Comparação de protótipos de armadilhas e atraentes de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PARASITOLOGIA CARLA MARIA DIAS LOPES Comparação de protótipos de armadilhas e atraentes de oviposição para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus Say, (1823) (Diptera: Culicidae) em campo BELO HORIZONTE MINAS GERAIS – BRASIL 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PARASITOLOGIA

CARLA MARIA DIAS LOPES

Comparação de protótipos de armadilhas e atraentes de

oviposição para captura de fêmeas grávidas de

Culex quinquefasciatus Say, (1823) (Diptera: Culicidae) em campo

BELO HORIZONTE

MINAS GERAIS – BRASIL

2007

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II

CARLA MARIA DIAS LOPES

Comparação de protótipos de armadilhas e atraentes de

oviposição para captura de fêmeas grávidas de

Culex quinquefasciatus Say, (1823) (Diptera: Culicidae) em campo

ORIENTADOR: Dr. ÁLVARO EDUARDO EIRAS

BELO HORIZONTE MINAS GERAIS – BRASIL

2007

Dissertação apresentada ao Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito final para a obtenção do título de Mestre em Parasitologia. Área de concentração: Entomologia

III

Aos meus pais e irmã pela presença sempre constante.

IV

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Álvaro Eduardo Eiras, pela orientação, estímulo, paciência, confiança e amizade,

meu agradecimento especial.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão de bolsa de mestrado.

À coordenação da Pós-Graduação em Parasitologia da Universidade Federal de Minas

Gerais (UFMG), aos professores e funcionários do Departamento, pela estrutura oferecida

ao bom desenvolvimento deste trabalho.

Ao Laboratório de Ecologia Química de Insetos Vetores, que me acolheu, pela estrutura

física e pelo corpo de pesquisadores, sempre disponíveis e estimuladores incansáveis.

À minha querida Turma de Mestrado “Família Mexicana” (Ana Flávia, Ceres Luciana,

Fernanda Regina, Kelly Key, Priscila Helena, Renata Cristina e Sydnei Leonardo), pelos

bons e maus momentos compartilhados durante o curso.

Às regionais Venda Nova, Norte e Pampulha e seus funcionários Francisco (Venda Nova),

Nerice e Adriana (Norte) e Cristiano (Pampulha) pelo auxílio fundamental na busca e

contato com residentes de áreas dos trabalhos em campo.

Aos proprietários e funcionários do clube Lareira, da Ilumef e da oficina do Nem, que

sempre estiveram de portas abertas para realização de qualquer experimento ao qual me

propusesse.

À Maria Cristina, pelo auxílio contínuo na realização da análise da paridade.

Ao Tiago, que com muito carinho, sempre se dispunha a me levar ao campo.

V

Ao João, pelo auxílio fundamental na tradução.

Á Rosemary Roque pelo importante auxílio nas análises estatísticas.

À Ione, por tornar possível o contato com os funcionários das regionais.

Ao Dr. Ivan, do Departamento de Estatística da Escola de Veterinária da UFMG, meu

agradecimento pelo auxílio no tratamento estatístico dos dados biológicos.

À todas as instituições e pessoas que contribuíram diretamente para a realização deste

trabalho, o meu muitíssimo obrigada!

AGRADECIMENTOS PESSOAIS

À minha família querida, tenho muito a agradecer: ao meu pai pelos bons conselhos e

suporte financeiro nos momentos de aperto, a minha mãezinha querida pelo colo naqueles

dias em que parecia que iria fraquejar, e a minha irmã pela admiração e confiança.

Ao Tiago, pelo relacionamento que tanto cresceu e se consolidou nos últimos meses,

agradeço pelos momentos de aconchego e pelo seu amor.

À todos os amigos que estiveram comigo durante esses dois anos e meio e mesmo que me

incentivaram a ingressar no Mestrado, agradeço pelo apoio, carinho e pelos bons momentos

vividos. Vocês foram fundamentais para que eu passasse por cada etapa desta minha

empreitada com um pouco mais de tranqüilidade e felicidade.

VI

RESUMO Populações adultas de Culex quinquefasciatus são monitoradas principalmente através de armadilhas luminosas ou iscadas com CO2 e animais, sendo estas dispendiosas, o que dificulta o monitoramento em áreas com baixo poder econômico. Recentemente, foi desenvolvida uma armadilha adesiva, denominada P1T1, de baixo custo, capaz de capturar fêmeas grávidas deste mosquito. A armadilha P1T1 consiste em um recipiente de polietileno de cor preta, fosco (20 x 30 x 9 cm), com tampa com abertura retangular (8 x 16 cm), ao qual é acrescido 1L de água desclorada. Acima do nível d’água é colocado um cartão adesivo responsável pela captura dos insetos. Neste trabalho, objetivou-se aumentar o potencial de captura desta armadilha, testando algumas modificações no seu desenho original e no atraente sintético de oviposição utilizado em conjunto com esta. Inicialmente, foram desenvolvidos quatro novos protótipos, construídos tendo como base um balde de cor preta, que também capturariam os mosquitos através de cartão adesivo. Estes novos modelos diferenciavam-se entre si quanto ao número e posição de aberturas, em forma de funis, que serviam como entradas de acesso do mosquito no interior da armadilha e saída da pluma de odor gerada pelo atraente químico. Todos os modelos continham no interior um cartão adesivo responsável pela captura dos insetos. Através de teste de fumaça, pôde-se observar que a armadilha P1T1 foi responsável pela formação de uma pluma de odor mais concentrada, que dispersou-se homogeneamente pela área adjacente, sofrendo menores influências das correntes de ar, quando comparada às armadilhas em forma de balde. A armadilha P1T1 mostrou-se mais eficaz na captura de adultos de C. quinquefasciatus, em comparação aos outros protótipos desenvolvidos no presente trabalho. Dentre os 225 C. quinquefasciatus (145 machos e 80 fêmeas) capturados, a armadilha P1T1 capturou cerca de 46% de machos, sendo a média de captura significativamente maior que a obtida por três dos novos protótipos (Mann Whitney, p<0.05). A armadilha P1T1 capturou 50% do total de fêmeas, sendo estatisticamente mais eficiente que os demais modelos (Mann Whitney, p<0.05). A armadilha P1T1 foi usada para avaliar combinações binárias dos atraentes sintéticos de oviposição, onde o escatol foi combinado com o indol, nonanal ou p-cresol. O escatol demonstrou ser mais atrativo do que as combinações binárias (Mann Whitney, p<0.05). Os resultados da avaliação de combinações terciárias e quaternárias dos referidos atraentes sintéticos de oviposição foram inconclusivos, devido à baixa captura de adultos de C. quinquefasciatus durante o experimento. A armadilha P1T1 mostrou-se específica para captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, quando comparada à armadilha MosquiTRAP® contendo o AtrAedes® (atraente sintético de oviposição específico para fêmeas de Aedes aegypti) (Mann Whitney, p=0.02). No entanto, sua captura não foi diferente da obtida pela MosquiTRAP® iscada com escatol (Mann Whitney, p= 0.19). Os resultados confirmam a viabilidade do modelo P1T1 como armadilha para captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus e demonstram que as combinações de atraentes avaliadas não aumentaram o seu potencial de captura, pelo menos nas concentrações avaliadas.

VII

ABSTRACT Culex quinquefasciatus adult populations have been mainly monitored by light traps or baited with CO2 or animals using such equipment is costly, thus, it is difficult to monitor in areas with low dispensible income. Recently, a new sticky trap capable of capturing gravid females of C. quinquefasciatus, called P1T1, was developed with low cost. The P1T1 consists of a black polyethylene container (20 x 30 x 9 cm) with a cover with a central rectangular opening (8 x 16 cm), to which 1L of tap water is added. A sticky card is placed above the water level to capture mosquitoes. The aim of this work was to increase the potential of P1T1 to catch mosquitoes, through modifications of the trap design and different combinations of synthetic oviposition attractants. Four new models of traps (buckets A, B, C and D) were developed using a black bucket as the main body and a sticky card. These new models differed by the number and position of openings, and the addition of funnels, that served as entrances for mosquitoes and exits for the odor plume. By smoke tests, it could be observed that the P1T1 trap allowed formation of a more concentrated odor plume that was dispersed more homogeneously into adjacent areas and was less influenced by wind currents than the other trap designs. The P1T1 was also more efficient in the capture of adult C. quinquefasciatus, in comparison to the other prototypes developed and evaluated in the present work. Among the 225 C. quinquefasciatus (145 males and 80 females) captured, P1T1 caught about 46% of the total males, where the mean number of caught mosquitoes was signigicantly higher than buckets A, B and C (Mann Whitney, p <0.05). The P1T1 trap captured 50% of the total females and it was significantly more efficient than the other models (Mann Whitney, p <0.05). When the P1T1 trap was used to evaluate binary combinations of skatole with indol, nonanal or p-cresol, skatole alone demonstrated to be significantly more attractive than the binary combinations (Mann Whitney, p <0.05). The results of tertiary and quaternary combinations of the synthetic oviposition attractants were inconclusive, due to low capture of adult C. quinquefasciatus during experiments. The P1T1 trap was shown to be specific to the capture of gravid female C. quinquefasciatus, when compared to the MosquiTRAP containing AtrAedes® (synthetic oviposition attractant specific for Aedes aegypti females) (Mann Whitney, p=0.02). However, P1T1 was not significantly more efficient than the MosquiTRAP® baited with skatole (Mann Whitney, p = 0.19). The results confirm the ability of P1T1 trap as a trap to capture gravid females of C. quinquefasciatus and demonstrated that skatole alone is more efficient than the other combinations of attractants tested, at least in the concentrations evaluated.

VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Protótipos de armadilhas desenvolvidos tendo como base um balde: (a)

balde A, (b) balde B, (c) balde C e (d) balde D. Ver texto para detalhes.

47

Figura 2 - Protótipos de armadilhas testados. Da esquerda para direita: balde A, balde

D, balde C e balde B. Ao centro, P1T1.

48

Figura 3 - (a) Confecção dos furos nos cartões adesivos, com o auxílio de chave de

fenda e martelo; (b) suporte sobre o qual se apóia o cartão adesivo e (c)

cartão adesivo da armadilha P1T1, confeccionado a partir de aparas de

cartão emendadas.

49

Figura 4 – Esquema da armadilha P1T1 mostrando a evaporação da água localizada

abaixo do cartão, representada pelas setas, através de perfurações no

cartão.

49

Figura 5 – (a) Mangueira de PVC (4,5 cm de largura por 5cm de comprimento),

utilizada como liberador do escatol; (b) suporte para o liberador contendo

o atraente, confeccionado com um clipe médio fixado ao centro do cartão

adesivo de cada protótipo de armadilha: vista lateral e (c) vista superior.

52

Figura 6 – Esquema de ovários de culicídeos mostrando as características observadas

no estudo da paridade: (a) ovário de fêmea nulípara e (b) ovário de fêmea

onípara. Fonte: FORATTINI, 2002, p. 121.

53

Figura 7 - Área experimental situada no bairro Jaqueline: (a, b, c e d) possíveis

criadouros de Culex quinquefasciatus, constituídos por represamentos de

escape da rede de esgoto e áreas de instalação das armadilhas: (e) Oficina

do Nem e (f) Ilumef.

55

IX

Figura 8 - Liberadores: (a) tubos de polietileno, utilizados para os atraentes líquidos

e (b) mangueira de PVC, para atraentes sólidos. Suporte dos atraentes,

confeccionado com fragmento de caixa de ovo de codorna, posicionado

ao centro do cartão adesivo da armadilha P1T1: (c) vista lateral e (d) vista

superior.

58

Figura 9 – Armadilha para captura de adultos de Aedes aegypti (MosquiTRAP)

utilizada no experimento de comparação entre o melhor protótipo de

armadilha para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus

com MosquiTRAP em campo. (a) Parte inferior contendo tela de

proteção; (b) parte superior (tampa); (c) AtrAedes (atraente de

oviposição sintético) e (d) cartão adesivo.

63

Figura 10 – Dispersão da pluma de odor produzida por cloreto de amônia na

armadilha P1T1.

67

Figura 11 – Dispersão da pluma de odor produzida por cloreto de amônia no (a)

balde C e no (b) balde D.

68

Figura 12 – Pluma de odor produzida por cloreto de amônia liberada pelos (a) baldes

A e (b) B.

69

X

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Principais armadilhas utilizadas para captura de mosquitos adultos e suas

aplicações.

39

Quadro 2: Disposição das armadilhas em campo, nas posições definidas dentro de cada

uma das três regiões (1, 2 e 3), durante a realização do experimento de avaliação de

protótipos de armadilhas para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus.

56

Quadro 3: Tratamentos do experimento de avaliação de combinações binárias de atraentes

de oviposição para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus, acrescidos

às armadilhas P1T1 contendo 1L de água desclorada.

59

Quadro 4: Disposição dos diferentes tratamentos em campo, nas posições definidas dentro

de cada região (1, 2 e 3), durante a realização do experimento de avaliação de

combinações binárias de atraentes sintéticos de oviposição para captura de fêmeas

grávidas de Culex quinquefasciatus. E: escatol, I: indol, N: nonanal e P: p-cresol.

60

Quadro 5: Tratamentos do experimento de avaliação de combinações terciárias e

quaternária de atraentes de oviposição para captura de fêmeas grávidas de Culex

quinquefasciatus, acrescidos às armadilhas P1T1 contendo 1L de água desclorada.

61

Quadro 6: Disposição dos diferentes tratamentos em campo, nas posições definidas dentro

de cada região (1 e 2), durante a realização do experimento de avaliação de

combinações terciárias e quaternária de atraentes sintéticos de oviposição para

captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus. E: escatol; I: indol; N:

nonanal e P: p-cresol.

62

Quadro 7: Disposição dos diferentes tratamentos em campo, nas posições definidas dentro

de cada região (1, 2 e 3), durante a realização do experimento de comparação do

melhor protótipo de armadilha para captura de fêmeas grávidas de Culex

quinquefasciatus com MosquiTRAP.

64

XI

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Período de utilização de atraentes sintéticos de oviposição em liberadores,

de acordo com o período de estabilização das taxas de evaporação (LIMA,

2005).

38

Tabela 2. Captura total e média de fêmeas e machos de Culex quinquefasciatus pelos

protótipos de armadilhas em experimento de campo no bairro Jaqueline,

Belo Horizonte-MG, no período de 25 a 30/09/06. N = 15.

71

Tabela 3. Número e porcentagem de fêmeas de Culex quinquefasciatus capturadas,

por estágio fisiológico, por cada um dos cinco protótipos de armadilhas

avaliados em experimento de campo no bairro Jaqueline, Belo Horizonte-

MG, no período de 25 a 30/09/06. N = 15.

72

Tabela 4. Captura total e média de machos e de fêmeas de Culex quinquefasciatus

por cada um dos cinco tratamentos, no experimento de avaliação de

combinações binárias de atraentes sintéticos de oviposição realizado no

bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, realizado no período de 03 a

13/11/06. N = 15.

74

Tabela 5. Número e porcentagem de fêmeas de Culex quinquefasciatus capturadas,

por estágio fisiológico, por cada um dos tratamentos do experimento de

avaliação de combinações binárias de atraentes sintéticos de oviposição

realizado no bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, no período de 03 a

13/11/06. N = 15.

75

XII

Tabela 6. Captura total e média de machos e de fêmeas de Culex quinquefasciatus

por cada um dos tratamentos do experimento de avaliação de combinações

terciárias e quaternária de atraentes sintéticos de oviposição no bairro

Jaqueline, Belo Horizonte-MG, no período de 19 a 31/01/07. N =12. E:

escatol, I: indol, N: nonanal e P: p-cresol.

77

Tabela 7. Número e porcentagem de fêmeas de Culex quinquefasciatus capturadas,

por estágio fisiológico, por cada um dos tratamentos do experimento de

avaliação de combinações terciárias e quaternária de atraentes sintéticos de

oviposição no bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, no período de 19 a

31/01/07. N = 12.

78

Tabela 8. Captura total e média de machos e de fêmeas de Culex quinquefasciatus

por tratamento do experimento de comparação entre o melhor protótipo de

armadilha para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus com

MosquiTRAP no bairro Jaqueline e no ICB/UFMG, Belo Horizonte-MG,

nos períodos de 22 a 30/03/07 e de 16 a 24/04/07. N = 24.

80

Tabela 9. Captura total de machos e fêmeas de Aedes aegypti por tratamento do

experimento de comparação entre o melhor protótipo de armadilha para

captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP

no bairro Jaqueline e no ICB/UFMG, Belo Horizonte-MG, nos períodos de

22 a 30/03/07 e de 16 a 24/04/07. N = 24.

81

Tabela 10. Captura de outros Insecta e Aracnida por cada tratamento do experimento

de comparação entre o melhor protótipo de armadilha para captura de

fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP no bairro

Jaqueline e no ICB/UFMG, Belo Horizonte-MG, nos períodos de 22 a

30/03/07 e de 16 a 24/04/07. N = 24.

