COMUNICAÇÃO E MEIO AMBIENTE

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COMUNICAÇÃO E MEIO AMBIENTE 1 Mobilização social para a conscientização ambiental Resumo: Existem algumas coisas que só aprendemos com o passar do tempo, como, por exemplo, esperar. Quando somos crianças, queremos tudo na hora, pois vivemos intensamente o presente e, para nós, ele é tudo o que realmente existe. Conforme vamos crescendo, aprendemos que nem sempre as coisas acontecem quando e como queremos. Às vezes, temos de esperar muito tempo até alcançarmos nosso objetivo. Acho que, quando se trata do meio ambiente, a situação não é diferente. Conscientização e ações são esperadas e cobradas de todas as partes, mas sempre delegadas a outras, pois existem pessoas e órgãos “responsáveis por isso”. Esta situação nos remete àquela frase tão já conhecida e falada por todos nós: Se cada um fizesse a sua parte...Há algum tempo percebe-se que a união de esforços e de áreas do conhecimento nos trazem novos modelos para enfrentar um cenário em mudança, o meio ambiente. Vê-se neste artigo o quão é importante e urgente a união das áreas da comunicação e da educação para fomentar novas maneira de agir e subverter uma lógica que é a do lucro pelo lucro. Palavras-Chave: 1. Educação 2. Comunicação. 3.Mobilização. 4 Educomunicação 1 Trabalho apresentado à disciplina Comunicação Estratégica III, proferida pela Prof. Janaína Visibelli para o Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo da FUNEDI/UEMG.

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COMUNICAÇÃO E MEIO AMBIENTE1

Mobilização social para a conscientização ambiental

Resumo: Existem algumas coisas que só aprendemos com o passar do tempo, como, por exemplo, esperar. Quando somos crianças, queremos tudo na hora, pois vivemos intensamente o presente e, para nós, ele é tudo o que realmente existe. Conforme vamos crescendo, aprendemos que nem sempre as coisas acontecem quando e como queremos. Às vezes, temos de esperar muito tempo até alcançarmos nosso objetivo. Acho que, quando se trata do meio ambiente, a situação não é diferente. Conscientização e ações são esperadas e cobradas de todas as partes, mas sempre delegadas a outras, pois existem pessoas e órgãos “responsáveis por isso”. Esta situação nos remete àquela frase tão já conhecida e falada por todos nós: Se cada um fizesse a sua parte...Há algum tempo percebe-se que a união de esforços e de áreas do conhecimento nos trazem novos modelos para enfrentar um cenário em mudança, o meio ambiente. Vê-se neste artigo o quão é importante e urgente a união das áreas da comunicação e da educação para fomentar novas maneira de agir e subverter uma lógica que é a do lucro pelo lucro.

Palavras-Chave: 1. Educação 2. Comunicação. 3.Mobilização. 4 Educomunicação

1. INTRODUÇÃO

Educação e Comunicação nunca estiveram tão próximas. A

Educomunicação, nova área acadêmica, surge visando à aproximação entre os

profissionais de ambos os campos, buscando a formação para a cidadania e a

abertura de espaço, na mídia, para a expressão dos jovens.

A educomunicação é um campo de convergência não só da comunicação e

da educação, mas de todas as áreas das ciências humanas, com essa

multidisciplinaridade que aborda a pedagogia, a comunicação, a sociologia etc;

pode ser realizada desde o trabalho com as creches aos cursos de graduação.

O que se pretende aqui é uma comunicação como instrumento mobilizador

pessoas possam estabelecer uma relação desde cedo como tratar o lixo.

1 Trabalho apresentado à disciplina Comunicação Estratégica III, proferida pela Prof. Janaína Visibelli para o Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo da FUNEDI/UEMG.

