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82 GALILEU ESPECIAL VESTIBULAR 2008 O modo de evitar que a febre amarela volte às cidades é eliminar o mosquito da dengue. Como fazer isso? F azia tempo que não havia tantas mortes por febre amarela no Brasil. Foram 38 confirmadas até 14 de março. Todos os casos re- gistrados são da febre amarela sil- vestre, que só existe nas matas. Há um surto da doença neste ano nas florestas. Os cientistas começaram a desconfiar disso quando viram ma- cacos morrer. Eles são o hospedeiro do vírus da febre amarela silvestre. Esse surto aumenta as chances de retorno da febre amarela urbana, er- radicada no País desde 1942. Há dois modos de evitar a ame- aça. O primeiro é uma campanha de vacinação em massa. Seria exa- gerado, dado que não há registro de epidemia. E é um método que tem reações adversas. Desde 1999, houve quatro mortes causadas por efeitos colaterais da vacina. A se- gunda forma é acabar com o mos- quito da dengue. O Instituto Bu- tantan trabalha numa vacina, mas SAÚDE ACENDEU O SINAL AMARELO VÁ FUNDO >>> ela está prevista apenas para 2010. O que o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, tem a ver com a febre amarela? Ele é um pos- sível transmissor. O tipo urbano da doença aconte- ce quando alguém que foi contami- nado pelos mosquitos Haemagogus ou Sabethes, na mata, volta para a cidade. O Aedes pode picar a pessoa contaminada e transmitir o vírus a outros humanos. A probabilidade de alguém ser picado duas vezes é pequena. Mas existe. Daí a neces- sidade de acabar com o Aedes. AÇÃO ENÉRGICA Numa situação parecida, o governo de Cingapura reduziu o número de casos de 700 para cem por sema- na, em dois meses. Criou o Comitê de Observação e Coordenação da Dengue, em 2005, para desenvolver o plano de guerra. Lá, doentes são isolados de pessoas saudáveis. Mo- radores de casas onde há focos de larvas levam multas entre R$ 120 e R$ 240. Em 1946, para acabar com a malária, os EUA criaram o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão responsável por monitorar, pesquisar e adotar políticas contra doenças. Em 1903, o sanitarista Oswaldo Cruz, então ministro da Saúde do Brasil, instituiu a vacinação obri- gatória para eliminar a varíola e implantou uma política eficaz de saneamento básico (veja quadro). E erradicou a febre amarela. O GRANDE VILÃO É O MOSQUITO DA DENGUE Para impedir que a febre amarela volte às cidades, é preciso eliminar 1 A transmissão da febre amarela silvestre acontece quando mosquitos Haemagogus ou Sabethes picam um macaco na mata, hospedeiro do vírus 2 Esse mesmo mosquito pica o homem que entra na mata sem imunização contra a febre amarela 3 A pessoa leva o vírus para a cidade. Lá, o Aedes aegypti pica a pessoa contaminada e pode picar e transmitir o vírus a outros humanos Entrar na mata só com vacina contra a febre amarela. É gratuita nos postos de saúde. Leva dez dias para fazer efeito. A eficácia é de dez anos Diminuir a quantidade de mosquitos é fundamental. As campanhas para evitar água parada e a aplicação de inseticida devem continuar Criadouros não surgem apenas na periferia. Casas com espelhos-d’água, piscinas e plantas como bromélias também trazem riscos O risco da febre amarela Para brecar o ciclo agora PARA LER “Febre Amarela: a Doença e Vacina, uma História Inacabada”, Nísia Trindade Lima. Fiocruz PARA NAVEGAR http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ febreamarela/ http://www.fiocruz.br/>

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8 2 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

Omodo de evitar que afebre amarela volte àscidades é eliminar omosquito da dengue.Como fazer isso?

Fazia tempo que não haviatantas mortes por febreamarela no Brasil. Foram38 confirmadas até 14 demarço.Todos os casos re-

gistrados são da febre amarela sil-vestre, que só existe nas matas. Háum surto da doença neste ano nasflorestas.Os cientistas começaramadesconfiar disso quando viramma-cacosmorrer. Eles são o hospedeirodo vírus da febre amarela silvestre.Esse surto aumenta as chances deretorno da febre amarela urbana, er-radicada no País desde 1942.Há dois modos de evitar a ame-

aça. O primeiro é uma campanhade vacinação emmassa. Seria exa-gerado, dado que não há registrode epidemia. E é um método quetem reações adversas. Desde 1999,houve quatro mortes causadas porefeitos colaterais da vacina. A se-gunda forma é acabar com o mos-quito da dengue. O Instituto Bu-tantan trabalha numa vacina, mas

S A Ú D E

ACENDEUOSINALAMARELO

VÁ FUNDO >>>

ela está prevista apenas para 2010.O que o Aedes aegypti, mosquitotransmissor da dengue, tem a vercom a febre amarela? Ele é um pos-sível transmissor.O tipo urbano da doença aconte-

ce quando alguém que foi contami-nado pelos mosquitosHaemagogusou Sabethes, na mata, volta para acidade. OAedes pode picar a pessoacontaminada e transmitir o vírus aoutros humanos. A probabilidadede alguém ser picado duas vezes épequena. Mas existe. Daí a neces-sidade de acabar com o Aedes.

AÇÃOENÉRGICANuma situação parecida, o governode Cingapura reduziu o número decasos de 700 para cem por sema-na, em dois meses. Criou o Comitêde Observação e Coordenação daDengue, em 2005, para desenvolvero plano de guerra. Lá, doentes sãoisolados de pessoas saudáveis.Mo-radores de casas onde há focos de

larvas levam multas entre R$ 120e R$ 240. Em 1946, para acabarcom a malária, os EUA criaram oCentro de Controle e Prevenção deDoenças (CDC), órgão responsávelpor monitorar, pesquisar e adotarpolíticas contra doenças.Em 1903, o sanitarista Oswaldo

Cruz, então ministro da Saúde doBrasil, instituiu a vacinação obri-gatória para eliminar a varíola eimplantou uma política eficaz desaneamento básico (veja quadro).E erradicou a febre amarela.

8 2 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

O Instituto Bu-quito da dengue.mastantan trabalha numa vacina,

Mo-isolados de pessoas saudáveis.radores de casas onde há focos de

OGRANDEVILÃOÉOMOSQUITODADENGUE Para impedir que a febre amarela volte às cidades, é preciso eliminar o

1A transmissão da febreamarela silvestre acontece

quandomosquitosHaemagogusou Sabethes picam ummacaconamata, hospedeiro do vírus

2Essemesmomosquitopica o homemque entra

namata sem imunizaçãocontra a febre amarela

3A pessoa leva o vírus para acidade. Lá, oAedes aegypti pica

a pessoa contaminada e pode picar etransmitir o vírus a outros humanos

Entrar namata só com vacinacontra a febre amarela. Égratuita nos postos de saúde.Leva dez dias para fazer efeito.A eficácia é de dez anos

Diminuir a quantidade demosquitos é fundamental.As campanhas para evitarágua parada e a aplicação deinseticida devem continuar

Criadouros não surgemapenas na periferia. Casascom espelhos-d’água, piscinase plantas como broméliastambém trazem riscos

Oriscoda febre amarela Parabrecar o ciclo agora

PARA LER• “Febre Amarela: a Doença e Vacina,

uma História Inacabada”, NísiaTrindade Lima. Fiocruz

PARANAVEGAR• http://bvsms.saude.gov.br/bvs/

febreamarela/• http://www.fiocruz.br/>

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Maior encontro de cientistas sobremudanças climáticasconcluiu que o planetaficará irreconhecível

A M B I E N T E

O QUE RESTARÁDA TERRA?

PASSARELA AQUÁTICAUM HOMEM CAMINHA POR AVENIDAÀ BEIRA-MAR INUNDADA PELA PASSAGEM DO FURACÃO WILMA, NAFLÓRIDA, EM 2005. NAQUELE ANO,FORAM 28 FURACÕES, UM RECORDEHISTÓRICO. OS CIENTISTASAINDA NÃO CONCLUÍRAM SE OAQUECIMENTO GLOBAL ELEVARÁ AFREQÜÊNCIA DE FURACÕES, MAS JÁSE SABE QUE SUA INTENSIDADE EPODER DESTRUTIVO VAI AUMENTAR

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1 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

Caos aéreo é a face mais aparente de um grande problema estrutural que afeta diversos setores da economia brasileira

Ocaos aéreo que se ins-

talou no Brasil desde

outubro de 2006 com

a queda do avião da

Gol, em que morreram 154 pesso-

as — e agravado ainda mais em

julho deste ano, com o acidente

da TAM, que fez 199 vítimas

fatais —, é a face mais aparente

de um problema estrutural maior.

Ele envolve diversos setores-cha-

ve da economia do Brasil e é um

dos grandes responsáveis pelo

entrave ao desenvolvimento eco-

nômico do País.

D E S E N V O L V I M E N T O

APAGÃO DAINFRA-ESTRUTURA

CRISE AÉREAResultado de falta de planeja-

mento. O tráfego de aeronaves

cresceu muito nos últimos anos,

mas o movimento não foi acompa-

nhado pela expansão da infra-es-

trutura. De acordo com dados da

ONG Contas Abertas, até o aciden-

te com o avião da Gol haviam sido

aplicados apenas R$ 151,1 milhões

dos R$ 531,6 milhões destinados

no Orçamento da União de 2006 a

despesas com proteção ao vôo e

segurança do tráfego aéreo. Com a

comoção nacional e a suspeita de

falhas no controle dos aviões, o

governo foi forçado a liberar o resto

do dinheiro. A mesma coisa acon-

teceu com a receita do Fundo

Aeronáutico, com posto de tarifas

pagas pelas empresas aéreas. Ele

somou R$ 1,9 bilhão no ano passa-

do. Se gun do a Aeronáutica, R$ 364

mi lhões foram retidos para engor-

dar o caixa do Tesouro Nacional.

É preciso iniciar com urgência

um plano para reorganizar os aero-

portos em todo o País, com investi-

mento em tecnologia. Outra suges-

tão apresentada por especialistas é

ESPERAPASSAGEIROS AGUARDAM

EMBARQUE NO AEROPORTO DE GUARULHOS, EM SÃO PAULO.

O CAOS AÉREO NÃOTEM PRAZO PARA ACABAR

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1 2 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8

e n e r g i a

Ogovernonega,maso riscode faltarenergia noPaís estáde volta. Culpadafalta de chuvas

Ahistória é recente,masmuita gente já seesqueceu. Em 2001, afalta de chuvas secouos reservatórios das

usinas hidrelétricas. Elas passarama produzir menos e havia risco defaltar energia no Brasil. O governoagiu tarde demais e, por isso, tevede racionar energia para evitar umcolapso. No início de 2008 a his-tória ensaiou se repetir. Em janei-ro, Jerson Kelman, presidente da

ApAgãonohorizonte?

Agência Nacional de EnergiaElétrica (Aneel), alertou que, devi-do à falta de chuvas, não era im-possível haver racionamento deenergia neste ano no País.O ministro de Minas e Energia,

Nelson Hubner, se apressou emdesmentir Kelman e afastar o riscode apagão.Mas, em seguida, anun-cioumedidas preventivas.O gover-no chegou a cogitar colocar parafuncionar seis termelétricas a óleo.“Não acredito em risco de apagão

para este ano”, diz Luiz PinguelliRosa, diretor da Coordenação deProgramas de Pós-Graduação deEngenharia daUniversidade Federaldo Rio de Janeiro. “Mas é funda-mental adotar medidas para queresidências e empresas poupemenergia, pois o nível dos reservató-rios é preocupante e a situação po-de piorar, disse em janeiro.”De acordo com o Operador

Nacional do SistemaElétrico (ONS),o risco de racionamento de energia

vaziOOlagOdausinahidrelétriCadesObradinhO, nabahia. aPersPeCtivadePOuCa ChuvaameaçaOfOrneCimentOde energia

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Ártico mais quente:o derretimento do gelo no Pólo

Norte pode acabar com o hábitatdos ursos-polares e alterar

as correntes marinhas

M U N D O

PLANETA EM

CHAMASOs efeitos do aquecimento global são reais e já começaram. O tema gera muitas discussões, mas já existem alguns consensos

aquecimento 26.09.06 16:58 Page 14

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1 6 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

A taxa de crescimento atingiu 5,4% no segundo trimestre. Mas esse número pode não passar de uma bolha

Ainda não foi o espetácu-

lo de crescimento pro-

metido pe lo presidente

Lula. Mas, para um país

acostumado a ficar nos últimos

lugares da lista dos que mais cres-

cem, a notícia de que o desempe-

nho da economia melhorou é um

alento. A taxa anual de crescimen-

to de 5,4% do Produto Interno

Bruto (PIB), registrada no segundo

trimestre de 2007, ainda é bem

me nor que a de outros países

emer gentes. A China cresceu

11,9% no mesmo período. A Índia,

C R E S C I M E N T O

PRODUÇÃOFÁBRICA DA EMPRESA

ALEMÃ VOITH EM SÃO PAULO: AS EXPORTAÇÕES PODEM CAIR

COM A QUEDA NA DEMANDA GLOBAL

O AUMENTO DO PIBÉ SUSTENTÁVEL?

