Comportamento das Alavancas Corporais no Lance Livre 01...uma influência direta e proporcional no...

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Resumo Palavras-chave 6 Pensamento Plural: Revista Científica da , São João da Boa Vista, v.4, n.2, 2010 Comportamento das Alavancas Corporais no Lance Livre Mário Henrique Breda de Martini, Aldarí Wagner de Souza O presente trabalho teve como objetivo relacionar a perda mecânica com o desgaste fisiológico do atleta, podendo ter uma influência direta e proporcional no seu desempenho. O arremesso do lance livre foi o objeto de estudo através de uma análise cinética. Foram utilizados três participantes com experiência em basquete profissional para análise do arremesso de lance livre. No basquete o lance livre é um dos arremessos mais importantes, sendo decisivo num jogo, e por essa importância é fundamental avaliar se os atletas apresentam um prejuízo significativo no decorrer de um jogo ou treinamento. Para análise do movimento foram estabelecidas cinco fases e, através disso, mensuradas as angulações das alavancas do arremesso, primeiro com os participantes estimulados e também com os participantes desgastados, e assim estabelecer uma comparação da mecânica do arremesso. Uma das características do movimento é a utilização da flexão de joelho como uma alavanca existindo uma influência direta da altura do jogador com a movimentação dos joelhos. Estabeleceu-se, também, que existem alterações na movimentação de membros superiores quando o participante está fatigado. Outro ponto analisado é o padrão de movimento que os participantes apresentam nos dois arremessos, estimulado e fatigado. Conclui-se que o desgaste fisiológico dos atletas causa uma modificação nas alavancas corporais e quanto maior o desgaste, maior é o prejuízo mecânico do arremesso. Lance livre, Fadiga, Alavanca corporal, Biomecânica Autores Mário Henrique Breda de Martini Graduado em Educação Física Licenciatura, 2008. Graduado em Educação Física – Bacharelado, 2010 pelo Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino - FAE. e-mail: [email protected] Aldarí Wagner de Souza Graduado em Educação Física e Esportes pela UNESP, 1996. Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Guarulhos, 2003. Mestrando em Psicologia pela Universidade São Francisco, 2011. e-mail: [email protected] Recebido em 06/dezembro/2010 Aprovado em 15/dezembro/2010

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Palavras-chave

6 Pensamento Plural: Revista Científica da , São João da Boa Vista, v.4, n.2, 2010

Comportamento das Alavancas Corporais no Lance Livre

Mário Henrique Breda de Martini, Aldarí Wagner de Souza

O presente trabalho teve como objetivo relacionar a perda mecânica com o desgaste fisiológico do atleta, podendo ter uma influência direta e proporcional no seu desempenho. O arremesso do lance livre foi o objeto de estudo através de uma análise cinética. Foram utilizados três participantes com experiência em basquete profissional para análise do arremesso de lance livre. No basquete o lance livre é um dos arremessos mais importantes, sendo decisivo num jogo, e por essa importância é fundamental avaliar se os atletas apresentam um prejuízo significativo no decorrer de um jogo ou treinamento. Para análise do movimento foram estabelecidas cinco fases e, através disso, mensuradas as angulações das alavancas do arremesso, primeiro com os participantes estimulados e também com os participantes desgastados, e assim estabelecer uma comparação da mecânica do arremesso. Uma das características do movimento é a utilização da flexão de joelho como uma alavanca existindo uma influência direta da altura do jogador com a movimentação dos joelhos. Estabeleceu-se, também, que existem alterações na movimentação de membros superiores quando o participante está fatigado. Outro ponto analisado é o padrão de movimento que os participantes apresentam nos dois arremessos, estimulado e fatigado. Conclui-se que o desgaste fisiológico dos atletas causa uma modificação nas alavancas corporais e quanto maior o desgaste, maior é o prejuízo mecânico do arremesso.