81

XIII

SUMÁRIO

RESUMO VI ABSTRACT VII LISTA DE FIGURAS VIII LISTA DE QUADROS X LISTA DE TABELAS XI 1. INTRODUÇÃO 15 2. REVISÃO DE LITERATURA 20

2.1 Biologia de Culex quinquefasciatus 20 2.2 Postura de ovos 22 2.3 Principais métodos de controle e monitoramento de mosquitos 24 2.4 A utilização de semioquímicos para o monitoramento e/ou controle de

mosquitos 28

2.5 Atraentes de oviposição para Culex quinquefasciatus 34 2.6 A utilização de armadilhas e atraentes para a captura de mosquitos adultos 36 2.7 A armadilha P1T1 41

3. OBJETIVOS 44 3.1 Geral 44 3.2 Específicos 44

4. MATERIAL E MÉTODOS 46 4.1 Desenvolvimento e avaliação de novos protótipos de armadilhas para

captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus 46

4.1.1 Protótipos de armadilhas avaliados 46 4.1.2 Avaliação da dispersão de odores nos diferentes protótipos de

armadilha desenvolvidos 49

4.1.3 Atraente Sintético de Oviposição (ASO) 51 4.1.4 Paridade das fêmeas coletadas em campo 52 4.1.5 Área Experimental 54

4.1.5.1 Área 1: Regional Venda Nova 54 4.1.5.1.1 Avaliação da presença de Culex

quinquefasciatus no Clube Lareira e em suas proximidades

54

4.1.5.2 Área 2: Regional Norte 55 4.1.6 Experimento 1: Avaliação dos protótipos de armadilha de

oviposição para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus

56

4.2 Experimento 2: Avaliação de combinações binárias de atraentes sintéticos de oviposição

58

4.3 Experimento 3: Avaliação de combinações terciárias e quaternária de atraentes sintéticos de oviposição

61

4.4 Experimento 4: Comparação do melhor protótipo de armadilha para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP

63

4.5 Análises estatísticas 65 5. RESULTADOS 66

XIV

5.1 Desenvolvimento e avaliação de novos protótipos de armadilhas para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus

66

5.1.1 Avaliação da dispersão de odores nos diferentes protótipos de armadilha desenvolvidos

66

5.1.2 Experimento 1: Comparação entre os diferentes protótipos desenvolvidos de armadilhas para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus

70

5.1.2.1 Área 1: Regional Venda Nova 70 5.1.2.2 Área 2: Regional Norte 70

5.2 Experimento 2: Avaliação de combinações binárias de atraentes sintéticos de oviposição

73

5.3 Experimento 3: Avaliação de combinações terciárias e quaternária de atraentes sintéticos de oviposição

76

5.4 Experimento 4: Comparação do melhor protótipo de armadilha para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP

79

6. DISCUSSÃO 82 7. CONCLUSÕES 95 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97

15

1. INTRODUÇÃO

O mosquito Culex quinquefasciatus Say, 1823 (Diptera: Culicidae) é o principal

vetor de filariose linfática no mundo, doença causada pelos helmintos Wuchereria

bancrofti, Brugia malayi e B. timori (OMS, 1998). O vetor C. quinquefasciatus também foi

incriminado como vetor de encefalites que ocasionalmente podem acometer o homem

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1994). No Brasil, a filariose linfática é causada apenas pela W.

bancrofti, sendo conhecida como filariose bancroftiana, cujo vetor é a fêmea de C.

quinquefasciatus, a qual ingere as microfilárias do parasito durante repasto sanguíneo

realizado em pessoas infectadas (FORATTINI, 2002). A endemia tem distribuição

geográfica focal, atingindo a periferia de núcleos urbanos situados em regiões úmidas e

quentes, como Recife (PE), Maceió (AL) e Belém (PA) (FONTES, 2000; FORATTINI,

2002). No mundo, estima-se em 120 milhões o número de pessoas parasitadas e em 1,2

bilhão os indivíduos que vivem em áreas endêmicas com o risco de contrair a doença,

sendo que a maioria dos infectados vive na África, seguido de Índia, Sul da Ásia, Regiões

do pacífico e nas Américas (WHO, 2000).

O programa de controle da doença preconiza o tratamento em massa da população

de áreas de risco com o medicamento dietilcarbamazina, bem como a redução do contato

do homem com o mosquito, através da redução da densidade populacional do vetor nas

áreas endêmicas (FONTES, 2000; WHO, 1988).

O grande incômodo causado pelos ruídos do mosquito C. quinquefasciatus e suas

picadas à noite, que podem causar reações alérgicas, associados à abundância do inseto, são

fatores que dificultam a vida das populações atingidas, constituindo-se em causa de

16

diminuição da qualidade de vida, desvalorização econômica de imóveis situados em regiões

com alta densidade do mosquito, prejuízos à criação de animais, bem como redução na

eficiência do trabalho (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994; FORATTINI, 2002).

O controle de C. quinquefasciatus deve ser focado fundamentalmente na redução

dos criadouros potenciais desse mosquito, mediante obras de saneamento. O uso de

substâncias tóxicas (controle químico) reveste-se sempre de aspecto emergencial, pois tem

a impropriedade de poluir o ambiente, e de existirem populações de insetos resistentes

(FORATTINI, 2002).

Armadilhas utilizadas para captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus tais

como a armadilha de Reiter “gravid trap” (REITER, 1983; 1987), a armadilha CDC

(Centers for Disease Control and Prevention) com luz ultravioleta, acrescida de atraentes de

oviposição (RITCHIE, 1984) e a armadilha CFG (conterflow geometry), também possuindo

atraentes de oviposição, como infusões de gramíneas (MBOERA et al., 2000a), podem

obter uma captura eficiente, porém possuem um custo elevado, o que limita a sua utilização

em áreas de poder econômico baixo. Todas as armadilhas citadas utilizam baterias, o que

além de aumentar os custos, dificulta sua operacionalidade em campo, visto que as baterias

só funcionam continuamente entre 24-48 horas, devendo ser constantemente trocadas e

recarregadas. Em uma cidade com alta densidade populacional de mosquitos e baixo poder

econômico, associação que ocorre com freqüência, o monitoramento através de armadilhas

deste tipo se tornaria inviável, visto que seria necessário um grande número das mesmas.

No Brasil, seria de grande importância o emprego de armadilha e atraente de

oviposição de baixo custo no monitoramento e/ou controle de populações de C.

quinquefasciatus por meio de coleta massal de fêmeas grávidas. Tal metodologia consiste

em coletar seletivamente o maior número possível de insetos-alvo para reduzir sua

17

população a um nível que não cause danos (BENTO, 2001). Uma armadilha de baixo custo,

com atraente de oviposição para captura de fêmeas grávidas, poderia monitorar densidades

de populações e funcionar como ferramenta adicional no controle integrado, removendo

mosquitos do ambiente.

Um modelo de armadilha desenvolvido recentemente para fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus, denominada P1T1, utiliza um recurso que elimina a necessidade de fonte

de energia: um cartão de polietileno impregnado com cola entomológica e posicionado na

armadilha acima da lâmina d’água ou infusão, perfurado para permitir a emanação dos

voláteis responsáveis pela atração dos mosquitos, é responsável pela captura de fêmeas de

C. quinquefasciatus. A armadilha foi desenvolvida com base nos comportamentos de pré-

oviposição e oviposição do mosquito, registrados em filmagens através de microcâmeras e

vídeo cassete (LIMA, 2005).

Lima (2005) testou nesta armadilha diversos atraentes de oviposição sintéticos em

liberadores de polietileno (para atraentes líquidos) e de silicone (para atraentes sólidos, em

pó). O escatol se mostrou como o atraente de oviposição sintético, dentre os testados (fenol,

p-cresol, nonanal, escatol e indol), com a maior porcentagem de captura de fêmeas e, assim

como o p-cresol, não apresentou diferença significativa de captura, em relação ao seu

controle (P1T1 contendo infusão de gramínea Panicum maximum a 75%). Com relação à

captura de fêmeas grávidas, os atraentes escatol, indol e p-cresol obtiveram

significativamente maior percentual que os seus controles (infusão a 75%). Não foram

realizados testes de combinações dos referidos atraentes de oviposição sintéticos, o que

poderia aumentar o potencial de captura da armadilha.

Em testes de comparação entre as armadilhas P1T1 iscadas com escatol e CDC, a

primeira se mostrou específica para fêmeas grávidas e ingurgitadas de C. quinquefasciatus,

18

visto que apresentou um percentual de captura maior de tais categorias do inseto, em

comparação à CDC (LIMA, 2005). Sendo assim, a armadilha P1T1, acrescida de atraentes

de oviposição sintéticos, se constitui em uma importante e potencial ferramenta no

monitoramento das populações de C. quinquefasciatus, pois se mostra específica e eficaz na

captura de fêmeas grávidas do mosquito, é de fácil operacionalidade e de baixo custo,

fatores relevantes especialmente no contexto sócio-econômico do país. No entanto, o seu

potencial de captura relativamente baixo impede a sua utilização como ferramenta de

controle do inseto. Portanto, a armadilha P1T1 necessita de maiores estudos visando

aumentar a sua eficiência de captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus.

O presente trabalho visa desenvolver e avaliar novos protótipos de armadilhas para

captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, que diferenciem da armadilha P1T1 em

aspectos visuais, como tamanho e forma. Também foram relevantes fatores olfativos dos

protótipos desenvolvidos, como a diferença na formação da pluma de odor obtida por cada

protótipo desenvolvido, o que dificulta ou facilita o encontro da fonte do odor pelo inseto.

Os protótipos construídos possuíam diferentes formas de acesso do inseto ao interior da

armadilha, onde se situa o cartão adesivo responsável pela captura do mesmo, representadas

por diferentes números e posições de aberturas dos protótipos desenvolvidos. A associação

destes fatores resulta no potencial de captura de cada protótipo de armadilha, o que foi

avaliado em campo.

Ainda com o intuito de aumentar o potencial de captura da armadilha para captura

de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, o presente trabalho avaliou diferentes

combinações binárias, terciárias e quaternárias de atraentes sintéticos de oviposição em

polímeros liberadores, acrescidos ao melhor protótipo de armadilha obtido, visando

aumentar a atratividade obtida pela utilização dos atraentes isolados.

19

Também foram realizados experimentos em campo para avaliar a especificidade do

melhor protótipo de armadilha desenvolvido e da melhor combinação de atraentes de

oviposição sintéticos na captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, em

comparação à MosquiTRAP, utilizando AtrAedes (atraente utilizado para captura de

fêmeas de Aedes aegypti) ou a melhor combinação obtida para fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus, pois a MosquiTRAP, apesar de ser específica para fêmeas grávidas de

A. aegypti, freqüentemente captura fêmeas do gênero Culex.

20

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Biologia de Culex quinquefasciatus

A espécie C. quinquefasciatus é considerada cosmopolita e distribui-se pelas regiões

tropicais e subtropicais, sendo comumente encontrado no ambiente humano, mantendo-se

relacionada com o homem em todas as fases de sua vida (FORATTINI et al., 1993). A

espécie está presente em todos os estados brasileiros, sendo conhecida popularmente como

muriçoca, pernilongo, mosquito ou carapanã. A ineficiência ou ausência de saneamento

básico pode contribuir para a abundância e prevalência deste mosquito, visto que suas

formas imaturas se desenvolvem em coleções de água altamente poluídas, dotadas de

abundante matéria orgânica e detritos, relativamente protegidas de prolongada exposição

solar (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994; FORATTINI, 1963). Através de monitoramento com

armadilhas luminosas “New Jersey 50” na cidade de São Paulo, pôde-se associar a maior

prevalência de espécies de Culex em áreas com abastecimento de água, porém sem rede de

esgoto (FORATTINI et al., 1973). Este mosquito é mais freqüente nos meses quentes e

chuvosos, devido à ampliação de seus criadouros, no entanto é coletado durante todo o ano,

ininterruptamente (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994).

O mosquito C. quinquefasciatus possui desenvolvimento pós-embrionário do tipo

holometábolo, ou seja, possui metamorfose completa, passando pelos estágios de ovo

(depositados juntos, sob a forma de jangada), larva (L1-L4), pupa e adulto. O ciclo tem

duração de cerca de 13 dias, podendo sofrer alterações de acordo com variações na

temperatura e na disponibilidade de alimento nos criadouros (FORATTINI, 1963). A

21

temperatura ótima para o desenvolvimento da maioria dos mosquitos tropicais encontra-se

entre 24 e 28° C (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994).

Os adultos de C. quinquefasciatus têm hábito essencialmente noturno e são

altamente endofílicos; sendo que as fêmeas procuram no domicílio abrigo e fontes para o

exercício da hematofagia (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994; EIRAS, 2000; FORATTINI,

2002). As fêmeas possuem apreciável antropofilia, embora possam procurar outros

mamíferos, aves e até mesmo répteis como fontes para o repasto sanguíneo (CONSOLI e

OLIVEIRA, 1994; FORATTINI, 1963). As fêmeas de C. quinquefasciatus são ditas

anautógenas, pois é necessário que ocorra uma primeira alimentação sanguínea para o

desenvolvimento de seus ovos e sua deposição na água (FORATTINI, 1963). Existe

concordância gonotrófica nesta espécie, pois cada oviposição é precedida por um repasto

sanguíneo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994; FORATTINI, 1963).

Na região neotropical e no Brasil, C. quinquefasciatus é considerado como o mais

eficiente vetor da filariose bancroftiana ao homem (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994;

FORATTINI, 2002). São fatores da espécie de mosquito que facilitam a veiculação deste

patógeno o hábito preferencialmente antropofílico, visto que o parasito Wuchereria

bancrofti não possui outro reservatório além do homem, bem como o hábito hematofágico

noturno, pois é neste momento em que são encontradas microfilárias em abundância

circulando pelo sangue periférico (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994).

A febre do Nilo Ocidental é uma encefalite viral causada por um flavivírus que

acomete principalmente aves e ocasionalmente o homem, podendo ser transmitida por C.

quinquefasciatus e que, desde o seu primeiro registro em Uganda, em 1937, vem sendo

observada em diversas regiões do planeta (ARAÚJO, 2004). Nas Américas, a primeira

epidemia ocorreu na região metropolitana de Nova York, se espalhando por 12 estados

22

(SALGADO, 2000). Johnson et al. (2003) constataram que o vírus atenuado, utilizado na

fabricação de vacina contra o vírus do Nilo Ocidental, não pode ser transmitido por seus

vetores, como C. quinquefasciatus, o que o torna um bom candidato para o controle da

doença.

2.2 Postura de ovos

O gênero Culex, assim como os gêneros, Culiseta, Uranotaenia, Armigeres e

Coquillettidia depositam seus ovos na lâmina d’água em conjunto, unidos um ao outro com

o auxílio de uma mucilagem; estes ficam flutuando no meio aquático, formando, então,

uma jangada (CLEMENTS, 1999; FORATTINI, 2002).

Geralmente, as fêmeas de C. quinquefasciatus depositam seus ovos durante a

escotofase (FORATTINI, 1963), sendo esta atividade cíclica e obedecendo ao ritmo

circadiano (CLEMENTS, 1999). Segundo Mboera et al. (2000b), em estudos em campo

utilizando o feromônio sintético de oviposição (FOS) (5R, 6S)-6-acetoxi-5-hexadecanolide,

foram verificados dois picos de oviposição: entre a 1ª e a 3ª h da escotofase ocorre a maior

deposição de ovos, seguido do intervalo entre a 1ª e a 3ª h da fotofase. Em condições de

laboratório, Lima (2005) observou dois picos de postura, o primeiro entre a 1ª e 2ª hora de

escotofase e o segundo entre a 8ª e 10ª hora da escotofase, não tendo sido observada

nenhuma deposição de jangada durante a fotofase. Em laboratório, as fêmeas de C.

quinquefasciatus depositam seus ovos no período entre o 4º e o 8º dias após a alimentação

sanguínea, não havendo diferença significativa entre as médias de jangadas depositadas

neste período (LIMA, 2005).

23

As fêmeas de C. quinquefasciatus podem apresentar vários ciclos gonotróficos,

distinguindo-se, assim, nulíparas, como aquelas que ainda não ovipositaram e oníparas as

que o fizeram ao menos uma vez. Dentre as oníparas, diz-se paucíparas as que desovaram

uma ou duas vezes e multíparas as que produziram mais do que três cargas de ovos

(FORATTINI, 1963).

A deposição de ovos em mosquitos pode ser dividida em dois estágios: o

comportamento de pré-oviposição, caracterizado pelo comportamento de procura das

fêmeas grávidas por um possível criadouro, seguido do comportamento de forrageamento,

ou seja, avaliação do ambiente em que será realizada a postura de ovos; e a oviposição, que

consiste no ato de deposição de ovos (CLEMENTS, 1999). Através de filmagens e em

condições de laboratório, Lima (2005) observou que as fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus apresentam seqüências de comportamentos de explorar o criadouro antes

da oviposição, gastando mais tempo neste comportamento do que quando comparada ao

comportamento de oviposição. As fêmeas grávidas desta espécie realizam a oviposição

geralmente seguindo as etapas de pouso nas paredes internas do criadouro, deslocamento na

interface reservatório/água, posicionamento do primeiro par de pernas nas paredes e os

outros dois na superfície líquida, oviposição das jangadas e vôo de saída do criadouro

(LIMA, 2005).

Geralmente, o comportamento de oviposição de fêmeas grávidas de mosquitos

obedece à seguinte seqüência: vôo, orientação, encontro e aceitação, podendo ocorrer pouso

e avaliação da superfície do criadouro. Em cada estágio, diferentes sinais serão percebidos

pelas fêmeas: durante o vôo, são importantes os estímulos visuais e olfativos, enquanto que

para os estágios em pouso, os estímulos incluem fatores físicos e químicos envolvidos no

contato com as superfícies (CLEMENTS, 1999).

24

As fêmeas de C. quinquefasciatus se tornam mais sensíveis às diversas substâncias

isoladas de criadouros quando grávidas, o que pode ser visto através de estudos

eletrofisiológicos com antenas de fêmeas grávidas (BLACKWELL et al., 1993; DU e

MILLAR, 1999; MILLAR et al., 1992). Por exemplo, fêmeas grávidas apresentam maiores

amplitudes de respostas das antenas aos compostos atraentes de oviposição, como 3-metil-

indol, enquanto os machos são praticamente insensíveis ao mesmo composto

(BLACKWELL et al., 1993).

Os comportamentos de pré-oviposição e oviposição são difíceis de serem

observados naturalmente, porém filmagens podem fornecer dados consistentes, como foi

feito para fêmeas grávidas de Aedes aegypti (GOMES, 2003) e de C. quinquefasciatus

(LIMA, 2005), nos quais foram observados aspectos da exploração do criadouro e

comportamentos de oviposição.

2.3 Principais métodos de controle e monitoramento de mosquitos

O controle de insetos vetores de doenças pode ser obtido através de medidas de

controle químico, físico e biológico, direcionado de acordo com o inseto alvo. Ainda,

medidas de proteção individual podem ser utilizadas, visando evitar o hábito hematofágico

dos mosquitos, protegendo o homem através do uso de repelentes ou cortinados

(FORATTINI, 2002).

