Comunicação, Linguagem e Perturbações Do Desenvolvimento Da Linguagem 1
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Perturbações da Comunicação, Linguagem, Leitura e escrita
I. Comunicação e linguagem
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 1
Linguagem
“A linguagem está em todo o lado, como o ar que respiramos, ao serviço de um milhão de objectivos humanos” (Miller, 1981)
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Funções da linguagem (Crystal, 1997)
Comunicar Expressar emoções Interagir socialmente Diferentes manipulações (e.g., jogos ou
tradições orais) Tentar controlar o ambiente Registar factos Pensar Expressar a nossa identidade
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Psicolinguística
Processos psicológicos envolvidos na linguagem:
– Utilização - Compreensão, produção e recordação da linguagem
– Aquisição da linguagem
– Interacção da linguagem com outros sistemas psicológicos
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Complexidade dos processos
envolvidos - Evidências
“Debaixo da língua”
Deficit após lesão cerebral (e.g., afasias)
Aquisição da linguagem
Aprendizagem de uma língua estrangeira
Dislexia de desenvolvimento
Dislexia adquirida
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PSICOLOGIA COGNITIVA
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL
O QUE É A LINGUAGEM?
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Linguagem vs. Comunicação
O ser humano pode, à semelhança de outras espécies, comunicar de diferentes maneiras (ex. gesto, olhar, frase, choro..)
A comunicação é universal a todas as espécies animais
Comunicação = processo de troca de informação
codificação (formulação utilizando um código),
transmissão
descodificação (compreensão)
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Linguagem vs. Comunicação
Linguagem - forma particular de comunicação, i.e., uma entre várias formas de comunicação
Linguagem não serve apenas para comunicar – serve também de suporte ao pensamento
Nota: não significa que não há pensamento sem linguagem, ex. afasias
Comunicação pela linguagem - fala ou escrita
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Linguagem
“Sistema complexo e dinâmico de símbolos convencionados, usado em modalidades diversas para comunicar e pensar “
(American Speech-Language-Hearing Association, 1983)
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Propriedades da linguagem Criatividade (ou Produtividade) - com um nº
finito e reduzido de unidades produz-se e compreende-se um conjunto infinito de enunciados; a combinação e ordenação das unidades linguísticas é governada por um conjunto de regras e de princípios;
Arbitrariedade – a relação entre a mensagem veiculada e os símbolos usados é arbitrária; símbolos são convencionados porque são representações do real partilhadas por uma dada comunidade linguística
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Linguagem
Exclusiva da espécie humana;
Importância fundamental para a humanidade – fala é o principal meio/via de comunicação entre os seres humanos;
A linguagem escrita é considerada uma das mais importantes invenções da humanidade e a sua utilização passou a desempenhar um papel fundamental na vida dos cidadãos;
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Percepção da fala vs. Leitura
Em várias tarefas pode não fazer muita diferença o modo de apresentação da mensagem – Oral vs. Escrita – Ex. “vou sair, só volto às 9h00”
Mas fala e escrita têm processos específicos, i.e., não partilhados
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Percepção da fala vs. Leitura
Fala Universal Antiga Voz/audição Interlocutor tem de
estar presente Efémera Contexto determinado
pelas circunstâncias Estímulo dinâmico
Escrita Histórica Recente Grafismo/visão ou
tacto Interlocutor pode estar
ausente Permanente Contexto escolhido
pelo Emissor/Receptor Estímulo estático
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Percepção da fala vs. Leitura
Fala Palavra falada -
sequência temporal Fala é um sinal mais
ambíguo Fala é uma cadeia
contínua As exigências
colocadas à memória são maiores – as palavras produzidas já não estão acessíveis
Escrita Palavra escrita -
sequência espacial Na escrita, as palavras
são representadas por uma sequência ortográfica precisa (ex. escrevemos IGREJA e não igreija)
As palavras são separadas por espaços
O leitor pode ser reter-se numa palavra e pode voltar atrás
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Percepção da fala vs. Leitura
Fala A fala contém várias
pistas quanto à estrutura da frase e intenção de significado – ex. entoação, acento,... – Pistas prosódicas
Adquirida naturalmente por imersão num ambiente linguístico
Escrita As pistas para a
estrutura das frases são dadas pela pontuação – menos informativa do que as pistas prosódicas
Aprendida a partir de um ensino formal
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Linguagem
Alguns conceitos importantes...