9,3%. Mesmo na América Latina,

Vene zuela, Ar gentina e Chile fica-

ram à frente do Brasil. Apesar

disso, não é um resultado inex-

pressivo. A taxa divulgada pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) em setembro é

quase o dobro da média dos últi-

mos 15 anos.

A questão, agora, é saber se essa

taxa de crescimento é consistente

e sustentável ao longo do tempo.

Alguns fatores sugerem que há

bons motivos para dúvidas. O pri-

meiro é a taxa de investimento,

que mede a proporção da riqueza

destinada ao aumento da capaci-

dade de produção das empresas.

Os investimentos têm crescido

nos últimos anos no Brasil e, no

segundo trimestre, alcançaram

17,7% do PIB, o maior índice desde

2000. Trata-se, porém, de um

valor ainda pequeno, se comparado

à taxa de no mínimo 25% registra-

da nos principais países emergen-

tes. A tradução desses números é

simples: se o Brasil quiser crescer

mais de forma sustentada, precisa-

rá investir mais no futuro. Sem

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V I O L Ê N C I A

2 6 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

MARCO NO COMBATEAO CRIME NO PAÍS

Ação no Rio mostra queplanejamentoda polícia é fundamental

Atomada do Complexo do

Alemão pela polícia do

Rio de Janeiro, em maio,

é um marco histórico do

combate à violência no Brasil. A

invasão de um dos principais nú-

cleos de resistência dos criminosos

signifi cou uma afi rmação do estado

contra a barbárie. Ainda falta muito

para que o crime seja vencido no

País. Mas as características dessa

ação no Rio sugerem que algo real-

mente mudou.

Até essa ação, a guerra contra o

tráfi co era personifi cada pelos no-

mes e rostos de trafi cantes como

Fernandinho Beira-Mar, Marcinho

VP ou Elias Maluco. Agora, poucos

conhecem o trafi cante mais pro-

curado pela polícia. O rosto que

simboliza a ação da polícia é o do

inspetor Leonardo da Silva Torres,

que representa força policial inova-

dora que hoje combate nos morros.

Por que agora é diferente? Diferen-

temente de outras ações, quando a

polícia retrocedia ante a resistência

dos “donos” do morro, desta vez ela

se manteve no ataque. Um ataque

determinado e inovador. Ainda que

as favelas continuem parcialmente

dominadas pelos trafi cantes, abriu-

se um fl anco inédito.

Além do uso de forças integra-

das, outro ponto inovador na tática

usada pela equipe que comandou a

invasão foi a inteligência. Os pla-

nos foram traçados a partir de da-

dos colhidos por 150 informantes,

infi ltrados no morro havia meses, e

por fotos aéreas da região.

Houve método e organização

na incursão, planejada ao longo de

dois meses. Na manhã do ataque,

nove atiradores de elite ocuparam

pontos estratégicos. Dando prote-

ção aos policiais e soldados, eles

permitiram fechar o cerco. Pela

primeira vez os policiais consegui-

ram postar-se em locais geografi -

camente acima dos trafi cantes. É

certo que o número de mortos é

elevado. Também é verdade que há

suspeitas de que, entre os mortos,

houvesse inocentes. Mas vários

cuidados foram tomados para evi-

tar mais vítimas, como desviar o

tráfego aéreo e evitar ações perto

de escolas.

A ocupação do Complexo do

Alemão é simbólica. A região con-

centra 40% dos crimes da cidade

e boa parte do tráfi co. Trafi cantes

afugentaram dali quase toda a ati-

vidade produtiva — no passado, a

região era o maior pólo industrial

do Rio. Desde que a cocaína se tor-

nou o melhor negócio dos morros,

na década de 1990, 30 mil pessoas

já morreram nos bairros que inte-

gram o Alemão.

O governo fl uminense quer mais

que apenas banir o estado parale-

lo que se instalou nos morros. Um

ambicioso projeto de ação social,

inspirado na experiência colombia-

na, pretende transformar o com-

plexo. O plano inclui um teleférico

com 3 quilômetros e seis estações,

a 35 metros de altura, com áreas de

lazer e bibliotecas. Os governos do

Rio de Janeiro e Federal assinaram

em setembro a liberação de uma

verba de R$ 495,1 milhões para a

conclusão desse projeto. A ação

policial permanecerá. Para vencer

a violência, é preciso fazer isso e

muito mais.

GUERRACOMPLEXO DO ALEMÃO OCUPADO PELA POLÍCIA

© 1

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1 6 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

Combustíveis “limpos” estão entre as apostas para a diminuição da dependência do petróleo

E N E R G I A

O FUTURO ÉRENOVÁVEL

BIODIESELO ÓLEO JA FILTRADO,PRODUZIDO NA USINA

CERALITE-GRANOL, MAIORPRODUTORA PARA PETROBRAS DO COMBUSTÍVEL

energia.qxd 5/4/07 23:49 Page 16

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Canteiro de obras:o frenético ritmo deconstruções para asOlimpíadas de 2008 éapenas uma parte dosinvestimentos da Chinaem infra-estrutura

Á S I A

A China mostra que tem todos os requisitos para assumir o lugar dos Estados Unidos como líder econômico e cultural do planeta

LÍDER?O NOVO

china 26.09.06 17:03 Page 20

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2 2 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

Pela primeira vez, oBrasildeixade ser devedor parase tornar credor—sinal deforçanahorade enfrentara turbulência global

Em janeiro, o Brasil pas-sou de devedor a credorexterno. Pela primeiravez, o volume de recur-sos em moeda forte

aplicados no mercado internacio-nal (reservas cambiais, créditosdiversos e depósitos em bancoscomerciais) superou o valor da dí-vida externa. A diferença é de US$4 bilhões. Isso quer dizer que oBrasil está menos dependente dofluxo internacional de capitais.Poderia, se quisesse, pagar toda adívida externa agora.Com a desaceleração da econo-

mia norte-americana e os efeitosnegativos que ela deverá provocarno resto do mundo, o fluxo de dó-lares para mercados emergentescomo o Brasil tende a diminuir. OBanco Central tratou de deixar cla-ro que o País vive um novo ciclo.Com reservas cambiais na faixa de

E C O N O M I A

perdia oportunidade de fazer omesmo. Curiosamente, é agora, emseu governo, que o País conseguese livrar do problema.Mesmo políticos conservadores,

como o ex-presidente e hoje sena-dor José Sarney, tinham uma pos-tura populista quanto a essa ques-tão. Em 1987, durante o governoSarney (1985-1990), na gestão doministro Dílson Funaro na Fazenda,o Brasil chegou a decretar a mora-tória no pagamento da dívida ex-terna, o que afastou os investidoresestrangeiros do País.Depois, os pagamentos foram

retomados, mas o Brasil nunca vi-veu uma situação tão confortávelcomo agora nas contas externas.Em 1994,no governo Itamar Franco,fechou um grande acordo interna-cional de renegociação da dívida,com desconto sobre o valor origi-nal. Mas foi só nos últimos cincoanos, com o crescimento exponen-cial das exportações e a geração deum saldo comercial bilionário, queo País conseguiumultiplicar as re-servas cambiais até chegar ao ce-nário atual.A capacidade de o Brasil honrar

seus compromissos deverá ajudarna obtenção do tão almejado graude investimento. Concedido pelasagências internacionais de avalia-ção de risco, ele representa umaespécie de aval da solvência finan-ceira do País para os investidoresestrangeiros. A diretora de riscosoberano da agência de classifica-ção de risco Standard & Poor’s, LisaSchineller, afirmou que o Brasilpoderá receber o grau de investi-mento ainda em 2008. Foi a indi-

quase US$ 190 bilhões, pode en-frentar uma retração na entrada dedólares sem deixar de honrar oscompromissos externos.No passado, a dívida externa era

motivo de seguidas missões doFundo Monetário Internacional(FMI) ao País. As autoridades eco-nômicas viviam se reunindo combanqueiros externos para renego-ciar as condições de pagamento. Adívida era também o tema preferi-do de políticos, empresários, sin-dicalistas e até líderes estudantis.Em qualquer manifestação públicacontra o governo, vociferava-secontra a“espoliação internacional”.O governador do Rio Grande do Sule do Rio de Janeiro Leonel Brizola,morto em 2004, fez sua carreirapolítica explorando o assunto. Opresidente Lula — primeiro comolíder sindical, nos anos 1970, e de-pois como dirigente do PT — não

ADÍVIDAEXTERNANÃOASSUSTAMAIS

ETERNODEVEDOROPRESIDENTE JOSÉ SARNEYCOMOMINISTRODA FAZENDADÍLSON FUNARO. EM 1987, OBRASIL DECRETOUMORATÓRIA

4dividaexterna.indd 22 2/4/2008 19:42:15

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Lideranças de esquerda:os presidentes da Bolívia,Evo Morales (esq.), e daVenezuela, Hugo Chávez,são dois dos líderesesquerdistas que governampaíses da América Latina

P O L Í T I C A

NEOPOPULISMO

LATINODiversos países da América do Sul elegem líderes de esquerda.Especialistas temem a volta do populismo ao continente

esquerda 26.09.06 17:24 Page 28

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A M A Z Ô N I A

3 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

REFORMAAGRÁRIA DESTRUIDORA

O governo escolheu a Floresta Amazônica para assentar mais de 200 mil famílias. Isso aumenta a devastação

Um dos principais proble-

mas na Amazônia é a re-

forma agrária, feita sem

preocupação ambiental.

Esse processo gera a devastação dos

recursos da fl oresta e deixa os colo-

nos na miséria. Os assentamentos

já respondem por 15% do desmata-

mento. Parece um problema menor,

diante do que os grandes pecuaris-

tas derrubam. Mas a cada ano cresce

o número de famílias levadas pelo

Incra (Instituto Nacional de Colo-

nização e Reforma Agrária.

Até o fi m de 2006, os assenta-

mentos ocupavam 36 milhões de

hectares, ou 8% da Amazônia (área

equivalente à da Alemanha). A ten-

dência é que o processo se acelere,

pois o governo federal concentrou

sua estratégia de reforma agrária

na ocupação da Amazônia. Mais da

metade das 400 mil famílias a se-

SUSTENTÁVEL?O ASSENTADO MIGUEL MORENO NOSFORNOS DE CARVÃO ONDE QUEIMAMADEIRA RETIRADA DE SEU LOTE,NO PARÁ. ELE SOBREVIVE UNICAMENTE DO DESMATAMENTO

Produtores se dão conta da importância da sustentabilidade

CAPITALISMOAMBIENTAL

A produção rural é a grande responsável pela destruição das florestas. Mais de 78% do desmata-mento na Amazônia foi feito para abrir pastos, par-cialmente convertidos em plantio de soja, algodão e outros grãos. Em 2006, as multinacionais do comércio de grãos anunciaram que não comprariam mais soja de áreas desmatadas recentemente. a decisão, co-nhecida como Moratória da Soja, dura até 2008, mas acredita-se que poderá ser defini-tiva. Novas normas para o financiamento agrícola são o segundo ponto de pressão. Bancos e enti-dades financeiras exigem garantias ambientais para liberar verba. Multas ambientais e registro de tra-balho escravo nas propriedades também têm difi-cultado empréstimos. Finalmente, os próprios produtores começam a se dar conta da importância de preservar os recursos naturais. No mundo todo, a mentalidade extrativista (preocupada apenas com resultados de curto prazo ) perde espaço para a sustentabilidade, que contem-pla o lucro que per-dura ao longo do tempo.

rem assentadas nos próximos três

anos deverá ganhar um pedaço da

fl oresta. O motivo é que cerca de

33% da Amazônia é de terras que

pertencem à União.