Lance livre, Fadiga, Alavanca corporal, Biomecânica

AutoresMário Henrique Breda de Martini Graduado em Educação Física – Licenciatura, 2008. Graduado em Educação Física – Bacharelado, 2010 pelo Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino - FAE.

e-mail: [email protected]

Aldarí Wagner de SouzaGraduado em Educação Física e Esportes pela UNESP, 1996. Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Guarulhos, 2003. Mestrando em Psicologia pela Universidade São Francisco, 2011.

e-mail: [email protected]

Recebido em 06/dezembro/2010 Aprovado em 15/dezembro/2010

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Comportamento das Alavancas Corporais no Lance Livre

Pensamento Plural: Revista Científica da , São João da Boa Vista, v.4, n.2, 2010

Introdução

Num jogo de basquete são executados diversos fun-damentos com o objetivo de marcar o maior número de pontos convertendo os arremessos na cesta adversária. Dentre os fundamentos, Okazaki et al. (2004) apontam o arremesso jump como sendo o mais eficiente e de execu-ção mais complexa.

O arremesso jump e o lance livre são executados com a mesma técnica, sendo única diferença a movimentação das pernas. No jump o jogador realiza um salto com exten-são dos membros e a bola perde contato com a mão. Já no lance livre a bola perde contato com a mão quando ocorre extensão total do braço, com extensão da perna, mas sem a realização do salto (TITMUSS, 1991)

O arremesso é descrito da seguinte maneira: empu-nhadura da bola com o braço formando um ângulo de 90º; elevação da bola com o cotovelo em direção à cesta; semi-flexão dos joelhos; extensão dos braços e pernas; fi-nalização do movimento com flexão de punho para dire-cionamento da bola (FERREIRA e ROSE, 1987).

Segundo Okazaki et al. cols. (2007), as fases de exe-cução do arremesso são ordenadas por posição inicial; elevação da bola, estabilização da flexão de ombro e lançamento. Este último, caracterizado pela extensão do cotovelo e flexão do punho. O movimento se encerra pela inércia do lançamento, no qual ocorre a flexão de punho e perda de contato com a bola.

Okazaki e cols (2009) mostram as variações angulares nas fases descritas e em toda a realização do movimento de arremesso. As principais angulações das articulações que envolvem o arremesso são: flexão de ombro variando de 120º a 180°; cotovelo com flexão de 60º a 90º e exten-são de 130º até o ponto máximo; punho com hipertensão de 200º e flexão total. Ressalta-se que a movimentação de flexão-extensão das pernas não interfere diretamente na parte principal de arremesso, sendo desconsiderada em alguns estudos.

Martins e cols. (2007) destacam a importância do lance livre e mesmo sendo um arremesso mais simples necessita de uma mecânica correta e precisa durante sua execução. Os autores também explicam que durante esse arremesso a flexão de joelho é indiferente devido à estatura dos joga-dores de basquete, quanto mais alto, menor é a movimen-tação das pernas, ficando os membros superiores como motor principal para realização do movimento.

Okazaki e cols. (2006) relatam que o equilíbrio durante o arremesso é fundamental para a precisão do movimen-to, no qual o menor deslocamento do centro de gravidade pode ajudar no arremesso, e a inclinação do tronco para a frente causa instabilidade no movimento, atrapalhando a precisão do mesmo. A impulsão através do aumento na amplitude de membro inferior também é de grande impor-tância para melhora do arremesso, pois aumenta as ala-vancas do corpo e permite que a bola saia de uma altura maior em relação à cesta.

Durante a atividade física o corpo humano recorre à metabolização de substratos para realização da contração muscular exigida no exercício proposto. O organismo re-corre a três tipos de vias metabólicas: oxidativa, glicolíti-ca e fosfogênica. Essas vias funcionam de acordo com o recrutamento muscular característico do exercício, levando em consideração o tipo de fibra muscular predominante, a intensidade e a duração do exercício.

