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    Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo

    Renata Heloisa de Tonissi e Buschinelli de Goes

    Compatibilizao de projetoscom a utilizao de ferramentas BIM

    So Paulo

    2011

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    Renata Heloisa de Tonissi e Buschinelli de Goes

    Compatibilizao de projetos com a utilizao de ferramentas BIM

    Dissertao de Mestrado apresentada aoInstituto de Pesquisas Tecnolgicas doEstado de So Paulo - IPT, como parte dosrequisitos para a obteno do ttulo deMestre em Habitao.

    Data da aprovao ____/_____/_______

    ___________________________________

    Prof. Dr. Eduardo Toledo Santos (Orientador)

    USP Universidade de So Paulo

    Membros da Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Eduardo Toledo Santos (Orientador)

    USP Universidade de So Paulo

    Prof. Dr. Srgio Leal Ferreira (Membro)

    USP Universidade de So Paulo

    Prof. Dr. Cludio Vicente Mitidieri Filho (Membro)

    IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo

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    Renata Heloisa de Tonissi e Buschinelli de Goes

    Compatibilizao de projetos com a utilizao de ferramentas BIM

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado

    de So Paulo IPT, como parte dos requisitos

    para obteno do ttulo de Mestre em Habitao.

    rea de Concentrao: Gesto e Planejamento.

    Orientador: Prof. Dr. Eduardo Toledo Santos

    So PauloMaro/2011

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    DEDICATRIA

    Aos meus pais, Maurcio e Maria Angela.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Toledo Santos, por aceitar o desafio e

    pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho.

    Ao Prof. Dr. Douglas Barreto, pelo apoio e confiana que depositou em mim e

    em meu trabalho, e por todo o auxlio ao longo do curso.

    Aos colegas da MCAA Arquitetos e da NPC Grupo Arquitetura, por me

    incentivar e apoiar na realizao deste mestrado.

    s empresas que colaboraram com esta pesquisa, ao autorizarem a utilizao

    de seus projetos para a realizao do estudo de caso, e a seus profissionais pela

    disposio no fornecimento das informaes necessrias a esta pesquisa,

    especialmente Arq. Cynthia Kamei.

    Ao Sr. Jorge Brant e aos arquitetos Leonardo Santos e Rafael Maccheronio da

    Best Software, que se prontificaram em auxiliar em todas as minhas dvidas, pelapacincia e generosidade.

    A todos os professores do mestrado, pela competncia em seus ensinamentos.

    Aos funcionrios do Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So

    Paulo, em especial Mary, pela prontido e cordialidade.

    A todos aqueles que colaboraram de alguma forma para a realizao destaetapa, especialmente famlia e aos amigos, pela pacincia e f em meu trabalho.

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    RESUMO

    Esta dissertao tem como objetivo identificar o potencial de aplicao de

    ferramentas que suportem o conceito BIM (Building Information Modeling) para a

    compatibilizao de projetos de edificaes, como uma alternativa mais eficaz ao

    mtodos bidimensionais tradicionais, que se utilizam de abstraes e sobreposies

    de desenhos e representaes bidimensionais em CAD 2D para a identificao de

    interferncias fsicas entre diferentes disciplinas de projeto. A pesquisa foi

    organizada em trs etapas: i. pesquisa bibliogrfica, buscando levantar as limitaes

    da compatibilizao bidimensional, os benefcios e barreiras da implantao do BIM

    na indstria da construo civil brasileira; ii. levantamento das ferramentas BIM e

    aplicativos disponveis no mercado e; iii. realizao de um estudo de caso, com o

    desenvolvimento de modelos virtuais em ferramenta BIM dos projetos de arquitetura,

    estrutura, ar condicionado e hidrulica de um pavimento tipo de um empreendimento

    complexo, ao longo do projeto bsico e projeto executivo, para comparao entre o

    processo tradicional de compatibilizao e o baseado em um modelo da informao

    da construo. O estudo de caso comprovou que o processo de compatibilizao

    utilizando modelos BIM detectou 75% mais interferncias e inconsistncias que o

    mtodo convencional em CAD 2D. Isto se deve em parte maior facilidade de

    visualizao do modelo virtual, e aos atributos automticos dos softwares utilizados

    para verificao de incompatibilidades. Por outro lado, a anlise das interferncias

    encontradas em ambos os casos mostrou que o prprio procedimento de execuo

    dos modelos BIM afeta a avaliao e a percepo do projeto, permitindo a deteco

    de um nmero maior de problemas, de tipos diferentes dos encontrados peloprocedimento convencional.

    Palavras-chave: Compatibilizao de projetos; BIM, 3D, Interferncias Fsicas

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    ABSTRACT

    Design coordination using BIM tools

    This work aims to identify the potential to use BIM (Building Information

    Modeling) tools in the design coordination process as a more effective alternative to

    the traditional two-dimensional methods, based on abstraction and overlaying of

    drawings for interference checks and clash detections among different design

    disciplines. This research was organized in three stages: i. literature review, aiming

    to identify the limitations of the traditional two-dimensional coordination process and

    the benefits and obstacles for BIM implementation in the Brazilian AEC industry; ii.

    survey of BIM tools and applications available on the Brazilian market and; iii. the

    execution of a case study, with the development of the Architectural, Structural,

    Plumbing and HVAC BIM models of a standard pavement in a complex building

    during the schematic design and the design development phases, in order to

    compare the traditional process of design coordination and the one based on building

    information models. The case study showed that the methodology with BIM detected

    75% more design interferences and inconsistencies than the two-dimensional one.

    This is partly due to the easier visualization of the virtual model, and to the softwares

    attributes that enable automatic interference checks. On the other hand, the analysis

    of the interferences found in both processes demonstrated that the modeling

    procedure alone can affect project perception and evaluation, allowing the detection

    of not only a larger number of incompatibilities during the process, but also different

    kinds of problems compared to the ones found through the conventional method.

    Keywords:Design Coordination, BIM, 3D, Clash Detection, Interference Check.

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    Lista de ilus traes

    Figura 1 - Fluxograma do Processo de Projeto.. ................................................................... 30

    Figura 2 - Fluxo de projeto convencional. .............................................................................. 31Figura 3 - Fluxo de projeto com BIM. .................................................................................... 31

    Figura 4 - Modelo de Processo de Projetos de Edificaes. ................................................. 33

    Figura 5 - Integrao do Projeto Estrutural e Hidrossanitrio. ............................................... 36

    Figura 6 Identificao de Interferncia fsica: Tubulao de hidrulica furando a viga. ..... 37

    Figura 7 Sistema de gesto e coordenao de projetos. ................................................... 38

    Figura 8 Processo BIM como contraponto ao processo tradicional de projeto. ................. 46

    Figura 9 Percentagem de usurios de BIM na construo civil na Amrica do Norte e

    Europa. ........................................................................................................................... 48Figura 10 - Imagem da tela de trabalho do Revit Architecture, mostrando a estrutura do

    projeto e diferentes representaes ............................................................................... 61

    Figura 11 Imagem da tela de trabalho do Graphisoft ArchiCAD, mostrando diferentes

    representaes e navegao do projeto. ....................................................................... 62

    Figura 12 - Imagem da tela de trabalho do Vectorworks Architect, mostrando diferentes

    representaes e navegao do projeto. ....................................................................... 63

    Figura 13 - Imagem da tela de trabalho do Bentley Architecture, mostrando diferentes

    representaes e navegao do projeto. ....................................................................... 64Figura 14 Troca de dados realizada em um estudo de caso piloto. ................................... 69

    Figura 15 Esquema em planta do pavimento-tipo duplo e dos tipos (sem escala) ............ 71

    Figura 16 - Corte esquemtico do pavimento-tipo duplo (sem escala). ................................ 72

    Figura 17 Planta Tipologia A (sem escala). ..................................................................... 73

    Figura 18 Planta Tipologia B (sem escala). ........................................................................ 73

    Figura 19 Planta Tipologia C: pavimentos inferior e superior. ............................................ 74

    Figura 20 Arranjo Multidisciplinar da Equipe de Projeto. .................................................... 75

    Figura 21 - Ponto de origem 0,0 no centro geomtrico do desenho. ................................... 79

    Figura 22 - Exemplo da organizao dos elementos. Famlia: Basic Wall. Tipo: Parede

    Externa 19cm.. ............................................................................................................... 80

    Figura 23 Modelo BIM de Arquitetura (PE). ........................................................................ 82

    Figura 24 - Furo especificado pela hidrulica maior que a viga (PB) ................................. 84

    Figura 25 Modelo BIM de Estrutura (PE) ............................................................................ 84

    Figura 26 - Famlia de ralo com caixa sifonada produzida para o projeto. ............................ 85

    Figura 27 - Posio do ralo do lavabo teve de ser alterado para viabilizar o encaixe. .......... 87

    Figura 28 - Modelo BIM do Projeto Hidrulico (PE). .............................................................. 88

    Figura 29 - Modelo BIM do projeto de ar condicionado (PE). ................................................ 91

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    Figura 30 - Caixa de dilogo para verificao de interferncias entre elementos de

    disciplinas diferentes (pisos do projeto de Arquitetura e dutos do projeto de Ar

    Condicionado). ............................................................................................................... 97

    Figura 31- Relatrio de interferncias gerado pelo software. O elemento selecionado destacado no modelo com a cor azul. . .......................................................................... 97

    Figura 32 - Exemplo de relatrio de interferncias entre estrutura e arquitetura (A-vigas de

    concreto versus B-esquadrias) gerado pelo software para o estudo de caso. ............... 98

    Figura 33 - Trecho da planta do relatrio de interferncias do processo convencional,

    indicando a falta do furo na viga para passagem de tubulaes de AQ e AF. ............. 108

    Figura 34 - Planta de hidrulica, mostrando o desvio da tubulao pela lateral e a queda

    aps a viga. .................................................................................................................. 108

    Figura 35 - Vista inferior laje do sanitrio do tipo C: interferncia indicada pelo processo

    tradicional no foi detectada pelo modelo porque no existe. ..................................... 109