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Linguagem Oral (Fala)
Código em que os sons da fala são utilizados para codificar significado
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FONOLOGIA (sons e regras de
combinação dos sons em palavras)
SEMÂNTICA (significados)
Nível do significado
Semântica – estudo dos significados codificados pela linguagem
Que componentes contribuem para o significado de uma frase? – Lexemas ou itens lexicais – itens de vocabulário que estão
na base das palavras, ex. run e ran
– Palavras
– Morfemas – unidades mínimas que contribuem para o significado, ex. pés = pé + -s, infelizmente = in + feliz + mente; morfologia estuda os morfemas e as suas regras de combinação
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– Organização das palavras na frase (conjunto de regras hierárquicas que governam a combinação de palavras) – sintaxe
– Organização dos morfemas nas palavras e nas frases - Morfologia
Flexão (e.g., plural)
Derivação (e.g., desenvolvimento, desenvolver, desenvolvido)
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GRAMÁTICA
Linguagem
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sons
significados
léxico
morfologia
sintaxe
gramática
Nível do som
Fonética – Fonética articulatória
movimentos dos orgãos que constituem o aparelho articulatório (laringe, faringe, palato, maxilar, língua e lábios) implicados na produção dos sons da fala (vogais vs. consoantes)
– Fonética acústica –propriedades físicas do sinal acústico (frequência, amplitude, intensidade e duração) Não existe correspondência de um para um entre
propriedades físicas do sinal acústico e os sons da fala
As pausas entre as palavras que constituem uma frase não correspondem a pausas no sinal acústico – ex. ouvir uma língua estrangeira desconhecida
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Nível do som
Fonologia –fonemas que compõem uma língua e o conjunto de regras de para a sua combinação e organização (e.g., sílabas, morfemas e palavras) – Fonema – unidade mínima da fala que introduz diferenças de
significado;
pode não corresponder a uma unidade acústica isolável –
Ex. consoantes oclusivas
Co-articulação falta de invariância acústica
Fonema – entidade abstracta
Pode não corresponder a uma letra do alfabeto – a
correspondência gráfica do fonema é o grafema
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Linguagem
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sons
significados
léxico
morfologia
sintaxe
gramática
Fonética
Fonologia
articulatória
acústica
Nível do contexto
Contexto influencia – Forma lexical, gramatical e fonética
escolhida para transmitir um significado
– conteúdo a transmitir
– significado derivado pelo receptor
(Ex. Pode abrir a janela?)
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Nível do contexto
Pragmática – Relação entre a linguagem e o contexto em que
é utilizada – Estuda as diferentes funções comunicativas – ex.
pedir para executar uma acção, pedir uma informação, dar uma ordem, expressar uma emoção...
