a esperança.

Quando Paulo diz em Rom 5.5 que a esperança não traz confusão porque o amor de Deus está

derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado na justificação, o

significado disto é que esta esperança

evangélica é de plena e segura certeza do que

temos recebido em Cristo, pela testificação do Espírito.

De maneira que quando alguém se converte de fato a Cristo, sendo justificado, tal pessoa não estará mais confusa acerca firmeza eterna da

sua união com Deus, porque isto será aprendido

através da sua paciência nas tribulações, que

Page 49: Como somos justificados por Deus - livro

49

por fim lhe confirmarão na experiência e na

esperança cristã.

E como Paulo disse nos versos 3 e 4 de Rom 5, esta esperança será fortalecida e aperfeiçoada

pelas próprias tribulações, porque veremos o poder operante de Deus em meio a elas, nos

conduzindo em triunfo em Cristo, porque a fé

verdadeira que salva não pode ser destruída, e

não recuará diante das aflições, porque é o próprio Deus quem fortalece aqueles que são

agora seus filhos.

De modo que o apóstolo nos assegura que, como efeito da paciência que podemos ter pelo

Espírito, nas tribulações, depois de variadas experiências disto, seremos confirmados na fé,

e com esta esperança inabalável da certeza do

que temos alcançado em Cristo, quanto à

segurança eterna da nossa salvação, toda dúvida e confusão de mente serão eliminadas de nós,

pela certeza do amor de Deus por nós e em nós,

em toda e qualquer circunstância.

"E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado."

(Rom 5.5)

Mas, o apóstolo acrescentou argumentos ao que havia falado antes, para demonstrar que de fato

a nossa esperança não é algo incerto, mas algo a

Page 50: Como somos justificados por Deus - livro

50

respeito do qual podemos ter a plena certeza de

que jamais será frustrada.

O grande argumento que Ele apresentou é que quando Cristo morreu por nós, ainda éramos

fracos e ímpios.

Não foi por pessoas santas, e perfeitas na fé, que Ele morreu, mas por pecadores fracos e ímpios

(não piedosos), como éramos todos nós antes da conversão.

Então se Jesus fez isto quando estávamos nesta condição de fraqueza e impiedade, quanto mais

não garantirá a nossa salvação depois de termos

sido tornados santificados pela sua Palavra e

pelo Espírito Santo, e fortalecidos pela sua graça?

Deste modo, Jesus não morreu por justos, mas por injustos.

Se demonstrou o seu amor por nós quando éramos ainda pecadores que nada ou pouco

conheciam e viviam da santidade de Deus,

muito mais podemos estar certos então de que

não nos deixará e desamparará depois que fomos justificados pelo seu sangue e adotados

como filhos de Deus.

Podemos então ter a certeza da esperança que seremos salvos por Ele da ira vindoura, no Dia do

Grande Juízo de Deus.

Page 51: Como somos justificados por Deus - livro

51

Outro grande argumento é o de que Deus nos reconciliou consigo mesmo através da morte de

Jesus quando éramos seus inimigos, porque

vivíamos transgredindo os seus mandamentos e indiferentes quanto ao modo como deveríamos

andar na sua presença.

E esta condição de inimizade com Deus, é decorrente da natureza pecaminosa que

possuímos.

Portanto, se fomos reconciliados quando éramos inimigos, muito mais permaneceremos

reconciliados depois que nos tornamos seus amigos por meio de Jesus.

Então, podemos estar certos da segurança da

nossa salvação por causa da vida de Jesus, que vive para interceder por nós e garantir

plenamente aquilo que obtivemos como

herança, por meio da fé nele.

Page 52: Como somos justificados por Deus - livro

52

Salvos por Meio da Justificação

A justificação é por pura graça e misericórdia

de Deus, excluindo qualquer mérito do homem,

como também pela verdade que toda a glória é devida ao Senhor, porque somente Ele é o

Criador e o Salvador.

Sem Ele nada existiria. Sem Ele não haveria nenhuma salvação, nenhuma eleição,

nenhuma justificação, nenhuma santificação,

nenhuma glorificação, nenhuma cura, nenhum

livramento da condenação, nenhuma herança para o cristão no céu.

Então, ao afirmar que se Abraão tivesse sido justificado por obras, teria motivo de se gloriar,

mas não diante de Deus, Paulo queria dizer que ele teria realmente motivo de se gloriar em si

mesmo, caso fosse possível alguém ser

justificado por suas obras.

Mas, como isto é impossível, então ninguém deve se gloriar em si mesmo na sua presença,

senão somente no próprio Deus, que tudo opera

em todos, e por meio de quem são todas as

coisas. Deste modo, não está sendo enfocado por Paulo que haja alguma obrigação de Deus em

dar a salvação a qualquer pessoa como uma

espécie de salário, de pagamento de uma dívida,

Page 53: Como somos justificados por Deus - livro

53

por alguma boa obra que tenha sido praticada

por aquele a quem Ele salvou.

Como Deus sabia que não haveria no homem nenhum modo de salvar a si mesmo do pecado,

Ele deliberou, desde a eternidade, salvar pela graça mediante a fé.

Então, se uma pessoa insiste em ser salva por obras, ela permanecerá sob a condenação de

Deus, porque está sendo desobediente à sua

ordenação, de que aquele que for salvo, o será pela sua graça, e mediante a fé. Tentar fazer

valer a própria justiça sempre nos deixará

desprovidos daquela Justiça que nos vem da

parte de Deus pelo evangelho.

As boas obras devem ser praticadas, mas não

com o fim de sermos salvos por Cristo, porque isto ocorre somente pela graça e por meio da fé.

E é importante que se frise que estas boas obras

se referem em primeiro lugar à transformação

progressiva e gradual do cristão à imagem de Jesus, e depois se manifestam em atos de justiça,

amor e bondade em relação ao próximo, porque

esta é a consequência imediata daquele que tem caminhado com Deus, por ter sido reconciliado

com Ele por meio da fé em Jesus.

É pela fé no sangue que Jesus derramou na cruz que somos lavados e perdoados dos nossos

pecados.

Page 54: Como somos justificados por Deus - livro

54

Deus revelou esta verdade pelo Espírito ao rei Davi, a qual lemos no Sl 32.1,2, cujas palavras

Paulo usou em Rom 4.7 e 8:

“7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.

8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.”

Então a justificação é uma declaração da parte de Deus em relação a quem se converte, de que

esta pessoa é agora justa diante dele, ou seja, está justificada do pecado, por causa da obra

realizada por Jesus em seu favor.

Esta justiça que é atribuída ao homem é decorrente da justiça do próprio Cristo. É a veste

de Cristo com a qual ele agora está vestido.

Uma vez justificado, ele é chamado a ser justo em todo o seu procedimento, e assim há uma

justiça procedente de Deus que deve ser nele implantada pelo Espírito, de maneira que seja

aperfeiçoado na justiça evangélica, mas isto não

faz parte do ato da justificação, que como vimos

antes, é uma declaração feita por Deus de que somos agora justos aos seus olhos por causa de

Cristo, e não uma implantação da sua justiça

em nós.

Esta implantação da justiça é feita pela regeneração e santificação do Espírito Santo,

Page 55: Como somos justificados por Deus - livro

55

sendo que a santificação é um processo

progressivo, e não instantâneo tal como se dá

com a justificação e a regeneração, quando do

nosso encontro pessoal com Jesus na nossa conversão.

E esta bênção da justificação, que nos dá a salvação, não é somente para os judeus, uma vez

que Abraão foi justificado pela fé, quando ainda era um gentio em Ur dos caldeus; e foi

circuncidado em seu prepúcio somente depois

de ter crido em Deus e ter sido justificado, de

maneira que não é a circuncisão do prepúcio que justifica uma pessoa conforme os judeus

costumavam ensinar, porque não foi por ter

sido circuncidado que Abraão foi justificado.

Aconteceu justamente o contrário: ele foi circuncidado porque foi justificado, isto é, ele recebeu a circuncisão como um sinal

comprobatório da justificação que é pela fé.

De maneira que os cristãos que são justificados devem trazer em si este sinal comprobatório

que também foram circuncidados por terem crido, já não mais no prepúcio, mas no coração.

A circuncisão dos judeus era um ato de despojamento da carne do prepúcio.

Então, a circuncisão do cristão na Nova Aliança com Cristo consiste no despojamento da carne,

Page 56: Como somos justificados por Deus - livro

56

não do prepúcio, mas do princípio operativo do

pecado, que a Bíblia chama de carne; e que

consiste em tudo aquilo que nos impeça de ter

uma vida de comunhão no espírito com Deus.

Lembremos que o motivo alegado por Deus de que não permaneceria mais atuando nos

homens nos dias de Noé, porque estes eram carnais, significava que eles haviam se tornado

insensíveis, e completamente endurecidos à

ação do Espírito Santo que procurava conduzi-

los ao arrependimento, conforme lemos em Gên 6.3.

Deve ser levado em conta também que a promessa da Nova Aliança foi feita a Abraão, mais de quatrocentos anos antes da Lei ter sido

dada a Moisés no Sinai.

Isto significa que ao dizer que no Descendente de Abraão, que é Cristo, seriam benditas, todas

as nações da terra, Deus estava mostrando que o

modo de alguém ser salvo não seria por causa da

Lei, mas pela promessa que fez a Abraão, de salvar também a muitos do mesmo modo como

fizera com Abraão, a saber, somente pela fé.

Page 57: Como somos justificados por Deus - livro

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Justificação Pela Graça

Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e

adaptado por Silvio Dutra)

“sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo

Jesus.” (Rom 3.24)

O monte do conforto é o monte do Calvário. A

casa da consolação é edificada com a madeira da cruz. O templo do refrigério celestial está

fundado sobre a rocha que foi quebrada,

quebrada pela lança que transpassou o seu lado.

