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Omodo de evitar que afebre amarela volte àscidades é eliminar omosquito da dengue.Como fazer isso?
Fazia tempo que não haviatantas mortes por febreamarela no Brasil. Foram38 confirmadas até 14 demarço.Todos os casos re-
gistrados são da febre amarela sil-vestre, que só existe nas matas. Háum surto da doença neste ano nasflorestas.Os cientistas começaramadesconfiar disso quando viramma-cacosmorrer. Eles são o hospedeirodo vírus da febre amarela silvestre.Esse surto aumenta as chances deretorno da febre amarela urbana, er-radicada no País desde 1942.Há dois modos de evitar a ame-
aça. O primeiro é uma campanhade vacinação emmassa. Seria exa-gerado, dado que não há registrode epidemia. E é um método quetem reações adversas. Desde 1999,houve quatro mortes causadas porefeitos colaterais da vacina. A se-gunda forma é acabar com o mos-quito da dengue. O Instituto Bu-tantan trabalha numa vacina, mas
S A Ú D E
ACENDEUOSINALAMARELO
VÁ FUNDO >>>
ela está prevista apenas para 2010.O que o Aedes aegypti, mosquitotransmissor da dengue, tem a vercom a febre amarela? Ele é um pos-sível transmissor.O tipo urbano da doença aconte-
ce quando alguém que foi contami-nado pelos mosquitosHaemagogusou Sabethes, na mata, volta para acidade. OAedes pode picar a pessoacontaminada e transmitir o vírus aoutros humanos. A probabilidadede alguém ser picado duas vezes épequena. Mas existe. Daí a neces-sidade de acabar com o Aedes.
AÇÃOENÉRGICANuma situação parecida, o governode Cingapura reduziu o número decasos de 700 para cem por sema-na, em dois meses. Criou o Comitêde Observação e Coordenação daDengue, em 2005, para desenvolvero plano de guerra. Lá, doentes sãoisolados de pessoas saudáveis.Mo-radores de casas onde há focos de
larvas levam multas entre R$ 120e R$ 240. Em 1946, para acabarcom a malária, os EUA criaram oCentro de Controle e Prevenção deDoenças (CDC), órgão responsávelpor monitorar, pesquisar e adotarpolíticas contra doenças.Em 1903, o sanitarista Oswaldo
Cruz, então ministro da Saúde doBrasil, instituiu a vacinação obri-gatória para eliminar a varíola eimplantou uma política eficaz desaneamento básico (veja quadro).E erradicou a febre amarela.
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O Instituto Bu-quito da dengue.mastantan trabalha numa vacina,
Mo-isolados de pessoas saudáveis.radores de casas onde há focos de
OGRANDEVILÃOÉOMOSQUITODADENGUE Para impedir que a febre amarela volte às cidades, é preciso eliminar o
1A transmissão da febreamarela silvestre acontece
quandomosquitosHaemagogusou Sabethes picam ummacaconamata, hospedeiro do vírus
2Essemesmomosquitopica o homemque entra
namata sem imunizaçãocontra a febre amarela
3A pessoa leva o vírus para acidade. Lá, oAedes aegypti pica
a pessoa contaminada e pode picar etransmitir o vírus a outros humanos
Entrar namata só com vacinacontra a febre amarela. Égratuita nos postos de saúde.Leva dez dias para fazer efeito.A eficácia é de dez anos
Diminuir a quantidade demosquitos é fundamental.As campanhas para evitarágua parada e a aplicação deinseticida devem continuar
Criadouros não surgemapenas na periferia. Casascom espelhos-d’água, piscinase plantas como broméliastambém trazem riscos
Oriscoda febre amarela Parabrecar o ciclo agora
PARA LER• “Febre Amarela: a Doença e Vacina,
uma História Inacabada”, NísiaTrindade Lima. Fiocruz
PARANAVEGAR• http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
febreamarela/• http://www.fiocruz.br/>
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Maior encontro de cientistas sobremudanças climáticasconcluiu que o planetaficará irreconhecível
A M B I E N T E
O QUE RESTARÁDA TERRA?
PASSARELA AQUÁTICAUM HOMEM CAMINHA POR AVENIDAÀ BEIRA-MAR INUNDADA PELA PASSAGEM DO FURACÃO WILMA, NAFLÓRIDA, EM 2005. NAQUELE ANO,FORAM 28 FURACÕES, UM RECORDEHISTÓRICO. OS CIENTISTASAINDA NÃO CONCLUÍRAM SE OAQUECIMENTO GLOBAL ELEVARÁ AFREQÜÊNCIA DE FURACÕES, MAS JÁSE SABE QUE SUA INTENSIDADE EPODER DESTRUTIVO VAI AUMENTAR
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Caos aéreo é a face mais aparente de um grande problema estrutural que afeta diversos setores da economia brasileira
Ocaos aéreo que se ins-
talou no Brasil desde
outubro de 2006 com
a queda do avião da
Gol, em que morreram 154 pesso-
as — e agravado ainda mais em
julho deste ano, com o acidente
da TAM, que fez 199 vítimas
fatais —, é a face mais aparente
de um problema estrutural maior.
Ele envolve diversos setores-cha-
ve da economia do Brasil e é um
dos grandes responsáveis pelo
entrave ao desenvolvimento eco-
nômico do País.
D E S E N V O L V I M E N T O
APAGÃO DAINFRA-ESTRUTURA
CRISE AÉREAResultado de falta de planeja-
mento. O tráfego de aeronaves
cresceu muito nos últimos anos,
mas o movimento não foi acompa-
nhado pela expansão da infra-es-
trutura. De acordo com dados da
ONG Contas Abertas, até o aciden-
te com o avião da Gol haviam sido
aplicados apenas R$ 151,1 milhões
dos R$ 531,6 milhões destinados
no Orçamento da União de 2006 a
despesas com proteção ao vôo e
segurança do tráfego aéreo. Com a
comoção nacional e a suspeita de
falhas no controle dos aviões, o
governo foi forçado a liberar o resto
do dinheiro. A mesma coisa acon-
teceu com a receita do Fundo
Aeronáutico, com posto de tarifas
pagas pelas empresas aéreas. Ele
somou R$ 1,9 bilhão no ano passa-
do. Se gun do a Aeronáutica, R$ 364
mi lhões foram retidos para engor-
dar o caixa do Tesouro Nacional.
É preciso iniciar com urgência
um plano para reorganizar os aero-
portos em todo o País, com investi-
mento em tecnologia. Outra suges-
tão apresentada por especialistas é
ESPERAPASSAGEIROS AGUARDAM
EMBARQUE NO AEROPORTO DE GUARULHOS, EM SÃO PAULO.
O CAOS AÉREO NÃOTEM PRAZO PARA ACABAR
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1 2 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8
e n e r g i a
Ogovernonega,maso riscode faltarenergia noPaís estáde volta. Culpadafalta de chuvas
Ahistória é recente,masmuita gente já seesqueceu. Em 2001, afalta de chuvas secouos reservatórios das
usinas hidrelétricas. Elas passarama produzir menos e havia risco defaltar energia no Brasil. O governoagiu tarde demais e, por isso, tevede racionar energia para evitar umcolapso. No início de 2008 a his-tória ensaiou se repetir. Em janei-ro, Jerson Kelman, presidente da
ApAgãonohorizonte?
Agência Nacional de EnergiaElétrica (Aneel), alertou que, devi-do à falta de chuvas, não era im-possível haver racionamento deenergia neste ano no País.O ministro de Minas e Energia,
Nelson Hubner, se apressou emdesmentir Kelman e afastar o riscode apagão.Mas, em seguida, anun-cioumedidas preventivas.O gover-no chegou a cogitar colocar parafuncionar seis termelétricas a óleo.“Não acredito em risco de apagão
para este ano”, diz Luiz PinguelliRosa, diretor da Coordenação deProgramas de Pós-Graduação deEngenharia daUniversidade Federaldo Rio de Janeiro. “Mas é funda-mental adotar medidas para queresidências e empresas poupemenergia, pois o nível dos reservató-rios é preocupante e a situação po-de piorar, disse em janeiro.”De acordo com o Operador
Nacional do SistemaElétrico (ONS),o risco de racionamento de energia
vaziOOlagOdausinahidrelétriCadesObradinhO, nabahia. aPersPeCtivadePOuCa ChuvaameaçaOfOrneCimentOde energia
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Ártico mais quente:o derretimento do gelo no Pólo
Norte pode acabar com o hábitatdos ursos-polares e alterar
as correntes marinhas
M U N D O
PLANETA EM
CHAMASOs efeitos do aquecimento global são reais e já começaram. O tema gera muitas discussões, mas já existem alguns consensos
aquecimento 26.09.06 16:58 Page 14
1 6 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
A taxa de crescimento atingiu 5,4% no segundo trimestre. Mas esse número pode não passar de uma bolha
Ainda não foi o espetácu-
lo de crescimento pro-
metido pe lo presidente
Lula. Mas, para um país
acostumado a ficar nos últimos
lugares da lista dos que mais cres-
cem, a notícia de que o desempe-
nho da economia melhorou é um
alento. A taxa anual de crescimen-
to de 5,4% do Produto Interno
Bruto (PIB), registrada no segundo
trimestre de 2007, ainda é bem
me nor que a de outros países
emer gentes. A China cresceu
11,9% no mesmo período. A Índia,
C R E S C I M E N T O
PRODUÇÃOFÁBRICA DA EMPRESA
ALEMÃ VOITH EM SÃO PAULO: AS EXPORTAÇÕES PODEM CAIR
COM A QUEDA NA DEMANDA GLOBAL
O AUMENTO DO PIBÉ SUSTENTÁVEL?
9,3%. Mesmo na América Latina,
Vene zuela, Ar gentina e Chile fica-
ram à frente do Brasil. Apesar
disso, não é um resultado inex-
pressivo. A taxa divulgada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em setembro é
quase o dobro da média dos últi-
mos 15 anos.
A questão, agora, é saber se essa
taxa de crescimento é consistente
e sustentável ao longo do tempo.
Alguns fatores sugerem que há
bons motivos para dúvidas. O pri-
meiro é a taxa de investimento,
que mede a proporção da riqueza
destinada ao aumento da capaci-
dade de produção das empresas.
Os investimentos têm crescido
nos últimos anos no Brasil e, no
segundo trimestre, alcançaram
17,7% do PIB, o maior índice desde
2000. Trata-se, porém, de um
valor ainda pequeno, se comparado
à taxa de no mínimo 25% registra-
da nos principais países emergen-
tes. A tradução desses números é
simples: se o Brasil quiser crescer
mais de forma sustentada, precisa-
rá investir mais no futuro. Sem
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V I O L Ê N C I A
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MARCO NO COMBATEAO CRIME NO PAÍS
Ação no Rio mostra queplanejamentoda polícia é fundamental
Atomada do Complexo do
Alemão pela polícia do
Rio de Janeiro, em maio,
é um marco histórico do
combate à violência no Brasil. A
invasão de um dos principais nú-
cleos de resistência dos criminosos
signifi cou uma afi rmação do estado
contra a barbárie. Ainda falta muito
para que o crime seja vencido no
País. Mas as características dessa
ação no Rio sugerem que algo real-
mente mudou.
Até essa ação, a guerra contra o
tráfi co era personifi cada pelos no-
mes e rostos de trafi cantes como
Fernandinho Beira-Mar, Marcinho
VP ou Elias Maluco. Agora, poucos
conhecem o trafi cante mais pro-
curado pela polícia. O rosto que
simboliza a ação da polícia é o do
inspetor Leonardo da Silva Torres,
que representa força policial inova-
dora que hoje combate nos morros.