– Estuda a forma como o contexto ou a relação que temos com o interlocutor influenciam o conteúdo do que vamos dizer
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Linguagem
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sintaxe
FONOLOGIA
sons
SEMÂNTICA
significados
léxico
morfologia gramática
Fonética
Fonologia
articulatória
acústica
PRAGMÁTICA
contextos
funções comunicativas
conversação
discurso
Desenvolvimento Linguístico
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Sons vegetativos
(0-6 semanas)
Arrulhos
(6 semanas)
Palreio
(16 semanas aos 6 meses)
Riso
(16 semanas )
Balbucio
(6-10 meses)
Sons da fala
1. Sons vocálicos
2. Consoantes
/g/ e /k/
Reduplicação silábica
e.g., CVCVCV
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Período
Pré-Linguístico
(ver Ingram, 1989 e
Jusczyk, 1997)
Enunciados de 1 palavra
(10-18 meses)
Primeiras combinações
(18 meses)
Frases complexas
(depois dos 2 anos e meio)
Frases simples /
Discurso telegráfico
(2 anos )
Surto Lexical
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Período
Linguístico
(Brown &
Bellugi,1964)
Idade e ritmos de aquisição
Primeiras semanas/meses – fronteiras cronológicas entre períodos de aquisição
Mais tarde as fronteiras tornam-se menos precisas - Diferenças individuais :
– no ritmo de aquisição
– no estilo linguístico
– sujeito a influências biológicas e ambientais
– diferenças interculturais e interlinguísticas
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 30
Pré-requisitos p/ a aquisição da linguagem
Integridade das aferências sensoriais (surdez congénita ou
adquirida até aos 3 anos compromete a aquisição da
linguagem)
Adequação cognitiva
Integridade das eferências (aparelho articulatório/
fonatório)
Estimulação ambiental
Vontade de comunicar
Integridade das áreas de linguagem do HE
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 31
Forças motrizes do desenvolvimento linguístico
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 32
Que factores estão na origem do desenvolvimento linguístico?
Como é que uma criança se torna competente do ponto de vista linguístico?
Que processos são inatamente especificados e que factores devem estar presentes?
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 33
Imitação
Cçs aprendem imitando a linguagem adulta Papel importante: Na pronúncia Aquisição e escolha de vocabulário NÃO SE APLICA A TODOS OS PROCESSOS EVIDÊNCIAS erros não ouvidos (e.g., sobregeneralizações:
cãos, fazi) incapazes de imitar se não dominarem um
determinado tipo de construção gramatical Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 34
Aprendizagem por reforço e condicionamento
Estudo da interação adulto – bebé/criança: – Não se ignoram estruturas incorretas
Feeedback indirecto - e.g., repetição enunciados incorretos, questões (Saxton, 1997) vs. Estruturas corretas – continuação da interação verbal (Messer, 2000)
Eficácia do feedback? Demasiado intermitente ou eficaz pelo contraste entre correto e incorreto (Saxton, 1997)
Mas
– Correções mais dirigidas à veracidade e significado dos enunciados – raramente à estrutura gramatical
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 35
Aprendizagem por reforço e condicionamento
palavras são compreendidas antes de produzidas (Harley, 2001)
Padrão de aquisição das flexões verbais e nominais irregulares – forma em U (Brown, 1973) – Aprendem-se regras e exceções às regras – regras e não associações particulares
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 36
Mecanismo Inato
Chomsky (1965) – exposição à língua é INSUFICIENTE – cç tem um conhecimento de regras /
capacidade linguística inata
– Regras não são adquiridas por exposição Imput degenerado – e.g., frases incorrectas,
incompletas, ausência de pausas entre as palavras
Pobreza do estímulo – n.º insuficiente de construções gramaticais p/ deduzir regras linguísticas
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 37
Como é que a criança aprende a falar?
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 38
Pobre?
Degenerado?
Chomsky (1965, 1968, 1986):
Mecanismo de aquisição da linguagem
(Language Acquisition Device)
Gramática Universal
Mecanismo Inato
Princípios e parâmetros que restringem a aquisição da linguagem
Princípios universais que impõem limites nas variações linguísticas – limita a gramática adquirida
A aquisição da língua materna especificação dos parâmetros – Ex., línguas c/ ou s/ obrigatoriedade do
pronome Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 39
Mecanismo Inato
Características que se encontram na maioria das línguas:
– Universais substantivos - ex., categoria nominal vs. categoria verbal
“David” – cç surda s/ exposição à linguagem gestual: 1 tipo de gestos para nomes e 1 outro p verbos (Goldin-Meadow, Butcher, Mylander & Dodge, 1994)
– Universais formais - forma global das regras sintácticas que manipulam as categorias substantivas – ex. nem todas as ordens para S, V e O são admitidas
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 40
Mecanismo Inato
Evidências: – Línguas pidgin e línguas crioulas:
Línguas pidgin - línguas simplificadas criadas por falantes de diferentes línguas
– Sintaxe simples
Línguas crioulas – Línguas pidgin que se tornaram línguas maternas pelos filhos dos falantes de pidgin
– Sintaxe rica
– Criação espontânea
– Tb existem na linguagem gestual
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 41
Mecanismo Inato
Evidências genéticas: – Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem
(PDL) têm uma base genética – Prevalência: 7% (1% perturbação grave)
Formas familiares de PDL (Talllal et al. 1991), defeito genético no cromossoma 7 de uma família (Fisher et al., 1998)
Concordância em gémeos monozigóticos > gémeos dizigóticos (e.g., Bishop et al., 1995)
Defeitos idênticos entre familiares ou gémeos (e.g., Bishop et al., 1995)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 42
Em debate…
Será que o que é inato é específico da linguagem?
