Comportamento postural dinâmico

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Comportamento postural dinâmico Maria Dolores Alves Ferreira Monteiro Tese de Doutoramento Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 2004

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Comportamentopostural dinâmico

Maria Dolores Alves Ferreira Monteiro

Tese de Doutoramento

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vila Real, 2004

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I

Este trabalho foi expressamente elaborado com vista à

obtenção do grau de Doutor em Educação Física e Desporto,

de acordo com o disposto no nº 1 do artigo 8º do Dec – Lei

388/70, de 18 de Agosto.

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III

À memória do meu pai

“ O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dosseus sonhos”

- Eleanor Roosevelt.

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V

Agradecimentos

Para a finalização deste trabalho de índole científica contribuíram de uma formamais ou menos explícita todos aqueles que ao longo destes anos me acompanharamnesta longa mas proveitosa viagem. Acima de tudo, na vida, temos necessidadede alguém que nos obrigue a realizar aquilo de que somos capazes. É este o papelda verdadeira amizade.Neste sentido, queremos deixar expresso o nosso mais profundo reconhecimento:

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na pessoa do seu MagníficoReitor Doutor Armando Mascarenhas Ferreira Professor Catedrático, pelapermanente disponibilidade e pelo apoio, em tempo livre e em meios, que foramdispensados ao longo dos anos em que realizamos este trabalho de dissertação.

Ao Doutor Francisco Manuel dos Santos Madeira Professor Catedrático daFaculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa,orientador científico, pelo equilíbrio que sempre soube concretizar entre o rigornecessário da crítica e a afabilidade do incitamento.

Ao Doutor Miguel Videira Monteiro Professor Catedrático da Universidade deTrás-os-Montes e Alto Douro, Coordenador do Departamento de Desporto, porjustiça e por mérito queremos demonstrar a nossa admiração pela sua estaturaintelectual, persistente e cientificamente sério.

Ao Doutor Joaquim da Silveira Sérgio Professor Coordenador com Agregaçãoda Escola Superior de Tecnologias de Saúde de Lisboa o nosso reconhecimento,pela sua gratificante disponibilidade como pelas suas numerosas ideias pontosde vista, incitamento e acima de tudo a amizade.

Ao Doutor José Carlos Costa Pinto Professor Auxiliar da Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro queremos expressar a nossa imensa gratidão pelaamizade, disponibilidade e incentivos tantas vezes manifestadas, espíritoincansável de cooperação expresso no tratamento estatístico dos dados decisivosna realização deste trabalho.

Ao DoutorJ. Vasconcelos Raposo Professor Catedrático da Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro, o nosso reconhecimento pela disponibilidade que sempremanifestou, pela amizade e simpatia e ainda pelo ambiente de camaradagemcomo companheiro nos dias de trabalho.

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VI

Ao saudoso Professor Valdemar Caetano ilustre colega, amigo e companheiro delongas e interessantes conversas, queremos expressar o nosso sinceroreconhecimento pelo apoio e constantes incentivos tantas vezes manifestados naelaboração deste trabalho e fundamentalmente pela honra que tivemos em oconhecer e sermos seus amigos. Bem haja !

Ao meu amigo e colega Manuel Barroso Magalhães pela disponibilidade e grandeamizade sempre reveladas em cada momento das nossas vidas os nossos maissinceros agradecimentos.

À minha colega de gabinete Eduarda Coelho, agradecemos a amizade, adisponibilidade , o afecto, a alegria e a imprescindível ajuda que nos proporcionousempre durante esta viagem.

Ao meu amigo e colega Jorge Fernandes um especial agradecimento pela formacarinhosa e dedicada que sempre demonstrou, mesmo nos momentos mais difíceis.

A todos os colegas do Departamento de Educação Física e Desporto da UTADque, de forma expressa sempre se interessaram por este trabalho, o meureconhecido e sentido agradecimento .Um reconhecimento muito especial àquelesque connosco iniciaram esta viagem, ao António Serôdio, à Isabel Mourão, aoFan Yanneng e ao Paulo Aparício.

Ao senhor Emílio Santos, coordenador dos Serviços Gráficos da UTAD, o nossoobrigado pela disponibilidade, empenho e dedicação que muito contribuiram paraconcretização deste trabalho.

Aos Funcionários do Departamento de Educação Física e Desporto da UTAD, omeu sincero reconhecimento pelo apoio com que sempre se disponibilizaram

Aos Alunos do Curso de Educação Física e Desporto um especial agradecimentopela amizade que fomos construindo ao longo destes anos e pelos contributosdados para um entendimento e desenvolvimento do verdadeiro espírito de equipa.

Aos meus amigos Fenanda e Etelvino Lisboa pela grande lição de vida e coragemque nos transmitiram, o que muito contribui para o nosso crescimento interior.

Às minhas amigas Fátima e Leonor que com a sua ajuda, encorajamento e amizadenos permitiram concluir o nosso trabalho.

Por último mas não menos importante a toda a minha família o apoio incondicionale motivação que nos transmitiram e que foram sem dúvida alguma o suporteequilibrado em termos emocionais, fundamental em todo este percurso.

Ao Luís, à Catarina, ao João e à Mariana um agradecimento muito especialpela força que sempre transmitiram .

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VII

RESUMO

As numerosas experiências, em seres humanos, relacionadas com o controlo do

equilíbrio postural na posição bípede, têm demonstrado a envolvência de múltiplos factores

e parâmetros que se encontram relacionados, quer com as aferências sensoriais solicitadas,

quer com o tipo de estímulos aplicados (ópticos, vestibulares, proprioceptivos...).

De entre esses factores, a visão, designadamente, desempenha um importante papel

no controlo postural, uma vez que é inviável a realização de algumas tarefas, relacionadas

com este último, sem a sua participação.

No entanto, o relacionamento do desempenho visual no controlo postural, com o

decurso da idade, ainda não se encontra devidamente esclarecido. Ou seja, até hoje, tem

sido controversa a incidência do factor idade no papel controlador do equilíbrio postural

proporcionado pela visão.

Se existem autores como Bower,T.G.R., Broughton, J.M. & Moore M.K., (1970),

que demonstraram que a idade influencia o desempenho da visão no controlo postural,

outros estudos, orientados por Brandt, Wenzel & Dichgans (1976), não relacionaram as

modificações desse controlo com a influência da idade nas capacidades visuais, ainda que

tenha sido reconhecida a existência de uma diminuição da estabilidade na posição postural

ortostática de base, com o decorrer dos anos.

Este facto, que poderá estar igualmente na subjacência das quedas referidas na

terceira idade, mantém-se, no entanto, desconhecido quanto ao grau de interferência no

déficit da capacidade visual, se bem que seja do domínio do conhecimento e do ponto de

vista ontogenético a existência de alterações no desenvolvimento visual, verificáveis quando

se comparam dados de crianças, nas diferentes idades e, concomitantemente, com os dos

adultos.

Deste modo, o objectivo do presente estudo é o de analisar se a evolução da

contribuição visual e óculo-motora, com o decorrer da idade, interfere com o controlo

do equilíbrio postural dinâmico.

A amostra, constituída para este estudo, compreendeu 96 indivíduos do sexo

masculino e 24 do sexo feminino, com idades entre os 11 e os 14 anos.

A inclusão na amostra, deste grupo de 24 indivíduos do sexo feminino, prende-se

com o intuito de ser avaliada a influência do factor sexual nas diferentes provas, através da

comparação deste mesmo conjunto de não praticantes de modalidades desportivas, com

um conjunto idêntico de indivíduos do sexo masculino.

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VIII

Deste modo, a amostra principal apresenta um “design” factorial de 4X4, o que

corresponde a 16 grupos, comportando cada um deles – 6 indivíduos – da seguinte forma:

4 modalidades – andebol, natação, futebol e não praticantes masculinos –

distribuídas por 4 escalões de idades – 11, 12, 13 e 14 anos.

No referente às variáveis, foram consideradas como variáveis independentes – o

sexo, a prática desportiva e o tipo de prova. Como variáveis de controlo foram consideradas

– a altura e o peso. Como variáveis independentes – o nº total de deslocamentos (TOTDES);

o tempo total de deslocamentos, ou tempo fora da posição central de equilíbrio (TOTTEM)

e a preferência lateral de deslocamento (LATD) e o tempo de preferência lateral de

deslocamento (LATT)

As provas efectuadas com o objectivo de realizar a exploração funcional e precisar

o acesso às características têmporo-espaciais dos diferentes sistemas implicados na

regulação do equilíbrio ortostático, foram baseadas em anteriores experiências conduzidas

no âmbito da posturografia, tendo sido comparadas as diferentes prestações posturais,

quando da realização de tarefas em posição ortostática, utilizando ou não a visão. Todas as

provas do protocolo foram realizadas a partir de uma posição base – a posição ortostática.

Os equipamentos utilizados compreenderam: uma plataforma de estabilidade,

modelo 16020; três relógios “stop-clock”, modelo 58007; um contador “counter data

recorder”, modelo 58004; e uma unidade marcadora de tempos “interval end repeat timer”,

modelo 51012; que integram a Plataforma Estabilométrica, modelo 16125, da Lafayette

Instrument Company.

No que diz respeito ao tratamento estatístico dos dados, para além das

estatísticas descritivas habituais (média, desvio padrão, etc…) utilizámos a análise de

variância multivariada (MANOVA) como procedimento inferencial predominante. Em

cada caso, a análise multivariada foi seguida por análises univariadas (ANOVAS) com o

objectivo de melhor entender e precisar as relações significativas detectadas.

Os resultados obtidos perfilam-se consonantes com alguns dos publicados na

literatura da especialidade, sobretudo no que se refere ao facto dos indivíduos mais altos

apresentarem oscilações mais acentuadas para a direita (expressas em nº de deslocamentos

mas não em tempos de deslocação).

É também de realçar, nesta amostra, o facto de os indivíduos não praticantes terem

obtido, significativamente, valores mais baixos de deslocamentos, ou seja, revelaram-se,

em termos do comportamento postural, mais equilibrados, não sendo, contudo, significativo

o factor idade.

No referente à relação entre os factores preditores e as variáveis TOTDES e

TOTTEM, a mesma encontra-se dependente do tipo de indução sensorial, ou seja, no caso

do vertente estudo, entre o comportamento postural ortostático e a indução sensorial do

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IX

sistema visual foi verificável uma inquestionável dependência, daí que as maiores variações

se tenham verificado na prova de olhos vendados.

Quanto ao sexo, verificou-se não haver diferenças significativas, ainda que exista

uma interacção entre o sexo e as provas, referenciável ao facto de os indivíduos do sexo

masculino terem registado um menor tempo de desequilíbrio.

As conclusões do presente estudo reforçam o facto de que os métodos

estabilométricos podem permitir detectar as diferenças num quadro de reacções de

equilíbrio, em função dos tipos de aprendizagem a que os indivíduos são submetidos.

Por outro lado, verifica-se que a manutenção de uma actividade postural, em

condições não habituais e destabilizantes, é passível de suscitar no indivíduo, não somente

a utilização das aferências sensoriais, mas igualmente reacções motoras rápidas que sejam

as mais apropriadas ao restabelecimento do equilíbrio.

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X

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XI

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ............................................................................................. V

RESUMO ................................................................................................................. VII

ÍNDICE GERAL ...................................................................................................... XI

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... XV

LISTA DE QUADROS ............................................................................................. XVII

LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................ XXIII

LISTA DE ANEXOS ................................................................................................ XXV

PARTE I

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3

2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................... 11

2.1 – CARACTERIZAÇÃO CONCEPTUAL ......................................... 13

2.2 – FACTORES DETERMINANTES ................................................... 23

2. 2.1 – Actividade Tónico Postural .............................................. 23

2.2.1.1 – Tónus .................................................................. 24

2.2.1.2 – Postura ................................................................ 27

2.2.1.3 – Movimento ......................................................... 46

2.2.1.4 – Equilíbrio............................................................ 49

2,2.1.5 – Coordenação ....................................................... 52

2.2.1.6 – Aprendizagem .................................................... 54

2. 2. 2 – Regulação e Controlo Postural ........................................ 65

2.2.2.1 – Entradas Primárias ............................................. 67

2.2.2.2 – Entradas Secundárias ......................................... 78

2.2.2.3 – Entradas Inespecíficas ........................................ 86

2. 2. 3 – Mecanismos Neurobiológicos ......................................... 93

2. 2. 4 – Métodos Estudo e Registo da actividade tónico-postural 96

PARTE II

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................... 105

3.1 - Caracterização da Amostra ............................................................... 107

3.1.1 - Processo Amostral ............................................................. 107

3.1.2 - Constituição da Amostra .................................................... 107

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XII

3.2 - Formulação das Hipóteses ................................................................ 109

3.3 - Protocolo Experimental .................................................................... 110

3.3.1 - Normalização Ecológica .................................................... 110

3.3.2 - Normalização das Condições de Experiência .................... 111

3.3.3 - Normalização dos Equipamentos ...................................... 112

3.4 - Provas ............................................................................... 112

3.4.1 - Critérios de Elaboração ..................................................... 113

3.4.2 - Definição das Provas ......................................................... 114

3.5 - Procedimentos ............................................................................... 116

3.6 - Recolha de Dados ............................................................................. 117

3.6.1 - Equipamentos .................................................................... 117

4 RESULTADOS .................................................................................................. 119

4.1 - Estatísticas Descritivas ..................................................................... 121

4.1.1 - Relação do Peso e da Altura com a Modalidade praticada

e a Idade, entre os sujeitos do sexo masculino ................. 122

4.1.2 - Relação do Peso e da Altura com o Sexo e a Idade, entre

os sujeitos não - praticantes de ambos os sexos ............... 125

4.1.3 - Variáveis dependentes ........................................................ 127

4.1.4 - Correlação entre as variáveis de critério ............................ 129

4.2 - Análises Multivariadas das variáveis de critério ............................ 130

4.2.1 - Relação das variáveis antropométricas com as variáveis

dependentes ....................................................................... 130

4.2.2 - Relação entre os factores preditores e as variáveis

de critério ............................................................... 131

4.2.2.1 - Variáveis TOTDES e TOTTEM.......................... 131

- Factor Prova ....................................................... 133

- Factor Modalidade ............................................. 135

- Factor Idade ........................................................ 137

- Interacções .......................................................... 138

- Covariantes ......................................................... 143

4.2.2.2. - Variáveis LATD e LATT .................................... 144

- Factor Modalidade ............................................. 145

- Factor Idade ........................................................ 146

- Factor Prova ....................................................... 146

- Interacções .......................................................... 148

- Covariantes ......................................................... 155

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XIII

4.2.3 - Relação do SEXO com as variáveis de critério ................. 156

4.2.3.1 - Variáveis TOTDES e TOTTEM.......................... 156

- Factor Sexo ......................................................... 157

- Factor Idade ................................................................... 158

- Factor Prova ................................................................... 158

- Interacções .......................................................... 159

4.2.3.2 - Variáveis LATD e LATT ..................................... 165

- Factor Sexo ......................................................... 166

- Factor Idade ........................................................ 167

- Factor Prova ....................................................... 168

- Interacções .......................................................... 168

PARTE III

5 DISCUSSÃO, CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .................................. 177

5.1- Propostas de trabalhos futuros ........................................................... 185

6 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 187

7 ANEXOS ....................................................................................................... 205

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XIV

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XV

LISTA DE FIGURAS

2.1 - Apontamento de aulas práticas de Psicofisiologia Madeira, F. (1990).

2.2 - Esquema cibernético do sistema postural de acordo com a Association Française dePosturologie(1986).

2.3 - Registo de indivíduo que mantém a verticalidade no interior do polígono desustentação. Superfície do estatoquinesigrama.

2.4 - Plataforma utilizada no teste de Verticalidade de Barre.

2.5 - A pista de Fukuda.

2.6 - Teste Fukuda sobre a influência do Reflexo Nucal.

2.7 - Teste de Fukuda em posição de cabeça giratória.

2.8 - Teste de Fukuda após rotação de cadeira neutra.

2.9 - Teste Romberg postural.

3.1 - Conjunto Nac Eye Recorder - Nac System.

3.2 - Plataforma de Estabilidade modelo 16020.

3.3 - três relógios “58007 stop clock”.

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XVII

LISTA DE QUADROS

3.1 - Composição da amostra total (N=120).

3.2 - Composição da amostra principal (N=96).

4.1 - Estatísticas descritivas do peso e altura para a amostra total (N=118).

4.2 - Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para opeso e altura, por modalidade e idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.3 - Testes univariados de significância da diferença de médias para o peso e altura, pormodalidade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.4 - Médias do peso e da altura, por modalidade, para a amostra de sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.5 - Testes univariados de significância da diferença de médias, para o peso e altura,por idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.6 - Médias de peso e de altura, por idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.7 - Testes univariados de significância da diferença de médias para o peso e altura, porinteracção modalidade X idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.8 - Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para opeso e altura, por sexo e idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos doissexos (N=48).

4.9 - Testes univariados (ANOVA) de significância da diferença de médias para o pesoe altura, por sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

4.10 - Médias do peso e da altura, para a amostra de sujeitos não praticantes dos doissexos (N=48).

4.11 - Testes univariados (ANOVA) de significância da diferença de médias para o pesoe altura, por idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

4.12 - Médias do peso e da altura, por idade, para a amostra de sujeitos não praticantes(N=48).

4.13 - Estatísticas descritivas das 20 medidas criteriais, para a amostra total (N=96).

4.14 - Correlações entre as variáveis de critério ou dependentes.

4.15 - Correlações entre as variáveis de critério e os factores peso e altura, para a amostrade sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.16 - Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para asvariáveis TOTDES e TOTTEM, por modalidade, idade e tipo de prova, para aamostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

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XVIII

4.17 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por tipo de prova, para a amostra de sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.18 - Médias de TOTDES e TOTTEM, por tipo de prova, para a amostra dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.19 - Testes post-hoc (teste de Sheffé) de verificação da significância da diferença entrepares, para as variáveis TOTDES e TOTTEM, por tipo de prova, dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.20 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por modalidade, para a amostra de sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.21 - Médias de TOTDES e TOTTEM, por modalidade, para a amostra dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.22 - Testes post-hoc (teste de Sheffé) de verificação da significância da diferença entrepares, para as variáveis TOTDES e TOTTEM, por modalidade, dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.23 - Médias dos escores dos sujeitos do sexo masculino (N=96) nas variáveis TOTDESe TOTTEM, por modalidade.

4.24 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por interacção entre a MODALIDADE e a IDADE, para aamostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.25- Médias de TOTDES e TOTTEM, por modalidade e idade, para a amostra dossujeitos do sexo masculino (N=96).

4.26 - Teste multivariado de significância para as duas variáveis de critério TOTDES eTOTTEM, por Peso e Altura, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.27 - Teste univariado de significância para a variável de critério TOTTEM 5, por Pesoe Altura, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.28 - Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para asvariáveis LATD e LATT, por modalidade, idade e tipo de prova, para a amostra desujeitos do sexo masculino (N=96).

4.29 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por Modalidade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.30 - Médias de LATD e LATT, por Modalidade, para a amostra dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.31 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por Idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.32 - Médias de LATD e LATT, por Idade, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.33 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por Prova, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

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XIX

4.34 - Médias de LATD e LATT, por Prova, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.35 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por interacção Modalidade e Idade, para a amostra de sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.36 - Médias de LATD e LATT, por Modalidade e Idade, para a amostra dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.37 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por interacção Modalidade e Prova, para a amostra de sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.38 - Médias de LATD e LATT, por Modalidade e Prova, para a amostra dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.39 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por interacção Idade e Prova, para a amostra de sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.40 - Médias de LATD e LATT, por Idade e Prova, para a amostra dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.41 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por interacção Modalidade x Idade x Prova, para a amostra de sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.42 - Teste multivariado de significância para as duas variáveis de critério LATD e LATT,por Peso e Altura, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.43 - Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para asvariáveis TOTDES e TOTTEM, por Sexo, Idade e tipo de Prova, para a amostra desujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

4.44 - Teste multivariado de significância para as duas variáveis de critério TOTDES eTOTTEM, por Peso e Altura, para a amostra de sujeitos não praticantes dos doissexos (N=48).

4.45 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dosdois sexos (N=48).

4.46 - Médias de TOTDES e TOTTEM, por Sexo, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.47 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dosdois sexos (N=48).

4.48 - Médias de TOTDES e TOTTEM, por Idade, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.49 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dosdois sexos (N=48).

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XX

4.50 - Médias de TOTDES e TOTTEM, por Prova, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.51 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por interacção Sexo x Idade, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.52 - Médias de TOTDES e TOTTEM, por Sexo e Idade, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.53 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por interacção Sexo x Prova, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.54 - Médias de TOTDES e TOTTEM, por Sexo e Prova, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.55 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por interacção Idade x Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.56 - Médias de TOTDES e TOTTEM, por Idade e Prova, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.57 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveisTOTDES e TOTTEM, por interacção Sexo x Idade x Prova, para a amostra desujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

4.58 - Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para asvariáveis LATD e LATT, por Sexo, Idade e tipo de Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4-59 - Teste multivariado de significância para as duas variáveis de critério LATD e LATT,por Peso e Altura, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

4.60 - Testes univariados de significância para a variável LATT 4, por Peso e Altura, paraa amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

4.61 - Testes univariados de significância para a variável LATD 5, por Peso e Altura, paraa amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

4.62 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

4.63 - Médias de LATD e LATT, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dosdois sexos (N=48).

4.64 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por Idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48)

4.65 - Médias de LATD e LATT, por Idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dosdois sexos (N=48).

4.66 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

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XXI

4.67 - Médias de LATD e LATT, por Prova, para a amostra de sujeitos não praticantesdos dois sexos (N=48).

4.68 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por interacção Sexo x Idade, para a amostra de sujeitos não praticantesdos dois sexos (N=48).

4.69 - Médias de LATD e LATT, por Sexo e Idade, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.70 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por interacção Sexo x Prova, para a amostra de sujeitos não praticantesdos dois sexos (N=48).

4.71 - Médias de LATD e LATT, por Sexo e Prova, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.72 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por interacção Idade x Prova, para a amostra de sujeitos não praticantesdos dois sexos (N=48).

4.73 - Médias de LATD e LATT, por Idade e Prova, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.74 - Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATDe LATT, por interacção Sexo x Idade x Prova, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

Page 24: Comportamento postural dinâmico

XXII

Page 25: Comportamento postural dinâmico

XXIII

LISTA DE GRÁFICOS

4.1. Distribuição do peso dos sujeitos (N=118).

4.2. Distribuição da altura dos sujeitos (N=118).

4.3. Distribuição do peso dos sujeitos, por idade e modalidade (N=96).

4.4. Distribuição do peso dos sujeitos não praticantes, por idade e sexo (N=48).

4.5. Distribuição dos escores em TOTDES, por prova, dos sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.6. Distribuição dos escores em TOTTEM, por prova, dos sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.7. Distribuição dos escores em TOTDES, por modalidade, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.8. Distribuição dos escores em TOTTEM, por modalidade, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.9. Distribuição dos escores em TOTDES, por modalidade e idade, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.10. Distribuição dos escores em TOTTEM, por modalidade e idade, dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.11. Distribuição dos escores em TOTDES, por Modalidade e Prova, dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.12. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Modalidade e Prova, dos sujeitos dosexo masculino (N=96).

4.13. Distribuição dos escores em TOTDES, por Idade e Prova, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.14. Distribuição dos escores em TOTDES, por Idade e Prova, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.15. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Idade e Prova, para os praticantes deAndebol, dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.16. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Idade e Prova, para os praticantes deNatação, dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.17. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Idade e Prova, para os praticantes deFutebol, dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.18. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Idade e Prova, para os Não Praticantes,dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

4.19. Distribuição dos escores em LATD, por Modalidade e Idade, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.20. Distribuição dos escores em LATT, por Modalidade e Idade, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

Page 26: Comportamento postural dinâmico

XXIV

4.21. Distribuição dos escores em LATD, por Modalidade e Prova, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.22. Distribuição dos escores em LATT, por Modalidade e Prova, dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

4.23. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, dos sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.24. Distribuição dos escores em LATT, por Idade e Prova, dos sujeitos do sexo masculino(N=96).

4.25. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para os praticantes de Andebol.

4.26. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para os praticantes de Futebol.

4.27. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para os praticantes de Natação.

4.28. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para os Não Praticantes.

4.29. Distribuição dos escores em TOTDES, por Sexo e Idade, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.30. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Sexo e Idade, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.31. Distribuição dos escores em TOTDES, por Sexo e Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.32. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Sexo e Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.33. Distribuição dos escores em TOTDES, por Idade e Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.34. Distribuição dos escores em TOTEM, por Idade e Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.35. Distribuição dos escores em LATD, por Sexo e Idade, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.36. Distribuição dos escores em LATT, por Sexo e Idade, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.37. Distribuição dos escores em LATD, por Sexo e Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.38. Distribuição dos escores em LATT, por Sexo e Prova, para a amostra de sujeitos nãopraticantes dos dois sexos (N=48).

4.39. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

4.40. Distribuição dos escores em LATT, por Idade e Prova, para a amostra de sujeitosnão praticantes dos dois sexos (N=48).

Page 27: Comportamento postural dinâmico

XXV

LISTA DE ANEXOS

Anexo I - Ficha de identificação pessoal

Anexo II - Funcionamento do estimulador óptico temporizável

Anexo III - Estimulador óptico temporizável

Page 28: Comportamento postural dinâmico
Page 29: Comportamento postural dinâmico

Introdução

1

PARTE I

Page 30: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

2

Page 31: Comportamento postural dinâmico

Introdução

3

1Introdução

Page 32: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

4

Page 33: Comportamento postural dinâmico

Introdução

5

1 –

A capacidade do homem para manter a postura em pé e a sua aptidão para reajustar

e corrigir todo o afastamento vertical foi problematizada no início do século XIX por

Charles Bell.

A descoberta da função dos captores sensitivos que concorrem para a manutenção

da posição erecta do homem, permitiu verificar a importância da visão evidenciada por

Romberg (1851); a propriocepção dos músculos paravertebrais por Longet (1845); a

influência do sistema vestibular por Flourens (1824), o “sentido”muscular de Sherrington

e a importância dos músculos oculomotores na atitude postural, por Baron (1973).

Numerosos trabalhos, ao longo de uma centena de anos, levam-nos a considerar o

sistema postural como um “todo estruturado”, com entradas múltiplas, não só as

proprioceptivas, mas também interoceptivas e exteroceptivas que estão na dependência

directa ou indirecta da produção de movimentos humanos.

Admitimos que os movimentos humanos dependem de múltiplos factores, incluindo,

contudo, os mecanismos do sistema nervoso, o envolvimento, o desenvolvimento de acções,

as proporções corporais e a postura Bertenthal & Clifton (1996).

A postura é uma manifestação objectiva duma actividade, que corresponde à

aferência e posterior integração de várias informações. Por outras palavras, a postura

depende das informações que são posteriormente analisadas e processadas a diversos níveis

hierarquizados do sistema nervoso central. Aqui, os centros nervosos, que coordenam os

movimentos, são igualmente responsáveis pelo “ajustar” da actividade postural, de maneira

a esta servir de base de apoio a esses movimentos, os quais, sem um controlo postural

adequado, têm dificuldade na sua continuidade e precisão (Sérgio, J.A.S. 1995).

A postura tem sido há largo tempo considerada como um estado estático, no entanto,

Reed (1989), entre outros, afirma que, mesmo na ausência de movimento, a regulação

postural é uma actividade fundamentalmente dinâmica.

A sua importância tem levado a que a educação postural não seja considerada um

fim em si mesmo, mas uma condição para assegurar o desenvolvimento total do indivíduo.

O seu objectivo é obter o melhor equilíbrio geral, em função das características individuais

e na dependência directa uma certa plasticidade da postura.

Na criança, o desenvolvimento das capacidades de equilíbrio aparece como uma

condição essencial, não somente na aquisição das habilidades complexas, mas também no

domínio das habilidades ditas fundamentais. Com efeito, é durante a infância que as relações

fundamentais entre postura e movimento são semelhantes. Por exemplo, os trabalhos de

Bril & Brenière (1993), sobre a aquisição da marcha, sugerem que a regulação postural,

em condições estáticas, é indispensável para a iniciação da locomoção independente.

Page 34: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

6

Para Thelen (1989), é a falta de controlo postural que prejudica a locomoção independente

em idades mais jovens.

O controlo postural não é certamente o único factor limitativo do desenvolvimento

do controlo motor. Outros factores foram identificados, nomeadamente o desenvolvimento

estatural, a força muscular (Thelen E. & Cooke, 1987), o nível da atenção (Thelen, Fisher&

Ridley-Johnson, 1984), ou das capacidades cognitivas (Zelazo, 1983). O conjunto destes

factores e das suas interacções contribui para explicar porque é que é preciso cerca de um

ano para que uma criança possa aprender tarefas primárias: suportar o peso do seu corpo e

andar livremente (Thelen, 1989). Dado que todas as tarefas têm exigências posturais, o

desenvolvimento do controlo postural influencia fortemente o controlo postural voluntário

(Woollacott, M. H.; Shumway-Cook, A. & Nasher, L. M. 1987).

É assim importante, numa perspectiva de intervenção educativa ou investigação,

identificar as características e os elementos determinantes do desenvolvimento das crianças

ao longo da sua ontogénese.

Uma dessas determinantes a ter em conta, no que se refere nomeadamente à

regulação do equilíbrio nas crianças, é a influência da visão sobre o controlo do equilíbrio.

( Bower,T.G.R. Broughton, J.M. & Moore M.K., 1970), depois Yonas, A. (1981) mostraram

que as simulações visuais apropriadas (por exemplo aproximando um objecto de um sujeito)

levam a reacções de carácter postural (recuo da cabeça, elevação dos braços, que alguns

autores interpretam como reacções a um desequilíbrio). Estes resultados sugerem que as

crianças utilizam essencialmente informações de origem visual para controlar o equilíbrio.

Contudo, investigações levadas a efeito por Brandt, Wenzel & Dichgans (1976) concluíram

pela não influência de controlo visual na postura, antes da posição de pé.

Muitas pesquisas sugerem que o controlo motor voluntário e o controlo postural se

desenvolvem em paralelo através de um diálogo entre a percepção e a acção.

A prática e a experiência parecem contribuir para a organização espacial e temporal

das respostas posturais automáticas, sendo as sinergias posturais não estritamente inatas.

As aprendizagens, que têm lugar ao longo do curso do desenvolvimento, permitiram

um afinamento destas sinergias de activação muscular, assim como uma calibração das

entradas reguladoras das reacções de equilíbrio. Aparecem, no entanto, no trajecto do

desenvolvimento algumas regressões que teremos de ter em consideração, nomeadamente

as que acontecem entre os 4 e os 6 anos, que, segundo alguns autores, poderão ser motivadas

pelo facto de as crianças experimentarem, nesse período, novas estratégias para controlar

o equilíbrio (Woollacott & Sveistrup, 1992).

Estes trabalhos demonstram que a visão constitui uma das entradas tomadas em

conta pelo sistema nervoso, não sendo necessária nos deslocamentos das respostas posturais

automáticos.

Page 35: Comportamento postural dinâmico

Introdução

7

O aumento da frequência das respostas, na ausência da visão, sugere um aumento

da sensibilidade do sistema noutras fontes de informação.

Para Forsseberg & Nashner (1982), o controlo depende essencialmente dos influxos

somatosensoriais, e a visão não domina senão nas situações de conflito intersensorial.

Para Assaiante & Amblard (1995), a visão tem um papel determinante no decurso dos

períodos de transição para um nível de aprendizagem postural mais evoluído. No entanto,

para Bertenthal & Clifton, R.K. (1996) “o domínio de um sistema sensorial é fortemente

determinado pelo contexto e não é pois fixado dentro do sistema de controlo postural”.

As informações precedentes realçam uma questão de larga importância,

nomeadamente do papel da prática e mais nitidamente a prática desportiva na aceleração

do desenvolvimento e modificação das características das respostas posturais para lá da

aquisição das habilidades fundamentais. A influência da prática física ou desportiva sobre

as capacidades de equilíbrio tem sido muito estudada em adultos, tanto através de estudos

comportamentais como experimentais.

Alguns dos estudos revistos por Singer, R. (1970), destinados a avaliar o impacto

do envolvimento da prática desportiva sobre as capacidades do equilíbrio e da regulação

postural, eram relativamente contraditórios. Singer reporta uma superioridade, nas tarefas

estabilométricas, dos ginastas e dos “esquiadores náuticos sobre os outros atletas e sobre

os grupos constituídos por sujeitos sem prática desportiva ou qualquer tipo de treino. Ele

releva igualmente uma melhoria das performances no decurso das sessões experimentais,

e uma maior tendência dos atletas em relação aos sujeitos não treinados a experimentar

diversas estratégias de equilíbrio nesta nova situação.

Manipulando a vertical óptica, durante os registos estabilométricos, DeWitt, G.

(1972) mostrou que sujeitos não treinados são dependentes desta vertical óptica

(materializado por uma barra luminosa no decurso das sessões desenrolando-se na

obscuridade), tanto que os atletas utilizam, com vantagem, as informações proprioceptivas.

Dito de outra maneira, nesta experiência, os atletas parecem capazes de utilizar uma

estratégia postural diferente, mais eficaz.

Os resultados de Shick, Stoner & Jette, N. (1983) mostraram que as performances

dos dançarinos sobre as tarefas de equilíbrio estático e dinâmico melhoraram com o nível

de prática. Num outro registo, Haines (1974) realça a deterioração da estabilidade postural,

depois de longos períodos de inactividade, com uma recuperação total três dias depois de

retoma das actividades normais. Os seus resultados sugeriram que esta deterioração não

estava ligada à diminuição da força muscular associada ao repouso prolongado.

Por consequência, no conjunto estes trabalhos sugerem que as capacidades posturais

do adulto são plásticas e podem ser modificadas pela prática física e desportiva.

Page 36: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

8

Sobre a influência da prática desportiva, em crianças e jovens, Debû, B., Woollacott

& Mowatt, M. (1988) verificaram, em investigação realizada sobre a alteração provocada

do equilíbrio num grupo constituído por 19 ginastas, entre os 7 e os 16 anos com 2 a 10

anos como praticante de actividade desportiva, e de 14 sujeitos da mesma idade, sem

experiência desportiva particular, que, nos ginastas, os mais jovens tendo 2 a 3 anos de

prática, as latências das respostas musculares correspondem aos valores encontrados no

adulto, quer dizer que elas tendem a ser mais curtas que nos sujeitos não treinados da

mesma idade, e mesmo mais curtas que nos sujeitos mais velhos (10 a 16 anos). Contudo,

este efeito não é observável senão ao nível dos músculos da metade superior do corpo.

A comparação das respostas posturais, em função do nível da avaliação, mostra

que os efeitos de treino não são monótonos. Se os primeiros anos de prática levam a uma

diminuição das latências de activação dos músculos da metade superior do corpo, uma

prática prolongada, para além de três anos, traduz-se por um alongamento destas latências

ao nível dos músculos abdominais e flexores do pescoço. As respostas registadas nos

músculos da parte superior do corpo (nomeadamente ao nível do pescoço) parece pois

muito mais sensível aos efeitos do treino. As respostas são igualmente mais sensíveis à

manutenção de outros factores testados, a saber, a disponibilidade das informações visuais

(nos sujeitos não treinados , a ausência de entradas visuais não tem efeito nos ginastas) ou

a dificuldade da tarefa (em todos os sujeitos). Os ginastas parecem adoptar uma estratégia

que privilegia as informações proprioceptivas, qualquer que seja a situação, o que está de

acordo com os resultados de De Witt (1972).

Segundo estes resultados, parece que a prática da ginástica poderia primeiro acelerar

a evolução das características das respostas posturais automáticas, depois de modificar a

organização em especial ao nível dos músculos da metade superior do corpo, menos

implicados na manutenção do equilíbrio. Alternativamente o treino poderia induzir um

melhor alinhamento do esqueleto e uma maior tonicidade dos músculos abdominais e

extensores lombares, quer dizer, uma modificação da atitude que seria responsável pelas

mudanças observadas na organização temporal das respostas, assim como a melhoria da

estabilidade postural (Debû, B., Woollacott & Mowatt, M.1988). Os resultados explicitados

confirmam que as respostas posturais automáticas são moldáveis, em função da

especificidade da actividade e das condicionantes da experiência ou das informações

sensoriais disponíveis.

Para Mesure, S., Bonnet, M., Crémieux, G.(1994), estas mudanças podem estar

ligadas a uma melhoria da coordenação sensório-motora, a uma modificação das escolhas

tácticas, como sugere igualmente Singer (1970) ou à reorganização da rede neuronal

preexistente, as sinergias posturais não são transmitidas rigidamente.

Em síntese, apesar da investigação já efectuada nestas áreas e da importância que é

Page 37: Comportamento postural dinâmico

Introdução

9

atribuída às variáveis posturais, pensamos que os resultados estão ainda bastante longe do

satisfatório. Tal facto tem levado os investigadores a centrar a sua atenção,

preponderantemente, nos estudos de natureza postural, verificando o funcionamento dos

diferentes sistemas sensório-motores, que asseguram a actividade tónico-postural em

posição ortostática utilizando a estatoquinesimetria e a estabilometria, assumindo particu-

lar interesse no perfil dos desportistas, respeitante à detecção, orientação e controlo do

gesto, ou ainda na prevenção da contra-performance.

O ser humano pode ser considerado como um conjunto de sistemas de informação

e de acção, integrados numa unidade funcional e regulados por um sistema particular que

é o sistema nervoso.

A sua actividade postural, que mantém o corpo numa determinada configuração ou

postura, tem os seus pilares assentes numa acção muscular permanente, repartida pela

generalidade da musculatura esquelética. Este tipo de actividade muscular reflecte, por

sua vez, um amplo jogo de acções de cooperação entre os sistemas aferentes e eferentes, a

diversos níveis do SNC, que se tentam opor às forças do meio circunstancial e à acção da

gravidade.

Mas o jogo das acções cooperativas, donde emanesce este estado de contracção

permanente, não é estereotipado, pelo contrário, exibe um manancial de flutuações ou de

nuances, consoante o estado psíquico do indivíduo, o que significa que a actividade tónica

assenta num comportamento.

Se toda a actividade motora assenta na postura, sendo esta sustentada através do

tónus e reflectindo este um determinado comportamento, pode inferir-se que qualquer

movimento, como parte da actividade motora, é um espelho desse comportamento.

Porém, também se sabe que qualquer acção motora, para ser consequente de forma

a que o organismo atinja um determinado objectivo, mais concretamente, que possa efectuar

prestações desportivas ou não, tem de encontrar um equilíbrio, caso contrário o movimento

torna-se incoerente. Este facto, significa que a postura tem de igualmente manifestar um

estado de tónus de equilíbrio.

Nesta perspectiva, consideramos necessário ter acesso às características do

funcionamento temporo-espacial dos diversos sistemas implicados no equilíbrio ortostático,

com a finalidade de tentar prever o respectivo rendimento em situações dinâmicas.

O termo “sistema” refere-se explicitamente à teoria dos sistemas, o que implica

uma saída e uma entrada do sistema.

A saída do sistema postural é precisamente a manutenção da linha de gravidade à

vizinhança de uma posição de equilíbrio.

O nosso estudo pretendeu analisar as características de funcionamento temporo-

-espacial dos sistemas visual e oculomotor e se a evolução da contribuição dos sistemas

Page 38: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

10

referidos, com o decorrer da idade, interfere com o controlo do equilíbrio postural em

situações dinâmicas.

O trabalho está organizada em 3 partes: (Parte I) “Introdução e Revisão da

Literatura”; (Parte II) “Procedimentos Metodológicos, os Resultados e as Análises

Multivariadas das Variáveis de Critério”; (Parte III) “Discussão, Conclusões, Recomen-

dações, Bibliografia e Anexos”. Após o capítulo introdutório, onde se faz a apresentação

do problema e os objectivos, integramos a revisão da literatura que expressa o quadro

teórico do presente trabalho.

A parte II, ocupa-se dos procedimentos metodológicos, da apresentação dos

resultados da investigação e das análises multivariadas. Os primeiros inserem uma

caracterização da amostra, formulação das hipóteses de investigação, protocolo experi-

mental, provas, procedimentos, e recolha de dados; nos segundos apresentam-se de forma

desenvolvida os resultados de investigação; nos terceiros apresentamos as análises

multivariadas.

Finalmente, na parte III, inclui-se a discussão dos resultados conclusões e

recomendações. Procuraremos aqui articular e sintetizar, toda a evidência por nós recolhida

relativamente aos reflexos provocados pela indução de estímulos externos no compor-

tamento postural dinâmico da amostra enunciada.

Page 39: Comportamento postural dinâmico

11

Revisão da Literatura

2Revisão da literatura

Page 40: Comportamento postural dinâmico

12

Dolores Monteiro

Page 41: Comportamento postural dinâmico

13

Revisão da Literatura

2.1- Caracterização Conceptual

No início do século passado, Charles Bell já apresentava o problema que a

posturologia tenta hoje resolver: como é que o homem consegue manter a postura em pé

ou inclinado contra o vento que sopra sobre ele? É evidente que ele deve possuir uma

aptidão para reajustar e corrigir todo o afastamento da vertical. (Bricot, B.1999).

Desde o século XIX, que os captores sensitivos que concorrem para a manutenção

da posição erecta do homem, já tinham sido descobertos.

A importância dos olhos havia sido colocada em evidência por Romberg; a

propriocepção dos músculos paravertebrais, por Longet; a influência do sistema vestibu-

lar, por Fluorens, o “sentido” muscular, por Sherrington. A primeira escola de Posturologia

foi fundada em 1890, em Berlim, por Vierordt.

Mais recentemente, Baron, do laboratório de Posturologia do Hospital de Ste-Anne,

em Paris, publicou a tese, em 1955, sobre a importância dos músculos oculomotores na

atitude postural.

Kendal,H,O (1999) definiu postura como “um estado compósito do conjunto das

posições das articulações do corpo num determinado momento”.

Mais recentemente, Paillard introduziu os conceitos de “corpo situado e corpo

identificado” definindo-os como uma abordagem psicofisiológica da noção de esquema

corporal.

Será Babinski (1914), observando os efeitos de coordenação entre postura e

movimento, em indivíduos com alterações cerebelares, que apresentará os primeiros dados

sobre ajustamentos posturais associados ao movimento voluntário. Desde então ficou

estabelecido que, tanto no homem quanto no animal, o movimento intencional é

acompanhado e seguido por fenómenos posturais.

Os diferentes trabalhos integrantes do termo Postura estão ligados preci-samente a

uma multiplicidade de fenómenos em variados espaços científicos, levando a que seja

utilizado indiferentemente com alguns sinónimos – Sistema Postural, Actividade Postural,

Ajustamento Postural, Esquema Postural, Atitude, Equilíbrio, Controlo Postural, Postura.

Tidos como referência ao longo de mais de uma centena de anos, levam-nos a considerar

o sistema postural como um “todo estruturado”, com entradas múltiplas, tendo muitas

funções complementares:

- lutar contra a gravidade e manter a postura erecta;

- opor-se às forças externas;

- situar-nos no espaço tempo estruturado que nos envolve;

Page 42: Comportamento postural dinâmico

14

Dolores Monteiro

- guiar e reforçar o movimento;

- equilibrar-nos durante o movimento.

Para realizar esta proeza neurofisiológica, o organismo utiliza diferentes fontes:

- os exteroceptores, que nos situam na relação com o meio envolvente (visão,

audição, tacto);

- os proprioceptores que situam as diferentes partes do nosso corpo em relação

ao conjunto, em determinada posição no espaço;

- os centros superiores integram os selectores de estratégias, os processos

cognitivos (Paillard) e tratam os dados recolhidos das duas fontes precedentes.

Todavia existe uma “invariável postural” que representa a posição ideal do corpo

no espaço, em determinado momento da nossa evolução filogenética.

Existe, para cada espécie, uma postura de referência, a estação de pé, que está

determinada geneticamente para numerosas espécies, posto que se manifesta desde o

nascimento.(Massion,J.2000)

Charles Sherrington é apontado, por Magnus (1925), citado por Reed (1990), como

o grande impulsionador do estudo da Postura, através dos seus trabalhos sobre o controlo

neural do comportamento. Para este autor (1906), citado por Madeira (1986), a Postura

acompanha o movimento como uma sombra, o que significa que todo o movimento começa

numa Postura e termina noutra.

Antes de Alexander (1974) conceptualizar a Postura como - “an integral component

of a voluntary action, and not a response to stimuli”- Thomas (1940), citado por Madeira

(1986), afirmava que todo o ser apresenta, num estado estático ou cinético, uma Postura

mais ou menos tão típica como a sua forma, dimensões ou cor. Mesmo sujeita às mais

diversas contingências, a Atitude conserva a marca da espécie e do indivíduo. Este autor

utiliza, possivelmente, as expressões - Postura e Atitude - como termos sinónimos. Também,

para Guiner (1978), estes termos são sobreponívéis. Contudo, para outros autores podem

descrever ou representar “ entidades distintas de um mesmo conjunto de fenómenos, o que

não implica, que os mesmos possam ser dissociados, ou seja, apesar de distintos, não se

pode separar a Atitude da Postura.”

Os fisiologistas empregam o termo Atitude, quer como o sinónimo de posição -

“termo geométrico definido pela localização no espaço de diferentes peças do esqueleto”,

quer de Postura, termo fisiológico que designa, mais particularmente, as posições relativas

das diversas partes do corpo “animadas” pela musculatura, cuja actividade se opõe a acção

da gravidade. Na definição apresentada, aceita-se que o termo Postura pressupõe uma

actividade inerente ao homem, que não se encontra no termo Posição.

Page 43: Comportamento postural dinâmico

15

Revisão da Literatura

Para Wallon (1968), a Atitude abrange um aspecto cognitivo e simultaneamente

afectivo, aparecendo como uma criação dinâmica, uma propensão para reagir de um modo

determinado e um factor determinante. Este conceito não é passível de ser dissociado da

componente psíquica que lhe é afim, sob a pena de, em nome de um maior rigor cientifico

e de uma maior objectividade, se tornar caracterizado.

Para Buytendjyk (1957), as Atitudes são o resultado de uma repartição do tónus

muscular. O equilíbrio significa, em primeiro lugar, um equilíbrio tónico. Acrescenta ainda

que, em qualquer Atitude, temos o comprometimento de todo o corpo, motivo pelo qual se

pode dizer que - “a posição bípede não é menos eloquente que a mímica”.

Gibson (1966) opina que - “todos os sistemas sensoriais podem contribuir com as

suas informações para o controlo da Actividade Postural”.

Bernstein (1967), citado por Monteiro (1993), defendia que o equilíbrio não deve

ser visto apenas de uma forma mecânica de resposta antigravitária, afirmando que “sendo

a Postura uma actividade dinâmica, ela era o resultado do funcionamento de múltiplos

sistemas perceptivo motores que trabalhavam não contra, mas com a gravidade, de forma

a atingir-se uma acção integrada e funcional”.

Lapierre (1968) refere que a Atitude não deve ser considerada como um equilíbrio

mecânico, mas como um equilíbrio neuromotor. É sobre um fundo proprioceptivo que se

implanta as modulações afectivas, porque a Atitude também é um comportamento: um

comportamento social e um modo de expressão da personalidade profunda. Considera

ainda a Atitude como sendo - “resultado dos reflexos sensório-motores integrados nas

diversas partes do sistema nervoso, mediante uma regulação automática extremamente

complexa e como modo de reacção pessoal a um estímulo constante - o peso”.