Por que agora é diferente? Diferen-
temente de outras ações, quando a
polícia retrocedia ante a resistência
dos “donos” do morro, desta vez ela
se manteve no ataque. Um ataque
determinado e inovador. Ainda que
as favelas continuem parcialmente
dominadas pelos trafi cantes, abriu-
se um fl anco inédito.
Além do uso de forças integra-
das, outro ponto inovador na tática
usada pela equipe que comandou a
invasão foi a inteligência. Os pla-
nos foram traçados a partir de da-
dos colhidos por 150 informantes,
infi ltrados no morro havia meses, e
por fotos aéreas da região.
Houve método e organização
na incursão, planejada ao longo de
dois meses. Na manhã do ataque,
nove atiradores de elite ocuparam
pontos estratégicos. Dando prote-
ção aos policiais e soldados, eles
permitiram fechar o cerco. Pela
primeira vez os policiais consegui-
ram postar-se em locais geografi -
camente acima dos trafi cantes. É
certo que o número de mortos é
elevado. Também é verdade que há
suspeitas de que, entre os mortos,
houvesse inocentes. Mas vários
cuidados foram tomados para evi-
tar mais vítimas, como desviar o
tráfego aéreo e evitar ações perto
de escolas.
A ocupação do Complexo do
Alemão é simbólica. A região con-
centra 40% dos crimes da cidade
e boa parte do tráfi co. Trafi cantes
afugentaram dali quase toda a ati-
vidade produtiva — no passado, a
região era o maior pólo industrial
do Rio. Desde que a cocaína se tor-
nou o melhor negócio dos morros,
na década de 1990, 30 mil pessoas
já morreram nos bairros que inte-
gram o Alemão.
O governo fl uminense quer mais
que apenas banir o estado parale-
lo que se instalou nos morros. Um
ambicioso projeto de ação social,
inspirado na experiência colombia-
na, pretende transformar o com-
plexo. O plano inclui um teleférico
com 3 quilômetros e seis estações,
a 35 metros de altura, com áreas de
lazer e bibliotecas. Os governos do
Rio de Janeiro e Federal assinaram
em setembro a liberação de uma
verba de R$ 495,1 milhões para a
conclusão desse projeto. A ação
policial permanecerá. Para vencer
a violência, é preciso fazer isso e
muito mais.
GUERRACOMPLEXO DO ALEMÃO OCUPADO PELA POLÍCIA
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Combustíveis “limpos” estão entre as apostas para a diminuição da dependência do petróleo
E N E R G I A
O FUTURO ÉRENOVÁVEL
BIODIESELO ÓLEO JA FILTRADO,PRODUZIDO NA USINA
CERALITE-GRANOL, MAIORPRODUTORA PARA PETROBRAS DO COMBUSTÍVEL
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Canteiro de obras:o frenético ritmo deconstruções para asOlimpíadas de 2008 éapenas uma parte dosinvestimentos da Chinaem infra-estrutura
Á S I A
A China mostra que tem todos os requisitos para assumir o lugar dos Estados Unidos como líder econômico e cultural do planeta
LÍDER?O NOVO
china 26.09.06 17:03 Page 20
2 2 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
Pela primeira vez, oBrasildeixade ser devedor parase tornar credor—sinal deforçanahorade enfrentara turbulência global
Em janeiro, o Brasil pas-sou de devedor a credorexterno. Pela primeiravez, o volume de recur-sos em moeda forte
aplicados no mercado internacio-nal (reservas cambiais, créditosdiversos e depósitos em bancoscomerciais) superou o valor da dí-vida externa. A diferença é de US$4 bilhões. Isso quer dizer que oBrasil está menos dependente dofluxo internacional de capitais.Poderia, se quisesse, pagar toda adívida externa agora.Com a desaceleração da econo-
mia norte-americana e os efeitosnegativos que ela deverá provocarno resto do mundo, o fluxo de dó-lares para mercados emergentescomo o Brasil tende a diminuir. OBanco Central tratou de deixar cla-ro que o País vive um novo ciclo.Com reservas cambiais na faixa de
E C O N O M I A
perdia oportunidade de fazer omesmo. Curiosamente, é agora, emseu governo, que o País conseguese livrar do problema.Mesmo políticos conservadores,
como o ex-presidente e hoje sena-dor José Sarney, tinham uma pos-tura populista quanto a essa ques-tão. Em 1987, durante o governoSarney (1985-1990), na gestão doministro Dílson Funaro na Fazenda,o Brasil chegou a decretar a mora-tória no pagamento da dívida ex-terna, o que afastou os investidoresestrangeiros do País.Depois, os pagamentos foram
retomados, mas o Brasil nunca vi-veu uma situação tão confortávelcomo agora nas contas externas.Em 1994,no governo Itamar Franco,fechou um grande acordo interna-cional de renegociação da dívida,com desconto sobre o valor origi-nal. Mas foi só nos últimos cincoanos, com o crescimento exponen-cial das exportações e a geração deum saldo comercial bilionário, queo País conseguiumultiplicar as re-servas cambiais até chegar ao ce-nário atual.A capacidade de o Brasil honrar
seus compromissos deverá ajudarna obtenção do tão almejado graude investimento. Concedido pelasagências internacionais de avalia-ção de risco, ele representa umaespécie de aval da solvência finan-ceira do País para os investidoresestrangeiros. A diretora de riscosoberano da agência de classifica-ção de risco Standard & Poor’s, LisaSchineller, afirmou que o Brasilpoderá receber o grau de investi-mento ainda em 2008. Foi a indi-
quase US$ 190 bilhões, pode en-frentar uma retração na entrada dedólares sem deixar de honrar oscompromissos externos.No passado, a dívida externa era
motivo de seguidas missões doFundo Monetário Internacional(FMI) ao País. As autoridades eco-nômicas viviam se reunindo combanqueiros externos para renego-ciar as condições de pagamento. Adívida era também o tema preferi-do de políticos, empresários, sin-dicalistas e até líderes estudantis.Em qualquer manifestação públicacontra o governo, vociferava-secontra a“espoliação internacional”.O governador do Rio Grande do Sule do Rio de Janeiro Leonel Brizola,morto em 2004, fez sua carreirapolítica explorando o assunto. Opresidente Lula — primeiro comolíder sindical, nos anos 1970, e de-pois como dirigente do PT — não
ADÍVIDAEXTERNANÃOASSUSTAMAIS
ETERNODEVEDOROPRESIDENTE JOSÉ SARNEYCOMOMINISTRODA FAZENDADÍLSON FUNARO. EM 1987, OBRASIL DECRETOUMORATÓRIA
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Lideranças de esquerda:os presidentes da Bolívia,Evo Morales (esq.), e daVenezuela, Hugo Chávez,são dois dos líderesesquerdistas que governampaíses da América Latina
P O L Í T I C A
NEOPOPULISMO
LATINODiversos países da América do Sul elegem líderes de esquerda.Especialistas temem a volta do populismo ao continente
esquerda 26.09.06 17:24 Page 28
A M A Z Ô N I A
3 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
REFORMAAGRÁRIA DESTRUIDORA
O governo escolheu a Floresta Amazônica para assentar mais de 200 mil famílias. Isso aumenta a devastação
Um dos principais proble-
mas na Amazônia é a re-
forma agrária, feita sem
preocupação ambiental.
Esse processo gera a devastação dos
recursos da fl oresta e deixa os colo-
nos na miséria. Os assentamentos
já respondem por 15% do desmata-
mento. Parece um problema menor,
diante do que os grandes pecuaris-
tas derrubam. Mas a cada ano cresce
o número de famílias levadas pelo
Incra (Instituto Nacional de Colo-
nização e Reforma Agrária.
Até o fi m de 2006, os assenta-
mentos ocupavam 36 milhões de
hectares, ou 8% da Amazônia (área
equivalente à da Alemanha). A ten-
dência é que o processo se acelere,
pois o governo federal concentrou
sua estratégia de reforma agrária
na ocupação da Amazônia. Mais da
metade das 400 mil famílias a se-
SUSTENTÁVEL?O ASSENTADO MIGUEL MORENO NOSFORNOS DE CARVÃO ONDE QUEIMAMADEIRA RETIRADA DE SEU LOTE,NO PARÁ. ELE SOBREVIVE UNICAMENTE DO DESMATAMENTO
Produtores se dão conta da importância da sustentabilidade
CAPITALISMOAMBIENTAL
A produção rural é a grande responsável pela destruição das florestas. Mais de 78% do desmata-mento na Amazônia foi feito para abrir pastos, par-cialmente convertidos em plantio de soja, algodão e outros grãos. Em 2006, as multinacionais do comércio de grãos anunciaram que não comprariam mais soja de áreas desmatadas recentemente. a decisão, co-nhecida como Moratória da Soja, dura até 2008, mas acredita-se que poderá ser defini-tiva. Novas normas para o financiamento agrícola são o segundo ponto de pressão. Bancos e enti-dades financeiras exigem garantias ambientais para liberar verba. Multas ambientais e registro de tra-balho escravo nas propriedades também têm difi-cultado empréstimos. Finalmente, os próprios produtores começam a se dar conta da importância de preservar os recursos naturais. No mundo todo, a mentalidade extrativista (preocupada apenas com resultados de curto prazo ) perde espaço para a sustentabilidade, que contem-pla o lucro que per-dura ao longo do tempo.
rem assentadas nos próximos três
anos deverá ganhar um pedaço da
fl oresta. O motivo é que cerca de
33% da Amazônia é de terras que
pertencem à União.
4X MAIS DESTRUIÇÃOA taxa de desmatamento nos as-
sentamentos é quatro vezes superior
à taxa média da Amazônia. Dados do
Incra mostram que apenas 30% dos
assentamentos na Amazônia recebem
investimentos como estradas, escolas
e postos de saúde. Os tipos de crédito
oferecidos na região também indu-
zem ao desmatamento. Cerca de 170
mil famílias tomaram fi nanciamentos
para a safra de 2007 na Amazônia. Já
foi emprestado R$ 1,3 bilhão, dentro
do Programa de Apoio à Agricultura
Familiar. 60% dos contratos foram
para a criação de gado leiteiro, que
estimula a derrubada de fl oresta.
Especialistas dizem que a refor-
ma agrária poderia ser sustentável.
Segundo Daniel Nepstad, do Insti-
tuto de Pesquisa da Amazônia, as
áreas destinadas à reforma agrária
deveriam estar mais perto das ci-
dades. “Os assentamentos teriam
acesso aos mercados consumido-
res, facilitando a agricultura fami-
liar de pequena escala”, diz. Perto
das cidades, os assentamentos po-
deriam abastecê-las com produtos
como mandioca e feijão, plantados
principalmente por pequenos pro-
dutores. Enquanto colonos são as-
sentados no Pará, os moradores de
Belém compram frutas e legumes
de São Paulo e do Nordeste. © 1
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No ano passado, os defensores das pesquisas com células-tronco embrionárias (que são capa-zes de se transformar em diversos tecidos que formam nosso organismo) sofreram dois gol-
pes. O primeiro foi o desenrolar da fraude liderada pelo sul-coreano Woo Suk Hwang, descobertaem dezembro de 2005. A comprovação de que o cientista não conseguiu produzir células-troncoembrionárias humanas a partir de embriões clonados frustrou as esperanças de ativistas como oator americano Michael J. Fox, que sofre de mal de Parkinson. O segundo golpe foi o veto do presi-dente George W. Bush a um projeto do Senado que reduzia as restrições ao uso de dinheiro públicoem pesquisas com embriões. No entanto, as pesquisas continuam e uma nova fonte de células-tronco parece ter sido descoberta por cientistas da Universidade de Oslo.