Que processos em concreto são inatos?
Como é que controlam o desenvolvimento linguístico?
– Ex. identificar os genes implicados no desenvolvimento linguístico, que processos controlam e como
Talvez o imput linguístico seja muito mais rico
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 43
Em debate…
– comportamentos complexos resultam da interacção de vários processos (e.g., Elman, 1993; 1999)
– talvez não sejam necessárias especificações linguísticas inatas nem feedback para a aquisição gramatical
– Hip: imput contém a informação necessária
Como é o discurso dirigido à criança?
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 44
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 45
Discurso dirigido à cç
Degenerado? Motherese / Child-Directed Speech (CDS) – Discurso restringe-se ao aqui e agora
– Discurso simplificado Frases curtas
Palavras são fonologicamente mais simples (e.g., popó)
Vocabulário restrito
– Mais pausas, melhor segmentado
– Mais redundância
– Mais lento
– Prosódia acentuada
– Mais repetições
(e.g., Dockrell & Messer, 1999; Messer, 1980; Garnica, 1977)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 46
FACILITA
1.Descoberta do significado das
palavras
2.Compreensão da estrutura
sintáctica
Desenvolvimento Fonológico
Como evolui a percepção e a produção dos sons da fala?
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 47
Desenvolvimento Fonológico
Sucking Habituation Paradigm
Ritmo de sucção
– Preferência por estímulos novos
– Habituação – ↓ ritmo de sucção
– Alteração do E - ↑ ritmo de sucção
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 48
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 49
Expe ri m e n t er ( h e a d p h o n es )
V i ew in g H ol e V id eo c ame ra
In f an t
C ar e g i ver
( h e a d p h o n es )
S peak e r S peak e r
The Headturn
Preference
Procedure
Desenvolvimento Fonológico
Desenvolvimento Fonológico
À nascença distinguem sons linguísticos de não linguísticos
Recém-nascidos preferem a voz da mãe (DeCasper & Fifer, 1980)
Recém-nascidos preferem padrão prosódico da língua materna e distinguem línguas com base em pistas prosódicas
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 50
Desenvolvimento Fonológico
1-4 meses: sensíveis a diferenças acústicas utilizadas nas distinções fonéticas (e.g., Eimas,
Miller & Jusczyk, 1987)
– percepção categorial do vozeamento, ponto e
modo de articulação (e.g., Eimas, Siqueland, Jusczyk &
Vigorito, 1987)
– Percepção é provavelmente inata
Modificada com a exposição à língua –sensibilidade a contrastes fonéticos ausentes na língua materna
perde-se (6-12 meses) (e.g., Kuhl et al. 2008; Werker & Tees, 1984)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 51
Desenvolvimento Fonológico
Bebés de 8 meses capazes de utilizar informação
estatística (PT) na segmentação dos enunciados em
palavras (Saffran et al., 1996; Saffran, 2001)
8 meses – sensíveis a pistas importantes na def. das fronteiras sintácticas (e.g., Hirsh-Pasek et al., 1987):
– preferência por cadeias de fala onde as pausas introduzidas respeitam fronteiras sintácticas
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 52
Desenvolvimento Fonológico
Reportório de sons mais restrito do que durante o balbucio
Domínio progressivo dos contrastes (Jakobson, 1968); contrastes mais comuns aprendidos primeiro (/p/ (ñ vozeado) vs. /b/ (vozeado)
A aprendizagem dos contrastes fonéticos ñ explica tds aspectos do desenvolvimento fonológico
– Podem produzir o contraste numa palavra e não serem capazes de o produzir noutras
Utilizam regras fonológicas p transformar plvs em formas que conseguem produzir (Menn, 1980; Smith,
1973)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 53
Desenvolvimento Fonológico
Exemplos de plvs simplificadas – Omissão da última consoante – ex. “DOMI” em vez de
“DORMIR”
– Redução de encontros consonânticos – ex. “POBE” em vez de “POBRE”
– Redução de rima complexa – ex. “DOMI” em vez de “DORMIR”
– Omissão de sílabas átonas – ex. “BOLETA” em vez de BORBOLETA
– Repetição de sílabas – ex. “CIGAGO” em vez de “CIGARRO”
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 54
P/ uma descrição da evolução articulatória no PE ver
trabalhos de Castro e col. – ex. Castro & Gomes (2000)
Desenvolvimento Semântico
O que determina os significados que as cçs atribuem às palavras?