Nenhuma cena da história sagrada pode trazer satisfação eterna à alma como a cena do

Calvário.

Em nenhum outro lugar a alma achará consolação eterna como neste, onde a miséria

reinou, onde a tristeza triunfou, onde a agonia

atingiu o seu clímax.

Lá, a graça possui em seu seio uma fonte, que está sempre a jorrar águas límpidas como

cristal, e cada uma de suas gotas é capaz de

aliviar as tristezas e agonias da humanidade.

Vocês têm tido seus períodos de tristeza, meus irmãos e irmãs em Cristo Jesus! E vocês

Page 58: Como somos justificados por Deus - livro

58

confessarão que encontrarão conforto, não no

monte Sinai ou no monte Tabor, mas no

Getsêmani, no Gólgota vocês já têm encontrado

conforto significativo para suas dores. As ervas amargas do Getsêmani têm frequentemente

lançado para longe as amarguras de suas vidas,

a tortura do Gólgota tem muitas vezes dissipado as suas preocupações, e os gemidos do Calvário

têm colocado todos os gemidos em fuga.

Nós temos, então, um assunto que pode ser intitulado como confortando os santos de Deus,

vendo que isto exigiu que a cruz fosse levantada,

e desde então tem jorrado ricas e perenes bênçãos para todos os crentes.

Vocês percebem no nosso texto de Rom 3.24, antes de tudo, a redenção de Cristo Jesus; em

segundo lugar, a justificação dos pecadores que

dela decorre, e, finalmente, a maneira pela qual nos foi dada esta justificação - “gratuitamente

pela sua graça”.

Falemos, então, primeiramente, da redenção que está em Cristo Jesus:

A representação da redenção é muito simples, e tem sido muito frequentemente usada na

Escritura. Quando um prisioneiro é tornado cativo, e quando é tornado um escravo por

algum poder brutal, é muito comum, antes que

ele possa ser posto em liberdade, que seja pago

Page 59: Como somos justificados por Deus - livro

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primeiro o preço ajustado para o seu resgate.

Agora, comecemos pelo pecado de Adão,

orientado pela culpa, e, real e verdadeiramente

culpado, nós fomos submetidos ao reprovável julgamento de Deus manifestado na vingança da

lei. Nós fomos colocados nas mãos da justiça; e a

justiça exige que sejamos escravos para sempre, a menos que possamos pagar o resgate, segundo

o qual nossas almas poderiam ser redimidas.

Nós somos, entretanto, pobres como

corujinhas, e nós não temos como abençoar a nós mesmos. Nós somos como diz o hino

“devedores falidos”, e há uma execução que foi

colocada sobre a nossa casa. Todos nós fomos

vendidos, fomos deixados desnudos, pobres e miseráveis, e nós não podemos de jeito nenhum

achar um resgate. Era justo, então, que Cristo se

apresentasse como nosso patrocinador, e no

lugar dos crentes, pagasse o preço exigido do resgate, para que nós pudéssemos ser livrados

da maldição da lei e da vingança de Deus, e

seguir nosso caminho, limpos, livres,

justificados pelo seu sangue.

Deixem-me mostrar-lhes algumas qualidades da redenção que está em Jesus Cristo: Vocês

lembrarão a multidão que ele tem redimido.

Não a mim apenas, não você apenas, mas uma

multidão que nenhum homem é capaz de enumerar, que tem excedido, de longe, o

número das estrelas do céu, como tem excedido

o cômputo de todos os mortais. Cristo comprou

Page 60: Como somos justificados por Deus - livro

60

para si mesmo, muitos de cada nação e reino, e

língua, sob o céu; ele redimiu dentre os homens

de todas as graduações, desde a mais baixa

delas; homens de todas as raças – pretos e brancos -; de todas as posições na sociedade, da

melhor à pior. Para todos estes tem Jesus dado a

si mesmo como resgate para que eles possam ser redimidos nele.

Agora, quanto a este resgate, nós temos que destacar, que ele foi pago, e foi pago de uma só

vez para sempre. Quando Cristo redimiu seu povo, ele fez isto perfeitamente; ele não deixou

qualquer débito para ser pago. Nem ainda um

único centavo para ser pago posteriormente.

Deus exigiu de Cristo o pagamento por todos os pecados de todo o seu povo.

O sacrifício do Calvário não foi parte do pagamento, ele foi um completo e perfeito pagamento, e obteve uma completa e perfeita

remissão para todos os débitos de todos os

crentes que viveram, têm vivido, e que viverão

até ao fim dos tempos. No dia em que Jesus expirou na cruz, ele não deixou um único

centavo para nós pagarmos a fim de

satisfazermos a justiça de Deus.

Todas as exigências da lei foram pagas lá na cruz. Jesus foi dado como o grande sacerdote de

todo o seu povo. E tendo santificado o seu nome,

ele pagou o preço de uma vez para sempre.

Page 61: Como somos justificados por Deus - livro

61

Assim, o resgate que não tinha preço, foi

magnífica e liberalmente dado como preço

exigido para as nossas almas. Ninguém deve

pensar que seria maravilhoso se Cristo o tivesse pago parceladamente, um pouco agora e o

restante depois. Os resgates dos reis têm sido

pagos algumas vezes por partes, sendo quitados ao longo dos anos. Mas não é assim com o nosso

Salvador; que de uma vez para sempre deu-se a

si mesmo como sacrifício, e que também

de uma só vez liquidou o débito, dizendo: “Está consumado”, isto é, finalizado, nada deixando

para ele fazer, nem mesmo para nós

completarmos.

Ele não fez a insensatez de pagar parte do pagamento, e nem mesmo declarou que ele

voltaria de novo para morrer, ou que ele sofreria

novamente, mas ele pregou que o resgate para

todas as pessoas foi pago, para a mais alta miséria, e foi passado um completo recibo para

este resgate, e Cristo cravou o recibo em sua

cruz, e disse: “Está feito, está feito; eu tenho

cancelado o escrito de dívida baseado nas ordenanças, Eu tenho cravado isto na cruz;

quem poderá ser condenado no meu povo, ou

poderá a lei acusá-los? Eu tenho apagado, como

a nuvem que se desfaz, as suas transgressões”.

E por Cristo ter pago este regate completamente, vocês deverão anunciar que

ele fez isto tudo para si mesmo?

Page 62: Como somos justificados por Deus - livro

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Simão, o cireneu, pôde carregar a cruz, mas não pôde ser crucificado nela no nosso lugar. O

sagrado círculo do Calvário foi ocupado por

Cristo sozinho. Dois ladrões estavam ali com ele, não eram homens justos, a fim de que ninguém

viesse a dizer que a morte daqueles dois homens

justos ajudou o Salvador. Dois ladrões foram crucificados com ele. Aqueles homens puderam

ver que havia majestade na sua miséria, e que

ele poderia perdoar os homens, e revelou isto na

sua soberania, mesmo quando ele estava morrendo. Não havia nenhum homem justo

para sofrer; nenhum dos discípulos participou

da sua morte. Pedro não estava lá para ser

crucificado, João não foi pregado numa cruz ao seu lado. Ele foi deixado ali sozinho. Ele disse,

“eu tenho que pisar o lagar do vinho sozinho, e

não há ninguém comigo.” Todo o enorme

débito foi colocado sobre os seus ombros; todo o peso dos pecados de todo o seu povo estava

colocado sobre ele. Uma vez ele pareceu

balançar diante disto: “Pai, se for possível...”,

Mas, outra vez ,ele colocou-se de pé retamente: “Todavia não seja feita a minha vontade, mas a

tua.”

Todo o castigo do seu povo estava destilado dentro de uma taça; nenhum lábio de qualquer

mortal poderia sorvê-lo solitariamente. Quando ele o pôs nos seus próprios lábios, estava tão

amargo, que quase o afastou: “Afasta este cálice

de mim.”. Mas, seu amor pelo seu povo era tão

Page 63: Como somos justificados por Deus - livro

63

forte, que ele tomou a taça em ambas as mãos, e

através de um tremendo gole de amor ele bebeu

a seca maldição por todo o seu povo. Ele o

sorveu todo, suportou tudo, sofreu tudo, de forma que, agora, para sempre, não há qualquer

chama do inferno destinada a eles, nenhuma

tortura; não lhes aguarda qualquer infortúnio eterno. Cristo já sofreu tudo o que eles deveriam

sofrer, e eles serão livres. O trabalho foi

completamente realizado por ele próprio, sem

necessitar do auxílio de qualquer pessoa.

E reparem, mais uma vez, isto foi aceito. Na verdade, foi um belo resgate. A que se pode

igualá-lo? A alma “excessivamente pesarosa,

mesmo diante da morte”; um corpo despedaçado pela tortura; a morte pela mais

desumana das formas, e a agonia de semelhante

caráter, que nenhuma língua pode expressar

isto, nem mesmo a mais esclarecida mente humana pode explicar tal horror. Isto foi um

grande preço.