O controle de culicídeos tem-se voltado preferencialmente para as formas imaturas,

mediante adequada manipulação do ambiente, através do controle físico, mecânico ou

ambiental, que trata de atividades de planejamento, organização, execução e vigilância das

25

modificações do ambiente que objetivam torná-lo pouco propício à sobrevivência da

população de mosquitos (FORATTINI, 2002). Para tanto, podem ser adotadas medidas

como canalização do esgoto, destinação correta ao lixo, com a construção de aterros

sanitários, eliminação de recipientes que possam acumular água em áreas urbanas, como

garrafas, pneus, recipientes plásticos e bromélias (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994, EIRAS,

2000; FORATTINI, 2002).

O controle químico, realizado através da utilização de inseticidas para o controle de

mosquitos, é amplamente utilizado em vários países, sendo o principal suporte dos

programas de combate e controle de insetos vetores de doenças (CONSOLI e OLIVEIRA,

1994). A dose única e subletal de determinados inseticidas tem efeito significativo na

reprodução de mosquitos, por diminuir a longevidade das fêmeas, o que diminui o número

de cópulas e de oviposições por fêmea durante sua vida, e por diminuir o número de ovos

depositados pelas fêmeas tratadas, em relação ao controle (ROBERT e OLSON, 1989).

Até 1995, o DDT (Dicloro-difenil-tri-cloro-etano, organoclorado) foi o inseticida

químico mais empregado, por ser relativamente barato, porém seu alto poder residual, e o

fato de não ser biodegradável, sendo acumulativo nas gorduras de animais de sangue

quente, fez com que o mesmo deixasse de ser utilizado no Brasil, medida preconizada pela

OMS, mas que em alguns países ainda não foi estabelecida (CONSOLI e OLIVEIRA,

1994; FORATTINI, 2002).

Inseticidas à base de piretróides são utilizados no Brasil através da técnica de

aplicação denominada “ultra baixo volume”, popularmente conhecido como fumacê.

Apesar da eficiência deste método estar condicionada às condições climáticas, devido ao

aceleramento operacional e diminuição dos custos ainda é amplamente utilizado

26

(FORATTINI, 2002). Populações de C. quinquefasciatus do Oeste da África apresentam

resistência a piretróides (CHANDRE et al., 1998).

Populações de C. quinquefasciatus de São Paulo apresentam resistência ao

Malathion, inseticida fosforado utilizado nos programas de controle locais, e ao

Fenitrothion, nunca usado no local, o que sugere existência de resistência cruzada

(BRACCO et al., 1999). Em uma avaliação de seis espécies de mosquitos vetores, a

linhagem de campo de C. quinquefasciatus se mostrou a menos susceptível ao Malathion, o

que demonstra seu potencial de desenvolver resistência a este inseticida (DORTA et al.,

1993).

O temefós (organofosforado), amplamente utilizado no Brasil na formulação

granulada impregnada em areia, para a eliminação de larvas de mosquitos, é de baixa

toxicidade aos mamíferos, no entanto atualmente tem efeito residual no ambiente e já se

depara com populações resistentes (FORATTINI, 2002). A resistência de espécies de

Culex, como C. quinquefasciatus, do Sri Lanka, se deve ao uso em larga escala de

inseticidas organofosforados (KARUNARATNE e HEMINGWAY, 2001).

As principais restrições à utilização de inseticidas químicos no controle de insetos

vetores são sua inespecificidade, a existência de resistência aos mesmos e seu alto poder

residual (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994).

Diferentes inibidores do desenvolvimento de insetos podem ser utilizados em

programas de controle das quatro espécies de mosquitos: Culex pipiens fatigans, Anopheles

gambiae, A. aegypti e Anopheles quadrimaculatus (BUSVINE et al., 1976). Tidos como

inseticidas químicos alternativos, podem ser empregados no controle de larvas de

mosquitos. Estes reguladores do crescimento atuam como análogos do hormônio juvenil,

que se utilizados na água inibem a metamorfose, sendo o mais conhecido o Methoprene, ou

27

inibem a formação de quitina, impedindo a muda do inseto (CONSOLI e OLIVEIRA,

1994).

Produtos de origem vegetal podem ser utilizados como inibidores de crescimento,

reprodução e oviposição ou como repelentes (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994). A

combinação de cipermetrina e extratos de Solanum xanthocarpum mostrou sinergismo na

atividade larvicida contra C. quinquefasciatus, porém devem ser feitos estudos para avaliar

a toxicidade em humanos e animais, especialmente para formas aquáticas (MOHAN et al.,

2006). O resíduo do desfibramento de folhas de Agave sisalana (resíduo do sisal) pode ser

usado no controle de C. quinquefasciatus, por sua atividade larvicida (PIZARRO et al.,

1999), porém não há registros de sua utilização no controle do mosquito.

Como controle biológico entende-se a medida que visa à redução da densidade

populacional de determinado vetor, utilizando agentes biológicos, como predadores

naturais e agentes entomopatológicos (FORATTINI, 2002). Dentre os predadores

vertebrados destacam-se os peixes larvíparos, como Gambusia affinis e Poecilis reticulata

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1994). Em relação aos invertebrados, é grande a lista de

predadores, dentre eles hidrozoários, planárias, crustáceos e insetos (FORATTINI, 2002).

Entre os insetos, o grupo que mais se destaca são os culicídeos pertencentes ao gênero

Toxorhynchites, cujas formas larvárias são predadoras de espécies de Aedes, mas as formas

adultas não são hematófagas, sendo, portanto, inócuos sob esse ponto de vista (CONSOLI e

OLIVEIRA, 1994; FORATTINI, 2002). Um problema desta modalidade de controle é a

habilidade de algumas espécies de mosquitos para detectar a presença de predadores nos

sítios de oviposição, evitando-os (AVIEITAM e BLAUSTEIN, 2004).

Como bactérias entomopatogênicas destaca-se Bacillus thurigiensis, bactéria

comumente encontrada no solo, formadora de esporos que produzem toxinas de elevado

28

poder inseticida, provocando a lise de células gástricas do inseto, como Aedes, Culex,

Psorophora e Anopheles. Outro agente é o Bacillus sphaericus, com especificidade para

Culex, principalmente C. quinquefasciatus (FORATTINI, 2002). A atividade larvicida de

B. sphaericus contra C. quinquefasciatus não varia de acordo com a densidade larvária de

mosquitos, mas é diretamente proporcional à temperatura (entre 15º C e 25º C), a

mortalidade de larvas aumenta quando há evaporação em pequenos criadouros, e é

inversamente proporcional ao período de incidência da luz solar direta sobre o criadouro

artificial (PINTO, 1995).

O fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade em larvas de C.

quinquefasciatus e em adultos de A. gambiae e C. quinquefasciatus submetidos à

formulação oleosa contendo conídia deste fungo, podendo ser utilizado no controle de

insetos endofílicos (ALVES et al., 2002; SCHOLTE et al., 2003).

O controle integrado representa a orientação mais adequada nas atividades de

combate aos mosquitos de interesse epidemiológico (FORATTINI, 2002). Neste contexto,

armadilhas para captura de mosquitos podem auxiliar no controle destes, desde que

possuam um alto potencial de captura, auxiliando na redução da densidade populacional do

mosquito-alvo a um nível que evite a transmissão de doenças (BENTO, 2001).

2.4 A utilização de semioquímicos para o monitoramento e/ou controle de mosquitos

As substâncias químicas estão envolvidas na mediação de um grande número de

comportamentos de insetos, desde a comunicação entre indivíduos de uma mesma espécie

ao reconhecimento de fatores ambientais e procura de alimento (comunicação

29

intraespecífica e interespecífica) (CARDÉ e BELL, 1996). Tais substâncias químicas são

ditas semioquímicos, que significa sinal químico. Os compostos responsáveis pela

comunicação interespecífica são ditos aleloquímicos; substâncias responsáveis pela

comunicação entre indivíduos de uma mesma espécie são ditas feromônios (VILELA e

DELLA LUCIA, 2001). Dentre os aleloquímicos, podemos distinguir:

Alomônios: substâncias favoráveis ao emissor e desvantajosas ao receptor (DICKE e

SABELIS, 1992), como as substâncias de defesa dos artrópodes (VILELA e DELLA

LUCIA, 2001);

Cairomônios: substâncias favoráveis ao receptor, mas desvantajosas ao emissor (DICKE e

SABELIS, 1992), como o odor do hospedeiro, utilizado por insetos hematófagos para a sua

localização (EIRAS, 2001);

Sinomônios: substâncias favoráveis a ambos, tanto receptor quanto emissor (DICKE e

SABELIS, 1992), como os odores florais que atraem os insetos polinizadores (VILELA e

DELLA LUCIA, 2001);

Apneumônios: substâncias que beneficiam o receptor e que são emitidas por material inerte

(NORDLUND e LEWIS, 1976), como os voláteis de infusão de gramínea, atrativos para

fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus (HAZARD et al., 1967; ISOE et al., 1995b;

MILLAR et al., 1992).

Os feromônios são considerados substâncias mensageiras entre indivíduos de uma

mesma espécie, não sendo confundidos com os hormônios por serem secretados para o

exterior do corpo do emissor (VILELA e DELLA LUCIA, 2001). Um exemplo é o

feromônio de oviposição de C. quinquefasciatus, produzido pelos ovos após o contato com

30

a água e que atrai outras fêmeas grávidas, exercendo um fenômeno de agregação das

mesmas, as quais depositam suas jangadas no mesmo criadouro (CLEMENTS, 1999).

O comportamento de oviposição é mediado por sinais físicos, químicos e biológicos

e, na ausência de um sinal (como privação de água ou luz), uma série inteira de

comportamentos que termina na deposição de ovos pode ser ativada pelos sinais restantes

(ISOE e MILLAR, 1996), sendo a escolha dos locais de oviposição de fêmeas de C.

quinquefasciatus baseada em informações recebidas durante fases pré-adultas (L4 e pupa)

e/ou logo após a emergência, sugerindo alguma forma de condicionamento (McCALL e

EATON, 2001).

Segundo Clements (1999), os compostos químicos podem gerar em fêmeas grávidas

de mosquitos respostas, segundo as quais serão classificados em:

Atraentes, quando fazem com que as fêmeas grávidas orientem seu vôo em direção à fonte;

Arrestantes, quando fazem com que as fêmeas grávidas permaneçam onde estão, por

pararem sua locomoção, não responderem ao estímulo ou por mudarem sua rota;

Repelentes, quando faz com que as fêmeas grávidas voem em direção contrária à fonte do

odor;

Deterrentes, uma substância não volátil que inibe a oviposição, a qual ocorreria na ausência

da mesma;

Estimulantes, quando incita a oviposição.

Isoe e Millar (1995) procuraram caracterizar os fatores que mediam a escolha do

local de oviposição por fêmeas grávidas de Culex tarsalis, obtidos de infusão fermentada e

matéria orgânica, e sugeriram que a oviposição pode ocorrer em resposta a fatores como

estimulantes de oviposição de contato (não-voláteis) no lugar de atraentes voláteis.

31

Na procura de novas técnicas para o controle de insetos vetores de doenças por

métodos seletivos, os semioquímicos têm potencial promissor no controle comportamental,

podendo ser utilizados como atraentes em armadilhas para o monitoramento e/ou controle

destes insetos, porém, ainda assim, são escassos os estudos relacionados aos insetos vetores

de doenças humanas e veterinárias (EIRAS, 2001). Os feromônios são semioquímicos

geralmente atóxicos, não causam poluição ambiental e são específicos (JUTSUM e

GORDON, 1989). Além disso, as chances de resistência dos insetos aos feromônios

sintéticos são remotas (EIRAS, 2001).

A combinação de testes comportamentais e eletrofisiológicos pode resultar em

importantes informações sobre quais sinais químicos um mosquito utiliza e em quais

concentrações estes são efetivos. Compostos químicos de hospedeiros utilizados como

fonte de repasto sanguíneo, plantas e sítios de oviposição podem ser utilizados como

atrativos e repelentes, podendo ser utilizados como ferramenta complementar no controle

de mosquitos (DAVIS e BOWEN, 1994).

O primeiro trabalho de identificação de feromônio de oviposição foi realizado com

C. quinquefasciatus. A molécula identificada como eritro-6-acetoxi-4-hexadecanolide

(ADH) é secretada na região apical dos ovos e estimula a oviposição de fêmeas grávidas

(LAURENCE e PICKETT, 1982). A variabilidade nas respostas ao feromônio foi

evidenciada por vários autores (LAURENCE e PICKETT, 1985; MORDUE et al., 1992;

MILLAR et al., 1994; OTIENO et al., 1988; PILE et al., 1991). Para se obter uma resposta

significante de coleta de jangadas depositadas por fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus

em gaiolas, foi necessária uma dose de 0,02 µg do feromônio acrescido a 250 mL de água

desclorada, equivalente a 1/15 da quantidade produzida por uma jangada (0,3 µg)

32

(LAURENCE e PICKETT, 1985). Enquanto Millar et al. (1994) observou, em testes em

gaiola, que uma quantia variando entre 2-15 jangadas coespecíficas (em 80 mL de água

destilada) aparentemente não teve efeito significativo na oviposição de fêmeas grávidas de

C. quinquefasciatus, comparado à oviposição obtida no controle contendo apenas água

destilada. Otieno et al. (1988) avaliaram o isômero do feromônio natural, feromônio de

oviposição sintético (FOS) (5R, 6S)-6-acetoxi-5-hexadecanolide, em campo e só obtiveram

uma deposição de jangadas significativa, em comparação a águas limpas, após 18 dias de

experimento. Estudos em túnel de vento e com equipamentos de vídeo demonstraram a

atratividade do FOS para fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus (PILE et al., 1991).

Estudos comportamentais e eletrofisiológicos demonstraram a atração de fêmeas grávidas

de C. quinquefasciatus em resposta ao FOS e à água poluída. Foi demonstrado ainda que a

combinação dos dois tem um efeito aditivo, tanto na sensibilidade das antenas (estudo

eletrofisiológico), quanto na oviposição (estudo comportamental) (MORDUE et al., 1992).

Outros semioquímicos, ditos apneumônios, têm mostrado atratividade para fêmeas

grávidas de A. aegypti e Aedes albopictus, como infusões de gramíneas (ALLAN e KLINE,

1995; CHADEE et al., 1993; HAZARD et al., 1967; ROQUE, 2002), bem como

substâncias isoladas de infusões (ALLAN e KLINE, 1998) e águas contendo formas

imaturas de mosquitos da mesma espécie (ALLAN e KLINE, 1995; ALLAN e KLINE,

1998). A atratividade também foi demonstrada para fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus

e C. tarsalis por apneumônios como infusão de gramíneas (HAZARD et al., 1967; ISOE et

al., 1995a, b; LIMA, 2005; MILLAR et al., 1992), águas poluídas (BLACKWELL et al.,

1993) e locais com ou que previamente tinham larvas co-específicas (MOKANY e SHINE,

2003).

33

As infusões de gramíneas são utilizadas em armadilhas de oviposição nos

programas de controle e monitoramento de mosquitos como A. aegypti e C.

quinquefasciatus em todo o mundo, inclusive no Brasil (ALLAN e KLINE, 1995; ISOE et

al., 1995a; JAYANETTI et al., 1988; KLINE et al., 2006; LIMA, 2005; MBOERA et al.,

2000a; ROQUE, 2002). A espécie de gramínea utilizada, a concentração utilizada e a idade

da mesma podem influenciar na sua atratividade, pois a microfauna presente nesses meios

sofre constantes alterações, o que resulta na liberação de diferentes voláteis (SANT’ANA,

2006).

O número de jangadas depositadas por Culex pipiens e Culex restuans em

armadilhas de oviposição iscadas com infusão varia de acordo com o tipo de substrato

utilizado para o preparo da infusão, com a idade da infusão, com o modo de preparo da

infusão e de acordo com a época do ano (LAMPMAN e NOVAK, 1996). Ao avaliar

diferentes concentrações de infusão da gramínea Panicum maximum (capim colonião) para

o uso em armadilhas de oviposição, foi verificado que as armadilhas contendo infusão a

75% capturaram significativamente mais fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, em testes

em campo e laboratório (LIMA, 2005). Diferentes concentrações de infusão da gramínea

Sclerica bractaeda, acrescidas a ovitrampas, foram avaliadas em campo, quanto à

atratividade de A. aegypti, porém não houve diferença significativa na deposição de ovos

entre as diferentes concentrações da infusão avaliadas (CHADEE et al., 1993). A atração de

fêmeas de C. tarsalis não variou entre infusão da gramínea Cynadon dactylon (capim

Bermuda) a 10% e a 100%, porém a deposição de ovos foi significativamente maior em

resposta à infusão a 100% (ISOE et al., 1995b). Hazard et al. (1967) descreveram que

infusão de alfafa diluída a 10% resultou em uma deposição de jangadas significativamente

maior, quando comparada à água destilada. Já Du e Millar (1999) observaram que infusões

34

de capim Bermuda a 100% foram repelentes quando comparadas à água destilada (DU e

MILLAR, 1999). Por outro lado, a idade da infusão pode alterar a espécie de mosquito

atraída pela mesma. Para a atração de fêmeas de C. quinquefasciatus, os melhores

resultados foram obtidos com infusões entre 10 e 21 dias (ISOE et al., 1995b).

Reiter (1983) padronizou uma metodologia para o preparo e acondicionamento de

infusões de gramíneas, utilizando capim Bermuda, com o intuito de reduzir as alterações na

microfauna; o preparo conta com, além da gramínea, levedura de cerveja e lactoalbumina

hidrolisada e a infusão deve ser mantida em recipiente fechado, em geladeira até o

momento de sua utilização.

Ainda assim, a utilização de infusão apresenta desvantagens tais como o tempo

demandado em seu preparo ou alterações das concentrações dos voláteis emitidos, o que

torna essencial a identificação dos compostos presentes na mesma.

2.5 Atraentes de oviposição para Culex quinquefasciatus

Através de cromatografia gasosa foram identificados vários compostos da infusão

de gramínea capazes de atrair e/ou estimular a oviposição de C. quinquefasciatus, como

fenol, 4-metil-fenol (p-cresol), 4-etil-fenol, indol e 3-metil-indol (escatol) (MILLAR et al.,

1992).

