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COMPÓSITO DE POLIPROPILENO REFORÇADO COM FIBRAS DE LINHO
MODIFICADAS COM SF6
Anderson Thiago Vasconcelos Veiga
Rio de Janeiro
Dezembro de 2016
Projeto de Graduação apresentado ao
Curso de Engenharia de Materiais da
Escola Politécnica, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientadora: Renata Antoun Simão
ii
COMPÓSITO DE POLIPROPILENO REFORÇADO COM FIBRAS DE LINHO
MODIFICADAS COM SF6
Anderson Thiago Vasconcelos Veiga
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA DE MATERIAIS DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE MATERIAIS.
Examinado por:
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
DEZEMBRO de 2016
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Vasconcelos Veiga, Anderson Thiago
Compósito de polipropileno reforçado com fibras de
linho modificadas com SF6 de Anderson Thiago Vasconcelos
Veiga – Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA,
2016.
vii, 44 p, 29,7 cm.
Orientadora: Renata Antoun Simão.
Projeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/
Engenharia de Materiais, 2016.
Referências Bibliográficas: p. 33-34
1. Fibra de linho 2. Polipropileno 3. Compósitos 4.
Tratamento com plasma 5. Reciclagem 6. Comportamento
mecânico
I. Simão, Renata Antoun. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de
Materiais. III. Compósito de polipropileno reforçado com fibras
de linho modificadas com SF6.
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À toda a minha família, em especial à minha mãe Ivani.
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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Materiais.
Compósito de polipropileno reforçado com fibras de linho modificadas com SF6
Anderson Thiago Vasconcelos Veiga
Dezembro/2016
Orientadora: Professora Renata Antoun Simão
Curso: Engenharia de Materiais
A partir da necessidade de buscar fontes renováveis para a produção dos materiais que
venham possuir baixo custo, baixa densidade, boas propriedades mecânicas,
abundância, entre outros, diversos estudos apontam para a utilização de fibras naturais
como reforço em compósitos de matriz polimérica, devido as suas excepcionais
propriedades mecânicas em relação ao custo e densidade. Porém, essas fibras
apresentam a desvantagem de não possuírem boa adesão a matriz polimérica de um
compósito. Para tal, são realizados diversos tratamentos, um destes ganha destaque, e
utiliza plasma para promover modificações na superfície das fibras. Nesse trabalho
avaliou-se a modificação superficial em fibras de linho com o uso de plasma para uma
melhoria na interação fibra-matriz. Foi utilizado gás SF6 para tratar a fibra de linho, os
tratamentos duraram 30 e 60 minutos. As fibras foram adicionadas em matriz polimérica
contendo 100% de resina virgem e 40% resina reciclada com 60% virgem. Após
tratadas, foram analisadas em MEV e os compósitos foram submetidos a ensaios de
tração para avaliar a eficácia do tratamento. Os resultados obtidos para tensão máxima
e módulo de elasticidade indicam que o compósito com fibras tratadas por 60 minutos
apresentou resultados similares ao polímero virgem, e a utilização de polipropileno
reciclado promoveu grande melhoria nas propriedades mecânicas analisadas.
Palavras chave: Fibra de linho, Polipropileno, Compósitos, Tratamento com Plasma,
Reciclagem, Hexafluoreto de Enxofre.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
POLYPROPYLENE COMPOSITES REINFORCED WITH MODIFIED FLAX FIBERS
WITH SF6
Anderson Thiago Vasconcelos Veiga
December/2016
Advisor: Professor Renata Antoun Simão
Course: Materials Engineering
From the need to seek renewable sources for the production of low cost materials, low
density, with good mechanical properties, abundance, among others, several studies
point for the use of natural fibers as reinforcement in polymer matrix composites, due to
their exceptional mechanical properties in relation to cost and density. However, such
fibers have the disadvantage that they do not have good adhesion to the polymer matrix
of a composite. For this, several treatments are performed, one of these is highlighted,
and uses plasma to promote modifications on the surface of the fibers. In this work the
superficial modification in flax fibers with the use of plasma was evaluated for an
improvement in fiber-matrix interaction. SF6 gas was used to treat flax fiber, which lasted
30 and 60 minutes. The fibers were added in polymer matrix containing 100% virgin resin
and 40% recycled with 60% virgin resin. After treatment, they were analyzed in SEM and
the composites were submitted to tensile tests to evaluate the effectiveness of the
treatment. The results obtained for maximum tension and modulus of elasticity indicate
that the composite with fibers treated for 60 minutes presented similar results to the virgin
polymer, and the use of recycled polypropylene promoted a great improvement in the
mechanical properties analyzed.
Keywords: Flax Fibers, Polypropylene, Composites, Plasma Treatment, Recycling,
Sulfur Hexafluoride.
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Sumário
1. Introdução 01
2. Objetivo 03
3. Revisão Bibliográfica 04
3.1. Polipropileno 04
3.2. Fibras Naturais 06
3.3. Materiais Compósitos 09
3.4. Interface matriz-fibra – modificação superficial com plasma 11
3.5. Métodos de caracterização 13
3.5.1. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) 13
3.5.2. Ensaio de Tração 13
4. Procedimento Experimental 15
4.1. Materiais Usados 15
4.2. Metodologia Experimental 15
4.2.1. Preparação das fibras 16
4.2.2. Montagem do Reator de Plasma 18
4.2.3. Tratamento com plasma 19
4.2.4. Preparação dos compósitos 20
4.2.5. Ensaio Mecânico 22
4.2.6. Caracterização por MEV 23
5. Resultados e Discussões 24
5.1. Caracterização por MEV – fibras tratadas e não tratadas 24
5.2. Ensaio de Tração e superfície de fratura 26
6. Conclusão 32
7. Bibliografia 33
Anexo I – Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura 35
Anexo II - Gráficos dos ensaios de tração nos compósitos 42
1
1. Introdução
Atualmente há uma forte pressão para que se utilize materiais de fontes
renováveis que possam reduzir a grande dependência dos óleos fósseis que são
altamente danosos para o meio ambiente. O assunto é tão importante que é
frequentemente citado nas Assembleias Gerais da Organização das Nações Unidas
(ONU), além das reuniões onde diversos países assinam tratados internacionais
comprometendo-se com a diminuição dos gases poluentes. Para tal, processos de
reciclagem e da redução do uso de petróleo tornam-se necessários, convergindo assim
para a utilização de materiais sustentáveis.
Além dos aspectos ambientais, há ainda o interesse econômico. Com as
frequentes oscilações do preço do petróleo no mercado internacional, há grande
interesse da redução do uso do polímero virgem substituindo-o por polímero reciclado
– em geral 40% mais barata do que a virgem – e outros materiais sem perda de
propriedades mecânicas (FERNANDES, et al., 2007). Com isso, as fibras naturais têm
emergido como alternativa para redução do uso do petróleo e possuem boas
propriedades se comparadas com as fibras sintéticas.
O desenvolvimento de materiais compósitos de matriz polimérica reforçados por
fibras naturais tem crescido mundialmente nas últimas décadas, já que possuem boas
propriedades quando comparadas aos compósitos reforçados com fibras sintéticas
(PAT, et al., 2013). Estudos têm apontado que uma das melhores fibras naturais é a
fibra de linho – comumente utilizada na indústria têxtil – que encontra novos usos
quando embutida em matriz polimérica, por exemplo promovendo o reforço no
polipropileno.