4X MAIS DESTRUIÇÃOA taxa de desmatamento nos as-

sentamentos é quatro vezes superior

à taxa média da Amazônia. Dados do

Incra mostram que apenas 30% dos

assentamentos na Amazônia recebem

investimentos como estradas, escolas

e postos de saúde. Os tipos de crédito

oferecidos na região também indu-

zem ao desmatamento. Cerca de 170

mil famílias tomaram fi nanciamentos

para a safra de 2007 na Amazônia. Já

foi emprestado R$ 1,3 bilhão, dentro

do Programa de Apoio à Agricultura

Familiar. 60% dos contratos foram

para a criação de gado leiteiro, que

estimula a derrubada de fl oresta.

Especialistas dizem que a refor-

ma agrária poderia ser sustentável.

Segundo Daniel Nepstad, do Insti-

tuto de Pesquisa da Amazônia, as

áreas destinadas à reforma agrária

deveriam estar mais perto das ci-

dades. “Os assentamentos teriam

acesso aos mercados consumido-

res, facilitando a agricultura fami-

liar de pequena escala”, diz. Perto

das cidades, os assentamentos po-

deriam abastecê-las com produtos

como mandioca e feijão, plantados

principalmente por pequenos pro-

dutores. Enquanto colonos são as-

sentados no Pará, os moradores de

Belém compram frutas e legumes

de São Paulo e do Nordeste. © 1

3AMAZONIA.indd 303AMAZONIA.indd 30 10/10/2007 19:44:0110/10/2007 19:44:01

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No ano passado, os defensores das pesquisas com células-tronco embrionárias (que são capa-zes de se transformar em diversos tecidos que formam nosso organismo) sofreram dois gol-

pes. O primeiro foi o desenrolar da fraude liderada pelo sul-coreano Woo Suk Hwang, descobertaem dezembro de 2005. A comprovação de que o cientista não conseguiu produzir células-troncoembrionárias humanas a partir de embriões clonados frustrou as esperanças de ativistas como oator americano Michael J. Fox, que sofre de mal de Parkinson. O segundo golpe foi o veto do presi-dente George W. Bush a um projeto do Senado que reduzia as restrições ao uso de dinheiro públicoem pesquisas com embriões. No entanto, as pesquisas continuam e uma nova fonte de células-tronco parece ter sido descoberta por cientistas da Universidade de Oslo.

Os pesquisadores desenvolveram um método para prever quais células, entre milhares extraídasde tecido adiposo por lipoaspiração, possuem maior potencial para regenerar tecidos. Pelo menosem laboratório, essas células são capazes de se diferenciar em ossos, cartilagens tendões, vasossangüíneos e pele. Portanto, apresentam potencial para tratar desde dificuldade de irrigação san-güínea provocada por diabetes e doenças cardíacas até lesões de tendões, entre outros problemas.Ainda não se sabe exatamente como as células-tronco adiposas funcionam. Além dessa, outraspesquisas com esse tipo de célula estão em andamento. Conheça as principais:

BIOLOGIA

CÉLULAS DA ESPERANÇA

CI

ÊN

CI

A

TRATAMENTOPROBLEMA

DOENÇAS CARDIOVASCULARES

DOENÇA DE CHAGAS Extraídas da medula óssea e injetadas no sangue ou nasartérias coronárias, regenerando os tecidos e eliminando ascélulas que causam inflamação

LESÕES NA MEDULAESPINHAL

As células da medula óssea são implantadas na medulaespinhal para melhorar a passagem de impulso elétrico eatividade motora

MAL DE PARKINSON São colocadas em regiões do cérebro para melhorar o déficitmotor e cognitivo com a reposição de neurônios lesados

LEUCEMIA São retiradas da medula óssea durante o tratamento dequimioterapia para preservá-las da radiação e, depois, reinjetadas

DIABETES Pode diminuir a necessidade de injeções de insulina.O Instituto de Química da USP conduz pesquisascom camundongos

As células são retiradas da medula óssea e implantadas naregião da retina deteriorada para formar novos vasos sanguíneos

DEGENERAÇÕES OCULARES

LESÕES EM DENTES, OSSOSE CARTILAGENS

São retiradas do dente e colocadas em um arcabouço de trêsdimensões para que se desenvolvam na forma do órgão outecido. O Laboratório de Terapia Tecidual da Unifesp realizapesquisas com ratos

DERRUBADAÁREA DESMATADA EM FELIZNATAL, NO MATO GROSSO. A EXPANSÃO DA SOJA NAREGIÃO ESTÁ LIGADA AOSÍNDICES DE DESMATAMENTO

Ogoverno federal divulgou, no ano passado, umaqueda de 30% nos índices de desmatamento

na Amazônia. Foi o segundo menor índice desde queo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)começou a medir o desmatamento na região, em1988. Foi uma boa notícia.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a quedafoi resultado de ações de fiscalização dentro doPlano Nacional de Combate ao Desmatamento. Ogoverno merece esse crédito, mas foram outrosfatores, sobretudo a crise na agricultura, que ajuda-ram a frear o desmatamento.

Geralmente associa-se o desmatamento naAmazônia ao corte de madeira. Poucos sabem queas madeireiras apenas garimpam árvores com valorcomercial. A devastação maior é causada pela agro-pecuária, ao converter floresta em pasto ou lavoura.

AMAZÔNIA

FALTOU DINHEIROPARA DESMATAR

AEm fevereiro deste ano, foi inaugurado pelaONU o Ano Heliofísico Internacional (AHI).

Trata-se de um extenso programa de investigaçõescientíficas relacionadas aos comportamentos físicosdo Sol, envolvendo o mundo todo.

AA idéia é desenvolver campanhas de observaçãodo sistema solar para expandir o conhecimentosobre os processos heliofísicos que governam o Sol,a heliosfera e os mecanismos físicos que ligam aatmosfera da Terra e os fenômenos solares.

O ALVO É O SOLASTRONOMIA

© 1 Divulgação; 2 Reprodução; 3 Tiago Queiroz/AE

Retiradas da medula óssea e implantadas no músculocardíaco para que ele crie novos vasos sanguíneos,aumentando a irrigação

© 3

G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7 3 1

ENTERciencia 6/4/07 2:07 Page 31

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3 4 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8

Achancedeumconflitoentre países émuitopequena.Maso combateàsFarc já é umproblemade todoo continente

c r i s e d i p l o m á t i c a

ApostossoldAdovenezuelAnonAFronteirA coMAcolôMbiA.chávezdeslocoutropAsApósoAtAque coloMbiAnoàs FArcnoequAdor

AAméricAdoSulempédeguerra?

4criselatina.indd 34 2/4/2008 19:56:21

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3 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) é a proposta do governoLula para fomentar apujança econômica

L U L A 2 . 0

O DESAFIO AGORA É CRESCER

ENCRUZILHADAO PAPEL DO PRESIDENTELULA NA HISTÓRIA SERÁDEFINIDO POR SEU SUCESSO— OU NÃO — NA QUESTÃODO CRESCIMENTO

lula.qxd 6/4/07 3:01 Page 34

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G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7 3 5

AS

10

MA

IOR

ES

AG

LO

ME

RA

ÇÕ

ES

PO

PU

LA

CIO

NA

IS

Tóquio (Japão) 35.327.000

Cidade do México (México)19.013.000

Nova York (EUA)18.498.000

Bombaim (Índia)18.336.000

São Paulo18.333.000

Nova Délhi (Índia)15.334.000

Calcutá (Índia)14.299.000

Buenos Aires (Argentina)13.349.000

Jacarta (Indonésia)13.194.000

Xangai (China)12.665.000

PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE NO MUNDO*

SAÚDE

A UNIÃO FAZ A FORÇAParece uma grande sopa de letrinhas, mas na verdade estamos falando das novas forças de barganha política e econômica mundiais. Os blocos de integração regional hoje contabilizam nove grandes grupos, número que deve crescer nos próximos anos

ALCAProjeto norte-americano paraintegrar comercialmente todosos países do continente, excetoCuba. Está parado por falta deacordo sobre as condições daintegração

APECNo Fórum Econômico da Ásia ePacífico (APEC) reúnem-se 21países da região com planos dechegar à livre troca demercadorias até 2020

CANA Comunidade Andina é ogrupo de países remanescentes

do Pacto de Cartagena, acordode cooperação assinado em1969 para a proteção dos mercados latino-americanos

CARICOMComunidade Caribenha deCooperação Econômica ePolítica, foi criada em 1973 ereúne as pequenas e frágeiseconomias da América Central

MERCOSUL Mercado Comum do Cone Sul,reúne Argentina, Brasil, Uruguaie Paraguai para acordoscomerciais privilegiados entre osmembros. O acordo teve suasestruturas abaladas com a crise

argentina de 2001, e muitosacreditam que ainda não serecuperou

NAFTAÉ o acordo de livre comércio dosEstados Unidos, Canadá eMéxico, que aprofundou asrelações entre os países e prevê a queda das barreirasalfandegárias em 2009

UNIÃO EUROPÉIAO mais consolidado dos blocoseconômicos tem a participaçãomaciça de 25 países, sendo queem 12 deles já circula umamoeda única

GEOPOLÍTICA

Número Porcentagemestimado de todasde mortes as mortes

(em milhões)

1º DOENÇAS CARDÍACAS 7,2 12,6%

2º DOENÇAS CEREBROVASCULARES 5,5 9,7%

3º DOENÇAS RESPIRATÓRIAS 3,9 6,8%

4º HIV/AIDS 2,8 4,9%

5º PULMONARES CRÔNICAS 2,7 4,8%

6º COMPLICAÇÕES PERINATAIS** 2,5 4,3%

7º DIARRÉIA 1,8 3,2%

8º TUBERCULOSE 1,6 2,7%

9º MALÁRIA 1,3 2,2%

10º CÂNCER DE TRAQUÉIA, BRÔNQUIOS E PULMÕES 1,2 2,2%*Referente às 57 milhões de mortes registradas que ocorreram em 2002 no mundo**Posterior ou anterior ao partoFonte: “World Health Report 2004” (OMS)

MU

ND

O

© 2

© 3

4 Denise Adams; 5 Paula Prandini

© 4

© 5

ENTERmundo 27.09.06 18:16 Page 35

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3 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

O relatório final do IPCC,

divul gado em abril,

reúne os dados mais

confiáveis de milhares

de estudos revisados por 2.300

cientistas de 130 países. Suas pági-

nas apresentam um quadro preo-

cupante em todos os continentes.

As geleiras tropicais dos Andes

podem desaparecer nas próximas

duas décadas, prejudicando o abas-

tecimento de cidades que depen-

dem de água do degelo, como La

Paz, na Bolívia, e reduzindo zonas

de agricultura irrigada, como as

vinícolas do Chile e da Argentina.

Na África, a região do Sahel, já

árida, pode perder de 5% a 8% de

área cultivável. Os países mais

populosos do mundo, China e

Índia, podem ver a produção agrí-

cola cair até 30%, mesmo inves-

tindo em mais irrigação. Uma ele-

vação de 1 metro no nível do mar

desabrigaria milhões de pessoas

em regiões como os deltas dos rios

Ganges, em Bangladesh, e Mekong,

no Vietnã.