    Figura 36 - Trecho de elevao gerada automaticamente pelo modelo BIM: desalinhamento

    da fachada devido a vigas semi-invertidas foi percebido somente atravs do mtodo

    bidimensional................................................................................................................ 110

    Figura 37 - Vista hidrulica da mesma situao da Figura 33, que no indica o desvio e a

    queda pela lateral, entrando em conflito com a planta. ................................................ 111

    Figura 38 - Item 2 da Tabela 14: viga sob parede de 19 cm tem 14 cm de espessura. ...... 113

    Figura 39 - Trecho de planta de ar condicionado indicando dois furos na viga no mesmo

    ponto............................................................................................................................. 113

    Figura 40 - Corte gerado pelo modelo, mostrando resultados dos furos gerados pela

    sobreposio das indicaes de furo e a indefinio de sua posio. ......................... 114

    Figura 41 - Tubulao do Sanitrio 1 do Tipo A (Pavimento inferior) e do Sanitrio 1 do Tipo

    B (Pavimento Superior). .............................................................................................. 115

    Figura 42 - Vista bidimensional tpica de sanitrio, no projeto executivo (sem escala), onde

    nveis no esto especificados. .................................................................................... 116

    Figura 43 - Interferncias entre sistemas de hidrulica e de ar condicionado. ................... 117

    Figura 44 - Interferncias entre sistemas de hidrulica e dutos de exausto. .................... 117

    Figura 45 - Tubulao frigorfica do ar condicionado interfere com tubulao do ralo do

    terrao. ......................................................................................................................... 118

    Figura 46 - Ao corrigir a interferncia da Figura 45, surge outra com o duto. ..................... 118

    Figura 47 - Planta bidimensional do sanitrio 1 e 2 do tipo A (sem escala), evidenciando em

    vermelho esquerda a conexo e em preto direita a previso do furo que geraram

    ambiguidade. ................................................................................................................ 119

    Figura 48 - Imagem de primeiro modelo gerado, a partir da representao em planta do

    sistema, com conector lateral, destacando as mltiplas interferncias. ....................... 120

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    Figura 49 - Nveis corretos da tubulao dos sanitrios 1 e 2 do tipo A. ............................ 121

    Figura 50 - Furao na viga passa a ser incompatvel quando se corrigem os nveis das

    tubulaes para evitar todas as interferncias. ............................................................ 121

    Figura 51 - Simbolismo: tubulaes de gua quente e fria representadas unifilarmente, naverdade passam por viga de concreto e interferem com prumadas em shaft. ............. 122

    Figura 52 - Tubulaes de gua quente e fria passam por viga sem previso de furo. ...... 123

    Figura 53 - Interferncia entre tubulao frigorfica do projeto de ar condicionado (em lils) e

    a prumada de esgoto prevista pelo projeto de hidrulica (em verde), e entre o duto de

    exausto e o dreno do ar condicionado do pavimento superior. .................................. 124

    Figura 54 - Trecho de planta executiva de hidrulica, que utiliza a representao unifilar

    tanto do dreno quanto da tubulao frigorfica do ar condicionado (em destaque,

    atravessando a prumada).. ........................................................................................... 124Figura 55 - Planta de forro gerada pelo modelo BIM de arquitetura, com modelos de ar

    condicionado e hidrulica anexados, e a identificao de interferncias. .................... 126

    Figura 56 - Sala do tipo C, cujo forro foi especificado somente at na cozinha, apresenta

    tubulao aparente da cozinha do pavimento acima. .................................................. 127

    Grfico 1 Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento de edifcio ao

    longo do tempo. ........................................................................................................... 24

    Grfico 2 - Ciclo de vida de um projeto de construo. ......................................................... 28

    Grfico 3 - Motivos para no utilizar o CAD 3D. .................................................................... 44

    Grfico 4 - Questes apontadas como benefcios do BIM. .................................................. 49

    Grfico 5 Barreiras na utilizao do BIM. .......................................................................... 52

    Grfico 6 - Estgio de implantao da ferramenta BIM.. ....................................................... 53

    Grfico 7 - Tempo em que a empresa utiliza a ferramenta. .................................................. 53

    Grfico 8 - Quantidade de problemas detectados pelas duas metodologias de

    compatibilizao no Projeto Bsico. ........................................................................... 101

    Grfico 9 - Quantidade de problemas detectados pelas duas metodologias de

    compatibilizao no Projeto Executivo. ...................................................................... 104

    Grfico 10 - Quantidade total de interferncias encontradas no processo de compatibilizao

    convencional (2D) e utilizando modelo BIM, em ambas as fases de projeto (PB + PE).

    . .................................................................................................................................. 129

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    Lista de tabelas

    Tabela 1- Origem das falhas nas edificaes (em %) ........................................................... 24

    Tabela 2- Etapas de Projetos segundo a norma tcnica NBR 13531. .................................. 25Tabela 3 - Etapas do processo de projeto e a atividade de compatibilizao ....................... 26

    Tabela 4 Caractersticas da representao 2D que podem gerar problemas de anlise no

    processo de projeto. ....................................................................................................... 41

    Tabela 5 - Softwares que suportam a tecnologia BIM ........................................................... 59

    Tabela 6 Dados do Empreendimento ................................................................................. 72

    Tabela 7 Horas utilizadas no desenvolvimento do modelo BIM Projeto Bsico. ............. 92

    Tabela 8 Horas utilizadas no desenvolvimento do modelo BIM Projeto Executivo. ........ 92

    Tabela 9 - Matriz para verificao de interferncias fsicas entre elementos das disciplinas......................................................................................................................................... 95

    Tabela 10 Descrio das categorias de problemas analisados ......................................... 96

    Tabela 11 - Quantidade de interferncias encontradas no Projeto Bsico. ........................ 101

    Tabela 12 - Interferncias do PB encontradas em ambos os procedimentos. .................... 102

    Tabela 13 - Interferncias no PB encontradas somente a partir do mtodo tradicional. ..... 102

    Tabela 14 - Interferncias do PB encontradas somente a partir do modelo BIM. .............. 103

    Tabela 15 - Quantidade de Interferncias encontradas no Projeto Executivo. ................... 104

    Tabela 16 - Interferncias do PE encontradas em ambos os procedimentos. .................... 105Tabela 17 - Interferncias do PE encontradas somente a partir do mtodo tradicional. ..... 105

    Tabela 18 - Interferncias do PE encontradas somente a partir do modelo BIM. ............... 106

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    Lista de abreviaturas e siglas

    2D Duas dimenses bidimensional

    3D Trs dimenses tridimensional3DS Formato de arquivo prprio do software 3D Studio Max(*.3ds)4D Quatro dimensesABNT Associao Brasileira de Normas TcnicasAEC Arquitetura, Engenharia e ConstruoAF Tubulao de gua FriaAP AnteprojetoAPO Anlise Ps-OcupaoAQ Tubulao de gua QuenteAsBEA Associao Brasileira de Escritrios de Arquitetura

    BIM Building Information Modelingou Modelagem da Informao daConstruoBMP Bitmap. Extenso de arquivo de imagem (*.bmp)CAD Computer Aided Design ou Projeto Auxiliado por ComputadorCII Construction Industry InstituteDWG Extenso de arquivos de desenho prpria do software AutoCAD

    (*.dwg)DXF Data exchange format.Formato de arquivo de intercmbio para

    modelos CAD.EP Estudo PreliminarEPS Encapsulated PostScript . Extenso de arquivo de imagem vetorial

    (*.eps)GIF Graphics Interchange Format.Formato de arquivo de imagem (*.gif)GSA General Services AdministrationGDL Geometric Description Language,HTML Hyper Text Markup Language. Formato de arquivo padro web

    (*.html)IAB Instituto de Arquitetos do BrasilIAI International Alliance for Interoperability, atualBuilding SMART

    InternationalIFC Industry Foundation Classes. Modelo padro para intercmbio de

    arquivos entre sistemas BIM.IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So PauloJPG Formato de arquivo de imagem em pixels(*.jpg)NBIMS National BIM Standard - E.U.A.NIBS National Institute for Building Sciences E.U.A.PB Projeto BsicoPE Projeto ExecutivoPLN Formato de arquivo de modelos do aplicativo ArchiCAD (*.pln)PMBOK Project Management Body of KnowledgePMI Project Management Institute

    SINDUSCON Sindicato da Indstria da Construo CivilSKP Formato de arquivo prprio de modelos do Google Sketchup (*.skp)TI Tecnologia da Informao

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    USP Universidade de So PauloWBGPPE Workshop Brasileiro de Gesto do Processo de Projeto na

    Construo de EdifciosWYSIWYG What You See Is What You Get O que voc v o que voc obtm

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................... 161.1 Justificativa ..................................................................................................... 19

    1.2 Objetivos ......................................................................................................... 20

    1.3 Metodologia .................................................................................................... 20

    1.4 Estrutura do trabalho ...................................................................................... 21

    2 PROJETO DE EDICAES.......................................................................... 23

    2.1 As etapas do processo de projeto .................................................................. 25

    3 COMPATIBILIZAO DE PROJETOS......................................................... 334 TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS.. 39

    4.1 Projeto Auxiliado por Computador em duas dimenses (CAD 2D) ................ 40

    4.1.1 Limitaes do Projeto Auxiliado por Computador em duas dimenses .......... 41

    4.2 Projeto Auxiliado por Computador em trs dimenses (CAD 3D) ................. 42

    4.2.1 Limitaes do Projeto Auxiliado por Computador em trs dimenses ........... 43

    4.3 Modelagem da Informao da Construo - BIM ........................................... 44

    4.4 Implantao da ferramenta BIM ...................................................................... 48

    4.5 Interoperabilidade ........................................................................................... 56

    5 FERRAMENTAS BIM..................................................................................... 58

    5.1 Classificao das ferramentas BIM ................................................................ 58

    5.2 Softwares que suportam a tecnologia BIM ..................................................... 59

    5.3 Projetos de Arquitetura ................................................................................... 60

    5.4 Projetos estruturais ......................................................................................... 65

    5.5 Projeto de instalaes eltricas ...................................................................... 66

    5.6 Projetos de instalaes hidrulicas: ................................................................ 66

    5.7 Gerenciamento ............................................................................................... 68

    6 ESTUDO DE CASO ....................................................................................... 70

    6.1 Descrio do empreendimento ....................................................................... 70

    6.2 Caracterizao da equipe de projeto do estudo de caso ................................ 74

    6.3 Desenvolvimento do estudo de caso .............................................................. 76

    6.4 Escolha das ferramentas BIM para o estudo de caso .................................... 77

    6.5 Desenvolvimento dos modelos de informao da construo ........................ 77

    6.5.1 Desenvolvimento do modelo de arquitetura .................................................... 78

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    6.5.3 Desenvolvimento do modelo de hidrulica ..................................................... 84