O interesse por esse tipo de compósito é crescente devido ao baixo custo se
comparado aqueles reforçados com fibras sintéticas, além da busca por materiais de
fontes renováveis. Essas fibras podem ser dispostas das seguintes formas: aleatória,
contínua, curta ou longa. Porém para que haja a transferência das propriedades
mecânicas das fibras para a matriz, é necessário que haja boa interação entre a
superfície da fibra e o polímero. As fibras naturais (e especialmente o linho) possuem
estrutura complexa, sendo grande parte dessa composta por celulose (em torno de
75%), o que promove um caráter hidrofílico nesta superfície. Já os polímeros são
conhecidos pelo seu caráter hidrofóbico, o que dificulta a ancoragem destas fibras. Para
resolver esse problema, muitos pesquisadores propõem diversos métodos para
2
tratamento superficial das fibras naturais, tornando-as compatíveis com o material
polimérico. Um dos tratamentos superficiais que tem emergido nos últimos anos é o
tratamento com plasma, que através de diversos mecanismos tem mostrado melhoria
significativa nas propriedades mecânicas do compósito de fibras naturais. O tratamento
com plasma em atmosfera de SF6 a baixa pressão tem exibido resultados interessantes,
já que promove alteração química na superfície da fibra, com o aumento da
compatibilidade interfacial. Além disso, a tecnologia a plasma vem ganhando destaque
devido ao baixo consumo de insumo, facilidade no controle dos parâmetros do processo
e baixo impacto ambiental se comparado com os tratamentos tradicionais de limpeza e
modificação de superfícies.
3
2. Objetivo
Este trabalho tem como objetivo melhorar a adesão entre a superfície das fibras
naturais de linho e matriz polimérica de polipropileno, através do tratamento com plasma
em atmosfera SF6 a baixa pressão na superfície das fibras.
Para avaliar a eficácia do processo, serão analisadas as propriedades
mecânicas (tensão máxima e módulo de elasticidade) dos compósitos obtidos em
misturador termo cinético, além do auxílio de imagens da superfície fraturada obtida em
microscopia eletrônica de varredura.
Além disso, também se avaliará a substituição parcial do polímero virgem por
polímero reciclado no intuito de obter-se materiais mais “verdes” e com as propriedades
mecânicas analisadas, no mínimo, similares àqueles preparados com matéria-prima
obtida a partir de fontes não renováveis.
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3. Revisão Bibliográfica
3.1. Polipropileno
O polipropileno é um polímero termoplástico muito versátil e um dos mais
utilizados, representando 23,7% da demanda mundial de termoplásticos no começo do
século XXI. É também um polímero semicristalino e que pode ser produzido através da
poliadição. Esse material possui boa combinação de propriedades química, térmica e
elétrica, com facilidade para o processamento e acabamento. Dada suas
características, desde 1957 tem sido produzido em larga escala sendo aplicado em
diversos ramos da indústria e no dia a dia, como por exemplo, na indústria
automobilística, elétrica, eletrônica, em utensílios domésticos, entre outros (PASQUINI,
et al., 2005).
O processo de obtenção deste polímero se dá através de reações de
polimerização de monômeros que se combinados formam moléculas maiores, sendo
caracterizado pela repetição de uma unidade básica. O propileno, de fórmula C3H6, é o
monômero utilizado para a obtenção do polipropileno, e é produzido no craqueamento
da nafta oriunda a partir do fracionamento do petróleo.
Imagem 1: Reação de Polimerização (PETRY, 2011)
Como já citado, o grande interesse pelo polipropileno se dá devido a boa
combinação de diversas características e também a sua baixa densidade (0,905 g/cm3),
boa resistência a temperaturas mais elevadas (temperatura de fusão de 170 °C), e
quando reforçado por fibras de vidro pode competir com outros plásticos de engenharia
(PACHECO, 2015). Alguns aditivos podem ser adicionados para melhorar algumas
características e propriedades, como a adição de antioxidante, estabilizantes anti UV,
modificantes de dureza (através de plastificantes e cargas), corantes, biocidas (para
prevenir o crescimento biológico na superfície), entre outros (PASQUINI, et al., 2005).
O polipropileno pode ser processado por diversas maneiras de acordo com o
produto final desejado. Os processos de transformação mais comuns pelo qual ele pode
passar são: extrusão, injeção, filme, moldagem por compressão, ráfia e sopro, sendo
que cerca de 39% dos produtos no Brasil feitos de polipropileno são obtidos através do
processo de injeção (ABIPLAST, 2011).
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Uma das principais demandas do polipropileno no Brasil e no mundo é da
indústria automotiva. Diversas partes de um veículo são produzidas por essa resina,
sendo utilizado tanto no interior (painel do carro, revestimento das portas reservatórios
de fluídos, por exemplo), quanto no exterior (para-choques, para-lamas, entre outros).
Sua utilização vem aumentando pois ele reduz o peso dos automóveis, ajudando a
diminuir o consumo de combustível e emissão de gases poluentes.
Um fator muito importante na utilização do polipropileno é a possibilidade de
reciclagem sem grandes perdas nas propriedades. Estima-se que o preço do polímero
reciclado é em torno de 40% mais barato do que material virgem, aumentando a
competividade e redução de custos, além da redução do impacto ambiental
(FERNANDES, et al., 2007). O polipropileno pode ser reutilizado através da reciclagem
mecânica (também conhecida como reciclagem secundária) e servir de matéria prima
para fabricação de produtos plásticos através de processos mecânicos. Para tal é
necessário que o material seja devidamente separado, higienizado e preparado sem
contaminantes, para que seja possível obter um produto de alta qualidade, homogêneo
e limpo. Porém esse tipo de reaproveitamento envolve algumas desvantagens que
podem comprometer o resultado final, como os processos de degradação e a
heterogeneidade do produto pós-consumo. Como as reações químicas de
polimerização são reversíveis, em teoria, a energia e o calor fornecidos durante o
processamento podem causar foto-oxidação e também podem causar alterações nas
propriedades mecânicas. Isso se dá pelo fato do comprimento das cadeias poliméricas
possivelmente ser alterado a partir da formação de componentes oxidados ou da
exposição ao ambiente. Apesar disso, a recuperação ainda é altamente viável
economicamente, onde diversos produtos do nosso dia a dia provêm desse tipo de
reciclagem, como papel de bala e perfis de portas e janelas. (SALEM, et al., 2009)
De maneira a incluir o polipropileno pós-consumo na rota de processamento,
diversos estudos avaliam a possibilidade da inclusão de uma quantidade de
polipropileno reciclado à resina virgem, como na avaliação realizada por Fernandes et
al. (2007). Nessa pesquisa foram testadas algumas composições de mistura do material
virgem e reciclado até a utilização de 100% do polipropileno reciclado. Foi concluído
que houve aumento na rigidez (confirmado pelo ensaio de impacto), diminuição da
deformação na ruptura e satisfatória tensão a tração entre 30% e 50% de polímero pós
consumo. Acima desses valores, o resultado foi um material muito frágil que não atende
as especificações exigidas para aplicação desejada.
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3.2. Fibras Naturais
As fibras naturais nos últimos anos têm recebido grande destaque em diversas
aplicações devido as suas potenciais vantagens, como o baixo peso específico, preço
competitivo, e baixo impacto ambiental quando descartadas. Elas vêm substituindo as
já tradicionais fibras de vidro em diversas aplicações, como na indústria automotiva,
mesmo com algumas limitações (baixa durabilidade e baixa resistência a tração).