Moro (1971) refere que o termo Postura deve ser interpretado como uma resposta

psico-fisiológica às estimulações do meio ambiente, como um com-portamento reaccional

que traduz a forma de expressão da personalidade profunda. Para o mesmo autor, o conceito

de Esquema Postural justifica a importância da posição relativa dos segmentos corporais,

sobre si e no mundo exterior, para a manutenção da Postura. Define Esquema Corporal

como uma organização das sensações do próprio corpo, relativas ao mundo exterior.

Para Le Boulch (1985), o Esquema Postural pressupõe a percepção imediata de

qualquer parte do corpo, integrada num conjunto global, em relação ao mundo exterior.

Para Berthelot, (1973), citado por Madeira (1986), a Postura representa a maneira

de estar corporalmente no mundo, a profunda, a mais rica, a mais desconhecida, mas

talvez a mais reveladora da nossa personalidade.

Metheney, citado por Cooper (1973), sustenta que não existe uma só Postura óptima

para todos os indivíduos. A melhor Postura é aquela na qual todos os segmentos corporais

se encontram equilibrados, na posição de menor esforço e máxima sustentação.

Page 44: Comportamento postural dinâmico

16

Dolores Monteiro

O termo Actividade Postural, segundo Paillard (1976), traduz-se pela imobilização

das peças do esqueleto nas suas posições determinadas, solidárias umas com as outras,

que dão ao corpo uma Atitude de conjunto. Esta Atitude exprime a forma como o organismo

enfrenta as estimulações do mundo exterior e se prepara para nele reagir.

Segundo este autor, a Atitude Postural caracteriza um certo alinhamento dos

segmentos esqueléticos e um certo equilíbrio segmentar geral. Corresponde a um modo de

equilíbrio pessoal, passageiro ou permanente, que pode ser estimado em função de

referenciais espaço-temporais.

De acordo com este autor, e citado por Fernandes (1998), cada espécie animal

assume uma “Atitude Fundamental”, que se organiza segundo uma Arquitectura Postural

própria e característica do seu modo de locomoção, na qual se constrói os grandes Esquemas

Posturais e cinéticos das actividades de relação. No homem, esta “Atitude Fundamental”,

é a posição de pé (bípede); ela constitui um estado especifico e privilegiado da nossa

motricidade como refere Dubois (1979).

Ainda na opinião do mesmo autor, “a Atitude constitui a manifestação ou

exteriorização (aquilo que é susceptível de ser captado pelos sentidos) da actividade que

lhe está subjacente - a Actividade Postural”- pelo que, e, na sua opinião, - “la Attitude ne

peut être distinguée de la Posture qui en constitue l’étroffe”.

Segundo o mesmo autor, o termo Atitude pertence ao vocabulário descritivo da

motricidade, significando, no seu sentido geral, “uma maneira de ter o corpo”.

Etimologicamente, a origem desta palavra reside no termo latino “Aptitudine”, que significa

aptidão ou disposição natural para cumprir determinadas acções ou tarefas. É com este

sentido que o termo derivado de “Aptitudine” vem a ser utilizado, segundo Sérgio (1995)

- “pelos críticos de arte italianos com a finalidade de descrever as posições do corpo humano

que o artista modela numa estátua ou delimita numa representação gráfica, em ambos os

casos, retratando ou espelhando uma certa disposição da alma”.

Nesta definição utilizada para descrever as manifestações exteriores observáveis,

ainda que faltando uma certa precisão, a Atitude surge com algum significado psicológico.

Segundo as ideias de alguns críticos “a interpretação significativa da Atitude tem que ser

sempre incluída num contexto onde intervém a génese da expressão”. E como exemplo,

temos - “não é a Atitude de levantar simplesmente as mãos ao alto que é suficiente para

exprimir uma súplica. É toda a génese dinâmica dessa Atitude que vai exprimir esse

sentimento nas suas múltiplas variantes”.

Paillard (1976) distinguiu dois modos de expressão da Actividade Tónico-postural,

directamente relacionados com o tipo de estimulação do envolvimento:

- Actividade Postural antigravitária, modo de reacção e adaptação a estimulações

permanentes e estáveis.

Page 45: Comportamento postural dinâmico

17

Revisão da Literatura

- Actividade Postural direccional, modo de reacção e adaptação a estimu-lações

variáveis.

A Actividade Postural antigravitária manifesta-se por quatro tipos de reacções

com origens distintas:

- Reacções de endireitamento que têm origem nos reflexos de origem labiríntica,

visual, muscular e cutânea determinadas pela gravidade, peso do corpo, corpo,

superfície de apoio e referências visuais.

- Reacções de sustentação manifestam-se através dos reflexos pro-prioceptivos

(resultado da acção conjunta dos músculos flexores e extensores) e

exteroceptivos (nível plantar) que permitem a manutenção da posição

anteriormente adoptada pela fixação dos segmentos móveis do corpo (membros

e cintura).

- Reacções de adaptação estática, na posição ortostática o corpo oscila

permanentemente. Qualquer factor tendente a modificar o equilíbrio corporal

(verticalidade) desencadeia uma resistência compensatória de adaptação a nova

situação, pela regulação quer da actividade tónica dos vários grupos musculares,

quer da amplitude do movimento das diversas articulações.

- Reacções de equilíbrio, funcionam como um dispositivo de segurança que

entra em acção quando as reacções de adaptação estática se tornam insuficientes

para manter a projecção do centro de gravidade no interior do polígono de

sustentação. Estas reacções têm origem muscular ou labiríntica.

Pode-se então concluir que a Postura constitui uma actividade que é imprescindível

à preparação e manutenção de qualquer acção, assegurando, simultaneamente, a eficácia

da sua execução.

A Actividade Postural, segundo Soulairac (1977), seja parcelar num segmento da

musculatura, seja global na regulação das atitudes, está permanentemente subjacente à

Actividade cinética e, sem ela, não se pode realizar.

Segundo este autor, toda a Actividade cinética, automática ou voluntária, vai

representar uma sucessão de Actividades Tónico-Posturais preparatórias ao movimento e

de Actividades fásicas que constituem a própria acção voluntária. Existe uma Actividade

holo-cinética representada pelo conjunto de realizações motoras assegurando a tonicidade

e a Postura, e uma Actividade idiocinética, de carácter essencialmente fásico, que representa

sobre um fundo permanente de tonicidade, a execução de movimentos de alta precisão.

Page 46: Comportamento postural dinâmico

18

Dolores Monteiro

Ainda, para este autor, na génese do esquema corporal, as primeiras sensações

proprioceptivas articulares e musculares nascem e organizam-se principalmente a partir

de informações visuais. A informação visual e os movimentos oculares continuam a ter

um papel importante no controlo e manutenção do equilíbrio corporal, ao longo do

desenvolvimento e no adulto. Os músculos oculomotores têm um papel importante na

regulação da Postura, regulando a amplitude motora dos diferentes segmentos do corpo,

no endireitamento do eixo cefálico; esta regulação oculomotora representa uma regulação

de alta precisão de origem vestibular. Um bom funcionamento visual permite uma aquisição

mais rápida da regulação Postural proprioceptiva de origem ocular.

Para Guiner (1978), a Actividade Postural traduz-se pela imobilização das peças

do esqueleto em posições determinadas, que traduzem a maneira pessoal de ter o próprio

corpo, tanto no estado estático como em situações dinâmicas. Refere ainda este autor, que

pela sua componente tónica, a Postura está na base do acto motor. O termo Postura é o

equivalente de Atitude. O sentido geral das duas palavras é o mesmo, sendo, no entanto, a

palavra Postura utilizada mais vulgarmente.

Apesar da evolução dos conceitos sobre a Actividade Postural neste últimos anos,

e desta ter ocupado um lugar de componente fundamental da actividade humana e ser

vista como merecedora de uma cuidada análise científica, ainda continua a ser definida,

por alguns estudiosos, sob o ponto de vista estático e tradicionalmente mecanicista.

Para Martin (1977), Postura- “é um estado do corpo”- para o qual contribuem duas

vertentes, a que trata da inter-relação das diferentes partes do corpo, e a outra que trata

especificamente da actividade de suporte antigravitária. Quando este autor refere a

actividade antigravitária adiciona a acção de equilíbrio “se forem assumidas as duas

vertentes como um todo, resulta que as diferentes peças esqueléticas tendem a inter-

relacionar-se de forma a que o corpo se oponha à solicitação da gravidade, ou seja, neste

caso, que se mantenha em equilíbrio e que não caia.”

Dubois (1979) define Ajustamento Postural como uma espécie de modelagem do

tónus da Postura, integrando por sua vez os elementos exteriores ao indivíduo (acção

permanente da força de gravidade, acção periódica de outras forças) e as componentes que

lhes são próprias (afectividade, vigilância, intenção de acção). Para este autor, o conceito

de Atitude não engloba apenas a organização e ajustamento da Postura com o fim de

manter e restabelecer o equilíbrio. A Atitude também é a tradução significativa de um

comportamento e, se por um lado, a sua regulação constitui uma reacção às condições

periféricas (equilíbrios articulares, tensões musculares), por outro, também são importantes

as influências centrais dependentes das reacções emocionais ou das variações de atenção.

Segundo este autor, a Actividade Postural intervém na retaguarda de todo o

movimento finalizado. A eficácia de um movimento, quer seja global ou localizada, vai

Page 47: Comportamento postural dinâmico

19

Revisão da Literatura

repousar sobre a estabilidade e consistência Postural da Atitude. Segundo este mesmo

autor, a Actividade Tónico-postural exprime-se pela imobilização, alinhamento e

solidarização dos diferentes segmentos móveis e cinturas do corpo, favorecendo a aplicação

e o transporte das forças através do mesmo e traduz o modo de reacção e adaptação do

indivíduo às estimulações do envolvimento material e humano, estando na base de todos

os movimentos. É a permanente adaptação do tónus da Postura que confere eficácia ao

movimento, assegurando o Equilíbrio e a estabilidade do posicionamento corporal.

Gahéry (1985) diz que “o movimento de qualquer segmento corporal constitui

uma fonte de perturbação da Postura e do Equilíbrio face ao deslocamento do centro de

gravidade, que resulta numa reacção ao organismo de modo a prevenir uma situação de

desequilíbrio”.

Para Clément (1983), a Actividade Postural não é apenas uma série de posições

estáticas do corpo. Cada movimento é precedido por um ajustamento antecipatório

necessário para o próprio movimento e acompanhado por componentes Posturais durante

a sua execução.

Este autor refere que o equilíbrio do corpo, em posição de pé, fica assegurado

quando o centro de gravidade se projecta no interior do polígono de sustentação definido

pela superfície de apoio no solo. A Postura exprime-se através de oscilações corporais em

torno da posição de equilíbrio, cuja frequência e amplitude estão dependentes dos sistemas

de regulação do tónus Postural e das fixações Posturais dos segmentos articulares em

relação à percepção da posição relativa dos vários segmentos corporais e destes em relação

ao envolvimento.

Clément et al. (1983), citado por Fernandes (1998), referem que é um dos pré-

requisitos mais importantes para a manutenção de uma Postura correcta. Estes autores

referem a importância da aplicação da noção de Esquema corporal no controlo da Postura

e do Equilíbrio a partir de dois tipos de informações, que são, por um lado, de natureza

métrica (informações sobre a posição dos segmentos uns em relação aos outros) e, por

outro, de natureza dinâmica (informações resultantes da massa e da inércia dos diferentes

segmentos, assim como das forças de apoio no solo).

Pompeiano (1983), citado por Fernandes (1998), refere que o Ajustamento Postural

também é necessário durante a realização do movimento, com o fim de prevenir o

desequilíbrio.

Madeira (1986) refere que a Postura erecta é mantida através da dinâmica de órgãos

especializados, designadamente diversas estruturas neurofisiológicas, vários sentidos e

sistemas funcionais. O equilíbrio humano não perspectiva apenas aspectos anatómicos e

mecânicos, nem se circunscreve unicamente ao alinhamento vertical do centro de gravidade

da cabeça, do tronco e dos membros.

Page 48: Comportamento postural dinâmico

20

Dolores Monteiro

Segundo este autor, a Actividade Tónico-postural exprime-se não só na imobilização

das peças ósseas utilizadas, mas também pelo alinhamento e consistência dos diferentes

segmentos e cinturas, propiciando transporte das forças através do corpo.

O mesmo autor esclarece que - “Actividade Postural ressalta como dinamismo

profundo do indivíduo que não cessa de operar finos reajustamentos para responder, de

forma adaptada, às estimulações do envolvimento material e humano. É sem dúvida, a sua

adaptação permanente que assegura a estabilidade de posicionamento corporal, o seu

equilíbrio e, em última instância, confere a eficácia ao movimento”.

Tanto Madeira como Paillard “sublinham que o alvo da Actividade Postural não é

só o de admitir um estado de estabilização ou de equilíbrio, mas sim, tratando-se dum

processo intimamente dinâmico, o de continuamente proceder ao controlo e distribuição

da resultante das forças ou estímulos actuantes a nível do organismo, de forma a que este

cumpra as suas mais diversas tarefas.

Para Massion et al. (1990), a Postura do Homem é constituída por módulos

sobrepostos a partir do solo, sobre o qual se efectua o apoio, até à cabeça: cada módulo

está ligado ao módulo subjacente por um conjunto de músculos que têm em comum uma

regulação central e periférica especializada, cuja a função é manter a posição de referência

desse módulo em relação ao módulo subjacente. Consideram que o controlo global da

Postura se faz por intermédio do tónus Postural.

Para esses autores, a noção de Postura é distinta da de Equilíbrio, que visa manter

a projecção no solo do centro de gravidade no interior do polígono de sustentação.

São os Ajustamentos Posturais que permitem manter o Equilíbrio (quando a

contracção da musculatura mantém o centro de gravidade no prumo da sua base de

sustentação), mas também estabilizam a Postura de um ou mais segmentos corporais (da

posição dos módulos entre si).

Reed (1989) referenciou uma maior aproximação funcional do conceito de Controlo

Postural a partir de uma perspectiva de sistemas da acção, argumentando que o Controlo

Postural não deverá, de um modo genérico, ser entendido como uma resposta às forças

perturbadoras para manter o equilíbrio mas, em vez disso, como o uso controlado e flexível

de todas as forças que actuam sobre o corpo.

Por outras palavras, o Controlo Postural não deve ser conceptualizado como sendo

dirigido automaticamente por respostas estereotipadas a estimulações mas, mais do que

isso, como um componente integral de acções funcionais que requerem um grande nível

de adaptabilidade.

Neste sentido Diener (1988) refere que o Controlo Postural não compreende apenas

mecanismos reflexos, mas também, requer um complexo processo central que pode ser

ajustado às modificações intrínsecas ou extrínsecas que são exigidas.

Page 49: Comportamento postural dinâmico

21

Revisão da Literatura

Fernandes (1998) refere que a Postura retrata a forma personalizada de se estar

corporalmente no mundo que nos rodeia; a Postura e o Movimento são interdependentes;

a Postura e o Equilíbrio são a base da actividade motora; a Postura está directamente

relacionada com o tónus muscular.

Sérgio (1995) refere que Ling, da escola sueca, utilizou o termo Atitude e concebeu

- o como sendo um modelo de referência abstracto, a partir do qual se elaborava a sessão

de ginástica.

A Atitude acima referida era definida da seguinte forma: “pés afastados a 90º,

peito bem saído, ventre para dentro, rins escavados, cabeça direita, corpo vertical, ombros

abaixados e para trás, centro de gravidade no centro da base de sustentação”.

Pensa-se que seria uma Postura muito semelhante a que actualmente se designa

por Posição Fundamental Anatómica

Ling, apesar de ter sido alvo de algumas críticas no sentido de pretender transformar

o Homem num boneco articulado, conseguiu realçar o valor da ligação entre a Atitude e os

Elementos ou Factores tónicos.

Para Bardy & Mariu (1996), o controlo do Equilíbrio Postural do Homem, em pé,

implica a coordenação das articulações do tibiotársico, ancas e joelhos com o objectivo de

manter a posição em pé. A tarefa, na qual o sujeito está envolvido, pode impor movimentos

de grande amplitude, uma mudança no modo de coordenação Postural a uma paragem das

oscilações do corpo.

Segundo este autor, as oscilações corporais destinadas a manter o equilíbrio têm

um papel funcional que depende das propriedades intrínsecas do indivíduo, do envolvimento

e da finalidade da acção.

Segundo Bessou et al. (1996), Postura corresponde a Atitude Corporal adaptada

por um sujeito num instante qualquer. Ela é o reflexo de um programa motor, de um

conjunto de instruções dirigidas pelo sistema nervoso, pelos quinhentos músculos do

organismo humano, com a função de se obter a geometria corporal desejada.

Um indivíduo, na posição de pé, está submetido à acção do campo de gravidade;

desta forma dispõe de um reportório Postural necessariamente limitado pelas restrições do

movimento.

Face à acção da gravidade, no Homem de pé, o sistema nervoso incluído em todo

o programa motor Postural, assume uma componente de luta antigravitária da manutenção

do Equilíbrio.

Page 50: Comportamento postural dinâmico

22

Dolores Monteiro

Page 51: Comportamento postural dinâmico

23

Revisão da Literatura

2. 2- Factores Determinantes

2.2.1 – Actividade Tónico Postural

Do ponto de vista neurobiológico, deve-se entender o desenvolvimento humano

como o corolário de toda uma actividade tónica e postural concertada, que suporta o

movimento organizacional temporal e espacial.

Ao falarmos de desenvolvimento humano, estamos a falar essencialmente de

movimento coordenado, movimento este realizado com a sintonia perfeita entre os diversos

intervenientes no mesmo.

Por outro lado, para falarmos em movimento, verificamos que este só se realiza

tendo por base toda uma actividade postural que o suporte e, esta, por sua vez, tendo como

suporte a actividade tónica.

Contudo, ao referir estes três níveis de actividade psicomotora, consideramos que

há sempre estruturas que permitem que essa actividade se realize - o suporte estrutural.

Além do suporte estrutural e por detrás do que é visível, existem as estruturas que

têm como função o controlo e regulação dessa mesma actividade.

Por outro lado, a actividade tónica está intimamente ligada à actividade motora e a

coordenação só é possível tendo como base um estado de equilibração. Esta função está,

dependente da actividade postural, tal como está dependente da actividade tónica. Por sua

vez, a coordenação está dependente dos movimentos realizados, os quais dependem também

do comportamento do indivíduo. Madeira (1986).

É a tensão tónica que prepara, orienta e suporta o movimento na sua expressão

visual. A tensão tónica é a tela de fundo de todo o acto motor, logo assegura a sua preparação,

assim como suporta a sua realização e vê reflectidos em si os seus resultados.

Tanto na postura como no aspecto comportamental, assim como também na

equilibração que resulta da actividade postural, num ou noutro caso, estamos em presença

de funções do organismo humano que se apoiam no mesmo suporte neurofisiológico: a

actividade tónica. A postura está na dependência da harmonia tónica.

A postura, no seu suporte estrutural, está dependente de estruturas nervosas que,

por seu lado, estão sob a dependência constante do nosso estado tónico.

Os conceitos de actividade tónica, postural e equilibração são interdependentes e

fazem parte de uma única trama que é o movimento que, quando bem tecido, se expressa

como um movimento coordenado, ou seja, onde nada é mantido ao acaso e onde todos os

Page 52: Comportamento postural dinâmico

24

Dolores Monteiro

factores têm a sua contribuição no momento certo, no local certo e com a intensidade

adequada a cada situação, que se encontra expressa na corporização da coordenação motora,

que é o mesmo que dizer, o acto motor coordenado.(Figura 2.1)

oCoordenaçã

ãoEquilibraç

Movimento

Postura

ntoComportame

Tónus==

Figura 2.1- Apontamento de aulas práticas de Psicofisiologia Madeira, F. (1990)

Madeira (1986) considera que as infra-estruturas da actividade motora são a postura

e o equilíbrio e, como tal, a base estrutural de qualquer processo de aprendizagem.

Como a actividade motora intencional e coordenação permitem a presença de

processos de aprendizagem, os sistemas posturais permitem o desenvolvimento da

actividade motora. (Quirós e Schrager, 1978).

Quer a actividade tónica quer a actividade postural não devem ser vistas como um

fim em si mesmo, mas como um meio imprescindível para a existência do movimento. A

motricidade humana é simultaneamente produto e produtor dos estudos tónicos e posturais

que se inter-influenciam e dos quais dependem, ao mesmo tempo que estes lhes estão

dependentes.

2.2.1.1 – Tónus

A função tónica, para muitos autores, é a mais complexa e aperfeiçoada do ser

humano, encontrando-se organizada hierarquicamente no sistema integrado reticular e

toma parte em todos os comportamentos de postura e movimento, através de uma maturação

progressiva.

O tónus “é basicamente o estado de tensão permanente ao nível do músculo que se

manifesta, não só no estado de repouso, mas em toda a actividade cinética” Surrel (1976)

Mano e Laget (1964) afirmam que a actividade tónica “forma a tela de fundo das

actividades motoras e posturais, fixando, preparando o movimento, fixando a atitude,

sustentando o gesto, mantendo o estatismo e a equilibração”.

Madeira (1990) considera que “A tonicidade está subjacente a toda a actividade

motora, influenciando a qualidade da respectiva manifestação (...), é fundamental pro-

piciar níveis optimais de tonicidade, pela vivência regular e sistemática de práticas cor-

porais que afectem as modulações tónicas. Qualquer imprecisão na carga tensional,

Page 53: Comportamento postural dinâmico

25

Revisão da Literatura

excessiva ou reduzida, compromete, inevitavelmente, a coordenação do gesto e sua

sequência temporal”.

Devem-se distinguir três níveis diferentes de organização tónica: tónus de repouso,

tónus postural ou de atitude e tónus de acção.

Podemos, então, caracterizar três regimes ou níveis de funcionamento tónico, sendo

em cada um desenvolvida uma tensão de tipo diferente e cada um destes regimes

assegurando igualmente uma função específica na motricidade humana:

- Tónus de Repouso

O tónus de repouso é o regime mais baixo, caracterizando o funcionamento do

aparelho muscular numa pessoa em repouso, com o seu corpo totalmente relaxado.

O tónus muscular de base, tal como é denominado por Rigal (1987), “é a contracção

mínima ou a ligeira excitação de um músculo em repouso.”

O tónus de repouso, ou também chamado permanente, não é mais que um estado

reduzido que corresponde à ligeira contracção muscular no estado de repouso.

O tónus de repouso é indispensável e responsável pela manutenção de determinadas

funções específicas do comportamento, nomeadamente, a manutenção dos grandes

aparelhos da vida vegetativa num adequado nível de funcionamento, o contacto e a posição

relativa dos diferentes elementos osteo-articulares.

Debelle (1976) compara o regime mínimo de funcionamento do aparelho muscu-

lar - tónus de repouso - ao regime de “ralenti” de um motor mecânico de explosão

- Tónus de Postura

Como substrato da realização de uma qualquer praxia torna-se verdadeiramente

imprescindível a aquisição prévia de um óptimo posicionamento corporal, possível apenas

pelo afinamento tónico dos grupos musculares respectivamente implicados.

Esta actividade do músculo caracteriza toda a actividade que precede imediatamente

a acção - é um estado de vigilância muscular. O tónus de atitude não é mais do que o

corolário de uma atenção (vigilância) sobre o envolvimento, ou ainda, é o que permite ao

corpo “estar disponível para...”. Não se pode dizer que esta atitude constitui, em si própria,

uma acção propriamente dita.

Este nível tónico tem duas qualidades principais - a globalidade e a plasticidade -

uma vez que todo o corpo deverá estar em estado de vigilância para que cada parte

constituinte possa assegurar o papel de coordenação a ele conferido.

Page 54: Comportamento postural dinâmico

26

Dolores Monteiro

O tónus postural resulta de um conjunto de reacções de equilibração e de manutenção

da atitude e fornece uma referência a um suporte para a execução de acções motoras.

O desempenho da sua missão não é compatível com um estado de relaxamento

absoluto do corpo mas, pelo contrário, requer uma adequada aceleração tónica, materializada

na atitude específica que cada indivíduo expressa.

Utilizando de novo a imagem do motor, em analogia com o tónus de atitude, neste

caso o motor já não se encontra a funcionar em regime de “ralenti”, mas sim num regime

significativamente mais intenso, ou seja, de pré-arranque.

Quando nos referimos a esta vigilância muscular que precede imediatamente uma

acção, não significa a acção propriamente dita; traduz, sim, a sinergia muscular que garante

a manutenção de uma qualquer posição corporal desejada que, para além de resistir à

acção da gravidade, pretende, acima de tudo, tornar o corpo disponível para a acção.

O tónus de atitude constitui a base do acto motor, dado que só a partir da contracção

tónica - cuja finalidade é a fixação de uma atitude de partida devidamente equilibrada - se

vem sobrepor a contracção fásica propriamente dita.

- Tónus da Acção

O terceiro nível de trabalho do músculo é o que provoca, ou o deslocamento dos

segmentos ósseos com vista a uma acção com movimento, ou a manutenção de uma posição,

no caso de uma acção sem movimento, o qual denominamos por tónus de acção.

Nesta situação, a parte activa do movimento é assegurada por um conjunto de

músculos agonistas.

Este tipo de trabalho muscular pode alcançar um alto nível de intensidade mas não

pode, neste caso, ser mantido durante muito tempo, uma vez que o músculo mantido

voluntariamente em contracção intensa, rapidamente se fadiga, esgotando-se as suas

reservas energéticas.

Em termos de funcionalidade, o tónus de acção assegura a transição do esquema

de atitude ao esquema de acção, acompanhando todas as variações deste.

O tónus de acção é a função que garante as condições de apoio necessárias à

prossecução dos actos motores.

Em termos gerais, podemos afirmar que a tonicidade está subjacente a toda a

actividade postural e de equilíbrio, que têm, como fim último, a aquisição de equilíbrio

geral e a sua adaptação à situação envolvente de acordo com a informação proprioceptiva

e exteroceptiva.

O tónus pode ser considerado como a função de ligação entre o psíquico e a

motricidade e, deste modo, os dois níveis tónicos de repouso e de atitude podem ser

Page 55: Comportamento postural dinâmico

27

Revisão da Literatura

considerados como um estado de passividade, se o entendermos como sinónimo de ausência

de acção e de inervação motora voluntária.

2. 2. 1. 2 – Postura

“Todo o ser se apresenta num estado estático ou cinético, numa postura pouco

mais ou menos tão típica como a sua forma, as suas dimensões ou a sua cor. Mesmo sujeita

às mais diversas contingências, a atitude conserva a marca da espécie e do indivíduo”

Madeira (1986).

Para Esbérard (1980), a postura é o mecanismo neural que mantém os membros

estendidos, levando o organismo a manter a posição que antagoniza a acção gravítica.

A manutenção da postura ortostática, característica da espécie humana, baseia-se

na actividade tónica de numerosos grupos musculares, designada por actividade tónico

postural ortostática.

Segundo Dubois (1979), a actividade tónico postural exprime-se pela imobilização,

alinhamento e solidarização dos diferentes segmentos móveis e cinturas do corpo,

favorecendo a aplicação e o transporte das forças através do mesmo.

Traduz o modo de reacção do indivíduo às estimulações do envolvimento material

e humano e está na base de todos os movimentos.

É a permanente adaptação do tónus de postura que confere eficácia ao movimento

assegurando o equilíbrio e a estabilidade do posicionamento corporal.

A actividade corporal para Guiner (1978), traduz-se pela imobilização das peças

do esqueleto em determinadas posições que representam a maneira pessoal de ter o próprio

corpo no estado estático ou em situações dinâmicas.

Moro (1971) define postura como uma resposta psicofisiológica às estimulações

do meio ambiente, como um comportamento racional, constituindo uma forma de expressão

da personalidade profunda.

O conceito de postura está relacionado com a posição relativa das diversas peças

do esqueleto, que é determinada pela acção constante da força da gravidade e outras forças

exteriores. Este é um conceito essencialmente de natureza mecânica que garante uma relação

optimal entre os custos energéticos e uma posição de equilíbrio máximo.

Mas, se considerarmos a integração de factores de ordem cultural, social e afectiva

que agem sobre cada pessoa de forma individualizada e que se traduzem num conjunto

particular de relações e adaptações posturais, aproximamo-nos do conceito de atitude.

Este conceito transporta-nos de uma visão mecânica determinada por uma evolução

filogenética para uma visão de individualização determinada pela evolução cultural e so-

cial.

Page 56: Comportamento postural dinâmico

28

Dolores Monteiro

A interacção destes dois conceitos - atitude e postura - define um terceiro que

engloba as duas dimensões apresentadas: o conceito de atitude postural.

Porém, e segundo Lapierre (1968), a atitude deve ser considerada não como um

equilíbrio mecânico mas como um equilíbrio neuro-motor. Ela é resultante de uma infinidade

de reflexos sensório-motores integrados nas diversas partes do sistema nervoso, mediante

uma regulação automática extremamente complexa e como reacção pessoal e um estímulo

constante - o peso.

O termo atitude postural, para Paillard (1976), caracteriza um certo alinhamento

dos segmentos esqueléticos e um certo equilíbrio segmentar e geral. Corresponde a um

modo de equilibração pessoal, passageiro ou permanente, que pode ser estimado em função

de referências espaço-temporais.

Para o mesmo autor, “...cada espécie animal assume uma atitude fundamental

essencialmente antigravitária, que se organiza segundo uma arquitectura postural que lhe

é própria e característica do seu modo de locomoção”.

Ainda para Paillard (1976) distinguiu dois modos de expressão da actividade tónico

postural directamente relacionados com o tipo de estimulação do envolvimento:

a) - Actividade postural antigravitária, modo de reacção e adaptação a estimulações

permanentes e estáveis.

b) - Actividade postural direccional, modo de reacção e adaptação a estimulações

variáveis.

A Actividade Postural Antigravitária manifesta-se por quatro tipos de reacções

com origens distintas:

1º) Reacções de Endireitamento:

Podem ter origem labiríntica, proprioceptiva, visual ou táctil e permitem a colocação

do corpo e dos seus segmentos móveis na posição ortostática.

O posicionamento da cabeça tem aqui um papel fundamental, uma vez que

determina a orientação dos órgãos sensoriais e o posicionamento mais eficiente do corpo

e seus segmentos.

2º) Reacções de Sustentação:

Essencialmente, têm origem exteroceptiva (nível plantar) e proprioceptiva (resultado

da acção conjunta dos músculos extensores e flexores) e permitem a manutenção da posição

adoptada pela fixação dos segmentos móveis do corpo (membros e cinturas).

Segundo Paillard (1976) sempre que se verifica uma modificação da posição fun-

Page 57: Comportamento postural dinâmico

29

Revisão da Literatura

damental ocorrem reacções de compensação que, consoante a intensidade da perturbação,

se traduzem quer por um simples reajustamento tónico (reacção de adaptação estática)

quer por movimentos de correcção, (reacção de equilibração).

3º) Reacções de Adaptação Estática:

Na posição ortostática o corpo oscila continuamente em torno da sua posição de

equilíbrio segundo ritmos particulares e complexos.

Qualquer factor tende a modificar o equilíbrio corporal e a desencadear uma

resistência compensatória de adaptação à nova situação, pela regulação, quer da actividade

tónica dos vários grupos musculares, quer da amplitude do movimento das diversas

articulações.

4º) Reacções de Equilibração:

Funcionam como um dispositivo de segurança que entra em acção quando as

reacções de adaptação estática se tornam insuficientes para manter a projecção do centro

de gravidade no interior do polígono de sustentação.

Estas reacções têm origem muscular ou labiríntica. As reacções musculares intervêm

logo que a adaptação estática é insuficiente e traduzem-se pelo deslocamento dos membros

ou do corpo na sua totalidade e pelo abaixamento do centro de gravidade. As reacções

labirínticas são desencadeadas quando o corpo é colocado em movimento angular ou

rectilíneo.

Para Rivenq e Terrisse, citados por Madeira (1986), o equilíbrio é a habilidade de

manter o corpo na posição bípede graças a movimentos compensatórios, quando o indivíduo

permanece no mesmo lugar (equilíbrio estático) ou quando se desloca (equilíbrio dinâmico.)

O equilíbrio é o processo pelo qual é assegurado o ortoestatismo e baseia-se na

integração de informações sensoriais (visuais, tácteis, articulares e labirínticas) e perceptivas

(percepção de verticalidade, profundidade e lateralização).

A Actividade Postural Direccional traduz o modo de reacção e adaptação às

solicitações alteráveis do envolvimento e baseia-se nas reacções antigravitárias.

As reacções de posicionamento direccional resultam do “despertar” da atenção

dum indivíduo para um estímulo significativo. São, em geral, acompanhadas da suspensão

da actividade em curso e seguidas da orientação da cabeça e do corpo de forma a favorecer

a reacção sensorial e motora adaptada ao objectivo seleccionado.

A primeira fase destas reacções, o despertar da atenção é da responsabilidade das

áreas de projecção sensorial correspondentes (olfactiva, auditiva, visual ou sensoriomotora)

sendo a orientação do corpo para as fontes de estimulação regulada pelos canais

Page 58: Comportamento postural dinâmico

30

Dolores Monteiro

semicirculares e pelos três pares de nervos cranianos (III, IV e VI).

Em termos filogenéticos, a aquisição da posição ortostática permitiu a evolução no

sentido da cerebralização pelo aumento da caixa craniana e consequente diminuição do

maciço facial.

Sendo a ontogénese uma recapitulação da filogénese pode afirmar-se que a aquisição

do ortoestatismo se faz progressivamente acompanhando a maturação do sistema nervoso.

A ontogénese decorre de um processo embrionário complexo, isto é, de um

desenvolvimento intra-uterino. Entretanto, é logo após o nascimento, que a reacção de

endireitamento do pescoço tendente a manter a cabeça no prolongamento do eixo corpo-

ral, evidencia a capacidade de reacção à gravidade por parte dos músculos extensores e

flexores.

A etapa seguinte é representada pelo reflexo labiríntico de endireitamento da cabeça

que surge aos 2 meses e se completa até aos 6 meses de idade traduzindo-se pela capacidade

de manutenção da cabeça na vertical qualquer que seja a posição do corpo.

Este reflexo labiríntico de postura da cabeça representa a interacção entre as

aferências visuais e vestibulares e permite a aquisição e manutenção da postura sentada.

No entanto, é a reacção de “pára-quedas” caracterizada pela extensão dos braços

quando o corpo sofre impulsos laterais ou antero-posteriores, que fornece as condições de

segurança básicas indispensáveis ao ortoestatismo e à marcha. Esta reacção será adquirida

aos 6-7 meses para impulsos anteriores, aos 8 meses para impulsos e aos 10-12 meses para

impulsos posteriores.

Dada a especificidade do estudo que realizámos, parece-nos importante referir que

é através da embriologia que podemos compreender o sentido biológico e dinâmico da

recapitulação da filogénese na ontogénese.

As origens do comportamento humano, e por conseguinte da ontogénese da

motricidade, encontra-se na embriologia e na neonatologia que suportam os estudos da

concepção, nidação e gestação do zigoto, onde o ser humano, único e determinado, começa

a vida.

O nascimento da vida humana dá-se a partir do momento em que duas células

sexuais incompletas – o óvulo da mãe e o espermatozóide do pai – se juntam numa célula,

denominada zigoto, contendo a informação genética que determinará o crescimento pré-

natal, bem como todo o crescimento morfológico que se prolongará preferencialmente até

por volta dos 15-16 anos de idade.

É óbvio que, se estas mudanças de forma continuassem na proporção do crescimento

pré-natal, o ser humano seria muito diferente.

A célula inicial (do tamanho da cabeça de um alfinete) mede cerca de dois décimos

de milímetro e pesa seis décimos de miligrama. Nove meses depois, o crescimento ponderal

Page 59: Comportamento postural dinâmico

31

Revisão da Literatura

aumentou quinhentos milhões por cento e o crescimento estatural duzentos e cinquenta

mil por cento. O recém-nascido tem em média cinquenta centímetros de estatura, e trinta

e cinco centímetros de perímetro cefálico que corresponde aproximadamente a trezentas

gramas de peso.

É esta ontogénese da forma que a embriologia pretende esclarecer, permitindo o

estudo sistemático e minucioso dos estados ontogénicos do crescimento. Crescimento que,

por definição, deve ser entendido como irregular, assincrónico, diferenciado e hierarquizado.

Neste sentido, Gessel e Col (1929,1950) centraram os seus estudos em cinco factores

fundamentais: maturação, diferenciação individual, leis do desenvolvimento, ritmo de

desenvolvimento e sectorização de comportamentos. Concretamente, sendo o autor um

“coleccionador” hiper rigoroso dos comportamentos da criança deixou-nos a sua escala de

desenvolvimento que compreende o comportamento adaptativo (ajustamentos sensório-

motores, e percepção das relações), comportamento motor global (postura e marcha),

comportamento motor fino (preensão e dextralidade), linguístico (comunicação verbal e

não verbal) e comportamento pessoal-social (reacções pessoais à cultura social).

Os aspectos comportamentais, anteriormente explicitados, desenvolvem-se

interdependentemente de acordo com os processos normais de maturação. Trata-se de

uma embriologia neurobiológica e psicomotora que origina novas formas de

comportamento, cada vez mais diferenciadas, ilustrando níveis de maturidade e de

integridade do sistema nervoso. O comportamento transforma-se em estrutura e em função.

O corpo cresce e o comportamento também, pensamento e movimento não se opõem, a

diferenciação neurológica produz a sua maturação evolutiva.

A ontogénese da criança compreende um aspecto biológico e um aspecto social.

No primeiro, depara-se-nos a maturação dos sistemas nervoso e endócrino, e no segundo,

observamos a integração social. O biológico e o social coexistem em termos de ontogénese

da motricidade.

Para Wallon (1968), “ o desenvolvimento da criança é um misto de inovação e de

renovação. A causa modifica-se a si mesma. A motricidade e o psíquico, embora sendo

duas realidades diferentes, são igualmente duas realidades solidárias”.

A inteligência é o corolário da acção. O pensamento resulta da ontogénese da motricidade,

que subentende um organismo total que evoluiu através dos tempos em termos de interacção

com o potencial genético. O organismo humano, como totalidade, é resultante de “contrários

dialécticos” que se harmonizam: anatómico-funcional; motor-psíquico; biológico-social;

fenótipo-genótipo.

O crescimento, como aumento quantitativo (estrutura), e o desenvolvimento, como

aumento qualitativo (complexidade), são as manifestações do mesmo fenómeno. Fenómeno

antagónico, alternado e harmonioso, onde surgem períodos de aceleração e desaceleração

Page 60: Comportamento postural dinâmico

32

Dolores Monteiro

que postulam uma relação dialéctica entre factores endógenos e exógenos, que retratam a

passagem de uma vida vegetativa (intra-uterina) a uma vida (extra-uterina).

A ontogénese da motricidade é o espelho da filogénese humana. Por aqui se

demonstra que os músculos (como órgãos efectores por excelência) são os instrumentos

privilegiados pelos quais os seres humanos comunicam e materializam os seus pensamentos

e sentimentos. O movimento voluntário e o ajustamento postural, tema fulcral do nosso

trabalho, são as chaves da inteligência e da comunicação humanas. O pensamento é o

corolário da acção; os dois são as duas facetas sublimes da actividade psíquica superior.

Foi assim que a consciência humana evoluiu historicamente (aspecto filogenético) e é

assim que se opera a formação da inteligência da criança (aspecto ontogénico).

As possibilidades motoras da criança têm sido amplamente debatidas no plano

evolutivo, e nem sempre são pacíficas algumas conclusões, por se situarem em modelos

anatómicos, fisiológicos e comportamentais. Por exemplo, no modelo inatista substitui-

se progressivamente a interacção entre variáveis genéticas e o envolvimento que determina

o comportamento, confirmando a experiência activa na aprendizagem Gessell e Col (1950).

A nível do seu desenvolvimento, todo o ser vivo tem necessidade de realizar uma

multiplicidade de objectivos que se estruturam a diferentes níveis, constituindo, em

conjunto, uma hierarquia. Ao nível mais elevado, constituem-se as finalidades biológicas

(defesa, alimentação e reprodução…) a um nível mais baixo, os comportamentos (que

permitem actualizar-se no tempo e no espaço) a que chamamos acções, e que estão

constituídos por movimentos e posturas.

Na realidade é no plano postural que se verifica mais facilmente o progresso no

desenvolvimento da criança, a partir do nascimento. O recém-nascido não suporta a cabeça

e a criança aos dois anos marcha perfeitamente. Já com Coghill (1929), em estudos feitos

com a salamandra, mostrou que os movimentos aparecem primeiro na região da cabeça e

depois progressivamente em direcção à cauda. O crescimento avança em ondas sucessivas.

Relativamente à criança, também o desenvolvimento atrás citado se processa do

mesmo modo, isto é, o controlo cortical sobre a actividade neuromuscular evolui segundo

a direcção crâneo-caudal, ou melhor, inicia-se pelo segmento cefálico e progride até aos

membros inferiores.

Este desenvolvimento está de acordo com o sistema motor arcaico, com as suas

origens na filogénese da motricidade. Neste sentido, de acordo com estudos já realizados

por Gessell e Col (1950), sobre o aparecimento dos músculos no feto, considerou-se o

seguinte ordenamento sequencial: músculos da cabeça, músculos do tronco, músculos

dos braços, músculos dos pés, músculos dos dedos, músculos dos tornozelos.

Já Mac-Graw in Fonseca (1988) demonstrou que os movimentos estão em primeiro

lugar submetidos ao controlo subcortical e só posteriormente ao controlo voluntário. O

Page 61: Comportamento postural dinâmico

33

Revisão da Literatura

declínio progressivo dos movimentos subcorticais produz-se no intervalo que medeia o

segundo e o quarto mês A influência inibidora do córtex manifesta-se no sentido que vai

da cabeça até à região da bacia.

Para Rigal, R., (1987) a actividade motora, coordenação de movimentos simples,

tem por base um reportório inato de modelos de acção (reflexos) e exige uma redução

progressiva dos graus de liberdade articular adaptada às estruturas espaço-temporal no

contexto da acção. Este conhecimento remete-nos para o estudo dos principais fundamentos

da natureza do início do desenvolvimento e o seu percurso hierárquico.

Independentemente das teorias explicativas que cada autor tenha abordado sobre o

desenvolvimento ontogénico, na maioria dos casos estamos de acordo que o referido

desenvolvimento se produz mercê da interacção entre a herança e o envolvimento que a

rodeia.

Na actualidade, quando se fala em desenvolvimento da criança, em termos

biológicos, é usualmente abordada a eterna questão do quando do seu início, isto é, se o

desenvolvimento começa a partir do momento da fecundação, ou momento em que se

constitui o ovo, ou se o desenvolvimento antecede a ovulação e a penetração do

espermatozóide.

Segundo Sacarrão, G. F. (1989), a biologia não pode marcar um começo em termos

absolutos, porque as influências sobre o desenvolvimento do futuro organismo já se exercem

antes da fecundação, uma vez que as determinantes do desenvolvimento e o dinamismo

organizador do germe se estabelecem no decurso da importante fase denominada por

ovulogénese. Isto significa, que as potencialidades da vida de cada indivíduo, que irão

orientar o seu destino, residem, não só, no ovo ainda não fecundado, como nos elementos

seus precursores.

Bateson, P. (1989) afirma, que a grande maioria dos biólogos concorda que a

evolução da vida envolveu, dum modo geral, alterações na composição genética dos

organismos em evolução. Outro ponto de acordo refere-se ao facto de que, se a mudança

no tempo deu lugar a uma adaptação ao meio ambiente, e o processo postulado da selecção

Darwiniana funcionou totalmente, então, os genes devem influenciar as características do

organismo. Só que neste aspecto, como nos refere este autor, começam a surgir

discordâncias, quando se particularizam as formas pelas quais os genes afectam o resultado

do desenvolvimento individual.

Esta influência genética levou vários autores, de entre os quais Wilson, E. (1975),

a admitir que o desenvolvimento do indivíduo é um processo complexo, através do qual

os genes são descodificados, podendo até ser, neste sentido, identificada uma

correspondência directa entre os genes e o comportamento.

Em termos do comportamento e, sobretudo, no que respeita à coordenação motora

Page 62: Comportamento postural dinâmico

34

Dolores Monteiro

e actividade postural, a haver uma correspondência genético-comportamental, significaria

que esta se encontrava previamente determinada.

Dawkins, R. (1981) coloca a questão nos seguintes termos - o código genético não

é como um texto impresso que serve para se montar o corpo a partir duma série de unidades

de informação, mas é mais como uma receita, que o permite formar a partir duma série de

ingredientes.

Partridge, L. (1983) afirmou ser infeliz a ideia de que “as instruções para formar os

organismos podem ser encontradas nos genes”. Neste sentido, Bateson, P. (1989) afirma

que - “os genes raramente, talvez mesmo nunca, codificam as características do organismo

no seu todo”.

Na verdade, os genes podem regular alguns comportamentos, mas o Homem no

seu percurso vai adquirindo capacidades para reagir a uma multiplicidade de estímulos

provenientes do mundo exterior, uma vez que o desenvolvimento do ser humano é fruto

duma interacção permanente de múltiplas influências biológicas e ambientais.

O que é adquirido na espécie humana, no que respeita a comportamentos, é, na

opinião de Sacarrão, G. F. (1989), muito mais amplo do que nos outros animais, não

devendo, por isso, interpretar-se o comportamento humano, simplesmente, pela transposição

para o Homem do que se passa nos animais.

Segundo a expressão de Soulairac, A. (1977), os indivíduos vão adquirindo

progressivamente, através da aprendizagem, movimentos ou formulações cinéticas, cada

vez mais complexos, assim como as técnicas operacionais de utilização.

Os seres vivos que, como o Homem, sofrem diversos processos de desenvolvimento

e, simultaneamente, são dotados da capacidade de se poderem deslocar, devem ser

considerados como constituídos por múltiplos e complexos sistemas que são, ao mesmo

tempo, cooperativos, isto é, constituídos por distintas partes anatómicas e diferenciados

níveis de integração, nos quais actuam variados processos fisiológicos que, aquando da

realização de qualquer acto, têm de agir em colaboração.

Thelen, E. & col. (1990) afirmam que estes sistemas se encontram auto-organizados,

o que significa que estes sistemas podem formar, espontaneamente, padrões de resposta,

provenientes unicamente da interacção das diferentes partes que os constituem, sem qualquer

instrução ou codificação prévia.

Reed, E. S. (1982), baseado nos textos de Gibson, J. (1966) e de Bernestein, N.

(1967), defende que, em vez de se perspectivar o controlo neuromuscular dum modo

estritamente hierarquizado, o mesmo deve ser visto como um complexo de sistemas e

subsistemas flexíveis, partilhando o processo de controlo.

Para Marsden, C. & col. (1983), é bastante claro o facto do movimento não ficar

confinado ao sector muscular e respectivos motoneurónios com ele relacionados, uma vez

Page 63: Comportamento postural dinâmico

35

Revisão da Literatura

que todas as partes do organismo devem participar numa forma de cooperação, de modo a

poderem assegurar uma resposta funcional adequada.

Em síntese, pode dizer-se que, qualquer indivíduo se apresenta à nascença com

potencialidades comportamentais, ainda não definidas ou vazias no seu conteúdo e

significado, as quais irão sendo preenchidas com o decorrer do tempo e em contacto com

os mais variados factores.

Estas formulações cinéticas, quer sejam elas automáticas quer voluntárias,

representam o resultado duma sucessão de actividades tónicas posturais que se encontram

na sua infrajacência.