Os pesquisadores desenvolveram um método para prever quais células, entre milhares extraídasde tecido adiposo por lipoaspiração, possuem maior potencial para regenerar tecidos. Pelo menosem laboratório, essas células são capazes de se diferenciar em ossos, cartilagens tendões, vasossangüíneos e pele. Portanto, apresentam potencial para tratar desde dificuldade de irrigação san-güínea provocada por diabetes e doenças cardíacas até lesões de tendões, entre outros problemas.Ainda não se sabe exatamente como as células-tronco adiposas funcionam. Além dessa, outraspesquisas com esse tipo de célula estão em andamento. Conheça as principais:
BIOLOGIA
CÉLULAS DA ESPERANÇA
CI
ÊN
CI
A
TRATAMENTOPROBLEMA
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
DOENÇA DE CHAGAS Extraídas da medula óssea e injetadas no sangue ou nasartérias coronárias, regenerando os tecidos e eliminando ascélulas que causam inflamação
LESÕES NA MEDULAESPINHAL
As células da medula óssea são implantadas na medulaespinhal para melhorar a passagem de impulso elétrico eatividade motora
MAL DE PARKINSON São colocadas em regiões do cérebro para melhorar o déficitmotor e cognitivo com a reposição de neurônios lesados
LEUCEMIA São retiradas da medula óssea durante o tratamento dequimioterapia para preservá-las da radiação e, depois, reinjetadas
DIABETES Pode diminuir a necessidade de injeções de insulina.O Instituto de Química da USP conduz pesquisascom camundongos
As células são retiradas da medula óssea e implantadas naregião da retina deteriorada para formar novos vasos sanguíneos
DEGENERAÇÕES OCULARES
LESÕES EM DENTES, OSSOSE CARTILAGENS
São retiradas do dente e colocadas em um arcabouço de trêsdimensões para que se desenvolvam na forma do órgão outecido. O Laboratório de Terapia Tecidual da Unifesp realizapesquisas com ratos
DERRUBADAÁREA DESMATADA EM FELIZNATAL, NO MATO GROSSO. A EXPANSÃO DA SOJA NAREGIÃO ESTÁ LIGADA AOSÍNDICES DE DESMATAMENTO
Ogoverno federal divulgou, no ano passado, umaqueda de 30% nos índices de desmatamento
na Amazônia. Foi o segundo menor índice desde queo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)começou a medir o desmatamento na região, em1988. Foi uma boa notícia.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a quedafoi resultado de ações de fiscalização dentro doPlano Nacional de Combate ao Desmatamento. Ogoverno merece esse crédito, mas foram outrosfatores, sobretudo a crise na agricultura, que ajuda-ram a frear o desmatamento.
Geralmente associa-se o desmatamento naAmazônia ao corte de madeira. Poucos sabem queas madeireiras apenas garimpam árvores com valorcomercial. A devastação maior é causada pela agro-pecuária, ao converter floresta em pasto ou lavoura.
AMAZÔNIA
FALTOU DINHEIROPARA DESMATAR
AEm fevereiro deste ano, foi inaugurado pelaONU o Ano Heliofísico Internacional (AHI).
Trata-se de um extenso programa de investigaçõescientíficas relacionadas aos comportamentos físicosdo Sol, envolvendo o mundo todo.
AA idéia é desenvolver campanhas de observaçãodo sistema solar para expandir o conhecimentosobre os processos heliofísicos que governam o Sol,a heliosfera e os mecanismos físicos que ligam aatmosfera da Terra e os fenômenos solares.
O ALVO É O SOLASTRONOMIA
© 1 Divulgação; 2 Reprodução; 3 Tiago Queiroz/AE
Retiradas da medula óssea e implantadas no músculocardíaco para que ele crie novos vasos sanguíneos,aumentando a irrigação
© 3
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ENTERciencia 6/4/07 2:07 Page 31
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Achancedeumconflitoentre países émuitopequena.Maso combateàsFarc já é umproblemade todoo continente
c r i s e d i p l o m á t i c a
ApostossoldAdovenezuelAnonAFronteirA coMAcolôMbiA.chávezdeslocoutropAsApósoAtAque coloMbiAnoàs FArcnoequAdor
AAméricAdoSulempédeguerra?
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3 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7
Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) é a proposta do governoLula para fomentar apujança econômica
L U L A 2 . 0
O DESAFIO AGORA É CRESCER
ENCRUZILHADAO PAPEL DO PRESIDENTELULA NA HISTÓRIA SERÁDEFINIDO POR SEU SUCESSO— OU NÃO — NA QUESTÃODO CRESCIMENTO
lula.qxd 6/4/07 3:01 Page 34
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AS
10
MA
IOR
ES
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LO
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ES
PO
PU
LA
CIO
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IS
Tóquio (Japão) 35.327.000
Cidade do México (México)19.013.000
Nova York (EUA)18.498.000
Bombaim (Índia)18.336.000
São Paulo18.333.000
Nova Délhi (Índia)15.334.000
Calcutá (Índia)14.299.000
Buenos Aires (Argentina)13.349.000
Jacarta (Indonésia)13.194.000
Xangai (China)12.665.000
PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE NO MUNDO*
SAÚDE
A UNIÃO FAZ A FORÇAParece uma grande sopa de letrinhas, mas na verdade estamos falando das novas forças de barganha política e econômica mundiais. Os blocos de integração regional hoje contabilizam nove grandes grupos, número que deve crescer nos próximos anos
ALCAProjeto norte-americano paraintegrar comercialmente todosos países do continente, excetoCuba. Está parado por falta deacordo sobre as condições daintegração
APECNo Fórum Econômico da Ásia ePacífico (APEC) reúnem-se 21países da região com planos dechegar à livre troca demercadorias até 2020
CANA Comunidade Andina é ogrupo de países remanescentes
do Pacto de Cartagena, acordode cooperação assinado em1969 para a proteção dos mercados latino-americanos
CARICOMComunidade Caribenha deCooperação Econômica ePolítica, foi criada em 1973 ereúne as pequenas e frágeiseconomias da América Central
MERCOSUL Mercado Comum do Cone Sul,reúne Argentina, Brasil, Uruguaie Paraguai para acordoscomerciais privilegiados entre osmembros. O acordo teve suasestruturas abaladas com a crise
argentina de 2001, e muitosacreditam que ainda não serecuperou
NAFTAÉ o acordo de livre comércio dosEstados Unidos, Canadá eMéxico, que aprofundou asrelações entre os países e prevê a queda das barreirasalfandegárias em 2009
UNIÃO EUROPÉIAO mais consolidado dos blocoseconômicos tem a participaçãomaciça de 25 países, sendo queem 12 deles já circula umamoeda única
GEOPOLÍTICA
Número Porcentagemestimado de todasde mortes as mortes
(em milhões)
1º DOENÇAS CARDÍACAS 7,2 12,6%
2º DOENÇAS CEREBROVASCULARES 5,5 9,7%
3º DOENÇAS RESPIRATÓRIAS 3,9 6,8%
4º HIV/AIDS 2,8 4,9%
5º PULMONARES CRÔNICAS 2,7 4,8%
6º COMPLICAÇÕES PERINATAIS** 2,5 4,3%
7º DIARRÉIA 1,8 3,2%
8º TUBERCULOSE 1,6 2,7%
9º MALÁRIA 1,3 2,2%
10º CÂNCER DE TRAQUÉIA, BRÔNQUIOS E PULMÕES 1,2 2,2%*Referente às 57 milhões de mortes registradas que ocorreram em 2002 no mundo**Posterior ou anterior ao partoFonte: “World Health Report 2004” (OMS)
MU
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4 Denise Adams; 5 Paula Prandini
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ENTERmundo 27.09.06 18:16 Page 35
3 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
O relatório final do IPCC,
divul gado em abril,
reúne os dados mais
confiáveis de milhares
de estudos revisados por 2.300
cientistas de 130 países. Suas pági-
nas apresentam um quadro preo-
cupante em todos os continentes.
As geleiras tropicais dos Andes
podem desaparecer nas próximas
duas décadas, prejudicando o abas-
tecimento de cidades que depen-
dem de água do degelo, como La
Paz, na Bolívia, e reduzindo zonas
de agricultura irrigada, como as
vinícolas do Chile e da Argentina.
Na África, a região do Sahel, já
árida, pode perder de 5% a 8% de
área cultivável. Os países mais
populosos do mundo, China e
Índia, podem ver a produção agrí-
cola cair até 30%, mesmo inves-
tindo em mais irrigação. Uma ele-
vação de 1 metro no nível do mar
desabrigaria milhões de pessoas
em regiões como os deltas dos rios
Ganges, em Bangladesh, e Mekong,
no Vietnã.
O relatório também aponta algu-
mas aparentes vantagens para os
países mais frios. O calor pode ace-
lerar o crescimento das árvores nas
florestas dos Estados Unidos, do
Canadá, da Nova Zelândia, da
Finlândia e da Rússia e pode redu-
zir a mortalidade por doenças liga-
das ao frio, como gripe e tuberculo-
se. A Rússia e o Canadá podem até
ter maior área de florestas, com o
recuo das zonas permanentemente
congeladas, o permafrost. A Nova
Zelândia pode ganhar novas terras
disponíveis para agricultura e pecu-
ária. Essas vantagens compen-
A M B I E N T E
Na América Latina >> Fim das geleirasAs geleiras dos Andes (3) nas zonas tropicais poderão desaparecer em duas décadas, prejudicando o abastecimento de cidades que dependem de água do degelo.Isso comprometeria populações como a de La Paz, na Bolívia
>> Problemas na plantação A redução na vazão dos rios de geleiras poderá prejudicar as áreas de agriculturairrigada (4), como as vinícolas do Chile e da Argentina
AS AMEAÇASPARA O PLANETA
Relatório do IPCC, painel de clima da ONU, indica asgraves conseqüências do aquecimento global em todo o mundo até 2100
>>
Na América do Norte>> Problemas de respiraçãoO aumento da insolação deve piorar a poluição por ozônio nas cidades. O gás é resultado de reações químicas a partir do escapamento dos carros. Em cidades como Atlanta (EUA), o número de mortes por problemas respiratórios pode aumentar 4,5%
>> Racionamento de águaO aquecimento no oeste pode reduzir as chuvas e nevascas na região das Montanhas Rochosas (1). Deverá chover mais no inverno e menos no verão. A redução no suprimento de água e a maior demanda provocariam racionamento em cidades como Los Angeles
>> Menos energiaA redução nas chuvas e o aumento da evaporação podem diminuir a quantidade de água no sistema dos Grandes Lagos (2), entre os EUA e o Canadá. Isso criaria problemas para a navegação e a geração de energia
>> Fragilidade das florestas O calor poderá acelerar o crescimento de algumas árvores. Mas as florestas ficarão mais vulneráveis ao fogo e a pragas de regiões tropicais. A área atingida por incêndios poderá crescer até 118%
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4 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7
Assassinato de meninode 6 anos, no Rio deJaneiro, retoma discussão sobre maioridade penal
V I O L Ê N C I A
HÁ SOLUÇÃO PARAA BARBÁRIE?
HORRORACIMA, OS CRIMINOSOSDIEGO DA SILVA (À DIR.) E OMENOR ASSALTANTE, NOMOMENTO DA PRISÃO. ELESCONFESSARAM O ASSASSINATODO MENINO JOÃO HÉLIO ,ARRASTADO ATÉ A MORTEEM UM CARRO ROUBADO(AO LADO)
© 1
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4 2 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8
c u b a
Omais antigoditador domundoescolhe ahora e aformadedeixar opoder.Estamosdiante deumasegunda revolução?