Mas, pensem: Ele foi aceito? Há preços que já foram pagos ou oferecidos para a liberação de escravos, os quais nunca foram aceitos pela

parte à qual foram oferecidos, e então o escravo

não podia ser libertado. Mas, a oferta de Cristo

foi aceita. Eu mostrarei a evidência disto: Quando Cristo declarou que ele pagaria o débito

de todo o seu povo, Deus enviou o oficial para

prendê-lo, a fim de que pagasse o débito; ele o

Page 64: Como somos justificados por Deus - livro

64

prendeu no jardim do Getsêmani, e agarrou-o,

conduzindo-o a Pilatos, a Herodes e ao

julgamento de Caifás; o pagamento estava todo

pronto, e Cristo iria colocá-lo na sepultura. Ele estava lá, trancado na vil prisão, até que a

aceitação fosse ratificada no céu. Ele dormiu em

seu túmulo pelo prazo de três dias. Estava declarado que a ratificação seria feita desta

forma: A garantia seria dada para sempre assim

que o seu compromisso afiançado fosse

completado. Agora, imaginem o quadro relativo ao sepultamento de Jesus. Ele está no sepulcro.

Ele pagou todo o débito, mas o recibo não havia

ainda sido dado; ele repousava naquela estreita

tumba. Lacrada com um selo numa enorme pedra, ele dorme tranquilamente em seu

túmulo; e o recibo da aceitação não lhe fora

ainda dado por Deus; os anjos não tinham vindo

ainda do céu para dizer: “O certificado está pronto, Deus tem aceito o teu sacrifício.” Agora,

este mundo está em crise; ele é posto a tremer

na balança. Deus aceitará o resgate, ou não?

Nós veremos: Um anjo vindo do céu com um brilho grandioso remove a pedra, e em seguida

chega ao prisioneiro, sem qualquer algema em

suas mãos deixa suas roupas na sepultura atrás

de si; livre, nunca mais sofreria, nunca mais morreria.

Agora, se Jesus não pagou o débito, Ele nunca teria sido posto em liberdade.”

Page 65: Como somos justificados por Deus - livro

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Se Deus não tivesse aceito seu sacrifício, ele ainda estaria em sua tumba neste momento, ele

nunca teria saído do seu túmulo. Mas sua

ressurreição foi a promessa da sua aceitação por Deus.

Ele diria: “Eu tenho tido uma exigência para satisfazer-te até esta hora, exigência esta que eu paguei agora.” E a morte desistiu do seu

prisioneiro Real, a pedra foi removida e o

vencedor seguiu adiante, levando cativo o

cativeiro.

E, além disso, Deus deu uma segunda prova da aceitação, porque ele recebeu seu Filho

unigênito no céu, e o fez assentar-se à sua

direita, acima de todos os principados e potestades; e, nisto, ele tinha a intenção de dizer

a ele, “senta-te no teu trono, porque tens feito

poderosos feitos; todas as tuas obras e todos os teus sofrimentos são aceitos como resgate dos

homens.”

Oh, meus amados! Pensem que grande visão isto deve ter sido quando Cristo ascendeu à glória, que nobre certificado deve ter sido a

aceitação dele por seu Pai! Vocês não sabem por

que não veem a cena na terra? Isto é muito

simples. Uns poucos discípulos estão de pé diante dele, e Cristo elevou-se nos ares num

lento e solene movimento. Vocês podem

imaginar o que está para acontecer depois?

Page 66: Como somos justificados por Deus - livro

66

Vocês podem, por um momento, conceber

como e quando o poderoso conquistador entrou

nos portões do céu, e os anjos vieram ao seu

encontro?

“Eles trouxeram sua carruagem vinda do alto, para conduzi-lo ao seu trono; batendo suas asas

triunfantes e clamando: “O glorioso trabalho está consumado!”

Vocês podem imaginar como ele foi estrondosamente aplaudido ao entrar nos

portões do céu? Vocês podem conceber como eles se comprimiam mutuamente, para

contemplar como ele chegou conquistando e

manchado do sangue da luta? Vocês veem

Abraão, Isaque e Jacó, e todos os santos redimidos, vindo para contemplarem o Salvador

e o Senhor? Eles tinham desejado vê-lo, e agora

os seus olhos o contemplavam em carne e

sangue, o conquistador da morte e do inferno! Vocês podem contemplá-lo, com o inferno e a

morte dragada como cativeiro através das ruas

reais do céu? Oh, que espetáculo foi aquele dia!

Nenhum soldado romano jamais teve tal triunfo; ninguém jamais viu uma visão

majestosa como aquela. A pompa de todo o

universo, a realeza de toda a criação, querubins

e serafins e todos os poderes criados, aumentaram o show, e o próprio Deus, o Eterno,

o coroou, e apertou seu Filho em seu peito, e

disse: “Muito bem, muito bem, tu tens

Page 67: Como somos justificados por Deus - livro

67

concluído o trabalho que eu te dei para fazer.

Descansa aqui para sempre.” Ah, mas ele nunca

teria tido aquele triunfo, se ele não tivesse pago

todo o débito. A menos que seu Pai tivesse aceito o preço acertado, o resgate nunca teria sido tão

honrado, mas porque ele foi aceito, ele teve tal

triunfo. Até aqui falamos do resgate, ou seja, da redenção.

E agora, com a ajuda do Espírito de Deus, deixem-me apresentar o efeito do resgate;

sendo justificados, “justificados gratuitamente

pela sua graça através da redenção.”

Então, qual é o significado da justificação?

Eu devo tentar o melhor para apresentar a justificação de modo simples e claro, mesmo à

compreensão de uma criança. A justificação não é algo que possa ser obtido na terra pelos

homens mortais, a não ser por um só caminho.

A justificação é um termo forense; e é sempre empregado em sentido legal. Um prisioneiro é

trazido ao tribunal de justiça para ser julgado. Há somente uma forma pela qual o prisioneiro

pode ser justificado - ele deve ser declarado sem

culpa, e se ele for achado sem culpa, então ele é

justificado, isto é, fica provado que ele é um homem justo. Se você achar este homem

culpado, você não pode justificá-lo. A rainha

pode perdoá-lo, mas ela não pode justificá-lo. A

Page 68: Como somos justificados por Deus - livro

68

ação não é justificável, se ele fosse culpado, e ele

não pode ser justificado. Ele pode ser perdoado,

mas a realeza não poderá jamais limpar o

caráter do homem. Ele é realmente tão criminoso ao ser perdoado quanto antes.

Não há meios entre os homens para justificar alguém de uma acusação que é feita contra ele, exceto se provado que ele de fato não é culpado.

Assim, a maravilha das maravilhas, é que nós

somos comprovadamente culpados diante de

Deus, em razão dos nossos pecados, e ainda assim nós somos justificados: O veredicto tem

sido dado contra nós – culpados -, e apesar disso,

nós somos justificados. Pode algum tribunal

terreno fazer algo como isto? Não! Isto é possível por causa da redenção de Cristo. Todos nós

somos culpados. Leiam o versículo 23 de Rom 3:

“Todos pecaram e estão destituídos da glória de

Deus”. O veredicto da culpa está dado aqui, e ainda assim nós somos declarados justificados

gratuitamente pela sua graça, logo no versículo

seguinte.

Agora, permitam-me explicar a forma como Deus justifica o pecador. Eu vou supor um caso

impossível. Um prisioneiro foi julgado e

condenado à morte. Ele é culpado, e não pode

ser justificado, porque é culpado. Mas, agora, suponham por um momento que tal coisa como

esta pudesse ocorrer: Uma outra pessoa

tomasse sobre si toda a culpa deste homem, e

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69

por algum misterioso processo, que, fora de

dúvida, é impossível entre os homens, viesse a

este homem, e tomasse o caráter deste homem

sobre si, ele, sendo um homem justo, tomaria o lugar do rebelde, e faria do rebelde um homem

justo.

Nós não podemos fazer isto em nossos tribunais. Se eu fosse a um juiz, e ele decidisse que eu

deveria ficar por anos na prisão no lugar de

algum infeliz que foi condenado ontem a anos

de prisão, eu não poderia tomar sobre mim a sua culpa. Eu posso tomar sua punição, mas não sua

culpa. Assim, o que a carne e o sangue não

podem fazer, Jesus fez através da sua redenção.

Aqui estou eu, pecador. Eu me apresento como representante de todos vocês. Eu estou

condenado à morte. Deus diz: “Eu condenarei

este homem, eu devo puni-lo”. Cristo entra,

coloca-me ao seu lado, e coloca-se no meu lugar. Quando a sentença é declarada, Cristo diz de si

mesmo “culpado”, toma minha culpa para ser a

sua própria culpa. Quando a punição está para

ser executada, outra vez vem Cristo:- “Puna-me”, ele diz, “eu tenho colocado minha justiça

neste homem, e eu tenho tomado os pecados

deste homem sobre mim. Pai, puna-me, e

considere este homem como se fosse eu. Deixe-o reinar no céu, deixe-me sofrer a miséria que

estava destinada a ele. Deixe-me sofrer a sua

maldição, e deixe-o receber a minha bênção”.

Page 70: Como somos justificados por Deus - livro

70

Esta maravilhosa doutrina da substituição de lugares de Cristo com os pobres pecadores é

uma doutrina de revelação, porque isto nunca

teria sido concebido pelo natural. Deixem-me explicar de novo, para evitar qualquer

compreensão errônea.

A forma pela qual Deus salva o pecador não é, como alguns dizem, passar sobre a punição.

Não, a punição foi paga completamente. Ela foi

colocada sobre outra pessoa que assumiu o

lugar do rebelde. O rebelde deve morrer, Deus diz que ele deve. Cristo diz: “Eu serei o substituto

do rebelde. O rebelde tomará o meu lugar, eu

tomarei o seu.”. E Deus consente nisto. Nenhum

monarca terreno teria poder para consentir numa tal troca.