A maior parte dos estudos realizados sobre o indivíduo têm sido tendencialmente

de natureza normativa-descritiva proporcionando uma diversidade de informação sobre

as características do desenvolvimento motor sendo, quanto a nós, de destacar a descrição

dos diferentes estádios ou fases que o ser humano atravessa ao longo da sua ontogénese.

Para Hurlock, (1978) o desenvolvimento motor de uma criança traduz-se pelo

desenvolvimento e controlo de todos os seus movimentos através da actividade coordenada

dos centros nervosos, nervos e músculos.

O período que vai desde a concepção até ao nascimento é denominado por período

pré-natal, estando este, por seu lado, dividido em: zigótico, embrionário e fetal.

Ao longo deste período, o ser humano passa por várias fases: fase aneural de

desenvolvimento motor, fase de transição neuromuscular, fase espino-bulbar do

desenvolvimento fetal, fase vestibular-bulbo-espinal-tegumentar e fase pálido-rubro-

cerebelo-bulbo-espinal-tegumentar.

Ajuriaguerra (1987) considera que o desenvolvimento motor pré-natal possui três

características:

- passa-se de movimentos lentos de pequena amplitude a movimentos bruscos,

rápidos e de maior coordenação;

- a reactividade fetal apresenta inicialmente efeitos de massa e pouca diferenciação,

tornando-se progressivamente mais localizada e diferenciada;

- as reacções contralaterais antecipam-se às homolaterais e os movimentos de

repulsão adiantam-se aos de aproximação.

A partir da vida intra-uterina, o indivíduo inicia um processo natural de

desenvolvimento sequencial.

Após o nascimento, a criança começa a manifestar-se frente ao mundo que

desconhece, reflectindo a influência que o meio lhe proporcionou durante os períodos de

vida intra-uterina. Para além das características genéticas, a família e o meio são as bases

Page 64: Comportamento postural dinâmico

36

Dolores Monteiro

que a influenciam desde o princípio da vida.

Para Hurlock, (1978), o desenvolvimento motor desenrola-se segundo um processo

sequencial que se inicia com reflexos muito simples e movimentos grosseiros (actividades

em massa) e termina com skills motores coordenados mais complexos (actividades

específicas). O desenvolvimento motor depende da maturação muscular e neural, sendo

desta forma o desenvolvimento das diferentes formas de actividade motora, paralelo ao

desenvolvimento das diversas áreas do sistema nervoso

Hurlock, (1978); Zaichkowsky, Martinek, (1980); Fein, (1978), citados por

Monteiro, (1993) referem que os centros nervosos mais baixos, localizados na espinal

medula, estão mais desenvolvidos à nascença do que os centros mais latos, fazendo isto

com que o comportamento motor evolua de movimentos reflexos para a aprendizagem de

movimentos posturais, locomotores ou de transporte e finalmente para movimentos

manipulativos. Deste modo, à medida que o mecanismo neuromuscular da criança se torna

maduro e o desenvolvimento motor ocorre nas direcções céfalo-caudal, próximo-distal e

do geral para o específico, a criança adquire um maior e melhor movimento controlado do

tronco e, mais tarde, das pernas, assim como evolui da utilização dos ombros e cotovelos

para a utilização posterior dos pulsos e dedos

De movimentos reflexos, desde o nascimento e até cerca dos 4 meses de idade,

seguir-se-á uma fase de movimentos rudimentares (até aproximadamente os 2 anos),

passando depois para os movimentos fundamentais (dos 2 aos 7 anos). A partir dos 12

anos, evolui para os movimentos que são determinados culturalmente.

Os comportamentos rudimentares referidos incluem o sentar, o gatinhar, a postura

de pé e o andar. São eles que constituem a base de desenvolvimento de outros

comportamentos fundamentais.

Para Hurlock, (1978); Espenchade, (1980), citados por Pinto (1997), o

desenvolvimento motor ocorre, segundo certos padrões normais de aquisição de controlo

muscular, tanto de diferentes partes do corpo como em actividades específicas. Este facto

é evidente pela mudança de actividades em massa para actividades específicas e pelo facto

de que a idade em que os bebés começam a andar ser compatível com o seu desenvolvimento

total. Damos como exemplo, o facto de uma criança que se senta cedo, andar também mais

cedo do que uma outra que se senta mais tarde.

Devido a esta compatibilidade na razão do desenvolvimento, é possível prever

com um certo grau de exactidão, quando uma criança começará a andar, com base na

razão do seu desenvolvimento em certas actividades motoras.

De acordo com este padrão previsível do desenvolvimento, podemos estabelecer

normas baseadas na média de idades para diferentes formas de actividades motoras; no

entanto, cada criança possui uma velocidade própria de desenvolvimento motor. Estas

Page 65: Comportamento postural dinâmico

37

Revisão da Literatura

normas podem ser utilizadas como linhas de orientação, habilitando os pais e as pessoas

que lidam directamente com a criança para quando esperar determinada actividade das

suas crianças.

Se uma criança, durante os primeiros meses de formação, tem dificuldades na

coordenação óculo-manual, estas podem enfraquecer a sua capacidade para organizar os

comportamentos do seu mundo espaço-visual.

Para Espenchade (1980), citado por Monteiro M. (1993), o recém-nascido com as

suas respostas e reflexos neo-natais, com os seus processos sensoriais externos e internos,

todos em conjunto, tende a responder ao envolvimento de uma forma específica.

O recém-nascido começa por utilizar as sensações, processo mais ou menos simples

e pouco centrado, isto enquanto o mundo exterior é sentido através de sensações; estas são

modificadas com as mudanças de estádios e com as condições corporais, Frank, (1966)

citado por Monteiro M.(1993). Deste modo, à medida que as condições internas e as

sensações se estabilizam de um modo crescente, a criança passa a ter a possibilidade de

centrar no agrupamento e nas configurações de conjunto ou nos inputs sensoriais

concomitantes, que podem ser organizados numa percepção.

É importante referir que Frank (1966), citado por Monteiro M.(1993), considera a

percepção humana uma imposição de forma padrão e com um sentido dos acontecimentos

exteriores.

Durante os dois primeiros anos de vida da criança, existe uma grande inter-relação

entre a dimensão motora e o desenvolvimento perceptual.

O ser humano pode receber estímulos de objectos distantes através dos órgãos dos

sentidos: visual, auditivo e olfactivo. O tipo e quantidade de estímulos sofre um grande

aumento quando o objectivo é posto em contacto com mais do que um processo sensório

corporal.

O maior processo sensorial externo está concentrado no ser humano na região da

cabeça, esta aloja também o mecanismo neural que permite a sua interpretação, daí ser

ideal a deslocação de objectos para esta zona. No entanto, o recém-nascido, apenas com os

seus reflexos de sucção e de agarrar, tem ainda uma capacidade limitada para levar o

envolvimento até à área facial. (Espenchade, 1980).

Ainda de acordo com Frank (1966), citado por Monteiro M.(1993), as condições

internas e as sensações da criança começam a estabilizar-se por volta do primeiro mês, do

período sensório motor de Piaget, podendo a criança, a partir daqui, começar a centrar a

sua atenção nos estímulos exteriores. Durante os três meses seguintes, a criança começa a

coordenar os movimentos do braço e da boca e passa a dar maior atenção aos objectos

familiares do que a objectos novos, estádio dos hábitos simples. Piaget (1962).

A criança, no período compreendido entre os quatro e os oito meses, já adquiriu o

Page 66: Comportamento postural dinâmico

38

Dolores Monteiro

desenvolvimento neurológico necessário para os esforços precoces de coordenação visuo-

manual, estando apta para apanhar e levar objectos para junto de si. Com esta acção, a

criança está a formar associações, iniciando uma percepção do espaço. Além disso, o facto

de começar a agarrar objectos sozinha, dá-lhe a oportunidade de uma maior exploração

dos mesmos em termos de forma, tamanho, peso e textura.

Esta manipulação dos objectos permite-lhe ainda a aquisição do conceito de

permanência do objecto e início de uma percepção de causalidade.

No período dos oito e os doze meses, o comportamento de exploração da criança

expande-se grandemente. Durante o jogo manipulativo, a criança recorda uma sequência

ordenada de acontecimentos, repetindo acções numa sequência temporal, o que indica um

aumento da percepção do objecto, das relações espaciais e temporais e causalidade física.

A criança tenta resolver novos problemas por tentativa e erro, entre os doze e os

dezoito meses. Piaget (1975).

Segue-se um período de desenvolvimento caracterizado pela preparação e

organização das operações concretas, correspondente ao período da infância, que é

caracterizado como um período de desenvolvimento rápido da integração mental,

coordenação motora, fala e controlo dos skills motores básicos.

A aquisição dos primeiros movimentos coordenados relaciona-se com a percepção

numa expressão rústica de resposta motora e é perceptível no primeiro ano de vida, com os

movimentos ordenados que partem da cabeça em direcção aos pés - desenvolvimento

céfalo-caudal. (Meinel, K.,1976)

Segundo este autor, a criança apresenta, a partir de então, movimentos contralaterais

conjuntos e um alto tónus muscular, esclarecedor da tentativa em controlar as próprias

atitudes motoras e organizá-las lentamente.

A evolução preceptiva e a sua influência expressa um estado de coordenação cor-

poral que permitirá, pouco a pouco, a aquisição de padrões mais consistentes.

Com a marcha, o início da fase dos movimentos fundamentais, verifica-se uma

rápida evolução acompanhada da diminuição dos excessos cinéticos; a adaptação resulta

das oportunidades, dos estímulos e das influências do meio que propiciam a aprendizagem.

A diminuição dos excessos cinéticos, provocada pelo aumento da capacidade de

coordenação segmentar e por factores de maturação, leva a uma redução da energia utilizada

e a uma menor utilização das sinergias musculares, que actuarão como verdadeira balança,

qualitativa e quantitativa.

Durante o período da infância, as crianças desenvolvem, entre outras, as capacidades

de correr, saltar, equilibrar-se, lançar e agarrar. (Hurlock, 1978; Zaichkowsky & Martinek

1980) in Monteiro (1993).

Estes skills são normalmente referidos como skills fundamentais gerais, uma vez

Page 67: Comportamento postural dinâmico

39

Revisão da Literatura

que são característicos em todas as crianças e necessários para a sobrevivência normal.

Há, no entanto, grandes diferenças individuais na capacidade de desempenho destes skills

fundamentais, mantendo-se a ordem de desenvolvimento igual para todas as crianças, mas

com uma variação de velocidade do mesmo.

Durante o fim da infância, surgem os movimentos mais específicos no repertório

das capacidades da criança. Os skills fundamentais gerais mais precisos, tornam-se mais

refinados e, consequentemente, mais fluidos e automáticos. A criança passa a dar mais

atenção à forma, precisão e adaptação dos skills podendo daqui utilizá-los na performance

desportiva.

Esta sequência natural sofrerá a influência do meio e particularmente da escola, a

qual, a partir da oferta de actividades motoras, proporcionará uma execução coordenada

dos movimentos do ser humano que possibilitará a sua execução com economia e

harmonização.

Na adolescência, as capacidades desenvolvem-se o suficiente para serem chamadas

especializadas. É claro que este processo evolui lentamente, desde o início da infância até

ao fim da adolescência e depende de uma série de factores, sendo para nós um dos mais

importantes, o nível de prática que o indivíduo tem na fase dos skills específicos. (Hurlock,

1978; Zaichkowsky & Martinek 1980) in Monteiro (1993).

Todos este skills requerem um maior ou menor grau de capacidades, tais como:

força, agilidade, flexibilidade, coordenação (Fein, 1978; Zaichkowsky & Martinek 1980).

Em adição ao aumento da coordenação e precisão do movimento que reflectem

melhorias no funcionamento neuromuscular, é importante referir também o aumento do

número de objectos manipulados pela criança que, consequentemente, vai aumentar a

complexidade das destrezas manuais, desempenhando, deste modo, um indicador evidente

da maturação e funcionamento neuromuscular. (Espenchade, 1980) in Monteiro M. (1993).

Quanto menor for a interferência de obstáculos do envolvimento, de handicaps

físicos ou mentais no desenvolvimento motor de uma criança, mais rápida e facilmente ela

se adaptará primeiro às exigências da escola, participando em todas as actividades dos

seus iguais e, mais tarde, numa boa integração e participação na sociedade. (Hurlok, 1978)

Podemos dizer que desde que o organismo sobreviva, há um feedback que permite

a continuação da abstracção da acção.

O mesmo autor considera que o desenvolvimento sensorial da criança é governado

pelo tipo de frequência de experiências a que ela é exposta e estas permitem-lhe desenvolver

e aumentar a capacidade de atenção selectiva e a percepção ordenada. No entanto, se a

criança for sujeita a grandes níveis de privação, terá mais dificuldade e um menor progresso

através dos vários estádios de desenvolvimento.

Quanto mais complexo for o acto motor, maior é o número de partes do organismo

Page 68: Comportamento postural dinâmico

40

Dolores Monteiro

a serem envolvidas pela actividade postural, encontrando-se esta, por sua vez, sujeita a um

processo de aprendizagem.

Segundo Thelen, E & col. (1990) no processo ontogénico de aquisição duma

determinada capacidade, as estruturas componenciais desenvolvem-se duma forma

assíncrona. No entanto, como todas são necessárias para a execução duma determinada

tarefa, as que se desenvolveram mais rapidamente terão de esperar pelas mais lentas.

Mcgraw, M. (1932) descreve o desenvolvimento postural “as acquiring the neces-

sary strength to support an increasing number of body segments against gravity”. Contudo,

só esta força não é suficiente porquanto existe a necessidade dum mecanismo de equilíbrio

complementar, susceptível de adaptar a postura às exigências contextuais. Para o mesmo

autor, “as crianças começam por desenvolver as aptidões anti-gravitárias sem a preocupação

de fazerem a integração dos movimentos dos segmentos corporais. Mas, com o sentar e,

sobretudo, na posição de pé, já existe a necessidade duma integração do controlo motor

dos vários segmentos corporais, uma vez que a base de sustentação do corpo diminui e o

valor da massa, que o centro de gravidade representa, aumenta.

Enquanto que o sentar e a posição de pé, que contribuem para uma situação de

redução da estabilidade, requerem o equilíbrio estático, o que significa - a manutenção do

centro de pressão dentro do polígono de sustentação - o andar, requer um equilíbrio

dinâmico, o que Raibert, M. & Sutherland, I. (1983) definem por - “maintaining the erect

posture over a constantly changing base of support”.

É do conhecimento geral, que o recém-nascido humano está mal adaptado às

solicitações ambientais extra-uterinas, verificando-se que tem pouca força muscular, do

mesmo modo que o controlo postural da cabeça e tronco são praticamente inexistentes.

Para Prechtl, H. (1986), estas manifestações de imaturidade neuromuscular perduram até

ao segundo mês de idade, altura em que se dão grandes transformações na capacidade

sensorial e motora da criança.

Taillard, W. & Blanc, Y. (1988) chamam a atenção para o facto dos recém-nascidos

não controlarem nenhum dos seus segmentos corporais, atingindo o controlo pleno do

eixo do seu corpo e a orientação da sua marcha entre os 18 e os 24 meses. Esta evolução,

que é efectuada por estádios e segundo um tipo de progressão que é comum a todos os

vertebrados, obedece, segundo estes autores, à lei céfalo-caudal de Coghill.

Illinworth, R. (1970), e Koupernick, C. & Dally, R. (1972) in Pinto (1997) definiram

esses estádios, que se podem resumir da seguinte forma:

- Aos 2 meses, a criança acaba por perder o reflexo do endireitamento, sendo

incapaz de suster o peso do seu corpo até aos 5 - 6 meses.

Page 69: Comportamento postural dinâmico

41

Revisão da Literatura

- Aos 3 meses, a criança é capaz de controlar a cabeça em posição vertical,

aparecendo a lordose cervical.

- Entre os 5 e os 6 meses, a criança começa por poder levantar a cabeça do plano

do leito e posteriormente a sentar-se, ou seja, a endireitar-se apoiando-se nas

pernas.

- Aos 8 meses, a criança apresenta o tronco direito, sem lordose lombar, e consegue

controlar perfeitamente a posição sentada. A partir desta fase, começa a pôr-se

em pé, com as nádegas ainda “dirigidas” para trás.

- Por volta dos 10 - 12 meses, com o aparecimento da lordose lombar a criança

consegue manter-se direita com o mínimo de apoio e levantar-se, servindo-se de

qualquer objecto em que se possa apoiar. Se lhe pegarmos pelas mãos, começa

por dobrar os membros inferiores e só depois é que vai endireitando os diferentes

segmentos, utilizando duma maneira harmoniosa os músculos sinérgicos e os

antagonistas.

- No que se refere à aquisição da marcha, verifica-se que esta se vai desenvolvendo

paralelamente em relação à actividade postural de endireitamento, começando

pelos movimentos de reptação a que se segue o “gatinhar”, até que, ao conseguir

pôr-se em pé e equilibrar-se, vai dispensando pouco a pouco os apoios e adquirindo

a sua independência, desenvolvendo progressivamente o faseado normal do passo

do adulto.

A posição de endireitamento é, sem duvida, um marco importante da ontogénese

humana. É a partir dela que o homem atinge o poder de potenciar as suas mais variadas

capacidades, até mesmo, o de pensar o que se discorre sobre elas. Isto seria impossível se

o seu horizonte se mantivesse delimitado e se não tivesse podido libertar as mãos aquando

da marcha.

Woollacott, M& col (1987) afirmam que só por volta dos 7 a 10 anos de idade é

que a criança manifesta respostas posturais idênticas às verificadas nos adultos. Contudo,

se colocarmos a criança em cima duma plataforma, à qual são aplicadas movimentações

rápidas, observam-se períodos de latência superiores aos verificados nos adultos nas mesmas

circunstâncias.

Hayes, K. & Riach, C. (1990) perguntam se esta modificação do sistema nervoso,

com repercussões no comportamento motor, será consequência da alteração dimensional

e das propriedades de inércia do tronco e dos membros, ou se resulta de alterações da

condução nervosa, como Miller, R. & Kuntz, N. L. (1986) defendem, ou ainda, se é

consequente da alteração dos reflexos proprioceptivos (Vecchierini-Blineau M. &

Guiheneuc, P. 1982; e Myklebust, B. M. & col. 1986) que se encontram associados ao

Page 70: Comportamento postural dinâmico

42

Dolores Monteiro

desenvolvimento, mas duma maneira diferente da maturação dos processos de equilibração.

O significado desta evolução, para posturas mais elaboradas, reside na emanescência da

necessidade duma actividade que, ao procurar avaliar os diferentes componentes corporais,

configure uma situação de equilíbrio entre os mesmos - como é o caso do equilíbrio

ortostático - o qual, por definição, corresponde à condição em que o centro de gravidade

do corpo se projecta dentro da sua base ou polígono de sustentação.

Segundo Thelen, E. & col (1990), o homem quando se desloca necessita igualmente

duma actividade de equilibração, que é fornecida através do reconhecimento que faz do

meio que o envolve e, igualmente, da própria progressão nesse meio. É por intermédio da

integração da informação, fornecida pelos sistemas somato-sensorial, vestibular e visual,

que o homem faz esse reconhecimento, não esquecendo, contudo, o suporte vegetativo,

materializado nas mais variadas funções como a respiratória, cardíaca, gastrointestinal,

renal, hormonal...

Nas fases de transição do desenvolvimento postural e da locomoção, as informações

visuais aparecem como dominantes no controlo da actividade postural (Woolacott, M &

col. 1990). No entanto, para estes autores, durante o espaço de tempo que medeia entre os

18 meses e os 3 anos e no qual a criança adquire a capacidade da marcha, a informação

visual, apesar de ter importância, não é a mais importante, como anteriormente se defendia.

Posteriormente, no período entre os 4 e os 6 anos, regista-se uma aparente regressão na

organização postural, face à integração conjunta das aferências visuais, vestibulares e

somato-sensoriais, para a manutenção do equilíbrio. A fina regulação do controlo postural,

que advém desta integração, apresenta-se como sendo um importante estádio no

desenvolvimento, conducente ao tipo de actividade verificada na idade adulta, na qual as

respostas são curtas, quer no tempo de latência, quer no de adaptação às modificações das

condicionantes onde decorrem as novas acções.

A importância do sector sensorial da visão para o equilíbrio da criança, quer na

pré-marcha como na marcha, encontra-se bem demonstrada através dos trabalhos de Lee,

D. & Lishman, J. (1975), e Butterworth, G. & Hicks, L. (1977). A situação da privação

visual, que aumenta a amplitude do balancear, quer na criança, quer no adulto, levanta

algumas questões, segundo Odenrick, P. & Sandsted P. (1984), de como a criança utiliza

normalmente a visão, apesar de se reconhecer que a visão é uma potente fonte de informação,

concorrendo para o seu equilíbrio.

Numa situação de privação temporária da visão, ou de conflito vestibulo-visual,

verifica-se mais a maneira de como a criança consegue atribuir maior ou menor peso

informativo a outras aferências sensoriais, ou seja, a maneira de como ela soluciona o

inesperado conflito, do que a forma em que os sistemas subjacentes são normalmente

utilizados, segundo nos referem Hayes, C. & Riach, C. (1990). Por outro lado, em crianças

Page 71: Comportamento postural dinâmico

43

Revisão da Literatura

privadas da visão, as aferências somato-vestibulares parecem ser suficientes para a

manutenção do equilíbrio.

Riach, C. & Starkes, J. (1987) verificaram que as crianças estão menos aptas do

que os adultos a utilizarem uma imagem fixa, no intuito de estabilizarem a sua postura,

face aos movimentos sacádicos que apresentam.

Woollacott, M & col. (1987), num trabalho efectuado com crianças, colocam

igualmente em questão que a visão seja sempre dominante, dado terem verificado que esta

não é solicitada, duma maneira geral, nos primeiros meses, como activadora de resposta

posturais e, nas crianças de idade inferior a 5 meses, de unicamente poder solicitar uma

organização, ainda que pouco segura, da resposta muscular, tal como fez o sector somato-

sensorial. Acrescem ainda, o facto de terem também constatado a existência dum curto

tempo de latência e um aumento da ocorrência de reflexos, em crianças de 2 e 3 anos de

idade, a quem lhes é retirada temporariamente a visão. Estas constatações levam a admitir

uma diminuição da importância da aferência visual, a favor do controlo exercido por outros

sistemas sensoriais.

Nesta sequência Woollacott,, M & col. (1990) chamaram a atenção para o facto de

que muitas constatações, que na realidade tendem a empolar o papel da visão em detrimento

das outras aferências, se baseiam em exemplos, nos quais só é dado observar as estimulações

dinâmico - visuais.

Bower, T. (1982) e Ornitz, E. (1983) afirmam que, como os três sistemas sensitivos

entram em funcionamento muito cedo após o nascimento, logo, o estudo da estruturação

dum só sistema, não deve ser usado para demonstrar a dominância do mesmo no controlo

postural.

Sheldon, J. (1963), nos estudos posturográficos efectuados em jovens, com idades

compreendidas entre os 6 e os 14 anos, nas situações de olhos abertos e fechados, verificou

que as suas prestações foram surpreendentemente más em ambas as circunstâncias,

melhorando rapidamente até à idade dos 16 anos e mantendo-se sem grandes alterações,

aproximadamente, até cerca dos 60 anos.

Com o passar dos anos, registam-se alterações no sistema neurológico que se

encontram subjacentes à actividade postural. Os estudos posturográficos são reveladores

do aumento de amplitude das oscilações nas provas de imobilidade ortostática, cujo efeito

é ampliado aquando da ausência das aferências visuais e em novos posicionamentos de

equilíbrio, quando se compara o adulto jovem com o idoso (Sheldon, J. 1963; Hasselkus,

B. & Shambes, G 1975).

Mais recentemente Maki, B & col. (1999) acerca de um trabalho realizado com

duas populações de adultos “normais” - jovens e idosos - verificaram diferenças

Page 72: Comportamento postural dinâmico

44

Dolores Monteiro

significativas entre estes dois grupos, indicando que os idosos são menos estáveis, quer

estejam com olhos abertos ou fechados.

Dadas as alterações fisiológicas ocorridas nestes últimos indivíduos, como sejam -

a diminuição de velocidade de condução nervosa, e a diminuição da força muscular,

paralelamente à determinação das funções visual, vestibular e somato-sensorial - é natural

esperarem-se alterações da estabilidade postural, relacionadas com a idade.

Woollacott, M(1990), através de estudos electromiográficos, demonstra-nos que

há um aumento de latência das respostas musculares posturais, no idoso, em relação ao

adulto jovem, quando se procura induzir uma situação de desequilíbrio e, sobretudo, quando

as aferências sensoriais estão reduzidas, o que por outro lado vem demonstrar a não

existência, nestas idades, de grande redundância, no que concerne às mesmas informações.

É necessário ser-se prudente na interpretação dos resultados referentes à

generalidade dos estudos posturológicos efectuados no idoso porque, para além de

demonstrarem uma grande variação, têm sido efectuados com populações pertencendo a

instituições de saúde, o que significa, na maior parte das vezes, que se tratam de indivíduos

com problemas patológicos.

Fernie, G. L. & col. (1982), num estudo em que correlacionaram a amplitude das

oscilações do centro de pressão com a frequência das quedas, entre populações de indivíduos

idosos pertencentes e não pertencentes a instituições de saúde, verificaram que as populações

pertencentes a instituições de saúde apresentavam uma maior amplitude nas oscilações do

centro de pressão do que as populações que não se encontravam em internamento.

Num outro estudo comparativo entre adultos jovens e idosos, efectuado por

Woollacott,, M & col. (1988), em que foram excluídos indivíduos que logo de início

apresentavam défices neurológicos, constataram que as diferenças entre os dois grupos

foram mais atenuadas no que respeita, quer ao número de quedas, quer aos tempos de

latência da resposta muscular.

Estas observações indiciam que, a verificar-se alguma alteração significativa, no

que respeita ao controlo postural, não será tanto a idade, a principal responsável por uma

maior amplitude de oscilações do corpo, levando consequentemente às quedas, mas sim, a

possível existência de quadros patológicos subjacentes, apesar de, por vezes, ser difícil a

sua detecção.

Gabell, A. & Nayak, U. (1984) num estudo efectuado em relação à marcha, em que

procederam criteriosamente à escolha da sua amostra, entre os mesmos tipos de população

(no adultos jovem e no idoso), verificaram uma pequena diferença de prestação entre os

dois grupos, e foram de opinião: “that any increase in gait variability with aging is not

normal, but is due to perhaps undetected pathology”.

Page 73: Comportamento postural dinâmico

45

Revisão da Literatura

Estas constatações vêm levantar o problema do conhecimento que se tem acerca

do fenómeno - envelhecimento.

Na perspectiva de Johnson, H. (1985), o envelhecimento resultaria da acumulação

de lesões não totalmente reparadas e provenientes das mais variadas origens, como das

radiações ionizantes, da acumulação de radicais livres, das toxinas, de agentes mutatórios,

de traumatismos vasculares e articulares...

Numa perspectiva focando mais o aspecto da relação entre a função cerebral e o

envelhecimento, Woollacott, M(1990), com base em vários estudos, conclui que o

envelhecimento corresponde:

- Ou a um declínio linear da função do sistema nervoso ao longo do tempo, com

vários sintomas de degenerescência, por diminuição do número de neurónios

numa área específica do cérebro, abaixo do nível para um funcionamento normal,

- Ou, pelo contrário, o sistema nervoso continua a manter um alto rendimento até

à morte, a não ser que haja “specific catastrophe or the individual contracts a

specific disease” que lhe origine um rápido declínio funcional numa área

específica do cérebro.

Hoje em dia discute-se, igualmente, o papel que a actividade física pode

desempenhar na melhoria das “performances” psicomotoras ao longo da vida. Embora

que não totalmente inequívocas, as conclusões demonstram o facto de que o exercício

pode vir a ajudar o envelhecimento desde que mantido ao longo de vários anos e efectuado

duma maneira regular (Baylor, A. 1990). Esta autora é também de opinião, que os diversos

programas de exercícios aeróbicos, para indivíduos idosos, têm êxito desde que

administrados por especialistas conhecedores das suas diferentes indicações e, versados,

simultaneamente, nos procedimentos de emergência que eventualmente possam vir a

ocorrer, provenientes da sua prática.

Podemos assim concluir que, dada a complexidade sensório-motora da actividade

postural, que procura assegurar a função da equilibração, como resultado dum dinâmico e

multi-vertente processo de desenvolvimento, o entendimento completo deste problema no

Homem é revelado pela importância da multidisciplinaridade das investigações realizadas.

Resumindo:

Toda a actividade cinética automática ou voluntária representa uma sucessão de

actividades Tónico-Posturais preparatórias de acção -ACTIVIDADE HOLOCINÉTICA -

e de actividade física envolvidas na realização da acção - ACTIVIDADE TELEOCINÉTICA

(Soulairac, 1977)

Page 74: Comportamento postural dinâmico

46

Dolores Monteiro

2. 2.1.3 – Movimento

A execução de um movimento, isto é, a alteração de um ângulo articular, necessita

da coordenação de várias contracções musculares a fim de que o movimento realizado

corresponda ao movimento desejado, que responda à necessidade ligada a uma situação

particular e se adapte ao envolvimento no qual se efectua. Para executar estes impulsos

nervosos, enviados pelas placas motoras, devem os músculos agonistas e os antagonistas

estar adequadamente distribuídos no tempo para que intervenham no momento apropriado.

Estes impulsos nervosos devem igualmente reger as informações específicas dos parâmetros

do movimento: amplitude, direcção, aceleração, força, velocidade, duração, assim como

os ajustes à posição final determinada a partir da posição inicial. De outra forma, a realização

de uma praxis implica que o sistema nervoso controle as características espaciais, temporais,

quantitativas, transformando uma intenção abstracta numa actividade muscular adaptada

à situação. É na união neuromuscular que esta transformação se opera.

O sistema nervoso deve assegurar a integração e o tratamento da informação

aferente, a selecção dos músculos que necessitam intervir, o controlo do desenvolvimento

do gesto, a coordenação das actividades musculares paralelas e aquelas que intervêm no

movimento principal, isto é, regulando as sinergias (conjunto de contracções musculares

coordenadas que produzem um gesto adaptado).

Reduzido à sua expressão mais simples, todo o movimento consiste numa série de

contracções musculares que permitem a um determinado número de pontos corporais

alcançar um lugar determinado no espaço: é o efeito motor. Por outro lado, as posturas

estão constituídas por contracções musculares que mantêm fixos outros pontos corporais

para permitir aos primeiros deslocar-se mantendo os mesmos pontos antes e depois do seu

deslocamento. Com este deslocamento encontramo-nos num processo dinâmico, isto é,

uma contracção muscular isotónica, com a postura trata-se de contracções musculares

isométricas.

A complexidade entre movimento e postura tem sido muito estudada. A ilustração

mais critica que se conhece é de Hess W.R. (1942), que considerou o aspecto dinâmico de

actividades “teleocinéticas” (portanto, essencialmente orientadas para um objectivo) e o

aspecto postural das actividades “ereismáticas” (são de suporte).

Durante longo tempo, teoricamente desde Descartes, na prática de Magendie, (1822)

in Monteiro M. (1993) que se diferenciaram os movimentos entre automáticos e voluntários.

Esta oposição foi atenuada consideravelmente por (Kandel e Schwartz, 1981): “a distinção

entre actos reflexos, instintivos e voluntários esfumou-se”. Longe de estar esclarecida,

esta concepção antiga e renovada conduziu os mesmos autores, à análise do reflexo “como

um modelo elementar de comportamento”.

Page 75: Comportamento postural dinâmico

47

Revisão da Literatura

A noção de movimento automático foi-se consolidando envolta da concepção

denominada de reflexo segmentar ou espinal (Marshall Hall, 1831), in Monteiro M. (1993).

Pretendia-se ao mesmo tempo, reconstruir a totalidade dos comportamentos a partir deste

modelo:-”o ponto de partida das nossas tentativas para encontrar o comportamento em

termos de processos neurológicos tem sido a localização cerebral das funções, e também a

teoria segundo a qual toda a integração nervosa está organizada sobre o método do reflexo

espinal” (Lashley, 1960).

O reflexo segmentar, dependendo da natureza determinada do circuito anatómico,

possui duas propriedades determinantes: é imperativo e está desprovido de toda a finalidade.

É imperativo, porque uma vez dado o mesmo impulso, segue-se sempre a mesma resposta,

“entre o estímulo e uma reacção determinada há um vínculo de causa e efeito” (Pavlov). A

ausência de finalidade, o reflexo de aimless, afirmado por Hall, resultava praticamente da

natureza premente do estímulo. É revelador que Pavlov(1916) tenha dada a finalidade a

um só tipo de reflexo (o reflexo de finalidade) que corresponde aquilo que nós chamamos

de “reflexo apetitivo” que consiste em situar o indivíduo junto de um estímulo desencadeado.

Toda a concepção, que formamos na actualidade da organização elementar do movimento,

remonta aos trabalhos de Sherrington.

De uma forma global, os movimentos são agrupados em caracteres gerais: - por

um lado partir de um carácter funcional é partir do movimento e não das organizações

anatómicas, por outro lado, o aspecto funcional põe em relevo a existência de um mecanismo

organizado para a execução do objectivo proposto. Na função integrativa (papel do contexto

presente) o movimento, incluindo o mais simples e elementar, resulta do tratamento de

diversas informações. Já Sherrington tinha demonstrado que a medula tinha uma estrutura

integrativa. “O teclado espinal… apresenta-se-nos como uma máquina sensível a

determinados tipos de influências através de determinado tipo de mensagens de origem

diversa, que directamente ou indirectamente, através dos sistemas interneurónios, converjem

sobre a dita espinal medula” (Paillard. 1960).

Esta função integrativa, portanto já realizada a nível medular, foi confirmada pelas

experiências posteriores de Fukson O.I. e Col. (1980). Demonstra que, na rã, as funções

da pata que executa o movimento de flexão, anterior ou posteriormente ao contacto cutâneo,

produzem-se em função da posição do estímulo sobre o espaço corporal (pata ou costas) e

com o espaço externo.

Estas duas características são suficientes para demonstrar que a especificidade dos

automatismos são uma falácia, e que não se altera de princípio quando se passa de um

nível do sistema nervoso a outro. De acordo com comentários de Canguilhem, relativos a

Sherrington: “As funções do encéfalo são uma extensão da função medular de integração

das partes de todo o organismo”.

Page 76: Comportamento postural dinâmico

48

Dolores Monteiro

Quanto mais subimos na hierarquia do sistema nervoso mais aumenta o número de

informações susceptíveis de serem integradas.

A plasticidade por aquisição (papel do contexto passado), neste item, a variabilidade

da resposta a um mesmo estímulo explica-se não somente pelo contexto dos acontecimentos

coexistentes mas igualmente pelos já produzidos e guardados na memória. Hoje sabemos

que a aquisição dos comportamentos é uma propriedade elementar do sistema nervoso.

Contrariamente ao que se poderia crer, posteriormente a Pavlov, o neocórtex não é

indispensável aos condicionamentos, e também, não só porque existem espécies que não o

têm, apesar disso, podem ser condicionadas, mas também porque em preparações limitadas

à medula são capazes de integrar condicionamentos do tipo pavloviano e instrumental.

A aquisição mais simples é sem dúvida a habituação pela qual a resposta a um

estímulo é inibida depois de ser repetida várias vezes. Este fenómeno “pode ser aplicado

ao comportamento de um animal intacto… ou a uma simples preparação celular, sendo

um fenómeno similar” (Horn e Hinde in Monteiro. M. 1993). Basta alterar ligeiramente as

características do estímulo, ou do contexto, para obter de novo a resposta (desabituação).

Podemos, assim, dizer que a plasticidade por aquisição é um atributo consubstancial da

organização neuronal.

Um outro item considerado como carácter geral do movimento é a dupla exigência

da velocidade e da precisão. Esta dupla exigência significa que um movimento tende a

produzir o máximo de efeitos no menor tempo possível. Uma vez que o movimento se faz

em presença de um contexto determinado, devem evitar-se modificações exteriores,

especialmente previsíveis quando se trate de outro animal (em investigações) podendo

exercer alterações. O tempo que medeia entre o aparecimento do estímulo e a resposta tem

que ser o mais breve possível. A unidade, neste campo, é o milésimo de segundo. A pressão

da evolução sobre este fenómeno tem sido imensa. Está claro que a velocidade não deve

afectar a precisão, daí um compromisso entre as duas variáveis.

Quando se trata de um movimento adquirido, constata-se que esta exigência implica

toda uma série de operações, de organizações hierárquicas. Por exemplo, organizações

musculares, anteriormente separadas, que agora funcionam conjuntamente (mecanismos

de pressão e sinergias), outros vão automatizar-se (constituindo subrotinas), processos de

antecipação que vão diminuir o tempo de resposta, etc.

Relativamente à temática em apreço julgamos estabelecer uma pequena abordagem

sobre a oposição entre movimento voluntário e automático. Os automatismos recuperados,

quando são originais, ou montados pelo sujeito e libertados do controlo da atenção, são

elementos constitutivos de um conjunto motor, mas, deixa de existir, se o critério essencial

é a presença ou a ausência de um objectivo a alcançar. Welford (1973) afirmava: “parece-

Page 77: Comportamento postural dinâmico

49

Revisão da Literatura

me que fazemos mal em falar de reflexos e de movimentos voluntários como de coisas

qualitativamente diferentes”.

Uma outra característica apresentada com mais clareza é a dualidade que opõe o

movimento passivo e o activo. No movimento passivo, a mobilização resulta do efeito

físico de uma força exterior ao sujeito; no movimento activo, este estabelece-se como

consequência das contracções musculares organizadas, desencadeadas e controladas pelo

sistema nervoso. A noção de reacção, oposta à transmissão de uma energia de origem

externa, do mesmo sentido, tem como ponto de partida a fisiologia – referindo-se a sistemas

limitados –, e a psicologia – referindo-se a reacções globais –. Temos verificado que, no

movimento activo, os receptores recebem reaferências subordinadas ao controlo da cópia

de eferência, enquanto que no movimento passivo se trata de exaferência.

Os movimentos ou actividades de transporte estão ligados por essência a estados

posturais. Reed (1982) disse com razão que “os constituintes das acções são as posturas e

os movimentos”. A postura, com efeito, é a componente estimuladora do movimento à

qual se associa precedendo-o, acompanhando-o e sucedendo-o. A este respeito convém

fazer alguns esclarecimento.

Em primeiro lugar, modificações posturais precedem qualquer actividade de

transporte e são específicas das propriedades do movimento que vai ser executado.

De referir igualmente que uma determinada organização postural pode servir de

referencial egocêntrico do movimento. Este problema, que se refere ao “esquema postural”

insere-se nos parâmetros espaciais do movimento.

2. 2.1.4 - Equilíbrio

A rapidez com que os animais desde a nascença, adquirem a faculdade de andar e

correr como os adultos, deixa antever a existência de um “mecanismo pré-formado” nos

centros nervosos. As reacções de sustentação (o apoio e a extensão) têm sem dúvida um

papel importante na equilibração mas o sistema nervoso central funciona como um todo.

Assim, para funcionar correctamente ele deve ser constantemente confrontado com a

experiência e com a influência do meio. Falise (1980)

A criança por volta dos 15 meses consegue estar de pé sozinha e caminhar. No

princípio, cada um dos seus passos são uma improvisação nos quais a procura do equilíbrio

é evidente. A posição e a marcha erecta que caracterizam a espécie humana repousam em

mecanismos inatos e adquiridos de uma forma indissociável.

Com efeito, o equilíbrio numa posição erecta é muito complexo, o corpo é formado

por elementos heterogéneos de naturezas diferentes e susceptíveis de se animarem

totalmente e/ou parcialmente sobre a influência de acções ou de reacções automatizadas.

Page 78: Comportamento postural dinâmico

50

Dolores Monteiro

Assim, os indivíduos estão em actividade permanente mesmo em ausência de qualquer

deslocamento aparente. A conservação deste equilíbrio durante a locomoção exprime-se

pela adaptação quase perfeita ao movimento inicial.

Pode parecer mais fácil ao sujeito normal implementar uma atitude do que mantê-

la. Assim o equilíbrio sobre um pé é cansativo. Uma vez que exige aos músculos que não

estão habitualmente treinados a um esforço estático mais considerável do que numa posição

bípede; o esgotamento não se produz na mesma altura para todos os indivíduos, mas provoca

sempre o regresso obrigatório ao apoio sobre os dois pés. Mais ainda, a atitude unipedal

representa um tempo de marcha na qual o equilíbrio não exige vigilância nem esforço

particular excepto em algumas condições: equilíbrios elevados ou sobre traves estreitas.

Devemos, assim, admitir que a noção de equilíbrio existe tanto na atitude como no

movimento.

Esta noção está intimamente ligada às forças coordenadoras que asseguram a

estabilidade de uma e de outra.

No homem a equilibração pode ser entendida como a função que assegura o

ortoestatismo. Se o equilíbrio é um conceito simplesmente espacial a equilibração é uma

função neuro-(ou psíquico-) motora que regula o equilíbrio na atitude e nos deslocamentos

do corpo no espaço-tempo utilizando a energia muscular: à atitude corresponde uma sinergia

de conjunto, ao movimento sinergias sucessivas.

Falise (1980) considera interessante acompanhar a maturação do equilíbrio e o seu

desenvolvimento. Depois de Gesell, Koupernik, Shirley, o aparecimento das sequências

posturais vão conduzir a criança ao controlo da posição da cabeça, ao andar, à posição e

aos deslocamentos em quadrúpedia que não são habituais no adulto. No entanto, na posição

de pé a cabeça está direita, influenciando, a sua orientação, os outros segmentos corporais

nas suas atitudes e nos seus movimentos.

Para o mesmo autor, “...um sujeito está em equilíbrio quando a contracção da

musculatura mantém o centro de gravidade no prumo da sua base de sustentação”.

Cratty (1979) define o equilíbrio como “a habilidade de se manter equilibrado na

presença de condições de queda...”, considerando o equilíbrio como um atributo básico e,

ao mesmo tempo, atributo esse muito complexo.

O equilíbrio corporal deve ser considerado como um sistema particular que permite

ao ser humano - através da organização em sistema dos seus órgãos dos sentidos - fazer a

manutenção de uma postura adequada e a estabilidade do seu corpo no espaço.

O conceito de equilíbrio é definido por Rivenq e Terrise (1974), in Monteiro M.

(1993) como a habilidade para manter o corpo na posição bípede, graças aos movimentos

Page 79: Comportamento postural dinâmico

51

Revisão da Literatura

compensatórios, implicando a motricidade global e a motricidade fina, quando o sujeito

permanece no mesmo lugar (equilíbrio estático) ou quando se desloca (equilíbrio dinâmico).

Bass (1939) considera o equilíbrio estático como sendo uma “actividade

equilibradora na qual o corpo não se move, enquanto dura uma performance apropriada”

e equilíbrio dinâmico como sendo a “manutenção do equilíbrio enquanto o corpo é

submetido a mudanças de posição”.

Espenchade (1980) considera o equilíbrio estático como sendo a ”manutenção de

uma posição particular do corpo, com um mínimo de oscilação” e o equilíbrio dinâmico

como a “manutenção da postura durante a performance de um skill motor, o qual tende a

perturbar a orientação do corpo”.

Na sua generalidade, o conceito de equilíbrio estático refere-se à capacidade de

manter o corpo numa posição particular, apesar da instabilidade que possa eventualmente

ser provocada por forças exteriores, por sua vez o equilíbrio dinâmico é a capacidade de

manter o estado de equilíbrio durante a realização de uma tarefa.

É necessário distinguir também entre os conceitos de “estado de equilíbrio” e o de

“capacidade de equilíbrio” .

Assim, o conceito de estado de equilíbrio leva-nos a dizer que um corpo está em

equilíbrio quando a projecção do centro de gravidade se encontra na área definida pela

base de sustentação. Este conceito reporta à manutenção, quer de uma posição absoluta no

espaço, quer da posição relativa dos segmentos corporais, através de contracções

musculares. As contracções musculares desencadeiam uma série de movimentos

compensatórios que corrigem a posição relativa dos segmentos e isto tanto no equilíbrio

estático como no equilíbrio dinâmico.

Por outro lado, a capacidade de equilíbrio refere-se à capacidade de adquirir e

manter o estado de equilíbrio do corpo em situações diversas, situações essas compostas

por um conjunto de factores que determinam as características dessa capacidade de

equilíbrio.

Porém, o equilíbrio, na sua concepção geral, é mais do que um equilíbrio mecânico

relacionado com posições ou formas físicas, um processo em contínuo ajustamento,

dependente de aferências inerentes ao próprio corpo e ao espaço onde se relaciona numa

situação particular, pois não perspectiva apenas aspectos anatómicos e mecânicos, nem se

circunscreve unicamente ao alinhamento vertical do centro de gravidade, da cabeça, do

tronco e dos membros. Ele é “...resultante de uma infinidade de reflexos sensório-motores

integrados nas diversas partes do sistema nervoso, mediante uma regulação automática

extremamente complexa...”(Madeira, 1986).

Quirós e Schrader (1978) consideram que um organismo adquire o equilíbrio quando

pode manter e controlar posturas, posições e atitudes. Estas, por sua vez, são o resultado

Page 80: Comportamento postural dinâmico

52

Dolores Monteiro

de uma repartição do tónus muscular e o equilíbrio significa, em primeiro lugar , um

equilíbrio tónico.

Enquanto o estado de equilíbrio é um conceito físico ou simplesmente espacial, a

equilibração é uma função psicomotora regulada por um sistema neurofisiológico complexo.

Madeira (1986) considera que a equilibração é uma função determinante da

organização psicomotora e, como tal, o alicerce de todas as acções coordenadas e

intencionais, ao envolver uma multiplicidade de ajustamentos posturais antigravíticos, é a

condição indispensável à proficiente concretização da actividade práxica.

Para o mesmo autor, a manutenção da postura, a utilização do equilíbrio, a orientação

do corpo no espaço e no tempo e as eficientes variações de posição, quer nos movimentos

estáticos quer nos dinâmicos, são aspectos essencialmente dependentes da função de

equilibração.

2. 2.1.5 – Coordenação

Do ponto de vista neuromuscular é importante distinguir dois tipos de coordenação:

a intermuscular e a intramuscular. A coordenação intermuscular assume-se como o trabalho

de coordenação entre os músculos agonistas e antagonistas. O grau dessa colaboração

tem uma influência decisiva na velocidade, assim como na economia da participação de

grupos musculares, num determinado movimento. Devem, portanto, ser excluídos os grupos

musculares que não tenham a responsabilidade num determinado movimento.

Por outro lado, a coordenação intramuscular traduz a cooperação entre o sistema

nervoso central e o aparelho locomotor. Revela a coordenação entre unidades motoras do

mesmo músculo no processo de sinergia muscular.

Por muito simples que seja um gesto, ele transcende sempre a acção de um único

músculo, implicando não só outros músculos com acção semelhante ao principal motor

(músculos agonistas), mas também os músculos cuja disposição anatómica lhes concede

uma acção articular exactamente oposta (músculos antagonistas). Quando se pensa na

execução de um movimento coordenado, atenta-se geralmente ao papel dos músculos

agonistas como principais intérpretes da maior força, velocidade, duração ou precisão do

movimento. Pensamos, no entanto, dever colocar em igual nível de importância a

intervenção dos músculos antagonistas, dado que passa também por eles a graduação das

variáveis referidas para o movimento.