Como é q estes significados convergem p os dos adultos?
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 55
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 56
Olha o carro!
Como é que a criança descobre o referente?
Como é que ela sabe o que a palavra CARRO significa?
Como é que a cç descobre que CARRO designa o objecto e não uma propriedade do objecto?
Que propriedades do objecto são importantes?
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 57
LUA
CADEIRA
Desenvolvimento Semântico
Alguns processos poderão ser inatos – ex.
categorizar objectos (Quinn & Eimas, 1986)
1.ª palavras emergem qdo está presente 1 exemplar da categoria – Mapping Problem
– Adultos enfatizam as plvs +
importantes e as cçs prestam
mais atenção a estas partes
da fala (Gleitman & Wanner, 1982)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 58
Desenvolvimento Semântico
Como as cçs ligam os nomes aos objectos? Princípios lexicais (e.g., Golinkoff, Hirsh- Pasek, Bailey & Wenger, 1992)
– Whole object assumption - transmitem-se significados apontando exemplos/exemplares e.g., Ninio, 1980)
– Restrição taxonómica - plv refere-se a 1 categoria de objectos semelhantes ( e.g., Markman, 1980)
– Mútua exclusão – cd objecto só pode ter uma designação ( e.g., Markman & Wachtel, 1988)
Mais tarde – Definição explícita
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 59
Atenção partilhada (joint attention)
Pistas sintácticas – syntatic bootstrapping: – Isto é um… (Substantivo)
– O cão está a …. (Verbo)
Cçs usam estrutura das frases e o que estão a percepcionar p interpretar significados
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 60
Desenvolvimento Semântico
Sign atribuído pela cç: 1. Sign. pode coincidir c/ o do adulto;
2. Sobregeneralização – sentido mais lato do que o do adulto ex., porta
– Características percetivas salientes – forma, cor , textura
– funções
1. Significado ainda ñ está compreendido – compreensão e produção
3. Subgeneralização – significados mais restritos: ex., redondo só p bolas
1. Significado é incompleto
4. Ñ coincidir – desaparecem rapidamente (e.g., Bloom, 1973)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 61
Desenvolvimento Semântico
Erros de sobregeneralização tendem a desaparecer 2 ½
O que é isto?
Rápido desenvolvimento de vocabulário
Princípio da complexidade semântica – plvs c/ significados + simples são adquiridas 1º
– 1º substantivos, depois verbos (dependem mais do contexto linguístico)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 62
Desenvolvimento Semântico
Desenvolvimento Sintáctico
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 63
Desenvolvimento Sintáctico
Hip. de continuidade - Conhecimento gramatical presente desde as etapas mais precoces
– Cçs ligam plvs às categorias gramaticais
– Combinam as plvs segundo regras gramaticais
(e.g., Bloom, 1994; Pinker, 1994)
Hip. de Descontinuidade – 1as combinações de plvs ñ são governadas por regras gramaticais adultas
(e.g., Bowerman, 1973; Maratsos, 1983)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 64
Como é que as crianças descobrem as categorias gramaticais a que as palavras pertencem?