Mas, o Deus do céu tem o direito de fazer como Lhe apraz. Em sua infinita misericórdia Ele

consentiu o arranjo. “Filho do meu amor”, Ele disse, “você deve ficar no lugar do pecador; você

deve sofrer o que ele deveria sofrer; você deve

ser considerado culpado, e então eu olharei o

pecador de uma outra maneira. Eu o olharei como se ele fosse Cristo; Eu o aceitarei como se

ele fosse meu Filho unigênito, cheio de graça e

de verdade. Eu lhe darei uma coroa no céu, e eu

o tomarei em meu coração para todo o sempre.”. Esta é forma como somos salvos, “Sendo

justificados gratuitamente pela sua graça,

através da redenção que está em Cristo Jesus”.

Page 71: Como somos justificados por Deus - livro

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E agora permitam-me explicar um pouco mais sobre algumas das características desta

justificação:

Tão logo o pecador se arrepende ele é justificado. Ele é justificado de todos os seus

pecados. Aqui se levanta um homem

completamente culpado. Neste momento ele crê em Cristo, e ele recebe seu perdão, e seus

pecados não estão mais perto dele, porque

foram lançados nas profundezas do mar. Ele

descansa nos braços de Cristo, e ambos passam a caminhar juntos. O homem está sem culpa à

vista de Deus, aceito inteiramente no seu amor.-

“O quê?”, diz você, “você está afirmando isto

literalmente?” - Sim, eu estou. Isto é a doutrina da justificação pela fé. O homem cessa de ser

considerado culpado pela justiça divina. No

momento em que ele crê em Cristo sua culpa é

totalmente removida.

Mas, eu vou um pouco mais além. Ele se torna justo, ele passa a ter méritos, porque, no

momento em que Cristo toma os seus pecados,

ele toma para si a justiça de Cristo; tanto que, quando Deus olha para o pecador que há uma

hora atrás estava morto em seus pecados, ele o

olha com o mesmo amor e afeição que ele

sempre olhou seu Filho amado. Ele mesmo tem dito: “Assim como o Pai me amou, também eu

vos amei.” (Jo 15.9). Ele nos ama assim como o Pai

o amou.

Page 72: Como somos justificados por Deus - livro

72

Vocês podem crer numa doutrina como esta? Isto não ultrapassa toda a imaginação?

Bem, esta é a doutrina do Espírito Santo; a

doutrina pela qual todos nós esperamos ser salvos. Posso eu ilustrar isto melhor para

alguma pessoa não esclarecida? Eu lhes

contarei a passagem que nos tem sido dada pelos profetas – a estória de Josué, o sumo

sacerdote, citada em Zacarias 3. Josué estava

trajado com vestes sujas. Estas roupas sujas

representam seus pecados. Foi ordenado que suas roupas fossem tiradas. Isto é o perdão, para

que pudesse ser vestido de finos trajes. Foi

colada uma mitra em sua cabeça; foi vestido

com vestes reais, que o tornaram rico e honrado. Isto é a justificação. Mas, de onde vieram estas

vestes? Para onde foram as suas roupas sujas?

Os trapos de Josué foram lançados sobre Cristo,

e as vestes de Cristo foram colocadas em Josué. O pecador e Cristo fazem o que Jônatas e Davi

fizeram. Jônatas deu suas vestes a Davi, e Davi

deu suas vestes a Jônatas.

Deste modo, Cristo tomou nossos pecados sobre si, e nós tomamos a justiça de Cristo; e isto se faz

por uma gloriosa substituição e permuta de

lugares que os pecadores são libertados e

justificados pela sua graça.

Mas, alguém diz, “ninguém é justificado assim até que ele morra.”. Creiam-me! Somos

justificados neste mundo, quando cremos. No

Page 73: Como somos justificados por Deus - livro

73

momento em que o pecador crê e confia no

Cristo que foi crucificado, ele recebe o seu

perdão; salvação completa, através do seu

sangue.

Se este jovem entre nós crer em Cristo nesta manhã, tornando real a experiência espiritual

que tenho descrito, ele está justificado aos olhos

de Deus como ele estará quando comparecer diante do trono. Nenhum dos espíritos

glorificados no céu são mais aceitáveis a Deus

do que o do pobre homem aqui em baixo, que foi

justificado pela graça. Isto é uma limpeza perfeita, isto é um perdão perfeito, é uma

perfeita imputação de justiça; nós estamos

completa, gratuita e totalmente aceitos por

meio de Cristo Jesus nosso Senhor. Há ainda mais uma palavra sobre este assunto da

justificação. Todos os que são justificados, são

justificados irreversivelmente. Tão logo que o

pecador toma o lugar de Cristo, e Cristo toma o lugar do pecador, não há mais o temor de uma

segunda troca. Se Cristo tem uma vez pago o

débito, o débito está pago, e nunca será exigido

novamente; se vocês estão perdoados, vocês estão perdoados para sempre. Deus nunca dá ao

homem o perdão gratuito com a assinatura da

sua própria mão, para depois cancelá-lo e punir

à condenação eterna aquele que havia anteriormente perdoado. Longe de Deus agir de

tal forma. Ele diz, “eu tenho punido Cristo para

que você seja livre”. E depois disto, nós podemos

Page 74: Como somos justificados por Deus - livro

74

“regozijarmo-nos na esperança da glória de

Deus”, porque “sendo justificados pela fé temos

paz com Deus através de nosso Senhor Jesus

Cristo”. E agora eu ouço alguém dizer “que doutrina extraordinária!” Bem, alguém pode

pensar desta forma; mas deixem-me dizer-lhes,

isto é a doutrina professada por todas as igrejas protestantes, embora elas possam não pregá-la.

Esta é a doutrina da igreja da Inglaterra, esta é a

doutrina de Lutero, é a doutrina de todas as

igrejas verdadeiramente cristãs; e se isto parece estranho aos seus ouvidos, é porque seus

ouvidos são estranhos, e não porque a doutrina

é estranha. Esta é a doutrina das Escrituras

Sagradas, que afirma que ninguém pode condenar quem Deus justifica, e que ninguém

pode acusar aqueles por quem Cristo morreu;

porque eles estão totalmente libertados do

pecado. Assim como um dos profetas diz, Deus não vê pecado em Jacó nem iniquidade em

Israel. No momento que eles creem, seus

pecados são imputados a Cristo, eles deixam de

ser deles, e a justiça de Cristo é imputada a eles e lançada na conta deles, e assim são aceitos.

E agora, eu concluo com o terceiro ponto, com o qual serei breve e muito sincero: A MANEIRA

DE SE OBTER ESTA JUSTIFICAÇÃO.

John Bunyan afirmou que há alguns cujas bocas estão sedentas por este grande dom da

justificação. Não há alguns aqui que estão

Page 75: Como somos justificados por Deus - livro

75

dizendo, “Oh! Se eu pudesse ser justificado!

Mas, Senhor, eu posso ser justificado? Eu tenho

sido um alcoólatra, eu tenho sido um blasfemo,

eu tenho sido tudo o que é vil. Eu posso ser justificado? Cristo poderá tomar os meus

pecados, e eu as suas alvas vestes?”. Sim, pobre

alma, se você desejar isto; se Deus tem feito você desejar isto, se você confessar o seu

pecado, Cristo está desejando tomar os seus

trapos e dar-lhe a sua justiça, para ser sua para

sempre. “Bem, mas como isto pode ser obtido?”, diz alguém. Ouça! “Gratuitamente

pela sua graça”. “Gratuitamente”, porque não

há preço que possa pagar isto; “por sua graça”;

porque isto não é pelos nossos merecimentos. “Mas, senhor, eu tenho orado, e eu não penso

que Deus me perdoará, a menos que eu faça algo

para merecer isto”. Eu lhe digo, se você tentar

isto na base de algum dos seus merecimentos, você nunca o terá. Deus dá a sua justificação

gratuitamente; se você trouxer algo para pagá-

la, ele o arremessará no seu rosto, e não dará a

sua justificação a você. Ele dá isto de outra forma, gratuitamente.

O velho Rowland Hill, certa vez, pregando numa feira, reparou em alguns homens que estavam

vendendo suas mercadorias num leilão; então

Rowland disse, -“eu vou realizar também um leilão, para vender vinho e leite, sem dinheiro e

sem preço. -“Meus amigos,” disse ele,

“encontrem uma grande dificuldade para

Page 76: Como somos justificados por Deus - livro

76

fazerem os seus lances; minha dificuldade é

fazer com que o lance de vocês seja inferior ao

meu”. (Ninguém pode se desculpar diante de

Deus por não ter sido justificado, porque a justificação é oferecida gratuitamente.

Ninguém tem que se preocupar em dar um

lance maior do que o de outra pessoa para comprar o bem mais precioso da vida – o que

dará o homem em troca da sua alma? – nota do

tradutor). Assim se dá com os homens, se eu

pregasse a justificação para ser comprada por você por um preço elevado, quem sairia deste

lugar tendo sido justificado? Se eu pregasse a

justificação a vocês por caminharem centenas

de quilômetros, nós não seríamos peregrinos na manhã do dia seguinte, cada um de nós? Se eu

pregasse a justificação que consiste em

flagelação e tortura, há muitos poucos aqui que

não poderiam flagelar a si mesmos, e muitos poucos que não se torturariam. Mas quando isto

é gratuitamente, gratuitamente, gratuitamente,

os homens voltam atrás. “O quê?! Eu posso tê-lo

por nada, sem fazer nada?”