    6.5.4 Desenvolvimento do modelo de ar condicionado. .......................................... 89

    6.5.5 Tempo de execuo dos modelos BIM ........................................................... 92

    6.6 Deteco de interferncias ............................................................................. 94

    6.6.1 Relatrio de Interferncias utilizando os modelos BIM ................................... 96

    6.6.2 Relatrio de Interferncias relativos ao processo tradicional em duas

    dimenses ...................................................................................................... 99

    6.6.3 Resultados relativos ao Projeto Bsico ........................................................ 100

    6.6.4 Resultados relativos ao Projeto Executivo .................................................... 104

    6.7 Anlise das interferncias detectadas .......................................................... 107

    6.7.1 Problemas encontrados somente pelo processo convencional decompatibilizao ........................................................................................... 107

    6.7.2 Problemas encontrados somente pelo processo utilizando modelo BIM ...... 110

    6.7.1 Problemas recorrentes do Estudo de Caso ................................................... .114

    6.8 Anlise dos resultados do estudo de caso .................................................... 127

    7 CONCLUSES ............................................................................................ 132

    7.1 Sugestes para trabalhos futuros ................................................................. 133

    REFERNCIAS....................................................................................................... 134APNDICE A - Registros de horas para o desenvolvimento dos modelos BIM......141

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    1 INTRODUO

    A construo civil uma das mais importantes atividades econmicas para o

    pas, tendo respondido por 9,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2009(FEDERAO DAS INDSTRIAS DO ESTADO DE SO PAULO, 2010). Apesar da

    sua importncia, o setor tambm reconhecido pela baixa produtividade em relao

    a outros pases, apresentando tambm desempenho abaixo daqueles alcanados

    por outros setores da indstria nacional (FIESP, 2008).

    Uma das causas para este quadro o alto ndice de desperdcio na

    construo (PERALTA, 2002), muitos deles advindos de falhas de projeto

    (CAMBIAGHI, 1992), o que resulta em custos adicionais. No Brasil, algumas

    pesquisas informam que o desperdcio na construo civil alcana at 25% do valor

    final do empreendimento (AGOPYAN, 2001), afetando significativamente as

    margens de lucro.

    Na conjuntura atual de abertura de capital e altos investimentos financeiros na

    construo nacional, a modernizao do setor buscando a melhoria da qualidade e

    da produtividade de projeto necessria.

    Melhado (1992) afirma que necessrio e fundamental que haja coerncia,

    organizao e integrao tecnolgica na comunicao e transmisso das

    informaes de projeto para a execuo da obra. Essa comunicao passa pela

    documentao, pela representao e pelas atividades dos agentes envolvidos.

    Segundo Melhado et al. (2001), o projeto de um edifcio resultado da integrao

    entre as diversas disciplinas de projeto, assim como o processo do desenvolvimento

    do projeto resultado da ao de vrios profissionais.

    Neste sentido, a compatibilizao de projetos assunto de interesse e

    relevncia, pois uma das principais atividades de projeto em que se pode interferir

    na qualidade final do projeto e da obra, atravs da reduo de retrabalhos,

    desperdcio de materiais, e no tempo de execuo dos projetos e da obra.Estudos

    sobre o setor, como o Plano Estratgico para a Cincia Tecnologia e Inovao da

    rea de Tecnologia do Ambiente Construdo com nfase na Construo Habitacional(FORMOSO, 2002), corroboram que o investimento nesta fase do projeto tem

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    potencial para reduzir custos na produo, e que o uso de tecnologias como

    modelos tridimensionais (SANTOS; FERREIRA, 2008), e o BIM (Building Information

    Modeling) pode tornar o processo de projeto mais eficiente e eficaz.

    Apesar de o CAD tridimensional ser considerado hoje como tecnologia

    consolidada como parte do processo de desenvolvimento de produto em alguns

    setores da indstria nacional, como a aeronutica (BERNARDES, 20001 apud

    FERREIRA, 2007) e a automobilstica (RUTKAUSKAS; SANTOS, 2006), na

    construo civil, setor considerado ainda pouco industrializado e bastante

    conservador em relao s inovaes tecnolgicas (SCHEER et al., 2007), o

    sistema tridimensional utilizado ainda de maneira limitada.

    No Brasil, O CAD bidimensional ainda a ferramenta mais comum no

    desenvolvimento de projetos, tanto de arquitetura quanto dos projetos

    complementares, com o objetivo de obter a documentao final do projeto,

    representando o contedo tcnico das diferentes disciplinas de projeto, o que torna a

    informao fragmentada entre os diversos projetos e seus documentos, segundo

    Ferreira e Santos (2007).

    De maneira geral, Caron (2007) e Ferreira (2007) observam que o uso de

    modelos tridimensionais no projeto de edifcios ainda tem como objetivo a

    visualizao esttica para apresentao e a visualizao para compreenso do

    projeto. Apesar de seu uso estar crescendo no cenrio nacional (SOUZA et al.,

    2009), so ainda raras as empresas de projeto que exploram o potencial dos

    modelos virtuais no desenvolvimento de projeto, utilizando sistemas como o BIM

    (Building Information Modeling), ou o CAD 4D - que adiciona a dimenso do tempo(planejamento) tridimensionalidade espacial do modelo, o CAD nD, que possibilita

    anlises de desempenho trmico, acstico, planejamento da obra, etc. (LEE et al.,

    2002).

    1BERNARDES, R. Redes de inovao e cadeias produtivas globais: impactos da estratgia de competio da

    EMBRAER no arranjo aeronutico da regio de So Jos dos Campos. Rio de Janeiro: Instituto de Economia,Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000. 52p. (Relatrio final, Contrato BNDES/FINEP/FUJB: Arranjos esistemas produtivos locais e as novas polticas de desenvolvimento industrial e tecnolgico).

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    No cenrio internacional, notvel nos ltimos anos o nmero de pesquisas e

    o desenvolvimento dessas ferramentas voltadas para a construo civil, apontando

    para o uso de modelos tridimensionais de informao da construo. A implantao

    de sistemas integrados como o BIM uma realidade a que o mercado internacional

    vem se adaptando ao longo dos ltimos anos e, embora de maneira distinta,

    representa uma mudana estrutural e tcnica do processo de projeto, assim como

    ocorreu nas ltimas duas dcadas com o advento do CAD.

    Os modelos tridimensionais tambm podem representar de forma mais

    completa a realidade, ao possibilitar melhores condies na troca de informao

    entre diversas disciplinas de projeto, tornando mais geis a visualizao e acompreenso do objeto de projeto (FERREIRA, 2007). O BIM apresenta a

    possibilidade de integrar a tridimensionalidade do projeto informao relativa a

    todos os seus componentes, representando potencial para proporcionar melhor

    visualizao, maior colaborao entre os agentes de projeto e uma mudana

    significativa da compreenso do empreendimento como um todo

    Resumindo, embora haja pesquisas avanadas sobre o assunto, o BIM e

    mesmo o CAD tridimensional ainda so pouco utilizados na indstria da construo

    civil (arquitetura, engenharia e construo) no Brasil. De maneira geral, a

    disponibilidade dessa tecnologia e o interesse que ela desperta no mercado no se

    traduzem no uso adequado e efetivo pelos profissionais do setor nacional

    (FERREIRA, 2007).

    O setor da construo civil, entretanto, tem mostrado indcios de mudana

    nesse quadro, medida que construes tornam-se mais complexas, o mercadomais exigente, e as normas de qualidade mais rigorosas, demandando cada vez

    mais otimizao de recursos, e anlises tcnicas de desempenho de qualidade e de

    sustentabilidade para garantir a durabilidade e a eficincia da edificao. A utilizao

    da modelagem BIM para o desenvolvimento da construo pode ser um processo

    que atenda a todas essas demandas, mas para isso devero ser tomadas

    providncias para que as dificuldades de implantao da tecnologia sejam

    superadas.

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    1.1 Justificativa

    Dentro do contexto atual da indstria da construo, o aumento da

    produtividade e da eficincia na utilizao de recursos como tempo e materiais noprocesso de construo so fatores que podem determinar economia nos custos da

    execuo e tambm diferencial de competitividade no mercado. A compatibilizao

    de projetos uma atividade que visa racionalizao do emprego desses recursos,

    assim como das manutenes posteriores, tendo como objetivo a reduo das

    possveis falhas que podem ocorrer desde a fase de concepo at a fase de

    execuo da obra. Entretanto, segundo Ferreira (2007), esse processo ainda feito

    a partir da sobreposio de desenhos, apresentando muitas limitaes devido srepresentaes bidimensionais (SHIH, 1996).

    O procedimento tradicional da compatibilizao uma atividade que

    despende tempo considervel no desenvolvimento de projetos (SHIH, 1996). Alm

    disso, segundo o autor, o mtodo em duas dimenses apresenta outras limitaes,

    como pouca consistncia entre as diversas informaes (em planta, corte e

    elevao) e baixa eficincia na produo de desenhos. Erros e omisses nas

    documentaes podem gerar custos inesperados, atrasos e at processos judiciais

    contra projetistas (EASTMAN et al., 2008).

    A utilizao de modelos tridimensionais no desenvolvimento de projeto tende

    a reduzir erros e falhas de representao entre projeto e produo, (BRITO, 2001) e

    a facilitar profissionais na deteco de problemas construtivos, melhorando a

    comunicao entre os envolvidos, e evitando retrabalhos e desperdcios

    (FERREIRA; SANTOS, 2007).