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No final do século XX e início do século XXI a sociedade mundial depara-se

com uma configuração consumista: o capitalismo que molda estilos de vida, onde

cada vez mais as massas influenciadas pela indústria cultural, querem

consumir.Tudo que a sociedade moderna ou pós-moderna consumista hoje são

pessoas com capacidade de produção logo: consumo, ou seja, de um sistema

onde o que vale é o lucro esta é lógica do mercado capitalista: Capitalcentrismo. O

dinheiro no centro de todas as relações. (Bauman, 1995). Contudo todo esse

consumismo resume-se em “sobras” o que não é aproveitado é jogado no lixo.

O destino do lixo é (deve ser) diferente, de acordo com cada tipo de

resíduo que o constitui. Entretanto, o destino mais comum que se dá para

qualquer resíduo no Brasil são os chamados “Lixões”. Em aproximadamente

70% das cidades brasileiras os resíduos são jogados neste destino final (IBGE,

2001).

Trata-se de um espaço aberto, localizado geralmente na periferia das

cidades onde o lixo fica apodrecendo, ou então é queimado. Não devem ser

confundidos com aterros sanitários, pois é um método sem critérios sanitários e

ecológicos, provocando a contaminação das águas subterrâneas e do solo e a

poluição do ar com gases tóxicos.

Diante os fatos essa preocupação ambiental A Educomunicação ressalta a

importância da criação e fortalecimento de ecossistemas comunicativos nas

escolas, através da inserção de meios de comunicação nos espaços educativos

2. EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

A educação aliada à comunicação formam um campo novo de mobilização

social com autonomia, práticas e conceitos transdisciplinares, por onde transitam

novos meio de interpretar a realidade, principalmente voltada para um novo olhar,

o das crianças principalmente.

A Comunicação voltou-se para a Educação na busca de um espaço de

relações sociais no qual possa trabalhar com os aspectos cognitivos, críticos e

comportamentais do público e onde prevaleça uma postura formativa e libertadora

(COSTA 2007). A escola, por sua vez, vê nos meios de comunicação um

instrumento que ajuda a formar o julgamento, o senso critico, o pensamento

hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa [...], a

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imaginação, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação de

redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação. (PERRENOUD, 2000,

p.128).

A alteridade é a dimensão constitutiva deste palco de vozes que polemizam

entre si, dialogam ou complementam-se. A busca pela pluralidade e singularidade

é pressuposto constitutivo da pragmática “educomunicativa” na defesa dos

processos inclusivos e de reconhecimento estético e ético-político, portanto, do

reconhecimento da cidadania. (FREIRE, p. 52 , 2001)

Os “educomunicadores” são agentes culturais ou profissionais de

comunicação no espaço educativo exercendo um serviço multidisciplinar e

multimediático. Suas prioridades são a criação de novos projetos e propostas de

trabalho, baseados na superação de dificuldades, nas articulações comunicativas

com lastro no talento e diferencial cultural. Fazer com que as pessoas, crianças,

jovens e adultos, utilizem o que é reciclável para o enriquecimento cultural. O

manuseio dos suportes de comunicação e a prospecção de uma veiculação em

um meio de comunicação fazem com que os envolvidos não apenas aprendam e

apreendam, mas também ensinem o que aprenderam, através de uma simulação

de um programa de rádio, por exemplo.

O paradigma da educação no seu estatuto de mobilização, divulgação e

sistematização de conhecimento implicam em acolher o espaço interdiscursivo e

mediático da Comunicação como produção e veiculação de cultura, fundando um

novo lócus – o da inter-relação Comunicação/ Educação (SCHAUN 2002, p.20)

A inserção dos meios de comunicação na escola remete ao conceito de

uma pedagogia comunicacional, defendida pelo educador pernambucano Paulo

Freire2 (2000), que considera as mídias e as relações com elas, estimulando um

diálogo entre a escola e as linguagens midiáticas. Freire2 ressalta o caráter

‘problematizador’ deste diálogo, que propõe despertar no aluno a leitura do

mundo, fazendo da educação um ato de aproximação com a realidade. A

Educação é entendida, assim, como um processo de construção da consciência

2 O educador e ativista social Paulo Freire desenvolveu uma prática de alfabetização e de pedagogia crítico-libertadora, que defende ser através da relação dialógica que se consolida a educação como prática da liberdade.