Sim, senhor, você obterá a justificação mediante nada, ou então nunca a obterá por

tudo o mais, pois ela é gratuita. “Mas eu não

posso ir a Cristo e pedir pela sua misericórdia e

dizer, Senhor, justifica-me porque eu não sou tão mau quanto os outros?” Ele não o fará,

senhor, porque isto é “pela sua graça”. “Mas eu

não posso alimentar uma esperança, porque eu

Page 77: Como somos justificados por Deus - livro

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vou à igreja duas vezes ao dia?”. Não, senhor, isto

é “pela sua graça”. “Mas eu não posso

apresentar este pedido de que eu penso em ser

melhor?”. Não, senhor, isto é “pela sua graça”. Você insulta Deus por trazer sua moeda

falsificada para pagar o seu tesouro. Oh! Quão

pobres ideias os homens têm sobre o valor do evangelho de Cristo, ao pensar que podem

comprá-lo! Deus nunca aceitará seus centavos

enferrujados para comprarem o céu com eles.

Um homem rico, certa ocasião, quando estava morrendo, teve uma ideia de que poderia

comprar um lugar no céu por construir um asilo

para os pobres. Um bom homem ao lado do seu

leito de morte lhe perguntou:- “Quanto mais você pretende dar?”. -“Vinte mil libras”, ele

respondeu. -“Isto não seria o bastante para

comprar um lugar para que os seus pés pisem

no céu, porque as ruas de lá são feitas de ouro, assim sendo qual é o valor que o seu ouro pode

ter? Ele será tido por nada, já que todas as ruas

são pavimentadas com ele.”. Não, amigos, nós

não podemos comprar o céu com ouro nem com boas obras, nem orações, nem com nada no

mundo.

Mas, como isto pode ser obtido? Isto é obtido por ser pedido somente. Assim como muitos de nós têm reconhecido que são pecadores, pode

Cristo pedir por você. Você sabe que está

desejando a Cristo? Você pode ter Cristo!

Page 78: Como somos justificados por Deus - livro

78

“Quem quiser, venha a ele e tome de graça da

água da vida”. Mas se você conceber suas

próprias noções e dizer, “Não, senhor, eu penso

que tenho que fazer muitas boas obras, e então eu crerei em Cristo.”. Você permanecerá sob

maldição caso mantenha tal ilusão. Eu o previno

sinceramente. Você não pode ser salvo assim. “Bem, mas nós não devemos fazer boas obras?”,

Certamente que sim, mas vocês não devem

confiar nelas para a sua justificação. Devem

confiar em Cristo completamente, e então fazerem as boas obras depois.

Mas, alguém diz, “eu penso que se eu fizer boas obras, isto seria um pouco recomendado em

meu favor”. Isto não será, senhor! Elas não seriam recomendáveis para tudo. Deixe um

mendigo vir à sua casa com luvas brancas, e ele

lhe diz que está sem dinheiro, e que deseja

alguma caridade; as luvas brancas o recomendariam para receber a sua caridade?

Ou seria um bom e novo chapéu que ele tivesse

comprado nesta manhã que o recomendaria à

sua caridade? “Não!” você diria, “você é um miserável impostor, você não é um necessitado,

e você não terá nada de mim! Fora!”

A melhor roupa para um mendigo são trapos, e a melhor veste para um pecador que vem a Cristo é vir como ele está, com nada além dos

seus pecados sobre si. “Mas não”, você diz, “eu

devo ser um pouco melhor, e então eu penso

Page 79: Como somos justificados por Deus - livro

79

que Cristo me salvará!”. Você não pode ser nada

melhor. Tente o quanto você puder. E exceto –

para usar um paradoxo – se você pudesse ser

melhor a ponto de ser considerado digno de receber a justificação, você poderia ser o pior de

todos para obtê-la; porque quanto mais você se

reconhece pecador, é melhor para vir a Cristo para ser justificado; se você sente o seu pecado e

renuncia a ele, venha a Cristo, embora você

tenha sido a alma mais humilhada e desprezada,

venha a Cristo; se você sente que em si mesmo nada tem que lhe possa recomendar a Deus,

venha a Cristo.

Eu não digo isto para encorajar a qualquer homem a continuar no pecado. Deus me livre! Se você continuar no pecado, você não deve vir

a Cristo; você não pode fazê-lo; seus pecados o

enganarão. Você não pode conduzir o seu navio

com os remos do pecado. Em vez disso, venha a Cristo, e seja um homem livre. Não, senhor, isto

é arrependimento; isto é deixar imediatamente

de viver no pecado. Mas, anote isto, nunca é pelo

próprio arrependimento, nem por desejar deixar o pecado, que você é salvo. É por Cristo,

Cristo, Cristo, Cristo somente.

Mas eu sei que muitos de vocês irão embora e tentarão construir a sua própria torre de Babel para chegar ao céu. Alguns de vocês irão pelo

caminho das obras, e alguns por outros. Vocês

irão pelo caminho do cerimonial: Porão a

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estrutura do batismo infantil para a salvação;

construirão a confirmação dele na Ceia do

Senhor. “Eu irei para o céu”, você diz. “Eu não

tenho guardado a Sexta Feira santa, e o dia de Natal? Eu sou um homem melhor do que

aqueles dissidentes. Eu sou o homem mais

extraordinário. Eu não tenho orado mais do que todos os demais?”. Você estará por muito tempo

empenhado neste seu trabalho monótono sem

avançar uma só polegada. Este não é o caminho

para se chegar às estrelas. Alguém diz, “Eu irei estudar a Bíblia, e crer em suas doutrinas; e não

tenho dúvida que por crer corretamente nas

doutrinas eu serei salvo.”. Certamente você não

será! Você não pode ser mais salvo por crer corretamente nas doutrinas do que por você

poder praticá-las corretamente. Alguém diz,

“Eu gosto disto, eu crerei em Cristo, e viverei do

modo que eu gosto.”. Certamente você não será justificado! Porque se você crer em Cristo ele

não deixará você viver como a sua carne gosta,

porque seu Espírito o constrangerá a mortificar

suas afeições e desejos. Se ele lhe der graça para você crer, ele dará graça para você viver uma

vida santa daí para a frente. Se ele der fé a você,

ele lhe dará boas obras depois disso. Você não

pode crer em Cristo, a menos que você renuncie a cada erro, e resolva servi-lo com todo o seu

coração. Mas ainda alguém diz, “Esta é a única

porta? E posso me aventurar através dela? Então

eu o farei. Mas eu não posso entendê-lo completamente, porque há pontos

Page 81: Como somos justificados por Deus - livro

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discordantes dentro de mim. Falam de uma

grande porta, mas eu não posso ver a porta;

falam do caminho, mas eu não posso ver o

caminho. Falam da luta, mas eu não vejo qualquer luta, senão eu lutaria.”. Deixe-me

então explicar-lhe. Eu encontro na Bíblia, “Fiel é

a palavra e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,”

(I Tim 1.15). O que você deve fazer, senão crer

nisto e confiar nele? Você nunca será

desapontado com uma tal fé como esta. Deixe-me dar-lhe uma ilustração que eu tenho feito

centenas de vezes, mas eu não posso achar outra

melhor, e por isso a darei de novo.

A fé é algo como isto. Há uma estória sobre um capitão, um homem de guerra, cujo filho gostava de brincar em seu navio; e certa vez,

correndo como um macaco, ele subiu o mastro

do navio e alcançou um dos braços principais de

sustentação das velas, e ele não tinha como retornar ao mastro para descer. seu pai viu

aquilo, e olhando para cima horrorizado,

pensava: o que ele poderia fazer? Em poucos

momentos seu filho cairia e seria feito em pedaços. O pobre menino estava apavorado. O

pai pegou uma arma e a apontou para o menino

dizendo: “na próxima vez em que o navio

balançar, você deve se lançar ao mar, ou eu atirarei em você!”. Ele sabia que seu pai

cumpriria a palavra; o barco balançaria para um

lado, ele seria lançado ao mar, e os fortes braços

Page 82: Como somos justificados por Deus - livro

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dos marinheiros o resgatariam. Agora nós,

como o menino, estamos, por natureza, numa

posição de extremo perigo, da qual nunca

poderemos escapar.

De modo infortunado, nós temos algumas boas obras de nós mesmos, como aquele mastro de

sustentação das velas, e nós estamos apegados a ele tão afetuosamente, que nós nunca o

largaremos. Cristo sabe que a menos que o

larguemos nós seremos feitos em pedaços para

sempre, porque esta confiança estragada irá nos arruinar. Ele, consequentemente diz,

“pecadores, deixem a sua própria confiança, e

se lancem ao mar do meu amor.”. Nós olhamos

para baixo e dizemos, “eu posso ser salvo por confiar em Deus? Ele parece estar zangado

comigo, e eu não poderia confiar nele.”. Ah, a

terna misericórdia não persuadirá você? –

“aquele que crer será salvo.”. Deve a arma da destruição ser apontada na sua direção? Você

deve ouvir a ameaça terrível – “o que não crer

será condenado?”. O que se dá com você agora é

o mesmo que se deu com o menino – sua posição é de iminente perigo em si mesma, e o seu

desprezo pelo conselho do Pai é um assunto do

mais terrível alarme, isto torna o perigo mais

perigoso ainda.

Você deve fazer isto, ou então você perecerá! Abandone sua confiança em si mesmo! Isto é a

fé, quando o pobre pecador abandona a sua

Page 83: Como somos justificados por Deus - livro

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confiança, lançando-a fora, e assim ele é salvo.

Oh! Creiam em Cristo, pobres pecadores,

creiam em Cristo! Vocês que conhecem a sua

culpa e miséria venham, lancem-se a si mesmos sobre Ele, venham, e confiem no meu Mestre, e

assim como ele vive, antes que eu nascesse,

vocês nunca confiarão nele em vão, mas vocês serão perdoados, e seguirão seu caminho

regozijando-se em Cristo Jesus.