Podem ser contornadas através de diversos tratamentos que são objetivos de diversas
pesquisas, como esse trabalho. Porém, antes de falar como usar, é necessário que se
analise a estrutura e a composição dessas fibras naturais.
Tabela 1: Propriedades da fibra de vidro e de fibras naturais (adaptado de BROUWER,
2001)
Propriedades
Fibra
E-glass linho cânhamo juta rami coco sisal algodão
Densidade
(g/cm3) 2.55 1.4 1.48 1.46 1.5 1.25 1.33 1.51
Tensão
máxima*
(10E6 N/m2)
2400
800
-
1500
550 - 900 400 -
800 500 220
600 -
700 400
Módulo de
Elasticidade -
E(GPa)
73 60 -
80 70
10 -
30 44 6 38 12
Módulo de
Elasticidade
Específico
(E/densidade)
29 26 -
46 47
7 -
21 29 5 29 8
Deformação
na fratura (%) 3
1.2 -
1.6 1.6 1.8 2
15 -
25 2 - 3 3 - 10
Absorção de
umidade (%) - 7 8 12
12 -
17 10 11 8 - 25
*a tensão máxima depende fortemente do tipo de fibra, podendo ser um aglomerado
ou um único filamento, além das condições individuais de cada vegetal
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As fibras naturais, provenientes do mundo vegetal, podem ser obtidas de
diferentes partes de uma planta: caule (linho, juta, cânhamo e bambu); folhas (sisal,
abacaxi e bananeira); fruto (algodão e coco); tronco (madeira). Portanto, é de se esperar
que haja grande variedade entre elas, porém três principais componentes em comum
podem ser destacados: a celulose, hemicelulose e lignina (ROWELL, et al., 1997).
A celulose, um polímero natural com alta resistência e dureza por peso, é um
material construído por longas células fibrosas, que podem ser encontradas no caule,
nas folhas, ou nas sementes. É um polissacarídeo com fórmula geral (C6H10O5)n, o grau
de polimerização varia de acordo com o tipo de fibra influenciando as propriedades
mecânicas. Os monômeros (celobiose) contêm grupos hidroxila que formam ligações
de hidrogênio intra e intermoleculares. Com isso, a celulose pode apresentar regiões
cristalinas (regiões com microestrutura ordenada) e regiões não cristalinas (regiões
desordenadas). Esse arranjo promove alta resistência mecânica, o que torna a celulose
a principal estrutura das plantas e das fibras naturais. (GURUNATHAN et al., 2015).
Imagem 2: Estrutura da celobiose (unidade repetitiva da celulose) – (RAZERA, 2006)
Outro componente, presente nas fibras naturais vegetais, é a hemicelulose, uma
mistura de polissacarídeos de cadeia ramificada. Esse é um polímero cuja composição
podem apresentar proporções variadas de unidades de açúcar, responsável pela
flexibilidade das plantas, e atua como ligação entre a celulose e a lignina (FENGEL, et
al., 1984).
Outro componente muito importante nas fibras naturais é a lignina, que pode ser
encontrada em diversas plantas do reino vegetal, mas sua constituição é variável.
Depois da celulose, essa é a estrutura orgânica mais abundante, fornecendo dureza e
rigidez. Dada a heterogeneidade, a lignina não é considerada uma única substância
química, mas uma classe de materiais podendo ser dividida em lignina guaiacila e
lignina guaiacila-siringila. Uma contém principalmente unidades de guaiacila, a outra
possui quantidade similar de guaiacila e siringila, respectivamente. Ambas ainda contêm
quantidades significativas de p-hidroxifenila. Essas unidades estruturais estão ligadas
umas com as outras através de vários tipos de ligações, normalmente as mais
encontradas são do tipo éter ou carbono-carbono (RAZERA, 2006).
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Imagem 3: unidades presentes na lignina: p-hidroxifenila (1), guaiacila (2), siringuila (3)
(RAZERA, 2006)
As fibras podem ser obtidas de diferentes partes das plantas onde é possível
observar grande variação das propriedades de acordo com a estrutura do vegetal. O
arranjo da estrutura dessas fibras é complexo e feito em camadas, podendo ser
observada na representação esquemática (figura 4). Dentro do caule existem uma
determinada quantidade de aglomeração de fibras, cada uma contendo células de fibra
individuais ou filamentos. Elas são compostas por celulose e hemicelulose ligados por
uma matriz de lignina (BROUWER, 2001). Todo vegetal apresenta diversas variações
nessa estrutura influenciadas por diversos fatores, como por exemplo as condições de
crescimento (FARUK, 2012), justificando a amplitude nos resultados de propriedades
mecânicas mesmo quando se considera o mesmo tipo fibra.
(a)
(b)
Imagem 4: Constituintes das fibras naturais. (a) Representação esquemática.
(BOUDET, et al., 2003) (b) Micrografia da fibra de linho
Quando se analisa a tabela 1 pode-se observar que algumas fibras naturais
apresentam resultados para o módulo de elasticidade específico (módulo de
elasticidade dividido pela densidade do material), próximo, ou superiores as fibras de
vidro. Isso pode ser observado nas fibras de linho e cânhamo, que proporcionam fibras
resistentes e duras, competitivas frente as fibras sintéticas. O uso das fibras naturais
para aplicações técnicas tem sido objeto intenso de estudos na Europa, onde diversos
componentes automotivos já são produzidos baseados em poliéster ou polipropileno e
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fibras como o linho ou sisal. O grande interesse se dá pelo baixo custo (já que algumas
dessas fibras vegetais são muito abundantes ou eram consideradas como lixo); pela
redução de peso (que resulta em automóveis mais eficientes com redução no consumo
de combustíveis); e pelo marketing verde (se destacando o processo com materiais de
fontes renováveis) (BROUWER, 2001).
3.3. Materiais compósitos
Os materiais compósitos são definidos por Callister Jr. (2011) como qualquer
material multifásico que exibe uma proporção significativa das propriedades de ambas
as fases que o constituem, de tal modo que é obtida uma melhor combinação das
propriedades. Isso se baseia no princípio da ação combinada onde ocorre uma
combinação das propriedades das diferentes fases. Os compósitos podem ser
projetados combinando e melhorando algumas características mecânicas, como a
resistência mecânica, rigidez, tenacidade, e até mesmo melhorar a resistência à
algumas condições ambientais.
Um material compósito é comumente constituído de duas fases, a matriz
(contínua) e o reforço (dispersa), onde as propriedades finais são funções dessas, além
de suas quantidades e geometria da fase dispersa. Um grupo muito importante são os
compósitos reforçados por fibras, que visam obter alta resistência e/ou rigidez em
relação à densidade específica (resistência específica e módulo específico). Para
realizar o reforço com fibras, alguns fatores devem ser considerados, além das
propriedades intrínsecas dessas.
O comprimento da fibra é de grande importância, onde certo comprimento crítico
de fibra é necessário para um aumento efetivo na resistência, porém não deve ser
grande o suficiente de maneira que se comporte como uma falha quando estiver
submetido a alguma tensão. Isso é importante para que haja transmissão de carga
através da interface fibra-matriz, de maneira que quando uma tensão for aplicada, essa
interação cessa nas extremidades da fibra, o que resulta num padrão de deformação da
matriz como pode ser observado na imagem abaixo.