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 65
NOME?
VERBO?
ADVÉRBIO?
ADJECTIVO?
Hipóteses Explicativas
A) Semantic bootstrapping theory (Pinker, 1985,
1989)
Conhecimento das principais categorias sintácticas é inato (ex., nomes referem-se a objectos e verbos a acções)
B) Perspectiva Semântica/Construtivista Macnamara (1972)
plvs são focadas em função do conteúdo + ordem das plvs é ignorada
liga plvs ao contexto para descobrir significados
descobre os papéis que as plvs desempenham nas frases
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 66
Hipóteses Explicativas
C) Análise distributiva
adquirem categorias/regras sintácticas com muito pouco conhecimento semântico
– Ex.1, flexões de género – a lua, o sol (Levy, 1983; 1988)
procuram e extraem regularidades sintácticas - regularidades estatísticas sobre como as palavras se tendem a agrupar/organizar – ex. artigo + substantivo
O imput é rico e as capacidades computacionais do ser humano são elevadas (Maratsos, 1988; Elman, 1990)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 67
Desenvolvimento gramatical
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 68
Desenvolvimento gramatical
1. Cçs usam um conj. restrito de plvs em posições relativamente fixas – Produções são limitadas (e.g., Messer, 2000) e
pouco flexíveis (e.g., Pine & Lieven, 1997)
– Hip. – o conhecimento gramatical e semântico subjacente a estas produções iniciais é pouco (E.G., Tomasello, 2000)
– Reflectem o que é ouvido mais frequentemente, ex. “música gira”
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 69
Desenvolvimento gramatical
2. Discurso telegráfico – palavras de conteúdo; plvs com funções estritamente gramaticais e flexões/derivações morfológicas ausentes (Brown & Bellugi, 1964; Brown & Fraser, 1963)
– Mais característico da língua inglesa
Metodologias de avaliação
Mean Length of Utterance (MLU) (Brown, 1973) – nº médio de morfemas presentes num enunciado
Flexão de pplvs - com função de nome ou de verbo (Berko, 1958)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 70
Aquisições da linguagem ao longo do tempo
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos
Compreen-são verbal
3 plvs no mínimo
25 plvs no mínimo; ordens simples
Vocab. variado; ordens complexas
Vocab. Extenso; relações causais; Histórias simples
Abstrac-ções; relações entre plvs
Expressão verbal
1ª plv Plvs isoladas; combina-ções de 2 plvs
Frases telegráficas; EME≈2 ou 3
Frases gramaticais; EME ≈ 5
Frases complexas; poucos erros gramaticais; def. de plvs
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 71
Aquisições da linguagem ao longo do tempo
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos
Articulação Balbucio Vogais; 50% inteligível
Consoantes labiais; 75% inteligível
Oclusivas; 95% inteligível
Fricativas; 100% inteligível
Pragmática Referência e volição
Comunicativo; gosta de histórias; fala sozinho
Fala muito; anuncia intenções e respeita a vez na interacção verbal
Descreve o passado; gosta de rimas
Aprende a manipular através da linguagem
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 72
Desvios articulatórios observados
em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos
Desvio Idade Exemplo
Coalescência, omissão de síl.
Até aos 3 FICO por frigorífico
Substituição por harmonia
Até aos 3 MANANA por banana
Apagamento nasal
Até aos 3 COBOIO por comboio
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 73
Desvios articulatórios observados
em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos
Desvio Idade Exemplo
Redução de ditongo
Até aos 3 XALE por Xaile
Omissão de Consoante
Até aos 3 CENOUA por Cenoura
Omissão de Sílaba Átona
Até aos 3 ou 4 (menos freq.)
BOLETA por BORBOLETA
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 74
Desvios articulatórios observados
em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos
Desvio Idade Exemplo
Substituição por desvozeamento
Até aos 3 ou 4 (menos freq.)