Experimento em campo evidenciou que 3-metil-indol (escatol) é o componente

atrativo primário para fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, pois não houve diferença

significativa na captura entre armadilhas de Reiter (1983) contendo apenas escatol e

35

armadilhas com uma solução atraente, contendo escatol, 4-metil-fenol, 4-etil-fenol, fenol e

indol (BEEHLER et al., 1994).

A técnica de eletroantenografia (EAG) pode ser utilizada na triagem de compostos

presentes em infusões de gramíneas, verificando a quais as fêmeas grávidas respondem,

porém não exclui os testes de comportamento, visto que não se sabe de que modo a

resposta gerada vai modificar seu comportamento. As antenas de fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus apresentaram respostas significativas aos compostos 4-metil-fenol,

naftaleno, indol associado a 2-undecanona e 3-metil-indol e respostas fracas ou

intermediárias ao fenol, nonanal, 4-etil-fenol e 2-tridecanona; tais estudos foram avaliados

em diferentes dosagens, sendo que o 3-metil-indol foi atrativo em concentrações baixas

como 10 ng/L (DU e MILLAR, 1999).

Testes de campo com combinações de compostos atrativos foram realizados visando

o monitoramento de espécies de Culex (MBOERA et al., 1999; 2000 a, b). Em comparação

entre o FOS, infusão de gramínea e voláteis de possível criadouro, ambos os tratamentos

receberam mais jangadas que apenas água destilada, e a combinação de FOS e voláteis do

criadouro sugeriram sinergismo, visto que a captura foi maior do que a de cada tratamento

utilizado isoladamente (MBOERA et al., 1999). A atratividade para fêmeas de C.

quinquefasciatus é dose-dependente; o 3-metil-indol capturou significativamente mais

jangadas nos recipientes de oviposição nas concentrações de 10-6 e 10-5 µg/L (MBOERA et

al., 2000b).

Testes comportamentais e de eletrofisiologia com C. quinquefasciatus mostraram

que água poluída, obtida através da fermentação de fezes de coelho, diluída a 1% e

acrescida de 0,05 µg de FOS mostraram um efeito sinérgico sobre a oviposição das fêmeas,

36

enquanto que os mesmos tratamentos, isolados ou combinados, quando não-diluídos,

apresentavam captura semelhante ao controle (água destilada) (BLACKWELL et al., 1993).

A adição de culturas de bactérias em águas para oviposição pode interferir na

atratividade de fêmeas grávidas de mosquitos, pois a atratividade para fêmeas grávidas de

C. quinquefasciatus de agentes biológicos utilizados no controle de larvas desta espécie,

como B. sphaericus e B. thurigiensis var. israelensis foi avaliada, demonstrando que ambos

foram responsáveis pelo aumento significativo na oviposição, quando comparado ao

estimulante de oviposição 4-metil-fenol (p-cresol) (POONAM et al., 2002).

2.6 A utilização de armadilhas e atraentes para a captura de mosquitos adultos

A combinação de fatores olfativos e visuais apresentados pelas armadilhas é

fundamental, por torná-las mais eficazes (EIRAS, 2001). A forma como os atraentes se

difundem na armadilha através da formação de plumas de odores e a constituição das

substâncias são fatores responsáveis por alterações na eficácia das mesmas quanto à captura

dos mosquitos (DU e MILLAR, 1999). Quanto à dispersão dos odores, estes podem se

disseminar em várias direções e possuírem estrutura diversa, modulada pela turbulência do

vento (EIRAS e MAFRA-NETO, 2001).

Alguns locais da pluma podem conter uma concentração maior ou menor do

composto, o que tanto pode facilitar quanto confundir os insetos para o encontro do

composto. Em insetos voadores, o vôo mediado pelo odor da fonte é o resultado da junção

da anemotaxia (resposta em direção ao vento) e um movimento de ziguezague. Como a

pluma de odor é formada por filamentos dos compostos, estes insetos interceptarão os

filamentos em diferentes momentos do vôo, através da antena e, quando os insetos não

37

localizarem os filamentos, poderão começar a voar em ziguezague e contra o vento, na

tentativa de encontrarem novamente a pluma de odor; caso não encontrem o composto, ou

se este estiver em altas concentrações, os insetos podem desistir da procura e voarem para

outras direções. Para que o comportamento do inseto em resposta à pluma seja elucidado, é

necessário a intercepção e não intercepção dos filamentos de odor em vários momentos

(EIRAS e MAFRA-NETO, 2001).

As armadilhas para captura de insetos, principalmente pragas agrícolas, podem se

beneficiar da utilização de liberadores, que são polímeros capazes de liberar as substâncias

atrativas na armadilha a uma taxa relativamente constante, durante todo o período de

captura dos mosquitos. Os liberadores são artefatos que têm em sua estrutura (septos de

borracha, polietilenos, fibras ocas, grânulos de PVC) moléculas dispostas com espaço entre

elas, pelos quais possa ocorrer a difusão dos gases atrativos. Além da constância na taxa de

liberação, são vantagens da utilização de liberadores para os atraentes a proteção dos

componentes químicos ativos contra a degradação pelo oxigênio do ar ou pela luz e a

aplicabilidade em diferentes situações de manejo.

Lima (2005) avaliou atraentes identificados de infusões de gramínea que

apresentaram respostas significativas para fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus,

baseando-se em dados de literatura (BEEHLER et al., 1994; DU e MILLAR, 1999;

MBOERA et al., 2000b; MILLAR et al., 1992). Foram avaliados as taxas de evaporação, o

equilíbrio do sistema e duração de atraentes de oviposição sintéticos (TAB. 1), em

diferentes liberadores. Assim, o período de utilização de cada atraente, após o preparo do

liberador, deve variar de acordo com o período de liberação constante do mesmo.O

liberador contendo escatol, apesar de permanecer liberando o atraente até 110 dias após o

38

seu preparo, deve ser utilizado até 80 dias após o seu prepao, pois a partir desta data ocorre

mudança de cor na mangueira de PVC, utilizada como liberador.

TABELA 1 - Período de utilização de atraentes sintéticos de oviposição em liberadores, de acordo

com o período de estabilização das taxas de evaporação (LIMA, 2005).

Composto Tipo de liberador

Tempo de

equilíbrio

(dias)

Peso médio de

liberação

(mg/dia)

Tempo de

liberação

(dias)

Fenol Tubo de polietileno 7 6 a 7 60

P-cresol Tubo de polietileno 15 4 a 7 90

Nonanal Tubo de polietileno 5 2,3 a 3,4 110

Escatol Tubos de PVC 11 2,3 a 4,5 110

Indol Tubos de PVC 15 3 a 4 90

O QUADRO 1 apresenta um sumário de estudos utilizando armadilhas para captura

de mosquitos adultos com diferentes objetivos, como pesquisa das populações locais de

mosquitos, monitoramento ou ferramenta auxiliar no controle das espécies.

39

QUADRO 1: Principais armadilhas utilizadas para captura de mosquitos adultos e suas aplicações.

Armadilha(s) utilizada(s) Autor (es) Objetivo do trabalho

Protótipos elaborados pelos autores, iscados com infusão de alfafa.

Lewis et al (1974)

Avaliar, quanto às variações nas taxas de captura de mosquitos da espécie C. quinquefasciatus, pequenas modificações nas entradas e formas de retenção dos mosquitos nos protótipos elaborados.

CDC gravid trap.

Reiter (1985); Service (1977)

Desenvolvimento de armadilha por Paul Reiter que utiliza infusão de gramínea como atrativo para fêmeas grávidas de Culex.

CDC gravid trap.

Reiter (1987)

Corrigir problemas operacionais, como captura de formigas que ingeriam as fêmeas de C. quinquefasciatus capturadas, do modelo anterior.

CDC gravid trap.

Jayanetti et al. (1988)

Avaliar a presença de vetores de filarioses no peridomicílio no Sri Lanka, obtendo maior captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus.

Falcão.

Teodoro et al. (1994)

Monitoramento de mosquitos no sul do Brasil.

CDC (Center for Disease Control and Prevention) e EVS (Encephalitis Vírus Surveillance).

Ritchie e Kline (1995)

Estudo em campo na Austrália comparando a eficácia das duas armadilhas constatou que a armadilha luminosa CDC capturou mais mosquitos que a armadilha EVS, e que octenol e dióxido de carbono aumentaram a coleta de três espécies.

Armadilha de Shannon, CDC e New Jersey.

Gomes (2002)

Revisão que propõe a utilização das armadilhas citadas para a vigilância entomológica de culicídeos, especialmente am ambiente extradomiciliar.

Armadilha P1T1

Lima (2005)

Desenvolvimento de armadilha específica para captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus que não utiliza baterias ou energia elétrica.

40

New Jersey.

Kim et al. (2006)

Monitoramento de mosquitos na Coréia, visando determinar o período ideal para a aplicação de inseticidas.

EVS, MMF (Mosquito Magnet Freedom), MML (Mosquito Magnet Liberty) e MMX (Mosquito Magnet-X).

Cooperband e Carde (2006)

Filmagens de fêmeas de C. quinquefasciatus e C. tarsalis à procura de repasto sanguíneo avalia a eficiência de captura das quatro armadilhas iscadas com dióxido de carbono, em túnel de vento. A MMX obteve maior captura das duas espécies avaliadas.

Armadilha luminosa CDC, CDC gravid trap, MMX e MM-Pro (Mosquito Magnet Professional).

Kline et al. (2006)

Avaliação das quatro armadilhas quanto à captura de espécies de Culex na Flórida, sendo C. quinquefasciatus a espécie mais coletada por todos os modelos de armadilhas. A armadilha MM-Pro é a responsável pela maior captura, em comparação às outras armadilhas avaliadas.

CFG (conterflow geometry) e CDC, iscadas com FOS e infusão de gramínea.

Mboera et al. (2000a)

Avaliar a eficácia das armadilhas, quanto à captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, em testes de campo na Tanzânia. A CFG capturou significativamente mais fêmeas do que a CDC, ambas iscadas com FOS; e a CFG iscada com FOS + infusão de gramínea foi superior aos tratamentos utilizados isoladamente, sendo que os últimos foram diferentes à CFG contendo apenas água.

41

A maioria das armadilhas citadas no quadro 1 necessita de energia elétrica ou

baterias para seu funcionamento e são, em sua grande maioria, inespecíficas, porém,

quando acrescidas de atraentes de oviposição podem capturar fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus. Um modelo recente de armadilha, conhecida como MosquiTRAP® utiliza

um recurso que elimina a necessidade de energia elétrica: um cartão adesivo de polietileno

fixado em suas paredes internas é responsável pela captura de fêmeas de A. aegypti

(EIRAS, 2002). Este modelo foi elaborado baseado em observações do comportamento de

oviposição de fêmeas grávidas de A. aegypti, através de filmagens (GOMES, 2003) e

consiste em um recipiente plástico na cor preta e com formato cilíndrico, utilizando água e

um atraente de oviposição sintético contendo nonanal (AtrAedes®), desenvolvido a partir de

voláteis de infusões de gramínea (Panicum maximum). A armadilha foi especialmente

desenvolvida para coletar fêmeas grávidas de A. aegypti, mas também é capaz de capturar

fêmeas do gênero Culex (LIMA, 2005). A armadilha captura principalmente fêmeas

grávidas e é baseada na estimulação visual (cor preta) e na olfativa (atraente de oviposição).

Os insetos capturados pela MosquiTRAP® são retirados com pinça entomológica e

identificados ainda em campo, no momento da vistoria da armadilha, com auxílio de uma

lupa manual (10X). A possibilidade de identificação dos exemplares capturados ainda em

campo dispensa a rotina de laboratório, agilizando a obtenção de dados (GAMA et al.,

2006).

2.7 A armadilha P1T1

42

A armadilha P1T1 (LIMA, 2005) foi desenvolvida no Laboratório de Ecologia

Química de Insetos Vetores (Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Universidade Federal

de Minas Gerais (UFMG)) e consiste em um recipiente de polietileno de cor preta fosca (20

x 30 x 9 cm) com tampa com abertura retangular (8 x 16 cm), ao qual é acrescido 1 L de

água desclorada e acima do nível d’água é construído um suporte para o cartão adesivo. A

posição do cartão adesivo na armadilha P1T1, localizado acima da superfície líquida,

impede a deposição de jangadas na superfície líquida, evitando que a armadilha se

transforme em um criadouro. O material adesivo empregado nas armadilhas possibilita a

fácil retirada e identificação dos mosquitos capturados, além de não danificá-los,

possibilitando que estes sejam dissecados para a determinação de seus estágios fisiológicos.

Os atraentes de oviposição sintéticos (AOS) em polímeros (mangueira de PVC e tubos de

polietileno) apresentam atratividade para fêmeas de C. quinquefasciatus e equilíbrio nas

taxas de evaporação, podendo ser utilizados continuamente em campo ou laboratório por

um período médio de 60 dias. A seletividade da armadilha P1T1 contendo liberador com

escatol a fêmeas grávidas e ingurgitadas de C. quinquefasciatus (quando comparada à

armadilha iscada com outros atraentes) é útil em trabalhos de campo para amostragens

visando à observação de índices de infectividade das fêmeas de parasitos que utilizam esta

espécie de mosquito como vetor (LIMA, 2005).

Visando aumentar o potencial de captura da armadilha P1T1, o escatol pode ser

utilizado em combinações binárias (quando utilizado em combinação com outro AOS),

terciárias (quando o escatol for utilizado combinado a outros dois AOS) e quaternárias

(resultante da combinação entre escatol e os três atraentes restantes), podendo ser utilizados

os atraentes p-cresol, nonanal e indol, cada qual em seu liberador (de polietileno, para

atraentes líquidos ou de silicone, para atraentes sólidos), acrescidos à armadilha P1T1, de

43

acordo com a combinação a ser utilizada. A utilização de diferentes tipos de liberadores

para atraentes sólidos e líquidos deve-se à diferença da porosidade entre os dois materiais

utilizados, o que torna o tubo de polietileno ideal para ser utilizado como liberador de

atraentes líquidos e os tubos de PVC para atraentes sólidos.

Atualmente, a única armadilha existente específica para a captura de fêmeas

grávidas de C. quinquefasciatus é a Reiter’s Gravid Trap, que utiliza baterias, o que

dificulta sua operacionalidade. Além disso, é utilizado nesta armadilha, como atraente de

oviposição, a infusão de gramínea, cujos inconvenientes no preparo e utilização foram

descritos anteriormente.

Em testes de comparação entre as armadilhas P1T1 iscadas com escatol e CDC,

realizados por Lima (2005), a primeira se mostrou específica para fêmeas grávidas e

ingurgitadas de sangue de C. quinquefasciatus, visto que apresentou um percentual de

captura maior de tal categoria, em comparação à CDC. Dentre os adultos de C.

quinquefasciatus capturados durante o experimento, as fêmeas grávidas e ingurgitadas

representaram 56,2% do total capturado pela P1T1 e somente 16,5% dos adultos capturados

pela CDC.

A P1T1, desenvolvida na UFMG, tem como vantagens não utilizar baterias,

substituída na armadilha pela utilização de cartão adesivo responsável pela captura de

insetos, ser altamente específica e poder ser utilizada com liberadores contendo atraentes

sintéticos de oviposição. Porém, seu potencial de captura deve ser aumentado, para que

torne possível a sua utilização em programas de controle de C. quinquefasciatus (LIMA,

2005).

44

3. OBJETIVOS

3.1 Geral:

Desenvolver e avaliar novos protótipos e formulações de atraentes sintéticos de oviposição

para fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus.

3.2 Específicos:

1- Elaborar diferentes protótipos de armadilhas de oviposição;

2- Avaliar a dispersão da pluma de odor nos protótipos de armadilhas desenvolvidos em

comparação à armadilha P1T1;

3- Avaliar em campo a captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus pelos protótipos

de armadilhas desenvolvidos em comparação à armadilha P1T1;

4- Testar diferentes combinações binárias, terciárias e quaternária de atraentes sintéticos

de oviposição para fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus em campo;

5- Avaliar a especificidade do melhor protótipo de armadilha desenvolvido e da melhor

combinação de atraentes de oviposição sintéticos na captura de fêmeas grávidas de C.

45

quinquefasciatus, em comparação à MosquiTRAP®, utilizando AtrAedes® (atraente

utilizado para captura de fêmeas grávidas de Aedes aegypti) ou a melhor combinação

obtida para fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus em campo.

46

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Desenvolvimento e avaliação de novos protótipos de armadilhas para captura de

fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus

4.1.1 Protótipos de armadilhas avaliados

As armadilhas para captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus foram

desenvolvidas baseadas em observações de comportamento de pré-oviposição e oviposição

(LIMA, 2005).

Um total de cinco protótipos de armadilhas para captura de fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus foi avaliado em campo (FIG. 2). Todos os protótipos de armadilhas

desenvolvidos foram construídos usando como base um balde plástico com tampa (com

cerca de 10 L de capacidade, diâmetros de 26 cm na base e 30 cm na abertura, e 39 cm de

altura) de cor preto fosco (FIG. 1 e FIG. 2). Quatro dos protótipos desenvolvidos se

diferenciam quanto ao número e posicionamento de aberturas circulares (oito cm de

diâmetro cada abertura), cada qual com um funil interno (8 cm de comprimento e 3 cm de

diâmetro na abertura final) de tela de malha fina de plástico preto (0,5 mm). O funil foi

acrescido às aberturas com o objetivo de evitar o escape de mosquitos após sua entrada na

armadilha, evitando que houvesse diferença entre o número de insetos que entrassem nos

protótipos e o número de insetos capturados pelos cartões adesivos posicionados no interior

das armadilhas. Os códigos e a caracterização dos quatro protótipos são listados a seguir:

47

Balde A= balde preto com uma abertura na tampa superior;

Balde B = balde preto com quatro aberturas na tampa superior;

Balde C = balde preto com uma abertura na tampa e quatro aberturas laterais;

Balde D = balde preto com quatro aberturas na tampa e quatro aberturas laterais.