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Imagem 5: Padrão de deformação na matriz que está envolvendo uma fibra submetida
a uma carga de tração σ. (CALLISTER, 2011).
A orientação e concentração das fibras também é outro fator de grande
importância para as propriedades de um compósito reforçado. O arranjo é influenciado
de acordo com o alinhamento, podendo ser em um extremo as fibras estarem orientadas
paralelamente com o eixo longitudinal em uma única direção ou um alinhamento
completamente aleatório. Essa segunda orientação é mais observada quando se tem
fibras descontínuas, porém em todos os casos, a homogeneidade é um fator importante
para se obter um material com boas propriedades.
Imagem 6: Representações esquemáticas de compósitos reforçados com fibras (a)
contínuas e alinhadas, (b) descontínuas e alinhadas, (c) descontínuas e orientadas
aleatoriamente. (CALLISTER, 2011)
As fibras descontínuas e orientadas aleatoriamente, apesar de terem a eficiência
do reforço limitada, têm a vantagem de serem isotrópicas, ou seja, são independentes
da direção na qual a tensão é aplicada. Com isso é possível que esse compósito possa
ser utilizado em aplicações que possam envolver tensões aplicadas
multidirecionalmente. Esse material também tem a vantagem quanto ao processamento,
onde é possível conformar formas mais complexas e com custos menores que das fibras
contínuas e alinhadas. Eles podem ser processados através de moldagem, extrusão, e
injeção. Baseado nisso, é possível concluir que, para tirar bom proveito das fibras
naturais essas devem ser um reforço descontínuo e aleatório para que possam ser
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versáteis, com baixo custo, atenuadno a demanda por material polimérico de origem
não renovável.
3.4. Interface matriz-fibra – modificação superficial com plasma
Um fator muito importante nos compósitos reforçados é a interação entre as
fibras e a matriz (a interface). Nos compósitos de fibras naturais, as principais
desvantagens são a baixa compatibilidade entre a fibra e matriz, e a alta absorção de
umidade. Com isso se faz necessário o emprego de alguns tratamentos para
modificação da superfície das fibras (hidrofílicas), aumentando a adesão em matrizes
poliméricas (hidrofóbicas). Uma boa transferência da tensão da matriz para as fibras
pode ser alcançada com uma boa interface (FARUK, 2012). Para tal, quatro tipos de
modificação superficiais podem ser encontrados na literatura: química (mercerização,
acetilação, silanização e etc), físico-química (extração com solvente), física (uso de
diferentes raios ou plasma, exposição a vapor), e tratamentos mecânicos (laminação,
estampagem) (GURUNATHAN, et al., 2015).
Os tratamentos físicos envolvem a mudança estrutural e as propriedades da
superfície das fibras influenciando a ligação mecânica com os polímeros sem que haja
grandes alterações na composição química das fibras. Eles melhoram a adesão fibra-
matriz através da redução entre o caráter hidrofílico e hidrofóbico da fibra e matriz.
Dentre os principais tratamentos que podem ser realizados, o realizado com plasma
oferece uma abordagem única para a modificação de estruturas químicas e físicas da
matriz e da fibra sem alterar a estrutura interna e as características resultantes dos
materiais.
O tratamento com plasma é principalmente aplicado para limpeza, esterilização,
e ataque na superfície em filmes para aplicação de embalagem de alimentos. Essa
técnica é baseada na modificação das superfícies do material e uma grande variedade
de alterações podem ser obtidas dependendo do tipo e da natureza do gás utilizado. O
plasma induz a formação de radicais livres, pode aumentar ou reduzir a energia de
superfície, e ligações cruzadas podem ser induzidas.
O plasma pode ser considerado como o quarto estado físico da matéria, onde
elétrons livres e íons podem coexistir em um gás ionizado. Para se obter tal estado é
necessário que atinja alta temperatura ou através de um forte campo eletromagnético,
geralmente em baixas pressões. Esse processo promove a remoção de elétrons dos
átomos ou moléculas, que são acelerados devido ao campo elétrico ou magnético
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induzido ou imposto. Esses elétrons com energia cinética podem sofrer colisões com
outros átomos e moléculas, e assim, remover outros elétrons produzindo novos íons e
elétrons livres. Isso promove um processo de ionização em cascata que faz com que
novas espécies químicas sejam produzidas, criando uma nuvem de espécies no estado
ionizado (FARIAS, 2012). Essa técnica possui algumas vantagens que é o baixo
consumo de insumos, baixa emissão de poluentes, fácil controle nas variáveis do
processo (pressão de trabalho, gás utilizado, pressão de base, potência inserida), e
permitir que diversos tipos de gases, estáveis e inertes, possam se tornar altamente
reativos (PACHECO, 2015).
Para realizar os tratamentos com plasma, diversos projetos e aparatos podem
ser utilizados de acordo com o resultado a ser desejado para a obtenção e manutenção
de um plasma a baixa temperatura e baixa pressão. Para promover a modificação
superficial nas fibras naturais, Farias (2012) relata os seguintes materiais:
a) um gás de trabalho;
b) uma câmara de reação;
c) uma fonte externa de energia ionizante para que átomos e moléculas, em estado
gasoso, alcancem o estado de plasma;
d) um sistema de vácuo, de forma a reduzir a pressão interna, aumentando o livre
caminho médio dos elétrons, favorecendo assim o processo de ionização molecular.
Como já comentado, diversos tipos de interação e reações podem ocorrer dentro
do plasma. CORDEIRO (2016) destaca alguns mais importantes, como:
Remoção do material: pelo sputtering (colisão de espécie energética do plasma
com a superfície, com energia suficiente para remover espécies do sólido) e
ataque químico (reações químicas envolvendo espécies reativas geradas no
plasma com as espécies da superfície, resultando na formação de produtos
voláteis). Isso geralmente resulta em uma superfície áspera que pode promover
melhor interação com a matriz;
Polimerização a plasma: formação de um revestimento superficial do gás
utilizado, quando esse apresenta tendência em polimerização (metano, etano,
etc);
Modificação química superficial: incorporação de átomos ou grupos funcionais
na superfície do material, geralmente repondo átomos ou fragmentos no material
removido por plasma. Isso pode ocorrer devido a direção da reação ou pela
13
formação de radicais livres seguidos pela reação com espécies no plasma (íons
ou neutras) ou depois de exposição a atmosfera. Alguns exemplos são o O2, N2,
CO2, SF6, He, Ar e NH3.
Diversos estudos apontam que o tratamento com plasma nas superfícies das
fibras pode promover melhoria nas propriedades mecânicas dos compósitos com fibras
naturais dependendo do gás utilizado. Cordeiro (2016) demonstrou que o tratamento
com plasma em atmosfera de SF6 promoveu a incorporação do flúor que, ligado
covalentemente ao carbono presente nas fibras, altera o comportamento das fibras
naturais de hidrofílica para altamente hidrofóbica. Essa modificação química na
superfície da fibra aumentou a interação entre a fibra e o polipropileno, podendo ser
observado aumento no módulo de elasticidade em comparação com os compósitos com
fibras não tratadas. Também foram observados em microscopia eletrônica de varredura
(MEV) indícios de melhorias na interface fibra-matriz da superfície fraturada.