    A modelagem BIM capaz de agregar todo o processo de projeto, sendo uma

    tecnologia que permite maior colaborao entre os projetistas, desde as etapas

    iniciais de projeto at durante o uso da edificao, abrangendo todo o ciclo de vida

    do projeto (Eastman et al, 2008). A tecnologia apresenta potencial para ser utilizada

    como alternativa aos processos tradicionais de desenvolvimento de projeto, em

    especial na fase de compatibilizao, pois ultrapassa a tridimensionalidade

    geomtrica do CAD ao incorporar a simulao virtual do processo de construo

    (SANTOS, 2008).

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    Entretanto, embora seu uso tenha crescido nos ltimos anos no cenrio

    internacional da indstria da construo civil (EASTMAN et al, 2008), a tecnologia

    ainda pouco utilizada e compreendida, especialmente no Brasil (SOUZA et al.

    2009), onde ainda h poucas pesquisas sobre o assunto (ANDRADE; RUSCHEL,

    2009b). Este trabalho se prope a estudar a potencialidade do uso de ferramentas

    BIM no processo de compatibilizao de projetos, contribuindo para reduzir as

    barreiras implantao desta tecnologia no Brasil.

    1.2 Objetivos

    O objetivo geral desta dissertao identificar o potencial de aplicao de

    ferramentas que suportem o conceito BIM para a compatibilizao de projetos de

    edificaes, como uma alternativa ao mtodo bidimensional tradicional.

    Como objetivos especficos, buscou-se: i. identificar os fatores limitantes da

    aplicao da modelagem da informao da construo na atividade de

    compatibilizao de projetos; ii. comparar o processo de compatibilizao usando o

    modelo BIM em relao ao processo tradicional (CAD 2D), por meio de um estudo

    de caso considerado complexo; iii. avaliar qualitativamente a natureza das

    interferncias encontradas; iv. contribuir para a difuso do conhecimento sobre o

    modelo BIM na construo civil, discutindo sua adoo como alternativa aos

    processos tradicionais de projeto.

    1.3 Metodologia

    Para cumprir os objetivos propostos, adota-se nesta pesquisa a metodologia

    de estudo de caso, estruturada dentro das seguintes etapas:

    Reviso bibliogrfica, pesquisando temas relativos a projeto e

    compatibilizao, e s tecnologias utilizadas no desenvolvimento do

    processo de projeto, conceituando o BIM e sua utilizao no mercadonacional e internacional;

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    Levantamento das ferramentas que suportam o conceito BIM disponveis

    no mercado brasileiro;

    Realizao de estudo de caso, atravs da elaborao de um modelotridimensional do pavimento-tipo de um edifcio vertical residencial que

    inclua projetos de arquitetura, estrutura, hidrulica,eltrica e ar-

    condicionado, dentro de um processo de compatibilizao, ao longo de

    diferentes fases de projeto, com objetivo de identificar possveis

    interferncias fsicas, e produzir um relatrio de compatibilizao;

    Caracterizao do processo de compatibilizao de projetos com

    emprego dos recursos de ferramentas que suportem modelos de

    informao da construo;

    Elaborao de anlise comparativa, quantitativa e qualitativa, entre as

    interferncias fsicas encontradas no modelo BIM e no mtodo de

    compatibilizao 2D tradicional, e classificao dos problemas quanto

    sua origem.

    1.4 Estrutura do trabalho

    Alm deste captulo de introduo, que trata da justificativa, dos objetivos e da

    metodologia empregada, a dissertao possui mais seis captulos.

    O Captulo 2 discorre sobre a pesquisa bibliogrfica sobre conceitos deprojeto e suas fases. O Captulo 3 trata sobre compatibilizao de projetos,

    enquanto o Captulo 4 descreve as tecnologias utilizadas na representao e

    desenvolvimento do projeto (CAD 2D, 3D e BIM).

    O Captulo 5 apresenta um levantamento sobre as ferramentas BIM

    disponveis no mercado e uma pequena descrio das principais, assim como

    daquela que ser utilizada para o desenvolvimento do estudo de caso.

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    No Captulo 6, apresentado o estudo de caso da utilizao de ferramentas

    BIM no processo de compatibilizao de projetos, com a modelagem do projeto de

    arquitetura, estrutura e hidrulica e ar condicionado do pavimento-tipo de um

    empreendimento. Ao final, feita uma anlise comparativa entre o mtodo proposto

    e o tradicional com o objetivo de quantificar e classificar as interferncias fsicas

    encontradas em cada um deles, e so apresentados os resultados obtidos no estudo

    de caso.

    No Captulo 7, so apresentadas as concluses principais e uma perspectiva

    para futuras pesquisas.

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    2 PROJETO DE EDIFICAES

    Segundo a NBR-5674 (1999), projeto definido como a descrio grfica e

    escrita das propriedades de um servio ou obra de Engenharia ou Arquitetura,determinando seus atributos tcnicos, econmicos, legais e financeiros.

    Para Melhado e Agopyan (1995) o projeto informao. Extrair as

    informaes necessrias e teis e gerenci-las adequadamente para evitar erros e

    prever solues uma das tarefas principais da atividade de projetar, segundo

    Ozkaia e Akin (2006) apud Ito (2007).

    O projeto na construo civil deve comunicar a inteno e as caractersticasfsicas da edificao para o objetivo da execuo, tendo em vista:

    reduzir a ocorrncia de problemas e patologias construtivas, garantir a

    qualidade, a racionalidade e a construtibilidade do empreendimento,

    reduzir o tempo total de execuo da obra assim como seus custos

    finais, sem perder de vista a segurana do trabalhador, do usurio e a

    preservao do meio ambiente, tanto na fase de execuo quanto de

    seu uso (OLIVEIRA; FABRICIO; MELHADO, 2004).

    Sendo uma atividade que integra o processo de construo, segundo

    Melhado (1994), o papel do o projeto desenvolver, organizar, registrar e transmitir

    as caractersticas tcnicas e volumtricas do produto para serem utilizadas em sua

    execuo. Ou seja, uma representao das caractersticas do edifcio e de seus

    processos construtivos que sero interpretados na fase de construo.

    Segundo Pentill (2005), apesar de uma edificao ser um objeto difcil dedescrever, e o processo de construo apresentar difcil controle, devido

    heterogeneidade dos agentes envolvidos, tendo cada um suas necessidades

    prprias, menos de 10% dos custos de construo final so investidos no projeto.

    A valorizao do projeto em relao ao custo total empreendimento se

    comprova como uma estratgia positiva para a eficincia na obra, como afirma o

    estudo do CII (Construction Industry Institute),que demonstra como a capacidade de

    influenciar o custo final de um empreendimento maior nas fases de projeto que na

    execuo da obra, conforme representa o Grfico 1 (CII, 1987).

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    Grfico 1 Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento de edifcio aolongo do tempo.Fonte: Adaptado de CII (1987)

    Segundo Melhado (1995), a etapa de projeto de um empreendimento possui a

    maior influncia sobre o custo total da obra, definindo a qualidade e a

    competitividade de uma empresa. Ou seja, quanto mais cedo uma interferncia oufalha de execuo for detectada maior ser a capacidade de influenciar

    positivamente o custo total da obra.

    Rodriguez (2001) aponta que, em estudos feitos em pases europeus, a maior

    quantidade de falhas na construo das edificaes tem origem em problemas

    relacionados ao projeto, conforme a Tabela 1.

    Tabela 1- Origem das falhas nas edificaes (em %)

    ORIGEMDASFALHASDASEDIFICAES

    FasesdaObra Percentagemdototaldefalhas(%)

    Projeto 40a45

    Execuo 25a30

    Materiais 15a20

    Uso 10

    Fonte: Adaptado de Rodriguez (2001)

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    Portanto, no projeto da edificao em que as principais decises so

    tomadas, definindo-se os custos posteriores da execuo, e onde os erros devem

    ser evitados. Dentro desse contexto, a compatibilizao de projetos um processo

    necessrio para a melhora da qualidade e para o aumento da racionalizao da

    obra, buscando solucionar aspectos da falta de eficincia do setor da construo.

    2.1 As etapas do processo de projeto

    A intercambialidade de projetos entre os agentes envolvidos em um

    empreendimento requer que haja uma padronizao do que se entende como fasesde projeto.

    Com enfoque nos produtos do desenvolvimento de projetos, a NBR 13.351

    Elaborao de Projetos de Edificaes (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS

    TCNICAS, 1995) define etapas de projeto como partes sucessivas em que

    dividido o desenvolvimento dos projetos de edificao e de seus elementos,

    instalaes e componentes. A norma indica as seguintes etapas de atividades

    tcnicas do projeto de edificao: levantamento de dados; programa de

    necessidades; estudo de viabilidade; estudo preliminar; anteprojeto; projeto legal; e

    projeto executivo, conforme descrito na Tabela 2 a seguir.

    Tabela 2- Etapas de Projetos segundo a norma tcnica NBR 13.531.

    ETAPASDOPROCESSODEPROJETO

    NBR13.531

    Levantamento(LV)

    ProgramadeNecessidades(PN)

    Estudodeviabilidade(EV)

    Estudopreliminar(EP)

    Anteprojeto(AP)e/ouPrExecuo(PR)

    ProjetoLegal(PL)

    ProjetoBsico(PB)

    ProjetoparaExecuo(PE)Fonte: ABNT (1995)

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    A quantidade de informaes cresce a cada fase de projeto, devido ao fator

    dinmico do processo de projeto, cujas solues se aprofundam ao longo de seu

    desenvolvimento. A cada fase, necessria a produo de detalhes e

    especificaes, gerando maior quantidade de folhas com informaes grficas e

    documentao. O desenvolvimento dos projetos se d a partir de reunies com

    projetistas de todas as disciplinas de projeto, buscando solues que atendam s

    demandas de cada projeto e dos agentes envolvidos, com o objetivo de antecipar

    incompatibilidades

    O SINDUSCON (1995) apresenta a compatibilizao como uma atividade

    pertencente a mais de uma fase de projeto, sucedendo as fases de EstudoPreliminar, Anteprojeto e Projeto Legal, conforme a Tabela 3 abaixo.