O relatório também aponta algu-

mas aparentes vantagens para os

países mais frios. O calor pode ace-

lerar o crescimento das árvores nas

florestas dos Estados Unidos, do

Canadá, da Nova Zelândia, da

Finlândia e da Rússia e pode redu-

zir a mortalidade por doenças liga-

das ao frio, como gripe e tuberculo-

se. A Rússia e o Canadá podem até

ter maior área de florestas, com o

recuo das zonas permanentemente

congeladas, o permafrost. A Nova

Zelândia pode ganhar novas terras

disponíveis para agricultura e pecu-

ária. Essas vantagens compen-

A M B I E N T E

Na América Latina >> Fim das geleirasAs geleiras dos Andes (3) nas zonas tropicais poderão desaparecer em duas décadas, prejudicando o abastecimento de cidades que dependem de água do degelo.Isso comprometeria populações como a de La Paz, na Bolívia

>> Problemas na plantação A redução na vazão dos rios de geleiras poderá prejudicar as áreas de agriculturairrigada (4), como as vinícolas do Chile e da Argentina

AS AMEAÇASPARA O PLANETA

Relatório do IPCC, painel de clima da ONU, indica asgraves conseqüências do aquecimento global em todo o mundo até 2100

>>

Na América do Norte>> Problemas de respiraçãoO aumento da insolação deve piorar a poluição por ozônio nas cidades. O gás é resultado de reações químicas a partir do escapamento dos carros. Em cidades como Atlanta (EUA), o número de mortes por problemas respiratórios pode aumentar 4,5%

>> Racionamento de águaO aquecimento no oeste pode reduzir as chuvas e nevascas na região das Montanhas Rochosas (1). Deverá chover mais no inverno e menos no verão. A redução no suprimento de água e a maior demanda provocariam racionamento em cidades como Los Angeles

>> Menos energiaA redução nas chuvas e o aumento da evaporação podem diminuir a quantidade de água no sistema dos Grandes Lagos (2), entre os EUA e o Canadá. Isso criaria problemas para a navegação e a geração de energia

>> Fragilidade das florestas O calor poderá acelerar o crescimento de algumas árvores. Mas as florestas ficarão mais vulneráveis ao fogo e a pragas de regiões tropicais. A área atingida por incêndios poderá crescer até 118%

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4 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

Assassinato de meninode 6 anos, no Rio deJaneiro, retoma discussão sobre maioridade penal

V I O L Ê N C I A

HÁ SOLUÇÃO PARAA BARBÁRIE?

HORRORACIMA, OS CRIMINOSOSDIEGO DA SILVA (À DIR.) E OMENOR ASSALTANTE, NOMOMENTO DA PRISÃO. ELESCONFESSARAM O ASSASSINATODO MENINO JOÃO HÉLIO ,ARRASTADO ATÉ A MORTEEM UM CARRO ROUBADO(AO LADO)

© 1

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4 2 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8

c u b a

Omais antigoditador domundoescolhe ahora e aformadedeixar opoder.Estamosdiante deumasegunda revolução?

Uma ilhanoCaribe,dotamanho de SantaCatarina e comoPIBmenorqueodaBahia,tornou-se, em feve-

reiro, o epicentro de um furacãomundial. O furacão leva o nome deFidel Castro, de 81 anos, o maiorsobrevivente da história políticamundial.O comunista Fidel resistiua 638 tentativas de assassinato, nascontas do regime cubano, a dez pre-sidentes americanos e a cinco pa-pas. De cada dez cubanos vivos,sete só conheceram um líder.Prolixo, barbudo, de carisma irre-futável, um amante de charutos,mulheres e beisebol, Fidel era o che-fe de governomais antigo domun-do até a 19 de fevereiro, quandodecidiu deixar a Presidência após49 anos para se tornar, como escre-veu em sua carta aberta, “um sim-ples soldado no campo das idéias”.Sua renúncia abriu um riquíssi-

mo debate sobre o abismo entre ossonhos e a realidade da revoluçãoque derrubou o ditador FulgencioBatista em janeiro de 1959. Mas,sobretudo, o ato inesperado deFidel, ao deixar voluntariamente opalco por fraqueza física, deixa noar uma interrogação principal eabre um leque de dúvidas: estarí-amos diante de uma segunda revo-lução cubana?Seu irmão Raúl Castro teria au-

tonomia para abrir a economia deCuba, seguindo o modelo adotadopela China, que mantém a censurae o controle político inalterados?Será que a liberdade de expressãoem Cuba deixará em algum mo-mento de ser vista como golpista,

A ilhAsemfidel

ícOnEFidel Castro deixou o poder depois dequase 50 anos. Cuba perde seu maiorvalor: o de símbolo da esquerda

4cuba.indd 42 2/4/2008 20:07:17

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4 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

Escassez de reservas e a pressão de ambientalistas fazem com que o mundo busque fontes alternativas

A era do petróleo está che-

gando ao fim. De pender

desse com bustível como

fonte de energia está se

tornado inviável. Além do impacto

ambiental que sua queima provoca,

seus principais fornecedores são

países politicamente conturbados,

como o Irã, o Iraque e a Venezuela.

Como se não bastasse, o esgota-

mento das jazidas deve acontecer

em poucas décadas — segundo a

Agência Internacional de Energia

(AIE), as reservas do combustível

E N E R G I A

BEM ESCASSOPLATAFORMA DE EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO. RESERVAS DO COMBUSTÍVEL DEVEM ACABAR EM 40 ANOS

O FIM DOPETRÓLEO

devem secar em cerca de 40 anos.

O petróleo é um óleo de natureza

fóssil animal e vegetal, resultante da

decomposição orgânica. Ele corres-

ponde a 38,4% do consumo de

energia no Brasil e a 34,3% no

mundo todo. Composto quase

exclusivamente de hidrocarbonetos,

dele derivam-se a gasolina, o óleo

diesel e vários outros produtos,

como o plástico. A queima do petró-

leo libera dióxido de carbono (CO2)

na atmosfera. De acordo com o

Painel Intergovernamental sobre

Mudanças Climáticas (IPCC, na

sigla em inglês), relatório feito por

cientistas do mundo todo e publica-

do no início de 2007, o CO2 é o

principal gás responsável pelo aque-

cimento global. Outras fontes de

energia de origem fóssil são o car-

vão mineral e o gás natural. O carvão

é responsável por 25% da energia

consumida no planeta e 6,4% no

Brasil. As reservas desse material

são abundantes e de fácil extração,

por isso o custo é baixo. Mas, assim

como o petróleo, a queima também

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4 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

C O M B U S T Í V E L

A euforia em torno do combustível renovável se justifica econômica e ambientalmente?

Parece que o mundo passou aver o etanol como a soluçãopara todos os males dasmudanças climáticas. Afinal,ele é renovável e contribui

menos para o efeito estufa. Segundo aPetrobras, a gasolina e o álcool liberam,em média, 1,8 kg de CO2 para rodar 10km em um carro flex 1.0. A diferença éque a emissão pelo etanol e pela queimada cana é reabsorvida pelas plantações.

O Brasil produz 15,5 bilhões de li-tros/ano de etanol. O governo pretendedobrar esse número até 2013. Os carrosflex, que rodam com ambos os combus-tíveis, representam cerca de 73% dosautomóveis novos. Hoje o País exporta 3bilhões de litros/ano.

Se os EUA reduzirem o uso do petró-leo em 20% nos próximos 10 anos, pre-cisarão de 130 bilhões de litros de bio-combustível. O excedente brasileiroparece ínfimo perto desse número, mas,ainda que produzam a maior parte des-ses 130 bi, os EUA continuarão depen-dendo de importações. E o etanol brasi-leiro é o mais barato e eficiente.

Tão importante quando vender o pro-duto é investir em pesquisa e exportarconhecimento. Ainda que mercadoscomo o europeu prefiram fomentaroutras fontes renováveis, como o hidro-gênio, o Brasil tem muito espaço paralevar sua expertise para nações emdesenvolvimento. Jamaica e Nigéria jápossuem usinas “Made in Brazil”.

Muitos cientistas temem o avanço dacana sobre a vegetação nativa ou cultivosalimentícios. Os defensores discordam.Há 200 milhões de hectares de pastagemno Brasil. Se 10% disso fosse usado paraplantar cana, já seria sete vezes mais doque a área atual. Além disso, se a tecno-logia da hidrólise se consolidar, será pos-

A FEBREDO ETANOL

PRÓS

A FONTE É RENOVÁVEL

A CANA REABSORVE CO2,PRINCIPALMENTE DURANTE SEU CRESCIMENTO

O ÁLCOOL PODE EMITIR ATÉ 25%MENOS POLUENTES QUEA GASOLINA

O USO DO ÁLCOOL REDUZ OCONSUMO DE PETRÓLEO, POUPANDO EMISSÕES DE CO2

CONTRAS

A LAVOURA DA CANA-DE-AÇÚCARGERA MÁS CONDIÇÕES DE TRABALHO

AS QUEIMADAS LIBERAM FULIGEM EAFETAM A SAÚDE DA POPULAÇÃO LOCAL

O ÁLCOOL EMITE POLUENTES COMOALDEÍDOS E MONÓXIDO DE CARBONO

O CULTIVO DA CANA CONTAMINA LENÇÓIS FREÁTICOS COM AGROTÓXICOS

ANTES DE PÔR ÁLCOOL NO TANQUE, SAIBA:

etanol.qxd 6/4/07 0:48 Page 48

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4 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

Por que o Brasil avança lentamente em um tema tão dramático e fundamental quanto o combate ao crime e à violência?

ARTIGO> FERNANDO RODRIGUES*

Presos do PCC com refém em Junqueirópolis:eles controlam 90% dospresídios do estado deSão Paulo

V I O L Ê N C I A

O termo violência abrange um grandenúmero de situações de diversas

naturezas. Especificamente, violência urbana serefere a um conjunto de práticas ilegais queacontecem nas cidades e que se manifestam naforma de assaltos, seqüestros, homicídios etc.

De modo geral, as pessoas não partem paraa criminalidade quando estão com suasnecessidades sociais básicas atendidas, como oacesso aos serviços de educação, habitação,saúde e ao emprego, por exemplo. Ocrescimento acentuado da população urbana,em decorrência, sobretudo, do êxodo rural,

precariza esses serviços e, por vezes, excluigrande parte da população do uso deles. Essasituação, aliada à falta de perspectiva e àdesesperança das pessoas, criam um ambientepropício para o aumento da violência. Há que seconsiderar ainda o poder de sedução, por contade sua alta lucratividade, que atividades como otráfico de drogas exerce sobre a população mais vulnerável.

No entanto, seria um equívoco relacionar deforma direta o número excessivo de habitantese a pobreza com o aumento da violênciaurbana. Tóquio, por exemplo, é mais populosa

que Florianópolis e menos violenta que acapital catarinense. Da mesma forma que oestado do Rio de Janeiro, um dos mais ricos dafederação, é também o mais violento. Aopasso que o Maranhão, estado mais pobre doBrasil, é também o menos violento.

O fator decisivo para o aumento daviolência urbana é a desigualdade social e a concentração da riqueza, característicasmarcantes, principalmente, das cidades dos países subdesenvolvidos e também dos emergentes.

*PROFESSOR DO CURSINHO DA POLI

A ORIGEM DA VIOLÊNCIADesigualdade social e concentração de riquezas estão nas raízes do problema

CAOS NA SEGURANÇA

© Paulo Ribas/Correio do Estado/AE

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E N E R G I A

Um choque planetáriopor causa de colap-sos no fornecimento

de energia é uma preocupaçãoconstante. O Brasil já viveu essa

situação, com o apagão de 2001.Como se livrar desse risco? Falta ga-

rantir, além de todos os projetos de geraçãoprevistos para os próximos três anos, maisR$ 74 bilhões em investimentos para o pe-ríodo 2009-2015. Antes de 2009, a popu-lação não deve sentir o problema.

No mundo todo, decisões relativas àenergia movimentam bilhões, mexem cominteresses políticos e ambientais e têmimpactos duradouros. Para encontrar solu-ções para a questão energética no Brasil, épreciso examinar cada um dos termos deuma equação que reúne eletricidade, pe-tróleo, gás e fontes alternativas. Em segui-da, analisar o que estão fazendo China eÍndia, países com características seme-lhantes às nossas.