PIXAMA em vez de Pijama
Por plosivização e troca
Até aos 3 ou 4 (menos freq.)
DEBRA por Zebra
De ponto de articulação
Até aos 3 ou 4 (menos freq.)
SAPÉU por chapéu
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 75
Desvios articulatórios observados
em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos
Desvio Idade Exemplo
Semivocalização da líquida
Até aos 4 FRAUDA por Fralda
Redução de rima complexa
Até aos 4 ou 5 (menos freq.)
BACO por Barco
Redução de encontro consonântico
Até aos 4 ou 5(mesmo freq.)
PATO por Prato
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 76
Desvios articulatórios observados
em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos
Desvio Idade Exemplo
Adição de /e/ Até aos 5 FELOR por Flor
Troca de ordem Até aos 5 DROMIR por Dormir
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 77
Castro e Gomes (2000, p. 70)
Perturbações do desenvolvimento da linguagem (PDL, antes PEL; em Inglês, respetivamente, DLD e SLI)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 78
Perturbações da linguagem
1. Primárias (disfunção das redes neuronais necessárias à aquisição)
Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem
(PDL, antes PEL; em Inglês, DLD, antes SLI))
2. Secundárias
Atraso cognitivo, surdez, autismo,
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 79
Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem
Perspetiva histórica
Primeiras descrições no início do séc. XIX
– Defeitos na produção e compreensão da linguagem e capacidade cognitiva preservada
Identificação das áreas da linguagem em pacientes com perturbações adquiridas (Broca e Wernicke)
Até meados do séc. XX: PDL ≈ perturbações adquiridas (e.g., afasia congénita)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 80
Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Perspetiva histórica
60’s:
– Crianças com PDL não têm lesões neurológicas
– crianças com lesões focais raramente exibem a longo prazo defeitos severos
– Desenvolvimentos no domínio da linguística sobre a estrutura gramatical da fala
– Linguagem como uma entidade cognitiva discreta
Finais do séc. XX
– Avanços da genética e estudo da estrutura e função do cérebro: Influência de fatores genéticos (Bishop, 2006); relação complexa e difícil de
prever
Início do séc XXI
– Influências ambientais atuam como fator protetor: intervenção
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 81
Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem
Difícil consenso quanto aos critérios de diagnóstico:
• Considerável heterogeneidade do quadro clínico
• Evolução/mudança do quadro clínico com a idade
Em geral:
Capacidade linguística atrás da capacidade cognitiva
Aspetos gramaticais da linguagem particularmente vulneráveis
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 82
Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem
1. Critérios qualitativos – ex.:
- Avaliação por especialistas
- Compromete vida familiar, escolar e social (DSM)
2. Critérios quantitativos - ex.:
- Atraso da linguagem vs. idade cronológica: 12 meses (Tallal, 1991); 1,5 - 2 d.p. (Bishop & Rosenblom,
1987)
- QI nv – QIv> 1 d.p.
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características Cognitivas
Defeito linguístico no quadro de um desenvolvimento cognitivo normal
– QI nv – QIv> 1 d.p. (ICD-10, OMS, 1996)
Risco de exclusão de um elevado número de crianças
Diferentes combinações de instrumentos de avaliação conduzem a padrões diferentes (ex., vocabulário mais relacionado com capacidade cognitiva global; medidas de conhecimento morfosintáctico mais discrepantes)
QI não verbal abranda com idade e diferencial QI nv – Qiv diminui
Padrão de defeito linguístico e risco genético semelhantes entre cç com PDL
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas
Avaliação com testes estandardizados da produção e compreensão linguística
DIFICULDADES METODOLÓGICAS
Que nível de discrepância é indicativo de perturbação significativa?