A primeira via metabólica (anaeróbia) a ser utilizada pelo sistema é a fosfogênica, baseada na utilização do ATP--CP disponível no ambiente intracelular. Ela se caracteriza

como uma via de obtenção de energia rápida para exercí-cios de curta duração e grande intensidade. A obtenção de energia por essa via é feita pela degradação de creatina--fosfato (CP) para nova síntese de ATP e assim continuar o processo de contração (POWERS e HOWLEY, 2000).

A segunda via geradora de energia para contração muscular é a glicolítica, que tem sua predominância após os 10 segundos de exercício. Essa via se caracteriza pela quebra simples da glicose (glicogênio), transformando-a em duas moléculas de piruvato. A glicólise é também uma via anaeróbia que gera energia para exercícios intensos de até 90 segundos e o excesso de atividade nesse ritmo pode acarretar o acúmulo de lactato e H+ decorrente da degra-dação da glicose. Esse acúmulo do íon H+ acarreta a fa-diga muscular por acidose, que interfere no suprimento de energia e no processo de excitação e contração da actina e miosina (MCARDLE e cols, 2001).

A via aeróbia é utilizada em exercícios de intensidade moderada ou baixa e atividade de longa duração. Para chegar a essa via, o organismo passa pelas outras vias já citadas e permanece na metabolização total da glicose e ácidos graxos após o período de adaptação das outras vias. Powers e Howley (2000), explicam a metabolização da glicose e gordura pelo Ciclo de Krebs. Esse proces-so metabólico, quebra a glicose em piruvato e depois em Acetil-CoA que entra na mitocôndria e se inicia o processo de quebra dos componentes com liberação de hidrogênios para cada reação. Finalizando o ciclo, os hidrogênios pas-sam pela Crista Mitocondrial gerando energia (ATP).

No basquete, a via glicolítica e a via aeróbia são as mais utilizadas, prevalecendo a primeira. A fadiga dos jogadores vem da grande demanda energética solicitada para a realização dos fundamentos que exigem força, ve-locidade, coordenação e precisão. Garret Jr e Kirkendall (2003, p.120) afirmam que “um tipo específico de exer-cício resulta em um tipo específico de resposta fisiológica que, se efetuado repetidamente, levará a uma adaptação específica”. Com isso, pode-se definir que o exercício espe-cífico pode gerar uma fadiga muscular específica, no caso, aos atletas do basquete.

Para definir e conceituar a fadiga recorreu-se a Ascen-são e cols. (2003) que explicam a fadiga muscular como sendo a incapacidade de geração e manutenção de força e potência durante o exercício físico. Assim a fadiga mus-cular depende diretamente do tipo de exercício, duração e intensidade do mesmo, das fibras musculares recrutadas e também das características do ambiente em que se realiza o exercício.

Segundo Santos e cols. (2003), a fadiga muscular pode ser classificada em: aguda, subaguda e crônica. Essas fadi-gas estão relacionadas ao SNC, que faz o controle de toda a contração muscular e dos padrões motores. A fadiga aguda periférica ocorre pela falta de substrato energético para contração muscular impedindo, assim, o funciona-mento da bomba de cálcio e o equilíbrio do potencial de ação (potencial elétrico) pelos íons potássio (K+) e sódio (Na+).

A fadiga muscular periférica é decorrente das altera-ções causadas pela liberação e reabsorção da acetilcolina e do cálcio, da depleção do glicogênio e dos metabóli-tos produzidos, isso tudo durante o processo da contração muscular. A fadiga aguda central é decorrente do aumento na concentração do triptofano livre, do 5-HT precursor da serotonina e da diminuição da dopamina. Essas alterações químicas e fisiológicas ocorrem no exercício prolongado e intenso, e causam uma diminuição no rendimento do atle-ta, juntamente com falta de coordenação motora, equilí-

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brio e velocidade (SILVA e cols., 2006).Os jogadores de basquete podem sofrer esse tipo de

fadiga por apresentarem um ritmo forte durante as sessões de treinamento e no jogo. Garret e Kirkendall (2003) ex-põem alguns dados coletados num jogo de basquete, no qual a frequência cardíaca dos homens atinge uma média de 170 batimentos por minuto (bpm) e na maior parte do jogo os atletas mantêm a frequência cardíaca entre 85% e 95% da máxima, podendo variar de acordo com a indivi-dualidade de cada jogador.