É a unidade motora de célula nervosa e a fibra muscular por ela enervada que

permitem ao sistema nervoso regular a contracção muscular desejada, no sentido de se

obter determinada força, velocidade e duração da contracção. É das possibilidades de

funcionamento de cada unidade motora (frequência de contracção) e o jogo entre as várias

Page 81: Comportamento postural dinâmico

53

Revisão da Literatura

unidades motoras constituintes do grupo motor-músculo que resulta o processo de

coordenação intramuscular.

Piaget (1966) relativamente à coordenação estabelece que ela é um jogo de

assimilação e acomodação dos esquemas sensório-motores.

Para Bernstein (1967), a coordenação é uma ordenação e organização de várias

acções motoras, em função de um conjunto ou tarefa motora, tendo em consideração não

só os graus de liberdade do aparelho locomotor, como as fontes do envolvimento que

caracterizam a sua realização.

Piret e Beziers (1971) consideram a coordenação como uma síntese da anatomia e

da fisiologia ao nível do movimento. É a organização que permite obter um equilíbrio

entre os grupos musculares antagonistas, organizados pelos músculos condutores.

Kiphard (1976) define a coordenação como a interacção harmoniosa e económica

de músculos, nervos e sentidos, com a finalidade de produzir acções motoras precisas e

equilibradas ou reacções rápidas e adaptadas à situação ou objectivo

Fetz (1992) define a coordenação como sendo o funcionamento óptimo dos

músculos na produção do acto motor. Fisiologicamente, ainda para o mesmo autor, é uma

boa inervação dos músculos para agir de uma forma adequada e útil.

Espenschade & Eckert (1980) referem que os indivíduos têm boa coordenação,

quando se movem facilmente e as suas acções apresentam uma sequência e tempo bem

controlados.

Para Sustelo (1981), a coordenação é a colaboração entre o trabalho do sistema

nervoso central e a musculatura do aparelho locomotor, num determinado movimento.

Matveiev (1983) afirma que a coordenação motora espelha-se na aptidão regular

com a eficácia e tensão muscular.

Para Le Boulch (1985), a coordenação assume-se como a interacção, o bom

funcionamento entre o sistema nervoso e a musculatura no movimento, como uma acção

coordenada entre o sistema nervoso central e a musculatura fásica e tónica ou como o

domínio global do corpo, ou seja, um ajustamento dinâmico e contínuo, face ao

envolvimento.

Tubino (1989) considera a coordenação como a qualidade física que permite ao

homem assumir a consciência e a execução, levando-o a uma integração progressiva de

aquisições, favorecendo-o a uma acção óptima dos diversos grupos musculares na realização

de uma sequência de movimentos com um máximo de eficiência e economia. O

desenvolvimento da coordenação ocorre desde os primeiros anos de vida e essa valência

física estará sempre implícita nas destrezas específicas de qualquer desporto, sendo, deste

modo, um pré-requisito para que qualquer atleta atinja alto rendimento. Considera ainda o

mesmo autor que o sistema nervoso é a variável condicionante da coordenação.

Page 82: Comportamento postural dinâmico

54

Dolores Monteiro

Para Schnabel (1990), a coordenação assume-se como o processo de organização

dos movimentos submetido ao programa de uma acção directa e a um objectivo

hierarquicamente de ordem superior.

2. 2.1.6 – Aprendizagem

A capacidade de aprendizagem é uma das características do Homem que ultrapassa

e complementa a sua natureza biológica.

O Homem dotado, à partida, do equipamento indispensável à aprendizagem vai

adquirir prolongamentos sensoriais que lhe permitem uma evolução mais técnica e cultural

do que biológica. Nasce com programas de adaptação muito abertos, flexíveis e pouco

especializados. Enquanto as restantes espécies animais agem por instinto e reflexivamente

aos estímulos, o Homem aprende a associá-los e categorizá-los, podendo deste modo alterar

o seu comportamento, daí a sua possibilidade de adaptação a novas situações.

O Homem tem a capacidade de se adaptar ao meio, de adaptar o meio em que vive

a si próprio, e está a aprender que essa adaptação tem limites porque há equilíbrios

ecológicos a respeitar.

Todos os estudos que temos vindo a realizar demonstram que a aprendizagem

humana é uma capacidade complexa que ultrapassa os comportamentos instintivos; sendo

no Homem que se regista a capacidade de aprender a aprender através de um processo

dinâmico em interacção com o desenvolvimento.

A aprendizagem e o desenvolvimento desenrolam-se em espiral, de tal forma que,

ao mesmo tempo que o desenvolvimento influencia a aprendizagem é por ela dinamizado

em simultâneo e em reciprocidade. Se o desenvolvimento fisiológico é independente da

aprendizagem, já os desenvolvimentos psico-motor, cognitivo, linguístico e social se

processam em interligação com aquela.

Normalmente a aprendizagem e desenvolvimento ocorrem em simultâneo, de tal

forma que o indivíduo aprende se atingiu determinado grau de desenvolvimento, mas ao

aprender desenvolve-se ainda mais. Existem de facto problemas quando ocorrem

desfasamentos entre os dois processos: ou um desenvolvimento anormal dificulta a

aprendizagem, ou a aprendizagem pretendida não está de acordo com os estádios de

desenvolvimento individuais.

A aprendizagem é normalmente tida como uma mudança relativamente duradoura

no comportamento, quando induzida pela experiência. É uma actividade de construção

pessoal que ocorre dentro do organismo e que não pode ser directamente observada. A

acção de aprender é gradual e progressiva, realiza-se durante um certo período de tempo,

e não num fenómeno momentâneo e fugaz. É de natureza pessoal porque depende da

experiência de cada indivíduo quando interage com o meio e tenta compreendê-lo.

Page 83: Comportamento postural dinâmico

55

Revisão da Literatura

Não sendo directamente observável, somente se pode inferir dos seus efeitos nas

modificações que operam no comportamento exterior, observável do indivíduo. É através

de manifestações exteriores que se verifica se o indivíduo aprendeu.

Estas alterações do comportamento, para que possam ser tidas como aprendidas,

têm que ser estáveis, consistentes e duradouras, com possibilidade de serem repetidas,

mesmo após períodos de interrupção.

O estudo desta temática, não sendo central no nosso trabalho, tem vindo,

ao longo dos tempos, a suscitar um grande interesse, nomeadamente em determinar as

origens e mecanismos que a regulam.

No dicionário enciclopédico ilustrado de Oxford edição (1999), pode-se ler:

“aprender é adquirir conhecimentos ou destrezas numa arte ou outras matérias mediante o

estudo e a experiência”. Na realidade, podemos aprender qualquer matéria relativa à natureza

que nos rodeia e da qual fazemos parte. O vocábulo deriva do latim apreendere, assim:

adquirir alguma habilidade que não se possui ao nascimento. Como é evidente, cada

aprendizagem mostrará a peculiaridade da área de conduta ou do extracto neuroevolutivo

em que assentam os conhecimentos adquiridos.

Na aprendizagem expressa-se uma forma de comportamento que não depende da

informação genética, estruturando-se nos circuitos neuronais específicos só parcialmente

determinados, de acordo com as hipóteses da conectividade de Jacobson. Assim, resulta

da crescente complexidade SN/SE que mantém o seu número de genes constante. Digamos

que alguém aprende quando adquire uma “competência” no pensar ou no fazer de algo

que até aqui não dominava. A capacidade referida consegue-se mediante o adestramento

ou a educação que são facilitados por uma predisposição genética e a ajuda de factores de

imitação.

“Aprender, em neurobiologia, é reter e empregar adaptativamente as alterações de

estado ordenadas algoritmicamente no SN/SE, debaixo da influência da informação-

memória na qual se registam os «resultados dos sinais» «positivos e negativos» fruto de

uma conduta de «ensaios e erros»”(Young J.Z, 1937). Enfim, do ponto de vista estatístico,

aprender é reduzir o número de respostas teoricamente infinitas do estímulo provocado a

uma unidade.

Para Skinner (1987), “aprendizagem é um treino mediante condicionamento, que

converte as respostas prováveis em uma única resposta”.

Skinner (1987) citando Thorpe, “todas as modificações do comportamento, para

serem consideradas como aprendizagens, deveriam possuir como características

indispensáveis o seu valor para alcançar a sobrevivência mediante um processo de

adaptabilidade crescente”. Definição que serve igualmente para os instintos, ou melhor as

actividades automáticas de Waine & Sena G. Dennis, a fim de esclarecer os seus estudos

Page 84: Comportamento postural dinâmico

56

Dolores Monteiro

sobre o desenvolvimento prematuro de “gémeas” de 2 aos 16 meses com os resultados que

a seguir se descrevem:

-“Todas as reacções comuns no 1º ano de vida são autógenas para ambas; antes do

segundo ano, as respostas sociógenas são poucas e relativamente sem importância. Assim,

as respostas infantis, geralmente não estão constituídas exclusivamente por elementos

inatos. A maturação é o factor principal que possibilita a aprendizagem na criança. Nem

mesmo a aprendizagem no período evolutivo tem as mesmas características que a observada

no adulto, pois neste, aprender comporta enriquecimento progressivo da informação relativa

à realidade circundante, um «saber» como consequência de uma experiência cada vez

mais eficaz”.

Se compararmos os trâmites de ambos os processos expostos, verificaremos que,

nas primeiras idades, a aprendizagem se leva a cabo de uma forma passiva, durante as

quais os modelos de conduta pré-programados se vão estabelecendo com sucesso, eficiência

e harmonia perfeitas. A partir da idade em que a infância cede perante a adolescência, a

aprendizagem, ao converter-se em educação, não é mais um fenómeno passivo, já que não

se trata de sobreviver, mas sim de dispormos de conhecimentos adequados aos nossos

objectivos como elemento pertencente a uma família, elemento básico da sociedade.

Irenaus Eibel-Ebesfeldt (1961), estudando os mecanismos do cérebro e

aprendizagem, trata da interacção do não aprendido na conduta dos mamíferos e a

aprendizagem, advertindo que “certos padrões motores essenciais são completamente

independentes da aprendizagem”. Explicando algumas proezas da memória herdada, o

autor concluiu que a aprendizagem não serve para organizar os complexos movimentos

com o fim de habitar, criar, perseguir a presa e matá-la. Muitas actividades são inatas, mas

a aprendizagem serve para aperfeiçoar a técnica e melhorar os resultados.

Alguns padrões fixos de comportamento estabelecem uma relação com o meio, de

acordo com a sua espécie e é sustentado por mecanismos neurofisiológicos herdados que

agora classificamos de genéticos. De qualquer forma, é imprescindível uma habilidade

inata para reconhecer as “figura/fundo” singulares, que desbloqueia o padrão adequado,

segundo Lorenz.

O mesmo Irenaus Eibel-Ebesfeldt sublinha “…a existência de um grupo de

actividades de significativa importância biológica pela sua rápida aprendizagem.

Perguntando se serão resultado de um talento específico baseado nas estruturas do SNC

adaptadas aquela tarefa durante a evolução, ou se se deve a uma elevada pressão

motivacional”. A afirmação que o autor faz parece-nos ter sido colocada de maneira

incorrecta: a importância de uma actividade biológica não vem patenteada pela rapidez

com que se “aprendem” as respostas, uma vez que, quanto maior for a hierarquia biológica

de um padrão de comportamento, maior é a sua prioridade, e como tal, a perfeição das

respostas.

Page 85: Comportamento postural dinâmico

57

Revisão da Literatura

Quanto às causas, aquelas que se aludem como responsáveis da rapidez de

“aprendizagem”: um “talento específico do SNC” ou “uma elevada pressão motivacional”,

nenhuma das duas pode traduzir-se em termos neuroevolutivos, pois em neurofisiologia

não tem sentido referir-se a “talento”, como palavra chave, ao implicar a pré-existência de

uma faculdade auto-existente que deste modo seria anterior à maturação de circuitos

neurofuncionais, sede de toda a actividade nervosa superior, mental e psíquica, da qual

“talento” seria um atributo; quanto ao papel de uma “elevada pressão motivacional” é o

mesmo que se atribui à adaptação ontogénica, envolvida na sobrevivência e reprodução,

elementos fundamentais de apoio ao fenómeno maturativo. Digamos, enfim, que

“aprendizagem rápida” não é uma frase adequada: o rápido no comportamento animal é

“sempre” genético, precisamente por ser a salvaguarda no cumprimento das funções

mencionadas.

O grau de disponibilidade das actividades adquiridas por aprendizagem é relativo

e proporcional às características do habitat e da posição que o indivíduo ocupa nesse

mesmo local, esta necessidade também se torna visível mais à frente na etapa de maturação.

Quanto mais necessária for uma habilidade para determinada actividade, maior será a

“quantidade” de rápido.

Hebb D. O. (1985), a propósito dos diferentes aspectos de aprendizagem em animais

superiores, recorda que o molecular corresponde ao fisiológico ou à relação bineuronal, e

a molar ao psicológico, operação na qual intervém todo o sistema. Assinala a importância

do “ruído” na aprendizagem como consequência da acção dos neurónios que não intervêm.

O mesmo autor admite que a aprendizagem por memorização rápida na 1ª

experiência: “muito do que consideramos como inato, ao não existir evidência de uma

aprendizagem prévia, depende, com efeito, de uma aprendizagem imediata à 1ª experiência

na sequência de uma estimulação condicionante”.

Ainda para o mesmo autor, “como consequência das suas experiências em embriões

de frango, concluíram que todo o acto motor, pattern, é aprendido; ou durante o período

ontogénico ou pós-natal, e que nada seria inato”.

Dizer que nenhuma actividade nos vertebrados superiores é inata, é uma proposição

que atenta contra o princípio bem estabelecido de que a micromaturação do SNC, no

período ontogénico, assenta em 2 tipos de redes neurofuncionais: as congénitas que

capacitam o recém-nascido, por exemplo para responder eficazmente às necessidades

nutritivas: preensão, bucolabial, rooting, etc., e as adquiridas pela aprendizagem, definido

este como o resultado de estímulos endógenos e exógenos repetidos ao SN/SE, que, depois

de um número variável de ensaios, liberta a resposta mais adequada em cada circunstância,

e só aquela entre múltiplas alternativas.

Page 86: Comportamento postural dinâmico

58

Dolores Monteiro

Podemos admitir o ponto de vista unívoco da génese de qualquer comportamento

da vida pós-natal, se ao mesmo tempo aceitarmos que o padrão agora considerado como

adquirido foi na sua história evolutiva previamente inato. Todo o aprendido haveria sido

antecipadamente em algum momento inato; inscrito no genoma como possibilidade que

só se converte em realidade ao chegar ao animal a um grau de maturação, no qual se vêem

implicadas as respostas como produto do método de ensaios e erros num meio propício.

Na actualidade, a temática em apreço insere-se num conjunto mais vasto de teorias

que vão muito para além de uma teoria unificada, abrangendo os fenómenos que vão dos

reflexos à cognição humana. Não sendo antagónicas, as diversas escolas que estudam ou

estudaram a aprendizagem congregam aspectos diversificados não os conjugando numa

teoria global.

Assim sendo, podemos dizer, a título estritamente informativo pela importância

que a temática encerra para a pesquisa, que as teorias de aprendizagem mais importantes

que se referem ao séc.xx podem agrupar-se em duas grandes famílias: as teorias do

condicionamento estímulo-resposta, da família behaviorista e as teorias cognitivas, da

família de campo de Gestalt.

Para os behavioristas, ou teóricos do condicionamento, a aprendizagem é uma

mudança de comportamento. Ocorre através de estímulos e respostas; logo, envolve a

formação de algum tipo de relação entre séries de estímulos (causa da aprendizagem) e de

respostas (reacções físicas do organismo a uma estimulação interna ou externa). Os

defensores do condicionamento interpretam a aprendizagem em termos de mudança de

intensidade de variáveis hipotéticas, chamadas conexões E-R, associações, força do hábito

ou tendências do comportamento.

Os estudos destas correntes reportam-se a Pavlov (1849-1936), ao referir que muito

do que somos resulta não da natureza humana, mas sim da aprendizagem que pode ser

vista como uma alteração progressiva de comportamentos, feita por um processo de

desenvolvimento de reflexos condicionados que se obteriam substituindo estímulos por

estímulos condicionados.

Watson. J (1878-1958), seguidor de Pavlov, considerava a aprendizagem como o

resultado de um processo de condicionamento segundo o qual determinadas respostas são

associadas a determinados estímulos, pelo que todas as formas de comportamento podem

ser aprendidas.

Para Thorndike (1874-1949), a aprendizagem consistia em estabelecer uma conexão

a nível do sistema nervoso, entre o estímulo e a reacção, conseguida após uma série de

tentativas e erros. O autor formulou três leis da aprendizagem: Lei do efeito – se uma

resposta for seguida de reforço é fortalecida, se for seguida por punição ou ausência de

reforço será enfraquecida. É o princípio do prazer e da dor; Lei do exercício ou frequência

Page 87: Comportamento postural dinâmico

59

Revisão da Literatura

– A repetição resulta em aprendizagem se for acompanhada de resultados positivos; Lei da

maturidade específica – se um organismo estiver preparado para estabelecer a conexão

entre o estímulo e a reacção, o resultado será agradável e a aprendizagem realizar-se-á;

caso contrário, o resultado não será agradável e a aprendizagem será inibida.

Skinner (1904-1987) considerou a aprendizagem como uma forma de

condicionamento operante ou instrumental. Para o autor, o organismo não se encontra tão

“à mercê” do ambiente externo como era postulado no condicionamento clássico, o autor

exibe os princípios do reforço, considerando que uma resposta está associada a um estímulo

antigo.

As teorias behavioristas da aprendizagem realçam o “saber fazer”, o comportamento

exterior, observável e susceptível de ser medido. Baseiam-se no comportamento exterior

do indivíduo e na análise da estrutura da tarefa a aprender. Pressupõem uma determinação

precisa do indivíduo no início da aprendizagem, da sequência das actividades a desenvolver

e da meta a atingir.

As teorias cognitivas de campo - Gestalt tiveram a sua origem na Alemanha e

consideram o fenómeno da aprendizagem intimamente relacionado com a percepção,

definem aprendizagem em termos de reorganização do mundo perceptual ou psicológico

do aluno – seu mundo.

Para Kurt Koffka (!886-1941), Max Wertheimer (1880-1943) e Wolfgang Kohler

(1887-1967) in Monteiro M. (1993), o sujeito interpreta e organiza o que se passa à volta

em termos de conjuntos e não apenas de elementos isolados. A experiência do mundo é

percebida e organizada em estruturas, em formas completas, em esquemas de acção e em

configurações totais a que o sujeito atribui um determinado significado. O todo não é igual

à soma das partes; existe uma relação entre as partes e a estrutura, entre as acções isoladas

e o contexto geral.

Kurt Lewin (1890-1947), iniciador da teoria da forma, considerava a aprendizagem

como um empreendimento útil, imaginativo e criativo que implica compreensão e mudança

de insight. O indivíduo não é um ser passivo, puro receptor de estímulos exteriores, mas

um agente activo capaz de criar o seu próprio mundo e que irá evoluindo em resultado da

experiência adquirida. A aprendizagem é uma actividade funcional, exploradora,

imaginativa e criadora, assente na capacidade selectiva da percepção e da atribuição de

significado aos objectos e aos acontecimentos no seu contexto e na sua relação com os fins

que o sujeito se propõe alcançar. Esta teoria da forma combatia o atomismo do condutivismo

e dava especial importância à totalidade e às estruturas globais no conhecimento e na

percepção.

Para o mesmo autor: ”A psicologia cognitiva, que surge como uma reacção contra

o condutivismo, estuda os processos internos que tem lugar no indivíduo. Este é considerado

Page 88: Comportamento postural dinâmico

60

Dolores Monteiro

como um «processador» ou elaborador de informação e construtor de informações internas

do mundo e da sua própria conduta, posição esta coincidente com Piaget. Nesta

conformidade muitos dos processos de aprendizagem são associativos, fazendo uma

aproximação ao condutivismo”.

Autores como Sears, Abijou, Baer e Bandura (1977) realizaram investigações sobre

a aprendizagem social das condutas. Os autores consideram a aprendizagem ligada à

observação e à apresentação de modelos, actividades ditas de imitação. Através do reforço

intrínseco os autores consideraram a observação como parte constitutiva à posteriori da

transformação do próprio comportamento.

Mais recentemente investigações orientadas sobre a memória e a aprendizagem,

em particular em pacientes com lesões lóbulo-temporais, assim como investigações de

Warrington & Weiskrantz, sugeriram que, desde o ponto de vista neurológico, parecem

existir dois tipos de aprendizagem: uma explícita e outra implícita. A explícita ou declarativa

implica formas de aprendizagem e de memória que requerem um registo consciente;

enquanto que a aprendizagem implícita implica formas de aprendizagem e de memória

em que não intervém a consciência.

Kandel & Hawkins (1992) estudaram os dois tipos de aprendizagem. Para os autores

a aprendizagem explícita é rápida podendo ocorrer a seguir ao primeiro esforço. Pelo

contrário, a aprendizagem implícita é lenta, acumulando destrezas através de ensaios

repetidos. Tal como a memória explicita, apoia-se nas estruturas do lóbulo temporal, a

memória implícita expressa-se mediante a activação de sistemas sensoriais e motores

comprometidos na própria tarefa de aprendizagem; as suas recordações são adquiridas e

retidas graças à plasticidade inerente a estes sistemas neurais.

Kandel já há muito tempo que trabalha no estudo dos processos de aprendizagem

simples tais como a habituação, a sensibilização e o condicionamento clássico. Os seus

estudos centraram-se num organismo simples, o caracol aplysia, demonstrando que estes

aspectos elementares de aprendizagem não estão distribuídos de forma difusa no cérebro,

mas sim em partes bem localizadas específicas da rede neuronal. Além disso, observaram

que, para além do mecanismo celular proposto por Hebb, aparecia outro pré-postassociativo,

que mais tarde se confirmou estar localizado no hipocampo.

A descoberta das regras de aprendizagem celular levou ao esclarecimento da dúvida

sobre se os dois mecanismos atrás expostos estavam ou não relacionados entre si. As

implicações destas descobertas podem resumir-se da seguinte forma:

Nos humanos a aprendizagem explícita requer o funcionamento do lóbulo temporal;

Uma das estruturas do lóbulo temporal particularmente decisiva para o

armazenamento mnésico é o hipocampo.

O hipocampo manifesta-se para a memória a longo prazo como sendo um depósito

Page 89: Comportamento postural dinâmico

61

Revisão da Literatura

temporal. O hipocampo processa a informação recentemente adquirida por um período de

semanas ou meses, transferindo-a, de seguida, a áreas importantes do córtex cerebral para

um armazenamento mais prolongado;

A memória armazenada, nas áreas corticais, expressa-se através do funcionamento

mnésico do córtex pré-frontal (Goldman-Rikic, 1992);

Os neurónios do hipocampo possuem uma notável capacidade plástica do tipo das

habilidades que se requerem para aprendizagem. Esta descoberta conduziu ao conceito de

potenciação a longo prazo (PLP). Esta manifesta especificidade: a sua acção restringe-se

quando estimulada.

Para que se verifique a potenciação a longo prazo é necessário que se excitem,

simultaneamente, as células presinápticas e as células postsinápticas.

Desde Ramon e Cajal (1963), que se sabe que a informação flui somente da célula

presinática para a célula postsináptica. Assim, na PLP, parece emergir um novo princípio

de comunicação das células nervosas: os neurónios postsinápticos enviam algumas

mensagens em direcção às presinápticas, sendo necessário um mensageiro retrógrado para

manter a PLP.

Conclusão: as experiências sugerem que o PLP se apoia na combinação dos

mecanismos de aprendizagem sináptico independentes e associativos – um mecanismo

hebbiano e outro mecanismo de facilitação presináptica, não hebbiano, dependente da

actividade.

Os dois tipos de aprendizagem, explícito e implícito, parecem poder explicar-se

por um mesmo e único mecanismo celular. A aprendizagem pode produzir alterações nos

neurónios. A memória, a curto prazo, implica alterações na intensidade das conexões

existentes. As mudanças, a longo prazo, ainda que se armazenem no mesmo local, requerem

algo inteiramente novo: a activação de genes, a expressão de novas proteínas e o

desenvolvimento de novas conexões. As investigações levadas a efeito no caracol aplysia

demonstraram que os estímulos geradores de memória, a longo prazo, para a sensibilização

e o condicionamento clássico, se resolvem com um aumento do número de terminações

presinápticas. Alterações anatómicas similares ocorrem no hipocampo depois do PLP.

Estamos perante as leis dos mecanismos neuronais que regem os processos de

memória e aprendizagem, que implicam não só a explicação da organização cerebral, mas

também, a diversidade e individualidade da sua organização. A memória, a curto prazo,

implica alterações na intensidade das conexões existentes; a memória, a longo prazo, implica

um aumento do número de terminações presinápticas. Esta alteração não ocorre unicamente

por determinação genética, mas principalmente pela interacção com o mundo exterior. Em

cada indivíduo, essas alterações, na intensidade das conexões e no aumento das terminações

presinápticas, são diferentes. Assim, Kandel e Hawkins concluíram que é nestes mecanismos

Page 90: Comportamento postural dinâmico

62

Dolores Monteiro

celulares da memória e da aprendizagem que se encontra a chave da individualidade.

Changeux (1985), com a teoria do «darwinismo neural», alcança a mesma conclusão.

Transcrevemos de seguida o que os autores Kandel e Hawkins (1992) referem sobre

esta temática:

“Se a memória, a longo prazo, introduz alterações anatómicas, isto quer dizer que

a anatomia do nosso cérebro se altera constantemente à medida que aprendemos e nos

esquecemos ? Esta afirmação tem sido feita por muitos estudiosos do tema, aliás quem a

fez, com maior radicalidade, foi Michael Merzenich, da Universidade da Califórnia, U.S.A.

(1992). Este autor estudou a representação da mão na área sensorial do córtex cerebral.

Até há pouco tempo, os neurologistas pensavam que esta representação permanecia

estável ao longo de toda a vida, mas, com o seu grupo de estudo, o autor acabou por

demonstrar que os mapas corticais estão sujeitos a constante modificação, dependendo do

uso que se faça das vias sensoriais. Como os ambientes em que nos educamos diferem uns

dos outros, divergem as combinações dos estímulos em que estamos expostos e da forma

como estes exercitam de forma díspar as nossas capacidades sensoriais e motoras, segue-

se que a arquitectura do nosso cérebro se vai modificando de maneira pessoal. Esta

modificação distinta da arquitectura cerebral, junto com a singularidade da estrutura

genética, contribui para a base biológica da expressão da individualidade”

Diremos, citando Gardner (1987), “graças a estes trabalhos, podemos agora dizer

– talvez pela primeira vez – o que significa aprendizagem no plano químico e neuronal. A

questão inquietante que agora deve abordar a ciência cognitiva é se, à medida que se

descrevem de forma similar outros comportamentos mais complexos, haverá ou não

necessidade de uma explicação separada no plano da representação”.

Em suma, poderemos dizer que a aprendizagem é a adição de conhecimentos e,

sobretudo, a reestruturação do próprio conhecimento como resultado de novos conceitos e

experiências. Daí que as actuais teorias cognitivas prestem especial atenção quando estudam

a aprendizagem, os processos de compreensão e controlo dela própria, assim como, a

mediação social na própria aprendizagem.

Depois das primeiras experiências e desenrolar dos conhecimentos iniciais, estas

mesmas experiências e conhecimentos (uns, adquiridos na nossa interacção com o

envolvimento e com outros indivíduos, outros, adquiridos pela herança cultural) são os

que tornam possível a aquisição de novos conhecimentos e experiências. As estratégias e

os processos metacognitivos cooperam na aquisição e reestruturação do conhecimento.

O uso do conhecimento prévio para elaborar a informação facilita a sua transferência

e a memória a longo prazo. A relação da informação antiga com a nova informação ajudará

com grande probabilidade que o indivíduo aprenda e recorde a nova informação.

Uma nova perspectiva abre um novo ciclo nesta área do conhecimento, que são os

Page 91: Comportamento postural dinâmico

63

Revisão da Literatura

estudos sobre a inteligência artificial cujos trabalhos se apoiam na criação de redes neuronais

artificiais que mimetizem os processos cerebrais da aprendizagem. Para isso, estudam-se

as características essenciais dos neurónios e das suas interconexões e, depois, prepara-se

um programa, em computador ,que simule tais características.

Outra linha de investigação em inteligência artificial orienta-se para o desenho de

programas que possam compreender e raciocinar por analogia. Estas investigações centram-

se em analogia, porque os humanos a utilizam para compreender e para encontrar novos

conceitos.

Os humanos, tendo um reportório muito rico, dispõem de uma grande quantidade

de experiências e conhecimentos, o que não acontece com os computadores que estão

impossibilitados de o fazer. Dado que nós utilizamos estas experiências e conhecimentos

para estabelecer analogias e adquirir novos conhecimentos, isto é, para aprender, os

computadores encontram-se muito limitados nesta actividade. Consideramos, com esta

nova ideia da diversidade, que os processos implicados na resolução dos problemas de

analogias podem considerar-se universais, mas as experiências e conhecimentos, para além

de serem pessoais, são também diferentes em diversos sentidos.

Uma outra preocupação que tem vindo desde 1930, e que exige alguma atenção

neste contexto, é a dissociação maturação-aprendizagem. Neste sentido Marguis (1930)

estabeleceu que a maturação depende de factores internos e a aprendizagem de factores

externos que serviu de modelo para as relações nature-nurture. Na actualidade, os

investigadores tratam de estabelecer as chamadas condições óptimas que favorecem a

aprendizagem pela interacção entre a maturação interna e as influências externas.

Já Piaget (1967) estabelecera que organismo (maturação) e o envolvimento

(aprendizagem) formam uma entidade. A maturação é uma tendência fundamental do

organismo para organizar a experiência e torná-la assimilável; a aprendizagem seria o

meio de introduzir novas experiências nesta organização. Maturação (nature) e

aprendizagem (nurture) influenciam-se mutuamente para dar o desenvolvimento e a

adaptação. Qualquer acção pessoal do indivíduo resulta de interacção entre o seu genoma

e o meio particular em que vive. A assimilação de novas experiências, nas estruturas do

conhecimento existentes, está organizada sequencialmente pela maturação.

Entre as teorias genéticas, em que o êxito motor e a idade de aquisição estão

determinadas geneticamente, e as teorias ambientais, donde tudo resulta da aprendizagem

(conhecimentos anteriores e oportunidade de aprender), encontra lugar num modelo

adaptativo que tem em conta simultaneamente a maturação da criança e as influências

externas.

A aprendizagem, no contexto motor, ocupa um lugar particular entre as distintas

formas de aprendizagem (Miner et al., 1998) in Massion J. (2000). Realiza-se normalmente

Page 92: Comportamento postural dinâmico

64

Dolores Monteiro

de forma inconsciente (aprendizagem implícita) opondo-se às aprendizagens explícitas

dos actos e acontecimentos que se realizam de forma consciente. A aprendizagem motora

está preservada entre os sujeitos que, como consequência de lesões bilaterais do hipocampo

e da mediana do lóbulo temporal, perderam a capacidade de memorizar, a longo prazo, os

acontecimentos percebidos de forma consciente. Isto demonstra que as estruturas nervosas

responsáveis da aprendizagem motora são, pelo menos em parte, distintas daquelas que

causam a aprendizagem explícita. A este respeito Massion J. (2000) coloca a seguinte

pergunta: “Quer isto dizer que na aprendizagem motora não pode intervir nenhuma

contribuição explícita ? Existe, na realidade, em muitos casos, uma intervenção paralela

de formas de aprendizagem. Assim, quando se memorizam sequências de movimentos,

uma parte do processo de aprendizagem pode ser explícita. Da mesma forma, a

aprendizagem por imitação, que é uma forma frequente de aprendizagem na criança, é em

grande parte explícita e consciente”.

Antes de definir e categorizar a aprendizagem motora, consideraremos um exemplo

da aprendizagem de um movimento novo. Segundo Bernstein (1967), podem-se identificar

várias etapas: a primeira está caracterizada por um aumento da rigidez das articulações

implicadas no movimento. Este aumento de rigidez tem como resultado reduzir o efeito

perturbador sobre a trajectória do movimento das interacções dinâmicas entre os segmentos

que participam na acção; Na segunda etapa, utilizam-se mensagens sensoriais que assinalam

a presença de perturbações para corrigir os erros (controlo em via fechada). Paralelamente,

a rigidez articular reduz-se. Finalmente, na terceira etapa, vemos aparecer pontos de

referência temporais fixos ou invariáveis temporais no desenvolvimento da acção; são

muito estáveis de um ensaio ao outro e estão associados a formas de informação ou ao

estabelecimento de ordens que se antecipam aos acontecimentos seguintes da acção, como

são as perturbações mecânicas relacionadas com a execução do acto motor. No último

nível da aprendizagem, aparecem as sinergias articulares ou musculares relativamente

estáveis de ensaio para ensaio, que reflectem a redução do número de graus de liberdade

controlada pelo SN, e representam, a maioria das vezes, a solução menos custosa a nível

energético para realizar o movimento.

Bernstein lançou a hipótese de que, durante a aprendizagem, o SN construía um

“modelo interno”do envolvimento exterior das características cinemáticas e dinâmicas

dos segmentos corporais e das suas interacções, para prever as características do acto

motor. A partir desse modelo interno preditivo (modelo directo), constrói-se outro tipo de

modelo interno (modelo inverso) que está destinado a assegurar as ordens articulares e

musculares que permitem a realização do movimento.

A aprendizagem motora pode considerar-se, assim, como a criação de um novo

modelo interno do acto motor (ou a modificação de um modelo preexistente) que permite

Page 93: Comportamento postural dinâmico

65

Revisão da Literatura

a ordem dos efectores para realizar a acção. Implica também a especificação das mensagens

sensoriais que permitirão detectar o erro de trajectória com a intenção de corrigir a acção

em curso e adaptar o modelo às dificuldades encontradas (Ebner et al., 1996; Donoghue et

al., 1996) in Massion, J.(2000).

Trata-se da construção de um novo “modelo interno” da acção assim como a

identificação das mensagens de erro que assinalam um defeito na execução de uma tarefa.

A adaptação que se pode definir como uma alteração de longa duração e reversível

do modelo interno, devido aos sinais de erro geralmente associados a alterações encontradas.

É necessário distinguir o termo “adaptação” relacionado com a aprendizagem motora da

sua utilização para caracterizar fenómenos que não estão necessariamente relacionados

com a aprendizagem. Assim, temos, por exemplo, a adaptação da descarga de um receptor

em resposta a uma estimulação constante, que não tem nada a ver com a aprendizagem.

Sucede o mesmo com o reflexo pupilar que é uma adaptação do sistema visual periférico

à intensidade da luz. Este termo utiliza-se também para descrever respostas comportamentais

complexas que aparecem em presença de alterações de influências externas.

(microgravidade)

2. 2. 2 – Regulação e Controlo Postural

O estabelecimento de uma relação específica, entre os finos mecanismos de controlo

da actividade postural e a actividade motora desenvolvida, levou Paillard. J (1986) a

considerar que a formulação e adaptação desses mecanismos só são possíveis através duma

remodelação dos circuitos nervosos, o que demonstra uma certa plasticidade do próprio

sistema de controlo postural.

É por intermédio desses circuitos nervosos que o organismo se encontra capacitado

para poder responder aos estímulos, quer de origem intrínseca quer de origem extrínseca,

os quais, são captados, pelos diferentes receptores sensitivos, e, mais tarde, direccionados

para centros de integração, situados a vários níveis do eixo nervoso central cérebro-espinal,

donde tem início a resposta motora.

Relativamente ao estudo do controlo da actividade postural, podemos perspectivar

essencialmente duas vertentes de pesquisa - a neurofisiológica, ou a dos mecanismos neuro-

motores de regulação; e a psicofisiológica, na qual a actividade postural é estudada como

um comportamento.

Numa perspectiva neurofisiológica com incidência nas principais componentes

envolvidas na regulação da postura, apresentamos trabalhos publicados em investigações

que têm sido levadas a cabo utilizando a orientação proposta pela Association Française

de Posturologie(1986), conforme figura 2.2 que estabelece a diferença entre entradas

primárias e secundárias. Esta classificação é complementada pelas entradas inespecíficas

referentes aos níveis de vigilidade, propostas por Madeira (1986).

Page 94: Comportamento postural dinâmico

66

Dolores Monteiro

Relativamente às respostas do sistema postural, verifica-se de acordo com

Sérgio, J (1995) que os motoneurónios medulares são “bombardeados” por informações

provenientes de diversas fontes – desde as referentes às próprias estruturas do aparelho

locomotor e da pele, às dos centros cerebrais superiores, todas elas exercendo um controlo

descendente na manutenção da actividade tónico-postural e na locomoção.

Para o mesmo autor, “cabe, no entanto, aos motoneurónios – terminais duma

complexa rede de inter-induções – o importante papel de integração das múltiplas aferências

que até eles são encaminhadas, antecedendo o estímulo muscular final”.

Relativamente a qualquer movimento, sendo este entendido - por qualquer modificação

que se efectue no inter-relacionamento dos diferentes componentes articulares – a nível

dum segmento do corpo humano, vai originar alterações do primitivo posicionamento,

isto é, da original manifestação postural

Figura 2.2 Esquema cibernético do sistema postural de acordo com a Association Française de

Posturologie(1986)

Durante a ocorrência de qualquer modificação da postura, ou quando se executa

um dado movimento proporcionado por determinados conjuntos musculares, existem, em

contrapartida, outros músculos que tendem, não forçosamente a contrariar a acção dos

primeiros, mas a compensarem constantemente, através de diversos ajustamentos, o desvio

do centro de pressão por eles originado, procurando posicioná-lo dentro do polígono de

sustentação, por forma a que o nosso organismo possa continuar a responder duma forma

adaptada, às estimulações do envolvimento material e humano.

Ainda para Sérgio, J (1995) a constante acção de reajustamento muscular tem

subjacente um estado de contracção permanente, por parte do ou dos músculos que efectuam

Page 95: Comportamento postural dinâmico

67

Revisão da Literatura

esse reajustamento. É a este estado de contracção permanente, definido por alguns

fisiologistas como sendo a resistência do músculo à dimensão ou estiramento, que se

denomina – tónus muscular – sem o qual não existe a possibilidade de se proceder aos

finos reajustamentos atrás citados.

Sherrington (1908), que em experiências feitas com o seccionamento do tronco

cerebral ao nível do mesencéfalo, verificou aquilo a que chamou – rigidez por

descerebração. Posteriormente, ao seccionar as raízes posteriores de determinado membro,

verificou que o mesmo ficava flácido, ao contrário dos outros que permaneciam rígidos.

Concluiu, que a mesma era mantida por uma acção do tipo reflexo, isto é, que este quadro

de rigidez ou de hipertonicidade, necessitava de dados aferenciais para a sua manutenção.

Neste sentido, a organização deste estudo sobre a regulação da actividade tónico-

postural é tendencialmente iniciada pelas aferências sensoriais, passando pelos centros

integradores concluindo com os órgãos efectores.

2.2.2.1 – Entradas Primárias ou Exo-Entradas:

- Visual

As informações visuais mantêm um papel de inegável importância, quer no controlo,

quer na manutenção do equilíbrio corporal durante o desenvolvimento e também na idade

adulta.

Entre outros, Cratty, Reynolds, Kurata, Fukuda, Kuwaduro, Gantchev, Draganov,

Berthoz, Berthelot e Baron são autores de elevado mérito nesta matéria, que referem a

grande influência da visão sobre as oscilações posturais. Factores como perseguição de

um objecto com os olhos, bem como a velocidade desses objectos, a instalação da fadiga,

alterações do nível da tonicidade oculomotora levam a um aumento das oscilações corporais.

Berthelot (1973) escreve que “as informações visuais e os movimentos oculares

continuam a desempenhar um papel importante no controlo e manutenção do equilíbrio

postural, ao longo do desenvolvimento e no adulto”.

No entanto, tem-se considerado que o Sistema Visual tem uma limitada contribuição

para a manutenção da postura ortostática, quando comparada com os sistemas vestibular e

somato-sensorial. A primeira grande conclusão que retiramos das opiniões unânimes de

todos os autores diz respeito à amplitude e frequência dos deslocamentos do corpo na

posição ortostática que são sempre mais acentuados com os sujeitos de olhos fechados,

independente da amostra considerada.

Cratty, B & col (1974), devido à dificuldade verificada na manutenção do equilíbrio,

aquando da informação visual, afirmam que o equilíbrio se encontra dependente da

estabilização do campo visual.

Gantchev, G. (1980), citado por Monteiro, M. (1993), demonstrou que a rotação

Page 96: Comportamento postural dinâmico

68

Dolores Monteiro

dos olhos, de forma contínua, até 40º, não diminui a oscilação corporal, do que se infere

que a informação dos sensores da musculatura visual não é a causa da estabilização da

oscilação. Corroborando estudos efectuados anteriormente, veio igualmente a verificar

que as oscilações corporais se processam na mesma direcção dos movimentos oculares de

perseguição de alvos em movimento (movimentos sacádicos).

Já, Berthoz, A. (1978), verificara que a perseguição dum alvo em movimento linear

é susceptível de induzir uma inclinação do eixo corporal, no sentido desse movimento,

sendo o grau da mesma proporcional à velocidade de deslocamento do objecto - alvo.

Nashner, L & col. (1982), tendo por base a observação em doentes com défices

vestibulares, verificaram a particularidade de os mesmos exagerarem o equilíbrio quando

fecham os olhos. Contudo, também constataram que o aumento das estimulações somato-

sensitivas mascaravam a situação de deficiência, tal como Madeira, F (1986) que refere,

que a supressão da estimulação visual pode ser compensada pela entrada em função, no

processo de equilibração, de outros analisadores sensoriais.

Movimentos sacádicos periódicos guiados por alvos em ambas as direcções (verti-

cal e horizontal) reduzem a oscilação corporal antero-posterior (Iwase et al., 1979). Tal

redução da oscilação ou estabilização da postura é distinta nas componentes de frequência

de 0,3 Hz, ou mais baixas. A frequência e a amplitude dos movimentos sacádicos mais

eficientes para a estabilização da postura situam-se entre os 0,2 - 1,0 Hz e 5 - 40 graus,

respectivamente. No entanto, a possibilidade da estabilização poder estar relacionada com

a percepção da imagem alvo, eliminada pelo facto dos movimentos voluntários rápidos

repetitivos dos olhos (sacádicos), tanto no escuro, como com os olhos fechados, também

reduzirem a oscilação corporal Uchida et al., (1979).

A rotação dos olhos, de forma contínua até 40 graus em todas as direcções, não

diminui a oscilação corporal, o que sugere que a informação dos proprioceptores da

musculatura ocular não é a causa da estabilização da oscilação (Gantchev, 1980). Isto

levaria a admitir que a diminuição da oscilação corporal seria originada na actividade do

“sistema sacádico central”. Por outro lado, a estimulação foveal repetitiva com olhos

fechados, que deveria aumentar o nível de activação, estimulando o sistema activador

reticular, também reduzia a oscilação corporal.

Verificou-se a mesma ocorrência sempre que se ventilavam as pernas do indivíduo

com ar frio, ou quando os indivíduos seguravam sacos de gelo, com as mãos, encontrando-

se na posição ortostática.

Estes resultados levantam a questão da actividade do sistema visual (sacádico)

afectar ou não o sistema activador reticular.

Madeira (1986) refere o facto da supressão da estimulação visual ser compensada

pela intervenção simultânea dos restantes analisadores sensoriais.

Page 97: Comportamento postural dinâmico

69

Revisão da Literatura

Gantchev (1980), num estudo em que realizou o levantamento posturográfico

designadamente sobre a neurofisiologia da actividade tónico-postural ortostática,

revela um conjunto de dados importantes:

- Em primeiro lugar, e no âmbito dos efeitos da informação visual sobre as

alterações da actividade postural, refere que as investigações em 20 indivíduos

demonstraram que o simples acto de fechar os olhos dá lugar a uma lenta

deslocação do centro de gravidade para a frente associada a uma ligeira inclinação

do corpo. Em outros 10 indivíduos constatou que o sucessivo fechar e abrir de

olhos, num período de 2 minutos, conduzia a uma certa oscilação do corpo para

a frente e para trás. Refere que, do ponto de vista biológico, a inclinação para a

frente podia ser interpretada como uma reacção preparatória de protecção - a

queda para a frente é a reacção preferível porque as mãos podem ser usadas

como apoio;

- Em segundo lugar, a um grupo de 20 indivíduos a quem foi pedido para fixarem

os olhos numa posição horizontal, o mais para cima e o mais para baixo possível

- mantendo a cabeça fixa na posição normal - durante dois minutos em cada

posição, os resultados revelaram que, com o manter do olhar o mais para cima

possível, as oscilações do corpo aumentavam significativamente, enquanto com

o manter do olhar na posição mais baixa possível elas diminuíam, apresentando

características semelhantes às oscilações do corpo com os olhos fixos numa

posição horizontal.

- Em terceiro lugar, num estudo envolvendo vinte indivíduos sobre os quais foi

induzido o nistagmo óptico - cinético (movimento de linhas verticais pretas e

brancas), os resultados eram semelhantes aos obtidos por outros autores. As

oscilações do corpo aumentavam sob o efeito do nistagmo, acompanhando as

variações de velocidade deste.

- Em quarto e último lugar, um grupo de 10 elementos a quem foi solicitado a

tarefa de movimentar com os olhos fechados - de acordo com um dado padrão

demonstrado e experimentado com os olhos abertos - verificou-se que a posição

extrema esquerda ou direita dos olhos, controlada por electro-oculograma,

correspondia no - SKG - a oscilações sincronizadas para os mesmos lados.

Podemos concluir, que no âmbito da regulação postural, a visão é hoje entendida

como uma componente que completa as informações vestibulares e quinestésicas, estando

ultrapassada assim a intervenção exclusivamente exteroceptiva que outrora lhe era atribuída.

No aspecto comportamental, os dados observados mostram que a combinação de

Page 98: Comportamento postural dinâmico

70

Dolores Monteiro

estímulos de diferentes modalidades sensoriais originam mais facilmente respostas motoras,

do que os estímulos de uma única modalidade sensorial.

Têm ainda sido feitos estudos sobre as modificações posturais provocadas, quer

por estimulação visual através de cenas estáticas, quer por estimulação vestibular, quer

mesmo pela própria interacção com o sistema oculomotor.

Num estudo experimental, sobre os efeitos da estimulação visual na percepção e

no controlo motor, efectuado por Previc, F.(1992), em pilotos aviadores, foi verificado

que, ao comparar-se os tempos de latência entre as alterações posturais induzidas pela

proprioceptividade óculo-muscular vection system e as induzidas directamente pela visão,

havia um atraso de alguns segundos, por parte da primeira, em relação às mudanças de

atitude induzidas pela segunda, embora ambas se encontrem relacionadas em situações

opostas ao movimento linear, uma vez que os traçados foram de grande intensidade nas

duas entradas, aquando do “enrolamento” rol position e em relação ao posicionamento de

inclinação pitch attitude.

De acordo com o estudo anterior, poderemos concluir que os vários efeitos de

orientação, induzidos pela visão, podem envolver parcialmente mecanismos independentes.

E que quanto maior for a riqueza da estimulação, mais reforçado se torna o controlo postural.

Quando se considera a visão, esta terá que ser sempre tomada como uma componente que

irá agir em complementaridade com as demais informações, extravasando,

simultaneamente, o âmbito da exteroceptividade, para onde se encontrava remetida. As

informações visuais completam as dos receptores otolíticos, uma vez que estes não têm a

capacidade de distinguir uma aceleração linear de uma inclinação do corpo (neste caso

também existe a variável aceleração no plano da mácula).