Uma ilhanoCaribe,dotamanho de SantaCatarina e comoPIBmenorqueodaBahia,tornou-se, em feve-
reiro, o epicentro de um furacãomundial. O furacão leva o nome deFidel Castro, de 81 anos, o maiorsobrevivente da história políticamundial.O comunista Fidel resistiua 638 tentativas de assassinato, nascontas do regime cubano, a dez pre-sidentes americanos e a cinco pa-pas. De cada dez cubanos vivos,sete só conheceram um líder.Prolixo, barbudo, de carisma irre-futável, um amante de charutos,mulheres e beisebol, Fidel era o che-fe de governomais antigo domun-do até a 19 de fevereiro, quandodecidiu deixar a Presidência após49 anos para se tornar, como escre-veu em sua carta aberta, “um sim-ples soldado no campo das idéias”.Sua renúncia abriu um riquíssi-
mo debate sobre o abismo entre ossonhos e a realidade da revoluçãoque derrubou o ditador FulgencioBatista em janeiro de 1959. Mas,sobretudo, o ato inesperado deFidel, ao deixar voluntariamente opalco por fraqueza física, deixa noar uma interrogação principal eabre um leque de dúvidas: estarí-amos diante de uma segunda revo-lução cubana?Seu irmão Raúl Castro teria au-
tonomia para abrir a economia deCuba, seguindo o modelo adotadopela China, que mantém a censurae o controle político inalterados?Será que a liberdade de expressãoem Cuba deixará em algum mo-mento de ser vista como golpista,
A ilhAsemfidel
ícOnEFidel Castro deixou o poder depois dequase 50 anos. Cuba perde seu maiorvalor: o de símbolo da esquerda
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4 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
Escassez de reservas e a pressão de ambientalistas fazem com que o mundo busque fontes alternativas
A era do petróleo está che-
gando ao fim. De pender
desse com bustível como
fonte de energia está se
tornado inviável. Além do impacto
ambiental que sua queima provoca,
seus principais fornecedores são
países politicamente conturbados,
como o Irã, o Iraque e a Venezuela.
Como se não bastasse, o esgota-
mento das jazidas deve acontecer
em poucas décadas — segundo a
Agência Internacional de Energia
(AIE), as reservas do combustível
E N E R G I A
BEM ESCASSOPLATAFORMA DE EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO. RESERVAS DO COMBUSTÍVEL DEVEM ACABAR EM 40 ANOS
O FIM DOPETRÓLEO
devem secar em cerca de 40 anos.
O petróleo é um óleo de natureza
fóssil animal e vegetal, resultante da
decomposição orgânica. Ele corres-
ponde a 38,4% do consumo de
energia no Brasil e a 34,3% no
mundo todo. Composto quase
exclusivamente de hidrocarbonetos,
dele derivam-se a gasolina, o óleo
diesel e vários outros produtos,
como o plástico. A queima do petró-
leo libera dióxido de carbono (CO2)
na atmosfera. De acordo com o
Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC, na
sigla em inglês), relatório feito por
cientistas do mundo todo e publica-
do no início de 2007, o CO2 é o
principal gás responsável pelo aque-
cimento global. Outras fontes de
energia de origem fóssil são o car-
vão mineral e o gás natural. O carvão
é responsável por 25% da energia
consumida no planeta e 6,4% no
Brasil. As reservas desse material
são abundantes e de fácil extração,
por isso o custo é baixo. Mas, assim
como o petróleo, a queima também
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C O M B U S T Í V E L
A euforia em torno do combustível renovável se justifica econômica e ambientalmente?
Parece que o mundo passou aver o etanol como a soluçãopara todos os males dasmudanças climáticas. Afinal,ele é renovável e contribui
menos para o efeito estufa. Segundo aPetrobras, a gasolina e o álcool liberam,em média, 1,8 kg de CO2 para rodar 10km em um carro flex 1.0. A diferença éque a emissão pelo etanol e pela queimada cana é reabsorvida pelas plantações.
O Brasil produz 15,5 bilhões de li-tros/ano de etanol. O governo pretendedobrar esse número até 2013. Os carrosflex, que rodam com ambos os combus-tíveis, representam cerca de 73% dosautomóveis novos. Hoje o País exporta 3bilhões de litros/ano.
Se os EUA reduzirem o uso do petró-leo em 20% nos próximos 10 anos, pre-cisarão de 130 bilhões de litros de bio-combustível. O excedente brasileiroparece ínfimo perto desse número, mas,ainda que produzam a maior parte des-ses 130 bi, os EUA continuarão depen-dendo de importações. E o etanol brasi-leiro é o mais barato e eficiente.
Tão importante quando vender o pro-duto é investir em pesquisa e exportarconhecimento. Ainda que mercadoscomo o europeu prefiram fomentaroutras fontes renováveis, como o hidro-gênio, o Brasil tem muito espaço paralevar sua expertise para nações emdesenvolvimento. Jamaica e Nigéria jápossuem usinas “Made in Brazil”.
Muitos cientistas temem o avanço dacana sobre a vegetação nativa ou cultivosalimentícios. Os defensores discordam.Há 200 milhões de hectares de pastagemno Brasil. Se 10% disso fosse usado paraplantar cana, já seria sete vezes mais doque a área atual. Além disso, se a tecno-logia da hidrólise se consolidar, será pos-
A FEBREDO ETANOL
PRÓS
A FONTE É RENOVÁVEL
A CANA REABSORVE CO2,PRINCIPALMENTE DURANTE SEU CRESCIMENTO
O ÁLCOOL PODE EMITIR ATÉ 25%MENOS POLUENTES QUEA GASOLINA
O USO DO ÁLCOOL REDUZ OCONSUMO DE PETRÓLEO, POUPANDO EMISSÕES DE CO2
CONTRAS
A LAVOURA DA CANA-DE-AÇÚCARGERA MÁS CONDIÇÕES DE TRABALHO
AS QUEIMADAS LIBERAM FULIGEM EAFETAM A SAÚDE DA POPULAÇÃO LOCAL
O ÁLCOOL EMITE POLUENTES COMOALDEÍDOS E MONÓXIDO DE CARBONO
O CULTIVO DA CANA CONTAMINA LENÇÓIS FREÁTICOS COM AGROTÓXICOS
ANTES DE PÔR ÁLCOOL NO TANQUE, SAIBA:
etanol.qxd 6/4/07 0:48 Page 48
4 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7
Por que o Brasil avança lentamente em um tema tão dramático e fundamental quanto o combate ao crime e à violência?
ARTIGO> FERNANDO RODRIGUES*
Presos do PCC com refém em Junqueirópolis:eles controlam 90% dospresídios do estado deSão Paulo
V I O L Ê N C I A
O termo violência abrange um grandenúmero de situações de diversas
naturezas. Especificamente, violência urbana serefere a um conjunto de práticas ilegais queacontecem nas cidades e que se manifestam naforma de assaltos, seqüestros, homicídios etc.
De modo geral, as pessoas não partem paraa criminalidade quando estão com suasnecessidades sociais básicas atendidas, como oacesso aos serviços de educação, habitação,saúde e ao emprego, por exemplo. Ocrescimento acentuado da população urbana,em decorrência, sobretudo, do êxodo rural,
precariza esses serviços e, por vezes, excluigrande parte da população do uso deles. Essasituação, aliada à falta de perspectiva e àdesesperança das pessoas, criam um ambientepropício para o aumento da violência. Há que seconsiderar ainda o poder de sedução, por contade sua alta lucratividade, que atividades como otráfico de drogas exerce sobre a população mais vulnerável.
No entanto, seria um equívoco relacionar deforma direta o número excessivo de habitantese a pobreza com o aumento da violênciaurbana. Tóquio, por exemplo, é mais populosa
que Florianópolis e menos violenta que acapital catarinense. Da mesma forma que oestado do Rio de Janeiro, um dos mais ricos dafederação, é também o mais violento. Aopasso que o Maranhão, estado mais pobre doBrasil, é também o menos violento.
O fator decisivo para o aumento daviolência urbana é a desigualdade social e a concentração da riqueza, característicasmarcantes, principalmente, das cidades dos países subdesenvolvidos e também dos emergentes.
*PROFESSOR DO CURSINHO DA POLI
A ORIGEM DA VIOLÊNCIADesigualdade social e concentração de riquezas estão nas raízes do problema
CAOS NA SEGURANÇA
© Paulo Ribas/Correio do Estado/AE
violencia 28.09.06 16:23 Page 48
E N E R G I A
Um choque planetáriopor causa de colap-sos no fornecimento
de energia é uma preocupaçãoconstante. O Brasil já viveu essa
situação, com o apagão de 2001.Como se livrar desse risco? Falta ga-
rantir, além de todos os projetos de geraçãoprevistos para os próximos três anos, maisR$ 74 bilhões em investimentos para o pe-ríodo 2009-2015. Antes de 2009, a popu-lação não deve sentir o problema.
No mundo todo, decisões relativas àenergia movimentam bilhões, mexem cominteresses políticos e ambientais e têmimpactos duradouros. Para encontrar solu-ções para a questão energética no Brasil, épreciso examinar cada um dos termos deuma equação que reúne eletricidade, pe-tróleo, gás e fontes alternativas. Em segui-da, analisar o que estão fazendo China eÍndia, países com características seme-lhantes às nossas.
UM BEM CADA VEZ
+ RAROO mundo vive hoje uma preocupação constante com a possibilidade de colapsos de energia. Quais as saídas para o Brasil?
energia 28.09.06 16:27 Page 52
5 4 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8
Acrise hipotecáriatomao lugar do Iraquecomo temacentral dacampanhaeafeta aestratégia dos candidatos
a economia é a principal preocupação dopovo americano neste ano eleitoral. Coma crise das hipotecas
imobiliárias, o barril de petróleochegando a US$ 100, o preço dosalimentos registrando a maior altadesde 1990 (4,9%) e o desempregosubindo (4,7%), o desequilíbrioeconômico assusta. Nas pesquisasde opinião, a economia é o tópicoapontado como o de maior interesse, batendo a situação no Iraquee a ameaça do terrorismo.As propostas de democratas e
republicanos vêm principalmenteda mesma vertente: os incentivosfiscais. Para os republicanos, o corte geral de impostos parece umconsenso. Segundo a tese do“efeito cascata”, o corte de impostospara as camadas mais ricas ativa aeconomia, resultando emmais investimentos e aumento de consumo.Mas GeorgeW. Bush já repetiuessa fórmula durante seus dois
e s t a d o s u n i d o s
INCENTIVOS CONTRAACRISE: HIllARy (à ESq.) pROmETEuuS$ 70bIlHõES. ObAmA (CENTRO) “CObRIu”AOfERTA. A CRISE é RuImpARAmCCAIN (àdIR.)
Economiaempauta
mandatos. John McCain, o lídernas pesquisas nacionais entre osrepublicanos, foi o único que nãoassinou um documento elaboradopor um poderoso grupo de pressãoantiimpostos, prometendo não aumentar tributos. No entanto, nãopode dizer abertamente que é contra o corte de impostos, pois perderia o apoio de um tradicionalsegmento republicano, o dos conservadores fiscais. O que propõe,como todos os seus concorrentes,são incentivos fiscais para as classes média e baixa, mesmo que issoimplique o envio de dinheiro paraaqueles que nesta crise hipotecáriaestão indo à falência.No campo democrata, Hillary
Clinton lançou uma ambiciosa promessa de incentivos da ordem deUS$ 70 bilhões, caso seja eleitapresidente.No dia seguinte,Obamafixou seu número em US$ 75 bilhões, e John Edwards “cobriu aoferta”. Essa dinheirama toda seriadistribuída sob várias formas: au
mento do auxíliodesemprego,ajuda aos estados e cidades em piorsituação financeira, investimentosem melhoria de infraestrutura epesquisas na área de energia alternativa.Hillary Clinton propõe até a mo
ratória para os inadimplentes dashipotecas imobiliárias. BarackObama oferece incentivos semelhantes,mas seumaior pontodevenda é aretirada, “o mais rápido possível”,das tropas que estão no Iraque e quecustam diariamente US$ 275 milhões aos americanos.
vÁ fundo >>>para ler• “A Audácia da Esperança”, barack
Obama. larousse do brasil
para navegar• http://www.whitehouse.gov• http://www.uselections.com• http://www.fpc.state.gov/c9809.htm• http://eleicoeseua2008.blogspot.com
4eleioeseua.indd 54 1/4/2008 19:49:09
5 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7
O crescimento da economia global está no conjunto dos emergentesou a dupla China e Índiavai roubar a cena?