    Tabela 3 - Etapas do processo de projeto e a atividade de compatibilizao

    ETAPASDOPROCESSODEPROJETOInteno Cliente

    Levantamentos

    Diretrizes

    EstudodeViabilidade

    EstudoPreliminar

    (EP)

    1Compatibilizao

    Anteprojeto

    2Compatibilizao

    ProjetoLegal

    3Compatibilizao

    ProjetoExecutivo

    RevisoFinal Obra

    Fonte: SINDUSCON (1995)

    2.1.1 Etapas de projeto segundo o Project Management Institute:

    Segundo o Project Management Body of Knowledge PMBOK (PROJECT

    MANAGEMENT INSTITUTE, 2000), projeto uma atividade com caractersticas

    comuns aos servios continuados: so executados por pessoas, possuem recursos

    limitados, so planejados, executados e controlados. Entretanto, enquanto servios

    continuados so repetidos inmeras vezes em seus processos produtivos, o projeto

    tem um carter temporrio, nico, com produtos diferentes a cada resultado.

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    Nesse sentido, um empreendimento imobilirio um projeto nico, cujos

    produtos so diferentes, e cuja produo no repetitiva, apesar de seus processos

    o serem. Essa caracterstica no possibilita a execuo de solues comumente

    adotadas industrialmente, como prottipos de seus produtos finais, A prototipagem

    possvel em elementos e componentes, e at mesmo de um trecho da obra, mas

    nunca de todo o conjunto, que seria a concluso da obra.

    O PMI divide as fases de um projeto visando melhor controle gerencial e

    ligao entre suas diversas atividades operacionais (PMBOK, 2000), e o conjunto

    das etapas de projeto conhecido como ciclo de vida do projeto. Em cada fase,

    procura-se completar produtos especficos, e estas fases adotam nomes quecaracterizam esses itens: levantamento de necessidades, desenho ou especificao,

    implementao ou construo, documentao, implantao, manuteno, etc.

    O ciclo de vida de um empreendimento descrito por Morris 2 (1988 apud

    PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2000, p.15) conforme ilustrado no Grfico 2,

    abrangendo as seguintes etapas:

    a) Viabilidade: fase de formulao de estudos de viabilidade, definio eaprovao da estratgia a ser adotada, e deciso se o projeto ser levado

    adiante.

    b) Planejamento e Projeto: fase em que se desenvolvem estudos

    preliminares de projeto, custo e cronograma, termos e condies de

    contrataes, e planejamento;

    c) Produo: fase de produo, entrega, construo, instalaes e testes. O

    edifcio est relativamente pronto ao final desta etapa.

    d) Lanamento: teste final e manuteno para funcionamento total da

    edificao.

    2MORRIS P. W. G. Key issues in project management. In: CLELAND, D.I.; KING,W.R. (Ed.) Projectmanagement handbook. USA: ITP, 1988. 997p.

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    Grfico 2 - Ciclo de vida de um projeto de construo.Fonte: Adaptado de Project Management Institute(2000)

    2.1.2 Etapas de projeto segundo a Associao Brasileira de Escritrios de

    Arquitetura - AsBEA:

    O Manual de Escopo de Projetos e Servios da Arquitetura e Urbanismo

    (ASSOCIAO BRASILEIRA DE ESCRITRIOS DE ARQUITETURA, 2003)

    caracteriza as etapas para o desenvolvimento de projetos de arquitetura, a fim deesclarecer os servios essenciais, os escopos, os procedimentos e os produtos

    finais para cada fase. Este manual define uma sequncia de atividades, em seis

    fases, que esto relacionadas quelas estabelecidas pela NBR 15.531 (ABNT,

    1995), como descrito a seguir.

    a) Fase A Concepo do Produto (Estudo Preliminar, segundo a NBR

    15.531):

    Levantamento de dados (LV): anlises de documentaes, situao e

    restries legais, e caractersticas de zoneamento sobre terrenos

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    Programa de Necessidades (PN): caracterizao conceitual do produto

    pretendido, anlises de entorno, determinao do potencial construtivo.

    Estudo de Viabilidade (EV): estudos de viabilidade tcnica,e financeira

    do empreendimento.

    b) Fase B Definio do Produto (Anteprojeto, segundo NBR 15.531):

    Estudo Preliminar (EP): desenvolvimento do conceito de arquitetura,

    Anteprojeto (AP): definio preliminar de sistemas construtivos, e

    consolidao dos desenhos de arquitetura.

    Projeto Legal (PL): clculos de reas computveis e no computveis,,

    memoriais descritivos.

    c) Fase C Identificao das interfaces (Projeto Bsico segundo NBR

    15.531)

    Projeto Bsico (PB): Definio dos elementos e suas inter-relaes,

    definindo processos de comunicao entre os agentes envolvidos no

    projeto. Deve ter como produto um projeto com todas as solues

    resolvidas, permitindo avaliao preliminar de custos, mtodos e

    prazos.

    d) Fase D Detalhamento dos projetos (Projeto Executivo segundo NBR

    15.531)

    Projeto Executivo (PE): detalhamento dos projetos e elementos do

    empreendimento, cujo resultado deve ser um projeto compatibilizado e

    resolvido em todos os seus aspectos.

    e) Fase E Ps-entrega do projeto: garantia de que o projeto e suas

    informaes sejam compreendidas para sua execuo.

    f) Fase F Ps-entrega da obra: anlise do comportamento do edifcio emuso.

    Com base na experincia de trabalho em escritrios de arquitetura, possvel

    verificar que o fluxo do processo de projeto se d como detalha a AsBEA (2003). De

    maneira bastante simplificada, a Figura 1exemplifica o processo de um projeto de

    arquitetura, como comumente organizado, assinalando as principais

    compatibilizaes entre o Anteprojeto e o Projeto Bsico e entre o Projeto Bsico e o

    Projeto Executivo (representadas pelos crculos vermelhos).

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    Figura 1 - Fluxograma do Processo de Projeto.Fonte: Elaborado pela autora (2011).

    Entendendo o processo de projeto como sequncia de informaes,

    necessrio reduzir etapas desnecessrias para melhorar o entendimento do fluxo de

    informaes. Em um processo de projeto convencional, as informaes so

    produzidas e processadas de maneira linear e paralela (SANTOS, 2008). Os

    projetos de cada disciplina so produzidos separadamente, para convergir somente

    depois do fim de uma fase de projeto. Alm disso, o desenvolvimento dos projetos

    complementares se d a partir de bases que tambm continuam em

    desenvolvimento, o que dificulta o controle dos arquivos ou desenhos utilizados

    como referncia em cada disciplina de projeto.

    A Figura 2 mostra como o fluxo de projeto se desenvolve num caso tradicional

    (SANTOS, 2008), em contraponto com o fluxo de projeto gerado pelo processo BIM

    (Figura 3).

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    Figura 2 - Fluxo de projeto convencional.Fonte: Adaptado de Santos (2008)

    Figura 3 - Fluxo de projeto com BIM.Fonte: Adaptado de Santos (2008)

    O desenvolvimento de projeto convencional, segundo Santos (2008), tem

    como objetivo a produo de documentao satisfatria para a construo. Este

    processo de produo, entretanto, pode sofrer com falta de integrao entre as

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    disciplinas desenvolvidas paralelamente, apresentando resultados com informaes

    insuficientes ou conflitantes nos projetos de execuo.

    Segundo Ferreira (2007), o uso de modelos tridimensionais pode auxiliar nodesenvolvimento de projetos, ao facilitar a troca de informaes e dados de projeto

    entre o coordenador e os projetistas complementares. Ao criar uma base comum

    para os projetos, estes passam a ser integrados, ao invs de desenvolvidos

    fragmentada e paralelamente. Assim, o foco passa a ser o projeto (modelo) e no

    somente o documento (desenhos).

    A utilizao do modelo BIM no desenvolvimento de projetos altera no s o

    fluxo de informaes, mas tambm as interfaces entre os projetistas e o coordenador

    de projetos, apresentando uma modificao na maneira de se encarar o prprio

    processo. A partir do BIM, o projeto deixa de ser encarado como um processo linear

    e paralelo e torna-se integrado (SANTOS, 2008).

    3 COMPATIBILIZAO DE PROJETOS

    Segundo Melhado (2005), a compatibilizao de projetos a atividade que

    integra todos os projetos de uma edificao objetivando o ajuste perfeito entre estes,

    para a obteno de padres de controle de qualidade total da obra. Na

    compatibilizao, feita a sobreposio de projetos de disciplinas diferentes, com o

    objetivo de verificar possveis interferncias e problemas, para que sejam ento

    solucionados. O mesmo autor afirma que a compatibilizao deve ser feita depois

    dos projetos j concebidos, uma espcie de pente fino, onde possveis errospossam ser detectados (MELHADO, 2005).

    J segundo Rodriguez e Heineck (2003), a compatibilizao deve ocorrer em

    cada uma das etapas de projeto, ou seja, estudo preliminar, anteprojeto, projetos

    legais e projetos executivos, buscando a integrao geral das solues e a

    verificao de suas interferncias geomtricas. Quanto mais cedo, mais facilmente

    acontece o processo da compatibilizao (Figura 4).

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    Figura 4 - Modelo de Processo de Projetos de Edificaes.

    Fonte: Rodriguez; Heineck (2003)

    Para Novaes (1998), o procedimento da compatibilizao tambm deve

    ocorrer durante todas as fases de projeto, constituindo um importante fator de

    melhoria da construtibilidade e da racionalizao devido integrao dos diversos

    agentes e disciplinas dentro do projeto. Segundo o autor, a compatibilizao deve

    conciliar fsica, geomtrica, tecnolgica e produtivamente os componentes inseridos

    nos elementos verticais e horizontais das edificaes.

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    Ferreira (2001) afirma que, embora muitos pensem que o ato de projetar seja

    necessariamente compatibilizar, o processo de projeto pode ser dividido em uma

    etapa conceitual e outra dimensional, colocando a compatibilizao como parte do

    processo de projeto. Segundo o mesmo autor, o papel do compatibilizador de

    projetos pertence quele que consegue trazer ao projeto a informao da

    dimensionalidade sem perder o raciocnio conceitual inicial. Da interferncia entre o

    dimensionamento conceitual dos diferentes projetos (arquitetura, estrutura,

    instalaes), surge a necessidade da compatibilizao, tornando projetos

    compatveis com solues integradas entre as diversas reas que tornam um

    empreendimento real.