Uma das causas para a fadiga muscular, além da falta de substratos, são as alterações nas concentrações de cálcio (Ca+²) que influenciam os ciclos de contração--relaxamento das fibras musculares e assim diminuem a tensão gerada pelas fibras. O cálcio liga a troponina e assim a tropomiosina libera os sítios ativos da actina para união da cabeça pesada da miosina, definindo assim a contração muscular. Com a falta de Ca+2, não acontece esse processo de junção da actina com a miosina e, con-sequentemente, a falha na tensão das fibras (ASCENSÃO e cols., 2003).

A contração muscular é a ação motora responsável pela efetuação de qualquer movimento do corpo humano. Para realização da contração, o músculo recorre a me-canismos químicos, mecânicos e para controlar todos os componentes, às ações neurais. Seguindo a estrutura mus-cular, tem-se inserido na musculatura as unidades motoras. McArdle e cols. (2001) explicam que as ações de recru-tamento de unidades motoras são geradas pelo Sistema Nervoso através de estímulos sensoriais.

O Sistema Nervoso é dividido em duas aéreas, o Sis-tema Nervoso Central (SNC), constituído pelo cérebro (ce-rebelo) e medula espinhal, e o Sistema Nervoso Periférico (SNP) constituído pelos nervos cranianos e raquidianos. O SNP ainda tem subdivisões como os neurônios aferentes (sensorial) e os eferentes (motor). O primeiro são os re-ceptores e levam os estímulos da periferia até o SNC, e o segundo tem a função inversa, leva a resposta ao estímulo para a periferia. A parte eferente pode ser divida em duas partes, Sistema Nervoso Autônomo (SNA) que é involun-tário e controla os impulsos do músculo cardíaco, lisos e das glândulas. O SNA é dividido ainda em Simpático e Parassimpático. A outra divisão do neurônio eferente é o Sistema Nervoso Somático (SNS), que é voluntário e con-duz os impulsos aos músculos esqueléticos (DANGELO e FATTINI, 2002).

O controle geral dos movimentos se dá pelo cerebelo e pela medula espinhal, McArdle e cols. (2001, p.395) diz que o cerebelo “funciona como o centro de controle motor que proporciona a sintonia fina para todas as formas de atividade muscular”. Os mesmos autores dizem também que a medula espinhal é a responsável pela comunica-ção de todo o corpo humano. A área central da medula apresenta os neurônios motores, neurônios sensoriais e os interneurônios. Os motoneurônios da parte aferente se ligam às fibras sensoriais e detectam os estímulos; já os motoneurônios da parte eferente estão conectados à fibra muscular que efetua o movimento desejado.

Wilmore e Costill (2001) apontam que o controle neu-ral do movimento precisa de organização estrutural (SNC e SNP), transmissão neuromuscular, função e ativação das unidades motoras e influxo sensorial da atividade muscu-lar. A transmissão neuromuscular é feita pelos neurônios aferentes e eferentes e pelos nervos somáticos ou motoneu-rônios. Esses últimos inervam a fibra muscular e produzem resposta excitatória ativando a musculatura desejada. A ativação das unidades motoras depende do tipo de estimu-

lo recebido e da complexidade do movimento, detectado pelos receptores e transmitidos pelos influxos sensoriais.

A inervação da musculatura depende, geralmente, da função motora específica do músculo. O número de neu-rônios por fibra muscular se relaciona com a delicadeza, precisão e complexidade do movimento, onde se exige mais trabalho muscular. Quanto maior é o controle motor maior é o número de neurônios por feixe de fibras e quanto mais rústico e de menor precisão, menor é o número de neurônios motores por feixe de fibras musculares (POWERS e HOWLEY, 2000).