3.5. Métodos de Caracterização
A literatura relata diversas técnicas para se avaliar a eficácia da modificação das
fibras naturais, podendo serem analisadas qualitativamente ou quantitativamente.
Nesse trabalho, as seguintes técnicas foram utilizadas:
3.5.1. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A microscopia eletrônica de varredura é muito utilizada, pois nela, é possível se
obter imagens em alta resolução da superfície da amostra, podendo assim proceder a
análise. Essa consiste na emissão de feixes de elétrons mediante a aplicação de uma
diferença de potencial em um filamento capilar de tungstênio, que pode variar de 0,5 kV
a 30 kV. Como a imagem é obtida através da incidência de elétrons, é necessário o
processo de metalização em amostras não condutoras, prevenindo a acumulação de
cargas elétricas. Esse processo de metalização pode ser realizado com ouro, que
também ajuda a melhorar o contraste da imagem obtida.
3.5.2. Ensaio de Tração
O ensaio de tração é um ensaio destrutivo muito utilizado para se obter as
propriedades mecânica de diversos tipos de materiais. Um corpo de prova padronizado
é submetido a um esforço que promoverá o alongamento até a sua ruptura. Esse é
14
fixado em um equipamento onde um esforço crescente e variável é aplicado na direção
axial e as informações de deformação são registradas em formato de um gráfico de
tensão x deformação. Diferentes tipos de materiais possuem respostas diferentes a esse
tipo de ensaio dependendo das suas propriedades individuais. A primeira parte da curva
(linear) está relacionada com a deformação elástica do material e relaciona a tensão e
deformação de acordo com a lei de Hooke (σ = E x ε). Já a segunda parte da curva
(variável) está relacionada com a deformação plástica e a deformação nessa região é
permanente. No ensaio, em geral, é possível ser observados alguns pontos importantes:
na região elástica é possível obter o máximo de tensão que pode ser aplicada
no qual a deformação sofrida pode ser recuperada após a retirada dos esforços
(indicado como módulo de elasticidade)
limite de escoamento é o ponto no qual o material deixa de sofrer deformações
elásticas (recuperável) e passa a sofre deformações plásticas (irreversível)
15
4. Procedimento Experimental
4.1. Materiais usados
Para a confecção dos compósitos, foram utilizadas fibras de linho de 10
milímetros do tipo TechnoFlax, cedidas pelo Doutor Rafael Cavalcante Cordeiro,
fornecidas pela empresa SachsenLeinen e. V., Alemanha.
O Polipropileno Prolen foi cedido pela Professora Marysilvia Ferreira da Costa,
fornecido pela empresa Polibrasil Resinas S.A.
Além dos pellets de Polipropileno, ainda foram utilizados copos descartáveis de
Polipropileno afim de avaliar a viabilidade da reciclagem desse material na confecção
dos compósitos. Eles foram picotados em pequenos pedaços e cedidos pela Engenheira
Laura Villela Pacheco.
Imagem 7: copos plásticos de polipropileno picados
O gás hexafluoreto de enxofre (SF6) com 99,95% de pureza foi fornecido por
White Martins Praxair Inc.
4.2. Metodologia Experimental
O processo de preparação e caracterização dos compósitos se deu nas
seguintes etapas: preparo das fibras, tratamento com plasma em atmosfera de SF6,
análise das fibras em MEV, processamento dos compósitos e ensaio de tração e análise
dos compósitos em MEV.
16
4.2.1. Preparação das fibras
As fibras de linho fornecidas apresentavam comprimento em 10 mm e foram
levadas em estufa a 80 ºC por 12h para remoção da umidade. Para tal, foi utilizada a
Estufa Microprocessada de Secagem Quimis Q-317M no Laboratório de Superfícies e
Filmes Finos do Departamento de Engenharia Metalúrgia e de Materiais da Escola
Politécnica.
A seguir, procedeu-se a moagem das fibras no Moinho de Facas SL-30 da
empresa Solab Científica, também pertencente ao Laboratório de Superfícies e Filmes
Finos do Departamento de Engenharia Metalúrgia e de Materiais da Escola Politécnica.
Imagem 8: Moinho de Facas SL-30
Após moídas, foi realizada a classificação por tamanho das fibras de linho em
uma sequência de peneiras de 75, 125 e 250 µm, por 20 minutos em Agitador de
Peneiras Produtest vibratória do Laboratório de Análises Químicas e Processamento
Cerâmico do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. O esquema de
montagem pode ser observado na imagem 9.
17
Imagem 9: Agitador de Peneiras Produtest e peneiras de 250, 125 e 75 µm de cima
para baixo.
A partir da classificação das fibras de linho, foram selecionadas aquelas com
tamanho entre 75 e 250 µm para realização do tratamento com plasma e também a
produção dos compósitos com fibra sem tratamento. Estas fibras escolhidas são
mostradas na imagem a seguir:
Imagem 10: fibras de linho após peneiramento com tamanhos entre 75 e 250 µm
18
4.2.2. Montagem do Reator de Plasma
O tratamento foi realizado no reator a plasma desenvolvido no Laboratório de
Superfícies e Filmes Finos do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais.
Nesse tipo de reator, uma corrente elétrica, através de uma bobina que envolve o
cilindro de vidro externo, gera um campo magnético que, sob vácuo, induz a formação
de plasma, tornando-se possível a reação desejada em toda a superfície de uma
amostra com simetria axial (como as fibras naturais) que está exposta no interior do tubo
(FARIAS, 2012). O esquema de montagem do aparato é exibido a seguir.
Imagem 11: Esquema do reator de plasma indutivo: (a) bobina em espiral; (b) cilindro
de vidro externo; (c) bomba de vácuo; (d) medidor de pressão; (e) motor de passo; (f)
entrada de fluxo de gás; (g) fonte de radiofrequência; (h) casador de impedância; (i)
porta amostras. (FARIAS, 2012)
Como pode ser observado na imagem 11, dentro do cilindro de vidro externo é
inserido o porta amostra (onde as fibras são depositadas). Esse tubo menor, aberto nas
pontas, é conectado em um motor de passo que permite a rotação em seu eixo principal.
É importante destacar que esse recipiente possui algumas reentrâncias, que podem ser
observadas na imagem 12, promovendo o movimento catarata dentro do tubo durante
a rotação e expondo toda a superfície das fibras ao plasma homogeneamente durante
o tratamento. Nesse porta amostra é possível acomodar até 7g de fibra para o
tratamento.
19
Imagem 12: Porta amostra utilizado. Atenção as reentrâncias para promover o efeito
cascata quando rotacionado no eixo principal
4.2.3. Tratamento com Plasma
Para o tratamento com o plasma escolheu-se o gás SF6, pois foi constatado por
CORDEIRO (2016) a eficácia para o aumento do módulo de elasticidade em compósitos
com 17% de fibras de madeira.
No presente trabalho utilizou-se as condições atmosféricas para o tratamento:
pressão de base do sistema 4,5 x 10-2 mbar e pressão de trabalho utilizada foi de 6,0 x
10-2 mbar, com tempo de exposição das fibras de 30 minutos e 60 minutos. A potência
utilizada foi de 90W para uma composição de 15% de fibras no compósito.
Em cada tratamento foi utilizada a massa de 3,0 gramas de fibra, sendo
recuperada massa aproximada de 2,5 gramas de fibra tratada ao final do procedimento.