    Segundo Mikaldo Jr. (2006), houve uma separao conceitual entre a

    atividade de projeto e a de execuo ao longo das ltimas dcadas, o que se tornou

    um dos principais motivos pelos quais se originou a necessidade de coordenar e

    compatibilizar projetos, mas segundo o autor tambm h outros motivos atualmente:

    Demanda cada vez maior para adoo de novas tecnologias nos

    empreendimentos (cabeamentos, automao, ar condicionado, etc);

    Especializao crescente de cada tipo de projeto;

    Equipes de projeto formadas por profissionais de diferentes localidades, o

    que cada vez mais freqente, com a globalizao do mercado.

    O processo de compatibilizao visa evitar o desperdcio de recursos como

    materiais, tempo e mo de obra, visando reduo de falhas desde o estudo

    preliminar at a fase de execuo da obra, alm de deteco de inconsistncias

    geomtricas e interferncias entre as diferentes disciplinas de projeto (CALLEGARI;BARTH, 2007).

    Outro fator que pode gerar falhas, retrabalhos e custos significativos tanto

    para projetistas quanto para clientes e empreendedores, de acordo com Melhado

    (2005), a falta ou o atraso na tomada de decises de ordem estrutural e

    construtiva, ou em relao a materiais e custos, afetando negativamente a qualidade

    final do produto.

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    A importncia da compatibilizao no desenvolvimento de projetos aparente

    quando se computam os prejuzos causados pelas interferncias e

    incompatibilidades de projetos detectadas em obra, e pelos inevitveis retrabalhos,

    improvisaes e patologias construtivas subsequentes. Segundo Castro (1999), um

    dos problemas mais recorrentes nas diversas manifestaes patolgicas

    encontradas em edifcios de estrutura metlica a interferncia entre o projeto

    estrutural e os de instalaes, vindas de incompatibilidades de projetos ou

    alteraes durante o andamento da obra.

    Outros fatores tambm estariam ligados aos custos relativos ao desperdcio

    originados pela falta de compatibilizao de projetos, entre os seguintes, segundoRodriguez (2005):

    a) Superdimensionamento ou subdimensionamento dos sistemas;

    b) Atrasos e retrabalhos devido a interferncias entre os projetos, ou por

    falta ou incorreo de informaes;

    c) Baixa produtividade devido ao emprego de componentes no

    padronizados;

    d) Desperdcio de recursos materiais e de mo de obra devido falta de

    construtibilidade;

    e) Desperdcio de recursos materiais e de mo de obra para a operao e a

    manuteno.

    A compatibilizao tambm uma atividade que contribui para a

    retroalimentao e a melhoria contnua de processos de projeto e de construo.

    Segundo Callegari e Barth (2007), o projeto torna-se dinmico ao passar por umaanlise de compatibilizao, pois ao detectar, analisar e resolver as

    incompatibilidades, permite a retroalimentao das etapas, corrigindo e propondo

    novas solues, colaborando para o desenvolvimento de futuros projetos com

    reduo de incertezas construtivas. A falta da compatibilizao ainda pode fazer com

    que as falhas na execuo da edificao sejam indevidamente apontadas como

    responsabilidade do pessoal no canteiro de obra (SOUZA et al., 2009).

    Atualmente, apesar dos avanos tecnolgicos em sistemas CAD

    tridimensionais, os profissionais da rea da construo, para compatibilizarem os

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    projetos, utilizam-se da experincia na leitura de folhas bidimensionais sobrepostas,

    ou de layers(camadas) sobrepostos dentro um sistema computacional de desenho,

    como exemplificado na Figura 5.

    Como as diferentes disciplinas de projeto utilizam simbologias e

    representaes diferentes, o que ocorre at mesmo dentro do mesmo projeto,

    existem algumas limitaes da prpria representao em duas dimenses, o que

    pode impedir que o projeto seja visualizado como um todo.

    Figura 5-Integrao do Projeto Estrutural e Hidrossanitrio.

    Fonte: Mikaldo Jr. (2006).

    Na Figura 6 possvel verificar o detalhe do modelo tridimensional relativo ao

    mesmo desenho em 2D da Figura 5. clara a visualizao das peas e das

    interferncias existentes e a percepo do projeto fica facilitada.

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    Figura 6 Identificao de Interferncia fsica: Tubulao de hidrulica furando a viga.Fonte: Mikaldo Jr. (2006)

    Segundo Manso (2006), a atividade de compatibilizao deve ser

    responsabilidade dos projetistas de cada uma das disciplinas participantes do

    projeto, para que no haja uma sobrecarga de trabalho para o coordenador, oueventualmente o escritrio de arquitetura. Graziano (2003) afirma que a

    responsabilidade tambm deve ser dividida entre os projetistas e as construtoras ou

    incorporadoras (clientes), defendendo uma mudana de mentalidade destes

    agentes, ao integrar de maneira eficaz os diferentes projetos tanto a partir da anlise

    de outros projetos e suas interaes, quanto a partir da gesto de prazos e

    indicadores de qualidade. O projeto assim seria o resultado da integrao e da

    relao entre as diversas disciplinas, valorizando-se no somente a documentao eo desenho, mas principalmente o projeto e suas ideias e informaes.

    Manso (2006) afirma que a compatibilizao em um processo no integrado

    um paliativo para a falta de integrao, em uma busca de adaptao dos projetos

    para a obra. O mesmo autor afirma que isto pode ser corrigido a partir da

    contratao e da participao de toda a equipe de projeto desde as primeiras fases

    do empreendimento, a fim de obter maior integrao entre os projetos e seus

    agentes.

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    Dentro desse contexto, o mesmo autor defende o papel do coordenador como

    integrador e controlador do projeto, inclusive em relao compatibilizao. Manso

    e Mitidieri Filho (2006) propem um modelo de gesto e coordenao de projeto cuja

    figura do coordenador central e funciona como gestor do processo como um todo,

    promovendo a integrao dos diversos intervenientes atravs da gesto do

    conhecimento e das ferramentas desenvolvidas para a gesto dos processos de

    anlise (MANSO, 2006), conforme ilustra a Figura 7 abaixo.

    Figura 7 Sistema de gesto e coordenao de projetos.Fonte: Manso e Mitidieri Filho (2006) apudManso (2006).

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    4 TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS

    Para a compreenso do conceito da tridimensionalidade auxiliando na

    compatibilizao de projetos, necessrio definirmos os sistemas utilizadosatualmente no desenvolvimento de projeto, e em especial, no processo de

    compatibilizao.

    Os sistemas CAD (Computer Aided Design Projeto Auxiliado por

    Computador) so ferramentas vetoriais de representao grfica com auxlio do

    computador. Porm, indo alm do sistema tradicional de projeto na prancheta, esses

    sistemas, sejam em representaes bidimensionais (2D) ou tridimensionais (3D),

    possuem funes que agilizam algumas atividades para o projetista, como clculos

    de rea, volume, propriedades e informaes integradas, e que facilitam o processo

    de tomadas de decises (FERREIRA, 2007).

    O CAD (ou seja, o projeto assistido por computador) qualquer atividade de

    projeto que envolve o uso efetivo de um sistema interativo de computao grfica

    para criar, modificar, analisar ou documentar projetos de engenharia (GROOVER,

    2001). Segundo o mesmo autor, existem vrias razes para o uso do CAD comoauxlio ao projeto:

    Produtividade: o projeto auxiliado por computador auxilia o projetista na

    concepo do produto e seus componentes em tempo menor, alm da

    produo de maior quantidade de alternativas de projetos durante o processo

    de criao;

    Documentao do projeto: desenhos padronizados, com maior

    legibilidade, resultando em melhor documentao de projeto que o praticado

    com desenho manual;

    Criao de uma base de dados para a indstria: a partir do projeto,

    possvel gerar documentos para fabricao do produto, como: especificaes

    geomtricas, dimenses de componentes, especificaes de materiais, custo

    de materiais, etc.

    Segundo Ito (2007), quando o CAD comeou a ser aplicado na indstria daconstruo, h aproximadamente 20 anos, as empresas de projetos de arquitetura e

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    engenharia substituram os numerosos desenhistas de pranchetas por uma menor

    quantidade de operadores de CAD, embora com melhores salrios, mas que

    apresentavam maior produtividade tornando estas empresas mais competitivas no

    mercado. Agora, o emprego de modelos de informao e edifcios virtuais no

    desenvolvimento de projetos poder trazer mudanas estratgicas s empresas de

    projeto, pois o sistema exige novas maneiras de pensar e organizar o projeto e suas

    equipes de profissionais, alm de demandar maiores investimentos em

    equipamentos.

    4.1 Projeto Auxiliado por Computador em duas dimenses (CAD 2D)

    A representao grfica bidimensional para o desenvolvimento de projetos

    consiste na elaborao de plantas, cortes e fachadas, para anlise, e tambm como

    produto final da proposta de projeto. Como num processo tradicional, sem o uso do

    computador, a informao registrada como desenho bidimensional atravs de um

    processo mental de abstrao e memorizao do projetista. Segundo Ferreira

    (2007), embora seja possvel a introduo de automao no processo no CAD 2D, o

    resultado final a representao abstrata que reduz todos os dados espaciais sobre

    o edifcio a plantas, cortes e elevaes.

    Assim, os agentes envolvidos no processo so sempre obrigados a fazer a

    mesma abstrao para compreenderem o projeto e a inferir as formas e detalhes

    construtivos a partir das simbologias e representaes bidimensionais.

    Ferreira (2007) afirma que a representao bidimensional necessria como

    sntese final das solues de projeto. Entretanto, o que seria o fim de um processo

    utilizado como meio para a identificao de problemas, sua anlise e soluo.

    Segundo Ferreira e Santos (2007), a representao em 2D deve ser a sntese do

    resultado do desenvolvimento de um projeto (documentao), mas no a nica

    ferramenta de anlise durante o processo.