E C O N O M I A
A “CHÍNDIA” VAICOMANDAR?
CONTRASTEA PUJANÇA ECONÔMICAALCANÇADA POR XANGAICONVIVE COM A REPRESSÃOPOLÍTICA E O CERCEAMENTODA LIBERDADE INDIVIDUAL
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5 8 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8
Alémde sediar asOlimpíadas, país vive umturbilhão criativo, lançaprodutos inovadores erevela jovens talentos
Os chineses construí-ram uma das econo-mias mais prósperasdo mundo, em parteancorada na fabrica-
ção de bugigangas e falsificações.Hoje, uma nova geração de chinesesestá ganhando projeção internacio-nal, comum inusitado sensode ino-vação. Parte disso se deve à educa-ção: o país está formando novostalentos para injetar idéias inovado-ras na arena empresarial.Emparte, a recuperação da criati-
vidade chinesa tem raízes numalenta reformulação da estratégia decrescimento adotada pelo estado.Ogoverno entende que não há futuropara a China se ela permanecer co-moumamera linha de produção dasmais famosas marcas do mundo. Oinvestimento empesquisa e desen-volvimento de novas tecnologias foi
c h i n a
COMPRE CHINÊSCONSuMIdORES EMlOjAdAStARbuCkSNACIdAdE
PROIbIdA, EMPEquIM.COMOPREStígIO RECENtE
dO “MAdE IN CHINA”,ASMARCASglObAIS tÊM
ENfRENtAdORESIStÊNCIA
umAnovArevolução
multiplicado por cinco entre 1995 e2004 e chegou aUS$ 136 bilhões em2006, segundo a Organização paraa Cooperação do DesenvolvimentoEconômico. É quase a metade dosinvestimentos realizados pelosEstadosUnidos, os líderesmundiaisna geração de conhecimento.Segundo analistas internacionais,
o grandemotor da nova revolução éo renascimento do orgulho chinês.Não por acaso, o país está resgatan-do as tradições dos antepassados,banidasduranteaRevoluçãoCulturalpromovida por Mao Tsé-tung(1893-1976), entre as décadas de1960 e 1970. É comum ver jovensdesfilarem pelas ruas das grandescidades com a bandeira da Chinaestampada em camisetas. Tambémganhamespaço os grupos dedicadosà promoção da dinastia Han, a res-ponsável pela formação da nação
chinesa há quase 2 mil anos. Hoje,os chineses preferem comprar câ-meras e computadores da Aigo, in-dústria de eletroeletrônicos criadaem 1993, em Pequim, a similaresfabricados por multinacionais es-trangeiras.
O surto nacional de auto-estimaatinge tal dimensão que as marcasestrangeiras que chegam ao país es-tão em baixa. A rede americana decafeterias Starbucks diz que tomoutodos os cuidados necessários paraque a loja da Cidade Proibida, emPequim, inaugurada em 2000, nãoagredisse o visual do principal car-tão-postal do país – mas não estásendo poupada dos arroubos nacio-nalistas. Recentemente, uma ondade protestos contra a presença damarca americana em um local comtal importância histórica tomouconta da internet no país e ganhourepercussão em emissoras de TV.
No futuro, a ânsia por mudançaspoderá atingir também a área polí-tica.Afinal, indivíduos criativos nãocostumam conviver de forma pací-fica com governos totalitários e fe-chados, como o da China. Aindamais num ambiente de estímulo àlivre iniciativa na economia.
vÁ fundo >>>para ler• “China - uma Nova História”, Merle
Goldman, John King Fairbank. l&pM• “Mao – A História desconhecida”, Jung
chang, Jon Halliday. cia. das letras
para navegar•www.olympic.org/uk/index_uk.asp•www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ch.html
4CHINA.indd 58 1/4/2008 19:53:14
6 0 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8
ComooQuênia,consideradoumoásis detranquilidade africano,chegouàbeira deumaguerra civil
Não é nosso costumematar mulheres ecrianças.Maselasnãoquiseram sair. Então,botamos fogo nelas”,
disse o homem. No primeiro dia de2008, ele havia ajudado a incendiarvivos 50 de seus vizinhos dentro deum templo da Assembléia de Deusem Eldoret, a 300 km da capitalNairóbi, no Quênia. A explicação:eram quicuios assim como o presidenteMwaiKibaki, acusadode fraudar as eleições que lhe deram umsegundomandato,emdezembro.Parao incendiário de gente, até então umhomem comum, que por anos haviavivido lado a lado com pessoas deoutras tribos, a explicação pareciasuficiente.Para amaioria dos brasileiros, até
então o Quênia era o país dos sa
á f r i c a
OguerreirOdesconhecido
fáris de luxo e dos corredores quase imbatíveis.
No imaginário ocidental, o paísencarna vários clichês e interesses.Para o público médio, a África mítica das savanas, dos leões e dosguerreiros masais. Para os EstadosUnidos, um aliado geograficamente estratégico na guerra contra ofundamentalismo islâmico, logo aliem sua fronteira. Na geopolítica domundo, “uma das democraciasmais estáveis da África” e “umaeconomia próspera”.As nações africanas foram inven
tadas pelos colonizadores. Haviaperto de 10mil sociedades seguindosuas próprias regras quando os europeus riscaram o mapa político daÁfrica. No Quênia há 40 etnias.Apesarde seremosmaisnumerosos,os quicuios representam apenas
22%dapopulação.Desde a independência do Reino Unido, em 1963,ocuparam o poder pela maior partedo tempo, comandaramosnegócios,detiveram os privilégios.
DesigualDaDeQuase metade dos quenianos vivecom US$ 1 por dia— e 40% estãodesempregados. Mas, diferentemente de outros vizinhos africanos, onde quase todo mundo épobre, os quenianos vêem a riqueza bem ao lado, dia após dia. Nadaque o Brasil não conheça, aliás. Adiferença é que lá a maioria dosricos tem a cara redonda dos quicuios, o que torna a coisa um pouco mais pessoal. E foram os dirigentes quicuios que colocaram o“tigre africano” nas listas dos países mais corruptos do mundo.Não que o candidato da oposição,
Raila Odinga, da etnia luo, sejamuito diferente do presidente quicuio. Eles, inclusive, foram aliadosaté poucos anos atrás.Mas Odingafala a língua do povo — o que jálevou alguns analistas a dizer queele “cheira a Hugo Chávez”. E nessas eleições encarnava uma esperança de mudança.Quando Kibaki se declarou ven
cedor de uma eleição pródiga emdenúncias de urnas desaparecidasou queimadas e casos em que o número de votos era o dobro do totalde eleitores, os quenianos esqueceram que são o rosto sorridente doscartõespostais.Lançaram seu ódio contra os qui
cuios mais perto de sua casa — eobviamente só encontraramosmaispobres entre eles.
revoltaMoraDoresDa favelaDeKibera, eMNairóbi,protestaMCoNtraoresultaDoDaeleição
©1
“
4AFRICA.indd 60 1/4/2008 19:54:38
6 2 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7
A tênue fronteira quesepara a democracia de uma ditadura naVenezuela do populistaHugo Chávez
A M É R I C A L A T I N A
DITADORPÓS-MODERNO
POP STARCHÁVEZ SAÚDA A POPULAÇÃO EM CARRO A CÉU ABERTO,NO DIA DE SUA POSSE, EM JANEIRODESTE ANO
AMERICA LATINA.qxd 6/4/07 0:44 Page 62
Alarme falsoDesmatamento
diminui, mas ainda éum dos maiores
registrados pelo Inpe
A M B I E N T E
© Daniel Beltra/Greenpeace
RESGATAN O AAMAZÔNIA
Desmatamento 31% menor é boa notícia, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para a exploração sustentável da floresta
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Recentes protestos demonges tibetanos remetem a conflito que já temmais demeio século
As manifestações de monges budistas que tomaram as ruas doTibete emmarço remetem a uma questão já bastante antiga. Os
tibetanos, que foram independentes de 1912 até a invasão chinesade 1949, lutam por autonomia. O domínio chinês sobre o territóriotibetano já levamais demeio século. Em 1950, exércitos enviados porMao Tsé-tung anexaram o Tibete, que até então era uma região in-dependente. Nove anos depois, umamanifestação popular contra osdominadores culminou no exílio do líder espiritual, Dalai-lama, queconseguiu abrigo na Índia.
Nodia 10demarço de2008,monges tibetanos organizaramoutramanifestação para marcar o 49º aniversário do levante de Lhasa. Ogoverno chinês repreendeuduramente, prendendoalgunsmon-ges, oque funcionou comoestopimda crise: diversasmanifes-tações tomaram forma dentro e fora do Tibete.
Aprincipal reivindicaçãoéa independência,muito embo-ra Dalai-lama tenha abdicado desse objetivo para dialo-gar com a China. O governo chinês tem repreendido comenergia, afirmandoquea região fazpartedo seu territóriodesdemeados do século 13.
É impossível se precisar os danos, uma vez que todos os turistas ejornalistas estrangeiros tiveram que deixar a região no início dos con-frontos.Aprincipal informaçãodestoanteéonúmerodemortos.Fontesoficiais insistem em dizer que o total ainda não passou de dois dígitos,enquanto os tibetanos somamcentenas de baixas.
Outras açõesdogoverno chinêspara reprimir osmanifestantes têmcausado bastante repercussão no cenário mundial. Uma delas foi obloqueiode sites comooYouTube, impedindoqueos chinesespossamver na internet os protestos por todo o mundo e matérias veiculadaspela imprensa internacional.
Apoucosmesesdo iníciodasOlimpíadas, asmani-festaçõespreocupamogovernochinêseacomu-nidade internacional. Emsinal de repreensão,alguns países ameaçaram boicotar os Jogos,
repetindooacontecidoem1980,quando61pa-ísesdeixaramde iràediçãodeMoscou,apedidodos Estados Unidos. Dessa vez, Bush descartaoboicote,enquantoBélgicaeFrançasomam-seaos países que cogitamapossibilidade.
58ANOSNOTIBETEE+ MUNDO
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REVOLTAMONGESTIBETANOSPROTESTAMCONTRAACHINAEMDHARMSALA, NA ÍNDIA
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Á S I A
6 6 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
O OCIDENTESACODE A CHINA
O capitalismo está criando uma nova sociedade, próspera e desigual, sobre asruínas do maoísmo
Qual é o limite de um
país que cresce cerca de
9,6% ao ano há 30 anos
e que já foi a mais avan-
çada civilização entre os séculos 12
e 15? O único ponto sobre o qual não
existem dúvidas é que a velocidade
com que as coisas ocorrem na China
é capaz de confundir o analista mais
erudito. A seguir, um esforço de
captar o movimento de mudança.
DIREITOA demanda atual é por um sis-
tema legal confi ável, que regule
de forma justa as relações em um
país socialista que, apesar de ter
um componente rural majoritário,
possui 480 milhões de usuários de
telefones celulares, e dois terços da
economia estão nas mãos da inicia-
tiva privada.