- Vestibular

O segmento cefálico tem um papel importante na organização das acções posturais

e cinéticas. O aparelho vestibular ocupa aí um lugar de destaque como órgão preparado

para assinalar a posição da cabeça no espaço, os seus desvios em relação à atitude funda-

mental de referência e os seus deslocamentos (Paillard, 1976).

O labirinto possui dois tipos de receptores: as cristas ampulares, nos canais semi-

circulares, cuja estimulação mecânica, pelas acelerações angulares, origina reacções físicas

(de equilíbrio cinético); as máculas, no sáculo e utrículo, cuja estimulação mecânica pelas

acelerações lineares, origina reacções tónicas de (equilíbrio estático).

As informações captadas por estes receptores são veiculadas pelo nervo vestibu-

lar. Este entra no tronco cerebral do nervo auditivo e termina, quer nos quatro núcleos

vestibulares (lateral ou de Deiters, superior ou de Bechterew, médio Schwalbe e inferior),

quer no cerebelo (lóbulo flóculo nodular e núcleos fastígios).

Page 99: Comportamento postural dinâmico

71

Revisão da Literatura

Os núcleos vestibulares estabelecem conexões, entre si e com os homólogos do

oposto, funcionando como um centro de integração de informações provenientes do córtex

cerebral, da formação reticulada, do tronco cerebral e da medula espinal.

Assim, o sistema vestibular participa na manutenção e no controlo do tónus

muscular, dos movimentos oculares da cabeça e ainda no controlo postural e cinético dos

membros e do tronco. Este sistema está encarregue da detecção do posicionamento e da

movimentação da cabeça no espaço, através da integração da informação dada por receptores

periféricos, situados no ouvido interno, de cada lado da cabeça.

Importa reter que, contrariamente ao que se passa com a aferência visual e os seus

estímulos, no sistema vestibular, o organismo não tem a percepção consciente dos seus

estímulos.

O volume de produção científica no âmbito do sistema vestibular e os respectivos

resultados tiveram um enorme impacto e, naturalmente, consequências no reforço da sua

influência e importância na fenomenologia da equilibração postural e várias actividades

sensório-motoras. Muitos trabalhos experimentais foram desenvolvidos com prática de

diversas situações de estimulação, exclusão e ablação em distintas amostragens.

Nelson (1972), citado por Madeira (1986), em trabalhos levados a efeito em adultos

versando o efeito da labirintectomia unilateral sobre o equilíbrio postural, verificou que

este procedimento aumentou significativamente as perturbações posturais dos indivíduos.

O resultado das oscilações do corpo, espontâneas e provocadas, em indivíduos

“normais” e em doentes com arreflexia vestibular bilateral - causada sobretudo por

uma intoxicação estreptomicina -, concluiu:

- a referida patologia não provoca modificações consideráveis nas oscilações

espontâneas nas duas amostras, quando na situação de olhos abertos.

- na obscuridade, os resultados estabilográficos aumentam para o dobro,

verificando-se algumas diferenças nas duas amostras, uma vez que manifestam

oscilações mais acentuadas.

Podemos, assim, apoiar-nos nestes dados, para reforçar a concepção que defende a

compensação quase completa do equilíbrio, aquando de lesões do aparelho vestibular. O

aumento das oscilações espontâneas do corpo com os olhos fechados, que difere dos sujeitos

sãos, poderá ser considerado como a expressão duma alteração do controlo proprioceptivo

do equilíbrio quando os dois sistemas não funcionam, em consequência das lesões do

aparelho vestibular. (Draganova et al, 1976) citado por Madeira, (1986).

De notar que são imensos os elementos que indicam que as influências vestíbulo -

espinais provocam efeitos tónicos e fásicos induzidos directamente sobre os motoneurónios

Page 100: Comportamento postural dinâmico

72

Dolores Monteiro

alfa e sobre o sistema gama. Nas oscilações verificadas, os resultados separam-se

significativamente. Nos indivíduos da amostra afectados de arreflexia vestibular verifica-

se um considerável aumento de amplitude das oscilações.

Kehaiov, A.(1976), verificou uma acentuada interdependência entre a estimulação

vestibular e a percepção visual, em estudo das influências vestibulares sobre as funções

visuais e auditivas feito em operários afectados por ruído intenso e vibrações. Assim, a

excitação vestibular aquando da estimulação calórica, provoca deformações na percepção

das diferentes cores e desencadeia situações de vertigem. O analisador vestibular excitado

exerce uma influência mais significativa sobre os objectos vermelhos e amarelos que

manifestam as maiores deformações. Os objectos visionados, com cor verde, são

moderadamente influenciados, enquanto os objectos azuis e, sobretudo violetas, são os

menos modificados.

Por outro lado, a direcção da dilatação linear dos objectos luminosos evidencia

tendências determinadas. Por exemplo, quando é estimulado o labirinto direito, o objecto

encontra-se deformado sobretudo numa direcção de 340° - 360°, no quadrante inferior

direito quando é estimulado o labirinto esquerdo, a deformação é observada sobretudo na

direcção de 240° - 300°, nos dois quadrantes inferiores. Este fenómeno pode ser explicado

através da interacção entre os canais semi-circulares e o analisador visual.

Relativamente aos efeitos vestibulares sobre o sistema auditivo, concluiu-se que a

excitação labiríntica pode provocar atrasos na percepção auditiva, bem como distorções

de intensidade sonora e da direcção da fonte emissora (Kehaiov, 1976) citado por Madeira,

(1986).

Por exemplo, na estimulação vestibular com água fria num só ouvido, Miyosh,

T.(1979) constatou, que os desvios do centro de gravidade do corpo, em indivíduos adultos,

são mais acentuados no eixo do y - sentido lateral do que no eixo do x - sentido antero -

posterior. Por outro lado, utilizando o mesmo tipo de estimulação, mas com água quente,

verificou que os desequilíbrios eram ainda mais acentuados que na situação anterior. Com

esta experiência, as oscilações atingem o máximo da sua amplitude no minuto após a

irrigação - coincidindo este momento com o nistagmo vestibular - voltando gradualmente

ao estado original .

Os exemplos referidos são demonstrativos da relevância do aparelho vestibular,

que denota duas funções inter-relacionadas – função dinâmica, que é protagonizada pelos

canais semicirculares, relacionada com o aspecto rotacional da cabeça no espaço e com o

controlo dos movimentos oculares reflexos, e uma função estática, mediada pelo utrículo

e sáculo, que constitui uma função básica no controlo da postura, relacionada com os

reflexos tónicos produzidos a este nível, que na opinião de Kelly, J. (1985),”counterbalance

the neck reflexes so that appropriate postural adjustments are made in response to changes

Page 101: Comportamento postural dinâmico

73

Revisão da Literatura

in head position to allow the nervous system to maintain global control of body posture”.

Por seu lado, Young, L. (1968) sintetiza a importância das estruturas vestibulares,

ao afirmar que o envolvimento mais significativo deste sistema, sob o ponto de vista

funcional, é dado pela participação do mesmo na manutenção e controlo do tónus muscular,

no controlo dos movimentos dos olhos e da cabeça e no controlo postural e cinético dos

membros e do tronco.

– Podale

Apesar do inter-relacionamento das estruturas osteo-mio-articulares do membro

inferior, esta entrada deve ser tomada no sentido estrito, circunscrevendo-se ao pé.

No entanto, sobre o neologismo “Entrada Podale” agrupámos todos os captores do

sistema postural situados ao nível dos pés e das pernas, a saber:

a) Captores Proprioceptivos

A via mais importante de representação das informações podais do sistema postural

é, sem dúvida, a proprioceptiva.

Estudos realizados no Homem sobre a supressão das aferências proprioceptivas,

sem suprimir as aferências exteroceptivas, nem a condução dos neurónios motores, graças

a uma esquémia prolongada das pernas e dos pés deixada durante 15 a 25 minutos e

esperando o desaparecimento dos reflexos tendinosos do sentido posição da sensibilidade

e do diapasão, constataram o aparecimento de oscilações de 1 Hertz sobre um estabilograma

antero-posterior dos registos feitos com olhos fechados (Agashyan et al, 1973).

Sobre uma plataforma de forças verticais a 1 Hertz, não se vê praticamente oscilações

corporais, mas registam-se forças de impulsos musculares exercidas pela contracção

alternada da parte anterior da perna e do trigémeo.

Sem as informações proprioceptivas vindas do captador podal, o comando motor

dos músculos das pernas oscila, ele não está jamais parado.

Logo que a compressão é efectuada ao nível dos tornozelos, a fim de suprimir as

aferências proprioceptivas que vem dos pés, mas deixando intacto a proprioceptividade

das pernas, não se constatam mais estas oscilações de 1 Hertz, mas uma incapacidade do

sistema postural de compensar as oscilações antero-posteriores de 0,3 Hz da plataforma

sobre a qual o sujeito está de pé.

No meio de todas as aferências proprioceptivas podais, susceptíveis de serem

utilizadas pelo sistema postural, o papel das aferências Golginas e Rufianas é mal conhecido,

enquanto o papel das aferências fusoriais é mais conhecido.

Durante algum tempo pensou-se que as aferências fusoriais agiam a um nível

segmentar pelo reflexo miotático e que o comando central do sistema postural intervinha

Page 102: Comportamento postural dinâmico

74

Dolores Monteiro

simplesmente para modular este reflexo segmentar ao alojamento (estiramento).

Ainda é seguramente estabelecido que, no Homem, em ortoestatismo, não há

resposta reflexa ao alongamento do músculo trigémeo, que aparece nos “atrasos” dum

reflexo segmentar 40 mil segundos caracterizando o reflexo miotático, a resposta reflexa

aparece com um atraso importante 120 mil segundos, é “reflexo funcional do estiramento”

de origem supra-espinal (Nashner, 1976).

O simples apoio ligeiro de uma mão sobre um suporte faz desaparecer o reflexo

funcional do alongamento em benefício de reflexo miotático (Elner, 1979). O reflexo

funcional do alongamento é característico do ortoestatismo sem quaisquer outras fontes

de informação.

As fibras nervosas IA e II que conduzem as aferências fusoriais fásicas e tónicas,

respectivamente, não têm a mesma sensibilidade à anoxia, e Hayashi pôde demonstrar que

o nível de actividades dos fusos neuro-musculares tónicos dos músculos das pernas comanda

o centro de gravidade do corpo, assim como o eixo antero-posterior.

Quanto mais a actividade dos fusos tónicos do trigémeo se eleva, mais a posição do

centro de gravidade do sujeito vai para trás.

A elevação do nível de actividade dos fusos fásicos é acompanhada de um aumento

de oscilações do estabilograma antero-posterior, entre 0,2 e 2 Hz que traduz verosimilmente

uma elevação da reactividade às perturbações exteriores (Hayashi, 1981).

Nas condições normais do ortoestatismo, o nível da actividade das fibras IA e II

parecem variar paralelamente, com efeito, a posição do centro de gravidade do Homem,

assim como o eixo antero-posterior estão estreitamente relacionados com a variação da

velocidade dos deslocamentos do centro de pressão dos pés (Gagey et al,.1985).

Quanto mais o centro de gravidade se projecta para trás, em relação à

perpendicularidade de equilíbrio ou verticalidade do eixo do tornozelo (aumento da

actividade das fibras II tónica), mais a variabilidade da velocidade do centro de pressão

dos pés é elevada (aumento da actividade das fibras IA fásicos verosimilmente).

É possível dissociar este paralelismo entre a actividade dos IA e II, por exemplo,

através de drogas (Lorazepam) causando uma desinibição pré-sináptica ao nível da junção

das fibras IA alfa motoneurónios (Gagey, 1986).

No decurso da maturação do sistema postural que não acaba senão por volta dos 11

anos, nota-se uma posição muito posterior do centro de gravidade nas crianças que poderá

ser considerada como um testemunho dos aferentes fusoriais dos trigémeos que é mais

intenso que no adulto.

Segundo Gurfinkel et al, (1995). a entrada de detecção do movimento passivo, no

tornozelo, em ortoestatismo, será 0,08 mais ou menos 0,04 mas não são os movimentos

angulares do eixo do corpo que são os mais relacionados com a actividade eléctrica dos

Page 103: Comportamento postural dinâmico

75

Revisão da Literatura

músculos das pernas. O excitante específico das aferências fusoriais, em ortoestatismo,

será portanto o binário da força exercida pela massa corporal oscilando à volta dos

tornozelos.

Resumindo, as aferências fusoriais tónicas e fásicas vindas do captador podal

representam uma fonte de informações muito importante para o sistema postural, sem a

qual não pode funcionar normalmente na ausência de visão. Estas aferências são moduláveis,

verosimilmente pela via dos gama motoneurónios sobre a qual intervêm diversas influências

supra espinhais e segmentares (Rosemberg et al, 1980).

b) Captores Exteroceptivos

O sistema Postural é capaz de utilizar informações exteroceptivas vindas das regiões

podais, porque logo que se aumentam as superfícies de contacto entre a pele do sujeito e

seu envolvimento trazendo ele sapatos, melhora-se as performances do seu sistema postural.

Constata-se, com efeito, uma redução da superfície dos estatoquinesigramas e uma

diminuição da amplitude das oscilações posturais nas frequências controladas pelo sistema,

entre 0 e 0,5 Hz (Gagey et al, 1985).

Logo que se modifique a superfície de contacto da planta do pé, dispondo

regularmente sobre a plataforma de pontos de referência de 2m/m de diâmetro agrupados

num suporte duro, constata-se uma redução da superfície do estatoquinesigrama que varia

em função do afastamento desses pontos de referência distantes uns dos outros 1 cm, 1,5

cm, 2 cm (Okubo, 1980).

Com efeito, sabe-se que as aferências exteroceptivas são susceptíveis de agir de

maneira não específica a um nível segmentar, elevando a actividade do encadeamento de

inter-neurónios, mas no caso preciso de experiências de Okubo podemos pôr de lado esta

hipótese, porque as estimulações plantares utilizadas não modificam a resposta reflexa de

Offaman. Haverá, portanto, uma integração supra-espinal de aferências exteroceptivas

podais na regulação da posição do sujeito em relação ao seu envolvimento.

Esta proposta não é particularmente nova, outros exemplos foram já proporcionadas

para utilização específica de informações de tocar e de pressão na orientação espacial do

Homem (Lackner & Graybiel, 1978).

– Muscular e Tendinosas

Estas aferências encontram-se englobadas num conjunto de estudos de Smetamin,

B & Alexeev, M.(1982); Nashner, L. & Cordo; Gentaz, R (1979), entre outros, que têm

posto em evidência a importância da actividade muscular na postura ortostática.

As principais saídas da manutenção do equilíbrio e orientação estão padronizadas

Page 104: Comportamento postural dinâmico

76

Dolores Monteiro

através da musculatura do corpo. Todavia seria útil analisar a estrutura do músculo, função

e coordenação do ponto de vista de controlo.

Até agora não foi possível formular um modelo generalizado que fosse válido para

qualquer tipo de músculo. O músculo é um aparelho químico-mecânico em que muitas

das suas propriedades são conhecidas, mas muitas coisas ainda se mantém desconhecidas

(Nashner, 1976).

Estudos levados a efeito por Smetanin et al (1979-B), sobre as características da

resposta muscular - imediata nas situações que perturbam a postura ortostática, confirmaram

resultados anteriores obtidos por Alexeev e Nashner, isto é, verificam que a presença de

duas ondas de actividade muscular surgem como uma reacção compensatória às condições

desequilibrantes.

Na verdade, algumas investigações consideram a primeira resposta - onda como

um reflexo de estiramento. No entanto, outros autores admitem que a sua origem é bastante

mais complexa. Neste sentido, elaboraram uma experiência na qual foram provocadas

separadamente as duas ondas de actividade M-1, utilizando um impulso breve e brusco

M-2, através de impulsos com forças progressivamente crescentes que deslocavam o centro

de gravidade do corpo. Dado a latência da M-1 ser inferior ou igual à latência da modificação

do ângulo das articulações tíbio-társica, mostram que a M-1 não pode ser um reflexo de

estiramento. Com base nos resultados alcançados defendem que a M-1 não é determinada

por aferentação muscular e/ou articular e, ao mesmo tempo, que ela depende da força do

impulso desequilibrados. Presume-se que M-1 está relacionada com a percepção táctil

inerente ao impulso exterior e com o aparelho vestibular (Madeira, 1986).

Gentaz, R et al, (1979) realizaram um estudo com adultos visando a aproximação

electromiográfica das assimetrias da postura ortostática. Os sinais eléctricos musculares

foram recolhidas através de eléctrodos bipolares de superfície, colocados ao nível dos

pontos motores dos músculos tibial anterior e gémeos, processados num integrador, em

diversas situações e depois de os indivíduos serem caracterizados através de um exame

postural prévio. No caso da rotação passiva da bacia, nos sujeitos estritamente normais, de

olhos abertos, não foram observadas diferenças significativas na actividade eléctrica dos

músculos agonistas e antagonistas. No entanto, observou-se uma diferença entre a actividade

dos músculos estudados, na situação de olhos abertos e na situação de olhos fechados.

Quando procediam a uma rotação activa da bacia, de olhos fechados, verificou-se

um aumento da actividade eléctrica dos músculos agonistas.

A nível medular, as aferências musculares e tendinosas estão na base das

regulações posturais.

Page 105: Comportamento postural dinâmico

77

Revisão da Literatura

Estas aferências têm origem nos Fusos Neuro-Musculares (situados em paralelo

com as fibras musculares) e nos órgãos tendinosos de Golgi (receptores sensíveis ao

estiramento e situados nas lâminas aponevróticas e tendões).

Fusos Neuro-Musculares:

Os fusos neuromusculares contêm um número variável de fibras interfusoriais que

podem ser de dois tipos: em saco ou em cadeia nuclear.

As fibras, em saco nuclear, possuem, na sua parte não contráctil (parte central),

terminações anulo-espirais formadas pelo enrolamento das fibras IA.

As fibras, em cadeia nuclear, possuem terminações em leque de fibras II.

As fibras tipo IA e II constituem a dupla inervação sensorial dos fusos

neuromusculares.

As fibras tipo IA, de condução rápida, são responsáveis pelo transporte de

informações sobre as alteraçôesdo comprimento do músculo e, sobretudo, sobre a velocidade

dessas alterações provenientes das fibras fusoriais em saco nuclear. Este tipo de fibras,

pelas suas conexões com o motoneurónio (alfa), faz parte integrante do reflexo miotático

e da via de retorno do anel gama.

As fibras tipo II são de condução lenta e transportam informações sobre o estado

do comprimento do músculo provenientes das fibras fusoriais em cadeia nuclear.

A inervação motora dos fusos neuromusculares é da responsabilidade dos

motoneurónios gama tónicos, para as fibras em cadeia nuclear e dos motoneurónios gama

fásicos, para as fibras em saco nuclear.

O motoneurónio gama regula o nível da actividade muscular. Assim, qualquer

estiramento passivo do músculo (por ex. acção da gravidade ) provoca uma contracção

reflexa no sentido do restabelecimento do comprimento normal. De igual modo, qualquer

encurtamento do músculo, por uma força exterior, provoca uma diminuição da actividade

reflexa tendente a recolocá-lo na sua posição inicial (Meyer e Baron, 1982).

Sabe-se que hoje os centros cerebrais superiores (córtex, cerebelo e substância

reticulada) são continuamente informados por colaterais das fibras IA e IB e têm uma

acção inibidora ou estimuladora sobre os motoneurónios gama.

Orgãos Tendinosos de Golgi:

Os receptores de Golgi são sensíveis ao grau de tensão que é exercido pelo músculo

sobre o tendão.

A sua inervação sensorial é constituída pelas fibras IB que, através das suas conexões

com os motoneurónios (alfa), realizam um arco reflexo proprioceptivo inibidor da

contracção e denominado reflexo miotático inverso.

Page 106: Comportamento postural dinâmico

78

Dolores Monteiro

Às aferências músculo-tendinosas juntam-se, a nível periférico, as aferências

articulares. Entre estas são de realçar:

- as que provêm dos receptores de Ruffini, principalmente situados na articulação

tíbio-perónio-társica e que são portadoras de informação sobre o grau de

velocidade de abertura da articulação (Meyer e Baron, 1982).

- as que provêm dos receptores articulares do pescoço que seriam as mais

importantes para a manutenção do equilíbrio, por fornecerem informação sobre

a posição do pescoço em relação ao corpo (Guyton, citado por Madeira 1986).

É inegável a participação das aferências cutâneas, principalmente as plantares, na

regulação da actividade tónico-postural. Como se viu anteriormente, elas interferem na

regulação dos reflexos de endireitamento e sustentação.

Está demonstrado que a insensibilidade da abóbada plantar, provocada por anestesia

ou por frio, ocasiona perturbações do equilíbrio e da marcha (Madeira, 1986)

Desde 1953 que, os trabalhos efectuados por Baron e colaboradores, se demons-

traram a existência duma relação directa entre as infecções dentárias crónicas e/ou os

micro-traumatismos associados às oclusões dentárias e as perturbações do equilíbrio e da

oculomotricidade.

Para Baron e Meyer (1982), esta relação deve-se à existência duma via ascendente

e outra descendente com origem nos mecanoreceptores desmodentais dos molares que

conduzem as aferências proprioceptivas trigeminais até aos núcleos centrais cerebrais dos

III, IV, VI e XI pares cranianos.

Assim, a via ascendente conduz as aferências dos molares superiores até aos núcleos

do III e IV pares cranianos, participando na regulação da tonicidade dos músculos

oculomotores.

A via descendente conduz as aferências dos molares inferiores e dos receptores

artro-músculo-tendinosos mastigadores até ao núcleo mesencefálico do trigémeo, do VI e

do XI pares cranianos, influenciando a tonicidade dos músculos oculomotores e da nuca.

2.2.2.2 – Entradas Secundárias ou Endo-entradas

Estas entradas do sistema postural possuem a característica paradoxal comum de

não ter nenhuma relação directa com o envolvimento e de serem, apesar disso, necessários

ao bom funcionamento do sistema postural que situa o indivíduo no envolvimento. O seu

funcionamento lógico é o de fornecer a posição recíproca dos captores primários, elemento

estreitamente indispensável à integração comum das aferências primárias do sistema

postural.

Page 107: Comportamento postural dinâmico

79

Revisão da Literatura

– Proprioceptiva Raquidiana

Como um captor secundário do sistema postural, a entrada raquidiana tem por

objectivo fornecer a posição recíproca dos captores Podale e cefálico.

As informações vindas das articulações coxo-femurais e gonais contribuem também

logicamente para esta informação, mas muito poucos trabalhos experimentais foram

realizados para podermos falar deles em separado.

Desde 1845, é preciso relembrar Longet (1845), que descrevia os problemas de

equilibrio provocados no animal pela secção dos músculos da cabeça, fenómeno que ficou

ainda, durante algum tempo, por compreender .

Em 1940, Thomas conheceu a integração das aferências vestibulares e cervicais: a

direcção da resposta a uma estimulação galvânica labiríntica depende da posição da cabeça

em relação ao tronco, uma estimulação do mastóide direito (pólo negativo) leva o sujeito

para a frente, se a sua cabeça for rodada num ângulo de 90°, para a direita ou para trás, se

a sua cabeça for virada para a esquerda.

Numerosos posturologistas como Nashner, Baron e Hlavaka, respectivamente em

1973, 1975 e 1985 não fazem mais do que reescrever este fenómeno sobre as suas

plataformas, mas, Lund et al, (1983) mostraram que esta propriedade não era específica

do nervo raquidiano cervical, mas sim da posição da cabeça, é a posição da cabeça e a sua

relação com os pés que pode ser integrada nas aferências vestibulares, faça ou não a rotação

do nervo raquidiano cervical.

Sabemos que depois dos trabalhos de Richmond et al, (1979), as aferências

proprioceptivas da nuca são de origem essencialmente fusorial e que a vibração dos

músculos da nuca provoca uma resposta postural não registável sobre a plataforma

– Oculomotora

Algumas experiências de estabilometria experimental sublevaram o problema da

participação das aferências oculomotoras às entradas do sistema postural.

Baron et al, (1973), colocaram em evidência o movimento controlo lateral e o eixo

do corpo, seguido de uma solicitação ocular.

Tokumasu et al, (1980), descreveram o deslocamento do eixo corporal do lado

da sacada ocular. E que os movimentos voluntários dos olhos, na ausência da visão,

provocavam um deslocamento contralateral do eixo corporal.

Estes trabalhos não permitem distinguir a parte recíproca possível das aferências

proprioceptivas oculomotoras e da cópia eferente oculomotora.

A partir dos trabalhos de Meyer, (1982), pode aceitar-se que as aferências

oculomotoras proprioceptivas participam nas entradas do sistema postural. Com efeito, o

autor descreveu os fenómenos oculomotores e posturais (perturbações do reflexo de

Page 108: Comportamento postural dinâmico

80

Dolores Monteiro

convergência tónica, redução das superfícies dos estatoquinesigramas) que aparecem sobre

o efeito de uma anestesia ou de uma estimulação dos nervos dentários .

Estes fenómenos difíceis de explicar e confirmar supõem necessariamente uma

mistura de informações dentárias, as informações oculomotoras donde se ignora o local.

Sabe-se somente que as aferências proprioceptivas oculomotoras tomam a via do trigémeo

como as aferências dentárias para ganhar o tronco cerebral (Batini et al, 1974).

Recentemente, Roll Roll, (1985), demonstrou que a vibração dos músculos

oculomotores provocava um movimento do eixo corporal, assim sendo, fica assegurado o

papel postural das aferências fusoriais das aferências oculomotoras.

A entrada oculomotora desempenha funções especializadas e essenciais à perfeita

e normal regulação do sistema postural no Homem. Deste modo, o sistema oculomotor,

pelo tipo de movimentos que induz nos globos oculares, permite ao indivíduo a fixação do

olhar no alvo, contribuindo assim para estabilização visual da sua postura. Este sistema,

como não possui relação directa com o exterior, é influenciado por vários centros

subcorticais e corticais na sua função estabilizadora que é caracterizada pela ocorrência de

vários reflexos oculares que tornam possível a transmissão da informação visual aos centros

de regulação postural.

Nesta perspectiva, os movimentos dos olhos são controlados por três pares de

músculos antagonistas: os rectos médio e lateral responsáveis pelos movimentos na

horizontal, e os oblíquos superior e inferior e rectos superior e inferior, responsáveis pelos

movimentos na vertical. A sua inervação recíproca é feita por três pares de nervos cranianos:

o oblíquo superior é enervado contra-lateralmente pelo IV par craniano, o recto lateral

homo-lateralmente pelo VI par craniano, e os restantes músculos, homo-lateralmente pelo

III par craniano. O complexo de neurónios motores que origina os 3 nervos oculomotores,

chama-se núcleo oculomotor. Estes motoneurónios Mn oculomotores têm índices de

descarga muito superiores aos Mn espinais (100-600 impulsos/Seg. contra 50-100 impulsos/

Seg.), e têm um limiar de descarga fixo próprio de cada Mn. A tensão muscular é

desenvolvida por recrutamento de Mn de diferentes limiares ou pela aceleração do índice

de descarga de cada Mn.

Os sinais nervosos que coordenam o núcleo oculomotor, entre si, e este com o

sistema vestibular são transportados, em parte, no feixe longitudinal mediano que enerva

os núcleos motores oculares dos III, IV, VI pares cranianos. Parte deste feixe distribui-se

homolateralmente e provém do núcleo vestibular superior, e a outra parte, provindo dos

núcleos vestibulares mediano e inferior, toma o feixe vestibulo-mesencefálico e projecta-

se, contralateralmente, nos núcleos motores do III e IV pares cranianos.

Embora o ser humano detecte objectos ao longo de um ângulo visual de cerca de

Page 109: Comportamento postural dinâmico

81

Revisão da Literatura

200º, a sua acuidade visual reside numa região central da retina com cerca de 5º, chamada

a Fóvea. Uma das principais funções do sistema oculomotor é manter as imagens centradas

na Fóvea conservando-as aí através de cinco movimentos de controlo neural, partilhando

cada um a mesma via efectora - os motoneurónios do núcleo oculomotor no tronco cerebral,

que a seguir se referem:

1º - O Movimento sacádico do olho é responsável por dirigir rapidamente a fóvea

para os objectivos de interesse no espaço visual. Este sistema gera um movimento

conjugado balístico dos olhos chamado sacada, o qual traz a fóvea para o objectivo.

As sacadas são extremamente rápidas ocorrendo numa fracção de segundo, até à

velocidade de 600 a 700º/seg. Há uma vantagem distinta nesta velocidade, uma

vez que a visão fica nítida durante o movimento do olho.

Um movimento sacádico do olho é chamado balístico porque uma vez

iniciado é extremamente difícil corrigi-lo no deslocamento. Há um atraso de cerca

de 0,2 seg. entre a percepção do alvo e o início da sacada. A seguir a este período

latente, leva cerca de 0,05 seg. para se completar o movimento. Uma vez iniciado

o processo sacádico, o sistema é incapaz de repetir outra sacada durante os 0,2 seg.

próximos, independentemente do comportamento do alvo. Por exemplo, se um

alvo se move durante aquela fracção de segundos, enquanto o olho executa uma

sacada, a fóvea acabará sempre no local onde o alvo estava inicialmente.

A natureza balística da sacada parece ser alterável apenas por um input

vestibular simultâneo, tal como ocorre quando a cabeça se movimenta durante

uma sacada (Kandel e Schwartz, 1985).

Apesar da sua natureza balística, as sacadas podem estar sob controlo de

feedback contínuo. A velocidade dos movimentos sacádicos, nos macacos, são

duplamente mais rápidos do que nos humanos. O sistema do movimento sacádico

do olho depende tanto da posição retinal como da posição do olho.

O movimento requer que a retina primeiro localize o alvo, no espaço visual

(posição retinal); o movimento também depende da posição inicial dos olhos na

órbita, quando o objecto é percepcionado (posição do olho). Tanto a posição retinal

como a posição do olho são levadas em consideração antes de se iniciar uma ordem

para uma sacada. O cérebro deve continuamente monitorar a posição do olho, na

órbita, de forma a que possa aplicar uma ordem apropriada para uma sacada. Esta

ordem inclui seguidamente informação acerca da amplitude e da direcção da sacada.

A direcção da sacada é codificada durante a excitação do grupo apropriado de

neurónios motores e a sua amplitude é codificada pela duração (do comprimento

de onda da descarga). As sacadas também estão sob controlo voluntário e podem

Page 110: Comportamento postural dinâmico

82

Dolores Monteiro

ser feitas às escuras e com os olhos fechados. Parte do centro de controlo parece

estar localizado no córtex cerebral, o qual envia sinais para o tronco cerebral onde

se pensa iniciarem as sacadas, embora ainda não tenha sido provado

experimentalmente. As sacadas para a esquerda são iniciadas no hemisfério cerebral

à direita e as para a direita no hemisfério esquerdo. É possível induzir um movimento

do olho conjugado ao estimular o córtex frontal (Mays e Sparks, 1980) citados por

Kandel e Schwartz (1985).

2º - O Movimento de perseguição lenta está relacionado com o conservar o alvo na

fóvea uma vez determinado o alvo. Este sistema opera para movimentos

estacionários e que se movem usando diferentes processos para cada tipo de

objectivo. Assim, se os olhos, como o objectivo, estão parados, a fixação (foviação)

pode ser mantida por um esforço consciente, presumivelmente ao suprimir qualquer

sacada consciente.

Contudo, durante a fixação do alvo, há pequenos movimentos contínuos

inconscientes dos olhos caracterizados por impulsos lentos e por chicotadas rápidas.

Os impulsos movem a fóvea para fora do alvo de interesse e as chicotadas são

pequenas sacadas que fazem regressar a fóvea para o alvo, depois de um impulso

de afastamento do mesmo.

Devido às chicotadas não é, pois, possível uma perda do alvo. Os impulsos

parecem ser essenciais à visão contínua (Yarbus, 1967) citado por Kandel e

Schwartz(1985).

Se um alvo se move e se o indivíduo se mantém em posição ortostática, os

olhos perseguem a imagem de forma a que esta se mantenha continuamente na

fóvea. Para que este movimento de perseguição ocorra, o cérebro deve calcular a

direcção e a velocidade da imagem na retina. Estas operações parecem ser efectuadas

sob o controlo do córtex occipital, onde ocorre a percepção da forma. O sistema de

perseguição lenta pode operar com apenas um alvo na retina, não operando no

entanto no escuro.

3º - O Movimento vestibular do olho ou reflexo vestíbulo-oculomotor tem a ver

com a estabilização do olho, em relação às modificações de posição da cabeça.

Se a posição da cabeça é alterada, este sistema reflexo conserva o olho na

mesma direcção, tal como o fez antes do movimento.

O sinal que inicia este reflexo não surge dentro do sistema visual, mas sim

no labirinto membranoso do ouvido interno que detecta o movimento da cabeça,

ao longo dos três eixos espaciais.

Cada um dos três canais semicirculares apercebe-se da aceleração angular

Page 111: Comportamento postural dinâmico

83

Revisão da Literatura

da cabeça em torno de um eixo diferente e transmite sinais correspondentes aos

neurónios no núcleo vestibular.

Uma aceleração mais elevada, por exemplo maiores velocidades da cabeça,

produz uma taxa de descarga maior ao longo dos nervos que enervam qualquer

canal.

Devido à viscosidade do fluido que envolve as células capilares, nos canais

semicirculares, estas taxas de descarga são proporcionais à velocidade da cabeça,

não à aceleração, para a maior parte dos movimentos normais da cabeça.

Os neurónios do núcleo vestibular avaliam a mudança da posição da cabeça,

ao integrar a informação acerca da velocidade que vem de cada canal e um sinal de

correcção adequado é enviado ao núcleo oculomotor, para estabilização dos olhos.

No fim de uma breve aceleração, estes sinais persistem, porque a velocidade

é constante.

À medida que a aceleração vem para o zero, os sinais de velocidade

desaparecem em 10 a 20 seg, mas isto é muito mais longo do que a duração da

maior parte dos movimentos da cabeça. Assim, quando a cabeça se movimenta a

informação acerca da velocidade e a duração do movimento são sempre capazes

de impossibilitar o cérebro de determinar a posição da cabeça e, consequentemente,

de iniciar movimentos compensatórios apropriados do olho.

A amplificação do reflexo vestíbulo-oculomotor pode ser alterada por

mudanças ambientais: mudanças na relação entre a mão e o olho ou movimentos

retinais correspondentes ou que revelam plasticidade no circuito sináptico do sistema

oculomotor.

O reflexo vestíbulo-oculomotor pode ser testado por irrigação suave do

canal auditivo externo com água morna a 42º - 47º, ou fria a 20º. Um gradiente

termal é estabelecido através do canal que induz o fluir da endolinfa numa direcção

ou noutra e assim influencia a cúpula. Este procedimento simula o movimento da

cabeça, o qual na volta produz movimentos do olho compensatórios, através do

sistema vestibular, conforme veremos.

Os núcleos vestibulares medial e superior recebem o input, principalmente,

das ampolas dos canais semicirculares. O núcleo vestibular medial inicia a via

vestíbulo-espinal medial que termina na região cervical da medula. Os axónios,

nesta via, fazem conexões monossinápticas com neurónios motores que enervam

os músculos do pescoço. Esta via participa no controlo reflexo dos movimentos do

pescoço de forma a que a posição da cabeça possa ser mantida com precisão e

correlacionada com os movimentos dos olhos.

Page 112: Comportamento postural dinâmico

84

Dolores Monteiro

As células, em ambos os núcleos, medial e superior, participam nos reflexos

vestíbulo-oculomotor e enviam os seus axónios para o fascículo longitudinal medial,

numa via que corre para as partes rostrais do tronco cerebral, mesmo abaixo da

linha média do 4º ventrículo.

A função dos núcleos vestíbulo-mediais e superiores pode ser ilustrada ao

verificar um arco reflexo elementar vestíbulo-oculomotor. Se a cabeça é inclinada

para um dos lados, os olhos rodam na direcção oposta e isto ajuda a manter o

campo visual no plano horizontal. As vias precisas centrais, que fazem a mediação

deste reflexo, não foram estudadas completamente mas são dependentes do input

tónico do utrículo. Para compreender os reflexos vestíbulo-oculomotores, que são

mediados por inputs dos canais semicirculares, fizeram-se experiências com uma

pessoa sentada num banco rotativo. Ao rodar para a esquerda em torno do eixo

vertical, quando a aceleração se inicia, os olhos fazem um desvio conjugado para

a direita numa direcção oposta à direcção da cabeça, com a, tendência de conservar

os olhos fixos num único ponto no espaço. Os olhos não ficam nesta posição.

Quando atingirem o limite do seu movimento, movimentam-se rapidamente para

a esquerda na direcção da aceleração angular. A estes movimentos lentos e rápidos

dá-se o nome de fases lentas e rápidas do nistagmo vestibular.

É de notar que a fase rápida do nistagmo é na direcção da aceleração.

Quando o movimento para a esquerda pára abruptamente, é equivalente à

produção de uma aceleração rápida para a direita, devido à inércia do fluido nos

canais semicirculares horizontais.

Agora os olhos executam movimentos lentos repetidos para a esquerda,

acompanhados de movimentos de retorno rápidos para a direita, até que o estímulo

vestibular normalize. Este nistagmo postrotatory é usado clinicamente para avaliar

o estado funcional do sistema vestibular. À medida que a cabeça acelera para a

esquerda, há uma excitação das fibras nervosas que enervam a ampola do canal

horizontal do lado esquerdo. Este aumento, na actividade, é originado através de

várias mudanças sinápticas e conduz à contracção dos músculos que viram ambos

os olhos para direita.

Ao mesmo tempo, a actividade das fibras nervosas, que enervam a crista do

canal horizontal à direita, diminui e isto causa o relaxar dos músculos antagonistas.

Estes efeitos coordenados são conseguidos, por grupos específicos de conexões,

entre os núcleos vestibulares mediais e superiores e os núcleos motores dos músculos

extra-oculares.

Para os movimentos em zonas planas não horizontais os outros canais

trabalham juntos, aos pares, tal como o fazem os canais horizontais.

Page 113: Comportamento postural dinâmico

85

Revisão da Literatura

A regulação coordenada característica do reflexo vestíbulo-oculomotor foi

examinada experimentalmente nos anos 50, por Szentagothai (s.d) citado por Kandel

e Schwartz (1985). Ele selou uma cânula no canal horizontal semicircular esquerdo,

dum animal “experimental”, e empurrou e puxou, alternadamente a endolinfa

enquanto registavam a tensão em cada músculo extra-ocular. Quando a endolinfa

era empurrada simulando um movimento rotativo para a esquerda, o recto lateral

do olho direito contraía-se, enquanto que o recto lateral do olho esquerdo e o recto

medial do olho direito mostravam uma tensão reduzida.

O controlo voluntário do movimento dos olhos é independente do sistema

vestibular. As regiões mais importantes do córtex cerebral envolvidas nos

movimentos voluntários dos olhos são os campos oculares frontais localizados

nos lóbus frontais.

Quando os campos oculares frontais não são estimulados electricamente,

num dos lados do cérebro há um desvio conjugado do cérebro para o lado oposto.

Lesões nos lóbulus frontais tornam as pessoas incapazes de fazer movimentos

voluntários dos olhos para o lado oposto à lesão; outros movimentos reflexos dos

olhos, que são mediados pelo sistema vestibular, permanecem intactos.

4º - O Movimento óptico-cinético está especialmente desenvolvido em pássaros,

embora também ocorra em animais com visão. Este reflexo estabiliza as imagens

na retina, durante os movimentos da cabeça, ao fim de 0,5 Seg. Quando o movimento

unidireccional da cabeça é prolongado durante 20 a 30 Seg., o reflexo vestíbulo-

oculomotor adapta-se, não podendo provocar movimentos compensatórios. O

reflexo óptico-cinético surge. Este reflexo usa um sinal retinal contínuo, em vez

de sinal fásico do labirinto, por forma a sentir o movimento da cabeça. Para

conservar a imagem localizada na retina, o olho, automaticamente, começa a

perseguir o alvo, à medida que a cabeça se movimenta. Esta perseguição conserva

a velocidade relativa da imagem retinal ao nível zero; ou seja, conserva a velocidade

do olho igual e oposta à velocidade da cabeça. Quando o objecto que está a ser

perseguido se movimenta para fora do campo visual, o olho começa uma sacada

rápida em direcção ao alvo a perseguir, acompanhando-o.

Este reflexo pode ser induzido ao colocar um sujeito dentro de um cilindro

rotativo com riscas envolventes.

O cilindro rotativo provocará um movimento oscilatório ritmado dos olhos

chamado nistagmo optocinético dos olhos, o qual tem uma fase lenta, quando a

cabeça se inclina para a frente e uma fase rápida, quando a cabeça cai para trás,

para uma posição erecta. Os olhos, imediatamente, iniciam a perseguição de uma

tira (risca) do cilindro (a fase lenta), até que se torne impossível fazer isso sem

Page 114: Comportamento postural dinâmico

86

Dolores Monteiro

girar a cabeça ou o corpo. Antes que isto ocorra, os olhos, rapidamente, fazem uma

sacada na direcção oposta à do movimento do cilindro, de forma a permitir a fixação

de uma nova tira (fase rápida). Isto gera um comboio ritmado de movimentos dos

olhos.

5º - O Sistema de movimentos vergentes. Os sistemas descritos anteriormente geram

movimentos conjugados dos olhos, mas quando os olhos vêem um objecto a

aproximar-se ou afastar-se, cada olho movimenta-se de diferente forma

(disjuntivamente) para conservar a imagem do objecto alinhada, precisamente, em

ambas as fóveas. Se o objecto se aproxima, os olhos devem convergir, se se afasta,

devem divergir. Esta operação denomina-se sistema de vergência.

O sistema de vergência trabalha juntamente com os sistemas de controlo de

pupila e lente no chamado reflexo de acomodação. O centro de controlo para a

vergência parece localizar-se no córtex occipital.

Em conclusão: O sistema oculomotor é outro exemplo do design modular do cérebro.

Grupos específicos de neurónios desempenham operações específicas: alguns analisam a

velocidade da cabeça, outros a velocidade do olho no espaço; alguns grupos de neurónios

analisam as diferenças entre os dois e ainda outros enviam estas variáveis para alvos retinais.

Embora cada operação seja desempenhada por grupos separados de células, a maior parte

dos módulos influenciam e controlam as análises feitas pelos outros através de interacções

sinápticas. Muitos módulos também partilham de circuitos de análise e todos partilham a

via comum final do sistema, o receptáculo dos neurónios oculomotores.

2.2.2.3 – Entradas Inespecíficas

– Estudos Aplicados

Madeira, F. (1986), perspectivando ainda a lógica de estudos neurofisiológicos,

chama a atenção para a existência de outros trabalhos sob o ponto de vista comportamental

da actividade postural, quase todos eles focando a influência dos níveis de vigilância nesta

actividade, tendo sido utilizados vários métodos para a sua determinação como – o

electroencefalograma, o ritmo cardíaco, a pressão arterial, e a resistência palmar.

Relativamente ao modo evolutivo da actividade cortical e subcortical cerebral,

durante o sono, foi demonstrado que a actividade neuronal se encontra diminuída durante

a fase de ondas lentas mas aumentando a fase paradoxal, chega mesmo a ultrapassar o

estado de vigília, conforme nos descreve Melo, F (1988).

Também na análise qualitativa e quantitativa dos diversos parâmetros do

Page 115: Comportamento postural dinâmico

87

Revisão da Literatura

estatoquinesigrama - tais como a amplitude, a frequência e o perfil visual – se possibilita

que se elabore um modelo de diagnóstico de certas patologias. Podemos fundamentar tais

propósitos nos dois aspectos de frequência que o estatoquinesigrama revela e aos quais

atribuem uma significação funcional e postural: a banda lenta entre 0,2 e 0,5 Hz, e as

bandas mais rápidas até 2 Hz aproximadamente. Assim, a banda lenta relaciona-se com a

frequência de ressonância do corpo sobre o controlo do aparelho vestibular, sendo o sistema

visual um amortizador desse movimento. Os movimentos lentos aparecem no

estatoquinesigrama com a eliminação do controlo visual.

Para autores com experiência acentuada na matéria e fundamentalmente em clínica

neurológica é-lhes permitido, através dos registos estatoquinesigráficos, diferenciar certas

patologias, nomeadamente entre afecções periféricas - proprioceptivas - e afecções centrais,

entre afecções vestibulares e cerebelosas, uma vez que para cada uma correspondem valores

e projecções específicas.

No diagnóstico diferencial, em neurologia, um outro aspecto é tido em consideração,

por um lado, o tempo de latência entre as estimulações óptica e as reacções posturais, e

entre as estimulações vestibulares - galvânicas - e as reacções posturais por outro. O tempo

expresso é sensivelmente o mesmo para as duas situações, variando entre os 400-600ms.

O estabelecimento da correlação cruzada entre os movimentos é outro contributo importante,

em virtude de aparecerem amplitudes e frequências nos dois vectores, com características

próprias de anomalias já conhecidas.

Concretamente, é possível distinguir qualitativa e quantitativamente os sinais de

Romberg positivos - doenças com desordens proprioceptivas, em função da amplitude, da

frequência e da direcção das oscilações corporais (Njiokiktjien et al, 1976).

Watanabe et al (1980-A), citados por Madeira (1986), fazem alusão à significação

da análise do espectro de potência e velocidade nos reflexos posturais e nos

disfuncionamentos do equilíbrio. Referem que o método encontrado para análise das

alterações do equilíbrio, baseado nos índices de flutuação dos deslocamentos do corpo em

valor matemático, tem contribuído para o diagnóstico das localizações das perturbações e

a classificação das doenças.

Estudos comparativos entre sujeitos sãos e pacientes com degenerescência espino-

cerebolosa, com idades semelhantes, a partir da posição de Romberg - com olhos abertos

e fechados - concluíram:

- os movimentos do corpo nas duas amostras, quer no eixo dos X, quer no

eixo do Y, ou ainda no módulo XY, são sempre menores com os olhos abertos;

- nos sujeitos sãos os movimentos do corpo que revelam maior amplitude e

frequência verificam-se no eixo do Y;

Page 116: Comportamento postural dinâmico

88

Dolores Monteiro

- nos sujeitos doentes a preferência pelo eixo do Y também se verifica, embora

se tivessem observado maior intensidade nas respectivas oscilações (Sugano

e Tominaga , 1979-A).

Vários autores estão de acordo com a tendência para uma maior acentuação dos

deslocamentos corporais no sentido lateral - eixo do Y.

O grande interesse revelado pela posturologia, no campo da patologia infantil, tem

sido demonstrado na sua utilização como método de classificação e diagnóstico.

Observações feitas por Tsukimura, através da posturografia, permitiram-lhe avaliar

quantitativamente as possibilidades da posição bípede. Assim, as superfícies dos

deslocamentos são mais pequenas no grupo de doentes em sistema ambulatório

relativamente aos doentes internados, incapazes de andarem (Tsukimura, 1976).

O uso regular de sapatos altos ou de “salto alto” pode ser a origem de diversas

perturbações fisiológicas - articulares, cutâneas, neuromusculares, com repercussões não

só ao nível do pé mas igualmente a todos os planos da cadeia músculo-articular. Peruchon

(1981) estudou as variações das acções estabilizadas do sistema da equilíbrio bípede quando

o apoio do calcanhar é colocado a diferentes alturas; essa altura é medida pelo ângulo das

articulações metatarso - falangianas. Estes estudos permitiram concluir da possibilidade

de definir uma altura média crítica do “tacão”, para além da qual as acções estabilizadoras

se tornam muito importantes. A esta altura crítica corresponde um ângulo crítico das

articulações metatarsianas que se situa nos 30°. Assim, pela posturografia, é possível

determinar a medida do ângulo crítico para um determinado indivíduo, e consequentemente

a altura crítica do “tacão” acima da qual será necessário exercer acções reguladoras, correndo

o risco de se tornarem excessivas e originar perturbações fisiológicas várias (Peruchon et

al, 1981).