UM BEM CADA VEZ

+ RAROO mundo vive hoje uma preocupação constante com a possibilidade de colapsos de energia. Quais as saídas para o Brasil?

energia 28.09.06 16:27 Page 52

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5 4 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8

Acrise hipotecáriatomao lugar do Iraquecomo temacentral dacampanhaeafeta aestratégia dos candidatos

a economia é a princi­pal preocupação dopovo americano nes­te ano eleitoral. Coma crise das hipotecas

imobiliárias, o barril de petróleochegando a US$ 100, o preço dosalimentos registrando a maior altadesde 1990 (4,9%) e o desempregosubindo (4,7%), o desequilíbrioeconômico assusta. Nas pesquisasde opinião, a economia é o tópicoapontado como o de maior inte­resse, batendo a situação no Iraquee a ameaça do terrorismo.As propostas de democratas e

republicanos vêm principalmenteda mesma vertente: os incentivosfiscais. Para os republicanos, o cor­te geral de impostos parece umconsenso. Segundo a tese do“efei­to cascata”, o corte de impostospara as camadas mais ricas ativa aeconomia, resultando emmais in­vestimentos e aumento de consu­mo.Mas GeorgeW. Bush já repetiuessa fórmula durante seus dois

e s t a d o s u n i d o s

INCENTIVOS CONTRAACRISE: HIllARy (à ESq.) pROmETEuuS$ 70bIlHõES. ObAmA (CENTRO) “CObRIu”AOfERTA. A CRISE é RuImpARAmCCAIN (àdIR.)

Economiaempauta

mandatos. John McCain, o lídernas pesquisas nacionais entre osrepublicanos, foi o único que nãoassinou um documento elaboradopor um poderoso grupo de pressãoantiimpostos, prometendo não au­mentar tributos. No entanto, nãopode dizer abertamente que é con­tra o corte de impostos, pois per­deria o apoio de um tradicionalsegmento republicano, o dos con­servadores fiscais. O que propõe,como todos os seus concorrentes,são incentivos fiscais para as clas­ses média e baixa, mesmo que issoimplique o envio de dinheiro paraaqueles que nesta crise hipotecáriaestão indo à falência.No campo democrata, Hillary

Clinton lançou uma ambiciosa pro­messa de incentivos da ordem deUS$ 70 bilhões, caso seja eleitapresidente.No dia seguinte,Obamafixou seu número em US$ 75 bi­lhões, e John Edwards “cobriu aoferta”. Essa dinheirama toda seriadistribuída sob várias formas: au­

mento do auxílio­desemprego,ajuda aos estados e cidades em piorsituação financeira, investimentosem melhoria de infra­estrutura epesquisas na área de energia alter­nativa.Hillary Clinton propõe até a mo­

ratória para os inadimplentes dashipotecas imobiliárias. BarackOba­ma oferece incentivos semelhantes,mas seumaior ponto­de­venda é aretirada, “o mais rápido possível”,das tropas que estão no Iraque e quecustam diariamente US$ 275 mi­lhões aos americanos.

vÁ fundo >>>para ler• “A Audácia da Esperança”, barack

Obama. larousse do brasil

para navegar• http://www.whitehouse.gov• http://www.uselections.com• http://www.fpc.state.gov/c9809.htm• http://eleicoeseua2008.blogspot.com

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5 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

O crescimento da economia global está no conjunto dos emergentesou a dupla China e Índiavai roubar a cena?

E C O N O M I A

A “CHÍNDIA” VAICOMANDAR?

CONTRASTEA PUJANÇA ECONÔMICAALCANÇADA POR XANGAICONVIVE COM A REPRESSÃOPOLÍTICA E O CERCEAMENTODA LIBERDADE INDIVIDUAL

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5 8 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8

Alémde sediar asOlimpíadas, país vive umturbilhão criativo, lançaprodutos inovadores erevela jovens talentos

Os chineses construí-ram uma das econo-mias mais prósperasdo mundo, em parteancorada na fabrica-

ção de bugigangas e falsificações.Hoje, uma nova geração de chinesesestá ganhando projeção internacio-nal, comum inusitado sensode ino-vação. Parte disso se deve à educa-ção: o país está formando novostalentos para injetar idéias inovado-ras na arena empresarial.Emparte, a recuperação da criati-

vidade chinesa tem raízes numalenta reformulação da estratégia decrescimento adotada pelo estado.Ogoverno entende que não há futuropara a China se ela permanecer co-moumamera linha de produção dasmais famosas marcas do mundo. Oinvestimento empesquisa e desen-volvimento de novas tecnologias foi

c h i n a

COMPRE CHINÊSCONSuMIdORES EMlOjAdAStARbuCkSNACIdAdE

PROIbIdA, EMPEquIM.COMOPREStígIO RECENtE

dO “MAdE IN CHINA”,ASMARCASglObAIS tÊM

ENfRENtAdORESIStÊNCIA

umAnovArevolução

multiplicado por cinco entre 1995 e2004 e chegou aUS$ 136 bilhões em2006, segundo a Organização paraa Cooperação do DesenvolvimentoEconômico. É quase a metade dosinvestimentos realizados pelosEstadosUnidos, os líderesmundiaisna geração de conhecimento.Segundo analistas internacionais,

o grandemotor da nova revolução éo renascimento do orgulho chinês.Não por acaso, o país está resgatan-do as tradições dos antepassados,banidasduranteaRevoluçãoCulturalpromovida por Mao Tsé-tung(1893-1976), entre as décadas de1960 e 1970. É comum ver jovensdesfilarem pelas ruas das grandescidades com a bandeira da Chinaestampada em camisetas. Tambémganhamespaço os grupos dedicadosà promoção da dinastia Han, a res-ponsável pela formação da nação

chinesa há quase 2 mil anos. Hoje,os chineses preferem comprar câ-meras e computadores da Aigo, in-dústria de eletroeletrônicos criadaem 1993, em Pequim, a similaresfabricados por multinacionais es-trangeiras.

O surto nacional de auto-estimaatinge tal dimensão que as marcasestrangeiras que chegam ao país es-tão em baixa. A rede americana decafeterias Starbucks diz que tomoutodos os cuidados necessários paraque a loja da Cidade Proibida, emPequim, inaugurada em 2000, nãoagredisse o visual do principal car-tão-postal do país – mas não estásendo poupada dos arroubos nacio-nalistas. Recentemente, uma ondade protestos contra a presença damarca americana em um local comtal importância histórica tomouconta da internet no país e ganhourepercussão em emissoras de TV.

No futuro, a ânsia por mudançaspoderá atingir também a área polí-tica.Afinal, indivíduos criativos nãocostumam conviver de forma pací-fica com governos totalitários e fe-chados, como o da China. Aindamais num ambiente de estímulo àlivre iniciativa na economia.

vÁ fundo >>>para ler• “China - uma Nova História”, Merle

Goldman, John King Fairbank. l&pM• “Mao – A História desconhecida”, Jung

chang, Jon Halliday. cia. das letras

para navegar•www.olympic.org/uk/index_uk.asp•www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ch.html

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6 0 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8

ComooQuênia,consideradoumoásis detranquilidade africano,chegouàbeira deumaguerra civil

Não é nosso costumematar mulheres ecrianças.Maselasnãoquiseram sair. Então,botamos fogo nelas”,

disse o homem. No primeiro dia de2008, ele havia ajudado a incendiarvivos 50 de seus vizinhos dentro deum templo da Assembléia de Deusem Eldoret, a 300 km da capitalNairóbi, no Quênia. A explicação:eram quicuios assim como o presi­denteMwaiKibaki, acusadode frau­dar as eleições que lhe deram umsegundomandato,emdezembro.Parao incendiário de gente, até então umhomem comum, que por anos haviavivido lado a lado com pessoas deoutras tribos, a explicação pareciasuficiente.Para amaioria dos brasileiros, até

então o Quênia era o país dos sa­

á f r i c a

OguerreirOdesconhecido

fáris de luxo e dos corredores qua­se imbatíveis.

No imaginário ocidental, o paísencarna vários clichês e interesses.Para o público médio, a África mí­tica das savanas, dos leões e dosguerreiros masais. Para os EstadosUnidos, um aliado geograficamen­te estratégico na guerra contra ofundamentalismo islâmico, logo aliem sua fronteira. Na geopolítica domundo, “uma das democraciasmais estáveis da África” e “umaeconomia próspera”.As nações africanas foram inven­

tadas pelos colonizadores. Haviaperto de 10mil sociedades seguindosuas próprias regras quando os eu­ropeus riscaram o mapa político daÁfrica. No Quênia há 40 etnias.Apesarde seremosmaisnumerosos,os quicuios representam apenas

22%dapopulação.Desde a indepen­dência do Reino Unido, em 1963,ocuparam o poder pela maior partedo tempo, comandaramosnegócios,detiveram os privilégios.

DesigualDaDeQuase metade dos quenianos vivecom US$ 1 por dia— e 40% estãodesempregados. Mas, diferente­mente de outros vizinhos africa­nos, onde quase todo mundo épobre, os quenianos vêem a rique­za bem ao lado, dia após dia. Nadaque o Brasil não conheça, aliás. Adiferença é que lá a maioria dosricos tem a cara redonda dos qui­cuios, o que torna a coisa um pou­co mais pessoal. E foram os diri­gentes quicuios que colocaram o“tigre africano” nas listas dos pa­íses mais corruptos do mundo.Não que o candidato da oposição,

Raila Odinga, da etnia luo, sejamuito diferente do presidente qui­cuio. Eles, inclusive, foram aliadosaté poucos anos atrás.Mas Odingafala a língua do povo — o que jálevou alguns analistas a dizer queele “cheira a Hugo Chávez”. E nes­sas eleições encarnava uma espe­rança de mudança.Quando Kibaki se declarou ven­

cedor de uma eleição pródiga emdenúncias de urnas desaparecidasou queimadas e casos em que o nú­mero de votos era o dobro do totalde eleitores, os quenianos esquece­ram que são o rosto sorridente doscartões­postais.Lançaram seu ódio contra os qui­

cuios mais perto de sua casa — eobviamente só encontraramosmaispobres entre eles.

revoltaMoraDoresDa favelaDeKibera, eMNairóbi,protestaMCoNtraoresultaDoDaeleição

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6 2 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

A tênue fronteira quesepara a democracia de uma ditadura naVenezuela do populistaHugo Chávez

A M É R I C A L A T I N A

DITADORPÓS-MODERNO

POP STARCHÁVEZ SAÚDA A POPULAÇÃO EM CARRO A CÉU ABERTO,NO DIA DE SUA POSSE, EM JANEIRODESTE ANO

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Alarme falsoDesmatamento

diminui, mas ainda éum dos maiores

registrados pelo Inpe

A M B I E N T E

© Daniel Beltra/Greenpeace

RESGATAN O AAMAZÔNIA

Desmatamento 31% menor é boa notícia, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para a exploração sustentável da floresta

D

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6 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

Recentes protestos demonges tibetanos remetem a conflito que já temmais demeio século

As manifestações de monges budistas que tomaram as ruas doTibete emmarço remetem a uma questão já bastante antiga. Os

tibetanos, que foram independentes de 1912 até a invasão chinesade 1949, lutam por autonomia. O domínio chinês sobre o territóriotibetano já levamais demeio século. Em 1950, exércitos enviados porMao Tsé-tung anexaram o Tibete, que até então era uma região in-dependente. Nove anos depois, umamanifestação popular contra osdominadores culminou no exílio do líder espiritual, Dalai-lama, queconseguiu abrigo na Índia.

Nodia 10demarço de2008,monges tibetanos organizaramoutramanifestação para marcar o 49º aniversário do levante de Lhasa. Ogoverno chinês repreendeuduramente, prendendoalgunsmon-ges, oque funcionou comoestopimda crise: diversasmanifes-tações tomaram forma dentro e fora do Tibete.

Aprincipal reivindicaçãoéa independência,muito embo-ra Dalai-lama tenha abdicado desse objetivo para dialo-gar com a China. O governo chinês tem repreendido comenergia, afirmandoquea região fazpartedo seu territóriodesdemeados do século 13.

É impossível se precisar os danos, uma vez que todos os turistas ejornalistas estrangeiros tiveram que deixar a região no início dos con-frontos.Aprincipal informaçãodestoanteéonúmerodemortos.Fontesoficiais insistem em dizer que o total ainda não passou de dois dígitos,enquanto os tibetanos somamcentenas de baixas.

Outras açõesdogoverno chinêspara reprimir osmanifestantes têmcausado bastante repercussão no cenário mundial. Uma delas foi obloqueiode sites comooYouTube, impedindoqueos chinesespossamver na internet os protestos por todo o mundo e matérias veiculadaspela imprensa internacional.