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crítica, e a mídia como um canal capaz de despertar, nos jovens, o exercício de

criticidade em relação aos fatos do cotidiano.

Despertado o interesse pela mídia (o contato de novas tecnologias e as

pessoas) por meio de agentes culturais, simularão o uso da comunicação para a

disseminação do que é educação ambiental. Através de produtos midiático, como

um programa de rádio, os submetidos ao contato com a produção da informação

serão despertados a passar informação sobre educação ambiental.

Os agentes culturais serão responsáveis pela fomentação deste tipo de

saber. A consciência ambiental abordada de forma leve, sobretudo em campo,

logo será o foco de mídia espontânea, “o boca a boca”.

A Educomunicação ressalta a importância da criação e fortalecimento de

ecossistemas comunicativos nas escolas, através da inserção de meios de

comunicação nos espaços educativos (SOARES 2007). Para isso, o primeiro

passo é capacitar professores para o uso das diferentes linguagens midiáticas em

sala de aula - a familiarização de educadores – e educandos - com os meios de

comunicação possibilita a melhor utilização da mídia e sua análise crítica. A partir

daí, então, os alunos poderão desenvolver um olhar crítico em relação à produção

midiática e produzir seu próprio repertório em relação ao meio ambiente.

3. MEIO AMBIENTE NA MÍDIA.

Será que a mídia consegue mostrar à população a urgência da mudança de

comportamento da sociedade em relação ao meio ambiente? A mídia faz uma

exposição geral de tragédias ambientais e, ultimamente, sobre as mudanças

climáticas. São inegáveis os problemas e os impactos ambientais que o planeta

vem sofrendo, e as repercussões recentes sobre os relatórios da ONU a respeito

das alterações climáticas são exemplos claros de como os assuntos relacionados

ao meio ambiente adquirem visibilidade nos intricados midiáticos. O que se lê em

jornais é um enfoque direcionado de cadernos especializados sobre as temáticas

ambientais, mas a problemática não é discutida nas editorias de Economia,

Política, Saúde, Esporte, etc. Tudo é muito implícito: essa discussão deveria ser

transversal, com um enfoque sistêmico mostrando ações do dia-a-dia com relatos

de novas formas de pensar a vida e de como viver.

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Os meios de comunicação podem e devem assumir uma postura para a

transformação social por meio de informações e fatos que consigam atingir um

maior número de pessoas, discutindo e provocando mudança de atitude e

comportamento, propondo uma justiça ambiental, e não apenas cobrir os

desastres ambientais. Portanto, o papel da mídia vai além de noticiar: é preciso

trabalhar uma cadeia de informações explícitas em todos os assuntos, derrubando

(de forma ecológica) os guetos do discurso verde que, muitas vezes, são tratadas

de forma espetacular, pontual e desrelacionada. Um exemplo de como isso

acontece pode ser percebido na divisão de temas de qualquer jornal televisivo,

que em sua escalada (principais notícias do dia) é possível chamar uma matéria

falando da urgência de redução do CO² para conter o aquecimento global e os

problemas ambientais encadeados pelo aquecimento da Terra e, logo em seguida,

na mesma edição do jornal, uma reportagem sobre a indústria automobilística “que

bateu recordes na produção de veículos”, ou seja, vai ser bom para um setor da

economia do país, um grupo de trabalhadores. No entanto, não é sequer

mencionado o problema ambiental de tantos carros nas ruas que atinge a todos e

a cada um de nós.