FIGURA 1 - Protótipos de armadilhas desenvolvidos tendo como base um balde: (a) balde A, (b)

balde B, (c) balde C e (d) balde D. Ver texto para detalhes.

a) b)

c) d)

10 cm

48

A armadilha P1T1 (LIMA, 2005) consiste em um recipiente retangular de

polietileno de cor preto fosco (20 x 30 x 9 cm) com tampa com abertura retangular (8 x 16

cm) (FIG. 2).

FIGURA 2 - Protótipos de armadilhas testados. Da esquerda para direita: balde A, balde D, balde C

e balde B. Ao centro, P1T1.

Todos protótipos receberam 1 L de água desclorada, acima da qual se situava um

suporte interno construído com palito abaixador de língua (10 X 1,5 cm) (FIG. 3a), fixado

às paredes da armadilha com o auxílio de cola quente. Um cartão adesivo inodoro de cor

preta, circular, com diâmetro de cerca de 25 cm foi colocado sobre o suporte interno para as

armadilhas construídas tendo como base o balde. Para a armadilha P1T1 foi usado o mesmo

cartão adesivo, porém retangular (20 X 30 cm). Os cartões foram produzidos a partir de

aparas de cartão emendadas e recortadas no formato desejado (FIG. 3b). O cartão continha

furos com tamanho aproximado de 0,5 cm, feitos com o auxílio de chave de fenda com

ponta fina e martelo (FIG. 3c), distribuídos ao longo do cartão aleatoriamente, para permitir

a evaporação da água localizada abaixo do cartão (FIG. 4).

49

FIGURA 3 - (a) Confecção dos furos nos cartões adesivos, com o auxílio de chave de fenda e

martelo; (b) suporte sobre o qual se apóia o cartão adesivo e (c) cartão adesivo da armadilha P1T1,

confeccionado a partir de aparas de cartão emendadas.

FIGURA 4 – Esquema da armadilha P1T1 mostrando a evaporação da água localizada abaixo do

cartão, representada pelas setas, através de perfurações no cartão.

4.1.2 Avaliação da dispersão de odores nos diferentes protótipos de armadilha

desenvolvidos

As armadilhas foram testadas em campo, na área externa do ICB da UFMG. Cada

protótipo foi testado isoladamente, em momentos diferenciados, a fim de permitir o registro

a) b) c)

Cartão furado

Água desclorada

50

completo dos dados da dispersão da fumaça liberada em cada protótipo. A dispersão da

fumaça por cada um dos protótipos de armadilhas avaliados foi observada nas mesmas

condições de vento, sendo observada a pluma de odor em situações de calmaria e de

correntes de vento para todos os protótipos.

No centro da base interna de cada protótipo de armadilha foi posicionada uma placa

de Petri contendo dois chumaços de algodão, um embebido com HCl (ácido clorídrico) e o

outro com NH4OH (hidróxido de amônio). A reação do ácido clorídrico (HCl) com o

hidróxido de amônio (NH4OH) produz cloreto de amônio (NH4Cl), o qual se apresenta na

forma de uma fumaça branca, facilmente visualizada em um contraste escuro, composto por

um pano preto posicionado abaixo da armadilha (chão) e atrás da mesma, em uma parede

ao seu fundo.

A fumaça liberada por cada armadilha foi filmada e fotografada com o auxílio de

uma máquina fotográfica digital em ambiente fechado (sem vento), dentro de um aquário

de acrílico sem tampa, cúbico, com arestas de 1 m, e em ambiente aberto (com vento), no

exterior do prédio do ICB. Para a comparação da dispersão da fumaça em cada protótipo de

armadilha foram utilizados os recursos fotográficos, através da análise de cada fotografia

obtida e da visualização quadro a quadro dos vídeos produzidos. Também foram

desenhados os contornos da fumaça em uma folha de acetato fixada ao monitor do

microcomputador. Baseado nestes dados seguiu-se a análise da dispersão de odores em

cada protótipo testado.

A velocidade do vento foi medida com o auxílio de uma trena e um cronômetro. A

trena foi posicionada aberta até a marca de 1 m, acima de um fundo escuro (obtido através

de um pano preto). Ao lado do ponto zero da trena estava uma placa de Petri fechada

contendo dois chumaços de algodão, um embebido com HCl (ácido clorídrico) e o outro

51

com NH4OH (hidróxido de amônio). No momento da abertura da placa de Petri, o

cronômetro tinha o seu contador de tempo disparado, o qual era zerado quando a fumaça

chegasse à marca de 1 m da trena. Tal procedimento nos permitiu calcular a velocidade do

vento (obtida através da distância percorrida por unidade de tempo) Foram realizadas dez

repetições consecutivas da medição e a velocidade do vento foi obtida através da média dos

resultados obtidos.

Os dados de temperatura e umidade relativa do ar foram obtidos com o auxílio de

um aparelho termo-higrômetro.

4.1.3 Atraente Sintético de Oviposição (ASO)

Em capela de exaustão, cerca de 200mg de 3-metil-indol (escatol) (Acros, 99% de

pureza) foram acondicionados em mangueiras de PVC (5 x 4,5 cm) (FIG. 5a). Com o

auxílio de uma seladora (Everest®, modelo X), os liberadores foram lacrados e o atraente

pôde ser utilizado para os testes em campo no período entre 11 e 80 dias após ter sido

preparado o liberador contendo o atraente (LIMA, 2005). Os liberadores contendo os

atraentes foram posicionados em um clipe médio fixo em pé, com o auxílio de cola quente,

sempre ao centro do cartão adesivo de cada protótipo de armadilha (FIG. 5b e 5c), de modo

que todas as superfícies do liberador estivessem livres.

52

FIGURA 5 – (a) Mangueira de PVC (4,5 cm de largura por 5cm de comprimento), utilizada como

liberador do escatol; (b) suporte para o liberador contendo o atraente, confeccionado com um clipe

médio fixado ao centro do cartão adesivo de cada protótipo de armadilha: vista lateral e (c) vista

superior.

4.1.4 Paridade das fêmeas coletadas em campo

Todas as fêmeas de C. quinquefasciatus coletadas nas armadilhas foram dissecadas

para a observação de sua paridade, baseando-se na técnica de DETINOVA (1962), na qual

se disseca os ovários e ovaríolos. Tal técnica permite a classificação das fêmeas de

mosquitos, sendo nulíparas aquelas que apresentam as extremidades traqueolares

enoveladas (FIG. 6a) e oníparas as fêmeas com as mesmas traquéolas distendidas (FIG. 6b)

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1994).

a) b) c)

53

FIGURA 6 – Esquema de ovários de culicídeos mostrando as características observadas no estudo

da paridade: (a) ovário de fêmea nulípara e (b) ovário de fêmea onípara. Fonte: FORATTINI, 2002,

p. 121.

As fêmeas que se apresentaram ingurgitadas de sangue foram classificadas como

recém alimentadas (RA) e as que possuíam ovos como grávidas (GR). Dentre as grávidas,

estágios de desenvolvimento também foram classificados como: fêmeas com ovos e sangue

na porção superior do intestino; fêmeas com ovos e sangue na parte inferior do intestino e

fêmeas com ovos completamente desenvolvidos. Quando o estágio fisiológico não pôde ser

observado, a fêmea foi classificada como de estágio indeterminado.

a) b)

54

4.1.5 Área Experimental

4.1.5.1 Área 1: Regional Venda Nova

As armadilhas foram testadas em campo, inicialmente no Clube Lareira, situado à

rua Visconde de Taunay, bairro São João Batista, regional Venda Nova de Belo Horizonte

(MG). A área apresenta reclamações constantes dos moradores relatadas aos agentes de

saúde da região, devido ao incômodo causado pela hematofagia noturna por pernilongos.

No interior do Clube Lareira, existe um represamento de água rica em matéria orgânica, o

qual poderia constituir um criadouro de C. quinquefasciatus.

4.1.5.1.1 Avaliação da presença de Culex quinquefasciatus no Clube Lareira e em suas

proximidades

Três armadilhas CDC foram instaladas em três áreas distintas, uma no vestiário dos

funcionários do clube, outra na varanda de uma residência situada a um quarteirão do clube

e outra numa área coberta existente nos fundos de outra residência, esta situada a dois

quarteirões do clube. As armadilhas foram instaladas no final da tarde de 15/08/2006 e

retiradas na manhã seguinte, na qual se procedeu a leitura das mesmas. Os exemplares de

C. quinquefasciatus capturados foram colocados em potes de acrílico, com etiqueta

identificadora do local de instalação da armadilha e foram levados ao laboratório para

identificação.

55

4.1.5.2 Área 2: Regional Norte

No bairro Jaqueline, situado na regional Norte de BH, foram encontrados criadouros

de C. quinquefasciatus, onde pôde-se observar facilmente abundantes formas imaturas,

sendo estes criadouros a céu aberto constituídos por três represamentos resultantes do

escape de conteúdos da rede de esgoto da Copasa (FIG. 7a, 7b, 7c e 7d), formados a partir

de Maio de 2006, e que continuam sem solução até o presente momento.

Através de conversas com os moradores e trabalhadores, bem como com os agentes

de saúde da região, foi constatado o incômodo noturno causado pela hematofagia. Em

visitas a dois endereços na região (FIG 7e e 7f) também pôde-se visualizar a presença de

insetos adultos em locais escuros e abrigados (como em cabines de caminhões, caixas de

madeira utilizadas para guardar ferramentas, dentre outros).

FIGURA 7 - Área experimental situada no bairro Jaqueline: (a, b, c e d) possíveis criadouros de

Culex quinquefasciatus, constituídos por represamentos de escape da rede de esgoto e áreas de

instalação das armadilhas: (e) Oficina do Nem e (f) Ilumef.

a) b) c)

f) e) d)

56

4.1.6 Experimento 1: Avaliação dos protótipos de armadilhas para captura de fêmeas

grávidas de Culex quinquefasciatus

No Clube, foram selecionados três locais (1, 2 e 3), 100 m eqüidistantes. Em cada

área no clube Lareira, foi definido cinco posições (A, B, C, D e E), nas quais foram

colocadas as armadilhas a serem testadas para comparação. O experimento contou com

cinco tratamentos a serem testados, cada qual representado por um dos protótipos de

armadilhas anteriormente descritos (P1T1, balde A, balde B, balde C e balde D). Todas as

armadilhas possuíram como atraente sintético 3-metil-indol (escatol) acondicionado em

mangueira de PVC. Houve, diariamente, troca de posição das armadilhas entre as cinco

posições escolhidas, dentro de cada uma das três regiões (QUADRO 2). Para disposição

das armadilhas em campo foi utilizado o quadrado latino (5x5), e a normalidade dos dados

de captura em campo foi testada através do teste de Kolmogorov Smirnov (Z). O

experimento foi realizado de 7 a 12/08/2006.

QUADRO 2: Disposição das armadilhas em campo, nas posições definidas dentro de cada uma das

três regiões (1, 2 e 3), durante a realização do experimento de avaliação de protótipos de armadilhas

para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus.

Dia de leitura Posição

1 2 3 4 5

A P1T1 Balde A Balde B Balde C Balde D

B Balde A Balde B Balde C Balde D P1T1

C Balde B Balde C Balde D P1T1 Balde A

D Balde C Balde D P1T1 Balde A Balde B

E Balde D P1T1 Balde A Balde B Balde C

57

No bairro Jaqueline, foram escolhidas três regiões (1, 2 e 3), distantes umas das

outras no mínimo 100 m, uma situada em uma oficina mecânica de automóveis pesados

(Oficina do Nem) (região 1) (FIG. 6e) e as outras duas (regiões 2 e 3) situadas em uma

fábrica de postes de alumínio (Ilumef) (FIG. 6f). Em cada região, foram definidas cinco

posições (A, B, C, D e E), nas quais foram colocadas as armadilhas a serem testadas para

comparação. O delineamento experimental (QUADRO 2), os tratamentos e os

procedimentos de leitura foram semelhantes aos utilizados no clube Lareira.

A vistoria das armadilhas foi realizada a cada 24 horas e o número de C.

quinquefasciatus foi contabilizado, incluindo machos e fêmeas. As fêmeas capturadas

tiveram determinados seus estágios fisiológicos, através de dissecção de seus ovários

(DETINOVA, 1962). Além disso, outros Artrópodes, quando capturados, também foram

contados e identificados, ao nível de Ordem. Durante a vistoria das armadilhas, todos os

mosquitos capturados no interior de cada protótipo, foram retirados com auxílio de uma

pinça e colocados em tubo de plástico com etiqueta identificadora do tipo de armadilha,

posição da mesma, dia de leitura e número de espécimes coletados.

O protótipo de armadilha que capturou o maior número de C. quinquefasciatus,

principalmente fêmeas grávidas, foi utilizado nos experimentos posteriores.

58

4.2 Experimento 2: Avaliação de combinações binárias de atraentes sintéticos de

oviposição

Foram testadas, inicialmente, combinações binárias dos seguintes atraentes: 4-metil-

fenol (p-cresol) (Sigma Aldrich, 98% de pureza), nonanal (Acros, 95% de pureza), indol

(Acros, 99% de pureza) e 3-metil-indol (escatol) (Acros, 99% de pureza), sendo os dois

primeiros líquidos e os dois últimos em forma de pó. Em capela de exaustão, 200

microlitros dos atraentes líquidos foram distribuídos em tubos de polietileno com 5 cm de

comprimento e 0,5 cm de espessura (FIG. 8a), enquanto que os atraentes em forma de pó,

cerca de 200 mg, foram acondicionados em mangueiras de PVC (5 x 4,5 cm) (FIG. 8b).

Todos os liberadores foram lacrados com o auxílio de uma seladora (Everest®, modelo X).

Os liberadores contendo os atraentes foram posicionados em suportes confeccionados com

fragmentos de caixa de ovo de codorna situada no centro do cartão adesivo da armadilha

utilizada (P1T1), de modo que todas as superfícies do liberador estivessem livres (FIG. 8c e

8d).

FIGURA 8 - Liberadores: (a) tubos de polietileno, utilizados para os atraentes líquidos e (b)

mangueira de PVC, para atraentes sólidos. Suporte dos atraentes, confeccionado com fragmentos de

caixa de ovo de codorna, posicionado ao centro do cartão adesivo da armadilha P1T1: (c) vista

lateral e (d) vista superior.

a) b) c) d)

59

Todos os atraentes sintéticos foram colocados no interior da armadilha P1T1 que

continha 1 L de água desclorada abaixo do cartão adesivo. O escatol foi usado como

composto principal da P1T1 devido ao fato de ser o mais atrativo para C. quinquefasciatus

dentre os atraentes utilizados (escatol, indol, p-cresol e nonanal). Armadilhas apenas com

escatol como atraente foram os controles do experimento (QUADRO 3). Um quinto

tratamento, também utilizado como controle do experimento, consistia em armadilha do

mesmo tipo (P1T1) contendo apenas água desclorada sem nenhum liberador contendo

atraente de oviposição sintético (QUADRO 3).

QUADRO 3: Tratamentos do experimento de avaliação de combinações binárias de

atraentes de oviposição para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus,

acrescidos às armadilhas P1T1 contendo 1 L de água desclorada.

Tratamento Escatol Indol P-Cresol Nonanal

1 X - - -

2 X X - -

3 X - X -

4 X - - X

5 - - - -

As combinações binárias foram testadas em campo, na fábrica de postes de alumínio

(Ilumef) utilizada no experimento anterior, situada no bairro Jaqueline, regional Norte de

Belo Horizonte. Na área, foram escolhidas três áreas (1, 2 e 3), distantes uma da outra ao

menos 100 m. Em cada região, foram definidas cinco posições (A, B, C, D e E), nas quais

foram colocadas as armadilhas com os tratamentos a serem testados para comparação.

Houve, a cada dois dias, troca de lugar das armadilhas entre as cinco posições escolhidas,

60

dentro de cada uma das três regiões (QUADRO 4). Para disposição das armadilhas em

campo foi utilizado o quadrado latino (5x5).

QUADRO 4: Disposição dos diferentes tratamentos em campo, nas posições definidas dentro de

cada região (1, 2 e 3), durante a realização do experimento de avaliação de combinações binárias de

atraentes sintéticos de oviposição para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus. E:

escatol; I: indol; N: nonanal e P: p-cresol.

Dia de leitura Posição

1 2 3 4 5

A Água Escatol E + I E + N E + P

B Escatol E + I E + N E + P Água

C E + I E + N E + P Água Escatol

D E + N E + P Água Escatol E + I

E E + P Água Escatol E + I E + N

A vistoria a cada dois dias das armadilhas e a dissecação de fêmeas foi realizada

segundo a mesma metodologia do experimento anterior.

O melhor tratamento dentre os testados foi utilizado nos experimentos de

combinações terciárias e quaternárias.

61

4.3 Experimento 3: Avaliação de combinações terciárias e quaternária de atraentes

sintéticos de oviposição

Como não foi obtida uma combinação binária com melhor captura (experimento 2),

foram testadas todas as combinações terciárias possíveis entre os atraentes, sendo o

controle escatol utilizado isoladamente (QUADRO 5). A combinação quaternária também

foi testada (QUADRO 5), além da armadilha contendo apenas água.

QUADRO 5: Tratamentos do experimento de avaliação de combinações terciárias e quaternária de

atraentes sintéticos de oviposição para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus,

acrescidos às armadilhas P1T1 contendo 1 L de água desclorada.

Tratamento Escatol Indol P-cresol Nonanal

1 X - - -

2 X X X -

3 X X - X

4 X - X X

5 X X X X

6 - - - -

Houve, a cada dois dias, troca de lugar das armadilhas entre as seis posições

escolhidas (A, B, C, D, E e F), dentro de cada uma das duas regiões (1 e 2) (QUADRO 6).

Para disposição das armadilhas em campo foi utilizado o quadrado latino (6x6), e a

normalidade dos dados de captura em campo também foi testada através do teste de

Kolmogorov Smirnov (Z).

62

QUADRO 6: Disposição dos diferentes tratamentos em campo, nas posições definidas dentro de

cada região (1 e 2), durante a realização do experimento de avaliação de combinações terciárias e

quaternárias de atraentes sintéticos de oviposição para fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus.