A modernização econômica está
pressionando o surgimento de um
sistema legal mais forte. Há au-
mento das garantias dos cidadãos,
mas o direito civil chinês tem uma
história de apenas 30 anos. Até a
década de 1970, estudava-se le-
gislação com textos soviéticos da
década de 1950, que falavam de
luta de classes. O que importava
era o “direito público”. Não havia
leis sobre direitos individuais. Até
PRODUÇÃO DE CHÁ EM ANXIA INDUSTRIALIZAÇÃO CHINESA SE ALIMENTA DE MÃO-DE-OBRA BARATA
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6 8 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8
a m b i e n t e
ACOPmostroupontoscruciais na luta contra oaquecimentodoplaneta.Eles vãoguiar asdiscussões até2009
Oencontro para debater e negociar asbases de um acordointernacional paracombater o aqueci
mento global, na Conferência deMudanças Climáticas da ONU(COP), reuniu, no final do ano passado, em Bali, cerca de 11 mil pessoas, com representantes de 189países, entre diplomatas, técnicos,empresários,observadoresdeONGse jornalistas. Nos três últimos diasda COP, os ministros do meio am
PrOntAPArAAbrIgASul-COrEAnAPrOtEStAnA frEntEdA EntrAdA
dACOnfErênCIA.OdErrEtImEntOdOÁrtICO
éumdOS EfEItOSdOAquECImEntOglObAl
AAgendAestápronta
biente de 144 países chegaram paraassinar o documento final.No último dia de reuniões, a de
legação americana fincou pé emnãoestabelecer metas de redução deemissões de gases que provocam oefeito estufa.O documento final foiadiado. Em vez de metas, o preâmbulo do chamado Diálogo para aImplementação da Convenção falaapenas no reconhecimento de que“cortes profundosnas emissões globais serão necessários”.Apenas umanota de rodapé no texto final reme
te ao Painel Internacional SobreMudanças Climáticas (IPCC).As discussões em torno do docu
mento final da COP encobrem seuverdadeiro significado.ACOPnão éum ponto de chegada. Ela marca oinício das negociações que levarão aum novo acordo internacional, provavelmente em2009, emCopenhague, na Dinamarca, para limitar asemissões depoluentes responsáveispelo aquecimento global. Ao finaldesseprocesso,haveráumdocumento para substituir o Protocolo de
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7 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7 © 1 LEE JIN-MAN/AP; 2 DIVULGAÇÃO; 3 REPRODUÇÃO
P E S Q U I S A
J á se disse que este é o século das células-tronco, e o mundo acadêmico comemora
os avanços nas pesquisas sobre o assunto,colocando mais esperanças de cura paraaqueles que são cometidos por doenças ouenfermidades. Mas, ao mesmo tempo,novas situações surgem quando se colocaem questão a ciência, a religião, o governo.
O ponto de partida: quando considerar oinício da vida humana? Na fusão dos núcleosdo espermatozóide com o óvulo, na fase deembrião, na fase do feto ou quando recém-nascido? Para qualquer que seja a resposta,segue-se outra pergunta: justifica-se fazeruso deles para investigação científica com
CÉLULAS-TRONCO: BARREIRAS A SUPERARSegurança do paciente, domínio tecnológico e vontade política devem ser discutidos
Os debates em torno das células-troncoembrionárias parecem não ter fim. Apolêmica gira em torno dos meios de
obtenção das células que podem se transfor-mar em qualquer um dos 216 tecidos queformam nosso corpo.
Elas podem ser derivadas de embriõeshumanos ou pela transferência nuclear, naqual um óvulo desprovido de núcleo épreenchido com material retirado de umacélula adulta do possível paciente em questão.
Os cientistas querem trabalhar com ascélulas-tronco embrionárias por elas seremtotipotentes, capazes de produzir os 216 teci-dos do corpo. Células adultas podem pro-duzir apenas um tipo. O problema é que issosignifica que a vida humana será manipulada,se considerarmos que ela começa com afecundação do óvulo. É este o principal pontode discórdia entre cientistas e especialistas.
A discussão gira em torno da ética de uti-
lizar embriões que ao fim das pesquisasserão destruídos, mesmo que possam repre-sentar uma esperança de cura para inúmerasdoenças. E, quanto aos cientistas que nãoconcordam com a fecundação como marcodo início do ser humano, por que não podemir em frente com esses estudos?
A grande polêmica é: quando começa avida? Segundo cientistas, ela se inicia a par-tir do momento em que há atividade cerebral.Países como Reino Unido, Suécia, Espanha,Japão, Coréia do Sul, Israel, Austrália,Estados Unidos e Canadá, que permitempesquisas com células embrionárias, esta-beleceram limite para embriões de 14 dias,pois até essa etapa não há resquício do sis-tema nervoso.
Líderes judeus, budistas e muçulmanossão a favor das pesquisas, e os evangélicos sedividem quanto à questão. Já o catolicismoconsidera a existência de vida a partir domomento da fecundação do óvulo.
CÉLULAS DA ESPERANÇAEstudos com células retiradas de embriões e que podem se transformar em qualquer um dos tecidos humanos geram polêmica
© 2
ARTIGO> EDSON FUTEMA*
*PROFESSOR DO CURSINHO DA POLI
vistas a salvar milhares de pessoas —conforme preconizam os pesquisadores?
O assunto também exige outrasabordagens, além do dilema ético e moral.Primeiro, ainda, não está totalmenteesclarecido para os cientistas osmecanismos de ação da terapia celular emseres humanos usando-se as células-troncoembrionárias ou adultas sem comprometer asegurança do paciente. Segundo, énecessário conquistar o domínio técnico etecnológico sobre a obtenção, a manutençãoe a manipulação das células-tronco. E, porfim, mas não menos importante, é a vontade política dos governos em promover
o debate com a participação popular,viabilizando materiais e campanhas deinformação, em especial nas escolas, paraque tenhamos gerações de cidadãos maisbem preparados e conscientes, capazes de determinar a existência — ou não — desses limites e em quais parâmetros,assentadas numa legislação específica, aspesquisas podem caminhar. Devemoslembrar que no Brasil os recursosinvestidos em ciência e tecnologia sãooriundos dos tributos arrecadados junto àsociedade.
celulas tronco 28.09.06 16:30 Page 70
E S T A D O S U N I D O S
7 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
BUSH CONSEGUIUVIRAR O JOGO?
Democratas queriam forçar o presidente a deixar o Iraque. Mas os EUA começam a obter vitórias no front
Aestratégia dos demo-
cratas estava defi nida.
Quando o Congresso
americano voltasse do
recesso de verão, teria início uma
ofensiva contra a política do pre-
sidente George W. Bush para o
Iraque. O objetivo: explorar o fra-
casso da intervenção americana
para ganhar terreno até a eleição
presidencial de 2008. A principal
arma seria a pressão pela retirada
dos soldados americanos do Iraque.
Uma pesquisa da rede de TV britâ-
nica BBC mostrou que, em 22 paí-
ses, apenas 23% da população acha
que os americanos deveriam fi car
no Iraque até que a segurança do
país esteja garantida. Mesmo nos
EUA, essa taxa é de apenas 32%.
A idéia dos democratas era im-
por uma derrota ao presidente, que
continua apostando em vitória no
Iraque. A movimentação começaria
com a apresentação ao Congresso
do relatório dos principais res-
ponsáveis americanos pelo Iraque.
Diante do que seria, como se es-
perava, um fracasso do reforço das
tropas iniciado em janeiro, seria fá-
cil mostrar que os republicanos não
sabem como pôr fi m ao caos criado
com a invasão em 2003.
Mas as coisas não parecem estar
tão ruins no Iraque. E, em grande
parte, devido ao reforço nas tropas.
A principal novidade é a mudança
de estratégia, que dá prioridade à
segurança da população. Os solda-
dos abandonaram as grandes bases
militares e estão agora nas cidades
e no campo, onde moram os civis
iraquianos, as maiores vítimas da
violência sectária. “Isso ajudou
a tornar possível o renascimen-
to tribal sunita”, afi rma Anthony
Cordesman, do Centro de Estudos
Estratégicos e Internacionais, que
também foi para o Iraque. Esse é o
mais inesperado efeito do reforço
de tropas. Líderes tribais sunitas se
viraram contra a Al Qaeda. Os bru-
tais métodos dos radicais islâmicos
para impor sua visão do Islã, os ca-
samentos forçados, os seqüestros
e o assassinato de líderes locais
levaram um número substancial
BEM NA FOTOBUSH POSA COM SOLDADOS EM ANBAR. AMERICANOS E SUNITAS AGORA LUTAM JUNTOS NO IRAQUE
© 1
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7 4 G a l i l e u e s p e c i a l v e s t i b u l a r 2 0 0 8
Governoanuncia sistemapara cortar créditode fazendeiros quedesmatam ilegalmente.Seráque vai dar certo?
Umemcada três bifesconsumidos noBrasil vem da Amazônia.Ocrescimentodapecuária na região
trouxe benefícios econômicos e sociais para o País. Isso possibilitouaos cidadãos das classes menosfavorecidas comer carne diariamente. Também houve um recordenas exportações agropecuárias em2007. O anúncio do aumento nosíndices de desmatamento foi umbalde de água fria sobre os produtores rurais. O rebanho de 70milhõesde cabeças de gado, que ocupa 78%das áreas abertasna floresta, foi acusadode ser o responsável pelo retorno das derrubadas.Agora, quem decide o futuro da
Amazônia não é o Ministério doMeio Ambiente, nem ambientalistas, nem fazendeiros, mas oConselho Monetário Nacional(CMN).Uma resolução doCMNvaimodificar o financiamento para apecuária na Amazônia. A medidavisa desestimular a abertura de novas áreas de floresta e paralisar odesmatamento. Isso pode mudaruma política de 40 anos de concessão de créditos para a região Norte.As novas regras estão sendo construídas por uma comissão integrada de cincoministérios. Elas devemser impostas por bancos privados epúblicos antes de concederem dinheiro aos produtores rurais. Umsistema nacional com informaçõessobre a situação ambiental e fundiária da propriedade privada também vai ser desenvolvido.Outro ponto da medida é exigir
dos frigoríficos que só comprem
a m a z ô n i a
DeVaStaÇÃoGaDoé conDuziDoemáreaDeproteÇÃoambientalDe SÃoFélix DoxinGu, nopará. omunicípio éumDoS campeõeSDeDeSmatamento
AnovAlistAdosdesmatadores
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7 4 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7
Com democratas nocomando da Câmara edo Senado, os EUA sepreparam para aseleições presidenciais
E L E I Ç Õ E S E U A
A NOVA CARAPOLÍTICA DOS EUA
Al Gore, DEMOCRATA, EX-VICE-PRESIDENTE
IDADE: 58 ANOS
QUEM É: VICE-PRESIDENTE DE BILL CLINTON E CAN-
DIDATO DERROTADO EM 2000. DESMENTIU QUE
TIVESSE AMBIÇÕES PRESIDENCIAIS DEPOIS DO ÊXITO
DE SEU FILME SOBRE O AQUECIMENTO GLOBAL:
“UMA VERDADE INCONVENIENTE”, MAS NÃO
DESCARTA A IDÉIA DE SE CANDIDATAR. UMA
PESQUISA DA REVISTA “TIME” MOSTRA QUE GORE É,
DE LONGE, O “CANDIDATO” QUE MAIS CRESCEU NA
PREFERÊNCIA DOS ELEITORES.
Barack Obama, DEMOCRATA,
SENADOR POR ILLINOIS (NORTE DOS EUA)
IDADE: 45 ANOS, CASADO, TEM DUAS FILHAS
QUEM É: É CONSIDERADO CARISMÁTICO E MIDIÁTICO
PELOS SEUS PARES E É O PRIMEIRO CANDIDATO
NEGRO COM CHANCES DE DISPUTAR A PRESIDÊNCIA.