Apoucosmesesdo iníciodasOlimpíadas, asmani-festaçõespreocupamogovernochinêseacomu-nidade internacional. Emsinal de repreensão,alguns países ameaçaram boicotar os Jogos,

repetindooacontecidoem1980,quando61pa-ísesdeixaramde iràediçãodeMoscou,apedidodos Estados Unidos. Dessa vez, Bush descartaoboicote,enquantoBélgicaeFrançasomam-seaos países que cogitamapossibilidade.

58ANOSNOTIBETEE+ MUNDO

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REVOLTAMONGESTIBETANOSPROTESTAMCONTRAACHINAEMDHARMSALA, NA ÍNDIA

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Á S I A

6 6 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

O OCIDENTESACODE A CHINA

O capitalismo está criando uma nova sociedade, próspera e desigual, sobre asruínas do maoísmo

Qual é o limite de um

país que cresce cerca de

9,6% ao ano há 30 anos

e que já foi a mais avan-

çada civilização entre os séculos 12

e 15? O único ponto sobre o qual não

existem dúvidas é que a velocidade

com que as coisas ocorrem na China

é capaz de confundir o analista mais

erudito. A seguir, um esforço de

captar o movimento de mudança.

DIREITOA demanda atual é por um sis-

tema legal confi ável, que regule

de forma justa as relações em um

país socialista que, apesar de ter

um componente rural majoritário,

possui 480 milhões de usuários de

telefones celulares, e dois terços da

economia estão nas mãos da inicia-

tiva privada.

A modernização econômica está

pressionando o surgimento de um

sistema legal mais forte. Há au-

mento das garantias dos cidadãos,

mas o direito civil chinês tem uma

história de apenas 30 anos. Até a

década de 1970, estudava-se le-

gislação com textos soviéticos da

década de 1950, que falavam de

luta de classes. O que importava

era o “direito público”. Não havia

leis sobre direitos individuais. Até

PRODUÇÃO DE CHÁ EM ANXIA INDUSTRIALIZAÇÃO CHINESA SE ALIMENTA DE MÃO-DE-OBRA BARATA

© 1

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6 8 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8

a m b i e n t e

ACOPmostroupontoscruciais na luta contra oaquecimentodoplaneta.Eles vãoguiar asdiscussões até2009

Oencontro para de­bater e negociar asbases de um acordointernacional paracombater o aqueci­

mento global, na Conferência deMudanças Climáticas da ONU(COP), reuniu, no final do ano pas­sado, em Bali, cerca de 11 mil pes­soas, com representantes de 189países, entre diplomatas, técnicos,empresários,observadoresdeONGse jornalistas. Nos três últimos diasda COP, os ministros do meio am­

PrOntAPArAAbrIgASul-COrEAnAPrOtEStAnA frEntEdA EntrAdA

dACOnfErênCIA.OdErrEtImEntOdOÁrtICO

éumdOS EfEItOSdOAquECImEntOglObAl

AAgendAestápronta

biente de 144 países chegaram paraassinar o documento final.No último dia de reuniões, a de­

legação americana fincou pé emnãoestabelecer metas de redução deemissões de gases que provocam oefeito estufa.O documento final foiadiado. Em vez de metas, o preâm­bulo do chamado Diálogo para aImplementação da Convenção falaapenas no reconhecimento de que“cortes profundosnas emissões glo­bais serão necessários”.Apenas umanota de rodapé no texto final reme­

te ao Painel Internacional SobreMudanças Climáticas (IPCC).As discussões em torno do docu­

mento final da COP encobrem seuverdadeiro significado.ACOPnão éum ponto de chegada. Ela marca oinício das negociações que levarão aum novo acordo internacional, pro­vavelmente em2009, emCopenha­gue, na Dinamarca, para limitar asemissões depoluentes responsáveispelo aquecimento global. Ao finaldesseprocesso,haveráumdocumen­to para substituir o Protocolo de

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7 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7 © 1 LEE JIN-MAN/AP; 2 DIVULGAÇÃO; 3 REPRODUÇÃO

P E S Q U I S A

J á se disse que este é o século das células-tronco, e o mundo acadêmico comemora

os avanços nas pesquisas sobre o assunto,colocando mais esperanças de cura paraaqueles que são cometidos por doenças ouenfermidades. Mas, ao mesmo tempo,novas situações surgem quando se colocaem questão a ciência, a religião, o governo.

O ponto de partida: quando considerar oinício da vida humana? Na fusão dos núcleosdo espermatozóide com o óvulo, na fase deembrião, na fase do feto ou quando recém-nascido? Para qualquer que seja a resposta,segue-se outra pergunta: justifica-se fazeruso deles para investigação científica com

CÉLULAS-TRONCO: BARREIRAS A SUPERARSegurança do paciente, domínio tecnológico e vontade política devem ser discutidos

Os debates em torno das células-troncoembrionárias parecem não ter fim. Apolêmica gira em torno dos meios de

obtenção das células que podem se transfor-mar em qualquer um dos 216 tecidos queformam nosso corpo.

Elas podem ser derivadas de embriõeshumanos ou pela transferência nuclear, naqual um óvulo desprovido de núcleo épreenchido com material retirado de umacélula adulta do possível paciente em questão.

Os cientistas querem trabalhar com ascélulas-tronco embrionárias por elas seremtotipotentes, capazes de produzir os 216 teci-dos do corpo. Células adultas podem pro-duzir apenas um tipo. O problema é que issosignifica que a vida humana será manipulada,se considerarmos que ela começa com afecundação do óvulo. É este o principal pontode discórdia entre cientistas e especialistas.

A discussão gira em torno da ética de uti-

lizar embriões que ao fim das pesquisasserão destruídos, mesmo que possam repre-sentar uma esperança de cura para inúmerasdoenças. E, quanto aos cientistas que nãoconcordam com a fecundação como marcodo início do ser humano, por que não podemir em frente com esses estudos?

A grande polêmica é: quando começa avida? Segundo cientistas, ela se inicia a par-tir do momento em que há atividade cerebral.Países como Reino Unido, Suécia, Espanha,Japão, Coréia do Sul, Israel, Austrália,Estados Unidos e Canadá, que permitempesquisas com células embrionárias, esta-beleceram limite para embriões de 14 dias,pois até essa etapa não há resquício do sis-tema nervoso.

Líderes judeus, budistas e muçulmanossão a favor das pesquisas, e os evangélicos sedividem quanto à questão. Já o catolicismoconsidera a existência de vida a partir domomento da fecundação do óvulo.

CÉLULAS DA ESPERANÇAEstudos com células retiradas de embriões e que podem se transformar em qualquer um dos tecidos humanos geram polêmica

© 2

ARTIGO> EDSON FUTEMA*

*PROFESSOR DO CURSINHO DA POLI

vistas a salvar milhares de pessoas —conforme preconizam os pesquisadores?

O assunto também exige outrasabordagens, além do dilema ético e moral.Primeiro, ainda, não está totalmenteesclarecido para os cientistas osmecanismos de ação da terapia celular emseres humanos usando-se as células-troncoembrionárias ou adultas sem comprometer asegurança do paciente. Segundo, énecessário conquistar o domínio técnico etecnológico sobre a obtenção, a manutençãoe a manipulação das células-tronco. E, porfim, mas não menos importante, é a vontade política dos governos em promover

o debate com a participação popular,viabilizando materiais e campanhas deinformação, em especial nas escolas, paraque tenhamos gerações de cidadãos maisbem preparados e conscientes, capazes de determinar a existência — ou não — desses limites e em quais parâmetros,assentadas numa legislação específica, aspesquisas podem caminhar. Devemoslembrar que no Brasil os recursosinvestidos em ciência e tecnologia sãooriundos dos tributos arrecadados junto àsociedade.

celulas tronco 28.09.06 16:30 Page 70

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E S T A D O S U N I D O S

7 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

BUSH CONSEGUIUVIRAR O JOGO?

Democratas queriam forçar o presidente a deixar o Iraque. Mas os EUA começam a obter vitórias no front

Aestratégia dos demo-

cratas estava defi nida.

Quando o Congresso

americano voltasse do

recesso de verão, teria início uma

ofensiva contra a política do pre-

sidente George W. Bush para o

Iraque. O objetivo: explorar o fra-

casso da intervenção americana

para ganhar terreno até a eleição

presidencial de 2008. A principal

arma seria a pressão pela retirada

dos soldados americanos do Iraque.

Uma pesquisa da rede de TV britâ-

nica BBC mostrou que, em 22 paí-

ses, apenas 23% da população acha

que os americanos deveriam fi car

no Iraque até que a segurança do

país esteja garantida. Mesmo nos

EUA, essa taxa é de apenas 32%.

A idéia dos democratas era im-

por uma derrota ao presidente, que

continua apostando em vitória no

Iraque. A movimentação começaria

com a apresentação ao Congresso

do relatório dos principais res-

ponsáveis americanos pelo Iraque.

Diante do que seria, como se es-

perava, um fracasso do reforço das

tropas iniciado em janeiro, seria fá-

cil mostrar que os republicanos não

sabem como pôr fi m ao caos criado

com a invasão em 2003.

Mas as coisas não parecem estar

tão ruins no Iraque. E, em grande

parte, devido ao reforço nas tropas.

A principal novidade é a mudança

de estratégia, que dá prioridade à

segurança da população. Os solda-

dos abandonaram as grandes bases

militares e estão agora nas cidades

e no campo, onde moram os civis

iraquianos, as maiores vítimas da

violência sectária. “Isso ajudou

a tornar possível o renascimen-

to tribal sunita”, afi rma Anthony

Cordesman, do Centro de Estudos

Estratégicos e Internacionais, que

também foi para o Iraque. Esse é o

mais inesperado efeito do reforço

de tropas. Líderes tribais sunitas se

viraram contra a Al Qaeda. Os bru-

tais métodos dos radicais islâmicos

para impor sua visão do Islã, os ca-

samentos forçados, os seqüestros

e o assassinato de líderes locais

levaram um número substancial

BEM NA FOTOBUSH POSA COM SOLDADOS EM ANBAR. AMERICANOS E SUNITAS AGORA LUTAM JUNTOS NO IRAQUE

© 1

3BUSH.indd 743BUSH.indd 74 10/10/2007 20:55:0210/10/2007 20:55:02

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7 4 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8

Governoanuncia sistemapara cortar créditode fazendeiros quedesmatam ilegalmente.Seráque vai dar certo?

Umemcada três bifesconsumidos noBrasil vem da Ama­zônia.Ocrescimentodapecuária na região

trouxe benefícios econômicos e so­ciais para o País. Isso possibilitouaos cidadãos das classes menosfavorecidas comer carne diaria­mente. Também houve um recordenas exportações agropecuárias em2007. O anúncio do aumento nosíndices de desmatamento foi umbalde de água fria sobre os produto­res rurais. O rebanho de 70milhõesde cabeças de gado, que ocupa 78%das áreas abertasna floresta, foi acu­sadode ser o responsável pelo retor­no das derrubadas.Agora, quem decide o futuro da

Amazônia não é o Ministério doMeio Ambiente, nem ambientalis­tas, nem fazendeiros, mas oConselho Monetário Nacional(CMN).Uma resolução doCMNvaimodificar o financiamento para apecuária na Amazônia. A medidavisa desestimular a abertura de no­vas áreas de floresta e paralisar odesmatamento. Isso pode mudaruma política de 40 anos de conces­são de créditos para a região Norte.As novas regras estão sendo cons­truídas por uma comissão integra­da de cincoministérios. Elas devemser impostas por bancos privados epúblicos antes de concederem di­nheiro aos produtores rurais. Umsistema nacional com informaçõessobre a situação ambiental e fun­diária da propriedade privada tam­bém vai ser desenvolvido.Outro ponto da medida é exigir

dos frigoríficos que só comprem

a m a z ô n i a

DeVaStaÇÃoGaDoé conDuziDoemáreaDeproteÇÃoambientalDe SÃoFélix DoxinGu, nopará. omunicípio éumDoS campeõeSDeDeSmatamento

AnovAlistAdosdesmatadores

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7 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

Com democratas nocomando da Câmara edo Senado, os EUA sepreparam para aseleições presidenciais

E L E I Ç Õ E S E U A

A NOVA CARAPOLÍTICA DOS EUA

Al Gore, DEMOCRATA, EX-VICE-PRESIDENTE

IDADE: 58 ANOS

QUEM É: VICE-PRESIDENTE DE BILL CLINTON E CAN-

DIDATO DERROTADO EM 2000. DESMENTIU QUE

TIVESSE AMBIÇÕES PRESIDENCIAIS DEPOIS DO ÊXITO

DE SEU FILME SOBRE O AQUECIMENTO GLOBAL:

“UMA VERDADE INCONVENIENTE”, MAS NÃO

DESCARTA A IDÉIA DE SE CANDIDATAR. UMA

PESQUISA DA REVISTA “TIME” MOSTRA QUE GORE É,

DE LONGE, O “CANDIDATO” QUE MAIS CRESCEU NA

PREFERÊNCIA DOS ELEITORES.

