Compulsão alimentar periodica

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TRANSTORNO ALIMENTAR GRUPO: JOSIVÂNIA FRANCA LUCIA TOSCANO Mª INÊS MACHADO MARTA REGUEIRA

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TRANSTORNO ALIMENTAR

GRUPO: JOSIVÂNIA FRANCA LUCIA TOSCANO Mª INÊS MACHADO MARTA REGUEIRA

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CASO CLÍNICO

Mariana, 59 anos, filha única, nunca casou, não tem filhos, curso superior, mora com a mãe atualmente.Descrição do ProblemaEpisódios de compulsão alimentar, procrastinação, comportamentos compulsivos por compras e estudos, impaciência, insônia intermediária e final, cansaço, dificuldade nas relações interpessoais.Circunstâncias do AparecimentoOs episódios aparecem pela primeira vez aos sete anos , na idade da socialização, cessam na adolescência e retornam no final do ensino médio, época de seu primeiro vestibular. Estes ficam constantes durante toda graduação e no final, quando presta outro vestibular e consegue aprovação. Estes episódios são demarcados por períodos chaves onde precisa mostrar-se capaz e visa obter a aprovação parental.Conseqüências do ComportamentoCansaço, impaciência , irritabilidade e desinteresse social.

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REFORÇADORES•Rejeição•Hostilidade•Complacência materna HISTÓRIA FAMILIAR- Mãe

•Gestação difícil;•Durante gestação fazia exames sozinha;• Teve eclampsia.•ComplacênciaObs.: Ao terminar residência, comprou apartamento e levou a mãe.

CURSO DE VIDA•Nasceu de parto normal;• Apresentou dificuldade para respirar;•Aos 7 anos começou a ingerir grande quantidade de comida.

HISTÓRIA FAMILIAR-PAI• Hostil e agressivo com a família•Apresenta dificuldade em brincar com a filha, inclusive tentou afogá-laAgredia fisicamente a filhaNão demonstra interesse pela filha

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Pensamentos Automáticos:

  Eu me sinto sozinha;

Ela não me convidou para fazer parte da equipe de trabalho no setor de suicidas, pois me acha incapaz;

Lá no hospital a maioria dos colegas tem relação de amizade com alguém menos eu, pois eles não gostam de mim;

Desde a época da faculdade eu ficava sozinha, ninguém nunca queria fazer trabalhos comigo;

É claro que o Carlos não vai se

interessar por mim, gorda como eu estou;

Os vizinhos nunca se aproximaram de mim e agora que estou doente então.

Crenças intermediárias:

Preciso estudar o máximo que eu conseguir para que as pessoas me achem interessante;

Se eu não me relaciono bem com as pessoas eu sou insignificante

Se eu não consigo ter um relacionamento intimo então eu sou feia.

CRENÇAS NUCLEARES

Eu sou rejeitada Eu não tenho atrativosSou Indesejável

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Hipótese Diagnóstica

Sinais de Transtorno Alimentar Periódica- TCAP

• Super alimentação, • Sobrepeso ou obesidade, • Ausência de mecanismos purgatórios.• Ansiedade• Impulso irrefreável de ingerir comida em grande

quantidade, (Paladar: critério de menos

importância)• Baixa auto estima• Perfeccionismo• Impulsividade

Dentro do espírito classificatório dos manuais de psiquiatria a Compulsão Alimentar Periódica seria um Transtorno Alimentar sem Outra Especificação.Os Transtornos alimentares não-especificados incluem transtornos alimentares que não preenchem critérios diagnósticos para AN ou BNO critério de diagnóstico para TCAP proposto pelo DSM-IV requer a presença de:A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar.(binge-

eating)B. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a

três( ou mais) dos seguintes critérios: 1. comer muito e mais rapidamente do que o normal; 2. comer até sentir-se incomodamente farto; 3. comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto; 4. comer sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome; 5. sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente. c. Acentuada angústia relativa à compulsão alimentar periódica. d. A compulsão alimentar ocorre, pelo menos, dois dias por semana, durante seis meses. e. A compulsão alimentar não está associada ao uso regular de comportamentos compensatórios inadequados, nem ocorre durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa. (knapp,Paulo,Artmed,2008)

Critério de diagnóstico para TCAP proposto pelo DSM-IV

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“Escutar é o mais importante no tratamento.Ajudar estas pacientes a encontrar a própria voz.Elas nunca foram escutadas na vida, sentem que não contam e que suas

experiências são irrelevantes...O corpo então passa ser a voz.”

As águas do rio do desamor deságuam na vida de Mariana. Estas águas poluídas com os dejetos da agressividade paterna, da complacência materna, e com os ácidos destrutivos da indiferença e da banalização da vida fizeram-na desenvolver mecanismos que deram suporte para administrar as dores intimas. Dores que não foram expressadas no grito, mas no corpo que parece que precisa ser “maltratado”para ser extinto e a dor aliviada.A escuta, o acolhimento paterno não fizeram parte do seu repertório vivencial e o vazio no coração lesionado foi preenchido com o alimento das crenças da desesperança e do desamor.Porém, Mariana pensa “Não posso deixar que isto venha aparecer”. Mas a fome é intensa , insaciável e precisa ser camuflada no brilho das conquistas intelectivas. Não basta apenas adentrar uma única vez na vida acadêmica, ela parece não saciar esta fome intensa, outras estratégias no seu ponto de vista são necessárias.

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O mundo é hostil, portanto é preciso adquirir tudo o que ele pode lhe oferecer, consumindo coisas porque assim, possivelmente serão preenchidas as lacunas da existência vazia de afeto.Ela percebe que o mundo tem pressa e a correria do cotidiano parece ser o passaporte para o sucesso, porém neste mundo hostil tudo pode ser adiado e a sensação de alivio, mesmo momentâneo acompanha os seus passos, por isso embora ela afirme que a procrastinação lhe incomoda ela parece não querer assumir outra conduta. Neste vasto rio de águas turbulentas, poluídas, que invadiram a sua existência, não houve espaço para o tratamento destas águas e elas foram e vão se espalhando numa variedade de doenças enigmáticas.Porém, as possibilidades do ser humano funcionar dentro do aspecto da “normalidade” existem, portanto surge o processo psicoterapêutico e com ele, uma luz no fundo do túnel que convida a paciente ao reencontro de si mesma, descobrindo passo a passo todas as possibilidades deste reencontro. E neste momento surge a figura do terapeuta , não como um Deus detentor de conhecimentos com o poder de cura, mas como um ser tão humano quanto a paciente, porém com uma alma disponível para ajudá-la a “encontrar a própria voz.” Por Maria Inês Machado