OPOSITOR FERRENHO DA POLÍTICA DE BUSH, É CON-
TRA A GUERRA DO IRAQUE E AFIRMA TER PLANOS
PARA ACABAR COM O CONFLITO. COMO SENADOR,
TRABALHOU EM PROL DA EDUCAÇÃO E PARA DESO-
NERAR A POPULAÇÃO DE ALTOS IMPOSTOS.
John Mccain, REPUBLICANO,
SENADOR PELO ARIZONA (SUDOESTE DOS EUA)
IDADE: 70 ANOS, CASADO, TEM SETE FILHOS
QUEM É: FOI CONSIDERADO HERÓI NA GUERRA DO
VIETNÃ. NO SENADO DESDE 1987, TEM ATUAÇÃO NOS
COMITÊS DE CIÊNCIA, COMÉRCIO E TRANSPORTES. É A
FAVOR DA GUERRA DO IRAQUE E DO ENVIO DE
TROPAS AO PAÍS, MAS COM SEU ESTILO DIRETO
CHEGOU A CRITICAR BUSH PELA FORMA COMO ELE
ESTARIA CONDUZINDO O CONFLITO. PERDEU PARA
BUSH A INDICAÇÃO DO PARTIDO REPUBLICANO PARA
DISPUTAR A PRESIDÊNCIA EM 2000.
Rudy Giuliani, REPUBLICANO E
EX-PREFEITO DE NOVA YORK
IDADE: 63 ANOS
QUEM É: ESTÁ MUITO BEM POSICIONADO NAS
PESQUISAS DE INTENÇÃO DE VOTO. FOI PREFEITO DE
NOVA YORK DUAS VEZES CONSECUTIVAS E ADOTOU
A POLÍTICA “TOLERÊNCIA ZERO”. POR CAUSA DISSO,
A CRIMINALIDADE CAIU 56% E O ÍNDICE DE ASSASSI-
NATO CAIU 66% NA CIDADE, DUAS DE SUAS PRINCI-
PAIS METAS. NOVA YORK PASSOU A SER CONSIDERA-
DA PELO FBI CIDADE MODELO E ATRAIU OS TURISTAS.
Hillary Clinton, DEMOCRATA,
SENADORA POR NOVA YORK E EX-PRIMEIRA DAMA
IDADE: 59 ANOS, CASADA, TEM UMA FILHA
QUEM É: SERÁ A PRIMEIRA MULHER A CONCORRER À
PRESIDÊNCIA NOS EUA. FOI A PIONEIRA NA AMÉRICA
LATINA, NA POSIÇÃO DE PRIMEIRA-DAMA, A TRABA-
LHAR EM FAVOR DA FAMÍLIA, DOS DIREITOS DA
MULHER E DOS DIREITOS HUMANOS, NO MUNDO
TODO. APÓS O ATAQUE DE 11 DE SETEMBRO, JÁ COMO
SENADORA, PASSOU A LUTAR POR MELHORES
CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E NA MELHORA DOS
SERVIÇOS DE INTELIGÊNCIA.
O FUTURO DONO DO MUNDOQuem são os possíveis candidatos à presidência dosEstados Unidos, em 2008
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Á F R I C A
7 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
O CONTINENTE MAIS MISERÁVEL
Conflitos étnicos e epidemia de Aids tornam países da África os mais pobres do planeta
Segundo o último relató-
rio do PN UD (Programa
das Nações Uni das para
o Desenvolvimento), di-
vulgado em novembro de 2006,
a expectativa de vida ao nascer
na África subsaariana (que abriga
os 47 países ao sul do deserto do
Saara), região mais miserável do
planeta, diminuiu nas últimas três
décadas. Entre os fatores que con-
tribuem para a situação de miséria
da África estão as guerras civis e
confl itos étnicos religiosos e a de-
fi ciência no sistema de saúde pú-
blica, com destaque para a tragédia
da Aids no continente.
CONFLITOS:DARFUR
Começou em 2003, quando gru-
pos étnicos africanos se rebelaram
por serem discriminados pelo go-
verno árabe. Atualmente os cam-
pos de refugiados, que fi cam no
FOMEDISTRIBUIÇÃO DECOMIDA EM CAMPO DE REFUGIADOS EM DARFUR
Sudão e, principalmente, no Chade
(país vizinho), abrigam cerca de 2,5
milhões de pessoas. A guerra, que
dura mais de 4 anos, já matou mais
de 200 mil sudaneses.
RUANDAEm 1994, mais de 800 mil pes-
soas morreram em 100 dias. O
confl ito envolveu os dois princi-
pais grupos étnicos da região: os
hutus, que lideravam Ruanda, e os
tutsis. O presidente Juvenal Habya-
rimana foi assassinado, e os hutus
passaram a matar os tutsis. O ge-
nocídio terminou quando os rebel-
des tutsis tomaram o poder. Cerca
de 2 milhões de hutus emigraram
para Burundi, Tanzânia, Uganda e
República Democrática do Congo.
Alguns dos refugiados se rebelaram
e tentam agora reaver a liderança
de Ruanda promovendo ataques a
partir das fronteiras do país, assim
como os tutsis fi zeram no passado.
Apesar de eleições terem sido rea-
lizadas em 1999 e 2003, a reconci-
liação entre tutsis e hutus tem sido
complicada. A centralização do po-
der e a intolerância continuam.
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGOO ex-presidente Mobutu Sese
Seko tomou o poder em 1965, mu-
dou o nome do país para Zaire e
permaneceu no cargo durante 32
anos. Em 1997, o governo de Mo-
butu foi derrubado, e Laurent Kabi-
la tornou-se presidente. Em 2001,
Kabila foi assassinado, e seu fi lho
Joseph Kabila fi cou no comando
do país. No ano seguinte, o novo
presidente teve sucesso na nego-
ciação para que tropas de Ruanda
se retirassem do leste do Congo, e
um acordo de paz foi assinado. Um
governo transitório foi formado em
2003 com Joseph Kabila como pre-
sidente. Em 2006, Vital Kamerhe
foi eleito presidente.
BURUNDIPrimeiro presidente do país elei-
to democraticamente, o hutu Mel-
chior Ndadaye foi assassinado por
facções tutsis em outubro de 1993.
O confl ito entre as etnias hutu e
tutsi fez mais de 200 mil vítimas
fatais em poucos dias. Milhares de
pessoas fugiram para países vizi-
nhos. Um acordo de paz foi assina-
do em 2003, e uma nova constitui-
ção entrou em vigor em 2005. No
mesmo ano, o hutu Pierre Nkurun-
ziza foi eleito presidente e assinou
um cessar-fogo com o último gru-
po rebelde do país, em 2006.
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7 8 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 7
Conflito que jámatou 200 milcivis ameaçafazer mais vítimas
Aescassez é a chave paraentender o conflito emDarfur, região do oestedo Sudão, na África.Darfur significa terra dos
furs, uma das etnias que habitam aregião, junto com os massaleets e oszagawas, três grupos de fazendeirossedentários. A disputa entre eles e osnômades árabes se tornou tensa desdeque uma seca prolongada nos anos1980 empobreceu os campos deDarfur. A tensão se transformou emconflito aberto em 2003.
Rebeldes de Darfur atacaram insta-lações do governo na região, exigindoautonomia. Um cessar-fogo mediadopelo governo do Chade, país vizinhodo Sudão, foi acertado em dezembrode 2003, mas rebeldes do Exército deLibertação do Sudão e do Movimentopor Justiça e Igualdade voltaram aatacar alvos governamentais. Aí apare-ceram os janjaweeds. A milícia árabepassou a atacar as aldeias habitadaspelos furs, massaleets e zagawas. Ogoverno de Cartum nega estar por trásdos ataques dos janjaweeds às aldeias,mas sabe-se que a milícia árabe foifinanciada pelo governo para manteros rebeldes de Darfur à distância.
Estima-se que o número de mortosna região seja no mínimo 200 mil. Amaioria das agências humanitáriastrabalha com a cifra de 400 mil mor-tos. Há hoje mais de 2 milhões de refu-giados vivendo nesses campos.
Desde a fracassada tentativa de darfim aos abusos cometidos na guerracivil da Somália em 1993, os EstadosUnidos relutam em intervir na África.Ao que tudo indica, a crise na região deDarfur ameaça descambar para omesmo tipo de tragédia.
Á F R I C A
DESOLAÇÃOCENA COMUM ENTRE
OS REFUGIADOS DEDARFUR, NO OESTE
DO SUDÃO
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO:ENFRENTA UMA GUERRA CIVIL DESDE 1998 QUE TEM COMO
FUNDO A DISPUTA POR DIAMANTE, OURO E ESTANHO. MAIS
DE 4 MILHÕES DE PESSOAS JÁ MORRERAM NO CONFLITO.
SERRA LEOA: OS DIAMANTES SÃO O CARRO-CHEFE DA
ECONOMIA NACIONAL. O PAÍS POSSUI O SEGUNDO PIOR
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH), APENAS
SUPERADO POR NÍGER. NOS ANOS 1990, O GOVERNO INICIOU
UM COMBATE COM A FRENTE REVOLUCIONÁRIA UNIDA (RUF).
EM 2001, SELARAM UM ACORDO DE PAZ.
SOMÁLIA: ABRIGA O MAIOR NÚMERO DE SUBNUTRIDOS
DO MUNDO — 75% DA POPULAÇÃO. HÁ MAIS DE DEZ ANOS
SOFRE COM A GUERRA CIVIL. AS VÁRIAS MILÍCIAS DISPUTAM
O PODER E QUEREM DERRUBAR O GOVERNO MANTIDO COM
AJUDA DE SOLDADOS ENVIADOS PELA ETIÓPIA.