A unidade motora é a parte do neurônio motor inserida diretamente na musculatura e com os estímulos neurais, podendo ser individuais ou combinados, resultam nas con-trações musculares desejadas. O neurônio motor anterior permite a transmissão dos impulsos eletroquímicos devido à sua estrutura, corpo celular, axônio e dendritos, sendo que a parte mielinizada demonstra maior velocidade de condução dos impulsos. A corrente elétrica percorre todo o conjunto de neurônios até a placa motora terminal descar-regando na fibra muscular (WILMORE e COSTILL, 2001).

Sobre a placa motora terminal ou junção neuromuscu-lar, tem-se a ideia de McArdle e cols.?? (2001), de que a junção neuromuscular transmite o impulso que irá desen-cadear a contração muscular sendo que cada fibra muscu-lar possui apenas uma placa motora terminal. O impulso neural é descarregado na fenda sináptica, localizada entre o terminal pré-sináptico e a membrana pré-sináptica, cau-sando uma diferença no potencial de ação resultando na função contrátil através do limiar de excitação.

Foss e Keteyian (2000) mostram que quanto maior a força produzida maior é o recrutamento de unidades mo-toras, e assim a corrente elétrica para atingir o limiar de excitação precisa ser maior. A unidade motora apresenta características de contração, tensão e fatigabilidade de acordo com o tipo de fibra em que está inserida. A clas-sificação das unidades motoras é designada da seguinte maneira: contração rápida, fadiga rápida e alta força fi-cam com fibras tipo IIb; contração rápida, força moderada e resistente à fadiga ficam com fibras tipo IIa; contração lenta, resistentes à fadiga e produção de força baixa ficam com fibras tipo I.

A geração de força máxima se deve a dois fatores rela-cionados às unidades motoras que são a maior frequência de descarga elétrica e maior recrutamento das unidades. Esse recrutamento ocorre aos poucos, de acordo com a demanda de força, conforme o aumento da força muscular o tamanho dos motoneurônios também aumenta. A fadiga neuromuscular se deve ao tipo específico de exercício e a demanda de contração necessária, podendo ter interferên-cia de fatores energéticos e declínio da função muscular perante o exercício (POWERS e HOWLEY, 2000).

Objetivo geral

Estudar o comportamento das alavancas do arremesso do basquete.

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Avaliar a mecânica das alavancas corporais durante o arremesso.

Relacionar a estatura dos participantes com a movi-mentação dos joelhos.

Relacionar o desgaste físico com a movimentação das alavancas corporais.

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Comportamento das Alavancas Corporais no Lance Livre

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Métodos e materiais

ParticipantesPara a realização desta pesquisa foram analisados três

(3) voluntários com experiência em basquetebol de nível competitivo. Eles apresentam respectivamente a altura de 1,78 m, 1,98 m e 1,83 m. Os participantes desta pesquisa são todos do sexo masculino, com a idade de 19 anos.

Material Para a realização desta pesquisa foram utilizadas 2

(duas) Câmeras digitais, uma Sony e uma Kodak, ambas com a mesma resolução de 5.1 megapixels, 2 tripés de altura regulável, 1 trena com 3 três metros de comprimento da marca Eldourado E, 3 bolas de basquete da marca Pe-nalty com tamanho e peso oficial. A pesquisa foi realizada numa quadra de basquetebol oficial, com 28 metros de comprimento e 15 metros de largura. A cesta posicionada a 3,05 metros de altura.

ProcedimentosA coleta dos dados para a pesquisa foi feita em duas

etapas. A primeira etapa é a filmagem dos arremessos dos jogadores da marcação do lance livre após o aquecimento individual de cada atleta.