Diversas áreas do conhecimento, designadamente na neurologia, na clínica e na

ortopedia, têm utilizado a posturografia na avaliação e na valorização da capacidade de

trabalho. Assim, alguns autores têm ensaiado e aperfeiçoado a aplicação das técnicas

posturográficas no diagnóstico diferencial (Dantin et al, 1978).

Os mesmos autores, num estudo envolvendo condutores profissionais de automóveis,

concluíram que existe uma relação significativa entre as anomalias de EEG - SKG e o

número de acidentes registados. Entre aqueles que tiveram um maior número de movimentos

excessivamente rápidos no S.K.G. predominam os indivíduos implicados em acidentes de

viação.

Dantin (1980) verificou que num grupo de 30 condutores de táxi, acidentados,

havia uma coincidência entre os movimentos rápidos do S.K.G., e os acidentes atribuídos

a uma velocidade excessiva ou imprópria.

Page 117: Comportamento postural dinâmico

89

Revisão da Literatura

Baron (1971) citado por Madeira (1986) verificou, em sujeitos submetidos a tracções

mecânicas antero-posteriores, que a regulação postural se efectuava com um melhor

rendimento nos desportistas treinados, relativamente aos sujeitos “normais” não

desportistas.

Os mesmos autores, analisando um ginasta de alta competição em posição

ortostática, de olhos fechados, a quem foi pedido que imaginasse a execução de um

movimento da sua especialidade, verificou que o respectivo S.K.G. apresentava um aumento

na frequência dos movimentos e uma alteração na direcção dos mesmos. Constatou,

também, que as variações na orientação dum estímulo luminoso induzem alterações de

ritmo; uma barra vertical aumenta a frequência dos movimentos antero-posteriores; uma

barra horizontal aumenta a frequência dos movimentos laterais.

Segundo Meyer e Baron (1982), os desportistas de alto nível apresentam os

estatoquinesigramas mais pequenos, uma vez que possuem uma actividade tónico-postural

beneficiada por uma educação exercida sobre o esquema corporal. No exemplo citado

refere que o S.K.G. dum membro da equipa francesa de tiro de carabina apresentava uma

superfície de 6 mm2, enquanto a média dos sujeitos utilizados nos seus trabalhos - estudantes

jovens e de boa saúde - era de 19,2 mm2.

Para os mesmos autores, fisiologicamente o estatoquinesigrama localiza-se,

geralmente, para trás e para a direita. Esta localização lateral está relacionada com o olho

director da verticalidade, integrando a vertical do lugar e que, em geral, é o olho esquerdo.

Este fenómeno difere do olho dominante e nada tem a ver com o fenómeno da lateralização.

Baron, em estudo conduzido em 1976, sujeitos “normais”, em posição ortostática e

repetindo três vezes o exame nas mesmas condições experimentais, apontava para resultados

idênticos. Efectivamente, 93% das mulheres e 64% dos homens estudados apresentam um

estatoquinesigrama localizado para trás e para direita (Baron et al 1976), citado por Ma-

deira (1986).

Fisiologicamente a frequência dos deslocamentos varia entre 0,3 e 1,00 Hz.

Acrescenta que em medicina desportiva é possível prever o funcionamento de certos

sistemas; labiríntico - 0,3 Hz e proprioceptivo - 1,00 Hz. Daí a importância de poder

encarar as diferentes actividades desportivas, as mais vulgarmente praticadas, sob a forma

de actividade de predominância estática, com aceleração angular ou linear, à velocidade

constante ou variável; a marcha dos dois sistemas interpenetram-se para as inibirem ou

facilitarem.

De forma caricatural, o sistema proprioceptivo, mais recente, na realização da

actividade tónico-postural, capaz de educação e de aquisição, afinaria o gesto e actuaria

sobre os músculos flexores - extensores; o sistema vestibular, arcaico, derradeiro sistema

de salvaguarda do equilíbrio, dependente de características inatas, cujo funcionamento

Page 118: Comportamento postural dinâmico

90

Dolores Monteiro

ressurge em casos de urgência, seria inibido em permanência pelo sistema proprioceptivo

e actuaria sobre os músculos abdutores-adutores.

Admite-se que o reforço da função inibidora do sistema recente sobre o arcaico,

seja obtido pelo treino das adaptações posturais (Baron et al, 1982).

– Outras incidências

Ao níve de interferência das aferências plantares, na regulação do equilíbrio, Okubo

et al (1980) realizou o seguinte estudo em indivíduos dp sexo masculino: colocou debaixo

dos pés dos indivíduos da experiência uma ou duas placas de espuma de borracha, e verificou

uma redução na eficácia do comportamento postural. Uma vez que este estudo apenas

considerou os movimentos no sentido lateral, verificaram que neste vector havia uma

tendência para o lado direito.

Para o mesmo autor, em investigação levada a efeito sobre a função dos receptores

plantares no controlo dos deslocamentos do centro de gravidade, estimulando os

mecanoreceptores plantares - berlindes em diferentes distâncias - em indivíduos de 16

anos de idade, saudáveis, do sexo masculino, conclui-se que a superfície, o comprimento

e a velocidade dos deslocamentos oscilavam em função do tipo de estimulação. Pensa-se

que as informações dos mecanoreceptores plantares se exprimem mais ao nível dos centros

superiores que ao nível medular Okubo et al (1980).

Poucos elementos científicos foram, até hoje produzidos que visam um aspecto

comportamental da postura. Todos os trabalhos produzidos são dedicados à abordagem

das variações da postura em função de vigilância.

Os efeitos exercidos pelos níveis de vigilância, na regulação da actividade postural,

têm sido objecto de várias investigações. Desta forma, investigadores demonstram uma

certa unanimidade, uma vez que consideram que os níveis de vigilância interferem com a

delicadeza dos finos ajustamentos posturais. Assim, Madeira (1986), citando Baron(1971),

verificou que pela aplicação de provas farmacológicas actuando sobre certas estruturas da

substância reticulada: aos casos de elevação do nível de vigilância corresponde uma

diminuição da amplitude dos movimentos laterais e antero-posteriores; aos casos de

abaixamento do nível de vigilância corresponde um aumento da amplitude dos movimentos

laterais e antero-posteriores.

Num estudo efectuado com a população infantil - criança do sexo feminino entre

os 5 e 11 anos, “normais” e amblíopes, Berthelot (1973) observou as repercussões da

alteração dos níveis de vigilância sobre a postura. As crianças foram submetidas a prova

de solicitação mental, e verificou que nas crianças “normais”, em todas as idades

consideradas, não se constata nenhuma diferença significativa nas superfícies, relativamente

à prova testemunho. Na frequência dos deslocamentos, verificou-se, em todas as idades,

Page 119: Comportamento postural dinâmico

91

Revisão da Literatura

um aumento significativo do número de movimentos finos de ajustamento, que se

orientavam no sentido antero-posterior quando da realização da prova, em comparação

com o teste testemunho.

Assim, a actividade tónico postural era mais intensa em comparação com o SKG

testemunho. Em estudo cronológico mostra-se uma diferença significativa dos

deslocamentos entre os 5 e os 7 anos, produzindo-se o aumento mais acentuado aos 7

anos, permanecendo em seguida inalterável.

Nas crianças amblíopes, a diferença verificada em termos de superfície produzia-

se aos 5 anos, e nos deslocamentos aos 5 e aos 11 anos. Relativamente aos deslocamentos,

o comportamento era significativamente diferente do das crianças “normais”. A partir dos

7 anos, os deslocamentos orientavam-se, em quase todos os elementos, para trás Berthelot

(1973).

Sugawara e Isik (1980) procederam a uma experiência com uma amostra de cinco

bombeiros de boa saúde, com uma média de idade de 20 anos. O estudo consistiu em

analisar o processo de restabelecimento da função de equilíbrio, imediatamente a seguir

ao acordar noas diferentes fases do sono. Os resultados foram recolhidos por inter-

médio de um estatoquinesímetro e por um tratado poligráfico compreendendo um

electroencefalograma. A análise dos resultados levam-nos a concluir o seguinte:

- As variações da projecção do centro de gravidade corporal são tanto maiores

quanto mais baixo for o nível de vigilância do indivíduo (o nível mais baixo

corresponde ao despertar do estado de sono). É necessário mais tempo nesta fase

para a estabilização do equilíbrio corporal;

- Durante esta fase, o electroencefalograma apresenta um traçado de vigília típico

observando-se, no entanto, alguns artefactos relacionados com os deslocamentos

do corpo durante a experiência;

- Não existe diferença entre a superfície estatoquinesimétrica encontrada quer no

despertar do estado I quer durante o estado de vigília;

- Também não se encontram diferenças quanto à superfície obtida, entre o estado

de vigília e o despertar do estado de sono paradoxal.

Destes resultados, o autor conclui que quanto mais profundo é o estado de sono de

um indivíduo mais retardado é o restabelecimento do equilíbrio corporal, devido ao facto

de, durante o despertar, o nível de vigilância ser ainda muito baixo e os mecanismos de

controlo do equilíbrio, relativos ao sistema vestibular necessitarem de mais tempo para

uma correcta coordenação com a formação reticular mesencefálica.

Page 120: Comportamento postural dinâmico

92

Dolores Monteiro

Okuma, (1966) citado por Sugawara e Isik (1980), mediu o tempo de reacção que

demorava um indivíduo a premir um botão situado ao seu lado, depois de despertar. Conclui

que quanto mais profundo era o estado de sono de um indivíduo maior era o tempo de

reacção observado, querendo isto significar que o equilíbrio varia em função dos níveis de

vigilância.

Sugawara e Isik (1980), citando outros trabalhos de Okuma (1966), concluíram

que a coordenação dos reflexos espinais, controlados pelo sistema nervoso central, necessita

de um tempo aproximado de 2 a 4 segundos, quando o nível de vigilância é baixo.

Meyer e Baron (1982) referem uma investigação relativa ao estudo da postura de

atiradores de alto nível de prestação após a ingestão de álcool. O álcool colocava fora do

circuito o controlo das grandes oscilações do corpo e a correcção espaço-temporal, no

momento do exercício de tiro, o que originava obviamente um abaixamento na precisão

performances. No mesmo trabalho, verificaram que os atiradores com carabina foram

mais afectados que os atiradores com pistola. A diferença verificada é atribuída, por um

lado, ao peso da arma - 5 a 8 kg para os carabineiros contra 1,5 kg para os pistoleiros - e

por outro, às diferenças morfológicas e psicológicas dos dois tipos de atiradores.

Em estudo realizado sobre a estabilização da postura vertical, durante o stress

emocional, numa amostragem heterogénea - 153 atletas de alto nível, testados antes e

depois da prestação em competição e em treino; 200 estudantes, testados antes e depois

dos exames e das aulas; e um grupo de controlo, testado em situações comuns e isentos de

emocionalidade - concluíram:

- A avaliação quantitativa das oscilações do corpo, durante a estabilização da postura

vertical ,permitiu revelar a dependência deste parâmetro em relação com certos

estados emocionais.

- A não homogeneidade na estabilização da postura vertical no aparecimento em

situações de stress sob a influência de estados emocionais.

- Alguns dos testados demonstravam uma deterioração da actividade posturo-

motora, enquanto outros revelaram uma melhoria em comparação com os índices

do grupo de controlo.

- As particularidades da profissão, a tipologia e outras actividades são de grande

importância para a determinação da influência do stress emocional, na

estabilização da postura vertical (Strelets et al, 1979).

Os autores reconhecem que para uma conclusão mais definitiva sobre estes trabalhos,

são necessárias investigações adicionais.

Berthelot. (1973) afirmou que a elevação do nível de vigilância, por uma participação

Page 121: Comportamento postural dinâmico

93

Revisão da Literatura

mais ou menos activa do córtex, parece aumentar a subtileza dos ajustamentos posturais, a

emotividade, por seu lado, tende a perturbá-la .

Resumindo:

O estudo agora apresentado, sobre as aferências sensoriais, permite-nos

expressar que apesar do estreito relacionamento entre o sistema sensorial e o sistema

motor, é possível a execução de movimentos sem as aferências e as retroalimentações

sensitivas, o que significa a existência de programas motores no Sistema Nervoso

Central que operam sem este tipo de informações, tal como foi demonstrado em

experiências conduzidas, em macacos, por Rothwell, J.& col. (1982), embora esses

movimentos não sejam completamente normais.

De qualquer modo, a importância das aferências sensoriais encontra-se bem

demonstrada, nos casos de ataxia de Friedreich, em que existe uma degenerescência dos

cordões posteriores condutores da sensibilidade táctil discriminativa. Nestes doentes não

existe a sensação de posicionamento, a de movimentos vibratórios, nem a de movimentos

passivos, encontrando-se a marcha bastante mais afectada no Homem, em comparação

com outros animais em idêntica situação, dada a sua complexidade no primeiro.

De acordo com Sérgio, (1985), ”não são necessárias sensações para gerar o

movimento, contudo, quanto mais complexo for o comportamento motor e

consequentemente a actividade postural infrajacente, tanto mais imprescindível se torna o

feedback sensitivo para a manutenção e para o conhecimento da localização de cada uma

das partes do corpo no mesmo decurso”.

2.2.3 – Mecanismos Neurobiológicos (Estruturas)

O controlo da postura e do movimento é efectuado, segundo Ghez, C. (1985),

através de ajustamento da contracção dos músculos esqueléticos, o que, por sua vez, requer

que o sistema motor tenha uma informação contínua do que acontece na periferia.

A integração desta informação, proveniente dos distintos receptores sensitivos, é

colocada a diferentes níveis do Sistema Nervoso Central, consoante a sua crescente

complexidade, de maneira a dar a resposta mais apropriada a cada tipo de estímulo.

Segundo Bizzi e col. (1985), os músculos, os orgãos responsáveis pela resposta

motora, actuam como se fossem “molas elásticas” reguláveis, em que a potência do trabalho

efectuado está directamente relacionado com o seu grau de estiramento e com a intensidade

da estimulação neural.

Deste modo, e tendo em conta que os músculos se encontram divididos, sob o

Page 122: Comportamento postural dinâmico

94

Dolores Monteiro

ponto de vista funcional e em relação às articulações, em agonistas e antagonistas, Bizzi e

col. (1985) consideram que o equilíbrio, entre estes dois grupos musculares, está dependente

de factores como:

- a estimulação efectuada pelos motoneurónios (alfa) que inervam ambos os grupos

musculares (agonistas e antagonistas);

- a tensão-estiramento e as propriedades elásticas das fibras musculares que

compõem estes músculos;

- as forças extrínsecas que sobre elas exercem.

Segundo Ghez (1985), quando se procura posicionar um membro numa dada

posição, não basta a contracção do grupo de músculos agonistas. Os músculos antagonistas,

que se opõem às acções dos primeiros, também se contraem. Além destes, os músculos

posturais também se contraem, não só procurando fixar a angulação das articulações

proximais, como igualmente ajustar o equilíbrio - de todo o organismo.

No que respeita aos níveis de integração, temos que:

- O 1º nível de integração Sensório-Motora corresponde à Espinal Medula,

responsável pela resposta mais automática e estereotipada a um dado estímulo -

o reflexo.

John Hughling Jackson, neurologista britânico do sec. XIX, considerou que quanto

mais automática fosse a resposta, “mais baixo” seria o seu nível de organização ou, quanto

mais elaborado fosse o comportamento motor, “mais alto” seria o seu nível de integração.

Neste tipo de resposta motora, os potenciais de acção são originados nos receptores

sensitivos, por acção dum determinado estímulo e conduzidos, através das vias sensitivas,

às células nervosas motoras que se encontram nos cornos anteriores da medula. Os neurónios

motores, aos serem activados, produzem novos potenciais de acção, susceptíveis de

estimular as células musculares, ocasionando, por seu turno, a respectiva resposta.

Estes neurónios motores, que antecedem o orgão efector, constituem a via final

comum. O conjunto formado pelo neurónio motor e pelas fibras por ele inervado é designado

por unidade motora.

Muito embora os neurónios motores medulares constituam a Via Final Comum,

muitas destas acções são coordenadas a nível dos interneurónios.

- O 2º nível de integração da actividade Sensória-Motora encontra-se no Tronco

Cerebral, cujos neurónios processam as informações ascendentes provenientes

Page 123: Comportamento postural dinâmico

95

Revisão da Literatura

da medula e as veiculadas por determinadas estruturas sensitivas, tendo especial

relevo, o processamento de aferências relativas a ajustamentos posturais.

O tronco cerebral, para além de efectuar a integração das ordens vindas dos centros

nervosos superiores, é o local onde se iniciam as vias motoras descendentes, à excepção

da córtico-espinal. Embora apresentando uma arquitectura mais complexa que a espinal-

medula, reconhece-se nele a correspondência funcional das fibras sensoriais e motoras da

medula nas formações sensoriais e motoras dos 12 pares cranianos.

Os pares cranianos são os responsáveis pela inervação sensitiva e motora da cabeça

e de grande parte do pescoço, inervação dos orgãos dos sentidos, inervação parasimpática

e do sistema autónomo do controlo visceral.

A importância do tronco cerebral deve-se ao facto de possuir a substância reticular,

como igualmente, pelo facto de que, à excepção do feixe córtico-espinal, todos os feixes

motores descendentes têm nele a sua origem.

A substância reticular apresenta um arranjo difuso dos seus neurónios multipolares

que estabelecem um grande número de interconexões com múltiplas fibras aferentes.

Funcionalmente, pode ser considerado dividido em duas porções - lateral ou de recepção

- por via da qual recebe ramificações colaterais das vias sensoriais ascendentes, do cortex

cerebral, do cerebelo, dos gânglios da base, do hipotálamo, dos núcleos nervosos cranianos,

de ambos os colículos, e informações dos sistemas motor e visceral; e a interna ou de

projecção, donde saem as fibras eferentes ascendentes, que se projectam difusamente no

hipotálamo e nos núcleos não específicos do tálamo, e descendentes em direcção às lâminas

VII e VIII medulares e aos interneurónios (via de activação indirecta).

- O 3º nível de integração situa-se no Cortex Cerebral, correspondente à área 4 de

Brodmann. Nesta porção cortical é efectuado o processamento das “ordens”

motoras que, necessitando deste nível de organização, são canalizadas,

posteriormente, para o tronco cerebral e outras estruturas sub-talâmicas, assim

como para a medula.

O córtex possui dois tipos de células facilmente distintas - as células piramidais,

que constituem a origem das primeiras eferências, distribuídas pelas camadas II, III e V e

as células estreladas, mais pequenas e de diversas formas, que são interneurónios,

concentrando-se em maior número na camada IV do córtex sensorial.

A área cortical 4 de Brodmann recebe aferências vindas de outros níveis corticais,

como é o caso da região cortical pré-motora e de centros nervosos inferiores. Para além

destas informações, de âmbito central, os centros de integração, qualquer que seja o seu

Page 124: Comportamento postural dinâmico

96

Dolores Monteiro

nível de situação hierárquica, recebem igualmente informações sensoriais periféricas,

interferindo estas no estímulo enviado.

- A integração Sensório-Motora de nível mais elevado - 4º nível de integração - é

efectuada na área Cortical Pré-Motora ou área 6 de Brodmann. A designação

pré-motora deve-se ao facto de ser nesta zona que se programa o movimento,

sendo o cortex motor, por este motivo, o centro onde a sua acção se vai

particularmente sentir.

Sendo o nível de integração “mais elevado”, a informação que lhe é veiculada é

também mais seleccionada, podendo, inclusivamente, ser suprimida a nível dos

retransmissores sensoriais, por “ordens” vindas das áreas superiores.

O córtex pré-motor encontra-se situado numa posição anterior, em relação à área

motora primária ou área 4 de Brodmann, no lobo frontal, recebendo informações do córtex

parietal posterior (área 7) e do cerebelo. É responsável pela preparação de qualquer acção

motora voluntária (encontrando-se ligado à actividade postural) e pelo controlo dos

músculos axiais proximais e das cinturas escapulares e pélvicas.

No referente ainda a aspectos da selecção de informação, e directamente relacionado

com a actividade dos mecanismos motores, encontra-se o Cerebelo. Este orgão controla a

transmissão de sinais dos centros motores do tronco cerebral e da área motora cortical, em

direcção à medula vertebral.

O cerebelo recebe informações da periferia, do tronco cerebral e do córtex cer-

ebral. É de grande importância no SNC devido ao facto de ser a central telefónica do

sistema motor. Recebe chamadas de todos os centros motores e até de vários receptores

sensoriais, já atrás mencionados, enviando, por sua vez, as respectivas ordens a esses

centros motores, cabendo-lhe igualmente o papel de coordenar vários movimentos

simultâneos.

2.2.4 –Métodos de Estudo e Registo da Actividade Tónico-Postural

A porturologia é uma ciência recente cujo âmbito de estudo é o “registo da actividade

tónico-postural ortoestática” (Baron, 1980 - citado por Madeira, 1986).

O estudo da actividade tónico-postural ortoestática pode ser feito através dum exame

global das perfomances posturais a aparelhagem específica ou por um exame analítico

(exame clinico postural) baseado nas “respostas posturais” a um conjunto de testes.

Page 125: Comportamento postural dinâmico

97

Revisão da Literatura

Os estudos posturográficos utilizam, actualmente, os seguintes aparelhos:

1 - O ESTABILÓGRAFICO que dissocia os movimentos antero-posteriores dos

movimentos laterais.

2 - O ESTATOQUINESÍMETRO que, durante um determinado tempo, fornece

informação sobre: a localização da projecção do centro de gravidade do corpo em relação

ao centro do polígono de sustentação; a evolução da frequência e amplitude dos

deslocamentos do centro de gravidade; a evolução deste fenómeno no tempo e no espaço

Figura 2.3.

Figura 2.3. Registo de indivíduo que mantém a verticalidade no interior do polígono de sustentação. Superfície

do estatoquinesigrama (in Gagey et al., 1999).

3 - ESTABILÓMETRO ou PLATAFORMA de ESTABILIDADE que regista o

número e os tempos de equlíbrio/desiquibrio (à direita, ao centro e à esquerda). Este aparelho

tem sido utilizado em situações dinâmica

O objectivo do exame clinico-postural é evidenciar um desiquilíbrio tónico, uma

modificação dos reflexos de postura ou uma perturbação das reacções de equilíbrio,

permitindo detectar um “Sindroma Postural”.

Este poderá ser, segundo Gagey (1999), harmónico, quando as hipertónicas axial e

distal são contralaterais, ou disarmónico, quando as hipertonias axial e distal são

homolaterais.

Para conseguir estes objectivos usam-se testes específicos:

I - Para detectar o DESIQUILIBRIO TÓNICO:

a) - TESTE DA VERTICALIDADE DE BARRÉ: indivíduo na posição de pé, imóvel,

sobre uma plataforma horizontal onde está desenhada a linha média intermaleolar.

Os pés são bloqueados atrás, por uma calha tangente aos calcanhares e,

lateralmente, por uma calha formando um ângulo de 450 de abertura anterior,

Figura 2.4.

Page 126: Comportamento postural dinâmico

98

Dolores Monteiro

São colocados dois fios de prumo à frente e atrás do indivíduo (de modo que caiam

nas extremidades da linha média sagital) permitindo avaliar a posição da prega nadegueira,

da apófise espinhosa da sétima vértebra cervical e do vértex em relação à vertical

intermaleolar.

Figura 2.4. Plataforma utilizada no teste de Verticalidade de Barre

b) - TESTE DE FUKUDA : o indivíduo na posição de pé, com os olhos vendados,

braços paralelos na horizontal e em extensão frontal, executam, o mesmo lugar,

50 “pietinements” seguidos com elevação das coxas à horizontal e flexão do

joelho a 900. Figura 2.5

Figura 2.5. A pista de Fukuda

Page 127: Comportamento postural dinâmico

99

Revisão da Literatura

No início do teste, o indivíduo coloca-se no centro de um alvo desenhado no chão e

formando círculos concêntricos equidistantes 50 cm e divididos em 12 sectores de 300.

O teste é executado com a cabeça direita e virando-a para a direita ou para a esquersa.

Figura 2.6.

Figura 2.6. Teste Fukuda sobre a influência do Reflexo Nucal.

No final do teste determina-se a posição dos pés, em relação ao alvo considerando:

a distância percorrida em relação ao centro do alvo; o ângulo de afastamento em relação à

trajectória ideal em linha recta; o ângulo de rotação axial do corpo sobre si mesmo em

relação à posição de partida. Figuras 2.7 e 2.8.

O resultado do teste é considerado normal quando:

- a distância percorrida fôr, aproximadamentoe de 1 metro

- o ângulo de desvio máximo fôr de 300

- o ângulo de rotação máximo fôr de 300

c) - TESTE DE CYON-PAILLARD ou manobra do posicionamento dos indicadores:

o indivíduo na posição de sentado, olhos fechados, braços na horizontal e em

extensão frontal, punhos fechados (com excepção dos indicadores em extensão,

face a face, sem se tocarem).

Figura 2..7 Teste de Fukuda em posiçãode cabeça. neutra.

Figura.2.8 Teste de Fukuda após rotação de cadeiragiratória

Page 128: Comportamento postural dinâmico

100

Dolores Monteiro

O teste consiste em agitar os braços no plano sagital, 10 vezes seguidas, e ulterior

imobilização ao mesmo nível.

Se, no final do teste, os indicadores não estiverem nivelados, fala-se em hipertonia

do lado do indicador que se encontra mais elevado.

d) - MANOBRA DE CONVERGÊNCIA: indivíduo na posição de pé, cabeça primeiro

em posição espontânea fixando a ponta iluminada dum lápis em movimento de

aproximação da face segundo um plano sagital à altura das pupilas. Em seguida,

colocada a cabeça na vertical (de tal forma que a linha que liga as pupilas esteja

na horizontal) e repete o procedimento.

Se o resultado do teste fôr a limitação do movimento dos olhos para lados opostos,

nas duas posições da cabeça fala-se em desiquilíbrio tónico postural.

e) - NISTAGMOS OPTICOCINÉTICO: pode obter-se este nistagmos deslocando

uma banda da estimulação opticocinética (com 70 x20 cm e faixas pretas e brancas

alternadas de 4 cm) no plano frontal à altura dos olhos e a uma distância de 40

cm.

Se o resultado mostrar que as sacadas rápidas são mais demoradas dum lado que o

outro fala-se em assimetria direccional nistagmática.

II - Para detectar os REFLEXOS POSTURAIS:

a) - DE ORIGEM NUCAL: usando os testes de Fukuda e de Cyon descritos

anteriormente verificar se, com o movimento de rotação da cabeça, o tónus

muscular dos extensores e abdutores dos membros (superior-Cyon e inferior-

Fukuda) aumenta do mesmo lado, para onde foi o movimento da cabeça.

b) - DA ORIGEM OCULOMOTOR: indivíduo na posição de pé, pés juntos, é

observado em três situações: a olhar em frente, para a direira e para a esquerda.

Verificam-se as oscilações extremas da base do pescoço em relação a referências

fixas (fio de prumo e quadriculado mural).

Num indiviuo normal verifica-se um desvio contralateral do eixo corporal.

III - Para detectar as REACÇÕES DE EQUILIBRAÇÃO:

Actualmente é conhecida a impossibilidade dos dois aparelhos vestibulares assumirem

simultaneamente a posição vertical, uma vez que os seus eixos verticais estão ligeiramente

inclinados para dentro e para baixo.

Page 129: Comportamento postural dinâmico

101

Revisão da Literatura

Nesta perspectiva e, no sentido de ultrapassar este problema, distinguem-se

ortoestatismo, um labirinto dominante e um olho de verticalidade ou olho postural

determinados pelos seguintes testes:

a) Teste “Romberg postural”: indivíduo permanecendo durante 15 segundos na

posição de pé, olhos fechados, pontas dos pés afastadas num ângulo de 450,

calcanhares unidos, braços em extensão frontal na horizontal e mãos unidas

pelo bordo radial. Figura 2.9.

Quando o eixo pupilar está inclinado, para a direita, aparece um desvio do eixo

corporal, para a esquerda e/ou uma rotação do corpo em torno do seu eixo vertical, fala-se

em labirinto esquerdo dominante.

Figura 2.9. Teste Romberg postural

b) - Olho “postural”: com base na posição anterior, verificam-se os desvios do eixo

corporal em quatro situações: ambos os olhos abertos; ambos os olhos fechados;

olho esquerdo fechado e olho direito aberto e vice-versa.

O olho de verticalidade ou “postural” é aquele cuja oclusão isolada provoca

o aparecimento da resposta postural de Romberg.

Page 130: Comportamento postural dinâmico
Page 131: Comportamento postural dinâmico

103

Procedimentos Metodológicos

PARTE II

Page 132: Comportamento postural dinâmico

104

Dolores Monteiro

Page 133: Comportamento postural dinâmico

105

Procedimentos Metodológicos

3

Procedimentos metodológicos

Page 134: Comportamento postural dinâmico

106

Dolores Monteiro

Page 135: Comportamento postural dinâmico

107

Procedimentos Metodológicos

3.1. Caracterização da amostra

3.1.1 Processo amostral

A amostra considerada, nesta pesquisa, foi construída a partir de um Universo de

3.600 indivíduos pertencentes às Escolas Preparatórias e Secundárias do concelho de Vila

Real. Em conformidade, os indivíduos foram seleccionados, através de um processo de

amostragem aleatória estratificada, não proporcional, de acordo com os seguintes critérios:

• Serem ou não praticantes de uma só modalidade desportiva, federada numa

instituição de acolhimento (Clube).

• Terem idades compreendidas nos diferentes escalões etários de 11, 12, 13 e 14

anos, até ao limite de ± 6 meses.

• Número de anos de prática da modalidade. A fim de prevenir eventuais conclusões

equívocas, relativamente ao estabelecimento de vínculos de causalidade entre

características comportamentais e a carga de trabalho realizado, instituiu-se, no

presente estudo, que os indivíduos a analisar tivessem, pelo menos, um ou mais

anos de realização contínua e exclusiva dessa prática. O critério de “prática

desportiva” foi estabelecido de modo a asseverar, entre os elementos analisados, o

máximo nível de prestação, de intensidade e regularidade do treino (Madeira, 1986).

• Número de horas de treino semanal. Estabeleceu-se que todos os indivíduos a

analisar tivessem, no mínimo, 2 horas de treino organizado por semana. Definimos

“treino organizado” como sendo a prática regular, intensiva e controlada, de uma

modalidade desportiva, numa estrutura de acolhimento (Clube), sob a orientação

de uma equipa técnica e orientada para o aperfeiçoamento do praticante, com vista

à participação em competições oficiais (Sobral, 1981).

3.1.2. Constituição da amostra

Tendo em vista os objectivos do presente estudo, e os critérios atrás referidos, a

amostra foi constituída por 120 indivíduos que foram agrupados segundo os escalões etários,

o sexo e o nível da prática desportiva (Quadro 3.1).

Page 136: Comportamento postural dinâmico

108

Dolores Monteiro

Quadro 3.1

Composição da amostra total (N=120)

Idade Indivíduos com prática desportiva do sexo

masculino

Indivíduos sem prática

desportiva

Andebol Natação Futebol Masculino Feminino

11 anos 6 6 6 6 6

12 anos 6 6 6 6 6

13 anos 6 6 6 6 6

14 anos 6 6 6 6 6

As modalidades desportivas escolhidas, para a constituição da amostra, foram

seleccionadas tendo por referência a classificação taxonómica de Baron et al. (1982),

formulada a partir dos conhecimentos obtidos em estudos posturográficos.

Assim, os autores referidos concluíram da possibilidade de classificar as diferentes

actividades desportivas, as mais comummente praticadas, sob a forma de actividades de

predominância estática ou dinâmica. As primeiras, dependendo das propriedades reaccionais

do sistema proprioceptivo; e as segundas subordinadas às propriedades reaccionais do

sistema labiríntico (Madeira, 1986).

Os dois critérios atrás explicitados – requisitos da amostra e opção das modalidades

desportivas escalonadas na taxonomia referida – permitiram constituir a amostra experi-

mental, considerando 3 modalidades desportivas: Andebol, Natação, Futebol, todas elas

subordinadas às propriedades reaccionais do sistema labiríntico.

Para efeitos de análise, esta amostra foi posteriormente subdividida em duas

subamostras, assim constituídas: a primeira – designada amostra principal – apenas com

indivíduos do sexo masculino, com ou sem prática de pelo menos uma modalidade

desportiva federada em clube, e a segunda, constituída pelos indivíduos dos dois sexos

sem prática desportiva e apenas com vivência curricular da disciplina de Educação Física

nos respectivos estabelecimentos de ensino (Quadro 3.2).

Page 137: Comportamento postural dinâmico

109

Procedimentos Metodológicos

Quadro 3.2

Composição da amostra principal (N=96)

IDADE MODALIDADE

AND

MODALIDADE

NAT

MODALIDADE

FUT

Não Praticante

masculino (NPRM)

TOTAL

11 6 6 6 6 24

12 6 6 6 6 24

13 6 6 6 6 24

14 6 6 6 6 24

Total 24 24 24 24 96

A amostra principal apresenta um design factorial de 4X4. Usaram-se assim 16

grupos de 6 sujeitos cada, num total de 96 sujeitos. Os dois factores classificatórios foram

a MODALIDADE, doravante designada por MODAL, e a IDADE. A modalidade tem 4

níveis: Andebol (AND), Natação (NAT), Futebol (FUT) e não - praticantes masculinos

(NPRM). A idade, por seu lado, tem quatro níveis: Onze, Doze, Treze e Catorze.

Para testar a influência do factor SEXO, usámos um grupo adicional de 24 sujeitos

do sexo feminino, não - praticantes, e com as idades igualmente compreendidas entre os

onze e os catorze anos. Este grupo, nas análises a realizar, será contrastado com o grupo

de não - praticantes masculinos.

3.2. Formulação das hipóteses

De acordo com o conhecimento fornecido pela análise da literatura especializada,

na síntese teórica referida, formulamos um conjunto de hipóteses, que se pretendem

confirmar (ou infirmar) no decorrer da pesquisa. Essas hipóteses são as seguintes:

Hipótese 1 – A expressividade do comportamento postural – variáveis estabilográficas

– inerente a cada indução sensorial específica manifesta características diferenciadas,

segundo diferentes variáveis antropométricas (sexo, idade, peso e altura).

Hipótese 2 – A expressividade do comportamento postural, expressa em variáveis

estabilográficas (de critério), reflecte características diferenciadas, consoante o tipo

específico de indução sensorial (prova)

Hipótese 3 – A expressividade do comportamento postural – variáveis estabilográficas

– manifesta características diferenciadas, quando se comparam indivíduos de várias

modalidades.

Page 138: Comportamento postural dinâmico

110

Dolores Monteiro

3.3. Protocolo exprimental

De acordo com as questões fundamentais que originaram o presente estudo, a

metodologia experimental foi desenvolvida em cumprimento de rigorosas exigências de

sistematização, objectividade e precisão, fora das quais os resultados careceriam de

significação precisa.

Neste sentido e a fim de prevenir eventuais distorções, foram estabelecidos, na

planificação da experiência, vários requisitos essenciais.

3. 3.1. Normalização Ecológica

Os estímulos provocados pelo ambiente sobre o indivíduo dão origem a reacções

externas e internas que podem provocar distorções susceptíveis de influenciar os resultados.

Assim, procurámos dotar o laboratório onde se realizaram as provas com as seguintes

condições de experimentação:

• Luminosidade

A luminosidade estava de acordo com o parecer técnico. Tendo em conta a

proporcionalidade estabelecida entre a superfície do laboratório (113.4 m2) e a

quantidade de luxes debitados (350), a luminosidade respeitava os padrões normais

para os espaços com tais funções.

• Obscuridade

A obscuridade foi completamente conseguida com o recurso a materiais sintéticos

opacos, uma vez que o protocolo experimental previra a realização de provas na

ausência total de luz.

• Temperatura

A zona de temperatura indiferente (zona térmica indiferente) foi definida por Schmidt

como sendo a temperatura suficiente para assegurar o estado de naturalidade térmica

ou de conforto térmico. Tanto acima como abaixo desta zona indiferente, instalam-

se sensações permanentes de calor ou de frio, respectivamente, ainda que o organismo

seja mantido em temperatura constante durante um período prolongado. A zona

indiferente permanece entre os 28 e os 36°C (Schmidt, 1980).

Na verdade, as alterações na temperatura corporal afectam as estruturas celulares,

os sistemas enzimáticos e numerosas reacções químicas e processos físicos. Neste

sentido, e a fim de evitar quaisquer alterações nos resultados, procurámos manter a

temperatura ambiente nos 28°C aproximadamente. O gradiente de temperatura, do

centro (37ºC) para a pele (33°C) aproximadamente, é suficiente para assegurar o

estado de neutralidade térmica (Madeira, 1986).

Page 139: Comportamento postural dinâmico

111

Procedimentos Metodológicos

• Som

As preocupações com eventuais estimulações sonoras foram, igualmente, previstas.

O desenvolvimento do protocolo processou-se na ausência de ruídos ou de outros

tipos de vibrações susceptíveis de afectar a concentração do sujeito.

3.3.2. - Normalização das Condições de Experiência

Este estudo implicou a sistematização de um conjunto de princípios, no sentido de

uniformizar convenientemente os indivíduos, as situações, as condições da sua efectivação

e, por conseguinte, a recolha dos dados. Estudos realizados em seres humanos, sobre uma

série de funções psicológicas, Ayensu e Whitfield (1981) verificaram que níveis de

vigilância, temperatura, frequência cardíaca, níveis de captação de oxigénio, motivação,

deep- post-lunch e excreção urinária de potássio experimentam nítidas alterações rítmicas

no decurso de um período de 24 horas. “Este fenómeno foi designado de ritmo circadiano

e está, segundo estudos efectuados, associado com mudanças de performance. Em geral, a

pior performance é observada na parte inicial da manhã” (Madeira, 1986).

Em consonância com estes factores, na normalização das condições de experiência:

- Foi respeitado um período de recuperação de aproximadamente 24 horas, entre o

momento de recolha de dados e o último esforço dispendido pelos indivíduos em

situação de treino, competição ou outras situações;

- Foram rejeitados os indivíduos que estavam inactivos há mais de dez dias;

- Foram excluídos os indivíduos que, no momento, se encontravam sobre a acção

de fármacos, tabaco, ou perturbação emocional significativa;

- Foi usado um equipamento simples e uniformizado, constando unicamente de

calção, camisola, de modo a obedecer a critérios uniformes de execução e registo;

- Todas as provas foram realizadas com os indivíduos descalços;

- As provas tiveram lugar no Laboratório de Psicofisiologia da Faculdade de

Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, uma hora após a primeira

refeição ligeira, correspondente à ementa do pequeno almoço servido no Centro

de Estágio de Desportistas da Cruz Quebrada - Lisboa;

- A execução das provas processou-se a partir de uma posição base, invulgar,

concebida, de modo a não privilegiar qualquer das modalidades em estudo;

- Adoptou-se a posição ortostática definida no ponto 3.4.2. do presente estudo.

Page 140: Comportamento postural dinâmico

112

Dolores Monteiro

3.3.3. Normalização dos Equipamentos

Com objectivo de manter uma calibração estabilizada dos equipamentos abaixo

referidos, estes foram verificados previamente, antes de cada sessão, por técnicos

especializados, de acordo com normas industriais estabelecidas para o seu funcionamento.

Os equipamentos utilizados foram: a Plataforma de Estabilidade modelo 16020, três relógios

“58007 stop clock”, um contador “58004 counter data recorder”, uma unidade marcadora

de tempos “51012 interval end repeat timer” que constituem a plataforma de estabilidade

modelo 16125 da Lafayette Instrument Company.

3.4. Provas

Partindo de algumas experiências conduzidas no âmbito da posturografia, uma

diversidade de provas foram executadas com o objectivo de fazer a exploração funcional

e concretizar o acesso às qualidades temporo-espaciais dos diferentes sistemas implicados

na regulação do equilíbrio ortostático.

O estudo da função dos diversos sistemas que participam na manutenção e regulação

do comportamento postural efectua-se, geralmente, fazendo incidir sobre esses sistemas

diferentes factores, ou ainda a partir da eliminação da respectiva actividade (Madeira,

1986).

De facto, da harmoniosa e coerente diligência desses sistemas depende o adequado

funcionamento dos reflexos da adaptação corporal. Pelo contrário, se uma qualquer

desarmonia se instala, daí resultam alterações na dinâmica dos reflexos implicados na

actividade tónico-postural e, como consequência, na própria capacidade adaptativa.

A título de exemplo, citaremos a exploração funcional do sistema postural, isto é,

o levantamento das suas condições operativas e a clivagem dos seus défices - objectivo

nuclear da posturografia - que é uma prática ainda recente, sem equivalência noutros espaços

de estudo e investigação. Não são raros os casos, referidos na literatura, da ocorrência de

fenómenos posturais patológicos, não obstante, previamente, terem percorrido uma

diversificada coorte de especialidades médicas, tais como, neurologia, otoneurologia,

cardiologia, imagiologia, reumatologia, apresentando invariavelmente, exames

complementares negativos.

Em posturologia, no cumprimento destes propósitos, aplica-se um método de análise

designado por Método das Variações Concomitantes cujo princípio reside na indução -

“manipulação” - fragmentada ou interactiva das entradas - inputs - do sistema postural.

Isto é, induzem-se variações de estimulação específica numa dada entrada e,

concomitantemente, vão-se analisar os efeitos ao nível da saída – out put- utilizando, para

esse efeito, as variáveis Posturográficas.

Page 141: Comportamento postural dinâmico

113

Procedimentos Metodológicos

Retomando o método das variações concomitantes, e igualmente a título de exemplo,

apresentamos uma listagem não exaustiva das manobras tendencialmente mais utilizadas

na indução das entradas do sistema postural:

ENTRADA VISUAL

Olhos abertos / olhos fechados; Iluminação / obscuridade; Visão foveal

(estabilização do campo visual) visão periférica; Mobilização do campo visual

(variações de distância do alvo); Visão monocular/ binocular; (efeitos

cineprismáticos; efeitos de anamorfose; efeitos de anisoforia espacial), etc.

ENTRADA VESTIBULAR

Estimulação galvânico-labiríntica; Estimulação calórica; Estimulação mecânica

(aceleração angular e linear).

ENTRADA PODAL

Apoio unipodal; Estimulação plantar diferenciada; Ângulos de abertura tíbio-

társica; Esquémia / anestesia.

ENTRADA AUDITIVA

Gradientes de estimulação sonora.

ENTRADA OCULOMOTORA

Movimentos de perseguição ocular; Movimentos de versão sustentados; Induções

prismáticas; Vibrações músculo-tendinosas.

ENTRADA RAQUIDIANA

Posicionamentos cefálicos e dorso-lombares mantidos; Vibrações músculo-

tendinosas nucais e dorso-lombares; Vibrações sinusoidais articulares; Estimulação

trigeminal.

ENTRADA INESPECÍFICA

Variações dos níveis de vigilidade; Induções farmacológicas; Teste de Raven;

Álcool / Abstinência; Fases de sono.

A experiência mostra que a utilização do método das variações concomitantes é

extremamente útil, não obstante o seu aperfeiçoamento continuar a processar-se. Um

primeiro passo já foi dado, graças à elaboração das tabelas de normalização respeitantes à

definição dos limites das variações aleatórias entre dois registos sucessivos, que, no fundo,

é a base essencial para a interpretação do posturograma.

3.4.1 - Critérios de Elaboração

O primeiro critério diz respeito à possibilidade de interferir, objectivamente, com o

funcionamento específico dos sistemas visual e oculomotor.

Page 142: Comportamento postural dinâmico

114

Dolores Monteiro

O segundo critério impõe a necessidade de utilizar tarefas consideradas como

habilidades fechadas, isto é, sujeitas a reduzida variação do envolvimento e marcadas por

uma qualidade relativamente insignificante de incerteza.

O terceiro critério considera a conveniência de gerar situações invulgares,

susceptíveis de criar condições de execução inabituais.

O quarto critério baseia-se na indispensabilidade de elaborar provas agradáveis,

sem necessitarem de treino anterior, isentas de risco e/ou custos fisiológicos, e de fácil

compreensão pelo indivíduo da amostra.

O quinto e último critério diz respeito à necessidade de harmonizar os objectivos

do estudo com as disponibilidades humanas, económicas e institucionais ao nosso dispor.

3.4.2 - Definição das Provas

Explicitamos, seguidamente, a natureza das provas estabilográficas que integraram

o protocolo experimental.

O conteúdo e a sequência, porque se encontram expostos, correspondem,

rigorosamente, à forma como foram apresentados aos indivíduos da amostra.

Decorrentes dos critérios de elaboração referidos, todas as provas do protocolo

foram efectuadas a partir duma Posição Base (posição ortostática): braços em extensão

com apoio palmar numa trave colocada à altura do peito, pés afastados simetricamente e

nivelados de modo a estabilizarem a plataforma numa posição de equilíbrio horizontal,

olhando em frente um ponto luminoso fixo ou intermitente à altura dos olhos a uma distância

de 0,75m (lâmpada de cor vermelha, 12 watts), (Madeira, F. 1986).

Prova 1 - Equilíbrio com movimento sustentado dos olhos para o centro .

Descrição: A partir da posição base, o indivíduo conserva normalmente o corpo

imóvel, mantendo a plataforma em equilíbrio horizontal, durante 20 segundos. Nestas

condições o indivíduo deverá olhar permanentemente um ponto luminoso, situado no plano

frontal, à altura dos olhos e distando destes 0,75m.

Prova 2 - Equilíbrio com movimento sustentado dos olhos para a direita.

Descrição: Partindo da posição base, o indivíduo deverá olhar, permanentemente

durante 20 segundos, um ponto luminoso, colocado à direita no plano frontal, a uma distância

de 1,00m. O corpo estará normalmente imóvel mantendo a plataforma em equilíbrio hori-

zontal.

Prova 3 - Equilíbrio com movimento sustentado dos olhos para a esquerda.

Descrição: A partir da posição base, o indivíduo deverá olhar permanentemente um

Page 143: Comportamento postural dinâmico

115

Procedimentos Metodológicos

ponto luminoso colocado à esquerda no plano frontal a uma distância de 100 cm, durante

20 segundos. O corpo estará normalmente imóvel mantendo a plataforma em equilíbrio

horizontal.

Prova 4 - Equilíbrio com estimulação opticocinética.

Descrição: A partir da posição base e durante 20 segundos, o indivíduo terá que

acompanhar, só com o movimento dos olhos, a lâmpada que se encontra acesa; o resto do

corpo estará normalmente imóvel mantendo a plataforma em equilíbrio horizontal.

Obs. Para a concretização desta prova, foi concebido um sistema electrónico (repetidor de

ciclos temporizados) - ligado a um aparelho com as seguintes características: três

lâmpadas de cor vermelha e com intensidade de 12 Watts cada, a acender e a apagar

a uma cadência de 2 segundos, e na sequência direita, centro, e esquerda.

Prova 5 - Equilíbrio com os olhos vendados.

Descrição - Partindo da posição base, o indivíduo com os olhos fechados (vendados)

e durante 20 segundos, deverá manter o corpo normalmente imóvel conservando a

plataforma em equilíbrio horizontal.