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    4.1.1 Limitaes do Projeto Auxiliado por Computador em duas dimenses

    O desenho em duas dimenses (2D) no contm informaes suficientes

    para descrever completamente um edifcio tridimensional. Certos detalhessimplesmente no esto explcitos em plantas ou cortes, o que torna a visualizao

    difcil e propensa a erros. Tambm difcil representar elementos de construo de

    forma livre em um desenho bidimensional. Curvas simples podem ser descritas com

    preciso em duas dimenses, desde que a curva seja paralela ao plano de desenho,

    mas superfcies em dupla curvatura, por exemplo, no so representadas

    corretamente em um desenho bidimensional (BOEYKENS; NEUCKERMANS, 2008).

    Ferreira e Santos (2007), em pesquisa sobre a representao bidimensional

    na etapa de compatibilizao de projetos de vedaes, identificaram as seguintes

    limitaes, que consideraram inerentes ao sistema bidimensional, de acordo com a

    Tabela 4:

    Tabela 4 Caractersticas da representao 2D que podem gerar problemas de

    anlise no processo de projeto.

    CARACTERSTICASPROBLEMTICAS

    DA

    REPRESENTAO

    2D

    Classificao Definio

    Omisso

    Afimdesintetizarodesenho,soomitidasinformaesconsideradasbviasparaoespecialistaqueestprojetando,masdesconhecidasparaosoutrosagentesenvolvidos,quenoaslevamemconsideraopornoestaremrepresentadas.Tambmpodesecaracterizarpelaomissodeumaelevaooucortenecessrioparaacorretainterpretaodoprojeto.

    SimplificaoPelaescaladodesenho,oprojetistasimplificaumadeterminadarepresentao,alterandoovolumerealdoobjetoilustrado,emboracomdimensesproporcionais.

    SimbolismoOobjetorepresentadoporumsmbolocujasdimenseseformasnotmrelaocomoobjetoreal.

    AmbiguidadeAmesmarepresentaopodeserinterpretadademaisdeumaforma,mesmoqueadicionadadenotas,smbolosouesquemas,emgeralemalgumpontodocontextododesenhoquepodenoserclaramentepercebido.

    Fragmentao

    Separaodainformaoemvriasvistasortogrficas(planta,elevao,corte)epodeseragravadacomaeventualrepresentaodestasvistasemfolhasseparadas.Oesforocognitivoaumentadoquandonecessriocorrelacionarinformaesrepresentadasemduasvistasdiferentes,favorecendooerro.Esseprocedimentodiferentedodesenhomecnico,ondeasvistasdevemsempreseralinhadas,facilitandoacorrelaodosdetalhesdasvistas.

    Fonte: Ferreira; Santos (2007).

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    Necessrias para a legibilidade do desenho impresso, a omisso e a

    simplificao de informaes, segundo Ferreira e Santos (2007) so os

    procedimentos tpicos do projeto bidimensional que mais trazem problemas na

    identificao de interferncias na compatibilizao de projetos.

    4.2 Projeto Auxiliado por Computador em trs dimenses (CAD 3D)

    O uso do CAD 3D bastante difundido no processo de produo de indstrias

    automobilsticas ou de objetos industriais (RUTKAUSKAS; SANTOS, 2006), e

    embora bastante conhecido na indstria da construo civil, utilizado com mais

    frequncia para estudos volumtricos e apresentaes finais em maquetes

    eletrnicas (FERREIRA, 2007).

    O uso de modelos virtuais em trs dimenses permite que a compreenso do

    projeto seja acessvel a todos, no se restringindo apenas queles que conhecem as

    simbologias e representaes de desenho (KYMMEL, 2008). O modelo facilita a

    visualizao e a compreenso espacial, gerando solues mais adequadas s

    necessidades do usurio final e do cliente (SOUZA et al. 2009).

    Sistemas CAD tambm podem gerar objetos tridimensionais a partir de

    tcnicas de composio de slidos e de superfcies. Trata-se de ferramentas

    baseadas em entidades primitivas (como pontos, linhas retas, crculos, polgonos,

    etc). Um modelo feito a partir do CAD 3D uma simples representao elementos

    puramente geomtricos, na qual no se permite inserir muitos dados sobre o edifcio

    (TSE; WONG; WONG, 2005). possvel extrair plantas, cortes, elevaes, mas

    necessrio edit-los e inserir informaes bidimensionais para que sejam

    completados.

    A capacidade dos sistemas CAD em modelar objetos tridimensionais permite

    ao projetista a criao e as alteraes do modelo geomtrico do produto ou seus

    componentes, a partir de objetos primitivos disponveis no sistema (GROOVER,

    2001). Mas segundo Tse, Wong e Wong (2005), ferramentas baseadas em objetos

    so mais sofisticadas e apropriadas para a modelagem de edifcios, pois possuem a

    capacidade de carregar informaes dentro dos modelos tridimensionais.

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    interessante destacar que as ferramentas baseadas em entidades, como

    AutoCAD e o Microstation, surgiram entre os anos 80 e 90, basicamente na mesma

    poca que as ferramentas baseadas em objetos (ex: ArchiCAD, Allplan), entre as

    quais esto as que hoje suportam o BIM (TSE; WONG; WONG, 2005). Segundo os

    autores, as ferramentas baseadas em objetos exigiam maior capacidade de

    processamento de hardware, demandando mais memria e recursos grficos, o que

    na poca ainda no era possvel. Alm disso, sua implantao requeria a

    padronizao de procedimentos de projeto, outro fator que impediu que a tecnologia

    fosse aceita pelo mercado e melhor desenvolvida (HOWARD; BJRK, 2008),

    tornando-se mais recorrente em meios acadmicos.

    De acordo com Tse, Wong e Wong (2005), com tal vantagem em relao

    tecnologia baseada em objetos, as ferramentas baseadas em entidades,

    consideradas mais leves e menos dispendiosas, foram adotadas de maneira

    crescente e definitiva nas ltimas trs dcadas, resultando na adoo efetiva dos

    formatos CAD como padro na construo civil,

    4.2.1 Limitaes do Projeto Auxiliado por Computador em trs dimenses

    Segundo Caron (2007), em pesquisa realizada com escritrios de Curitiba,

    Paran, sobre a utilizao de Tecnologia da Informao em escritrios de

    arquitetura, o CAD tridimensional com a finalidade de projetar era utilizado por

    25,6% dos projetistas, na poca.

    Dentre os motivos que levam a esse percentual de utilizao de CAD 3D,

    destacam-se as metodologias de trabalho de cada empresa e o fato do profissional

    no saber utilizar essa ferramenta. O Grfico 3 a seguir apresenta os motivos da no

    utilizao da ferramenta.

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    Grfico 3- Motivos para no utilizar o CAD 3D.Fonte: Caron (2007)

    Segundo Kymmel (2008), a visualizao virtual tridimensional possibilitada

    pelos softwares pode ser considerada tambm como um empecilho para os

    projetistas, uma vez que o modelo aponta visivelmente todas as incompatibilidades e

    dificuldades apresentadas pelo projeto, por menores que sejam, sendo necessrias

    respostas imediatas. Assim, necessrio que haja determinado nvel de

    conhecimento de projeto por parte do projetista, apresentando solues de projeto

    mais cedo, o que pode levar um tempo maior para a execuo do modelo.

    Alm disso, Souza et al. (2009) aponta a existncia de uma distncia

    tecnolgica entre o ensino das universidades e o mercado, que no prepara o

    projetista graduado recentemente para as tecnologias atuais, dificultando a

    contratao de mo de obra especializada com conhecimentos em ferramentas

    tridimensionais de projeto auxiliado por computador (SOUZA et al, 2009).

    4.3 Modelagem da Informao da Construo - BIM

    Segundo definio do National BIM Standard (NBIMS, 2007), do NIBS

    (National Institute for Building Sciences), dos EUA, o Building Information Modeling

    BIM, ou Modelagem da Informao da Construo, a representao digital das

    caractersticas fsicas e funcionais dos edifcios, que passa por todo ciclo de vida da

    obra, utilizando o recurso de informao compartilhada.

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    Para Eastman et al. (2008, p.13), BIM uma tecnologia de modelagem e um

    grupo associado de processos para produo, comunicao e anlise do modelo de

    construo, tendo como objetivo a integrao de projetos para a construo de um

    modelo virtual nico do edifcio. Segundo o autor, os modelos BIM so

    caracterizados por:

    Componentes do edifcio, representados por objetos inteligentes que

    sabem o que so, e que podem ser associados a atributos grficos e

    de dados, e a regras paramtricas.

    Componentes que contm dados que descrevem seu comportamento e

    que podem ser utilizados em outros aplicativos para anlises dedesempenho ou oramentao, por exemplo.

    Informaes consistentes e no-redundantes, ao permitir alteraes

    automticas de vrias vistas do objeto.

    Informaes coordenadas, a partir da coordenao e organizao das

    vistas do modelo.

    A diferena entre um modelo BIM e um modelo 3D convencional que este

    ltimo apenas uma representao tridimensional geomtrica do edifcio, enquanto

    um BIM organizado como um prottipo do prdio, em termos de pisos do edifcio,

    espaos, paredes, portas, janelas, entre outros elementos, e uma vasta gama de

    informaes associadas a cada um desses componentes, atravs de relaes

    paramtricas. O modelo BIM pode normalmente ser visto em 3D, mas o modelo

    tambm inclui informaes usadas por outros aplicativos de anlise, tais como

    estimativa de custos, simulao de consumo de energia, iluminao natural, etc.

    (GENERAL SERVICES ADMINISTRATION, 2007a).

    Apesar de ambos os sistemas possibilitarem a gerao de desenhos

    bidimensionais a partir dos modelos tridimensionais, outra diferena entre o BIM e

    sistemas CAD 3D que o primeiro permite a gerao automtica de plantas e vistas

    completas com simbologias bidimensionais, permitindo tambm a edio manual

    (EASTMAN et al., 2008), enquanto o ltimo ainda requer insero manual de

    algumas representaes (FERREIRA, 2007).