Para melhor eficácia do plasma, as fibras ficaram por 12h em estufa a 60 graus Celsius
para remoção da umidade.
A tabela a seguir resume as condições de trabalho utilizadas durante o projeto
para o tratamento.
Tabela 2: Condições de tratamento
Gás
utilizado Tempo Potência
Teor de
Fibras
Pressão de Base
(mbar)
Pressão de
Trabalho (mbar)
SF6 30 min 90 W 15% 4,5 x 10-2 6,0 x 10-2
SF6 60 min 90 W 15% 4,5 x 10-2 6,0 x 10-2
20
Imagem 13: Reator de plasma em funcionamento a 90W em atmosfera de SF6
4.2.4. Preparação dos compósitos
Os compósitos naturais de polipropileno reforçado com fibras de linho foram
preparados no Misturador Termocinético da empresa M.H. Equipamentos Ltda,
pertencente ao laboratório de Superfícies e Filmes Finos no Departamento de
Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Imediatamente após a homogeneização, a
mistura fibra e polímero foi removida e disposta entre duas chapas de aço com um
espaçador de 2 mm e disposta em uma prensa hidráulica aquecida (M.H. Equipamentos
Ltda, mesmo laboratório do misturador). Após resfriamento do disco, os corpos de
provas foram cortados utilizando uma cunha no formato de “gravata”, e prensa hidráulica
Carver, Modelo 3912, pertencente ao Laboratório de imagem 14 mostra as fotos tiradas
durante os passos citados acima.
(a)
(b)
(c)
Imagem 14: Discos de compósito antes de serem cortados (a); Prensa hidráulica
Carver (b); Corpos de prova cortados (c).
21
Para determinação das composições e condições foram realizados alguns
testes, sendo inicialmente determinada a temperatura ideal para a prensa hidráulica.
Testou-se diferentes temperaturas, como 70, 100, 150, 160, 170 e 190 graus Celsius.
Utilizou-se o processo de degaseificação sugerido por PACHECO (2015), feito em
etapas, aplicando e retirando a carga, variando de 1 a 5 ton, ao passo de 1 ton. Também
se analisou a quantidade de massa suficiente para promover a fusão e observância da
homogeneização do polímero só, e com as fibras. Inicialmente constatou-se que a
capacidade máxima de copos picotados era de 25 gramas, o que seria suficiente para
o disco de 10 (ou 15) cm utilizado na normalização. Porém ao se adicionar a fibra nessa
mistura, observou-se que a fusão não acontecia. A partir disso, foi sugerida a mistura
na proporção de 40% copo plástico e 60% de pellet de polipropileno para a composição
da matriz polimérica com massa total de 40 gramas. Dada a dificuldade de fusão da
matriz polimérica com as fibras, primeiro fundiu-se o polímero e a seguir adicionaram-
se as fibras, procedendo a seguir a homogeneização pelo mesmo tempo de fusão (30
segundos em baixa rotação e 28 segundos em alta rotação).
Os compósitos d fibra natural com matriz de polipropileno reforçada com fibras
de linho foram preparados utilizando a proporção de 15% de fibra em matriz de
polimérica composta de 100% de pellets de polipropileno (virgem) ou composta de 40%
de copos descartáveis (reciclado) e 60% de pellets de polipropileno (virgem), variando-
se a composição das fibras de acordo com a tabela 3.
22
Tabela 3: composição dos compósitos preparados.
Disco Teor de
Fibra
Fibra
Tratada -
30 min (g)
Fibra
Tratada
- 60 min (g)
Fibra Não
Tratada
(g)
PP -
virgem
(g)
PP -
reciclado
(g)
Total
1 15% 6,00 g 20,40
g 13,60 g 40,00 g
2 15% 6,00 g 20,40
g 13,60 g 40,00 g
3 15% 6,00 g 20,40
g 13,60 g 40,00 g
4 15% 6,00 g 34,00
g 40,00 g
5 15% 6,00 g 34,00
g 40,00 g
6 0% 36,00
g 36,00g
7 0% 24,00
g 16,00 g 40,00 g
4.2.5. Ensaios mecânicos
Os ensaios de tração foram realizados no Laboratório Multiusuário de
Caracterização de Materiais e foram realizados de acordo com a norma ISO 527, no
equipamento de tração universal Instron 33R5567. Para cada disco de compósito ou
polímero, foram testados 5 corpos de prova, onde foi obtido para cada um o Módulo de
Young, em MPa e a tensão máxima, em MPa. Em todos os ensaios foi utilizada a carga
de célula de 5kN com a taxa de deformação de 2 mm/min, porém sem o uso de
extensômetro. Afim de avaliar se não havia deslizamento dos corpos de prova nas
garras do aparelho, os ensaios foram filmados e os resultados comparados aos valores
obtidos pelo deslocamento do travessão. Como não foi observado significativo
deslizamento, foi considerada nos cálculos a deformação nominal (deslocamento do
travessão/distância entre as garras).
23
4.2.6. Caracterização por microscopia eletrônica de varredura
Para a análise das superfícies das fibras tratadas e não tradas, e das fraturas
nos corpos de prova, foi utilizado o microscópio eletrônico de varredura JEOL JSM 6460-
LV, pertencente ao Laboratório de Microscopia Eletrônica e Microanálise do Programa
de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PEMM/COPPE). Nessa análise, foram
analisadas as modificações superficiais causadas pelo tratamento nas fibras naturais de
linho, e também as superfícies fraturadas dos corpos de provas após o ensaio de tração
para avaliar a adesão da fibra à matriz e distribuição do reforço na matriz polimérica. As
fibras de linho e os compósitos foram fixados em suporte e metalizadas com ouro de
forma a permitir a condução de elétrons. As imagens foram obtidas através de elétrons
secundários acelerados em 15 e 20 kV.
Imagem 15: Compósitos fraturados fixados em suportes e metalizados com ouro.
24
5. Resultados e Discussões
Nesta seção serão expostos os resultados obtidos durante o trabalho que serão
organizados por subseção de acordo com o ensaio realizado. Também serão realizadas
as discussões sobre cada um dos resultados comparando-os com o que se esperava,
baseado no trabalho de Cordeiro (2016). Além disso, alguns gráficos e imagens
adicionais serão apresentados ao final do texto nos anexos I e II.
5.1. Caracterização por MEV – fibras tratadas e não tratadas.
A olho nu foi possível observar pequena diferença na coloração das fibras
tratadas, onde essas se apresentaram ligeiramente mais escuras do que as fibras sem
tratamento. Além disso também pode-se observar que, após o tratamento, as fibras
tendiam a se aglomerar em pequenas bolinhas, dado o aumento da energia superficial
dessas. Durante o processamento, uma quantidade razoável (aproximadamente 25%)
de fibras saiu pelas extremidades do porta amostra devido à sua geometria. Essas fibras
acabaram sofrendo tratamento de maneira heterogênea, onde apenas as fibras que
ficavam na superfície sofriam tratamento, portanto, foram descartadas e não
consideradas para a confecção do compósito.
As micrografias têm como objetivo avaliar de maneira qualitativa a superfície das
fibras que foram expostas ao tratamento por plasma e aquelas sem tratamento. As
imagens obtidas para ambos os casos podem ser vistas a seguir.