Obs: Para a concretização das provas, I, II, III, IV, e para prevenir eventuais desvios foveais,

foi usado um Nac Eye Recorder - Nac System(Figura 3.1), ligado a uma câmara de

vídeo Philips VK 4030 e a um gravador Philips VR 2000. Este equipamento utiliza a

técnica de reflexão corneal, gravando, simultaneamente, a cena tal como é vista pelo

indivíduo, em “V” luminoso, cuja localização corresponde à região fixada pelo mesmo.

Figura 3.1 Conjunto Nac Eye Recorder - Nac System

Page 144: Comportamento postural dinâmico

116

Dolores Monteiro

3.5. Procedimentos

Foi referido pessoalmente a toda a equipa técnica e aos alunos o objectivo do

trabalho. Esta fase da pesquisa implicou a participação duma equipa constituída por quatro

elementos (A, B, C, D) previamente formados e treinados no desenho experimental. A

cada um foi cometida uma função específica, de acordo com o protocolo.

O elemento A operava no preenchimento da ficha individual de identificação,

fazendo, simultaneamente, a primeira introdução à prova a realizar. Para o efeito,

escolhemos um tipo de leitura clara e pausada, susceptível de proporcionar a integral

compreensão da mensagem apresentada. Esta fase processava-se com o sujeito na posição

de sentado. O elemento B apresentava as instruções correspondentes às características das

várias provas, ajustava o sistema óptico-cinético à estatura do indivíduo e colocava o Nac

Eye Recorder. O elemento C funcionava como orientador na sincronização das operações

exigidas pela metodologia experimental, operando simultaneamente com o Nac Eye

Recorder - Nac System e Plataforma de estabilidade.

O elemento D operava com os equipamentos de registo estabilográficos.

A aplicação das provas estabilográficas foi individual, com uma única realização,

cumprindo rigorosamente a ordem já atrás descrita.

Para além da sequência estabelecida na realização das provas explicitadas, importa

realçar alguns aspectos metodológicos, tidos em conta na recolha dos dados.

Assim, após o elemento A ter preenchido a ficha de identificação, o sujeito a testar

dirigia-se ao elemento B, a fim de ajustar e aferir o Nac Eye Recorder à sua estatura.

Seguia-se a explicação e colocação na posição base a adoptar sobre a plataforma de

estabilidade:

- Estabelecida e concretizada com rigor a posição base, C, após cronometrar 10

segundos, indicava a D, através de um discreto sinal visual, o preciso momento

da entrada em aquisição de dados;

- Os dados eram assim recolhidos durante 20 segundos, controlados por um sinal

“bytes” emitido pelo computador;

- Concluída a respectiva prova, B dava início ao controlo de um período de repouso

com a duração de três minutos. Entretanto, e na passagem do 1º minuto, B

indicava que, no fim do repouso, se iniciava nova prova.

Porém, outras particularidades metodológicas foram consideradas. Na prova V

(prova de imobilidade ortostática com olhos vendados) o sujeito da amostra, já com os

olhos vendados, aguardava, sentado, um período adaptativo de 30 segundos, antes de se

colocar na posição base.

Page 145: Comportamento postural dinâmico

117

Procedimentos Metodológicos

O tempo estabelecido foi considerado pelo facto de existirem normalmente

inconvenientes de adaptação (Imbert, 1976) citado por Kayser et al (1976). As condições

de adaptação visual devem ser cuidadosamente ponderadas, visto as alterações na

iluminação ambiente serem acompanhadas por alterações nas performances visuais.

Com vista a minimizar o efeito da fadiga, foi concedido um período de repouso de

3 minutos entre cada prova, vivenciado na posição de sentado.

3.6 - Recolha de dados

Os dados proporcionados por cada elemento da amostra são de natureza

posturográfica / estabilográfica. De acordo com o protocolo estabelecido, a respectiva

recolha foi feita individualmente nas 5 provas propostas, conforme referenciado no ponto

3.4.2.

3.6.1. Equipamentos

Na recolha dos parâmetros posturográficos / estabilográficos usou-se um

equipamento de medida, formado por três unidades:

1 - Plataforma de Estabilidade modelo 16020, formada por uma base com 32,5 X

36 polegadas e um eixo com 26 X 42 polegadas com três interruptores específicos

para a direita, centro e esquerda. O eixo é ajustável para quatro alturas,

respectivamente 7,5; 9; 10,5 e 12 polegadas a partir da base. O ângulo de

suspensão da plataforma pode variar de 0 a 15 graus. A altura da plataforma do

chão ao topo do poste de suporte é de 23 polegadas (Figura 3.2).

A altura de recolha de dados escolhida foi de 7,5 polegadas; ângulo de suspensão

de 10 graus e um tempo de teste de 20 segundos;

2 - três relógios “58007 stop clock”, que permitem contar os tempos de equilíbrio/

desequilíbrio (centro, direita, esquerda) (Figura 3.3).

3 - um contador “58004 counter data recorder”. (Figura 3.3).

4 - uma unidade marcadora de tempos “51012 interval end repeat timer” que

constituem a plataforma de estabilidade modelo 16125 da Lafayette

Instrument Company (Figura 3.3).

Page 146: Comportamento postural dinâmico

118

Dolores Monteiro

Fig. 3.2 Plataforma de Estabilidade

modelo16020.

Fig. 3.3 três relógios “58007 stop clock”; um

contador “58004 counter data recorder”; uma

unidade marcadora de tempos “51012 interval end

repeat timer”.

Page 147: Comportamento postural dinâmico

119

Resultados

4 Resultados

Page 148: Comportamento postural dinâmico

120

Dolores Monteiro

Page 149: Comportamento postural dinâmico

121

Resultados

4.1 Estatísticas descritivas

Peso e Altura. Apresentam-se, no Quadro nº 4.1, as estatísticas descritivas relativas

ao peso e altura dos sujeitos que constituem a amostra total. A representação gráfica da

distribuição destas variáveis encontra-se nos Gráficos 4.1 e 4.2. Como se pode ver, a

distribuição do peso é enviesada, afastando-se da normalidade.

A média de peso dos 118 sujeitos é de 43,09 kg. A amplitude de variação do peso é

de 42,5 kg, sendo o peso mínimo de 25,5 kg e o máximo de 68,0 kg.

Quanto à altura, a média é de 153,7 cm, com uma amplitude de variação de 48 cm.

O sujeito de menor estatura regista 129 cm, o de estatura máxima mede 178 cm.

Quadro 4.1

Estatísticas descritivas do peso e altura para a amostra total.

VARIÁVELN (=120) MIN MAX MÉDIA

ERROPAD.

DESVIO PADRÃO VIÉS CURTOSE

PESO 118 25,500 68,000 43,085 0,817 8,877 0,621 -0,047

ALTURA 118 129,000 178,000 153,703 0,794 8,621 0,368 0,252

Gráfico 4.1. Distribuição do peso dos sujeitos (N=118).

Page 150: Comportamento postural dinâmico

122

Dolores Monteiro

Gráfico 4.2. Distribuição da altura dos sujeitos (N=118).

4.1.1. Relação do Peso e a Altura com a Modalidade praticada e a Idade, entre

os sujeitos do sexo masculino

Para determinar se o peso e a altura dependiam significativamente da idade dos

sujeitos e da modalidade praticada, entre os sujeitos do sexo masculino (N=96), realizámos

um teste de significância das diferenças das médias. O peso e a altura foram inicialmente

testadas em conjunto, isto é, numa abordagem multivariada (MANOVA), e depois

separadamente (ANOVAs de dois factores). Os resultados do teste (ver Quadro nº4.2)

mostram que ambos os factores (MODALIDADE e IDADE) têm um impacto significativo

no peso e na altura, quando estas duas medidas antropométricas são consideradas

conjuntamente. A interacção MODALIDADE X IDADE não é, porém, significativa (ver

quadro seguinte):

Quadro4.2

Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para o peso e

altura, por modalidade e idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

Efeito Wilk's Lambda Rao's R gl 1 gl 2 p

Modalidade 0,792 3,255 6 158 0,005 **

Idade 0,605 7,529 6 158 <0,000 ***

Modalidade* Idade 0,774 1,200 18 158 0,267

Consideremos agora os resultados univariados, que nos permitem testar a influência

dos dois factores sobre o peso e a altura, mas tomando estas variáveis separadamente. O

factor MODALIDADE relaciona-se significativamente com o peso, mas não com a altura

(ver Quadro nº 4.3):

Page 151: Comportamento postural dinâmico

123

Resultados

Quadro 4. 3

Testes univariados de significância da diferença de médias para o peso e altura, por

modalidade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96)

EFEITO: MODALIDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl 1, 2) 3,80 p

PESO 175,947 52,962 3,322 0,024 *

ALTURA 111,181 53,971 2,060 0,112

A observação das respectivas médias permite concluir que os alunos de andebol e

de natação são significativamente mais pesados que os de futebol e os não-praticantes

masculinos:

Quadro 4.4

Médias do peso e da altura, por modalidade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino

(N=96).

MODALIDADEPESO ALTURA

ANDEBOL 45,063 153,333

NATAÇÂO 44,708 156,375

FUTEBOL 40,375 153,583

NÃO PRATICANTE 40,042 151,125

Quanto à idade, está significativamente associada a ambos os parâmetros

antropométricos (Quadro nº 4.5):

Quadro 4 .5

Testes univariados de significância da diferença de médias, para o peso e altura, por

idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

EFEITO: IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl 1, 2) 3,80 p

PESO 651,489 52,962 12,301 <0,001 ***

ALTURA 897,681 53,971 16,633 <0,001 ***

Esta associação é quase monótona e de sinal positivo, como se pode apreciar no

quadro que apresenta as respectivas médias para cada grupo de idades (Quadro nº 4.6):

Page 152: Comportamento postural dinâmico

124

Dolores Monteiro

Quadro 4.6

Médias de peso e de altura, por idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino

(N=96).

IDADE PESO ALTURA

ONZE 37,875 148,833

DOZE 39,042 148,708

TREZE 44,000 155,375

CATORZE 49,271 161,500

A análise univariada mostra, contrariamente ao resultado da análise multivariada,

que a interacção entre a MODALIDADE e a IDADE é estatisticamente significativa no

caso do peso (ver Quadro nº 4.7).

Quadro 4.7

Testes univariados de significância da diferença de médias para o peso e altura, por

interacção modalidade X idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

EFEITO: MODALIDADE X IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl 1, 2) 9,80 p

PESO 114,530 52,962 2,163 0,033

ALTURA 74,301 53,971 1,377 0,212

A inspecção do gráfico representativo sugere que essa interacção se deve ao facto

de os sujeitos praticantes de futebol e os não praticantes apresentarem oscilações de peso

ao longo dos quatro níveis etários, o que não acontece com os praticantes de andebol e de

natação (Gráfico nº 4.3).

Gráfico nº 4.3. Distribuição do peso dos sujeitos, por idade e modalidade (N=96)

É esta diferença entre os quatro grupos real, ou um característica acidental da nossa

amostra, um mero artefacto estatístico? Para tentar uma primeira abordagem desta questão,

IDADE

MODAL NPRMMODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

CATORZETREZEDOZEONZE

5 8

5 4

5 0

4 6

4 2

3 8

3 4

Page 153: Comportamento postural dinâmico

125

Resultados

dentro dos limites do presente trabalho, realizámos um teste de comparação entre pares

(post-test de Scheffé). Nenhuma das comparações se revelou estatisticamente significativa.

Por essa razão, consideramos a interacção detectada como não corroborada estatisticamente.

4.1.2. Relação do Peso e a Altura com o Sexo e a Idade, entre os sujeitos não-

-praticantes de ambos os sexos

Qual é a influência do factor sexo sobre as duas variáveis antropométricas?

Realizámos, para responder a esta questão, uma MANOVA, em que os dois factores

entrados foram o SEXO e a IDADE. Deste modo, pode determinar-se a influência do sexo

controlando igualmente o factor IDADE. Para a presente análise usámos apenas os dois

grupos de sujeitos não-praticantes (N=48). Os resultados multivariados apresentam-se no

Quadro nº 4.8:

Quadro 4.8

Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para o peso e

altura, por sexo e idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Efeito Wilk's Lambda Rao's R gl 1 gl 2 p

Sexo 0,829 4,015 2 39 0,026*

Idade 0,739 2,123 6 78 0,060

Sexo*Idade 0,747 2,037 6 78 0,071

Como se vê, apenas o sexo parece ter influência significativa sobre as duas variáveis

antropométricas, quando consideradas conjuntamente. No Quadro nº 9 apresentam-se os

resultados dos respectivos testes univariados. Como se pode apreciar, o factor SEXO

influencia significativamente o peso, mas não a altura.

Quadro 4.9

Testes univariados (ANOVA) de significância da diferença de médias para o peso e altura,

por sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

EFEITO: SEXO

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl 1, 2) 1,40 p

PESO 302,505 46,599 6,492 0,015 *

ALTURA 99,188 60,938 1,628 0,209

Globalmente, os sujeitos não-praticantes do sexo feminino são mais pesados e mais

altos que os do sexo masculino (ver Quadro nº 4.10). A diferença, porém, apenas é

significativa

Page 154: Comportamento postural dinâmico

126

Dolores Monteiro

significativa (a p<0.05) para o peso, como dissemos atrás.

Quadro 4.10

Médias do peso e da altura, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos(N=48).

SEXO PESO ALTURA

MASC. 40,042 151,125

FEMIN. 45,063 154,000

Uma representação gráfica da média do peso por sexo e nível de idade encontra-se

no gráfico seguinte (Gráfico nº 4.4). Note-se que os sujeitos do sexo feminino são

sistematicamente mais pesados a partir dos doze anos de idade. A interacção Sexo X Idade

não é estatisticamente significativa para a variável peso (p=0.128).

PESO

IDADE

SEXO FEM

SEXO MASC

CATORZETREZEDOZEONZE

5 8

5 4

5 0

4 6

4 2

3 8

3 4

Gráfico 4. 4. Distribuição do peso dos sujeitos não praticantes, por idade e sexo (N=48).

As análises univariadas (ANOVAS) sobre a relação entre as duas variáveis

antropométricas e a idade revelaram-se significativas (ver Quadro nº 4.11). Note-se, porém,

que o teste multivariado, estatisticamente mais poderoso, não se revelou significativo,

como dissemos atrás. Por essa razão, as presentes relações univariadas devem ser encaradas

com prudência.

Quadro 4.11

Testes univariados (ANOVA) de significância da diferença de médias para o peso e altura,

por idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

EFEITO: IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl 1, 2) 3,40 p

PESO 189,283 46,599 4,062 0,013 *

ALTURA 183,410 60,938 3,010 0,041 *

Page 155: Comportamento postural dinâmico

127

Resultados

Como é normal, o peso e altura dos sujeitos aumentam monotonamente com a

idade (Quadro nº 4.12):

Quadro 4.12

Médias do peso e da altura, por idade, para a amostra de sujeitos não praticantes (N=48).

IDADE PESO ALTURA

ONZE 38,542 148,333

DOZE 40,125 150,167

TREZE 44,250 155,500

CATORZE 47,292 156,250

4.1.3. Variáveis dependentes

No presente estudo as variáveis de critério referem-se à performance dos sujeitos

sobre a plataforma de forças. Este equipamento fornece dois tipos de medidas, um relativo

ao número de deslocamentos e outro relativo ao tempo total em cada uma das três posições,

a saber:

• Tempo de equilíbrio ao centro

• Tempo de desequilíbrio ao centro

• Tempo de desequilíbrio à esquerda

• Número de deslocamentos ao centro

• Número de deslocamentos à direita

• Número de deslocamentos à esquerda

Para cada prova obtêm-se assim seis medidas. Nas cinco provas, portanto, registámos

30 (=6X5) resultados. No entanto, a forma de operar da plataforma impõe certas restrições

à inter-variabilidade destas diversas medidas. O número de deslocamentos ao centro não é

independente da soma de deslocamentos laterais (D+E), e o tempo total de 20 Seg. de

prova implica igualmente uma relação inviolável entre o tempo passado em posição de

equilíbrio e o tempo passado em desequilíbrio (isto é, o tempo ao centro = 20 – tempo de

desequilíbrio). Por essa razão obtivemos a partir destas 6 medidas directas por prova, 4

medidas efectivamente independentes, que são derivadas das primeiras e constituem as

variáveis de critério que vão ser usadas nas análises subsequentes. Estas variáveis são as

seguintes:

TOTDES - medida do desequilíbrio, expressa em número de deslocamentos à direita

mais o número de deslocamentos à esquerda.

Page 156: Comportamento postural dinâmico

128

Dolores Monteiro

TOTTEM – medida do desequilíbrio, expressa em tempo fora da posição central,

isto é, a soma do tempo à direita mais o tempo à esquerda.

LATD – medida da preferência lateral, expressa em número de deslocamentos à

direita menos o número de deslocamentos à esquerda.

LATT - medida da preferência lateral, expressa em tempo de desequilíbrio à direita

menos o tempo de desequilíbrio à esquerda.

Isto quer dizer que usaremos, neste estudo, 20 (=4X5) medidas de critério,

correspondentes às 4 variáveis atrás referidas registadas nas 5 provas.

O quadro seguinte (Quadro nº 4.13) sintetiza as principais estatísticas descritivas

das 20 medidas criteriais, para a amostra total (N=96).

Quadro 4.13

Estatísticas descritivas das 20 medidas criteriais, para a amostra total (N=96).

Variável N Min Max Média Erro

Padrão

Desvio

Padrão

Viés Curtose

TOTDES-1 96 0 18 3,740 0,414 4,056 1,283 1,188

LATD-1 96 -6 5 0,240 0,195 1,913 -0,231 0,950

TOTDES-2 96 0 18 3,073 0,366 3,581 1,501 2,586

LATD-2 96 -4 7 0,198 0,169 1,658 0,993 3,062

TOTDES-3 96 0 17 2,427 0,336 3,292 1,958 4,310

LATD-3 96 -7 6 0,344 0,195 1,913 -0,054 4,441

TOTDES-4 96 0 20 1,969 0,287 2,808 3,291 17,204

LATD-4 96 -4 6 0,302 0,150 1,466 0,727 2,984

TOTDES-5 96 1 23 11,135 0,535 5,243 -0,178 -0,617

LATD-5 96 -12 13 -0,281 0,446 4,367 -0,037 0,598

TOTTEM-1 96 0,00 7,66 1,196 0,163 1,599 1,871 3,647

LATT-1 96 -2,52 3,35 0,063 0,087 0,845 0,342 3,861

TOTTEM-2 96 0,00 6,61 0,900 0,131 1,288 2,337 6,527

LATT-2 96 -1,73 3,61 0,014 0,085 0,832 0,955 4,368

TOTTEM-3 96 0,00 6,23 0,776 0,121 1,184 2,356 6,150

LATT-3 96 -3,87 2,41 0,028 0,089 0,863 -1,511 7,497

TOTTEM-4 96 0,00 3,66 0,619 0,088 0,865 1,692 2,204

LATT-4 96 -2,61 1,42 -0,008 0,056 0,548 -1,397 6,476

TOTTEM-5 96 0,11 12,36 3,527 0,248 2,428 0,853 0,855

LATT-5 96 -3,96 8,76 0,071 0,213 2,087 1,206 3,382

Legenda: TOTDES-1 - Total de deslocamentos à direita + à esquerda, na prova 1 (= Deslocamentos ao centro — 1)

LATD-1 – Índice de preferência lateral de deslocamentos na prova 1 (= DPR1D — DPR1E)

TOTTEM-1 - Total do tempo passado à direita + à esquerda, para a prova 1. (Esta variável é = 20 — TEMP-C; por essarazão pode ser usada como medida do tempo de desequilíbrio. Nas análises de variância, será usada em vez da variávelTEMP-C)

LATT-1 – Índice de preferência lateral no tempo na prova 1 (= TEMP1D — TEMP1E)

Page 157: Comportamento postural dinâmico

129

Resultados

4.1.4 Correlação entre as variáveis de critério

Obtivemos as correlações entre as 20 variáveis de critério, que se apresentam no

Quadro 4.14.

Quadro 4.14

Correlações entre as variáveis de critério ou dependentes

TOTDES-1

TOTTEM-1

TOTDES-2 TOTTEM-2

TOTDES-3

TOTTEM-3

TOTDES-4

TOTTEM-4

TOTDES-5

TOTTEM-5

TOTDES-1 -

TOTTEM-1 0,81 *** -

TOTDES-2 0,82 *** 0,76 *** -

TOTTEM-2 0,65 *** 0,68 *** 0,87 *** -

TOTDES-3 0,66 *** 0,68 *** 0,74 *** 0,76 *** -

TOTTEM-3 0,60 *** 0,61 *** 0,69 *** 0,74 *** 0,84 *** -

TOTDES-4 0,57 *** 0,54 *** 0,64 *** 0,63 *** 0,62 *** 0,55 *** -

TOTTEM-4 0,49 *** 0,48 *** 0,51 *** 0,61 *** 0,56 *** 0,52 *** 0,61 *** -

TOTDES-5 0,38 ** 0,41 *** 0,38 *** 0,36 *** 0,34 *** 0,29 *** 0,45 *** 0,36 *** -

TOTTEM-5 0,27 ** 0,31664 0,33 *** 0,44 *** 0,38 *** 0,42 *** 0,35 *** 0,45 *** 0,66 *** -

LATD-1 LATT-1 LATD-2 LATT-2 LATD-3 LATT-3 LATD-4 LATT-4 LATD-5 LATT-5

LATD-1 -

LATT-1 0,45 *** -

LATD-2 0,29 ** 0,29 ** -

LATT-2 0,09 0,43 *** 0,58 *** -

LATD-3 0,10 -0,05 0,06 0,09 -

LATT-3 0,06 0,10 0,01 0,12 0,76 *** -

LATD-4 0,10 -0,11 0,20 * 0,09 0,18 -0,03 -

LATT-4 0,02 -0,07 -0,03 -0,06 0,12 -0,01 0,58 *** -

LATD-5 0,07 -0,03 0,03 -0,06 0,09 -0,04 0,20 0,26 * -

LATT-5 0,07 0,05 0,09 -0,05 0,18 0,14 0,04 0,24 * 0,67 *** -

LATD-1 LATT-1 LATD-2 LATT-2 LATD-3 LATT-3 LATD-4 LATT-4 LATD-5 LATT-5

TOTDES-1 -0,05 -0,13 -0,15 -0,01 0,17 0,04 0,08 -0,08 -0,05 -

TOTTEM-1 0,07 0,12 0,02 0,11 0,23 * 0,10 0,00 -0,07 0,05 -

TOTDES-2 0,00 -0,09 -0,02 0,12 0,24 * 0,16 0,06 -0,20 -0,10 -

TOTTEM-2 0,06 0,04 0,02 0,25 * 0,25 * 0,18 0,02 -0,23 * -0,07 -

TOTDES-3 0,03 -0,02 -0,03 0,19 0,24 * 0,01 0,03 -0,22 * -0,05 -

TOTTEM-3 0,03 -0,04 -0,02 0,26 * -0,04 -0,19 0,02 -0,21 * -0,04 -

TOTDES-4 -0,06 -0,03 0,04 0,24 * 0,28 ** 0,18 0,21 * -0,09 -0,07 -

TOTTEM-4 -0,03 0,01 0,01 0,09 0,09 -0,01 -0,00 -0,24 * 0,05 -

TOTDES-5 -0,09 0,07 -0,00 -0,05 0,08 0,01 0,04 -0,06 -0,10 -

TOTTEM-5 -0,01 0,06 0,05 -0,02 0,01 -0,08 -0,09 -0,11 0,08 -

• p<0,05; ** p<0,01; *** p<0,001

Page 158: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

130

4.2. Análises multivariadas das variáveis de critério

Nesta secção, iremos tentar determinar a relação das medidas criteriais obtidas

com os diversos factores causais seleccionados. Como se explicou antes, privilegiaremos

sistematicamente uma abordagem multivariada, o que significa que vamos testar a influência

desses factores sobre o conjunto das medidas criteriais, e não sobre cada uma delas em

separado. É essa influência multivariada que desejamos contrastar. Por isso, só quando os

testes multivariados tiverem revelado a existência de efeitos estatisticamente significativos,

é que os testes univariados subsequentes serão de verdadeiro interesse para nós. Em certos

casos, porém, procederemos a análises univariadas, mesmo na ausência de resultados

significativos para a correspondente análise multivariada. Fá-lo-emos, porém, sob a reserva

de que não devem ser tomadas como expressando uma relação realmente substantiva, mas

apenas como indicadores de fenómenos a merecer um estudo eventualmente mais

aprofundado.

4.2.1.Relação das variáveis antropométricas com as variáveis dependentes

A relação entre as duas variáveis antropométricas, peso e altura, e as variáveis de

critério foi estudada por meio de um conjunto de testes correlacionais. O Quadro nº 4.15

apresenta as correlações obtidas:Variáveis PESO ALTURATOTDES-1 0,062 0,072

TOTTEM-1 -0,006 -0,005TOTDES-2 0,074 0,052TOTTEM-2 0,097 0,066TOTDES-3 0,061 0,034TOTTEM-3 0,008 -0,031TOTDES-4 0,061 0,052TOTTEM-4 0,114 0,032TOTDES-5 0,080 0,068TOTTEM-5 0,071 -0,032LATD-1 -0,085 -0,063LATT-1 -0,154 -0,080LATD-2 -0,018 0,034LATT-2 -0,031 0,008LATD-3 0,019 -0,014LATT-3 0,015 -0,004LATD-4 0,044 0,107LATT-4 0,144 0,105LATD-5 0,162 0,248*LATT-5 0,126 0,073

Quadro 4.15

Correlações entre as variáveis de

critério e os factores peso e altura, para

a amostra de sujeitos do sexo masculino

(N=96). * p<0,05.

Page 159: Comportamento postural dinâmico

Resultados

131

Apenas uma das correlações é significativa (a p<0.05). Trata-se da correlação entre

a altura e a variável LATD-5. Aparentemente os sujeitos mais altos oscilam mais para a

direita, ou seja, exprimem uma preferência lateral – para a direita – que é tanto mais

acentuada quanto maior é a sua estatura. Curiosamente, tal correlação não é significativa

quando em vez da preferência lateral expressa em termos do número de oscilações, usamos

como indicador a preferência lateral expressa em tempo de desequilíbrio. Neste caso,

como se pode ver (variável LATT-5), não existe correlação significativa com a altura.

4.2.2. Relação entre os factores preditores e as variáveis de critério

4.2.2.1. Variáveis TOTDES e TOTTEM

Vamos agora analisar a relação dos factores considerados preditores – a modalidade,

a idade e o tipo de prova – com os resultados obtidos pelos sujeitos nas provas de equilíbrio.

Começaremos pelos resultados que medem o grau absoluto de equilíbrio (ou, dizendo

melhor, o grau absoluto de desequilíbrio), e que são as variáveis TOTDES e TOTTEM.

Estas duas variáveis são duas medidas alternativas do mesmo construto, o que se reflecte,

aliás, na elevada correlação entre elas. Por essa razão, justifica-se que sejam analisadas

conjuntamente, isto é, através de uma análise multivariada, na ocorrência uma análise de

variância multivariada (MANOVA).

As análises seguintes foram todas realizadas com os 96 sujeitos masculinos.

Procedeu-se, como se disse, a uma MANCOVA (análise de co-variância multivariada)

com medidas repetidas, em que os dois factores entre grupos são a MODALIDADE (4

níveis) e a IDADE (4 níveis), e o factor entre sujeitos é a PROVA (5 níveis). Além destes

três factores, usaram-se dois co-variantes, o peso e a altura. Isto quer dizer que vamos

determinar:

1º A influência sobre a TOTDES e a TOTTEM, consideradas em conjunto, da

MODALIDADE, da IDADE e da PROVA, depois de se remover a influência do

peso e da altura.

2º A influência sobre a TOTDES e a TOTTEM, consideradas em separado, da

MODALIDADE, da IDADE e da PROVA, depois de se remover a influência do

Page 160: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

132

peso e da altura. Estas análises são univariadas (são ANCOVAs) e, em princípio,

só são importantes quando a relação multivariada correspondente é significativa.

No entanto, reportaremos os resultados univariados mesmo em alguns casos em

que os resultados multivariados não são significativos, quando tal se revelar

importante. Deve, no entanto, manter-se na memória a restrição acima apontada:

os resultados univariados só são significativos, quando os multivariados o são.

Isto tem a ver com o facto de as duas variáveis de critério em presença (a TOTDES

e a TOTTEM) não serem independentes uma da outra: há razões estatísticas

(por exemplo a correlação entre elas, que é elevada), e sobretudo razões

substantivas (porque são duas medidas alternativas do mesmo construto — o de

desequilíbrio — e não é evidente qual delas é a mais importante, ou sequer se se

podem considerar como realmente separáveis) para as considerar em conjunto.

Os resultados da análise multivariada apresentam-se no Quadro nº 4.16. O resultado

mais relevante de um teste multivariado de significância de diferença entre médias é o

lambda (l) de Wilk. Este valor indica a variância que resta quando a influência do factor é

removida. O seu valor é tanto menor quanto mais importante é o factor, e vice-versa. O R

de Rao é uma transformação do l de Wilk que apresenta uma distribuição estatística simi-

lar à do F dos testes univariados. É uma boa aproximação ao F, e pode ser assim utilizado

para estimar o nível de significância para os graus de liberdade respectivos. Trata-se, em

suma, de uma espécie de F multivariado.

Quadro 4.16

Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para as variáveis

TOTDES e TOTTEM, por modalidade, idade e tipo de prova, para a amostra de sujeitos

do sexo masculino (N=96).

Sumário de todos os efeitos; desenho:

1-MODALIDADE, 2-IDADE, 3-PROVA

Efeito Wilk's Lambda Rao's R gl 1 gl 2 p

Modalidade 0,839 2,360 6 154 0,033*

Idade 0,912 1,217 6 154 0,301

Prova 0,169 40,052 8 65 <0,001***

Modalidade x Idade 0,669 1,907 18 154 0,019*

Modalidade x Prova 0,664 1,196 24 189 0,250

Idade x Prova 0,765 0,764 24 189 0,778

Lodalidade x Idade x Prova 0,327 1,129 72 402 0,235

Page 161: Comportamento postural dinâmico

Resultados

133

A inspecção do quadro anterior mostra que há, numa perspectiva multivariada,

dois factores significativos: a PROVA e a MODALIDADE. A interacção entre a

MODALIDADE e a IDADE é também significativa.

- Factor Prova

O factor explicativo mais importante é a Prova: os escores dos sujeitos nas variáveis

TOTDES e TOTTEM estão significativamente relacionados com o tipo de prova em causa.

Podemos dizer isto de outra maneira: a maioria da variação registada nestas duas medidas

— quando consideradas conjuntamente — é devida ao tipo de prova.

As análises univariadas (quando se consideram separadamente as duas variáveis

de critério) mostram que este factor permanece altamente significativo (a p<0.001) para as

duas variáveis TOTDES e TOTTEM (ver Quadro 4.17):

Quadro 4.17

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por tipo de prova, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

As médias dos 96 sujeitos para cada prova são as seguintes:

Quadro 4.18

Médias de TOTDES e TOTTEM, por tipo de prova, para a amostra dos sujeitos do sexo

masculino (N=96).

Vê-se que é sobretudo na prova 5 que se registam os resultados mais discrepantes.Esta diferença é visualmente constatável nos gráficos seguintes:

N=96 EFEITO: PROVA

Quad.MédioEfeito Quad.Médio

Erro

f (gl1,2)4,320

p

TOTDES 1376,229 7,793 176,605 <0,001***TOTTEM 139,540 1,269 109,986 <0,001***

PROVA TOTDES TOTTEM

1 3,740 1,196

2 3,073 0,900

3 2,427 0,776

4 1,969 0,619

5 11,135 3,527

Page 162: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

134

Gráfico 4.5. Distribuição dos escores em TOTDES, por prova, dos sujeitos do sexo

masculino (N=96).

Gráfico 4.6. Distribuição dos escores em TOTTEM, por prova, dos sujeitos do sexo

masculino (N=96).

Realizámos um post-teste (teste de Scheffé) para determinar entre que pares de

provas esta relação permanecia significativa (ver Quadro nº 4.19). No caso da TOTDES,

revelaram-se significativas as diferenças entre a prova 5 e as restantes provas e ainda entre

as provas 1 e 3 e provas 1 e 4; no da TOTEM, mantêm-se significativas as diferenças entre

a prova 5 e as restantes e ainda entre as provas 1 e 4. Em ambas as medidas, a principal

diferença é entre a prova 5 e as outras quatro. Esta diferença é significativa a p<0.001 e

indica que as circunstâncias da prova 5 aumentam apreciavelmente a desequilibração dos

sujeitos.

TOTDES

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

1 3

1 1

9

7

5

3

1

TOTTEM

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

4

3.4

2.8

2.2

1.6

1

.4

Page 163: Comportamento postural dinâmico

Resultados

135

Quadro 4.19

Testes post-hoc (teste de Sheffé) de verificação da significância da diferença entre pares,

para as variáveis TOTDES e TOTTEM, por tipo de prova, dos sujeitos do sexo masculino

(N=96).

Nota: No triângulo superior representa-se a variável TOTDES; no triângulo inferior a

variável TOTTEM

- Factor Modalidade

A modalidade praticada apresenta uma influência estatisticamente significativa (a

p<0.05) sobre as variáveis de critério. As análises univariadas (Quadro nº 4.20) mostram

que essa influência é significativa em ambas as variáveis.

Quadro 4.20

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por modalidade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

As médias por modalidade são as seguintes:

Test e de Sheffe; Variáveis TOTDES e TOTTEM

Probabilidades para os testes Post-hoc

EFEITO: Prova

Prova {1} {2} {3} {4} {5}

1 {1} - 0,603 0,033 * 0,001 *** 0,000 ***

2 {2} 0,507 - 0,633 0,114 0,000 ***

3 {3} 0,157 0,965 - 0,862 0,000 ***

4 {4} 0,015 * 0,560 0,919 - 0,000 ***

5 {5} 0,000 *** 0,000 *** 0,000 *** 0,000 *** -

STATISTICA EFEITO: MODALIDADE

Quad.MédioEfeito Quad.Médio Erro f (gl1,2) 3,78 p

TOTDES 146,968 37,551 3,914 0,012 *

TOTTEM 22,432 5,205 4,310 0,007 **

Page 164: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

136

Quadro 4.21

Médias de TOTDES e TOTTEM, por modalidade, para a amostra dos sujeitos do sexo

masculino (N=96).

Vejam-se estes resultados graficamente:

Gráfico 4.7. Distribuição dos escores em TOTDES, por modalidade, dos sujeitos do

sexo masculino (N=96).

Gráfico 4.8. Distribuição dos escores em TOTTEM, por modalidade, dos sujeitos do

sexo masculino (N=96).

MODALIDADE TOTDES TOTTEM

ANDEBOL 5,267 1,681

NATAÇÂO 5,350 1,811

FUTEBOL 4,658 1,442

Não Praticantes 2,600 0,680

TOTDES

MODALIDADE

NPRMFUTNATAND

5.6

5.2

4.8

4.4

4

3.6

3.2

2.8

2.4

TOTTEM

MODALIDADE

NPRMFUTNATAND

2

1.8

1.6

1.4

1.2

1

.8

.6

Page 165: Comportamento postural dinâmico

Resultados

137

Em ambos os casos, são os sujeitos não praticantes que apresentam escores mais

baixos. Um teste de comparação entre pares (post-teste de Scheffé) mostra que, para ambas

as variável (TOTDES e TOTTEM), apenas é significativa a diferença entre os não-

praticantes e os praticantes de andebol e de natação (ver Quadro nº 4.22). As diferenças

entre os diversos grupos de praticantes não são significativas.

Quadro 4.22

Testes post-hoc (teste de Sheffé) de verificação da significância da diferença entre pares,

para as variáveis TOTDES e TOTTEM, por modalidade, dos sujeitos do sexo masculino

(N=96).

Nota: No triângulo superior representa-se a variável TOTDES; no triângulo inferior a

variável TOTTEM

- Factor Idade

A idade não está estatisticamente relacionada com as duas variáveis de desequilíbrio.

Tal acontece, quer na perspectiva multivariada (p=0.301), quer quando se consideram as

duas variáveis separadamente. A título de ilustração, apresentamos os escores dos sujeitos,

por grupo de idades:

Quadro 4.23

Médias dos escores dos sujeitos do sexo masculino (N=96) nas variáveis TOTDES e

TOTTEM, por modalidade.

MODALIDADE AND {1} NAT {2} FUT {3} NPR {4}

{1} ANDEBOL - 0,999 0,898 0,014*

{2} NATAÇÂO 0,978 - 0,858 0,010*

{3} FUTEBOL 0,883 0,668 - 0,088

{4} Não Praticante 0,013* 0,004** 0,091 -

IDADE MÉDIAS

TOTDES TOTTEM

ONZE 4,642 1,559

DOZE 5,067 1,720

TREZE 4,133 1,215

CATORZE 4,033 1,119

Page 166: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

138

- Interacções

A única interacção estatisticamente significativa regista-se entre a MODAL e a

IDADE (p<0.05). Esta interacção não é, porém, significativa, quando se consideram as

duas medidas em separado (ver Quadro 4.24).

Quadro 4.24

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por interacção entre a MODALIDADE e a IDADE, para a amostra de sujeitos

do sexo masculino (N=96).

As médias por Modalidade e por IDADE são as seguintes (Quadro 4.25):

Quadro 4.25

Médias de TOTDES e TOTTEM, por modalidade e idade, para a amostra dos sujeitos do

sexo masculino (N=96).

INTERACÇÃO MODALIDADE x IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 9,78 p

TOTDES 73,724 37,551 1,963 0,0550

TOTTEM 9,994 5,205 1,920 0,0610

MODAL IDADE TOTDES TOTTEM

AND ONZE 3,500 1,347

AND DOZE 8,100 2,440

AND TREZE 4,167 1,316

AND CATORZE 5,300 1,621

NAT ONZE 7,333 2,974

NAT DOZE 5,200 1,835

NAT TREZE 3,833 0,981

NAT CATORZE 5,033 1,453

FUT ONZE 5,033 1,358

FUT DOZE 3,767 1,657

FUT TREZE 5,767 1,837

FUT CATORZE 4,067 0,915

NPRM ONZE 2,700 0,556

NPRM DOZE 3,200 0,948

NPRM TREZE 2,767 0,728

NPRM CATORZE 1,733 0,489

Page 167: Comportamento postural dinâmico

Resultados

139

Estes valores podem apreciar-se mais facilmente nos dois gráficos seguintes:

Gráfico 4.9. Distribuição dos escores em TOTDES, por modalidade e idade, dos sujeitos

do sexo masculino (N=96).

Gráfico 4.10. Distribuição dos escores em TOTTEM, por modalidade e idade, dos sujeitos

do sexo masculino (N=96).

A interacção entre a Prova e a Modalidade é não-significativa, quer na perspectiva

multivariada (p=0.250), quer nas análises univariadas subsequentes (p=0.368 e p=0.056,

respectivamente para as variáveis TOTDES e TOTTEM).

IDADE

MODAL NPRM

MODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

CATORZETREZEDOZEONZE

9

8

7

6

5

4

3

2

1

IDADE

MODAL NPRM

MODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

CATORZETREZEDOZEONZE

3.2

2.6

2

1.4

.8

.2

Page 168: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

140

A representação gráfica destes valores é mais legível:

Gráfico 4.11. Distribuição dos escores em TOTDES, por Modalidade e Prova, dos sujeitos

do sexo masculino (N=96).

Gráfico 4.12. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Modalidade e Prova, dos sujeitos

do sexo masculino (N=96).

A interacção Idade x Prova é igualmente não significativa (p=0.778, para o teste

multivariado, e p=0.805 e p=0.275, respectivamente para os testes univariados

subsequentes).

TOTDES

MODAL NPRM

MODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

1 4

1 2

1 0

8

6

4

2

0

- 2

TOTTEM

MODAL NPRM

MODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

4.5

3.5

2.5

1.5

.5

- . 5

Page 169: Comportamento postural dinâmico

Resultados

141

Vejamos os gráficos correspondentes:

Gráfico 4.13. Distribuição dos escores em TOTDES, por Idade e Prova, dos sujeitos do

sexo masculino (N=96).

Gráfico 4.14. Distribuição dos escores em TOTDES, por Idade e Prova, dos sujeitos do

sexo masculino (N=96).

A tripla interacção MODAL x IDADE x PROVA não é significativa, quer em termos

multivariados (p=0.235), quer univariadamente para a variável TOTDES (p=0.886). Mas

esta interacção tripla é significativa para a variável TOTTEM (p<0.01).

Podemos examinar, nos gráficos seguintes, o padrão de resultados diferenciais

obtidos pelos diferentes grupos de sujeitos nesta variável:

TOTDES

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

1 4

1 2

1 0

8

6

4

2

0

TOTTEM

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

5

4

3

2

1

0

Page 170: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

142

Gráfico 4.15. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Idade e Prova, para os

praticantes de Andebol, dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

Gráfico 4.16. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Idade e Prova, para os

praticantes de Natação, dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

Gráfico 4.17. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Idade e Prova, para os

praticantes de Futebol, dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

TOTTEM

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

5

4

3

2

1

0

TOTTEM

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

6.5

5.5

4.5

3.5

2.5

1.5

.5

- . 5

TOTTEM

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

6.5

5.5

4.5

3.5

2.5

1.5

.5

- . 5

Page 171: Comportamento postural dinâmico

Resultados

143

Gráfico 4.18. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Idade e Prova, para os Não

Praticantes, dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

Recorde-se aqui o que dissemos no início desta secção: quando se encontra efeito

univariado significativo, mas que se segue a um multivariado não-significativo, há que ser

circunspecto ao máximo grau. Em geral, existe uma boa probabilidade de a relação

univariada significativa ser um artefacto estatístico, isto é, resultar de um acaso, de uma

peculiaridade irrepetível da amostra utilizada. A única maneira segura de testar a validade

da relação univariada, consiste em replicar o estudo com outra amostra independente.

Neste caso, há que notar que o número de sujeitos por célula (isto é, por grupo homogéneo)

é muito pequeno, pois temos apenas 6 sujeitos em cada condição experimental. O risco da

relação significativa ser um artefacto estatístico é, aqui, acrescido. Por estas duas razões,

somos de opinião que o triplo efeito detectado no caso da variável TOTTEM deve ser

considerado, até nova evidência, como não fiável. Outros estudos são necessários, neste

contexto.

- Covariantes

Examinámos, finalmente, a relação das duas variáveis entradas na MANCOVA

como co-variantes (recorda-se que se trata das variáveis antropométricas PESO e ALTURA).

No teste multivariado, a relação entre os dois co-variantes e as duas variáveis de critério é

não-significativa (ver Quadro 4.27):

TOTTEM

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

2.6

2.2

1.8

1.4

1

.6

.2

- . 2

Page 172: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

144

Quadro 4.27

Teste multivariado de significância para as duas variáveis de critério TOTDES e TOTTEM,

por Peso e Altura, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

O exame das relações univariadas mostra que apenas num caso essa relação é

significativa:

Quadro 4.28

Teste univariado de significância para a variável de critério TOTTEM 5, por Peso e Altura,

para a amostra dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

Trata-se, como se pode ver no quadro anterior, da relação entre o PESO e a variável

TOTTEM, na prova 5. Essa relação é positiva, sendo o coeficiente de regressão beta=0.452,

o que corresponde a uma probabilidade p<0.01. Isto é, quanto mais pesados os sujeitos,

maior o tempo total passado por eles em posições desequilibradas, na prova 5.

4.2.2.2. Variáveis LATD e LATT

Vamos agora examinar a relação entre os três factores independentes

MODALIDADE, IDADE e PROVA, e as duas variáveis que se referem à lateralidade

(LATD e LATT). O design experimental é, neste caso, idêntico ao utilizado para as variáveis

TOTDES e TOTTEM. Quer isto dizer que procuraremos isolar:

1º A influência sobre a LATD e a LATT, consideradas em conjunto, da MODAL, da

IDADE e da PROVA, depois de se remover a influência do peso e da altura.

Testes Multivariados

2 covariantes

Teste VALOR p

Wilks' Lambda 0,705

Rao R Form 3 (20, 138) 1,317 0,178

Pillai-Bartlett Trace 0,317

v (20, 140) 1,319 0,177

Variável dependente: TOTTEM-5

F(2,78) = 4,768680 p = 0,01112

B-weightErro padrão

Beta t (78) p

PESO 0,137 0,051 0,452 2,707 0,008**

ALTURA -0,056 0,050 -0,188 -1,129 0,263

Page 173: Comportamento postural dinâmico

Resultados

145

2º A influência sobre a LATD e a LATT, consideradas em separado, da MODAL,

da IDADE e da PROVA, depois de se remover a influência do peso e da altura. Estas

análises são univariadas (são ANCOVAs) e só são importantes quando a relação

multivariada correspondente é significativa. No entanto, reportaremos os resultados

univariados mesmo em alguns casos em que os resultados multivariados não são

significativos, quando tal se justificar. Tal como sucede com as duas variáveis de medida

de desequilíbrio, também aqui as variáveis LATD e LATT não podem considerar-se

substantiva e estatisticamente independentes. Aplica-se pois, neste caso, o que dissemos a

propósito da análise efectuada com as medidas relativas ao construto de equilíbrio.

O teste multivariado de significância da diferença de médias (MANCOVA)

mostra que nenhum dos três factores está significativamente associado à lateralidade (ver

Quadro 4.29):

Quadro 4.29

Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para as variáveis

LATD e LATT, por modalidade, idade e tipo de prova, para a amostra de sujeitos do sexo

masculino (N=96).

Em boa verdade, a análise poderia terminar aqui. Vamos, no entanto, examinar as

relações univariadas.

- Factor Modalidade

A modalidade não se encontra relacionada, numa perspectiva univariada, com as

variáveis de critério LATD e LATT (ver Quadro 4.30):

1-MODAL, 2-IDADE, 3-PROVA

Effect Wilk's Lambda

Rao's R gl 1 gl 2 p

1 0,904 1,328 6 154 0,248

2 0,990 1,396 6 154 0,220

3 0,922 0,687 8 65 0,701

12 0,820 0,892 18 154 0,589

13 0,813 0,584 24 189 0,940

23 0,834 0,509 24 189 0,973

123 0,300 1,226 72 402 0,117

Page 174: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

146

Quadro 4.30

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por Modalidade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

As médias destas variáveis, por modalidade praticada, são as seguintes (Qua-

dro 4.31):

Quadro 4.31

Médias de LATD e LATT, por Modalidade, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino

(N=96).

- Factor Idade

Como se pode apreciar no Quadro 4.32, o factor Idade não está significativamente

associado, quer à variável LATD (p=0.711), quer à variável LATT (p=0.063).

Quadro 4.32

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por Idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

EFEITO: MODALIDADE

Quad.MédioEfeito Quad.Médio Erro f (gl1,2) 3,78 p

LATD 5,758 7,672 0,750 0,525

LATT 1,808 1,780 1,015 0,391

MODALIDADE LATD LATT

AND 0,250 0,147

NAT 0,150 -0,122

FUT 0,392 0,024

NPRM -0,150 0,085

EFEITO: IDADE

Quad.Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 3,78 p

LATD 3,533 7,672 0,460 0,711

LATT 4,508 1,780 2,532 0,063

Page 175: Comportamento postural dinâmico

Resultados

147

Os escores dos sujeitos de cada grupo de idade nestas duas variáveis são os seguintes:

Quadro 4.33

Médias de LATD e LATT, por Idade, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

- Factor Prova

O factor Prova não exibe qualquer associação estatisticamente significativa com as

variáveis que exprimem a predominância lateral (Quadro 4.34):

Quadro 4.34

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por Prova, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

Os escores médios respectivos, registados nas cinco provas realizadas, foram os

seguintes (Quadro 4.35):

Quadro 4.35

Médias de LATD e LATT, por Prova, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino

(N=96).