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    Os sistemas de tecnologia BIM podem ser considerados uma evoluo dos

    sistemas CAD, pois integram ao modelo em trs dimenses todas as informaes do

    ciclo de vida completo de um empreendimento de construo, atravs de uma base

    de informaes inerentes a um projeto.

    Em um modelo BIM, pode estar embutida toda a informao necessria

    documentao tcnica e grfica, desde as fases iniciais de projeto at aps a

    concluso da obra, incluindo todo o ciclo de vida do edifcio, integrando as

    disciplinas de projeto em um modelo nico (Figura 8). Esses dados podem ser

    utilizados para verificaes construtivas, anlises estruturais, quantificao de

    materiais e servios, e planejamento de obra.

    Figura 8 Processo BIM como contraponto ao processo tradicional de projeto.

    Fonte: Adaptado de Pries (2010).

    Segundo Eastman et al. (2008), as ferramentas BIM atuais originaram-se da

    modelagem paramtrica baseada em objetos, desenvolvida para projetos de

    sistemas mecnicos. Em um modelo paramtrico, o processo no se d a partir da

    modelagem dos objetos, como a extruso de um retngulo para criar uma parede,

    por exemplo.

    Apesar da diferena entre os sistemas BIM e CAD, ainda existe confuso

    entre aquilo que pode ser considerado um modelo de informao da construo, ou

    simplesmente um modelo tridimensional, mesmo que este tenha sido desenvolvido

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    por uma ferramenta que suporte a tecnologia. Segundo Eastman et al. (2008) no

    so considerados BIM:

    Modelos que contenham informaes tridimensionais sem atributos,utilizados para visualizaes grficas;

    Modelos sem objetos paramtricos, com objetos que no podem ter suas

    dimenses e atributos redefinidos;

    Modelos que necessitam de referncias de CAD bidimensional para

    definies do edifcio;

    Modelos que permitam modificaes em um objeto ou dimenso em uma

    vista sem a alterao automtica em outras.

    Os componentes do edifcio so objetos digitais codificados que os

    descrevem e representam. Por exemplo, um objeto parede um objeto com

    propriedades prprias de paredes e possui as informaes e as relaes de uma

    parede, relacionando os elementos entre si (portas e janelas devem estar embutidas

    em paredes, por exemplo), assim como seus componentes. Isto quer dizer que este

    objeto representado por dimenses como comprimento, largura e altura, alm de

    possuir seus atributos parametrizveis como materiais, finalidade, especificaes,

    fabricante, e preo.

    Eastman et al. (2008) define objetos paramtricos como elementos que

    possuem definies geomtricas com dados e regras associados, que

    automaticamente alteram outros componentes e volumetrias associados ao contexto

    do objeto (exemplo: uma parede automaticamente redimensionada quando uma

    porta inserida ou modificada). Alm disso, estes objetos possuem associaes emdiferentes hierarquias, o que permite que um objeto e seus atributos sejam

    automaticamente alterados, caso um de seus componentes sejam modificados.

    Dessa maneira, um objeto possui um conjunto finito de parmetros que

    definem sua forma. A codificao do objeto inclui estes parmetros, e isto

    previamente requer conhecimento dos elementos que compem o objeto projetado.

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    4.4 Implantao da ferramenta BIM

    Pesquisas de marketing como a realizada pela McGraw-Hill (2010) apontam a

    adoo crescente da tecnologia por agentes da indstria da construo civil daAmrica do Norte e na Europa, segundo a Figura 9.

    Figura 9 Percentagem de usurios de BIM na construo civil na Amrica do Norte eEuropa.Fonte: Adaptado de McGraw-Hill Construction (2010).

    Em alguns pases, j existe a iniciativa de empresas e instituies que exigem

    contratualmente o uso desta tecnologia nos projetos. Em pases como a Sucia e a

    Finlndia, este ltimo com pesquisas muito desenvolvidas na rea, o prprio governo

    regulamenta e d diretrizes para o uso do BIM. A partir de 2001, o Senate Properties

    desenvolveu uma srie de projetos-piloto na Finlndia para desenvolver e estudar a

    utilizao de BIM. Com base nos resultados desses projetos, o Senado desse pas

    decidiu exigir modelos dentro do padro desde 2007, e emitiu diretrizes e padres

    para seu uso.

    A General Services Administration (GSA), rgo responsvel por todos os

    edifcios pblicos federais no militares nos Estados Unidos, atravs do Servio de

    Edifcios Pblicos (PBS), tambm requer o uso dos sistemas BIM. Existe o

    planejamento de que todos os seus projetos devam ser modelados em 4D (3D +

    tempo) no futuro, incluindo assim informao de anlise do projeto na sequncia do

    tempo, segundo o cronograma de construo. O Programa Nacional BIM 3D-4D da

    GSA (GENERAL SERVICES ADMINISTRATION, 2007a), aponta os seguintes

    benefcios para a entidade:

    Visualizaes tridimensionais permitem que os clientes enxerguem os novos

    projetos e intervenes em relao preservao do existente e o contexto

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    do entorno. Tambm permitem a reduo de pedidos de esclarecimento,

    erros e omisses.

    Modelos 4D (trs dimenses integrados a um cronograma) permitem aos

    clientes visualizar e otimizar fases do projeto e sequncia da construo.

    Modelos BIM permitem que a GSA calcule automaticamente dados

    relevantes sobre o espao (como rea til e ndices de eficincia). Durante

    a fase de estudo preliminar e concepo final do projeto, a GSA pode avaliar

    os requisitos do programa com maior exatido e rapidez do que o mtodo

    tradicional em 2D;

    Permitem que equipes de projeto conduzam com mais eficincia, exatido e

    segurana as simulaes de energia para a previso do desempenho da

    construo durante a operao das instalaes.

    Em relao aos projetos apresentados aps o programa-piloto, houve

    melhoras efetivas na deteco e mitigao de erros e omisses, na

    antecipao de obstculos e seus possveis impactos, na apresentao de

    melhores solues de projeto, na comunicao entre cliente e construtor, e

    na otimizao de oramentos.

    No Brasil, a utilizao do BIM ainda pouco registrada. A pesquisa de Souza

    et al. (2009) entrevistou profissionais de escritrios de arquitetura usurios de

    ferramentas BIM nas cidades de So Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. OGrfico 4

    apresenta os principais benefcios apontados sobre a utilizao do BIM:

    Grfico 4 -Questes apontadas como benefcios do BIM.Fonte: Souza et al. (2009).

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    A diminuio de erros de desenho e a facilidade nas modificaes de projeto

    so apontadas como maiores benefcios, fatores provavelmente relacionados

    parametrizao de objetos, que permite a correo automtica e a atualizao de

    cortes, elevaes e detalhes.

    A agilidade para encontrar solues de projeto adequadas, auxiliada pelas

    visualizaes tridimensionais, foi outro benefcio indicado pela mesma pesquisa. A

    melhoria na troca de informaes no foi identificada como benefcio pelos

    participantes da pesquisa uma vez que os projetistas complementares (calculistas e

    instaladores) ainda no estavam utilizando a tecnologia BIM (SOUZA et al., 2009).

    Como relata Pentill (2005), existem tambm benefcios voltados rea

    organizacional e de negcios, revelados atravs de estudos de projetos pilotos

    realizados pelo National Finnish Pro It, na Finlndia (SULANKIVI, 2004 apud

    PENTILL, 2005). Entre esses fatores estaria a melhoria da imagem da empresa, ao

    utilizar uma tecnologia de ponta, o aumento do conhecimento interno da empresa

    sobre T.I. (o que facilitaria implantaes de outras tecnologias futuras), e a

    considervel economia de tempo atravs das redues nos cronogramas.

    4.4.1 Barreiras para a implantao do modelo BIM

    Tse, Wong e Wong (2005) detectaram em pesquisa realizada com escritrios

    de projeto de Hong Kong que as principais barreiras para a implantao e utilizao

    da tecnologia BIM incluam:

    Dicotomia entre o ato de projetar e o de desenhar, sugerindo

    reestruturaes no processo de projeto;

    Inadequao e a dificuldade para personalizar objetos parametrizveis;

    Complexidade e o tempo necessrio para o processo de modelagem;

    Falta de treinamento e suporte tcnico para a ferramenta;

    Custos para aquisio de programas e bibliotecas;

    Impossibilidade de avaliao gratuita do software.

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    Segundo os autores, a resistncia dos projetistas a uma reestruturao do

    processo de projeto uma questo mais difcil de solucionar que os obstculos

    tcnicos, pois em um processo que utiliza BIM espera-se que haja maior

    colaborao e participao por parte de todos os projetistas,

    No Brasil, segundo pesquisa realizada por Souza et al. (2009), verificou-se

    que as maiores dificuldades apontadas pelos escritrios que j utilizavam o sistema

    estavam ligadas falta de tempo para implantao da tecnologia, resistncia de

    mudana de software pelos profissionais..

    De acordo com a pesquisa, a falta de profissionais com domnio tcnico dos

    softwares obrigava os escritrios a investir tempo e dinheiro em treinamentos, com

    85% das empresas pesquisadas. A resistncia mudana de software pela equipe

    outra barreira a ser vencida para a implantao. Segundo Souza et al. (2009), tal

    dificuldade pode ser explicada pelo fato do processo de trabalho com a modela BIM,

    assim como a 3D, exige que o profissional adote uma nova forma de pensar o

    processo de projeto.

    A questo da falta de tempo para treinamento tambm poderia ser explicadapela relativa alta rotatividade da mo de obra qualificada no setor de projetos da

    construo civil, que costuma contratar equipes por empreitada de projeto,

    apresentando instabilidade na formao das equipes, o que dificulta o interesse e o

    investimento em treinamento em novas tecnologias para profissionais (SEGALLA,

    2008).

    A incompatibilidade com outros parceiros de projeto tambm foi uma

    dificuldade apontada pela pesquisa de Souza et al. (2009). O mesmo autor e

    Mikaldo Jr. (2006) destacam o fato de que a implantao de tecnologias

    tridimensionais e de modelos BIM estaria comeando pelos escritrios de arquitetura

    e a tecnologia ainda est sendo pouco utilizada por outros projetistas (instalaes,

    estrutura, calculistas). A falta de interoperabilidad