Fronteiras estabelecidas no século 15 são uma das causas dos diversos conflitos
VÁ FUNDO >>>PARA LER• “África: Terra, Sociedades e
Conflitos”, Nelson Bacic. Moderna• “África: Horizontes e Desafios no
Século XXI”, Charles Pennaforte.Atual
• “A África na Sala de Aula: Visitaà História Contemporânea”, LeilaLeite Hernandez. Selo NegroEdições
PARA NAVEGAR• www.africa-union.org• www.darfurgenocide.org• www.savedarfur.org
NINGUÉM PARA EVITARUM GENOCÍDIO
CONTINENTE EM GUERRA
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8 0 G A L I L E U E S P E C I A L V E S T I B U L A R 2 0 0 8
STFadia o julgamentosobre ousode embriõesempesquisas e frustrapacientes que só têmessaopçãode cura
Asessão do SupremoTribunal Federal quepretendia dar umveredicto sobre apolêmica do uso de
embriões humanos em pesquisasem março foi adiada novamente.Por tempo indeterminado. Comoraramente acontece na mais altacorte de Justiça brasileira, os mi-nistros estão diante de uma ques-tão de princípios. Examinar valoresque se contrapõem: o direito à vi-da, o direito à saúde, a livre mani-festação do progresso científico, orespeito à fé religiosa. Foi por essarazão que o ministro Carlos AyresBritto, relator do caso, se entusias-mou com o tema das células-tron-co. Preparou um voto de 78 páginasque foi lido durante quase duas ho-ras. Concluiu que o artigo da Leide Biossegurança que autorizou aspesquisas com embriões não é in-constitucional.Oministro CarlosAlbertoMene-
zesDireito pediu vista do processo,o que adiou o julgamento por tem-po indeterminado. A ação de in-constitucionalidade chegou ao STF
P E S Q U I S A
ENTRAVEÀPESQUISA
há quase três anos. De lá para cá, otema das células-tronco embrio-nárias tem sido discutido ampla-mente dentro e fora do Supremo.O caso dos embriões corre o ris-
co de ir para o fim da fila. Esse é opior cenário para os pacientes e pa-ra os cientistas. Enquanto a lei nãoé declarada inconstitucional, os es-tudos comembriões podemser rea-lizados no Brasil. No entanto, oscomitês de ética das universidades,as agências de apoio à pesquisa e asempresas não se sentem segurospara autorizar e financiar trabalhosque podem ser interrompidos deuma hora para outra. Isso desesti-mula a inovação numa das áreasmais promissoras da ciência.NoBrasil, apenas dois grupos tra-
balham com células de embrião. Odo neurocientista Stevens Rehen,da Universidade Federal do Rio deJaneiro, e o da geneticista Lygia daVeiga Pereira, da Universidade deSão Paulo. Nos Estados Unidos, jáforam concedidas 57 patentes queenvolvem células-tronco embrio-nárias humanas. Há mais de 300outros pedidos de patente em aná-
lise. Três empresas americanas ob-tiveram bons resultados em testescom animais e devem começar atestar terapias em humanos aindaem 2008. A Geron testará um im-plante de células-tronco embrioná-rias em 40 pessoas que sofreramlesões namedula. A Advanced CellTechnology investe numa terapiacontra a perda da visão provocadapela degeneraçãomacular. ANovo-cell pretende testar um transplantecontra o diabetes tipo 1.Não há garantia de que essas ex-
periências dêem certo em huma-nos. Até hoje, não existe no mun-do nenhuma terapia derivada decélulas-tronco embrionárias.Muitas das promessas em tornodelas podem sermeras ilusões.Nosúltimos anos, elas catalisaram aesperança de milhões de pessoasem todo o mundo.Portadores de doenças como
Parkinson, Alzheimer, lesões me-dulares emoléstias provocadas porerros genéticos enxergam nas cé-lulas-tronco uma chance de reco-meço. Em tese, elas poderiam sercultivadas em laboratório e dar ori-
Por enquanto, oBrasil terá de secontentar comasexperiências comcélulas-tronco adultas
Elas são encontradas no sanguee na medula óssea (extraídada bacia). Mas elas não setransformam em qualquer tecidodo organismo Em cada 1 milhão de células
da medula, apenas uma tem altacapacidade de transformação
EAGORA?
1 ColunaEm2003,pesquisadoresdaFaculdadedeMedicinadaUSPinjetaramascélulasempacientescom lesãomedular.Maisdametaderecuperouapassagemdosimpulsoselétricossensitivosdaspernasemdireçãoaocérebro.Nenhumvoltouaandar
Pode, mas... Enquanto o STF não vota, as pesquisas com embriões são legais. Mas ninguém quer investir
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1. A reforma ortográfica vem aí - parte 2 Agora veremos o que estabelece o novo acordo ortográfico a respeito do uso do hífen: 1ª) Nas formações com prefixos (ANTE, ANTI, ARQUI, AUTO, CIRCUM, CO, CONTRA, ENTRE, EXTRA, HIPER, INFRA, INTER, INTRA, SEMI, SOBRE, SUB, SUPER, SUPRA, ULTRA...) e em formações com falsos prefixos (AERO, FOTO, MACRO, MAXI, MICRO, MINI, NEO, PAN, PROTO, PSEUDO, RETRO, TELE...), só se emprega o hífen nos seguintes casos:
a) Nas formações em que o segundo elemento começa por “H”: ante-histórico, anti-higiênico, anti-herói, anti-horário, auto-hipnose, circum-hospitalar, co-herdeiro, infra-hepático, inter-humano, hiper-hidratação, neo-hamburguês, pan-helênico, proto-história, semi-hospitalar, sobre-humano, sub-humano, super-homem, ultra-hiperbólico...
Observação: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos “DES-“ e “IN-“ e nas quais o segundo elemento perdeu o “h” inicial: desumano, desarmonia, desumidificar, inábil, inumano...
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na MESMA VOGAL com que se inicia o segundo elemento: auto-observação, anti-imperialismo, anti-inflacionário, anti-inflamatório, arqui-inimigo, arqui-irmandade, contra-almirante, contra-ataque, infra-assinado, infra-axilar, intra-abdominal, proto-orgânico, re-eleger, semi-inconsciência, semi-interno, sobre-erguer, supra-anal, supra-auricular, ultra-aquecido, eletro-ótica, micro-onda, micro-ônibus...
Observações: 1ª) Nas formações com o prefixo “CO-“, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação, coordenar... 2ª) Nas formações com os prefixos “CIRCUM-“ e “PAN-“, quando o segundo elemento começa por “h”, vogal, “m” ou “n”, devemos usar o hífen: circum-hospitalar, circum-escolar, circum-murado, circum-navegação, pan-africano, pan-americano, pan-mágico, pan-negritude...
2ª) Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO, PSEUDO, SEMI, SUPRA, ULTRA, ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE, se o segundo elemento começa por “s” ou “r”, devemos dobrar as consoantes, em vez de usar o hífen: Como era: auto-retrato, auto-serviço, auto-suficiente, auto-sustentável, contra-reforma, contra-senso, infra-renal, infra-som, intra-racial, neo-romântico, neo-socialismo, pseudo-rainha, pseudo-representação, pseudo-sábio, semi-reta, semi-selvagem, supra-renal, supra-sumo, ultra-radical, ultra-romântico, ultra-som, ultra-sonografia, ante-republicano, ante-sala, anti-rábico, anti-racista, anti-radical, anti-semita, anti-social, arqui-rival, arqui-sacerdote, sobre-renal, sobre-roda, sobre-saia, sobre-salto...
Como fica: autorretrato, autosserviço, autossuficiente, autossustentável, contrarreforma, contrassenso, infrarrenal, infrassom, intrarracial, neorromântico, neossocialismo, pseudorrainha, pseudorrepresentação, pseudossábio, semirreta, semisselvagem, suprarrenal, suprassumo, ultrarradical, ultrarromântico, ultrassom, ultrassonografia, anterrepublicano, antessala, antirrábico, antirracista, antirradical, antissemita, antissocial, arquirrival, arquissacerdote, sobrerrenal, sobrerroda, sobressaia, sobressalto... Com os prefixos terminados em vogal, se o segundo elemento começa por uma vogal diferente, devemos escrever sem hífen: Como era: auto-adesivo, auto-análise, auto-idolatria, contra-espião, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-acadêmico, neo-irlandês, proto-evangelho, pseudo-artista, pseudo-edema, semi-aberto, semi-alfabetizado, semi-árido, semi-escravidão, semi-úmido, ultra-elevado, ultra-oceânico... Como fica: autoadesivo, autoanálise, autoidolatria, contraespião, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoacadêmico, neoirlandês, protoevangelho, pseudoartista, pseudoedema, semiaberto, semialfabetizado, semiárido, semiescravidão, semiúmido, ultraelevado, ultraoceânico... 3ª) Com os prefixos HIPER, INTER e SUPER, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “h” ou “r” (essa regra não foi alterada):
1) hiperativo, hiperglicemia, hiper-hidratação, hiper-humano, hiperinflação, hipermercado, hipermiopia, hiperprodução, hiper-realismo, hiper-reativo, hipersensibilidade, hipertensão, hipertiroidismo, hipertrofia,;
2) interação, interativo, intercâmbio, intercessão, interclubes, intercolegial, intercontinental, interdisciplinar, interescolar, interestadual, interface, inter-helênico, inter-humano, interlinguístico, interlocutor, intermunicipal, internacional, interocular, interplanetário, inter-racial, inter-regional, inter-relação, interseção, intertextualidade, intervocálico;
3) superaquecido, supercampeão, supercílio, superdosagem, superfaturado, super-habilidade, super-homem, superinvestidor, superleve, superlotado, supermercado, superpopulação, super-reativo, super-requintado, supersecreto, supersônico, supervalorizado, supervisionar.
4ª) Com o prefixo SUB, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “b” ou “r”: subaquático, sub-base, subchefe, subclasse, subcomissão, subconjunto, subcutâneo, subdelegado, subdiretor, subdivisão, subeditor, subemprego,
subentendido, subestimar, subfaturado, subgrupo, subitem, subjacente, subjugado, sublingual, sublocação, submundo, subnutrido, suboficial, subpovoado, subprefeito, sub-raça, sub-reino, sub-reitor, subseção, subsíndico, subsolo, subterrâneo, subtítulo, subtotal. Segundo a regra antiga, se a palavra seguinte começasse pela letra “H”, deveríamos escrever sem hífen: subepático e subumano. As novas edições de nossos principais dicionários já registram as formas com hífen, como prefere o novo acordo ortográfico: sub-hepático e sub-humano. 5ª) Vejamos alguns casos em que não se usava o hífen. Deveríamos escrever sempre “tudo junto” (= sem hífen). Segundo o novo acordo ortográfico, devemos usar o hífen se o segundo elemento começar por “h” ou por vogal igual à vogal final do pseudoprefixo: MACRO - macroeconomia; MICRO - microcomputador, micro-onda, micro-ônibus, microrradiografia; MINI - minidicionário, mini-hotel, minissaia, minirreforma; RE - re-erguer, re-eleger, rever, rerratificação; TELE - telecomunicações, tele-entrega, televendas, telessexo;
Observação: Com o prefixo “CO-“, o uso do hífen era obrigatório: co-autor, co-fundador, co-seno, co-tangente... Com o novo acordo ortográfico, o hífen só será obrigatório se o segundo elemento começar por “H” ou vogal igual: co-herdeiro, co-organização, coautor, cofundador, cosseno, cotangente. Nas formações com o prefixo “CO-“, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação, coordenar...
2. E o trema vai morrer Agora vamos ver o que acontecerá com o trema. Com o novo acordo ortográfico o uso do TREMA será totalmente abolido. Como era? Usávamos o trema na vogal “u” (pronunciada e átona), antecedida de Q ou G e seguida de E ou I. O objetivo do trema era distinguir a vogal “u” muda (= não pronunciada) da vogal “u” pronunciada: QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente; QUI = quilo, adquirir, química; QÜI = tranqüilo, eqüino, iniqüidade; GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe, enxagüemos; GUI = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI = lingüiça, pingüim, argüir.
Palavras que recebiam trema: agüentar, argüir, argüição, averigüemos, apazigüemos, bilíngüe, cinqüenta, conseqüência, conseqüente, delinqüência, delinqüente, deságüe, enxágüe, freqüência, freqüente, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, qüinqüênio, qüinqüenal, sagüi, seqüência, seqüestro, tranqüilo... Palavras que não recebiam trema: adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário... Como fica? Todas sem trema: aguentar, arguir, arguição, averiguemos, apaziguemos, bilíngue, cinquenta, consequência, consequente, delinquência, delinquente, deságue, enxágue, frequência, frequente, linguiça, pinguim, quinquagésimo, quinquênio, quinquenal, sagui, sequência, sequestro, tranquilo; adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário. Observações:
a) Não esqueça que jamais houve trema quando a vogal “u” estava seguida de “o” ou “a”: ambíguo, longínquo, averiguar, adequado...
b) Se a vogal “u” fosse pronunciada e tônica, deveríamos usar acento agudo em vez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem, ele argúi, eles argúem...
Este acento também foi abolido: que ele averigue, que eles apaziguem, ele argui, eles arguem...
c) Palavras com dupla pronúncia (o uso do trema era facultativo). Com a reforma ortográfica, seremos obrigados a escrever sem trema: antiguidade, antiquíssimo, equidistante, liquidação, liquidar, liquidez, liquidificador, líquido,sanguinário, sanguíneo.
d) Também com dupla pronúncia (sempre sem trema): Catorze e quatorze Cota OU quota Cotizar OU quotizar Cotidiano OU quotidiano