Terminada a primeira filmagem os atletas fizeram os treinamentos programados. Foi realizado o teste de sal-to horizontal parado a cada período de treinamento para quantificar o desgaste que os participantes tiveram durante o treinamento. No final do treinamento foi filmada mais uma série de arremessos do lance livre de cada jogador.

As filmagens foram realizadas em dois ângulos: um frontal para análise da lateralidade e posicionamento da bola, e outra lateral para detecção das características an-gulares do arremesso. Foram levadas em consideração as articulações de punho, ombro, cotovelo e joelho. A câmera frontal ficou a 6 metros de distância dos participantes e a câmera lateral ficou posicionada a 10 metros de distância do ponto de arremesso.

A quantificação do desgaste fisiológico dos participan-tes foi através de uma regra de três simples, consideran-do as três distâncias coletadas no Salto Horizontal Para-do. Após o aquecimento geral no início do treinamento foi feito o primeiro teste SHP denominado de Salto Inicial. No decorrer do treinamento foram realizados outros testes SHP, dos quais o maior valor foi anotado e denominado de Salto Estimulado. Ao término do treinamento, determinado pela fadiga dos atletas, foram realizados os últimos testes SHP denominados de Salto Fatigado.

ResultadosOs resultados serão exibidos em uma tabela mostrando

o desgaste físico de cada atleta e em gráficos, para as ala-vancas corporais: o primeiro com a movimentação do joe-lho durante o arremesso com os jogadores estimulados; o segundo gráfico apresentando a movimentação do joelho com os jogadores desgastados; o terceiro exibe a variação angular do ombro no estado estimulado e o quarto mostra a variação angular do ombro no estado fatigado.

Tabela 1: Teste de salto horizontal parado e a porcentagem do desgaste físico

SALTOS Participante 1 Participante 2 Participante 3

1º Salto 1,83 m 1,88 m 1,82 m

2º Salto 2,10 m 2,20 m 2,28 m

3º Salto 2,04 m 2,13 m 2,16 m

Desgaste 22% 21,80% 26%

A Tabela 1 mostra as distâncias que os três participan-tes tiveram durante o teste de salto horizontal parado. O primeiro salto foi realizado antes de iniciar o treinamento, o segundo salto ocorreu na metade do treinamento e o terceiro salto no final do treinamento. Após a obtenção dos dados foi estabelecida a relação entre as marcações indivi-duais e calculado o quanto de desgaste cada participante teve.

Gráfico 1: Gráfico da variação angular do joelho no estado es-timulado

Como mostra o Gráfico 1, a comparação da variação angular da articulação do joelho com os participantes es-timulados aponta que o participante 2, sendo o mais alto, mantém o joelho com menor flexão em comparação aos outros participantes. O participante 3 apresenta uma ex-tensão contínua do joelho de grande ascendência, sem a flexão na fase 2 como os participantes 1 e 2 para aumento da potência do arremesso.

Sobre a flexão de joelho, Okazaki e cols. (2006) rela-tam que a impulsão através do aumento na amplitude de membro inferior é de grande importância para melhora do arremesso, pois aumenta as alavancas do corpo e permite que a bola saia de uma altura maior em relação à cesta.

Gráfico 2: Gráfico da variação angular do joelho no estado fa-tigado

O Gráfico 2 mostra a variação angular da articulação do joelho dos três participantes durante o arremesso fati-gado e aponta a mesma característica que o arremesso estimulado, sendo o participante 2 o que apresenta maior extensão de joelho em todas as fases do movimento, em relação aos outros participantes.

A geração de força máxima se deve a dois fatores rela-

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MARTINI, M. H. B. de SOUZA, A. W. de

cionados às unidades motoras que são a maior frequência de descarga elétrica e maior recrutamento das unidades. Esse recrutamento ocorre aos poucos, de acordo com a demanda de força, conforme o aumento da força muscular o tamanho dos motoneurônios também aumenta. A fadiga neuromuscular se deve ao tipo especifico de exercício e à demanda de contração necessária, podendo ter interferên-cia de fatores energéticos e declínio da função muscular perante o exercício (POWERS e HOWLEY, 2000).