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Justificação Pela Fé

Por Charles Haddon Spurgeon (Traduzido e adaptado por Silvio Dutra)

“Justificados pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;” (Rom 5.1)

Nós não desejamos pregar nesta noite sobre

este texto como uma mera matéria de doutrina. Todos vocês creem e entendem o evangelho da

justificação pela fé, mas nós desejamos pregar

isto como matéria de experiência, como uma

coisa realizada, sentida, regozijada e compreendida na alma. Eu confio que há muitos

aqui que não somente conhecem que o homem

pode ser salvo e justificado pela fé, mas que

podem dizer em sua própria experiência, “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com

Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo,” e

que estão agora no presente momento

caminhando e vivendo na alegria atual desta paz.

Desejando falar deste texto, então, neste sentido, eu pedirei a vocês para me

acompanharem, não somente com seus ouvidos, e com a atenção que vocês têm me

dado usualmente tão generosamente, mas

também com os olhos do seu autoexame,

Page 85: Como somos justificados por Deus - livro

85

perguntando a si mesmos, enquanto nós

prosseguimos passo a passo: “Eu sei isto? Eu o

tenho recebido? Eu tenho falado de Deus desta

maneira? Tenho sido conduzido por esta verdade?”. E nossa esperança será que algumas

pessoas para quem estas coisas têm sido

meramente externas até aqui, e portanto sem qualquer valor, venham a se entregar a Deus

para serem por Ele dominadas, de maneira que

possam em matéria de alma, coração e

consciência, serem alegrados e encontrarem a si mesmos onde sempre deveriam estar, quer

dizer reconciliados com Deus, desfrutando

alegremente e regozijando-se em paz com o

Altíssimo.

I. COISAS QUE O HOMEM DEVE DESCOBRIR ANTES DE TER PAZ COM DEUS

Você vê que Paulo, antes de ter citado esta justificação pela fé, tinha falado sobre o pecado.

Não teria sido possível para ele ter dado uma definição inteligível de justificação sem

mencionar que os homens são pecadores, sem

informar que eles têm quebrado a lei sagrada de

Deus, e que a lei, por si mesma, não poderia restaurá-los na graça de Deus.

Bem, agora as coisas sobre as quais eu vou falar adiante, são absolutamente necessárias.

Page 86: Como somos justificados por Deus - livro

86

Que coisas são estas? A primeira é a descoberta de que o homem é dirigido antes pelo Espírito de

Deus para ser justificado, isto é importante para

que seja justificado à vista de Deus. Muitas pessoas não sabem isto. Você foi fazer compras

esta noite e encontrou um homem no caixa, e

você lhe disse: “Bem, você nunca vai a um lugar de adoração?”. “Não,”. Ele diria, “mas eu estou

quite com Deus por tudo que eu faço. “Como

assim?”. “Bem, eu tenho um melhor negócio do

que eles.”. “Qual?”. “Bem, eu nunca faltei ao trabalho; eu nunca enganei as pessoas; eu

nunca menti; nunca roubei; não bebo; sou

honesto, e isto é mais do que você pode dizer de

alguns dos seus amigos religiosos.”. Agora, este homem tem de fato uma parte do caráter de um

bom homem.

Há duas partes, mas ele pode somente ver uma, ou seja, este homem é justo para os homens. Ele

vê isto, mas ele não vê que o homem deve ser também justo para Deus. E com isso se este

homem fosse realmente pensar um pouco mais,

ele veria que a maior obrigação da criatura deve

ser, não com seus companheiros, mas com o seu Criador, e que, ainda que o homem seja justo

para outro homem, caso ele seja injusto para

Deus, ele não poderá escapar da mais severa

penalidade. Mas, oh! A maioria dos homens pensa que conquanto que eles guardem as leis

da terra, desde que eles deem aos demais

homens o que lhes é devido, não importa que o

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87

dia do Senhor lhes seja um assunto para ser

escarnecido. Deus será usado como se fosse um

homem, e a lei de Deus será pisada debaixo dos

seus pés. Agora, eu penso que todos aqui colocarão seus dedos em suas frontes por um

momento pensando, que já viram isto. Mesmo

que um homem possa dizer diante de qualquer juiz ou júri: “Eu não tenho injuriado em nada o

meu próximo; eu sou justo diante dos homens,”,

ainda assim isto não faz que o caráter do homem

seja perfeito. A menos que ele seja também capaz de dizer: “E eu sou também justo diante da

presença de Deus que me fez, e de quem eu sou

servo,” ele tem somente guardado uma parte, e

tem deixado a mais importante, a saber: a lei de Deus para ele.

A próxima coisa é a seguinte: Quando o homem é trazido a Cristo pelo Espírito Santo,

ele descobre que sua vida passada tem sido

manchada por sérias ofensas contra a lei de Deus. Antes que o Espírito Santo venha habitar

em nós, somos como um quarto escuro. Nós não

podemos enxergar dentro dele. Nós não

podemos descobrir as teias de aranhas, as coisas sujas e nojentas que podem estar escondidas

nele. Mas quando o Espírito de Deus vem

jorrando na alma, o homem é surpreendido ao

perceber que ele é o que é, e especialmente se ele se assentou e abriu o livro da lei, e, na luz do

Espírito divino, lê esta lei perfeita, e compara

com ela as próprias imperfeições de seu coração

Page 88: Como somos justificados por Deus - livro

88

e sua vida. Ele então se achará doente em si

mesmo, ainda que se deteste e algumas vezes se

desespere. Talvez há alguém aqui que dirá: “Eu

sei que eu tenho sido muito casto toda minha vida, porque o mandamento diz: “Não

adulterarás, e eu nunca tenho quebrado isto, eu

estou limpo disto.”. Ah!, Mas agora ouça Cristo explicar o mandamento: “Qualquer que olhar

para uma mulher com intenção impura, no

coração já adulterou com ela.”. Agora, então,

quem entre nós pode dizer que não tem feito isto? Quem há sobre a terra, se este é o

significado do mandamento, que pode dizer, “eu

estou inocente?”; Se a lei de Deus, como nós a

temos nas Escrituras, tem tal caráter, não com nossas ações exteriores somente, mas com

nossas palavras, e com nossos pensamentos e

nossas imaginações – se isto se aplica

amplamente a todas as mais secretas partes do homem, então quem de nós pode alegar

inocência diante do trono?

Não, amados irmãos, isto deve ser compreendido por você, e por mim, antes que

nós possamos ser justificados, que nós estamos cheios de pecados. O que eu quero dizer com

isso é o mesmo que dizer que um ovo está cheio

de alimento. Todos somos pecadores. O

pensamento e a imaginação do nosso coração são maus, e somente maus, e continuamente. Se

alguns de vocês têm se acobertado com a ideia

de que são justos, eu oro a Deus para que tenha

Page 89: Como somos justificados por Deus - livro

89

misericórdia de vocês e que lhes faça verem a si

mesmos, porque se vocês nunca enxergarem

sua própria nulidade, vocês nunca entenderão a

Toda-suficiência de Cristo. A menos que vocês sejam derrubados, Cristo nunca os levantará. A

menos que vocês saibam que estão perdidos,

vocês nunca necessitarão do Salvador que veio “buscar e salvar o perdido.”. Esta é a segunda

descoberta, então; que é importante ser justo

antes diante de Deus, mas que por causa da

espiritualidade da lei moral de Deus, e nossa consequente inabilidade para guardá-la

perfeitamente, nós estamos muito longe de

permanecermos firmes e continuamente de pé,

baseados na nossa própria justiça.

Então chegamos a uma outra descoberta, quer

dizer, que consequentemente é absolutamente impossível para nós esperar que possamos ser

sempre justos diante de Deus, na base dos

nossos próprios feitos. Nós devemos ter isto na

conta de um caso totalmente perdido. O passado é passado: que nunca poderá ser apagado por

nós; e o futuro, não obstante toda a nossa

profunda esperança de aperfeiçoamento, será

provavelmente nada melhor, e assim a salvação pelas obras da lei se tornará para nós uma

sombria impossibilidade. A lei diz, “Maldito

todo aquele que não permanece em todas as

cousas escritas no livro da lei, para praticá-las.”. Eu estava conversando certa ocasião com um de

nossos mais ilustres e nobres judeus, e quando

eu lhe perguntei se ele cria na justiça perfeita - e

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90

eu cria que se algum homem pudesse ser

justificado pela sua conduta moral, este homem

seria o judeu - e quando eu disse a ele, “Está

escrito na sua própria lei: “Maldito é todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas

no livro da lei”; você tem guardado todas estas

coisas?”. Ele disse, “eu não tenho.”. “Então,” eu disse, “a maldição está sobre você e como você

espera escapar disto?”. E eu descobri que esta é

uma questão para a qual ninguém teria uma

resposta, e esta é a questão que, quando corretamente entendida, ninguém pode

responder, exceto pelo apontamento da cruz de

Cristo e dizendo: “ Ele se fez maldição por nós

para que nós fôssemos abençoados.”. A menos que você e eu guardemos a lei de Deus

perfeitamente, quão pouco perto estamos de

obter a perfeição. Isto é como se Deus tivesse se

comprometido conosco em fazer de nós um vaso perfeito de cristal, e ele dissesse: “Se você

guardar tudo, e apresentar isto a mim, você terá

uma recompensa.”. Mas nós temos quebrado

isto, ah! meus irmãos, a maioria de nós tem quebrado o vaso. Sim, e temos perdido a

recompensa, porque a condição era que

deveríamos ser perfeitos completamente, e

uma pequena quebra é uma violação da condição que fora colocada para que a

recompensa fosse dada.