Barack Obama, DEMOCRATA,

SENADOR POR ILLINOIS (NORTE DOS EUA)

IDADE: 45 ANOS, CASADO, TEM DUAS FILHAS

QUEM É: É CONSIDERADO CARISMÁTICO E MIDIÁTICO

PELOS SEUS PARES E É O PRIMEIRO CANDIDATO

NEGRO COM CHANCES DE DISPUTAR A PRESIDÊNCIA.

OPOSITOR FERRENHO DA POLÍTICA DE BUSH, É CON-

TRA A GUERRA DO IRAQUE E AFIRMA TER PLANOS

PARA ACABAR COM O CONFLITO. COMO SENADOR,

TRABALHOU EM PROL DA EDUCAÇÃO E PARA DESO-

NERAR A POPULAÇÃO DE ALTOS IMPOSTOS.

John Mccain, REPUBLICANO,

SENADOR PELO ARIZONA (SUDOESTE DOS EUA)

IDADE: 70 ANOS, CASADO, TEM SETE FILHOS

QUEM É: FOI CONSIDERADO HERÓI NA GUERRA DO

VIETNÃ. NO SENADO DESDE 1987, TEM ATUAÇÃO NOS

COMITÊS DE CIÊNCIA, COMÉRCIO E TRANSPORTES. É A

FAVOR DA GUERRA DO IRAQUE E DO ENVIO DE

TROPAS AO PAÍS, MAS COM SEU ESTILO DIRETO

CHEGOU A CRITICAR BUSH PELA FORMA COMO ELE

ESTARIA CONDUZINDO O CONFLITO. PERDEU PARA

BUSH A INDICAÇÃO DO PARTIDO REPUBLICANO PARA

DISPUTAR A PRESIDÊNCIA EM 2000.

Rudy Giuliani, REPUBLICANO E

EX-PREFEITO DE NOVA YORK

IDADE: 63 ANOS

QUEM É: ESTÁ MUITO BEM POSICIONADO NAS

PESQUISAS DE INTENÇÃO DE VOTO. FOI PREFEITO DE

NOVA YORK DUAS VEZES CONSECUTIVAS E ADOTOU

A POLÍTICA “TOLERÊNCIA ZERO”. POR CAUSA DISSO,

A CRIMINALIDADE CAIU 56% E O ÍNDICE DE ASSASSI-

NATO CAIU 66% NA CIDADE, DUAS DE SUAS PRINCI-

PAIS METAS. NOVA YORK PASSOU A SER CONSIDERA-

DA PELO FBI CIDADE MODELO E ATRAIU OS TURISTAS.

Hillary Clinton, DEMOCRATA,

SENADORA POR NOVA YORK E EX-PRIMEIRA DAMA

IDADE: 59 ANOS, CASADA, TEM UMA FILHA

QUEM É: SERÁ A PRIMEIRA MULHER A CONCORRER À

PRESIDÊNCIA NOS EUA. FOI A PIONEIRA NA AMÉRICA

LATINA, NA POSIÇÃO DE PRIMEIRA-DAMA, A TRABA-

LHAR EM FAVOR DA FAMÍLIA, DOS DIREITOS DA

MULHER E DOS DIREITOS HUMANOS, NO MUNDO

TODO. APÓS O ATAQUE DE 11 DE SETEMBRO, JÁ COMO

SENADORA, PASSOU A LUTAR POR MELHORES

CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E NA MELHORA DOS

SERVIÇOS DE INTELIGÊNCIA.

O FUTURO DONO DO MUNDOQuem são os possíveis candidatos à presidência dosEstados Unidos, em 2008

eleicoesEUA.qxd 6/4/07 2:00 Page 74

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Á F R I C A

7 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

O CONTINENTE MAIS MISERÁVEL

Conflitos étnicos e epidemia de Aids tornam países da África os mais pobres do planeta

Segundo o último relató-

rio do PN UD (Programa

das Nações Uni das para

o Desenvolvimento), di-

vulgado em novembro de 2006,

a expectativa de vida ao nascer

na África subsaariana (que abriga

os 47 países ao sul do deserto do

Saara), região mais miserável do

planeta, diminuiu nas últimas três

décadas. Entre os fatores que con-

tribuem para a situação de miséria

da África estão as guerras civis e

confl itos étnicos religiosos e a de-

fi ciência no sistema de saúde pú-

blica, com destaque para a tragédia

da Aids no continente.

CONFLITOS:DARFUR

Começou em 2003, quando gru-

pos étnicos africanos se rebelaram

por serem discriminados pelo go-

verno árabe. Atualmente os cam-

pos de refugiados, que fi cam no

FOMEDISTRIBUIÇÃO DECOMIDA EM CAMPO DE REFUGIADOS EM DARFUR

Sudão e, principalmente, no Chade

(país vizinho), abrigam cerca de 2,5

milhões de pessoas. A guerra, que

dura mais de 4 anos, já matou mais

de 200 mil sudaneses.

RUANDAEm 1994, mais de 800 mil pes-

soas morreram em 100 dias. O

confl ito envolveu os dois princi-

pais grupos étnicos da região: os

hutus, que lideravam Ruanda, e os

tutsis. O presidente Juvenal Habya-

rimana foi assassinado, e os hutus

passaram a matar os tutsis. O ge-

nocídio terminou quando os rebel-

des tutsis tomaram o poder. Cerca

de 2 milhões de hutus emigraram

para Burundi, Tanzânia, Uganda e

República Democrática do Congo.

Alguns dos refugiados se rebelaram

e tentam agora reaver a liderança

de Ruanda promovendo ataques a

partir das fronteiras do país, assim

como os tutsis fi zeram no passado.

Apesar de eleições terem sido rea-

lizadas em 1999 e 2003, a reconci-

liação entre tutsis e hutus tem sido

complicada. A centralização do po-

der e a intolerância continuam.

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGOO ex-presidente Mobutu Sese

Seko tomou o poder em 1965, mu-

dou o nome do país para Zaire e

permaneceu no cargo durante 32

anos. Em 1997, o governo de Mo-

butu foi derrubado, e Laurent Kabi-

la tornou-se presidente. Em 2001,

Kabila foi assassinado, e seu fi lho

Joseph Kabila fi cou no comando

do país. No ano seguinte, o novo

presidente teve sucesso na nego-

ciação para que tropas de Ruanda

se retirassem do leste do Congo, e

um acordo de paz foi assinado. Um

governo transitório foi formado em

2003 com Joseph Kabila como pre-

sidente. Em 2006, Vital Kamerhe

foi eleito presidente.

BURUNDIPrimeiro presidente do país elei-

to democraticamente, o hutu Mel-

chior Ndadaye foi assassinado por

facções tutsis em outubro de 1993.

O confl ito entre as etnias hutu e

tutsi fez mais de 200 mil vítimas

fatais em poucos dias. Milhares de

pessoas fugiram para países vizi-

nhos. Um acordo de paz foi assina-

do em 2003, e uma nova constitui-

ção entrou em vigor em 2005. No

mesmo ano, o hutu Pierre Nkurun-

ziza foi eleito presidente e assinou

um cessar-fogo com o último gru-

po rebelde do país, em 2006.

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7 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7

Conflito que jámatou 200 milcivis ameaçafazer mais vítimas

Aescassez é a chave paraentender o conflito emDarfur, região do oestedo Sudão, na África.Darfur significa terra dos

furs, uma das etnias que habitam aregião, junto com os massaleets e oszagawas, três grupos de fazendeirossedentários. A disputa entre eles e osnômades árabes se tornou tensa desdeque uma seca prolongada nos anos1980 empobreceu os campos deDarfur. A tensão se transformou emconflito aberto em 2003.

Rebeldes de Darfur atacaram insta-lações do governo na região, exigindoautonomia. Um cessar-fogo mediadopelo governo do Chade, país vizinhodo Sudão, foi acertado em dezembrode 2003, mas rebeldes do Exército deLibertação do Sudão e do Movimentopor Justiça e Igualdade voltaram aatacar alvos governamentais. Aí apare-ceram os janjaweeds. A milícia árabepassou a atacar as aldeias habitadaspelos furs, massaleets e zagawas. Ogoverno de Cartum nega estar por trásdos ataques dos janjaweeds às aldeias,mas sabe-se que a milícia árabe foifinanciada pelo governo para manteros rebeldes de Darfur à distância.

Estima-se que o número de mortosna região seja no mínimo 200 mil. Amaioria das agências humanitáriastrabalha com a cifra de 400 mil mor-tos. Há hoje mais de 2 milhões de refu-giados vivendo nesses campos.

Desde a fracassada tentativa de darfim aos abusos cometidos na guerracivil da Somália em 1993, os EstadosUnidos relutam em intervir na África.Ao que tudo indica, a crise na região deDarfur ameaça descambar para omesmo tipo de tragédia.

Á F R I C A

DESOLAÇÃOCENA COMUM ENTRE

OS REFUGIADOS DEDARFUR, NO OESTE

DO SUDÃO

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO:ENFRENTA UMA GUERRA CIVIL DESDE 1998 QUE TEM COMO

FUNDO A DISPUTA POR DIAMANTE, OURO E ESTANHO. MAIS

DE 4 MILHÕES DE PESSOAS JÁ MORRERAM NO CONFLITO.

SERRA LEOA: OS DIAMANTES SÃO O CARRO-CHEFE DA

ECONOMIA NACIONAL. O PAÍS POSSUI O SEGUNDO PIOR

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH), APENAS

SUPERADO POR NÍGER. NOS ANOS 1990, O GOVERNO INICIOU

UM COMBATE COM A FRENTE REVOLUCIONÁRIA UNIDA (RUF).

EM 2001, SELARAM UM ACORDO DE PAZ.

SOMÁLIA: ABRIGA O MAIOR NÚMERO DE SUBNUTRIDOS

DO MUNDO — 75% DA POPULAÇÃO. HÁ MAIS DE DEZ ANOS

SOFRE COM A GUERRA CIVIL. AS VÁRIAS MILÍCIAS DISPUTAM

O PODER E QUEREM DERRUBAR O GOVERNO MANTIDO COM

AJUDA DE SOLDADOS ENVIADOS PELA ETIÓPIA.