GRÁFICO 3: Variação angular do ombro no estado estimulado.

O Gráfico 3 mostra todo o movimento do ombro du-rante o arremesso de lance livre dos três participantes es-timulados. Percebe-se que os três participantes fazem uma flexão de ombro (elevação dos braços) constante durante as cinco fases do movimento.

O Gráfico 4 exibe a movimentação da articulação do ombro dos três participantes fatigados. Pode-se observar que os participantes oscilam a elevação dos braços duran-te o movimento, e em comparação com o Gráfico 3, os três participantes têm um grau menor durante a fase 3 e a fase 4, tendo como destaque o participante 3 que apresen-ta uma queda na fase 4, o que não ocorre no arremesso quando estimulados, exibido no Gráfico 3.

GRÁFICO 4: Variação angular do ombro no estado fatigado.

O desgaste que os jogadores tiveram pelo treinamento causa prejuízos na movimentação. De acordo com Silva (2006), as alterações químicas e fisiológicas causadas pelo exercício acarretam a uma falta de coordenação motora, equilíbrio e velocidade. Ascensão e cols??. (2003) apon-tam que a fadiga muscular leva a uma falha na tensão das fibras musculares, atrapalhando na geração de força e potência durante o exercício.

Segundo Santos e cols. (2003), a fadiga aguda periféri-ca ocorre pela falta de substrato energético para contração muscular impedindo, assim, o funcionamento da bomba de cálcio e o equilíbrio do potencial de ação (potencial elétrico) pelos íons potássio (K+) e sódio (Na+). A falta de substratos e a quebra do mecanismo de contração causa-da pelo equilíbrio de cálcio e do potencial de ação atrapa-lham o rendimento e, consequentemente, um prejuízo nas alavancas corporais.

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Com o presente trabalho conclui-se que existe uma relação direta entre o desgaste fisiológico com a perda mecânica nos movimentos, no qual quanto maior o des-gaste apresentado maior é a falha mecânica do movimen-to. O movimento de arremesso do lance livre apresentou uma diminuição significativa na qualidade do movimento de arremesso do lance livre, em relação às alavancas e movimentação dos segmentos fundamentais para melhor precisão do arremesso.

O prejuízo em algumas alavancas leva à compensa-ção em outras para minimizar a falha mecânica e conse-guir manter o padrão de movimento. Durante a análise dos resultados observou-se que a experiência na tarefa é fundamental para a execução dos movimentos, pois assim é possível manter o padrão motor geral independente da situação.

Como apontado pela literatura, os atletas com maior estatura utilizam menor movimentação das pernas, ou seja, não existe uma grande flexão de joelho como encontra-da em jogadores de menor estatura. Essa característica de movimentação dos membros inferiores para jogadores al-tos se mantém nas duas situações, estimulado e fatigado.

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Comportamento das Alavancas Corporais no Lance Livre

This study aimed to relate the mechanical loss with physiological athlete’s wear, and may have a direct and proportional effect on his performance. The free-throw shooting was the object of study by a kinetic analysis. We used three participants with experience in professional basketball for the analysis of the free-throw shooting. In basketball free throw shooting is one of the most important, being decisive in a game, and this importance is vital to assess whether the athletes had a significant injury during a game or training. For analysis of the movement were established five stages and, through it, measured the angles of the levers of the pitch, first with the stimulated participants and next with worn-out participants, and therefore establish a comparison of the mechanics of pitching. One of the movement characteristics is the use of knee flexion as a lever and there is a direct influence between the height of the player with the movement of the knees. It was also verified that there are changes in the movement of the upper limbs when the participant is fatigued. Another point discussed is the movement pattern that the participants present in two pitches, stimulated and fatigued. It was conclude that the physiological toll of athletes causes a change in body levers and the greater the damage, the greater the mechanical injury of the pitch.

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Key words