Nunca afirme que você não tem violado os

mandamentos de Deus. Não, senão que os tem

quebrado. Você tem colocado a si mesmo fora da

Page 91: Como somos justificados por Deus - livro

91

lista. Isto parece severo quando você diz

algumas vezes às pessoas que se elas violarem a

lei num só ponto, elas terão quebrado toda ela;

mas isto não é tão duro como parece, porque se dissermos ao homem que está descendo para o

interior de uma mina de carvão usando uma

longa corrente que, se ele quebrar um só elo da corrente, não haverá problema, desde que os

outros milhares de elos estejam ligados; se

houver somente um elo que seja quebrado, o

cesto cairá e o pobre minerador será feito em pedaços. Ninguém pense que isto é duro. Todos

reconhecem que se trata de uma matéria de lei

da mecânica, que a resistência da corrente deve

ser medida pela sua parte mais frágil. E então a resistência da nossa obediência deve ser

avaliada pelo ponto mais sujeito a falhas. (Isto é,

seria por superar completamente as fraquezas

às quais estamos mais propensos, que poderíamos estar guardando perfeitamente a

lei de Deus – nota do tradutor). Ai de mim! Nossa

obediência tem falhado, e por isso, nenhum de

nós pode ser sempre justo diante de Deus.

Agora, eu lhe pergunto: Você tem entendido tudo até este ponto? Isto é importante para ser

justo diante de Deus: Nós vemos que não somos

assim: nós vemos que não podemos ser assim?

Nós estamos totalmente convencidos que pela nossa própria obediência à lei de Deus,

estaríamos sem qualquer esperança

para sermos aceitos e estarmos de pé diante do

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92

Altíssimo. Eu oro ao Espírito Eterno para

convencê-lo de tudo isto, ou você ficará batendo

à porta até que você esteja completamente certo

do que Deus tem determinado para sempre, para tal, ou então tentará escalar este Alpes, e

cairá num precipício, até que esteja convencido

que é impossível para você escalá-lo e chegar a Deus no caminho de Deus, que é totalmente

diferente do seu. Eu confio que todos nós

estamos convencidos disto.

Deixem-me alertá-los sobre mais uma descoberta preliminar. O homem tendo

entendido tudo isto, repentinamente descobre

que, na medida em que ele não é justo diante de

Deus, e não pode ser, ele está no presente momento sob condenação. Deus nunca é

indiferente ao pecado. Se, então o homem não

se encontra no estado em que Deus pode

justificá-lo, ele está no estado em que Deus deve condená-lo. Se você não é justo diante de Deus,

você está condenado agora mesmo. Você não

será condenado imediatamente, isto é verdade,

mas a condenação está vindo contra você, e o sinal disto é a sua incredulidade, porque “o que

não crê já está julgado, porquanto não crê no

nome do unigênito Filho de Deus”.

Alguns de vocês se levantariam de seus assentos esta noite se repentinamente tivessem a

informação que vocês têm sido condenados pela

corte de seu país, mas quando eu digo que você

Page 93: Como somos justificados por Deus - livro

93

tem sido condenado pela Corte do Céu, isto

desliza pela sua consciência como pingos de

água ou de óleo acima de uma pedra de

mármore. E ainda, meus ouvintes, se ainda não entenderam o significado do que eu estou

dizendo – e eu oro a Deus, ao Espírito Santo para

fazer-lhes conhecer isto - e isto faria seus ossos se agitarem! Deus tem lhe condenado. Você está

fora de Cristo. Você tem quebrado sua lei. Deus

tem elevado sua mão para ferir-lhe, e apesar da

sua misericórdia tardar por um instante, apesar disso dias e horas terão ido logo, e então a

condenação tomará a forma de execução, e o

que será da sua alma então? Agora, você deve

perceber a sentença de condenação sobre a sua alma, ou então você nunca será justificado,

porque até que nós não sejamos condenados por

nós mesmos, nós não poderemos ser absolvidos

por Deus. Novamente, eu digo: você tem experimentado isto, meu caro ouvinte? Se sente

a sentença de morte sobre você, dê graças por

isto, porque agora a vida poderá ser-lhe dada da

mão da graça de Deus.

II. DESCUBRA O EVANGELHO APRENDENDO O QUE É DITO A NÓS PELO ESPÍRITO DE DEUS

Este conhecimento do Evangelho eu posso lhes dar numas poucas sentenças, especialmente estas: que, na medida em que o homem

permanece no pecado, o caminho da obediência

está para sempre fechado, de forma que nós –

Page 94: Como somos justificados por Deus - livro

94

nenhum de nós – pode passar disto para uma

verdadeira justificação. Deus tem agora

determinado para tratar com os homens num

caminho de misericórdia, para perdoar-lhes todas as suas ofensas, para dar-lhes o seu amor,

para recebê-los em graça, e para amá-los

livremente. Nós temos sido saciados na sua infinita sabedoria, para desenvolvermos um

caminho no qual sem injuriar a sua justiça, ele

pode ainda receber o mais imerecedor dos

filhos dos homens em seu coração, e fazer dele seu filho, e pode abençoá-lo com todas as suas

bênçãos que seriam dele para que viesse a

guardar perfeitamente a lei de Deus, e que agora

virá sobre ele sob a forma de dom e imerecida graça que procede dele mesmo.

Eu confio que nós temos aprendido isto, que há um plano de salvação somente pela graça; e isto

é uma grande coisa para saber que onde a graça

está, não há nenhum trabalho para o homem fazer relativamente à sua justificação. É uma

coisa abençoada nunca confundir em sua

cabeça a doutrina das obras, e a doutrina da

aceitação pela graça, porque há uma diferença essencial e eterna entre ambas. Eu espero que

você tenha todo o conhecimento para não

misturar as duas. Se nós somos salvos pela

graça, isto não pode ser comprado pelos nossos próprios méritos, mas se nós dependemos dos

nossos méritos, então nós não podemos apelar à

graça de Deus, desde que duas coisas diferentes

Page 95: Como somos justificados por Deus - livro

95

nunca podem ser misturadas juntamente. Isto

deve ser totalmente pelas obras, ou trabalho, ou

então totalmente pela graça.

O plano da salvação de Deus exclui todo o nosso

trabalho. “Não pelas obras para que ninguém se glorie.”. Isto nos vem pela condição da graça,

somente pela pura graça. E isto é plano de Deus,

especialmente que, considerando que nós não podemos ser salvos pela nossa própria

obediência, nós devemos ser salvos pela

obediência de Cristo (Rom 5.19). Jesus, o Filho de

Deus, apresentou-se pessoalmente em carne, viveu uma vida de obediência à lei de Deus, e em

consequência desta obediência, foi achado na

forma de homem, ele humilhou-se a si mesmo e

foi obediente até a morte, e morte de cruz, e a vida e morte do nosso Salvador realizou uma

completa guarda e honra desta lei que nós

temos quebrado e desonrado, e o plano de Deus

é este: “Eu não posso abençoar você pela sua própria causa, mas eu irei abençoar você por

causa de Jesus; e agora olho para você através

dele, eu posso abençoar você apesar de não

merecer isto de maneira nenhuma; eu posso ignorar o seu não merecimento; eu posso

apagar os seus pecados como uma nuvem, e

lançar suas iniquidades nas profundezas do mar

em razão do que Ele fez; você não possui qualquer mérito, mas Ele tem méritos

ilimitados; você está cheio de pecados e deve ser

punido, mas Ele foi punido no seu lugar, e agora

Page 96: Como somos justificados por Deus - livro

96

eu posso entrar em acordo com você.”. Esta é a

linguagem de Deus, colocada em palavras

humanas, “eu posso me reconciliar com você

nos termos da misericórdia através dos méritos do meu Filho amado.”. Este é o caminho, então,

no qual o evangelho vem até você. Se você crê

em Jesus, que diz, se você confiar nele, todos os seus méritos são seus méritos; são imputados a

você: todos os sofrimentos de Jesus são seus

sofrimentos. Cada um dos seus méritos é

imputado a você.

Você está de pé na presença de Deus se você estiver em Cristo, porque Cristo ficou de pé na

presença de Deus para ficar no seu lugar – Ele

está no seu lugar, e você está no lugar dele. Substituição! Esta é a palavra! Cristo o substituto

dos pecadores. Cristo levantou no lugar dos

homens, e sofreu a ira da divina oposição ao

pecado, ele “fez pecado por nós aquele que não conheceu o pecado.”. O homem é levantado no

lugar de Cristo, e recebe o sol do divino favor, no

lugar de Cristo.

E isto, eu digo, é através da confiança, isto é, da fé. O caminho de Deus para a recepção da

conexão com Cristo é através da sua confiança

nele. “Então, sendo justificados” – como? Não

por obras, este não é o elo, mas – “sendo justificados pela fé, temos paz com Deus através

de nosso Senhor Jesus Cristo.”. Cristo ofereceu

a Deus a substituição: através da fé nós a

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aceitamos, e a partir deste momento Deus tem

aceitado a nós.

Agora, eu desejo levá-los a isto, queridos amigos. Vocês sabem isto? Vocês têm sido

ensinados sobre isto pelo Espírito de Deus? Talvez vocês tenham aprendido isto desde

crianças na Escola Dominical, e têm aprendido

em várias classes desde então, mas vocês o têm experimentado em suas próprias almas, e

sabem que o caminho da salvação de Deus é

simplesmente através e totalmente dependente

do seu amado Filho? Você sabe então, que você tem sido aceito, e que você depende agora de

Jesus? Se o sabe, então é triplamente feliz!

Mas, indo adiante, eu tenho agora que enfatizar por um minuto ou dois:

III. O GLORIOSO PRIVILÉGIO DO TEXTO

Falemos agora sobre este glorioso privilégio, palavra por palavra.