E: escatol; I: indol; N: nonanal e P: p-cresol.

Dia de leitura Posição

1 2 3 4 5

A Água Escatol E + I + N E + I + P E + N + P

B Escatol E + I + N E + I + P E + N + P E + I + N + P

C E + I + N E + I + P E + N + P E + I + N + P Água

D E + I + P E + N + P E + I + N + P Água Escatol

E E + N + P E + I + N + P Água Escatol E + I +N

F E + I + N + P Água Escatol E + I +N E + I + P

A vistoria foi realizada a cada dois dias das armadilhas e a dissecação de fêmeas foi

realizada segundo a mesma metodologia dos experimentos anteriores.

A melhor formulação foi utilizada nos experimentos de comparação do melhor

protótipo com outra armadilha para fêmeas grávidas.

63

4.4 Experimento 4: Comparação do melhor protótipo de armadilha para captura de

fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP

O melhor protótipo de armadilha (P1T1) e o melhor tratamento dos testes de

combinação de atraentes de oviposição sintéticos (escatol utilizado isoladamente) foram

avaliados quanto à seletividade de captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus em

comparação com a armadilha MosquiTRAP® (FIG. 9).

FIGURA 9 – Armadilha para captura de adultos de Aedes aegypti (MosquiTRAP) utilizada no

experimento de comparação entre o melhor protótipo de armadilha para captura de fêmeas grávidas

de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP em campo. (a) Parte inferior contendo tela de

proteção; (b) parte superior (tampa); (c) AtrAedes (atraente de oviposição sintético) e (d) cartão

adesivo.

O experimento contou com os seguintes tratamentos:

Tratamento 1: P1T1 + Escatol.

Tratamento 2: MosquiTRAP + Escatol.

Tratamento 3: MosquiTRAP + AtrAedes.

Fonte: Álvaro Eiras

Fonte: Rosemary Roque

64

À cada armadilha MosquiTRAP® foram acrescidos cerca de 275 mL de água

desclorada e o atraente AtrAedes® foi posicionado no cartão adesivo da armadilha, fixado

com o auxílio de um percevejo.

As armadilhas foram testadas em campo, inicialmente na mesma área da região

metropolitana de Belo Horizonte utilizada nos experimentos anteriores (bairro Jaqueline).

Foram escolhidas três áreas (1, 2 e 3), distantes no mínimo 100 m uma da outra, cada uma

representando uma repetição do experimento. Em cada região, foram definidas três

posições (A, B e C), nas quais foram colocadas as armadilhas a serem testadas para

comparação. Houve, a cada quatro dias, troca de posição das armadilhas entre as três

posições escolhidas, dentro de cada uma das três áreas (QUADRO 7). Para disposição das

armadilhas em campo foi utilizado o quadrado latino (3X3).

QUADRO 7: Disposição dos diferentes tratamentos em campo, nas posições definidas dentro de

cada região (1, 2 e 3), durante a realização do experimento de comparação do melhor protótipo de

armadilha para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP.

Dia de leitura Posição

1 2 3

A P1T1 + Escatol MosquiTRAP + Escatol MosquiTRAP + AtrAedes

B MosquiTRAP + Escatol MosquiTRAP + AtrAedes P1T1 + Escatol

C MosquiTRAP + AtrAedes P1T1 + Escatol MosquiTRAP + Escatol

A vistoria a cada quatro dias das armadilhas e a dissecação de fêmeas foi realizada

segundo a mesma metodologia dos experimentos anteriores.

Em um segundo momento, foram realizadas outras cinco repetições do experimento

no ICB da UFMG. Na área, foram escolhidas cinco regiões (1, 2, 3, 4 e 5), distantes no

mínimo 100 m uma da outra. Em cada região, foram definidas três posições (A, B e C), nas

65

quais foram colocadas as armadilhas a serem testadas para comparação. Houve, a cada

quatro dias, troca de posição das armadilhas entre as três posições escolhidas, dentro de

cada uma das cinco áreas (QUADRO 7).

A vistoria a cada quatro dias das armadilhas e a dissecação de fêmeas foi realizada

segundo a mesma metodologia dos experimentos anteriores.

4.5 Análises estatísticas

Para a análise estatística da quantidade de machos, fêmeas e fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus coletadas em campo foi feito o teste de normalidade Kolmogorov

Smirnov (Z). Como os dados não apresentaram distribuição normal (p< 0,05, Kolmogorov

Smirnov), a comparação entre os tratamentos avaliados em cada experimento foi feita com

o teste de Kruskal-Wallis. Diferenças significativas entre as médias foram comparadas pelo

teste de Mann-Whitney em nível de 5%.

66

5. RESULTADOS

5.1 Desenvolvimento e avaliação de novos protótipos de armadilhas para captura de

fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus

5.1.1 Avaliação da dispersão de odores nos diferentes protótipos de armadilha

desenvolvidos

Durante a realização do experimento, a temperatura oscilou entre 26° e 29° C

(mínima e máxima), a umidade relativa do ar permaneceu em torno de 67% e a velocidade

média do vento obtida foi de 0,23 ± 0,06 m/s.

A fumaça liberada pela armadilha P1T1 se mostrou mais concentrada próximo à

mesma do que a liberada pelos protótipos que utilizam como base o balde, e sua dispersão

na área adjacente também se mostrou mais constante, o que pôde ser observado através de

uma pluma mais concentrada e mais facilmente visualizada (FIG. 10). A fumaça liberada

pela P1T1 demorava mais tempo para se dispersar na corrente de vento, sofrendo menor

influência das condições climáticas e atingindo, assim, maior área em uma concentração

maior.

67

FIGURA 10 – Dispersão da pluma de odor produzida por cloreto de amônio na armadilha P1T1.

Dentre os protótipos em forma de balde, pôde-se notar que os baldes C e D (FIG.

11), por possuírem aberturas laterais, permitiram uma circulação do ar no interior das

armadilhas, o que fez com que a fumaça liberada se dispersasse em várias direções.

Entretanto, nos mesmos protótipos, a fumaça foi liberada de uma maneira dispersa, pouco

concentrada. Ainda, dependendo da direção do vento, freqüentemente a pluma de odor foi

interrompida, o que pode dificultar a chegada do mosquito à fonte de odor.

68

FIGURA 11 – Dispersão da pluma de odor produzida por cloreto de amônio no (a) balde C e no (b)

balde D.

Nos baldes A e B (FIG. 12), a pluma de odor formada era liberada mais

continuamente do que nos baldes C e D, sendo mais concentrada no balde A (com abertura

única) e mais dispersa no balde B (com quatro aberturas), porém em situações de calmaria,

freqüentemente, a liberação da pluma de odor se interrompia, sendo necessário o retorno de

uma corrente de ar mais forte para que a pluma de odor voltasse a ser liberada, o que

acontecia especialmente no balde A.

a) b)

69

FIGURA 12 – Pluma de odor produzida por cloreto de amônio liberada pelos (a) baldes A e (b) B.

Entretanto, devem ser considerados testes de captura de insetos para avaliar, além da

dispersão de odores, a influência das diferenças do número de aberturas e de suas

localizações no acesso ao interior da armadilha. A entrada dos mosquitos ocorre nas

aberturas dos protótipos, bem como a saída dos mesmos, a qual resulta na captura do inseto

ou não pelos cartões adesivos situados no interior da armadilha.

a) b)

70

5.1.2 Experimento 1: Comparação entre os diferentes protótipos desenvolvidos de

armadilhas para captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus

5.1.2.1 Área 1: Regional Venda Nova

Durante a realização do experimento de avaliação de protótipos de armadilhas para

captura de fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus, nenhum mosquito foi capturado

pelos tratamentos avaliados. Na investigação da área e suas adjacências, através da

utilização da armadilha CDC, apenas uma fêmea de C. quinquefasciatus foi capturada a um

quarteirão do local dos testes (Clube Lareira), portanto, a área foi descartada.

5.1.2.2 Área 2: Regional Norte

O total de 225 C. quinquefasciatus foi capturado nas armadilhas, destes 145 machos

e 80 fêmeas, durante 5 dias de experimento. Das 15 observações (5 armadilhas x 3

monitoramentos) realizadas durante o período, o balde A obteve captura média de machos

significativamente diferente dos baldes C e D (Mann Whitney, p= 0,003 e p= 0,001,

respectivamente), tendo apresentado a menor captura média dentre todas as armadilhas. A

média de captura de machos da P1T1 não foi significativamente maior que a do balde D

(Mann Whitney, p= 0,054), porém a P1T1 capturou o triplo de machos que o balde D.

Foram capturados pela armadilha P1T1 79 machos, perfazendo uma média de 5,3 ± 2,35

machos/armadilha/noite, que foi significativamente maior do que a observada com os

baldes A, B e C (Mann Whitney, p= 0,000, p=0,005 e p= 0,04, respectivamente). Entre as

71

restantes médias de captura citadas, não houve diferença significativa (Mann Whitney,

p>0,05) (TAB. 2).

O total de 80 fêmeas foram capturadas nas 15 observações (5 armadilhas x 3

monitoramentos) realizadas durante o período. O balde A obteve captura média de fêmeas

significativamente diferente dos baldes C e D (Mann Whitney, p= 0,014 e p= 0,012,

respectivamente), sendo, assim como ocorreu quanto à captura de machos, a armadilha com

a menor captura média dentre todas as outras. A armadilha P1T1 foi responsável pela

captura de 40 fêmeas, perfazendo uma média de 2,7 ± 0,45 fêmeas/armadilha/noite e de

50% do total de fêmeas capturadas durante o experimento. Esta média foi

significativamente maior do que a observada com os baldes A, B, C e D (Mann Whitney,

p= 0,000, p=0,001, p= 0,003 e p= 0,025, respectivamente). Entre as médias de captura

restantes citadas, não houve diferença significativa (Mann Whitney, p>0,05) (TAB. 2).

TABELA 2. Captura total e média de fêmeas e machos de Culex quinquefasciatus pelos protótipos

de armadilhas avaliados em experimento de campo no bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, no

período de 25 a 30/09/06. (N = 15).

Armadilha Total de machos Machos

(média ±±±± EP)

Total de fêmeas Fêmeas

(média ±±±± EP)

P1T1 79 5,3 ± 2,35 a 40 2,7 ± 0,45 a

Balde A 2 0,1 ± 0,13 b 1 0,1 ± 0,74 b

Balde B 12 0,8 ± 0,48 bc 8 0,5 ± 0,07 c

Balde C 31 2,1 ± 1,23 c 14 0,9 ± 0,17 c

Balde D 21 1,4 ± 0,39 ac 17 1,1 ± 0,52 c

* Médias seguidas de letras diferentes, na coluna, são significativamente diferentes entre si (Mann Whitney).

72

Diferentes estágios fisiológicos de fêmeas foram observados nos testes com os

protótipos de armadilhas. Nenhuma fêmea ingurgitada de sangue foi capturada e em todos

os grupos (exceto no balde A, que capturou apenas uma fêmea, onípara) estavam presentes

fêmeas grávidas, nulíparas e oníparas. Dentre as fêmeas capturadas pela armadilha P1T1,

22,5% eram nulíparas (n=9), 25,0% oníparas (n=10) e 40,0% grávidas (n=16),

apresentando o maior número de fêmeas capturadas em todos os estágios fisiológicos, se

comparada às outras armadilhas. Entretanto, a diferença de captura dentre as armadilhas

testadas não foi significativa para nenhum dos estágios fisiológicos (Kruskal Wallis,

P>0,05) (TAB. 3).

Durante o experimento, nenhum outro inseto foi capturado além de C.

quinquefasciatus.

TABELA 3. Número e porcentagem de fêmeas de Culex quinquefasciatus capturadas, por estágio

fisiológico, por cada um dos cinco protótipos de armadilhas avaliados em experimento de campo no

bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, no período de 25 a 30/09/06. (N = 15).

Armadilha Nulíparas Oníparas Grávidas Estágio Indeterminado Total

P1T1 9 (22,5%) 10 (25,0%) 16 (40,0%) 5 (12,5%) 40 (100,0%)

Balde A 0 (0,0%) 1 (100,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (100,0%)

Balde B 2 (25,0%) 3 (37,5%) 3 (0,0%) 0 (0,0%) 8 (100,0%)

Balde C 5 (35,7%) 3 (21,4%) 6 (42,9%) 0 (0,0%) 14 (100,0%)

Balde D 2 (11,8%) 7 (41,2%) 5 (29,4%) 3 (17,6%) 17 (100,0%)

73

5.2 Experimento 2: Avaliação de combinações binárias de atraentes sintéticos de

oviposição

O total de 525 C. quinquefasciatus foi capturado na armadilha P1T1, contendo

diferentes combinações binárias de atraentes e os controles, durante 10 dias de

experimento. Destes, 285 machos e 240 fêmeas. Das 15 observações (5 armadilhas x 3

monitoramentos) realizadas durante o período, a armadilha contendo escatol e nonanal

obteve captura média significativamente diferente da armadilha contendo apenas água

(Mann Whitney, p= 0,008), tendo apresentado a segunda maior captura média dentre todos

os tratamentos. A armadilha contendo apenas escatol capturou 160 machos, perfazendo

uma média de 10,7 ± 3,97 machos/armadilha/leitura. Esta média foi significativamente

maior do que a observada com as armadilhas contendo apenas água, contendo escatol e

indol e contendo escatol e p-cresol (Mann Whitney, p= 0,000, p=0,012 e p= 0,006,

respectivamente). A média de captura da armadilha contendo apenas escatol só não foi

significativamente maior do que a da armadilha contendo escatol e nonanal (3,3 ± 0,84,

n=50) (Mann Whitney, p= 0,122), porém a armadilha contendo apenas escatol capturou

mais do que o triplo de machos que a armadilha contendo escatol e nonanal. Entre as

restantes médias de captura citadas, não houve diferença significativa (Mann Whitney,

p>0,05) (TAB. 4).

Dentre as 240 fêmeas capturadas nas 15 observações realizadas durante o

experimento, a armadilha contendo escatol e nonanal obteve captura média

significativamente diferente da armadilha contendo apenas água (Mann Whitney, p=

0,003), tendo apresentado a segunda maior captura média dentre todos os tratamentos. As

74

armadilhas contendo apenas escatol capturaram 127 fêmeas (53% do total de fêmeas),

perfazendo uma média de 8,5 ± 2,75 fêmeas/armadilha/leitura. Esta média foi

significativamente maior do que a observada nas armadilhas contendo apenas água,

contendo escatol e indol e contendo escatol e p-cresol (Mann Whitney, p= 0,000, p= 0,012

e p= 0,006, respectivamente). A média de captura da armadilha contendo apenas escatol só

não foi significativamente maior que a da armadilha contendo escatol e nonanal (3,1 ± 0,67,

n=46) (Mann Whitney, p= 0,122), porém a armadilha contendo apenas escatol capturou

mais do que o dobro de fêmeas que a armadilha contendo escatol e nonanal. Entre as

restantes médias de captura citadas, não houve diferença significativa (Mann Whitney,

p>0,05) (TAB. 4). A presença de diferença significativa de captura média entre os cinco

tratamentos foi semelhante para machos e fêmeas.

TABELA 4 - Captura total e média de machos e de fêmeas de Culex quinquefasciatus por cada um

dos cinco tratamentos, no experimento de avaliação de combinações binárias de atraentes sintéticos

de oviposição realizado no bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, realizado no período de 03 a

13/11/06. (N = 15).

Tratamento Total de

machos

Machos

(média ±±±± EP)

Total de

fêmeas

Fêmeas

(média ±±±± EP)

Água 12 0,8 ± 0,26 b 17 1,1 ± 0,40 b

Escatol 160 10,7 ± 3,97 a 127 8,5 ± 2,75 a

Escatol + Indol 36 2,4 ± 0,74 bc 28 1,9 ± 0,47 bc

Escatol + Nonanal 50 3,3 ± 0,84 ac 46 3,1 ± 0,67 ac

Escatol + p-cresol 27 1,8 ± 0,52 bc 22 1,5 ± 0,16 bc

* Médias seguidas de letras diferentes, na coluna, são significativamente diferentes entre si (Mann Whitney).

75

Além dos machos e fêmeas de C. quinquefasciatus, apenas uma fêmea de Aedes

albopictus foi capturada, em uma armadilha contendo apenas escatol.

Diferentes estágios fisiológicos de fêmeas foram observados nos testes com as

combinações binárias de atraentes. Nenhuma fêmea ingurgitada de sangue foi capturada em

armadilhas contendo apenas escatol e nenhuma fêmea nulípara foi capturada por

armadilhas contendo apenas água. Em todos os grupos estavam presentes fêmeas grávidas e

oníparas. Dentre as fêmeas capturadas pelas armadilhas contendo apenas escatol, 11,0%

eram nulíparas (n=14), 45,7% oníparas (n=58) e 26,0% grávidas (n=33), apresentando o

maior número de fêmeas capturadas nestes estágios fisiológicos, se comparada aos outros

tratamentos, porém a diferença não foi significativa (Kruskal Wallis, P>0,05) (TAB. 5).

TABELA 5 - Número e porcentagem de fêmeas de Culex quinquefasciatus capturadas, por estágio

fisiológico, por cada um dos tratamentos do experimento de avaliação de combinações binárias de

atraentes sintéticos de oviposição realizado no bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, no período de

03 a 13/11/06. (N = 15). E: escatol, I: indol, N: nonanal, P: p-cresol.

Tratamento Nulíparas Oníparas Ingurgitadas Grávidas Estágio

indeterminado Total

Água 0 (0,0%) 8 (47,1%) 1 (5,9%) 3 (17,6%) 5 (29,4%) 17 (100,0%)

Escatol 14 (11,0%) 58 (45,7%) 0 (0,0%) 33 (26,0%) 22 (17,3%) 127 (100,0%)

E + I 5 (17,9%) 13 (46,4%) 1 (3,6%) 7 (25,0%) 2 (7,1%) 28 (100,0%)

E + N 3 (6,5%) 22 (47,8%) 1 (2,2%) 9 (19,6%) 11 (23,9%) 46 (100,0%)

E + P 2 (9,1%) 12 (54,5%) 1 (4,5%) 6 (27,3%) 1 (4,5%) 22 (100,0%)

76

5.3 Experimento 3: Avaliação de combinações terciárias e quaternária de atraentes

sintéticos de oviposição

Durante a realização deste experimento observou-se uma população reduzida na

área. Somente o total de apenas 21 C. quinquefasciatus foi capturado em todas armadilhas

contendo diferentes combinações terciárias e quaternária de atraentes e os controles. Destes

nove machos e 12 fêmeas, durante 12 dias de experimento (leituras feitas a cada dois dias).