(a) fibras sem tratamento
(b) fibras sem tratamento
25
(c) fibras tratadas com plasma
(d) fibras tratadas com plasma
Imagem 16: Micrografia obtida no MEV das fibras sem tratadas (a) e (b) e fibras
tratadas com SF6 a 90W por 60 minutos (c) e (d)
Já analisando superficialmente através das micrografias obtidas em MEV, nas
fibras que sofreram tratamento com plasma e sem tratamento, não foi possível observar
modificações consideráveis que possam indicar a eficácia do processo. Como pode ser
observado nas imagens, uma grande variedade visual pode observada na superfície
das fibras, incluindo a diferença de tamanhos, limitada pelo processo de classificação.
Algumas superfícies se mostraram mais lisas do que outras, assim como algumas fibras
tendem aglomerar-se. Isso pode resultar em uma grande amplitude nos resultados das
propriedades mecânicas do compósito. As fibras naturais são conhecidas por possuírem
grande variedade em propriedades mecânicas e superficiais, especialmente após o
processo de cominuição utilizado para atingir os tamanhos de fibra desejado. Essa
pouca diferença de resultados nas micrografias já era esperada, visto que o plasma com
SF6 atua de duas maneiras: (i) no aumento da rugosidade em escala manométrica, o
que cria pontos de ancoragem mecânica; (ii) adição de grupos de flúor na superfície da
fibra, que só é detectável através de algum ensaio que detecta a variação da
composição química. Com isso, pode-se concluir que se alguma modificação superficial
aconteceu, não é um padrão detectável além da variação natural da superfície das
fibras.
Em relação alteração da composição química após o tratamento com SF6,
Cordeiro (2016) obteve algumas conclusões após o ensaio com XPS (Espectroscopia
de fotoelétrons excitados por Raios-X). O autor pode observar que o flúor é incorporado
na superfície através de ligações covalentes com o carbono (C-F, C-F2 e C-F3), sendo
o aumento dessas ligações comparável com a redução das ligações C-C, e uma
pequena redução das ligações O-C-O e C=O. O mesmo concluiu que a redução das
ligações C-C está associada com a quebra na lignina, já que a celulose, nem a
26
hemicelulose, têm os carbonos ligados somente a outros carbonos e hidrogênios. Além
da lignina, pode ainda haver pequena contribuição de alguns componentes e
contaminantes na fibra. Uma outra análise foi realizada pelo pesquisador, que foi o FTIR
(Espectroscopia de infravermelho por Transformada de Fourier) que visa observar
mudanças na composição química. Nessa segunda análise não foram obtidos
resultados significativos quanto as mudanças ocorridas na superfície das fibras tratadas.
5.2. Ensaio de tração
Para cada disco, obtido de cada compósito, foi possível obter 5 corpos de provas,
sendo todos esses ensaiados e o melhor e o pior resultado em relação a tensão máxima
foram descartados de acordo com o descrito na norma utilizada. Com isso foram
testados 7 grupos de amostras:
1. Compósito de fibra de linho sem tratamento em matriz polimérica com 40%
de polipropileno reciclado e 60% de polipropileno virgem (CPr0)
2. Compósito de fibra de linho tratada com SF6 por 30 minutos em matriz
polimérica com 40% de polipropileno reciclado e 60% de polipropileno virgem
(CPr30)
3. Compósito de fibra de linho tratada com SF6 por 60 minutos em matriz
polimérica com 40% de polipropileno reciclado e 60% de polipropileno virgem
(CPr60)
4. Compósito de fibra de linho sem tratamento em matriz polimérica de
polipropileno virgem (CPv0)
5. Compósito de fibra de linho tratada com SF6 por 30 minutos em matriz
polimérica de polipropileno virgem (CPv30)
6. Polipropileno virgem (PPv)
7. Combinação de 40% de polipropileno reciclado e 60% de polipropileno
virgem (PPr)
Os seguintes resultados para Tensão Máxima (MPa) e Módulo de Elasticidade
(MPa) foram obtidos a partir da curva de tensão deformação em cada um dos grupos
(as curvas são apresentadas no anexo 2).
27
Gráfico 1: Tensão máxima para os compósitos e polímeros
Gráfico 2: Módulo de elasticidade para os compósitos e polímeros
Tabela 4: Propriedade Mecânica dos compósitos
Material Tensão
Máxima (MPa)
Desvio
Padrão
Módulo de
Elasticidade
(MPa)
Desvio
Padrão
1 – CPr0 23,49 0,48 821,99 24,90
2 – CPr30 23,44 0,59 893,59 71,60
3 – CPr60 25,65 0,82 1028,31 29,25
4 – CPv0 22,35 0,79 616,66 87,83
5 – CPv30 23,89 0,49 782,71 17,54
6 – PPv 27,80 0,29 721,45 17,91
7 - PPr 32,29 0,25 1054,11 124,15
CPr0 CPr30CPr60
CPv0CPv30
PPv
PPr
0
5
10
15
20
25
30
35
1 2 3 4 5 6 7
Tensão Máxima (MPa)
CPr0CPr30
CPr60
CPv0
CPv30PPv
PPr
0
200
400
600
800
1000
1200
1 2 3 4 5 6 7
Módulo de Elasticidade (MPa)
28
Além dos resultados numéricos exibidos acima, a análise da superfície fraturada
também auxilia na análise da eficiência do tratamento com SF6 na superfície das fibras.
(a) CPr0
(b) CPr0
(c) CPr30
(d) CPr30
(e) CPr60
(f) CPr60
29
(g) CPv0
(h) CPv0
(i) CPv30
(j) CPv30
(k) PPv
(l) PPv
30
(m) PPr (n) PPr
Imagem 17: Micrografia da superfície de fratura após o ensaio de tração.
A partir da análise dos gráficos contendo os resultados obtidos para a tensão
máxima e para o módulo de elasticidade e das micrografias da superfície de fratura, é
possível chegar as seguintes conclusões:
É possível observar que o melhor resultado para as propriedades mecânicas foi
onde houve a mistura do polímero virgem com o polímero reciclado. Isso é
decorrente aos processos de degradação, além da especificação do fabricante
dos copos descartáveis. Durante a reciclagem as macromoléculas são
submetidas a alta temperatura e a intensivo cisalhamento, o que provoca
diversos mecanismos de degradação como: térmica, mecânica, oxidativa, ou
uma combinação dessas. Gonzalez et al. (1998) procedeu um estudo avaliando
o impacto da reciclagem do polipropileno após diversos processos de extrusão.