Fronteiras estabelecidas no século 15 são uma das causas dos diversos conflitos

VÁ FUNDO >>>PARA LER• “África: Terra, Sociedades e

Conflitos”, Nelson Bacic. Moderna• “África: Horizontes e Desafios no

Século XXI”, Charles Pennaforte.Atual

• “A África na Sala de Aula: Visitaà História Contemporânea”, LeilaLeite Hernandez. Selo NegroEdições

PARA NAVEGAR• www.africa-union.org• www.darfurgenocide.org• www.savedarfur.org

NINGUÉM PARA EVITARUM GENOCÍDIO

CONTINENTE EM GUERRA

africa.qxd 6/4/07 1:08 Page 78

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8 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8

STFadia o julgamentosobre ousode embriõesempesquisas e frustrapacientes que só têmessaopçãode cura

Asessão do SupremoTribunal Federal quepretendia dar umveredicto sobre apolêmica do uso de

embriões humanos em pesquisasem março foi adiada novamente.Por tempo indeterminado. Comoraramente acontece na mais altacorte de Justiça brasileira, os mi-nistros estão diante de uma ques-tão de princípios. Examinar valoresque se contrapõem: o direito à vi-da, o direito à saúde, a livre mani-festação do progresso científico, orespeito à fé religiosa. Foi por essarazão que o ministro Carlos AyresBritto, relator do caso, se entusias-mou com o tema das células-tron-co. Preparou um voto de 78 páginasque foi lido durante quase duas ho-ras. Concluiu que o artigo da Leide Biossegurança que autorizou aspesquisas com embriões não é in-constitucional.Oministro CarlosAlbertoMene-

zesDireito pediu vista do processo,o que adiou o julgamento por tem-po indeterminado. A ação de in-constitucionalidade chegou ao STF

P E S Q U I S A

ENTRAVEÀPESQUISA

há quase três anos. De lá para cá, otema das células-tronco embrio-nárias tem sido discutido ampla-mente dentro e fora do Supremo.O caso dos embriões corre o ris-

co de ir para o fim da fila. Esse é opior cenário para os pacientes e pa-ra os cientistas. Enquanto a lei nãoé declarada inconstitucional, os es-tudos comembriões podemser rea-lizados no Brasil. No entanto, oscomitês de ética das universidades,as agências de apoio à pesquisa e asempresas não se sentem segurospara autorizar e financiar trabalhosque podem ser interrompidos deuma hora para outra. Isso desesti-mula a inovação numa das áreasmais promissoras da ciência.NoBrasil, apenas dois grupos tra-

balham com células de embrião. Odo neurocientista Stevens Rehen,da Universidade Federal do Rio deJaneiro, e o da geneticista Lygia daVeiga Pereira, da Universidade deSão Paulo. Nos Estados Unidos, jáforam concedidas 57 patentes queenvolvem células-tronco embrio-nárias humanas. Há mais de 300outros pedidos de patente em aná-

lise. Três empresas americanas ob-tiveram bons resultados em testescom animais e devem começar atestar terapias em humanos aindaem 2008. A Geron testará um im-plante de células-tronco embrioná-rias em 40 pessoas que sofreramlesões namedula. A Advanced CellTechnology investe numa terapiacontra a perda da visão provocadapela degeneraçãomacular. ANovo-cell pretende testar um transplantecontra o diabetes tipo 1.Não há garantia de que essas ex-

periências dêem certo em huma-nos. Até hoje, não existe no mun-do nenhuma terapia derivada decélulas-tronco embrionárias.Muitas das promessas em tornodelas podem sermeras ilusões.Nosúltimos anos, elas catalisaram aesperança de milhões de pessoasem todo o mundo.Portadores de doenças como

Parkinson, Alzheimer, lesões me-dulares emoléstias provocadas porerros genéticos enxergam nas cé-lulas-tronco uma chance de reco-meço. Em tese, elas poderiam sercultivadas em laboratório e dar ori-

Por enquanto, oBrasil terá de secontentar comasexperiências comcélulas-tronco adultas

Elas são encontradas no sanguee na medula óssea (extraídada bacia). Mas elas não setransformam em qualquer tecidodo organismo Em cada 1 milhão de células

da medula, apenas uma tem altacapacidade de transformação

EAGORA?

1 ColunaEm2003,pesquisadoresdaFaculdadedeMedicinadaUSPinjetaramascélulasempacientescom lesãomedular.Maisdametaderecuperouapassagemdosimpulsoselétricossensitivosdaspernasemdireçãoaocérebro.Nenhumvoltouaandar

Pode, mas... Enquanto o STF não vota, as pesquisas com embriões são legais. Mas ninguém quer investir

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1. A reforma ortográfica vem aí - parte 2 Agora veremos o que estabelece o novo acordo ortográfico a respeito do uso do hífen: 1ª) Nas formações com prefixos (ANTE, ANTI, ARQUI, AUTO, CIRCUM, CO, CONTRA, ENTRE, EXTRA, HIPER, INFRA, INTER, INTRA, SEMI, SOBRE, SUB, SUPER, SUPRA, ULTRA...) e em formações com falsos prefixos (AERO, FOTO, MACRO, MAXI, MICRO, MINI, NEO, PAN, PROTO, PSEUDO, RETRO, TELE...), só se emprega o hífen nos seguintes casos:

a) Nas formações em que o segundo elemento começa por “H”: ante-histórico, anti-higiênico, anti-herói, anti-horário, auto-hipnose, circum-hospitalar, co-herdeiro, infra-hepático, inter-humano, hiper-hidratação, neo-hamburguês, pan-helênico, proto-história, semi-hospitalar, sobre-humano, sub-humano, super-homem, ultra-hiperbólico...

Observação: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos “DES-“ e “IN-“ e nas quais o segundo elemento perdeu o “h” inicial: desumano, desarmonia, desumidificar, inábil, inumano...

b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na MESMA VOGAL com que se inicia o segundo elemento: auto-observação, anti-imperialismo, anti-inflacionário, anti-inflamatório, arqui-inimigo, arqui-irmandade, contra-almirante, contra-ataque, infra-assinado, infra-axilar, intra-abdominal, proto-orgânico, re-eleger, semi-inconsciência, semi-interno, sobre-erguer, supra-anal, supra-auricular, ultra-aquecido, eletro-ótica, micro-onda, micro-ônibus...

Observações: 1ª) Nas formações com o prefixo “CO-“, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação, coordenar... 2ª) Nas formações com os prefixos “CIRCUM-“ e “PAN-“, quando o segundo elemento começa por “h”, vogal, “m” ou “n”, devemos usar o hífen: circum-hospitalar, circum-escolar, circum-murado, circum-navegação, pan-africano, pan-americano, pan-mágico, pan-negritude...

2ª) Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO, PSEUDO, SEMI, SUPRA, ULTRA, ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE, se o segundo elemento começa por “s” ou “r”, devemos dobrar as consoantes, em vez de usar o hífen: Como era: auto-retrato, auto-serviço, auto-suficiente, auto-sustentável, contra-reforma, contra-senso, infra-renal, infra-som, intra-racial, neo-romântico, neo-socialismo, pseudo-rainha, pseudo-representação, pseudo-sábio, semi-reta, semi-selvagem, supra-renal, supra-sumo, ultra-radical, ultra-romântico, ultra-som, ultra-sonografia, ante-republicano, ante-sala, anti-rábico, anti-racista, anti-radical, anti-semita, anti-social, arqui-rival, arqui-sacerdote, sobre-renal, sobre-roda, sobre-saia, sobre-salto...

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Como fica: autorretrato, autosserviço, autossuficiente, autossustentável, contrarreforma, contrassenso, infrarrenal, infrassom, intrarracial, neorromântico, neossocialismo, pseudorrainha, pseudorrepresentação, pseudossábio, semirreta, semisselvagem, suprarrenal, suprassumo, ultrarradical, ultrarromântico, ultrassom, ultrassonografia, anterrepublicano, antessala, antirrábico, antirracista, antirradical, antissemita, antissocial, arquirrival, arquissacerdote, sobrerrenal, sobrerroda, sobressaia, sobressalto... Com os prefixos terminados em vogal, se o segundo elemento começa por uma vogal diferente, devemos escrever sem hífen: Como era: auto-adesivo, auto-análise, auto-idolatria, contra-espião, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-acadêmico, neo-irlandês, proto-evangelho, pseudo-artista, pseudo-edema, semi-aberto, semi-alfabetizado, semi-árido, semi-escravidão, semi-úmido, ultra-elevado, ultra-oceânico... Como fica: autoadesivo, autoanálise, autoidolatria, contraespião, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoacadêmico, neoirlandês, protoevangelho, pseudoartista, pseudoedema, semiaberto, semialfabetizado, semiárido, semiescravidão, semiúmido, ultraelevado, ultraoceânico... 3ª) Com os prefixos HIPER, INTER e SUPER, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “h” ou “r” (essa regra não foi alterada):

1) hiperativo, hiperglicemia, hiper-hidratação, hiper-humano, hiperinflação, hipermercado, hipermiopia, hiperprodução, hiper-realismo, hiper-reativo, hipersensibilidade, hipertensão, hipertiroidismo, hipertrofia,;

2) interação, interativo, intercâmbio, intercessão, interclubes, intercolegial, intercontinental, interdisciplinar, interescolar, interestadual, interface, inter-helênico, inter-humano, interlinguístico, interlocutor, intermunicipal, internacional, interocular, interplanetário, inter-racial, inter-regional, inter-relação, interseção, intertextualidade, intervocálico;

3) superaquecido, supercampeão, supercílio, superdosagem, superfaturado, super-habilidade, super-homem, superinvestidor, superleve, superlotado, supermercado, superpopulação, super-reativo, super-requintado, supersecreto, supersônico, supervalorizado, supervisionar.

4ª) Com o prefixo SUB, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “b” ou “r”: subaquático, sub-base, subchefe, subclasse, subcomissão, subconjunto, subcutâneo, subdelegado, subdiretor, subdivisão, subeditor, subemprego,

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subentendido, subestimar, subfaturado, subgrupo, subitem, subjacente, subjugado, sublingual, sublocação, submundo, subnutrido, suboficial, subpovoado, subprefeito, sub-raça, sub-reino, sub-reitor, subseção, subsíndico, subsolo, subterrâneo, subtítulo, subtotal. Segundo a regra antiga, se a palavra seguinte começasse pela letra “H”, deveríamos escrever sem hífen: subepático e subumano. As novas edições de nossos principais dicionários já registram as formas com hífen, como prefere o novo acordo ortográfico: sub-hepático e sub-humano. 5ª) Vejamos alguns casos em que não se usava o hífen. Deveríamos escrever sempre “tudo junto” (= sem hífen). Segundo o novo acordo ortográfico, devemos usar o hífen se o segundo elemento começar por “h” ou por vogal igual à vogal final do pseudoprefixo: MACRO - macroeconomia; MICRO - microcomputador, micro-onda, micro-ônibus, microrradiografia; MINI - minidicionário, mini-hotel, minissaia, minirreforma; RE - re-erguer, re-eleger, rever, rerratificação; TELE - telecomunicações, tele-entrega, televendas, telessexo;

Observação: Com o prefixo “CO-“, o uso do hífen era obrigatório: co-autor, co-fundador, co-seno, co-tangente... Com o novo acordo ortográfico, o hífen só será obrigatório se o segundo elemento começar por “H” ou vogal igual: co-herdeiro, co-organização, coautor, cofundador, cosseno, cotangente. Nas formações com o prefixo “CO-“, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação, coordenar...

2. E o trema vai morrer Agora vamos ver o que acontecerá com o trema. Com o novo acordo ortográfico o uso do TREMA será totalmente abolido. Como era? Usávamos o trema na vogal “u” (pronunciada e átona), antecedida de Q ou G e seguida de E ou I. O objetivo do trema era distinguir a vogal “u” muda (= não pronunciada) da vogal “u” pronunciada: QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente; QUI = quilo, adquirir, química; QÜI = tranqüilo, eqüino, iniqüidade; GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe, enxagüemos; GUI = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI = lingüiça, pingüim, argüir.

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Palavras que recebiam trema: agüentar, argüir, argüição, averigüemos, apazigüemos, bilíngüe, cinqüenta, conseqüência, conseqüente, delinqüência, delinqüente, deságüe, enxágüe, freqüência, freqüente, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, qüinqüênio, qüinqüenal, sagüi, seqüência, seqüestro, tranqüilo... Palavras que não recebiam trema: adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário... Como fica? Todas sem trema: aguentar, arguir, arguição, averiguemos, apaziguemos, bilíngue, cinquenta, consequência, consequente, delinquência, delinquente, deságue, enxágue, frequência, frequente, linguiça, pinguim, quinquagésimo, quinquênio, quinquenal, sagui, sequência, sequestro, tranquilo; adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário. Observações:

a) Não esqueça que jamais houve trema quando a vogal “u” estava seguida de “o” ou “a”: ambíguo, longínquo, averiguar, adequado...

b) Se a vogal “u” fosse pronunciada e tônica, deveríamos usar acento agudo em vez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem, ele argúi, eles argúem...

Este acento também foi abolido: que ele averigue, que eles apaziguem, ele argui, eles arguem...

c) Palavras com dupla pronúncia (o uso do trema era facultativo). Com a reforma ortográfica, seremos obrigados a escrever sem trema: antiguidade, antiquíssimo, equidistante, liquidação, liquidar, liquidez, liquidificador, líquido,sanguinário, sanguíneo.

d) Também com dupla pronúncia (sempre sem trema): Catorze e quatorze Cota OU quota Cotizar OU quotizar Cotidiano OU quotidiano