Das 12 observações (6 armadilhas x 2 monitoramentos) realizadas durante o período, cinco

machos (55,6% do total) foram capturados pelas armadilhas contendo apenas escatol,

perfazendo uma média de 0,4 ± 0,26 machos/armadilha/leitura. Entre os machos capturados

pelos diferentes tratamentos, não houve diferença significativa (Kruskal Wallis, p= 0,256).

Os outros tratamentos obtiveram uma captura menor que o escatol e nas armadilhas

contendo as combinações terciárias escatol + indol + nonanal e escatol + indol + p-cresol

não foi capturado nenhum macho durante a realização do experimento (TAB. 6).

Dentre as 12 fêmeas, as armadilhas contendo as combinações terciárias escatol +

indol + nonanal e escatol + indol + p-cresol capturaram uma fêmea cada tratamento, ao

longo de experimento, e a armadilha contendo apenas água capturou duas fêmeas. As

armadilhas contendo apenas escatol capturaram oito fêmeas (66,7% do total), perfazendo

uma média de 0,7 ± 0,26 fêmeas/armadilha/leitura. Esta média foi significativamente maior

do que a observada nas armadilhas contendo a combinação terciária escatol + p-cresol +

nonanal e contendo a combinação quaternária (escatol + indol + p-cresol + nonanal) (Mann

Whitney, p= 0,015). Entre as restantes médias de captura citadas, não houve diferença

significativa (Mann Whitney, p>0,05) (TAB. 6).

77

TABELA 6 - Captura total e média de machos e de fêmeas de Culex quinquefasciatus por cada um

dos tratamentos do experimento de avaliação de combinações terciárias e quaternárias de atraentes

sintéticos de oviposição no bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, no período de 19 a 31/01/07. (N =

12). E: escatol, I: indol, N: nonanal e P: p-cresol.

Tratamento Total

de machos

Machos

(média ±±±± EP)

Total de fêmeas Fêmeas

(média ±±±± EP)

Água 1 0,1 ± 0,08a 2 0,2 ± 0,17 abc

Escatol 5 0,4 ± 0,26a 8 0,7 ± 0,26 a

E + I + N 0 0,0 ± 0,00a 1 0,1 ± 0,08 abc

E + I + P 0 0,0 ±0,00a 1 0,1 ±0,08 abc

E + P + N 2 0,2 ± 0,11a 0 0,0 ± 0,00 bc

E + I + N + P 1 0,1 ± 0,08a 0 0,0 ± 0,00 c

* Médias seguidas de letras diferentes, na coluna, são significativamente diferentes entre si (Mann Whitney).

Além dos machos e fêmeas de C. quinquefasciatus, foram capturadas três fêmeas de

Aedes aegypti, destas duas foram capturadas em armadilhas contendo apenas escatol e a

outra em uma armadilha contendo a combinação quaternária dos atraentes.

Apenas dois estágios fisiológicos de fêmeas foram observados nos testes com as

combinações terciárias e quaternária de atraentes. Nenhuma fêmea ingurgitada de sangue

tampouco nulípara foi capturada pelos tratamentos avaliados. O estágio fisiológico mais

observado foi o de fêmeas grávidas, presentes em todos os tratamentos positivos para

fêmeas de C. quinquefasciatus. Porém, o estágio fisiológico que inclui as fêmeas oníparas

contou com maior número de captura (sete das 12 fêmeas capturadas eram oníparas).

Dentre as fêmeas capturadas pelas armadilhas contendo apenas escatol, 75,0% eram

oníparas (n=6) e 12,5% grávidas (n=1). As armadilhas contendo apenas escatol capturaram,

quanto às fêmeas oníparas, maior número que as demais, porém a diferença não foi

significativa (Kruskal Wallis, P>0,05) (TAB. 7).

78

TABELA 7 – Número e porcentagem de fêmeas de Culex quinquefasciatus capturadas, por estágio

fisiológico, por cada um dos tratamentos do experimento de avaliação de combinações terciárias e

quaternária de atraentes sintéticos de oviposição no bairro Jaqueline, Belo Horizonte-MG, no

período de 19 a 31/01/07. (N = 12). E: escatol, I: indol, N: nonanal e P: p-cresol.

Tratamento Oníparas Grávidas Estágio indeterminado Total

Água 1 (50,0%) 1 (50,0%) 0 (0,0%) 2 (100,0%)

Escatol 6 (75,0%) 1 (12,5%) 1 (12,5%) 8 (100,0%)

E + I + N 0 (0,0%) 1 (100,0%) 0 (0,0%) 1 (100,0%)

E + I + P 0 (0,0%) 1 (100,0%) 0 (0,0%) 1 (100,0%)

E + P + N 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (100,0%)

E + I + N + P 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (100,0%)

79

5.4 Experimento 4: Comparação do melhor protótipo de armadilha para captura de

fêmeas grávidas de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP

Apenas 16 C. quinquefasciatus foram capturados nos tratamentos avaliados, destes

seis machos e 10 fêmeas, durante 24 dias de experimento. Das 24 observações (3

armadilhas x 8 monitoramentos) realizadas durante o período, cinco machos (83,3% do

total) foram capturados pelas armadilhas P1T1 contendo escatol, perfazendo uma média de

0,2 ± 0,10 machos/armadilha/leitura, seguida da armadilha MosquiTRAP contendo

escatol, que capturou um macho (16,7%); a armadilha MosquiTRAP contendo AtrAedes

não capturou nenhum macho de C. quinquefasciatus. Entre os machos capturados pelos

diferentes tratamentos, não houve diferença significativa (Kruskal Wallis, p= 0,062) (TAB.

8).

Dentre as 10 fêmeas capturadas nas 24 observações realizadas, as armadilhas

MosquiTRAP contendo escatol capturaram duas fêmeas, enquanto oito foram capturadas

pelas armadilhas P1T1 contendo escatol, perfazendo uma média de 0,3 ± 0,14

fêmeas/armadilha/leitura. Esta média foi significativamente maior do que a observada nas

armadilhas MosquiTRAP contendo AtrAedes (Mann Whitney, p= 0,020), sendo

responsável pela captura de 80% do total de fêmeas capturadas durante o experimento.

Entre as restantes médias de captura citadas, não houve diferença significativa (Mann

Whitney, p>0,05) (TAB. 8).

80

TABELA 8. Captura total e média de machos e de fêmeas de Culex quinquefasciatus por tratamento

do experimento de comparação entre o melhor protótipo de armadilha para captura de fêmeas

grávidas de Culex quinquefasciatus com MosquiTRAP no bairro Jaqueline e no ICB/UFMG, Belo

Horizonte-MG, nos períodos de 22 a 30/03/07 e de 16 a 24/04/07. (N = 24).

Tratamento Total de

machos

Machos

(média ±±±± EP)

Total de

fêmeas

Fêmeas

(média ±±±± EP)

P1T1 + Escatol 5 0,2 ± 0,10a 8 0,3 ± 0,14 a

MosquiTRAP + Escatol 1 0,0 ± 0,04a 2 0,1 ± 0,06 ac

MosquiTRAP + AtrAedes 0 0,0 ± 0,00a 0 0,0 ± 0,0 bc

* Médias seguidas de letras diferentes, na coluna, são significativamente diferentes entre si (Mann Whitney).

Todas as fêmeas de C. quinquefasciatus capturadas durante a realização dos

experimentos, por todos os tratamentos avaliados, eram grávidas.

Durante a realização do experimento, foram capturados 12 A. aegypti, destes apenas

um macho (capturado pela armadilha P1T1 contendo Escatol) e 11 fêmeas. Não houve

diferença significativa entre os machos capturados pelos diferentes tratamentos (Kruskal

Wallis, p= 0,368). Dentre as 11 fêmeas de A. aegypti capturadas, uma foi capturada por

uma armadilha MosquiTRAP contendo escatol, quatro em armadilhas P1T1 contendo

escatol e seis em MosquiTRAP contendo AtrAedes, porém a diferença não foi

significativa (Kruskal Wallis, p= 0,123) (TAB. 9).

81

TABELA 9 - Captura total de machos e de fêmeas de Aedes aegypti por tratamento do experimento

de comparação entre o melhor protótipo de armadilha para captura de fêmeas grávidas de Culex

quinquefasciatus com MosquiTRAP no bairro Jaqueline e no ICB/UFMG, Belo Horizonte-MG,

nos períodos de 22 a 30/03/07 e de 16 a 24/04/07. (N = 24).

Tratamento Total de machos Total de fêmeas

P1T1 + Escatol 1 4

MosquiTRAP + Escatol 0 1

MosquiTRAP + AtrAedes 0 6

Além dos Culicídeos citados, foram capturados outros dípteros, 305 Psychodidae,

do gênero Clogmyia, antigo Telmatoscopus (“mosca de banheiro"), dois Muscidae, além de

outros insetos (cinco Formicidae e 10 Himenópteros). Também foram encontrados três

Aracnida durante a realização do experimento (TAB 10).

TABELA 10. Captura de outros Insecta e Aracnida por tratamento do experimento de comparação

entre o melhor protótipo de armadilha para captura de fêmeas grávidas de Culex. quinquefasciatus

com MosquiTRAP no bairro Jaqueline e no ICB/UFMG, Belo Horizonte-MG, nos períodos de 22

a 30/03/07 e de 16 a 24/04/07. (N = 24).

Número de Artrópodes capturados Categorias

P1T1 + Escatol MosquiTRAP + Escatol MosquiTRAP + AtrAedes

Psychodidae 226 35 44

Muscidae 1 1 0

Formicidae 3 2 0

Himenoptera 9 1 0

Aracnida 3 0 0

82

6. DISCUSSÃO

Os resultados deste trabalho mostraram o potencial da armadilha P1T1 na captura

de Culex quinquefasciatus, especialmente de fêmeas, utilizando atraentes sintéticos de

oviposição. Para isto, conhecimentos básicos sobre comportamento de pré-oviposição e

oviposição da espécie-alvo de mosquito forneceram subsídios importantes para avaliação

de protótipos de armadilhas e para a avaliação do comportamento dos mosquitos frente a

diferentes combinações dos atraentes.

Com o objetivo de aumentar o potencial de captura obtido pela P1T1, foram

desenvolvidos diferentes protótipos de armadilhas. Lima (2005) observou a especificidade

da armadilha P1T1 quanto à captura de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, porém o

seu potencial de captura deveria ser aumentado para que esta constituísse um instrumento

de monitoramento eficaz utilizado como medida adicional em programas de controle do

vetor. Para tal uso, as armadilhas devem possuir um alto potencial de captura, auxiliando na

redução da densidade populacional do mosquito-alvo a um nível que evite a transmissão de

doenças (BENTO, 2001).

Os protótipos construídos usando balde como parte principal, tinham formato e

tamanho diferenciados da P1T1, bem como apresentavam número e posições diferentes de

aberturas. As variações de número e posições de aberturas alteram a forma da dispersão do

odor pela armadilha e as possibilidades de entrada e escape do inseto. Um funil de tela foi

acrescido a cada abertura dos protótipos em balde com o objetivo de evitar o escape de

mosquitos após sua entrada na armadilha, evitando que houvesse diferença entre o número

de insetos que entrassem nos protótipos e o número de insetos capturados pelos cartões

83

adesivos posicionados no interior das armadilhas. O escape de mosquitos antes de sua

captura foi um problema observado na armadilha P1T1 durante a realização dos

experimentos. Durante a leitura dos experimentos, no momento em que a tampa da

armadilha P1T1 era retirada, escapavam alguns insetos.

Visando avaliar a dispersão da pluma de odor nos protótipos de armadilha

desenvolvidos (tendo como base um balde), em comparação à P1T1, foi realizado o teste de

fumaça, que forneceu subsídios importantes para, inicialmente especular o potencial de

captura de cada protótipo. Posteriormente este pôde ser confirmado através da avaliação da

eficácia na captura de insetos-alvo em campo. A armadilha P1T1 foi responsável pela

formação de uma pluma de odor mais concentrada, que se dispersou mais homogeneamente

pela área adjacente, sofrendo menores influências das correntes de vento, quando

comparada aos protótipos de armadilhas em forma de balde. Dentre os protótipos em forma

de balde, pôde-se notar que a presença de aberturas laterais permitiu uma circulação do ar

no interior das armadilhas, o que fez com que a fumaça liberada se dispersasse em várias

direções, apesar de se apresentar mais dispersa, pouco concentrada e sendo interrompida de

acordo com as rajadas de vento. Apesar da maior continuidade de liberação da pluma de

odor pelos protótipos sem aberturas laterais, em situações de ar parado a pluma facilmente

se interrompia, permanecendo desta maneira por um longo tempo, o que poderia atrapalhar

a orientação do mosquito para o sítio de oviposição.

A forma como os atraentes se difundem na armadilha através da formação de

plumas de odores e a constituição das substâncias são fatores responsáveis por alterações na

eficácia das mesmas quanto à captura dos mosquitos (DU e MILLAR, 1999). A dispersão

dos odores é modulada pela turbulência do vento e a concentração da pluma de odor pode

tanto facilitar quanto confundir os insetos para o encontro do composto. Para que o inseto

84

se oriente pela pluma de odor, é necessário o contato intermitente com o composto,

resultante da intercepção e não intercepção dos filamentos de odor em vários momentos

pelo inseto (EIRAS e MAFRA-NETO, 2001). Sendo assim, a avaliação do potencial de

captura das armadilhas em campo se torna essencial para a interpretação da influência da

dispersão dos odores em sua eficácia.

Devido à ausência total de captura do inseto de interesse (fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus) no Clube Lareira, durante a realização do experimento de avaliação de

protótipos de armadilhas para captura de fêmeas grávidas, foi realizado um experimento

curto com a armadilha CDC para analisar se realmente a área não possuía insetos e

investigar novas possíveis áreas experimentais. A ausência de insetos-alvo durante a

realização dos experimentos e a captura de apenas uma fêmea a um quarteirão do local de

testes (Clube Lareira) fez com que a área fosse descartada, sendo repetido o experimento no

bairro Jaqueline.

Um total de 225 C. quinquefasciatus foi capturado nas armadilhas avaliadas (P1T1,

Baldes A, B, C e D), sendo 145 machos e 80 fêmeas. Dentre estes, a armadilha P1T1

capturou cerca de 46% do total de machos, sendo significativamente maior sua captura que

a obtida pelos baldes A, B e C. Para as fêmeas, a P1T1 capturou 50% do total, sendo a

captura significativamente maior que os demais protótipos. Quanto aos estágios fisiológicos

das fêmeas capturadas, apesar de não ter sido observada diferença significativa entre os

protótipos avaliados dentre de nenhuma das categorias, a armadilha P1T1 capturou mais

exemplares de grávidas, nulíparas e oníparas dentre os protótipos avaliados. Através destes

resultados, aliados à avaliação da dispersão da pluma de odor nos protótipos de armadilhas,

pudemos constatar que a P1T1 facilitou o encontro do sítio de oviposição para fêmeas. Os

experimentos de avaliação da dispersão dos odores e do potencial de captura foram

85

realizados em campo, em ambiente sujeito à turbulência do vento. Nestas condições, a

estrutura das plumas nas armadilhas P1T1 se apresentou de maneira mais homogênea,

situação na qual os odores podem ser distribuídos igualmente, o que fez com que,

conseqüentemente, este sítio atraísse maior percentual de fêmeas, especialmente de fêmeas

grávidas.

Os protótipos tipo balde com aberturas laterais capturaram mais insetos que os sem

estas aberturas, provavelmente devido à interrupção da dispersão da pluma de odor nas

armadilhas sem aberturas laterais em condições de ar parado ou pela presença de mais

acessos de entrada dos insetos nas armadilhas devido ao maior número de aberturas nos

protótipos com aberturas laterais. A maior captura de fêmeas e machos de C.

quinquefasciatus do balde D em relação aos outros baldes permite excluir a possibilidade

de a saída dos mosquitos pelas aberturas diminuir a eficácia de captura das mesmas, visto

que, caso isto ocorresse, quanto mais aberturas possuísse um protótipo, mais insetos

escapariam, deixando, assim, de ser capturados. Maiores estudos quanto ao comportamento

do inseto em resposta às modificações nas armadilhas, tanto em resposta à forma de

dispersão de odores, quanto ao desenho do protótipo, poderiam ser realizados através de

filmagem da dispersão do odor e dos padrões comportamentais dos insetos aos protótipos,

porém a filmagem do experimento foi descartada em virtude do pior desempenho dos

protótipos desenvolvidos frente à P1T1, que foi avaliada por Lima (2005).

Dentre as três áreas experimentais em que foram realizados os experimentos de

avaliação de protótipos de armadilhas (quadrados latinos diferentes), apenas uma obteve

menor captura que as outras duas (região 1, situada na Oficina do Nem). Portanto, os

próximos experimentos não foram realizados nesta região.

86

Sabe-se que não apenas a estrutura da pluma de odor será responsável pela maior

atratividade ao sítio, mas também, a composição de odores, suas concentrações e o tamanho

da superfície do criadouro (CLEMENTS, 1999). Assim, a utilização de atraentes sintéticos

de oviposição pode aumentar a atratividade da armadilha P1T1. A utilização de infusão de

gramínea como atraente aumenta significativamente a captura de fêmeas pela P1T1 (LIMA,

2005). Contudo, seu uso apresenta desvantagens tais como o tempo de preparo ou

alterações das concentrações dos voláteis emitidos, o que torna essencial o uso de atraentes

sintéticos de oviposição. Através de cromatografia gasosa, Millar et al. (1992) identificaram

vários compostos da infusão de gramínea capazes de atrair e/ou estimular a oviposição de

C. quinquefasciatus, tais como fenol, 4-metil-fenol (p-cresol), 4-etil-fenol, indol e 3-metil-

indol (escatol). Em experimentos de campo, quando foi avaliada uma mistura de compostos

(escatol, p-cresol, 4-etil-fenol, fenol e indol) em comparação com o escatol, ambos

dissolvidos em água, não houve diferença significativa entre o número de jangadas

ovipositadas entre os grupos. Portanto, o escatol isoladamente é o responsável pela

atração/estímulo ao sítio de oviposição (BEEHLER et al., 1994).