IDADE LATD LATT

ONZE -0,125 -0,192

DOZE 0,233 0,272

TREZE 0,167 -0,008

CATORZE 0,367 0,062

EFEITO: PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 4,320 p

LATD 6,154 5,536 1,112 0,351

LATT 0,106 1,361 0,078 0,989

PROVA LATD LATT

1 0,240 0,063

2 0,198 0,014

3 0,344 0,028

4 0,302 -0,008

5 -0,281 0,071

Page 176: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

148

- Interacções

Nenhuma das interacções possíveis se revelou como estatisticamente associada àpredominância lateral, quer quando esta é expressa em termos de número de oscilações(LATD), quer quando se mede em função do tempo (LATT).

Interacção MODAL x IDADE

A interacção entre a Modalidade e a Idade é não-significativa, para ambas as variáveisdependentes (ver Quadro 4.36).

Quadro 4.36Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD eLATT, por interacção Modalidade e Idade, para a amostra de sujeitos do sexo masculino(N=96).

As médias para cada grupo são as seguintes:

Quadro 4.37Médias de LATD e LATT, por Modalidade e Idade, para a amostra dos sujeitos do sexomasculino (N=96).

INTERACÇÂO: MODAL x IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 9,78 p

LATD 10,689 7,672 1,393 0,206

LATT 0,665 1,780 0,374 0,944

MODAL IDADE LATD LATT

AND ONZE 0,367 0,032

AND DOZE -0,500 0,167

AND TREZE 0,233 0,026

AND CATORZE 0,900 0,362

NAT ONZE -0,600 -0,517

NAT DOZE 0,133 0,201

NAT TREZE 0,433 -0,083

NAT CATORZE 0,633 -0,090

FUT ONZE 0,833 -0,117

FUT DOZE 0,633 0,333

FUT TREZE 0,033 -0,148

FUT CATORZE 0,067 0,030

NPRM ONZE -1,100 -0,166

NPRM DOZE 0,667 0,388

NPRM TREZE -0,033 0,173

NPRM CATORZE -0,133 -0,054

Page 177: Comportamento postural dinâmico

Resultados

149

Graficamente, esta interacção apresenta-se assim:

Gráfico 4.19. Distribuição dos escores em LATD, por Modalidade e Idade,

dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

Gráfico 4.20. Distribuição dos escores em LATT, por Modalidade e Idade,

dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

Interacção MODALIDADE x PROVA

A interacção entre a Modalidade praticada e a Prova realizada é igualmente não-

significativa para as duas variáveis dependentes (Quadro 4.38):

IDADE

MODAL NPRM

MODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

CATORZETREZEDOZEONZE

1.4

1

.6

.2

- . 2

- . 6

- 1

-1 .4

IDADE

MODAL NPRM

MODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

CATORZETREZEDOZEONZE

.6

.4

.2

0

- . 2

- . 4

- . 6

Page 178: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

150

Quadro 4.38

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por interacção Modalidade e Prova, para a amostra de sujeitos do sexo masculino

(N=96).

As médias são as seguintes (Quadro 4.39):

Quadro 4.39

Médias de LATD e LATT, por Modalidade e Prova, para a amostra dos sujeitos do sexo

masculino (N=96).

INTERACÇÃO: MODALIDADE x PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 12 p

LATD 6,211 5,536 1,122 0,341

LATT 0,505 1,361 0,371 0,973

MODALIDADE PROVA LATD LATT

AND 1 0,167 0,129

AND 2 0,417 0,301

AND 3 0,833 0,183

AND 4 0,458 0,029

AND 5 -0,625 0,092

NAT 1 0,625 -0,058

NAT 2 0,250 -0,122

NAT 3 -0,083 -0,154

NAT 4 0,04167 -0,171

NAT 5 -0,083 -0,105

FUT 1 -0,083 0,030

FUT 2 0,000 -0,212

FUT 3 0,375 -0,089

FUT 4 0,750 0,028

FUT 5 0,917 0,365

NPRM 1 0,250 0,150

NPRM 2 0,125 0,089

NPRM 3 0,250 0,174

NPRM 4 -0,042 0,080

NPRM 5 -1,333 -0,068

Page 179: Comportamento postural dinâmico

Resultados

151

Os escores respectivos podem apreciar-se graficamente:

Gráfico 4.21. Distribuição dos escores em LATD, por Modalidade e Prova, dos sujeitos

do sexo masculino (N=96)

Gráfico 4.22. Distribuição dos escores em LATT, por Modalidade e Prova, dos sujeitos

do sexo masculino (N=96)

Interacção IDADE x PROVA

Vejamos, agora, a interacção entre a Idade e a Prova realizada. Tal como sucedia na

análise multivariada, os resultados univariados mostram que este efeito não é significativo

para qualquer das duas variáveis dependentes:

LATD

MODAL NPRM

MODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

1.2

.8

.4

0

- . 4

- . 8

-1 .2

-1 .6

LATT

MODAL NPRM

MODAL FUT

MODAL NAT

MODAL AND

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

.45

.3

.15

0

- . 15

- . 3

Page 180: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

152

Quadro 4.40

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por interacção Idade e Prova, para a amostra de sujeitos do sexo masculino (N=96).

As médias dos diferentes grupos são as seguintes:

Quadro 4.41

Médias de LATD e LATT, por Idade e Prova, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino

(N=96).

INTERACÇÂO: IDADE x PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 12 p

LATD 5,615 5,536 1,014 0,435

LATT 1,025 1,361 0,753 0,699

IDADE PROVA LATD LATT

ONZE 1 0,125 -0,060

ONZE 2 0,333 -0,165

ONZE 3 -0,083 -0,205

ONZE 4 0,042 -0,249

ONZE 5 -1,042 -0,283

DOZE 1 0,167 0,191

DOZE 2 0,208 0,118

DOZE 3 0,875 0,320

DOZE 4 0,167 0,051

DOZE 5 -0,250 0,680

DOZE 1 0,542 0,076

TREZE 2 0,292 0,148

TREZE 3 0,167 -0,047

TREZE 4 0,667 0,160

TREZE 5 -0,833 -0,376

CATORZE 1 0,125 0,043

CATORZE 2 -0,042 -0,046

CATORZE 3 0,417 0,045

CATORZE 4 0,333 0,005

CATORZE 5 1,000 0,263

Page 181: Comportamento postural dinâmico

Resultados

153

Os gráficos correspondentes apresentam-se a seguir:

Gráfico 4.23. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, dos sujeitos do

sexo masculino (N=96)

Gráfico 4.24. Distribuição dos escores em LATT, por Idade e Prova, dos sujeitos do sexomasculino (N=96)

Interacção MODAL x IDADE x PROVA

A tripla interacção é, curiosamente, significativa (a p=0.031) para o caso da LATD.

Quadro 4.42Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD eLATT, por interacção Modalidade x Idade x Prova, para a amostra de sujeitos do sexo

masculino (N=96).

LATD

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

1.2

.8

.4

0

- . 4

- . 8

-1 .2

LATT

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

.8

.6

.4

.2

0

- . 2

- . 4

- . 6

INTERACÇÂO: MODAL x IDADE x PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 36 p

LATD 8,461 5,536 1,528 0,031*

LATT 0,783 1,361 0,575 0,977

Page 182: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

154

A apresentação tabular dos resultados para os 80 (4 x 4 x 5) níveis de efeitos gerados

por esta interacção é praticamente ilegível, razão porque nos dispensamos de a apresentar

aqui. Talvez os gráficos correspondentes nos possam ajudar a fazer uma ideia da natureza

desta interacção:

Gráfico 4.25. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para os praticantes

de Andebol.

Gráfico 4.26. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para os praticantes

de Futebol.

Gráfico 4.27. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para os praticantes

de Natação.

LATD

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

3

2

1

0

- 1

- 2

- 3

- 4

LATD

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

3

2.5

2

1.5

1

.5

0

- . 5

- 1

-1 .5

LATD

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

4

3

2

1

0

- 1

- 2

- 3

Page 183: Comportamento postural dinâmico

Resultados

155

Gráfico 4.28. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para os Não

Praticantes.

- Covariantes

Os resultados multivariados para as duas co-variantes (Peso e Altura) são não

significativos:

Quadro 4.43

Teste multivariado de significância para as duas variáveis de critério LATD e LATT, por

Peso e Altura, para a amostra dos sujeitos do sexo masculino (N=96).

As análises univariadas para as 10 (dez) variáveis de produto efectivamente medidas

mostram que o impacto das co-variantes permanece não-significativo em todos os casos.

Podemos assim concluir que as duas variáveis antropométricas não se relacionam com as

medidas de predominância lateral.

LATD

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

2.5

1.5

.5

- . 5

-1 .5

-2 .5

-3 .5

-4 .5

Testes multivariados

2 Covariantes

Valor p

Wilks' Lambda 0,791

Rao R Form 3 (20, 138) 0,858 0,639

Pillai-Bartlett Trace 0,221

v (20, 140) 0,868 0,628

Page 184: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

156

4.2.3. Relação do Sexo com as variáveis de critério

Para determinar qual a relação do factor SEXO com as diversas medidas criteriais

de interesse, realizámos duas séries de análises Multivariadas, a primeira incidindo sobre

as variáveis relativas ao grau de equilíbrio dinâmico (variáveis TOTDES e TOTTEM) e a

segunda sobre as duas variáveis de predominância lateral (variáveis LATD e LATT). Em

ambas estas duas séries, apenas utilizámos os dois grupos de sujeitos não-praticantes

(designados por NPRM e NPRF, respectivamente), num total de 48 sujeitos.

Nestas análises, o factor Idade foi entrado como factor de controlo. Igualmente se

utilizaram, pela mesma razão, e como co-variantes, as duas variáveis antropométricas, o

Peso e a Altura.

Trata-se, portanto, de duas MANCOVAS, com um desenho de análise similar, na

sua estrutura, ao das análises anteriores.

4.2.3.1. Variáveis TOTDES e TOTTEM

Os resultados multivariados para estas duas variáveis mostram que apenas o factor

Prova tem um efeito significativo (a p<0.001) sobre as duas medidas de equilíbrio.

Quadro 4.44Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para as variáveis

TOTDES e TOTTEM, por Sexo, Idade e tipo de Prova, para a amostra de sujeitos não

praticantes dos dois sexos (N=48).

Quanto às co-variantes, os resultados multivariados são igualmente não-signi-

ficativos. Os resultados univariados (para as dez medidas relevantes) mostram, da mesma

forma, que não existe relação significativa entre aquelas e os parâmetros antropométricos.

O quadro seguinte apresenta os resultados multivariados.

1-SEXO, 2-IDADE, 3-PROVA

Efeito Wilk's Lambda Rao's R gl 1 gl 2 p

Sexo 0,898 2,108 2 37 0,136

Idade 0,954 0,296 6 74 0,937

Prova 0,180 14,256 8 25 <0,001***

Sexo X Idade 0,970 0,191 6 74 0,979

Sexo X Prova 0,679 1,478 8 25 0,215

Idade X Prova 0,615 0,556 24 73 0,946

Sexo X Idade X Prova 0,582 0,625 24 73 0,901

Page 185: Comportamento postural dinâmico

Resultados

157

Quadro 4.45

Teste multivariado de significância para as duas variáveis de critério TOTDES e TOTTEM,

por Peso e Altura, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Passemos agora a considerar o efeito dos três factores (Sexo, Idade e Prova) sobre

os escores de interesse.

- Factor Sexo

O factor Sexo, que já atrás constatáramos não se encontrar associado à perform-

ance nas duas variáveis consideradas em conjunto, mostra-se igualmente sem relação com

estas, quando se tomam em separado:

Quadro 4.46

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

As médias dos dois grupos são as seguintes:

Quadro 4.47

Médias de TOTDES e TOTTEM, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dos

dois sexos (N=48).

Testes Multivariados

2 Covariantes

Valor p

Wilks' Lambda 0,790

Rao R Form 3 (20, 58) 0,364 0,993

Pillai-Bartlett Trace 0,222

v (20, 60) 0,374 0,991

EFEITO: SEXO

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 1,38 p

TOTDES 16,120 15,710 1,026 0,317

TOTTEM 8,890 2,547 3,490 0,069

SEXO TOTDES TOTTEM

MASC. 2,600 0,680

FEM. 3,092 1,025

Page 186: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

158

- Factor Idade

A idade não está, como se vê a seguir, relacionada univariadamente com as duas

variáveis de critério:

Quadro 4.48

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

As médias são as seguintes:

Quadro 4.49

Médias de TOTDES e TOTTEM, por Idade, para a amostra de sujeitos não praticantes

dos dois sexos (N=48).

- Factor Prova

A Prova tem um efeito estatisticamente significativo (a p<0.001) sobre as duas

variáveis de critério:

Quadro 4.50

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

EFEITO: IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 3,38 p

TOTDES 3,875 15,710 0,247 0,863

TOTTEM 0,994 2,547 0,390 0,761

IDADE TOTDES TOTTEM

ONZE 3,067 0,829

DOZE 3,050 0,969

TREZE 2,933 0,961

CATORZE 2,333 0,652

MAIN EFFECT: PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 4,160 p

TOTDES 585,933 6,845 85,600 0,000***

TOTTEM 57,902 0,896 64,646 0,000***

Page 187: Comportamento postural dinâmico

Resultados

159

As médias são as seguintes:

Quadro 4.51

Médias de TOTDES e TOTTEM, por Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes

dos dois sexos (N=48).

Como se constata, o desequilíbrio é significativamente maior no caso da Prova 5

que nas outras provas. Estes resultados corroboram os resultados similares verificados na

amostra principal deste estudo.

- Interacções

As interacções são estatisticamente não-significativas na análise multivariada.

Vejamos estas relações numa perspectiva univariada.

Interacção SEXO x IDADE

Esta interacção não é estatisticamente significativa para ambas as variáveis

dependentes TOTDES e TOTTEM

Quadro 4.52

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por interacção Sexo x Idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos

dois sexos (N=48).

PROVA TOTDES TOTTEM

1 2,000 0,590

2 1,354 0,322

3 1,083 0,258

4 0,750 0,291

5 9,042 2,803

INTERACÇÂO: SEXO x IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 3,38 p

TOTDES 3,796 15,710 0,242 0,867

TOTTEM 0,422 2,547 0,166 0,919

Page 188: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

160

As médias respectivas apresentam-se a seguir:

Quadro 4.53

Médias de TOTDES e TOTTEM, por Sexo e Idade, para a amostra de sujeitos não

praticantes dos dois sexos (N=48).

A representação gráfica destas médias apresenta-se a seguir, nos gráficos 4.29 e

4.30:

Gráfico 4.29. Distribuição dos escores em TOTDES, por Sexo e Idade, para a amostra

de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Gráfico 4.30. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Sexo e Idade, para a amostra

de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

SEXO IDADE TOTDES TOTTEM

MASC ONZE 2,700 0,556

MASC DOZE 3,200 0,948

MASC TREZE 2,767 0,728

MASC CATORZE 1,733 0,489

FEM ONZE 3,433 1,102

FEM DOZE 2,900 0,990

FEM TREZE 3,100 1,193

FEM CATORZE 2,933 0,815

IDADE

SEXO FEM

SEXO MASC

CATORZETREZEDOZEONZE

3.6

3.2

2.8

2.4

2

1.6

IDADE

SEXO FEM

SEXO MASC

CATORZETREZEDOZEONZE

1.3

1.2

1.1

1

.9

.8

.7

.6

.5

.4

Page 189: Comportamento postural dinâmico

Resultados

161

Interacção SEXO x PROVA

A interacção Sexo x Prova é estatisticamente significativa (a p<0.01) para a variável

TOTTEM, mas não para a TOTDES.

Quadro 4.54

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por interacção Sexo x Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dos

dois sexos (N=48)

As médias e a sua representação gráfica apresentam-se a seguir:

Quadro 4.55

Médias de TOTDES e TOTTEM, por Sexo e Prova, para a amostra de sujeitos não

praticantes dos dois sexos (N=48).

INTERACÇÃO: Sexo x Prova

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 4,160 p

TOTDES 0,254 6,845 0,037 0,997

TOTTEM 3,291 0,896 3,674 0,007**

SEXO PROVA TOTDES TOTTEM

MASC 1 1,667 0,567

MASC 2 1,208 0,248

MASC 3 0,833 0,245

MASC 4 0,542 0,172

MASC 5 8,750 2,168

FEM 1 2,333 0,613

FEM 2 1,500 0,395

FEM 3 1,333 0,270

FEM 4 0,958 0,409

FEM 5 9,333 3,48

Page 190: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

162

Gráfico 4.31. Distribuição dos escores em TOTDES, por Sexo e Prova, para a amostra

de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Gráfico 4.32. Distribuição dos escores em TOTTEM, por Sexo e Prova, para a amostra

de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

A interacção reside na circunstância de os indivíduos do sexo masculino registarem

menos tempo de desequilíbrio que os do outro sexo em 3 das provas – Prova 3, 4 e 5 – mas

não nas duas restantes.

Interacção IDADE x PROVA

Embora de interesse marginal para o presente contexto, não quisemos deixar de

examinar esta interacção. Como se pode ver pelo quadro seguinte, ela não é estatisticamente

significativa para ambas as variáveis dependentes.

TOTDES

SEXO FEM

SEXO MASC

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

1 1

9

7

5

3

1

- 1

TOTTEM

SEXO FEM

SEXO MASC

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

4

3.5

3

2.5

2

1.5

1

.5

0

- . 5

Page 191: Comportamento postural dinâmico

Resultados

163

Quadro 4.56

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por interacção Idade x Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dos

dois sexos (N=48).

Apresentamos a seguir as médias e a respectiva representação gráfica:

Quadro 4.57

Médias de TOTDES e TOTTEM, por Idade e Prova, para a amostra de sujeitos não

praticantes dos dois sexos (N=48).

INTERACÇÂO: IDADE x PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 4,160 p

TOTDES 3,069 6,845 0,448 0,941

TOTTEM 0,602 0,896 0,672 0,776

IDADE PROVA TOTDES TOTTEM

ONZE 1 2,167 0,590

ONZE 2 1,833 0,427

ONZE 3 0,833 0,146

ONZE 4 0,500 0,075

ONZE 5 10,000 2,909

DOZE 1 2,333 1,048

DOZE 2 1,500 0,303

DOZE 3 1,250 0,253

DOZE 4 0,667 0,183

DOZE 5 9,500 3,058

DOZE 1 2,333 0,391

TREZE 2 1,667 0,427

TREZE 3 1,500 0,431

TREZE 4 1,000 0,603

TREZE 5 8,167 2,952

CATORZE 1 1,16667 0,332

CATORZE 2 0,417 0,131

CATORZE 3 0,750 0,200

CATORZE 4 0,833 0,302

CATORZE 5 8,500 2,294

Page 192: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

164

Gráfico 4.33. Distribuição dos escores em TOTDES, por Idade e Prova, para a amostra

de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Gráfico 4.34. Distribuição dos escores em TOTEM, por Idade e Prova, para a amostrade sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Interacção SEXO x IDADE x PROVA

A interacção tripla é igualmente não-significativa (ver Quadro 4.58). Por razões de

espaço não apresentaremos as médias e a representação gráfica dessas médias. Em todo o

caso, seriam dificilmente interpretáveis.

Quadro 4.58Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis TOTDES e

TOTTEM, por interacção Sexo x Idade x Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes

dos dois sexos (N=48).

TOTDES

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

1 1

9

7

5

3

1

- 1

TOTTEM

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

3.4

2.8

2.2

1.6

1

.4

- . 2

INTERACÇÂO: SEXO x IDADE x PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 12 p

TOTDES 1,435 6,845 0,210 0,998

TOTTEM 0,927 0,896 1,035 0,420

Page 193: Comportamento postural dinâmico

Resultados

165

4.2.3.2. Variáveis LATD e LATT

Analisaremos nesta secção o impacto do factor sexo sobre as duas variáveis relativasà predominância lateral (variáveis LATD e LATT). A amostra utilizada e a estrutura dodesenho empírico são as mesmas da secção anterior: os mesmos factores, as mesmas co-variantes.

A análise multivariada mostra que nenhum dos factores considerados é um preditorsignificativo deste construto de predominância lateral.

Quadro 4.59Teste multivariado (MANOVA) de significância da diferença de médias para as variáveisLATD e LATT, por Sexo, Idade e tipo de Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes

dos dois sexos (N=48).

As duas covariantes Peso e Altura são igualmente não preditoras (ver quadroseguinte).

Quadro 4.60Teste multivariado de significância para as duas variáveis de critério LATD e LATT, porPeso e Altura, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Em termos univariados, porém, há a assinalar duas relações significativas. Aco-variante Altura correlaciona significativamente com as variáveis LATT-4 e LATD-5,como se pode apreciar nos quadros seguintes. Porque os coeficientes de regressão são

1-SEXO, 2-IDADE, 3-PROVA

Effect Wilk's Lambda

Rao's R gl 1 gl 2 p

Sexo 0,951 0,961 2 37 0,392

Idade 0,957 0,275 6 74 0,947

Prova 0,862 0,501 8 25 0,844

Sexo x Idade 0,864 0,938 6 74 0,473

Sexo x Prova 0,942 0,192 8 25 0,990

Idade x Prova 0,411 1,093 24 73 0,373

Sexo x Idade x Prova 0,498 0,827 24 73 0,692

Testes Multivariados

Covariantes Peso e Altura

Valor p

Wilks' Lambda 0,630

Rao R Form 3 (20, 58) 0,755 0,753

Pillai-Bartlett Trace 0,401

v (20, 60) 0,752 0,757

Page 194: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

166

ambos positivos, podemos dizer que, para os 48 sujeitos considerados, a uma maior estaturacorresponde, na Prova 4, uma predominância temporal das posições de desequilíbrio paraa direita, e, na Prova 5, uma predominância similar do número de posições de desequilíbriopara o mesmo lado direito.

Quadro 4.61Testes univariados de significância para a variável LATT 4, por Peso e Altura, para aamostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Quadro 4.62Testes univariados de significância para a variável LATD 5, por Peso e Altura, para aamostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Porque os três factores considerados não são multivariadamente significativos (comoigualmente o não são as interacções), poderíamos, em rigor, terminar aqui a análise. Noentanto, e em conformidade com o realizado anteriormente, examinaremos de seguida asrelações univariadas de cada um dos factores com a LATD e a LATT.

- Factor Sexo

O sexo não apresenta qualquer associação univariada com a LATD ou a LATT:

Quadro 4.63Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Variável: LATT-4F(2, 38) = 2,354362 p = 0,10866

B-weightErro padrão

Beta t (38) p

PESO -0,021 0,014 -0,390 -1,506 0,140

ALTURA 0,027 0,012 0,554 2,138 0,039*

Variável: LATD-5

F(2, 38) = 4,610908 p = 0,01611

Variable B-weightErro padrão

Beta t (38) p

PESO -0,337 0,185 -0,449 -1,823 0,076

ALTURA 0,470 0,162 0,716 2,906 0,006**

EFEITO: SEXO

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 1,38 p

LATD 10,050 10,547 0,953 0,335

LATT 0,085 1,385 0,611 0,806

Page 195: Comportamento postural dinâmico

Resultados

167

As médias por sexo apresentam-se no quadro seguinte. Como se pode apreciar, os

sujeitos do sexo feminino exibem uma predominância para a direita maior que os do outro

sexo, mas a diferença não é estatisticamente significativa.

Quadro 4.64

Médias de LATD e LATT, por Sexo, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois

sexos (N=48).

- Factor Idade

A idade praticamente não permite diferenciar os sujeitos desta amostra. Os resultados

univariados, apresentados no quadro seguinte, são eloquentes:

Quadro 4.65

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por Idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

As médias falam por si (Quadro 4.66). Não existe um padrão discernível quanto à

relação da idade com a predominância lateral.

Quadro 4.66

Médias de LATD e LATT, por Idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois

sexos (N=48).

SEXO LATD LATT

MASC. -0,150 0,085

FEM. 0,208 0,101

EFEITO: IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 3,38 p

LATD 1,494 10,547 0,142 0,934

LATT 0,255 1,385 0,184 0,907

IDADE LATD LATT

ONZE -0,167 0,048

DOZE 0,183 0,162

TREZE 0,067 0,150

CATORZE 0,033 0,013

Page 196: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

168

- Factor Prova

A natureza da Prova não está associada à lateralidade (Quadro 4.67):

Quadro 4.67Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD eLATT, por Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Vejamos as médias por prova (Quadro 4.68). No caso da variável LATD, osresultados registados na prova 5 são mais excêntricos, mas uma análise post-hoc (teste deSheffé) mostra que não diferem significativamente dos registados em qualquer das outrasprovas.

Quadro 4.68Médias de LATD e LATT, por Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois

sexos (N=48).

- Interacções

Interacção SEXO x IDADE

A interacção Sexo x Idade não é significativa para qualquer das variáveisconsideradas:

Quadro 4.69Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD eLATT, por interacção Sexo x Idade, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois

sexos (N=48).

EFEITO: PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 4,160 p

LATD 9,308 6,604 1,409 0,233

LATT 0,103 0,966 0,106 0,980

PROVA LATD LATT

1 0,375 0,1333

2 0,271 0,510

3 0,250 0,073

4 -0,042 0,057

5 -0,708 0,152

INTERACÇÃO: SEXO x IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 3,38 p

LATD 19,655 10,547 1,864 0,152

LATT 2,125 1,385 1,534 0,221

Page 197: Comportamento postural dinâmico

Resultados

169

Os resultados dos diferentes grupos e a sua representação gráfica apresentam-se a

seguir:

Quadro 4.70

Médias de LATD e LATT, por Sexo e Idade, para a amostra de sujeitos não praticantes

dos dois sexos (N=48).

Gráfico 4.35. Distribuição dos escores em LATD, por Sexo e Idade, para a amostra de

sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Gráfico 4.36. Distribuição dos escores em LATT, por Sexo e Idade, para a amostra de

sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

SEXO IDADE LATD LATT

MASC. ONZE -1,100 -0,166

MASC. DOZE 0,667 0,388

MASC. TREZE -0,033 0,173

MASC. CATORZE -0,133 -0,054

FEM. ONZE 0,767 0,262

FEM. DOZE -0,300 -0,063

FEM. TREZE 0,167 0,127

FEM. CATORZE 0,200 0,079

IDADE

SEXO FEM

SEXO MASC

CATORZETREZEDOZEONZE

1

.6

.2

- . 2

- . 6

- 1

-1 .4

IDADE

SEXO FEM

SEXO MASC

CATORZETREZEDOZEONZE

.45

.35

.25

.15

.05

- . 05

- . 15

- . 25

Page 198: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

170

Interacção SEXO x PROVA

Igualmente a interacção Sexo x Prova não é significativa (Quadro 4.71):

Quadro 4.71Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD eLATT, por interacção Sexo x Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dos doissexos (N=48).

As médias e a sua representação gráfica são as seguintes:

Quadro 4.72Médias de LATD e LATT, por Sexo e Prova, para a amostra de sujeitos não praticantesdos dois sexos (N=48).

Gráfico 4.37. Distribuição dos escores em LATD, por Sexo e Prova, para a amostra desujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

INTERACÇÃO: SEXO x IDADE

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 4,160 p

LATD 3,204 6,604 0,485 0,747

LATT 0,724 0,966 0,749 0,560

SEXO PROVA LATD LATT

MASC. 1 0,250 0,150

MASC. 2 0,125 0,089

MASC. 3 0,250 0,174

MASC. 4 -0,042 0,080

MASC. 5 -1,333 -0,068

FEM. 1 0,500 0,117

FEM. 2 0,417 0,013

FEM. 3 0,250 -0,029

FEM. 4 -0,417 0,034

FEM. 5 -0,083 0,371

LATD

SEXO FEM

SEXO MASC

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

.8

.4

0

- . 4

- . 8

-1 .2

-1 .6

Page 199: Comportamento postural dinâmico

Resultados

171

Gráfico 4.38. Distribuição dos escores em LATT, por Sexo e Prova,

para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Nenhum teste post-hoc de diferenças entre pares (usámos, na ocorrência o teste de

Scheffé) revela uma diferença significativa nesta interacção.

Interacção IDADE x PROVA

Esta interacção é não-significativa:

Quadro 4.73

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por interacção Idade x Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes dos dois

sexos (N=48).

LATT

SEXO FEM

SEXO MASC

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

.5

.4

.3

.2

.1

0

- . 1

INTERACÇÂO: IDADE x PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 12 p

LATD 4,083 6,604 0,618 0,825

LATT 0,458 0,966 0,474 0,928

Page 200: Comportamento postural dinâmico

Dolores Monteiro

172

As médias e a respectiva representação gráfica apresentam-se em seguida:

Quadro 4.74

Médias de LATD e LATT, por Idade e Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes

dos dois sexos (N=48).

Gráfico 4.39. Distribuição dos escores em LATD, por Idade e Prova, para a amostra de

sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

IDADE PROVA LATD LATT

ONZE 1 0,333 0,260

ONZE 2 0,667 0,160

ONZE 3 0,333 0,113

ONZE 4 -0,167 0,040

ONZE 5 -2,000 -0,334

DOZE 1 0,500 0,338

DOZE 2 0,333 0,052

DOZE 3 0,750 0,112

DOZE 4 -0,500 -0,033

DOZE 5 -0,167 0,344

TREZE 1 0,000 -0,033

TREZE 2 0,167 0,027

TREZE 3 0,000 0,094

TREZE 4 0,167 0,248

TREZE 5 -0,833 0,415

CATORZE 1 -0,167 -0,032

CATORZE 2 -0,083 -0,034

CATORZE 3 -0,083 -0,028

CATORZE 4 0,333 -0,025

CATORZE 5 0,167 0,183

LATD

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

1.4

.8

.2

- . 4

- 1

-1 .6

-2 .2

Page 201: Comportamento postural dinâmico

Resultados

173

Gráfico 4.40. Distribuição dos escores em LATT, por Idade e Prova, para a amostra de

sujeitos não praticantes dos dois sexos (N=48).

Interacção SEXO x IDADE x PROVA

A tripla interacção é igualmente não-significativa para ambas as variáveis

dependentes:

Quadro 4.75

Testes univariados de significância da diferença de médias para as variáveis LATD e

LATT, por interacção Sexo x Idade x Prova, para a amostra de sujeitos não praticantes

dos dois sexos (N=48).

Por razões de espaço, as médias e gráficos respectivos não serão aqui apresentadas.

LATT

IDADE CATORZE

IDADE TREZE

IDADE DOZE

IDADE ONZE

PROVA 5PROVA 4PROVA 3PROVA 2PROVA 1

.5

.4

.3

.2

.1

0

- . 1

- . 2

- . 3

- . 4

INTERACÇÃO: SEXO x IDADE x PROVA

Quad. Médio Efeito Quad. Médio Erro f (gl1,2) 12 p

LATD 4,990 6,604 0,756 0,695

LATT 0,716 0,966 0,742 0,709

Page 202: Comportamento postural dinâmico
Page 203: Comportamento postural dinâmico

175

Conclusões

PARTE III

Page 204: Comportamento postural dinâmico

176

Dolores Monteiro

Page 205: Comportamento postural dinâmico

177

Conclusões

5Discussão conclusão

e recomendações

Page 206: Comportamento postural dinâmico

178

Dolores Monteiro

Page 207: Comportamento postural dinâmico

179

Conclusões

O estudo realizado vem na sequência de trabalhos produzidos, por alguns

investigadores, que incidem sobre a verificação das características temporo-espaciais dos

diversos sistemas implicados no equilíbrio postural em posição ortostática.

Recordamos que o nosso estudo, ao pretender analisar as características de

funcionamento temporo-espacial dos sistemas visual e oculomotor implicados no

comportamento postural em situações de equilíbrio ortostático, fê-lo através do método

estabilométrico, cujo objectivo reside na medição dos fenómenos de controlo da postura,

ou, com a finalidade de tentar prever o próprio rendimento em situações dinâmicas.

Assim, a ordem de apresentação da avaliação dos resultados aqui expressa será

feita de acordo com a verificação das variáveis de critério e terá, neste capítulo, os elementos

mais relevantes do nosso estudo.

Concluída que foi a análise estatística, passaremos agora a uma avaliação final dos

resultados obtidos tendo presentes os nossos objectivos essenciais da investigação.

1 - Reportando-nos à análise centrada na estatística descritiva, observamos que,

da tendência geral dos resultados obtidos, nas diversas relações em análise, ressaltam

apenas os elementos que a seguir se enunciam:

• a distribuição do peso é enviesada para os sujeitos em análise, contudo, quando

nos detemos na altura, a sua distribuição é já mais homogénea.

• Quanto à relação peso e a altura com a modalidade praticada e a idade entre os

sujeitos do sexo masculino verifica-se um impacto significativo destes dois factores

no peso e na altura, quando estas medidas antropométricas são consideradas

conjuntamente. A interacção entre a modalidade e a idade não é, porém, significativa.

• Quanto à idade verifica-se que ela está associada a ambos os parâmetros peso e

altura. Esta associação é, no entanto, quase monótona uma vez que com a variação

do crescimento é natural que o peso e a altura produzam o mesmo efeito.

• No sentido de se verificar a influência do factor sexo sobre as duas variáveis

antropométricas para os grupos não-praticantes, verifica-se que o sexo apenas tem

influência significativa sobre o peso, mas não sobre a altura. Esta verificação diz

apenas respeito ao grupo dos não praticantes do sexo feminino, por estes serem

mais pesados e mais altos que os do sexo masculino, confirmando os estudos sobre

o crescimento estatural e ponderal, realizados por Rigal (1987) p.390.

Page 208: Comportamento postural dinâmico

180

Dolores Monteiro

2 - Relativamente às análises Multivariadas das variáveis de critério, propusemo-

-nos, no início da investigação verificar a relação entre duas variáveis antropométricas

(peso e altura) com as variáveis de critério.

a) Pela análise dos procedimentos metodológicos, concluímos que os sujeitos mais

altos têm oscilações mais vincadas para a direita, quando expressas em número de

deslocamentos, mas não em tempo de deslocação. Esta incidência, relativamente à

predominância postural com preferência lateral para a direita, indicia ser determinante no

posicionamento do centro de gravidade em relação ao eixo médio do corpo que traduz a

verticalidade do sujeito. Sobre esta problemática de posicionamento, Arguel M. P. (1980)

refere: “...a verticalidade do corpo confunde-se com o eixo de gravidade, esta condição

pode ser causada por vários factores entre os quais podemos destacar, o deficiente

desenvolvimento dos músculos extensores dos membros inferiores, que origina graves

desequilíbrios musculares e atitudes posturais compensatórias incorrectas, mesmo a nível

superior, traduzindo o afastamento do eixo corporal para a direita”.

b) Da relação entre os factores preditores e as variáveis de critério TOTDES e

TOTTEM os resultados sugerem, na linha dos estudos realizados por Meyer (1979) e

Baron (1982), a interacção entre a natureza dos estímulos input e a resposta output integradas

no plano da regulação do controlo da postura e equilíbrio. Do mesmo modo, Valentinuzzi

(1980) relata a real dependência entre o comportamento postural e equilíbrio e o tipo de

indução/prova realizados sobre o sistema visual e oculomotor.

Quando consideradas as variáveis de critério conjuntamente, os resultados indicam

que a maior variação, nestas duas medidas, é devida ao tipo de Prova. Mesmo quando

realizámos as análises univariadas - consideradas separadamente - verifica-se que este

factor se mantém altamente significativo. É, sobretudo, na prova 5 que se registam os

resultados mais discrepantes, traduzindo um aspecto conclusivo referente ao comportamento

postural da amostra. Sabe-se, de acordo com Yonas (1981), que a regulação do equilíbrio,

em indivíduos, é determinada pela influência que o sistema visual tem sobre o controlo do

equilíbrio. Ainda, o mesmo autor demonstrou que simulações visuais apropriadas levam a

uma variação concomitante da postura. Igualmente, para Forsseberg & Nashner,

considerando o incremento apreciável do número de deslocamentos posturais na ausência

da entrada visual, referem que podem ser atribuídos ao aumento da sensibilidade do sistema

noutras fontes de informação. Para os mesmos autores, a visão não domina senão nas

situações de conflito intersensorial.

Page 209: Comportamento postural dinâmico

181

Conclusões

Parece-nos clara e evidente a forma como a variação das condições de indução

sensorial se reflecte no maior número de deslocamentos posturais na variável TOTDES,

apresentando diferenças significativas entre as provas 1 e 3 e provas 1 e 4. O mesmo

acontece no registo de diferenças significativas no factor Prova na variável TOTTEM

medida de tempo de desequilíbrio. Na linha de investigação de vários posturologistas, as

condições objectivas e específicas de realização das provas estão na base de acentuadas

diferenças encontradas na concomitante resposta motora. Neste sentido, consideramos a

inquestionável dependência existente entre o comportamento postural ortostático e a indução

sensorial dos sistemas visual, traduzindo deste modo, uma conclusão genérica final

formulada no início da nossa pesquisa.

c) O factor modalidade (prática) apresenta resultados estatisticamente significativa

sobre as variáveis de critério. No entanto, para nossa surpresa, foram os não praticantes

que obtiveram os escores mais baixos, ou seja, que revelaram um comportamento postural

mais equilibrado. Isto parece estar em contradição com os resultados obtidos por outros

investigadores.

Nas linhas de investigações levadas a efeito por Woollacott & Sveistrup, (1992) a

prática parece contribuir para a organização espacial e temporal das respostas posturais

automáticas não sendo as sinergias posturais estritamente inatas. Das informações

precedentes, realçamos ainda uma questão ligada ao papel da prática desportiva na

aceleração do desenvolvimento e modificação das características das respostas posturais

para além da aquisição das habilidades fundamentais. O desenvolvimento e as aprendizagens

permitem um afinamento das sinergias da activação muscular, assim como uma calibração

das entradas reguladoras das reacções de equilíbrio.

A influência da prática física sobre as capacidades de equilíbrio tem sido muito

estudada.

Singer R (1970) por exemplo, relativamente a tarefas estabilométricas, releva uma

melhoria das performances no decurso das sessões experimentais e uma tendência maior

de equilíbrio dos atletas em relação aos indivíduos não treinados nas estratégias de equilíbrio.

Por outro lado Shik, Stoner & Jette (1983) demonstraram que as performances, em

dançarinos, em tarefas de equilíbrio estático e dinâmico, melhoraram com o nível de prática.

Neste contexto e ao verificar que os sujeitos não praticantes são aqueles que apresentam

escores mais baixos, podemos concluir que não se confirmam as informações precedentes

para os conjuntos desprovidos de prática motora organizada.

d) O facto do factor idade não estar associado às duas variáveis de desequilíbrio

poderá ser determinado pelo desenvolvimento das capacidades de equilíbrio aparecer como

Page 210: Comportamento postural dinâmico

182

Dolores Monteiro

condição essencial, não somente na aquisição das habilidades complexas, mas também no

domínio das habilidades ditas fundamentais. Assim, é na infância que as relações

fundamentais, entre postura e movimento, mais se assemelham. Shik, Stoner & Jette (1983).

Do estudo entre as interacções estatísticas, registadas entre a Modalidade e a Idade,

verificam-se para o grupo de NPRM, escores sistematicamente inferiores, quer para a

variável TOTDES como para a TOTTEM. Podemos ainda referir, no contexto dos escores

atribuídos nas diferentes idades para as variáveis atrás referidas, existir uma tendência

para uma aproximação dos escores nas Modalidades desportivas nos indivíduos de catorze

anos. Associamos este acontecimento à ocorrência do pico de desenvolvimento do período

pubertário que se regista ao longo da ontogénese.

O teste univariado de significância - Covariantes - para a variável TOTTEM na

prova 5, por Peso e Altura para a amostra do sexo masculino (N=96) conclui que apenas

da relação Peso e a variável referida possui uma relação significativa. Desta relação,

podemos ainda concluir que quanto mais pesados são os sujeitos, maior é o tempo total

passado por eles em posição de desequilíbrio. No equilíbrio dinâmico, a massa corporal

reparte-se de forma variável em cada instante sobre os pontos de apoio, o que provoca

uma variação de forças: a actividade muscular modifica-se continuamente para manter a

orientação postural global e restabelece-a quando a perturbação é demasiado

importante.Com base nos resultados obtidos, as diferenças verificadas dos deslocamentos

corporais levam-nos a ter que considerar a importância da análise do centro de pressão dos

grupos em estudo, uma vez que evidenciaram claras diferenças no seu posicionamento

relativamente à vertical.

Por outro lado, Howse J. & Hancock S. (1988) referem a importância da condição

postural de peso (weight left and right), na ocorrência da lateralidade. Para os referidos

autores, esta condição parece ser causada pelo deficiente desenvolvimento dos músculos

dos membros inferiores, podendo até originar atitudes posturais compensatórias incorrectas,

aquando da ocorrência do afastamento do eixo corporal lateralmente.

A apresentação de tripla interacção na variável LATD entre a modalidade x idade e

prova, verificada nos gráficos nºs 4.25, 4.26, 4.27 e 4.28, permite-nos concluir, pelo poder

inequívoco e discriminativo da prova 5, que, tal como noutros momentos em análise na

nossa pesquisa, confirma a hipótese da variabilidade da resposta postural consequentemente

à solicitação dos sistemas informacionais. Neste caso, o recurso a outras fontes de

informação, resultante da privação da aferência visual e/ou oculomotora, isto é, a preferência

lateral esquerda verificada pelo desequilíbrio dinâmico, ilustra, significativamente, o número

Page 211: Comportamento postural dinâmico

183

Conclusões

de deslocamentos atingidos, confirmando algumas das conclusões de trabalhos anteriores,

(Madeira F.,1986; Cacho F.,1989; Gantchev G., 1980) e comprovando as respostas obtidas

pelas diferenças de lateralidade por Baron J.B e col. (1976).

e) Relativamente ao Sexo, Prova, Variáveis TOTDES e TOTTEM.

O factor Sexo introduz um outro aspecto que nos parece concludente referente ao

comportamento postural e ao maior número de deslocamentos e tempo de desequilíbrio

dos mesmos deslocamentos. Os resultados confirmam os resultados semelhantes

investigados na amostra principal. Não há diferenças significativas entre sexos.

Quanto às Interacções (Sexo x Prova), verifica-se, neste caso, que existe uma

interacção entre Sexo x Prova estatisticamente significativa para as provas 3, 4 e 5

referenciando os indivíduos do sexo masculino como aqueles que registam menos tempo

de desequilíbrio. Estes resultados confirmam estudos anteriores de Gantchev (1980), nos

quais se conclui que os indivíduos do sexo masculino se afastam menos da verticalidade e

os do sexo feminino criam maiores amplitudes de deslocamento e maior tempo de

desequilíbrio.

f) Os resultados expressos em termos univariados, Variáveis LATD e LATT,

exprimem duas relações significativas. A covariante Altura correlaciona significativamente

com as variáveis LATT-4 e LATD-5 (quadros 4.61 e 4.62). Verificamos, assim, que na

totalidade da amostra de sujeitos não praticantes, na Prova 4, a uma maior estatura

corresponde uma predominância temporal das posições de desequilíbrio para a direita.

Também, na Prova 5, se verifica predominância similar do número de posições de

desequilíbrio para o mesmo lado direito.

De acordo com Serge Mesure & Jacques Crémieux (1998) na posição de pé (bípede)

os segmentos corporais, num dado momento, necessitam da organização e integração

sensório - motora do equilíbrio postural. É assim que todas as modificações activas ou

passivas desta postura fundamental, colocam em jogo dispositivos automáticos de

compensação e de correcção destinados a preservar ou a gerir em, todas as circunstâncias,

o equilíbrio do corpo numa posição determinada. A manutenção de uma actividade postural,

em condições inabituais e desestabilizantes, deve suscitar, no indivíduo, não somente a

utilização das aferências sensoriais, mas também desencadear reacções motoras rápidas e

o mais apropriadas possível ao restabelecimento do equilíbrio (caso deste grupo de não

praticantes na Prova 5, realizada na ausência de informação visual). Do mesmo modo, na

Prova 4 realizada com estimulação opticocinética, por comparação com o que se passa ao

longo da ontogénese, a aprendizagem de um novo gesto passa por uma preponderância da

Page 212: Comportamento postural dinâmico

184

Dolores Monteiro

contribuição visual. Na ontogénese aprendemos, com efeito, que cada vez que o indivíduo

aprende uma nova habilidade postural, existe uma predominância da entrada visual ao

serviço de um novo tipo de controlo postural. No nosso estudo, no grupo de não praticantes,

não podemos observar a construção de uma nova habilidade, mas simplesmente observamos

a sua performance postural. Como diz Massion, 1992, o resultado, expresso pela diminuição

do número de exercícios, demonstra uma adaptação sensório-motora à situação solicitada.

Em adição, destacamos, de acordo com Gagey P. M.(1973), que os dois olhos não

têm a mesma importância para assegurar a regulação da actividade tónico postural do

sujeito em equilíbrio. Normalmente, nós solicitamos mais o chamado “olho postural”, ou

seja, o olho que melhor nos assegura a regulação do nosso equilíbrio. O conhecimento

desta nova perspectiva, que se inscreve no quadro das lateralidades posturais, pode bem

estar na base da justificação fundamental das duas relações significativas anteriormente

apresentadas.

RECOMENDAÇÕES

• Os dados obtidos neste estudo permitem-nos confirmar a necessidade

de desenhos experimentais mais complexos, com o recurso a metodologias de

investigação quantitativa e qualitativa mais elaboradas. A complexidade dos

fenómenos, que decorrem das interacções simultâneas entre os grupos, terá que ter

outro tratamento mais aprofundado.

• Necessariamente, nos aspectos puramente metodológicos, a recolha de

dados deverá ser realizada, de acordo com alguns autores, no meio e no final da

época desportiva, que são os momentos adequados de avaliação.

• Decorrente do ponto anterior, a execução de estudos em contextos

desportivos deverá ser efectuada numa perspectiva longitudinal, recorrendo a

técnicas estatísticas mais complexas e rigorosas. Só assim será possível conhecer

os vários processos relacionais existentes entre as variáveis e o seu efeito no

rendimento dos indivíduos testados.

• Relativamente às dificuldades já referidas e relativas à dimensão da

amostra, em especial ao baixo número de indivíduos seleccionados, elas prenderam-

se com o facto de os indivíduos serem de várias zonas distantes da Universidade,

tornando difícil a deslocação dos indivíduos e, sobretudo, a observação dos critérios

de normalização. Este facto pode ser um obstáculo à extensão deste tipo de estudos

a determinadas amostras.

Page 213: Comportamento postural dinâmico

185

Conclusões

5.1 Propostas de trabalhos futuros

Do trabalho desenvolvido ressaltam algumas questões que necessitam de ser

aprofundadas em pesquisas futuras:

• Procurar o relacionamento do sistema visual com o sistema vestibular,

utilizando estímulos diferentes dos proporcionados no presente estudo.

• Procurar utilizar as mesmas provas em indivíduos com um maior tempo

de prática desportiva (federada) e em diversos escalões etários

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Page 215: Comportamento postural dinâmico

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Anexos

7Anexos

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Dolores Monteiro

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Anexos

Anexo I

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Dolores Monteiro

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Anexos

Anexo II

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Dolores Monteiro

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Anexos

Anexo III