Por isso, é sublime compreender como as transformações das ações

socioambientais fazem parte da vida de cada um, em escala global e local,

sobretudo na minha localidade, meu bairro, minha rua, minha casa. Contudo,

mobilizações sobre as questões ambientais (em três visões: naturalista,

antropocêntrica e sistêmica) em escala regional seriam as que mais provocariam

resultados efetivos, justamente por afetarem diretamente a vida dos habitantes

desses contextos sociais. Porém, se comparadas às questões globais, as

temáticas ambientais regionais são as menos discutidas nos espaços

comunicativos locais. Pensando em quem produz as informações e em quem as

recebe (lembrando que a comunicação existe na interação simbólica provocada) é

preciso mais humanistas do que ambientalistas.

4. EDUCAÇÃO E MOBILIZAÇÃO.

4.1 Conclusão

A factualidade de notícias sobre a condição atual da vida na Terra e talvez,

mais ainda, da ampla e instantânea difusão na internet e filmes de ficção sobre

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prováveis cenários futuros – notadamente aqueles referentes à elevação do calor,

à falta de água e à degradação do ar –, uma estranha sensação começa a se

tornar incômoda. Parece que, aos poucos, a humanidade vai sendo informada

sobre alguns daqueles acontecimentos mais alarmantes que colocam em risco a

vida ou, em melhor hipótese, vão impor renúncias, sacrifícios e penúrias cada vez

mais intensos. A idéia de um futuro quente, inundado e com pouca água

adequada ao consumo humano faz muita gente esclarecida sentir a estranha

sensação de beco sem saída.

Tornam-se, nesse momento, transparentes os efeitos da institucionalização

da destruição da natureza no contexto da destrutibilidade geral: é o predomínio em

cada um de nós de uma estrutura de caráter destrutiva. Nem o caráter individual

escapa à destruição geral: ele mesmo é objeto de uma corrosão, fruto da

crescente exigência de adaptação e da lógica da substitutibilidade. O que nos

cegou para a destruição ou o que nos iludiu é que esta destruição é unida

internamente à produção e à produtividade e, por isso, anestesia e obscurece a

própria destrutividade: consome e destrói, mas, até os anos 1960, também

aumentava as satisfações materiais e culturais disponíveis para a maioria da

população.

Em novos tempos, o capital, que antes superara a resistência dos

trabalhadores, agora se depara com outros obstáculos. O capitalcentrismo se vê

ameaçado. (Bauman, 1995)

Desde então, a vida aparece cada vez mais como o avesso do projeto

antropocêntrico: da dominação do mundo ao mundo em descontrole.

Há contradições evidentes: abundância e fome, esclarecimento e estupidez,

coragem e medo. A violência que resulta em mortandade é crescente: na guerra,

no tráfico ou no tráfego. São acontecimentos sociais, políticos, econômicos,

culturais e ecológicos que não podem mais ser entendidos separadamente. Há

algo em comum entre a apatia política e a violência social. É por serem

inseparáveis que esses acontecimentos podem ser reveladores do esgotamento

de um modus vivendi fundado nas relações de dominação e de exploração: dos

homens com a Natureza e dos homens entre si. Isso atualiza a angústia de viver:

a humanidade está se afundando numa nova espécie de barbárie.

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Mas há um mal-estar geral entre os que estão inseridos na produção

destrutiva e na destruição criativa: os sintomas são diversos. Esse mal-estar é que

pode ser o ponto de apoio para uma reeducação humana. Resta a esperança de

que haverá tempo para isso, já que a destrutibilidade segue galopante. Mas não é

qualquer apelo reeducativo que sensibilizará a humanidade pragmatizada e

imersa no (des)conforto narcíseo do consumo. A área da educação, somada e

multiplicada pela comunicação, deve ser oportunista e fundar na educomunicação

uma nova forma de mudar hábitos e costumes, paulatinamente. Ele deve ter um

conteúdo subversivo, e sua meta é a viabilização de uma outra civilização e, com

ela, uma outra relação com a natureza: de compartilhamento e não de dominação.

Mas tudo isso tem de ser feito em tempo hábil: há probabilidade de catástrofe

geral no século XXI.

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