“Sendo justificados”. O texto fala-nos que cada crente está no presente momento

perfeitamente justificado diante de Deus. Você

sabe que Adão estava nu e em inocência no

Paraíso. Igual a isto está cada crente. Ah, e mais do que isso. Adão podia falar com Deus porque

ele estava sem pecado, e nós também

acessamos com ousadia à presença de Deus

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nosso Pai, através do sangue de Jesus, que nos

limpa. Agora, eu não digo que isto é um

privilégio de uns poucos e eminentes santos,

mas aqui eu olho ao redor desses bancos da igreja e vejo meus irmãos e irmãs – uma grande

multidão, centenas deles – todos, esta noite

estão diante de Deus – tão perfeitamente, tão completamente; tão justos que eles nunca

podem ser de outra forma mais justos; tão justos

que mesmo no céu eles não serão mais

aceitáveis a Deus do que são aqui nesta noite. Este é o estado ao qual a fé trouxe o pobre,

perdido, culpado, atado, desastrado pecador. O

homem pode ter sido tudo isto antes de ter crido

em Cristo, mas assim que ele creu em Jesus, os méritos do Senhor tornaram-se seus méritos, e

ele está de pé na presença de Deus como se ele

fosse perfeito, “sem mancha ou ruga, ou coisas

como estas” por meio da justiça de Cristo.

Repare, entretanto, como nós temos afirmado quanto ao estado de justificação, o meio através

do qual o alcançamos. “Tendo sido justificados

pela fé”. O caminho de chegada a este estado de

justificação não é por meio de choros, por orações, por humilhações, nem trabalho, nem

pela leitura bíblica, nem por ir à igreja, nem por

sacramentos, nem pela absolvição sacerdotal,

mas pela fé, a qual é simplesmente total confiança na fidelidade de Deus, a confiança na

promessa de Deus, porque a justificação é uma

promessa de Deus, e merece a sua confiança. É a

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segurança com toda a nossa força naquilo que

Deus tem dito. Isto é fé, e cada homem que

possui esta fé está perfeitamente justificado

esta noite. (Spurgeon sabia que a fé expulsa a incredulidade e com isto abre o canal

necessário para que a graça nos santifique e nos

coloque inculpáveis diante de Deus e em condições de estar em comunhão com Ele – nota

do tradutor).

Eu sei o que o diabo dirá a você: “você é um pecador!”. Diga-lhe que você sabe, mas que você

tem sido justificado de tudo. Ele lhe apontará a grandeza do seu pecado. Diga-lhe sobre a grande

justiça de Cristo. Ele lhe apontará todos os seus

contratempos e suas recaídas, suas ofensas e

seus erros. Diga-lhe, e à sua própria consciência, que você sabe tudo isto, mas que Jesus Cristo

veio salvar os pecadores, e que, embora você

seja um grande pecador, Cristo é totalmente

capaz para lançar fora todos os seus pecados. Alguns de vocês, parece-me, não confiam em

Cristo enquanto pecadores. Vocês possuem

uma espécie de fé deformada e misturada.

Vocês confiam em Cristo apesar de pensarem nele somente para fazer algo para vocês, e vocês

podem fazer o restante. Eu lhe digo que

enquanto olharem para si mesmos, vocês não

podem saber o que a fé significa. Vocês devem estar convencidos de que não há nada de bom

em si mesmos; devem saber que são pecadores,

e que em seus corações vocês são como grandes

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e escuros pecadores como os piores e vis, e você

deve vir a Jesus e largar esta sua justiça

imaginária, e sua pretensiosa bondade, e deve

fazer dele o seu tudo, e confiar nele. Oh! Sentir seu pecado e mesmo assim conhecer a sua

justiça. Ter as duas coisas ao mesmo tempo –

arrependimento por causa do pecado, e ainda a gloriosa confiança no todo-suficiente sacrifício

“Oh! Se você pudesse compreender o que diz a

esposa no livro de Cantares: “Eu sou morena,

mas formosa...Não olheis para o eu estar morena, porque o sol me queimou.” (Ct 1.5,6).

Porque foi disto que nós viemos – escuro em

mim mesmo, tão escuro quanto o inferno, a

ainda assim “formoso”, belo, amável, inexpressivelmente glorioso através da justiça

de Jesus.

Meus caros irmãos e irmãs, vocês podem sentir isto? Se vocês não podem senti-lo, vocês podem

crer nisto? E vocês cantarão com as palavras de

Joseph Hart:

“Nesta garantia tu és livre.

Suas mãos queridas foram pregadas por ti;

Vestido com a vestimenta

que te foi dada pelo Salvador,

Santo és como o Santo Bendito Deus.”

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Por causa disto você está diante de Deus, sendo aceito como Cristo é aceito, e apesar de ter sido

concebido no pecado e na corrupção do seu

coração, você é tão querido por Deus quanto Cristo é querido; e é aceito na justiça de Cristo,

assim como Cristo é aceito em sua própria

obediência.

Este é ponto que nós desejamos indagar nesta noite. Você tem entendido até esse ponto que é

pela fé que nós somos justificados? Se é assim eu

o conduzirei um passo adiante, isto é, a observar

que nós somos “justificados pela fé através de nosso Senhor Jesus Cristo”. Há o fundamento,

há o motivo principal. Há a árvore que sustenta

os frutos. Nós somos justificados pela fé, mas

não pela fé de nós mesmos. Fé em si mesmo é uma graça preciosa, mas não pode por si mesma

justificar-nos. É “por meio de nosso Senhor

Jesus Cristo”. Ainda que seja simples esta

observação, eu devo repeti-la esta noite, porque é difícil para nós guardarmos isto em nossa

mente. Mas lembrem que a fé não é o trabalho

do Espírito dentro de nós, mas o trabalho de

Cristo na cruz. É sobre isto que eu devo descansar à medida que minha meritória

esperança não é o fato abençoado de que eu seja

agora um herdeiro do céu, mas num fato ainda

mais abençoado, que o Filho de Deus me amou e se entregou a si mesmo por mim. Meus caros

irmãos, quando tudo está bem conosco, há uma

tentação em dizer: “Bem, agora está tudo bem

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comigo, porque eu lutei por isto, e eu sinto isto.”.

Muito bom, estas evidências têm o seu lugar,

mas você pode igualmente ter claras evidências

que você não é perfeito; quando você diz: “Oh! Miserável homem que sou, quem me livrará do

corpo desta morte?” você encontrará isto no

lugar das suas lindas evidências, e você terá que correr para a cruz.

Houve um tempo quando eu, também achei um grande conforto em crer no trabalho do Espírito

de Deus em minha alma, e dava graças a Deus por isto, mas agora eu tenho aprendido a

caminhar onde o pobre peregrino Jack

caminhou:

“Eu sou um pobre pecador, mas Jesus Cristo é meu tudo em todas as coisas.”.

Irmãos, o fundamento em que nos sustentamos está quebrado. Nós devemos construir sobre a nossa rocha. No topo de algumas montanhas os

homens, algumas vezes constroem um elevado

com pilhas de madeiras. Bem, agora, algumas

destas plataformas instáveis, você sabe, balançam, mas quando você caminha fora delas,

na própria montanha, você está seguro, e nunca

balança com o risco de cair. Assim também

construímos algumas vezes as plataformas instáveis da nossa experiência e das nossas boas

obras – tudo muito bem em nosso caminho, mas

então elas tremem na tempestade. Confie então

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tão somente no Senhor, e una sua alma à Rocha,

não obstante tudo isto, o Espírito Santo foi dado

para tal propósito. Oh! Creia-me, que a alma está

segura no lugar em que deve viver, a saber, em Jesus.

“Justificados pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;”.

E em consequência, o precioso, o precioso privilégio que o homem experimenta: “temos

paz com Deus”.

Suponha que você esteja numa grande tempestade no meio do mar. Você é justificado

pela fé, e diz, “Bem, deixe que as ondas rujam;

deixem-nas bater palmas: meu Pai tem as águas na palma de sua mão. Por que eu estaria

temeroso?”. Deixe-me dizer-lhe que é algo

valioso crer que Deus colocou em nós este

estado calmo de mente quando “a terra está repleta de todas as formas de guerras”. Isto se

compara ao crente quando lhe sobrevém um

temporal de tribulações. Sobrevêm problemas

sobre problemas, até o ponto de parecer a algo como que se todas as casas de negócios fossem

falir. Nada é fixo e exato. O homem perdeu a

confiança e a segurança em seu companheiro.

Tudo está caminhando para pior. Mas o crente diz: “Deus está no leme, tudo é controlado pelo

grande Rei: “Ele está em toda a parte, e tudo

governa, e todas as coisas atendem ao seu

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mandar.” Isto é algo para ser experimentado,

que meu Pai não pode dar-me uma jornada

ruim. Mesmo que ele venha a usar a sua vara

sobre mim, é para fazer-me bem, e eu lhe agradecerei por isto, porque eu tenho perfeita

paz com ele.

E então, quando a morte chegar, e sentir, “eu estou indo para Deus, e estou feliz por ir, porque não estou indo como um prisioneiro a um juiz,

mas como a esposa para casar com o esposo,

como uma criança que volta da escola para os

braços dos seus pais. Oh! Isto é morrer com o senso de paz com Deus!

Agora, se você crer em Cristo, você será justificado pela fé. Sendo justificado, seu

coração sentirá que esta perfeita paz é trazida para dentro dele. Isto ocorre simplesmente

crendo, simplesmente confiando.

Oh! Creia nele! Confie nele, e ele será a alegria da sua alma para ter paz com Deus, a qual o mundo não pode dar a você, e que o mundo

também nunca poderá tirar de você, porque

você a terá eternamente.

Deus conceda isto a cada um de nós ! Amém !