As armadilhas para captura de insetos, como ocorre para pragas agrícolas, podem se

beneficiar da utilização de liberadores, que são polímeros capazes de liberar as substâncias

atrativas na armadilha a uma taxa relativamente constante, durante todo o período de

captura dos mosquitos. Além da constância na taxa de liberação, são vantagens da

utilização de liberadores para os atraentes a proteção dos componentes químicos ativos

contra a degradação pelo oxigênio do ar ou pela luz e a aplicabilidade em diferentes

situações de manejo (BENTO, 2001). Lima (2005) avaliou as perdas médias de massa dos

compostos isolados de infusão de gramínea fenol, p-cresol, nonanal, escatol e indol em

liberadores, fornecendo dados importante quanto ao período de utilização destes liberadores

87

contendo atraentes sintéticos de oviposição em campo. Nos experimentos com os

liberadores contendo atraentes sintéticos de oviposição, usando a armadilha P1T1, a infusão

a 100% capturou maior média de fêmeas, mas, quando cada grupo foi observado

individualmente, não houve diferença significativa na captura média de fêmeas usando

escatol e p-cresol. Estes resultados sugerem que as taxas médias de evaporação destes

atraentes nos liberadores apresentam atratividade similar ao da infusão a 100%, o que não

ocorreu com os outros atraentes como indol, nonanal e fenol (LIMA, 2005). Lima (2005)

observou que o escatol isoladamente liberado em polímeros pode ser o responsável pela

atratividade de fêmeas grávidas às P1T1, ou seja, é responsável pelo encontro do sítio de

oviposição. Porém, diferentes combinações de atraentes sintéticos podem aumentar a

atratividade, visto que os testes demonstraram que a infusão capturou em média maior

número de fêmeas que todos os atraentes.

No experimento de avaliação de combinações binárias de atraentes de oviposição

sintéticos do presente trabalho, o total de 525 C. quinquefasciatus foi capturado nas

armadilhas, destes 285 machos e 240 fêmeas. O escatol isoladamente foi responsável pela

captura de cerca de 56% dos machos, sendo a média de captura significativamente maior do

que a observada com as armadilhas contendo apenas água, contendo escatol e indol e

contendo escatol e p-cresol. A média de captura da armadilha contendo apenas escatol só

não foi significativamente maior que a da armadilha contendo escatol e nonanal, porém a

armadilha contendo apenas escatol capturou mais do que o triplo de machos que a

armadilha contendo escatol e nonanal. As armadilhas contendo apenas escatol capturaram

cerca de 53% do total de fêmeas capturadas durante o experimento e todos os estágios

fisiológicos.

88

Os resultados do experimento de combinação binária de atraentes de oviposição

sintéticos do presente trabalho corroboram com os de Beehler et al. (1994), que

observaram, em experimentos de campo utilizando armadilhas de Reiter (gravid trap), que

armadilhas contendo escatol obtém uma captura de fêmeas de C. quinquefasciatus

significativamente diferente de armadilhas contendo apenas água. Estes autores também

observaram que a adição de outros atraentes, em combinação ao escatol, não resultam em

um aumento da atratividade, pois não houve diferença significativa de captura entre a

combinação de atraentes e o escatol utilizado isolado.

Provavelmente, os machos e as fêmeas de outros estágios fisiológicos (não

grávidas) de C. quinquefasciatus capturados, foram atraídos pela cor escura das armadilhas,

em busca de um local para abrigar-se. Os machos, ainda, podem ter sido atraídos pelas

fêmeas capturadas, visando à cópula. Durante os experimentos de comparação entre os

diferentes protótipos desenvolvidos de armadilhas para captura de fêmeas grávidas de C.

quinquefasciatus e de avaliação de combinações binárias de atraentes sintéticos de

oviposição, realizados no bairro Jaqueline, houve uma maior captura de machos da espécie-

alvo, em comparação à captura de fêmeas, o que provavelmente ocorreu devido à maior

densidade populacional deste sexo na área experimental.

Os resultados sugerem que, dentre as combinações testadas e semelhantes às

concentrações utilizadas em avaliações dos atraentes segundo Lima (2005), a utilização do

escatol isolado possui maior potencial de atratividade dos insetos-alvo do que quando

associado aos outros atraentes sintéticos. A combinação do escatol com os demais atraentes

exerce um efeito antagonista, pois o potencial de captura é diminuído. O experimento

corrobora dados da literatura, pois o escatol capturou significativamente mais fêmeas que a

água (DU e MILLAR, 1999) e, dependendo da concentração do escatol, há maior

89

atratividade de fêmeas por este tratamento, se comparado à água, demonstrada pela

deposição de jangadas (BEEHLER et al., 1994; BLACKWELL et al., 1993; MBOERA et

al., 2000b).

Provavelmente, alterações na concentração dos compostos secundários resultem, se

não em maior captura do que o escatol utilizado isoladamente, no mesmo potencial de

captura, pois estes compostos estão presentes em infusões de gramínea, que atraem

igualmente fêmeas grávidas, se comparadas ao escatol isoladamente (LIMA, 2005). Ainda,

uma combinação de atraentes (dentre os quais estavam escatol, p-cresol e indol, testados no

presente trabalho) foi tão atrativa quando o escatol utilizado isoladamente (BEEHLER et

al., 1994).

Como não houve uma combinação binária mais atrativa que o escatol isolado, os

mesmos atraentes utilizados no experimento de avaliação de combinações binárias foram

avaliados em todas combinações terciárias possíveis, também sendo testada a combinação

quaternária dos atraentes, acrescidos à armadilha P1T1 (cada atraente em seu liberador, na

mesma concentração anterior), em comparação aos controles representados pela armadilha

P1T1 contendo apenas água e contendo água e escatol isolado.

No entanto, houve uma reduzida captura de C. quinquefasciatus durante todo o

experimento, onde apenas o total de 21 insetos foi capturado, sendo nove machos e 12

fêmeas. Os experimentos foram realizados em um período chuvoso (Janeiro de 2007), que

provavelmente contribuiu para uma baixa densidade de insetos-alvo no local de realização

dos experimentos. O aumento do nível e da velocidade de vazão da água nos criadouros

diminui a densidade das formas imaturas nestes locais durante o período chuvoso.

Conseqüentemente, a captura obtida pela P1T1 iscada com escatol não foi

significativamente diferente da captura obtida pelo controle (P1T1 contendo apenas água).

90

A diferença de atratividade de fêmeas entre água e escatol já foi observada no presente

trabalho, no experimento de avaliação de combinações binárias e em outros relatos

(BEEHLER et al., 1994; BLACKWELL et al., 1993; MBOERA et al., 2000b).

Dentre as 12 fêmeas capturadas, oito foram capturadas pelas armadilhas contendo

apenas escatol (66,7% do total de fêmeas capturadas durante o experimento), média

significativamente maior do que a observada nas armadilhas contendo a combinação

terciária escatol + p-cresol + nonanal e contendo a combinação quaternária (escatol + indol

+ p-cresol + nonanal). Contudo, os experimentos não foram repetidos porque, considerando

os dados do experimento de avaliação das combinações binárias (cujos resultados foram

válidos) com o presente experimento, concluiu-se que a combinação dos atraentes, cada um

em seu liberador e nas concentrações utilizadas não resultaria em maior atratividade de

fêmeas, aumentando o potencial de captura da armadilha P1T1, como era o objetivo inicial.

A melhoria da atratividade deste instrumento de monitoramento poderia ser obtida

através da avaliação de diferentes combinações entre os atraentes utilizados, em diferentes

concentrações de cada um, sendo utilizados em liberadores próprios para cada atraente ou

todos os atraentes num mesmo liberador. Neste caso, uma base com óleos minerais ou

outros emulsionáveis (excipientes) que não alterem as propriedades químicas dos atraentes

e que não possua odor poderá ser testada.

È importante salientar que os trabalhadores dos locais de realização dos testes

constantemente reclamavam do odor liberado pelo escatol, inclusive queixando-se de fortes

dores de cabeça provavelmente associadas ao mau cheiro. Assim, o forte odor do escatol

poderia ser motivo de reclamações e até rejeição da armadilha por parte de moradores,

dificultando sua utilização em ambiente intradomiciliar.

91

A baixa densidade de insetos na área de realização dos experimentos pôde ser

constatada através dos resultados obtidos nos experimentos de avaliação de combinações

terciárias e quaternária de atraentes sintéticos de oviposição e de comparação entre a

MosquiTRAP e a P1T1. Moradores da região confirmaram a diminuição da população de

C. quinquefasciatus, pois pararam de ser importunados durante as noites pelas picadas

destes insetos. Ainda, ao final das três repetições do experimento de comparação entre

MosquiTRAP e AtrAedes, no bairro Jaqueline, devido à ocorrência de casos confirmados

de dengue, ocorreu a aplicação de inseticidas no local, então se fez necessária a busca de

novo local para a realização de mais repetições do experimento.

Foram realizadas visitas a locais na região da Pampulha, acompanhadas de

profissionais da Regional Pampulha, com o objetivo de encontrar uma área com alta

densidade dos insetos-alvo para a realização de repetições do experimento de comparação

entre a P1T1 e a MosquiTRAP. Os locais visitados sabidamente funcionam como

criadouros da espécie-alvo em épocas de alta infestação, nos quais foram procedidas a

busca ativa por formas imaturas do inseto, através de conchas, e de adultos, através de

inspeção, dentro de residências, de locais normalmente utilizados como abrigo dos

mosquitos durante o dia (locais escuros), além de perguntas aos moradores das

proximidades quanto à existência de incômodos causados pelas picadas noturnas. Não foi

observada uma área com alta densidade de formas imaturas tampouco de adultos de C.

quinquefasciatus, portanto o experimento não foi realizado nas áreas visitadas.

A realização de um experimento por outro grupo de pesquisadores do Laboratório

de Ecologia Química de Insetos Vetores da UFMG, utilizando a armadilha BG-Sentinel, na

região externa do ICB/UFMG, demonstrou a presença de insetos adultos na região (R.,

92

MOTA, Laboratório de Ecologia Química de Insetos Vetores, comunicação pessoal), então,

foram realizadas outras cinco repetições do último experimento neste local.

A armadilha MosquiTRAP apresenta-se com baixo custo e fácil operacionalidade e

já é utilizada com atraentes sintéticos de oviposição para captura de Aedes sp. (EIRAS,

2003), mas freqüentemente captura também C. quinquefasciatus. Apenas 16 C.

quinquefasciatus foram capturados no experimento de comparação entre MosquiTRAP e

P1T1, sendo seis machos e 10 fêmeas. Entre os machos capturados pelos diferentes

tratamentos, não houve diferença significativa. Dentre as 10 fêmeas capturadas, oito (80%

do total) foram capturadas pelas armadilhas P1T1 contendo escatol, cuja média de captura

foi significativamente maior do que a observada nas armadilhas MosquiTRAP contendo

AtrAedes, que não capturou nenhuma fêmea de C. quinquefasciatus. Todas as fêmeas de

C. quinquefasciatus capturadas durante o experimento eram grávidas.

Em experimentos em campo realizados por Lima (2005) utilizando infusão de

gramínea seca com lactoalbumina hidrolisada e levedo de cerveja (75%), não houve

diferença significativa entre os números médios de fêmeas grávidas na P1T1 e na

MosquiTRAP. No entanto, ao trocar a infusão anteriormente utilizada por infusão fresca a

100% nas duas armadilhas, houve um aumento tanto no número total quanto na média de

fêmeas grávidas capturadas na MosquiTRAP. O aumento na captura pode ter ocorrido

devido ao maior poder de atratividade da infusão fresca a 100%, pela possibilidade de as

plumas de odores emanadas na armadilha MosquiTRAP facilitarem o encontro deste sítio

de postura ou por as fêmeas em campo apresentarem o comportamento preferencial de

toque nas paredes internas do sítio, local onde se situa o cartão adesivo na MosquiTRAP.

No entanto, deve-se considerar que durante o experimento citado de comparação entre a

93

P1T1 e a MosquiTRAP, a armadilha P1T1 utilizava, para a captura dos insetos, um cartão

impregnado com cola entomológica, e a autora observou que esta cola exercia uma

repelência dos insetos, fator determinante para a diferença de captura entre a P1T1 e a

MosquiTRAP.

Os resultados da avaliação em campo corroboram os dados de Lima (2005),

mostrando que a P1T1 atinge o objetivo para o qual foi concebida, capturar com

seletividade fêmeas alimentadas e grávidas de C. quinquefasciatus. Ainda, pôde-se

confirmar que as condições da armadilha permitem que os indivíduos capturados sejam

facilmente contados, identificados e transferidos para o laboratório para eventuais exames

de infectividade. Contudo, os resultados continuam indicando que a atratividade da

armadilha P1T1 deve ser melhorada, visando aumentar o seu potencial de captura para uso

em larga escala, como uma maneira de monitorar as variações na densidade populacional

do inseto-alvo.

Uma possibilidade para a melhoria da armadilha poderá vir da utilização de várias

combinações de atraentes de oviposição sintéticos, em diferentes concentrações e

formulações, ou seja, o desenvolvimento de uma mistura atrativa para fêmeas grávidas de

C. quinquefasciatus, visto que as combinações avaliadas no presente trabalho não

cumpriram o objetivo de aumentar a atratividade da armadilha.

Ainda, a mistura de atraentes sintéticos pode ser combinada ao feromônio sintético

de oviposição (FOS), em diferentes concentrações no intuito de obter-se um efeito aditivo à

mistura, o que não foi realizado no presente trabalho devido à indisponibilidade de FOS, o

qual não é produzido em larga escala, e sua síntese ou extração para a utilização como

atrativo utilizado na P1T1 demandaria um tempo demasiadamente longo para a realização

94

de uma dissertação de mestrado. O presente trabalho continuou mostrando que a armadilha

possui a especificidade desejada, porém que o seu potencial de captura deve ser melhorado,

permitindo, assim sua utilização em programas de monitoramento de C. quinquefasciatus.

95

7. CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo sobre o desenvolvimento de armadilha adesiva em

avaliações com diferentes combinações de atraentes sintéticos de oviposição permitem

concluir que:

1- A armadilha P1T1 foi responsável pela formação de uma pluma de odor mais

concentrada, que se dispersou mais homogeneamente pela área adjacente, sofrendo

menores influências das correntes de vento, quando comparada aos protótipos em forma de

balde.

2- A armadilha P1T1 se mostrou mais eficaz na captura de adultos de Culex

quinquefasciatus, em comparação aos outros protótipos desenvolvidos no presente trabalho.

3- A armadilha P1T1 contendo apenas escatol apresentou maior potencial de captura, em

comparação às combinações binárias de atraentes sintéticos de oviposição e à armadilha

contendo apenas água.

4- Os resultados da avaliação de combinações terciárias e quaternária de atraentes sintéticos

de oviposição foram inconclusivos.

96

5- A armadilha MosquiTRAP contendo o AtrAedes não se mostrou específica à captura

de fêmeas grávidas de C. quinquefasciatus, quando comparada à armadilha P1T1.

97

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLAN, S. A.; KLINE, D. L. Evaluation of organic infusions and synthetic compounds mediant oviposition in Aedes albopictus and Aedes aegypti (Diptera: Culicidae). Journal of Chemical Ecology, v. 21, p. 1847-1860, 1995. ALLAN, S. A.; KLINE, D. L. Larval rearing water and preexisting eggs influence oviposition by Aedes aegypti and Ae. albopictus (Diptera: Culicidae). Journal of Medical Entomology, v. 35, p. 943-947, 1998. ALVES, S. B. et al. Potential of some Metarhizium anisopliae isolates for control of Culex quinquefasciatus (Dipt., Culicidae). Journal of Applied Entomology, v. 126, p. 504-509, 2002. ARAÚJO, F. A. A. et al. Inquérito sorológico em aves migratórias e residentes de Galinhos/RN para detecção do vírus da Febre do Nilo Ocidental e outros vírus. SVS-Boletim Eletrônico epidemiológico, v. 2, p. 1-12, 19/02/2004. Disponível em <www.saude.gov.br/svs>. AVIETAM; BLAUSTEIN, L. Oviposition habitat selection by mosquitoes in response to predator (Notonecta maculata) density. Physiological Entomology, v. 29, p. 188-191, 2004. BEEHLER, J. W.; MILLAR, J. G.; MULLA, M. S. Field evaluation of synthetic compounds mediating oviposition in Culex mosquitoes (Diptera: Culicidae). Journal of Chemical Ecology, v. 20, p. 281-291, 1994. BENTO, J. M. S. 2001. Fundamentos do monitoramento, da coleta massal e do confundimento de insetos-praga. In: VILELA, E. F.; DELLA LUCIA, M. T. Feromônios de Insetos: Biología, química e emprego no manejo de pragas. Ribeirão Preto: Holos, 2001. p. 135-144. BLACKWELL, A. et al. A behavioural and eletrophysiological study of oviposition cues for Culex quinquefasciatus. Physiological Entomology, v. 18, p. 343-348, 1993. BRACCO, J. E.; BARATA, J. M. S.; MARINOTTI, O. Evaluation of inseticide resistance and biochemical mechanisms in a population of Culex quinquefasciatus (Diptera: Culicidae) from São Paulo, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 94, p. 115-120, 1999. BUSVINE, J. R.; RONGSRIYAM, Y.; BRUNO, D. Effects of some insect development inhibitors on mosquito larvae. Pestic. Sci., v. 7, p. 153-160, 1976. CARDÉ, R. T.; BELL, W. Chemical ecology of insects 2. New York: Publisher, 1996.

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