Nesse trabalho, foi concluído que o FTIR não apresentou grandes diferenças no
resultado (indicando que não existem reações oxidativas durante a reciclagem
e, portanto, sem grandes alterações na composição química), porém observou
redução no peso molecular, indicando assim que houve cisão nas cadeias;
A inclusão das fibras de linho reduziu a tensão máxima e o módulo de
elasticidade do material, nas duas situações – matriz 100% virgem e 60% virgem
e 40% reciclada. Isso acontece pois houve baixa adesão entre a matriz e o
reforço, onde as fibras atuaram como ponto de falha dentro da matriz polimérica
causando a fratura prematura. Nas imagens das fraturas, para ambos os casos,
pode-se observar grande quantidade de buracos na matriz, estrias mostrando a
textura das fibras que foram puxadas, buracos ao redor das fibras e fibras sem
polímero aderido na superfície, indícios de que não houve adesão entre as fibras
e a matriz. Os mecanismos de falhas envolvidos incluem o crescimento de trinca
de uma falha de interface fibra-matriz ou de uma falha dentro da fibra, já que não
é uma fibra unitária, são constituídas de pequenas unidades (células da planta)
que podem não estar bem aderidas depois do processamento termo-cinético;
O tratamento com SF6 apresentou algumas melhorias nas propriedades
mecânicas no compósito quando se comparado com o compósito sem
tratamento. O tratamento com 30 minutos não se mostrou muito eficiente para
melhoria da tensão máxima, porém se mostrou eficaz para o aumento do módulo
de elasticidade. Para a situação onde houve uma mistura de polímero reciclado
e virgem, o módulo de elasticidade melhorou em 8,7% em relação ao compósito
com fibras sem tratamento. Já na outra situação, onde a matriz era apenas de
31
polímero virgem, a melhoria foi de 26,92% no módulo em relação ao compósito
sem tratamento;
Já o tratamento com 60 minutos apresentou resultados significativos em ambas
as propriedades mecânicas em relação ao compósito sem tratamento. Na
situação em que houve a presença de polímero reciclado na matriz, obteve-se
melhoria na tensão máxima de 9,18% e de 25,10% do módulo de elasticidade.
Para esse tratamento não foi possível realizar o compósito contendo apenas
polímero virgem na matriz, porém pode-se esperar aumento significativo nas
propriedades nessa situação.
Analisando as imagens obtidas para as fraturas dos compósitos contendo fibra
que sofreram modificação superficial, ainda pode-se observar diversas falhas de
adesão da fibra com a matriz, como por exemplo, alguns buracos e estrias,
porém pode-se observar que algumas fraturas se deram próxima a superfície e
também a redução dos buracos ao redor das fibras. Isso indica uma melhor
adesão do reforço com a matriz do compósito, porém não foi muito eficiente.
Uma razão para tal é uma das características intrínsecas das fibras naturais, que
são conhecidas pela grande variedade nas propriedades mecânicas e
superficiais. Isso pode ser observado nas imagens obtidas puramente das fibras,
onde pode se constatar fibras com superfície lisa e outras enrugadas, além da
diferença entre o diâmetro das fibras;
Um fator que é muito relevante para parte da falta de adesão nas fibras tratadas
está relacionado ao processamento termo-cinético de mistura das fibras e o
polímero. Nesse processo há quebra de muitas fibras, expondo novas
superfícies que não foram tratadas e, portanto, com baixa interação com a matriz
polimérica.
Na micrografia apenas da mistura dos polímeros, pode ser observado dois tipos
de fratura: dúctil e frágil. A primeira característica do polímero virgem e a
segunda do polímero reciclado. O polímero com 100% de material reciclado se
mostrou extremamente frágil, quebrando-se em vários pedaços quando se
realizou o corte dos corpos de prova e por isso não foi ensaiado.
32
6. Conclusão
Através do presente trabalho é possível concluir que o tratamento com SF6
apresenta melhorias significativas nas propriedades mecânicas de compósitos de
polipropileno reforçados com fibras naturais de linho. O tempo de tratamento se mostrou
extremamente importante, de forma que o resultado relevante foi obtido apenas em 60
minutos de tratamento, não sendo possível obter resultados significativos em 30
minutos.
Outro resultado interessante obtido nesse trabalho está relacionado com a
reciclagem de copos descartáveis para a confecção de compósitos reforçados com
fibras naturais. O polipropileno pós consumo apresentou resultados positivos quando
adicionado em polipropileno virgem, onde melhorou consideravelmente as propriedades
mecânicas analisadas. O resultado foi melhor do que a inserção de fibras tratadas,
porém as fibras representam uma alternativa para a redução de produtos oriundo de
fontes não renováveis.
Estudos adicionais podem ser realizados, otimizando o método de tratamento com
SF6, além de avaliar outros parâmetros de tratamento como o tempo e a potência. Os
resultados levam a concluir que é possível, num futuro próximo, a redução da
quantidade de materiais oriundos de fontes poluentes através da utilização de fibras
naturais com plasma e da reciclagem de polipropileno reciclado.
33
7. Bibliografia
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34
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PETRY, A., 2011, A. Mercado Brasileiro de Polipropileno com Ênfase no Setor
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RAZERA, I. A. T., 2006, Fibras lignocelulósicas como agente de reforço de compósitos de matriz fenólica e lignofenólica. Tese de doutorado, IQ/USP, São Carlos, SP, Brasil.
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2643
35
ANEXO I – Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura
1 – Compósito com 15% de fibras sem tratamento e matriz polimérica com 60% virgem
e 40% reciclado.
2 – Compósito com 15% de fibras tratadas com SF6 por 30 min a 90W e matriz polimérica
com 60% virgem e 40% reciclado.
36
3 – Compósito com 15% de fibras tratadas com SF6 por 60 min a 90W e matriz polimérica
com 60% virgem e 40% reciclado.
37
4 – Compósito com 15% de fibras sem tratamento e matriz polimérica com 100% virgem.
38
5 – Compósito com 15% de fibras tratadas com SF6 por 30 min a 90W e matriz polimérica
com 100% virgem.
39
6 – Polímero 100% virgem
40
7 – Polímero 40% reciclado e 60% virgem
41
8 – Fibras Tratadas a 90W por 60 minutos
9 – Fibras não tratadas
42
ANEXO II – Gráficos dos ensaios de tração nos compósitos
Em todos os ensaios é possível observar um degrau entre 5 e 10 MPa, que está
relacionado a folga das peças do equipamento de tração. Essa primeira parte da curva
foi desconsiderada no cálculo do módulo de elasticidade (que está relacionado com a
inclinação da primeira parte da curva)
1 – Compósito de fibra de linho sem tratamento em matriz polimérica com 40% de
polipropileno reciclado e 60% de polipropileno virgem (CPr0)
0
5
10
15
20
25
0 5 10 15 20
Ten
são
(M
Pa)
Deformação Nominal (%)
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
43
2 – Compósito de fibra de linho tratada com SF6 por 30 minutos em matriz polimérica
com 40% de polipropileno reciclado e 60% de polipropileno virgem (CPr30)
3 – Compósito de fibra de linho tratada com SF6 por 60 minutos em matriz polimérica
com 40% de polipropileno reciclado e 60% de polipropileno virgem (CPr60)
4 – Compósito de fibra de linho sem tratamento em matriz polimérica de polipropileno
virgem (CPv0)
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20
Ten
são
(M
Pa)
Deformação Nominal (%)
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20
Ten
são
(M
Pa)
Deformação Nominal (%)
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
0
5
10
15
20
25
0 10 20 30 40 50
Ten
são
(M
Pa)
Deformação Nominal (%)
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
44
5 – Compósito de fibra de linho tratada com SF6 por 30 minutos em matriz polimérica
de polipropileno virgem (CPv30)
6 – Polipropileno virgem (PPv)
7 – Combinação de 40% de polipropileno reciclado e 60% de polipropileno virgem
(PPr)
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25 30 35
Ten
são
(M
Pa)
Deformação Nominal (%)
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
0
5
10
15
20
25
30
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Ten
são
(M
Pa)
Deformação Nominal (%)
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
0
5
10
15
20
25
30
35
0 10 20 30 40 50 60
Ten
são
(M
Pa)
Deformação Nominal (%)
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5