– Critério arbitrário:
1 score < 1 d.p. pode não interferir com desempenho diário e educativo;
vários scores em diferentes testes < 1 d.p. ou 1 score < 2 d.p. podem ser preocupantes
Critérios mais exigentes excluem mais crianças
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas
Clínicos
Impacto na vida diária:
– Dificuldades na produção narrativa
– Impacto no desempenho escolar
Investigadores
Defeitos específicos no domínio da gramática
Perfis comportamentais distintos
Necessidades terapêuticas diferentes
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas
Caracterização global: Atraso na aquisição das primeiras palavras e frases
Erros de produção e fraca consciência fonológica sobretudo no pré-escolar
Vocabulário restrito e dificuldade a encontrar a palavra (ex. , “coisa/coiso”)
Erros gramaticais , ex., concordância e conjugação verbal
Estruturas gramaticais simples e erros nas complexas (dificuldade na compreensão de questões, de frases negativas, de frases passivas)
Fraca memória verbal: pseudopalavras, palavras, e frases
Dificuldades de compreensão de enunciados longos (ex., discurso)
Dificuldades em elaborar uma narrativa
Dificuldades na compreensão de expressões abstratas , idiomáticas ou ambíguas
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Razões para “preocupação”/avaliação
1. Aos 18 meses não compreende ordens simples – Ex., “Dá a bola”
2. Aos 2 anos não diz nenhuma plv
3. Aos 3 não formula frases de 3 plvs
4. Aos 4 produz essencialmente frases que não se submetem às regras gramaticais
5. Aos 5 persistem omissões ou alterações frequentes na articulação, em particular consoantes sibilantes ou líquidas
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas
Sintaxe e Morfologia Defeitos ao nível da gramática são um característica distintiva das
PDL: isolados ou associados a defeitos ao nível da fonologia e semântica
Omissão de morfemas gramaticais na produção espontânea - discurso telegráfico - e erros de concordância
Persistência de erros em crianças mais velhas são indicativos de PDL
Dificuldade: – avaliação da gramaticalidade de frases
– compreensão de estruturas gramaticais complexas: passivas; frases complexas, compostas por mais do que uma oração (ex., subordinadas: O meu André não lhe disse que temos aí um holandês que trouxe material novo…? , in Cintra e Ciunha, 1999, p. 399)
Têm conhecimento da gramática mas aplicam-no de forma inconsistente como suj. normais em tarefas exigentes
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas
Fonologia (Speech Sound Disorders)
EUA (Shriberg et al., 1999): prevalência 3.8%; co-ocorrência com outras PDL 1.3%
Mais rapidamente identificados por pais e professores
Defeitos no processamento fonológico
– Discriminação e categorização de sons e de contrastes fonéticos (ex. /ba/ e /da/)
– Dificuldades na produção de sons
– Dificuldades na memorização de novas sequências de sons
– Dificuldades na manipulação de sons – consciência fonológica
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas
Semântica
Vocabulário pobre
Dificuldade em reter/aprender palavras novas
Dificuldade em reter as características semânticas de palavras novas
Erros de nomeação: ex., “faca” em vez de tesoura OU “uma coisa que corta”
Cç mais velhas - o que sabem acerca de cada plvr e não tanto o n.º de plvrs
Não entendem piadas, linguagem figurativa, expressões idiomáticas
Dificuldade com relações entre palavras e orações de uma frase
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas
Pragmática
Imatura qualitativamente anormal (como no caso das perturbações do espectro autista)
Dificuldade na aplicação de regas de pragmática (i.e., interação social) – Iniciar e manter os tópicos de uma conversa
– Solicitar uma clarificação
– Respeitar a vez
– Adequar o estilo comunicativo ao contexto social
Dificuldade em entender a mente e as emoções dos outros a partir do contexto
Dificuldade com inferências ou com expressões não literais
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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características emocionais, comportamentais e sociais Menos amizades na adolescência e idade adulta
Mais problemas de comportamento e no infringir de regras em adolescentes diagnosticados com PDL no pré-escolar
Baixa auto-estima
PDL é um forte preditor de outras perturbações de desenvolvimento (ex. deficit de atenção e de hiperatividade, perturbações emocionais)
1/3 das crianças referenciadas para avaliação por perturbação socio-emocional e 50% dos referenciados para serviços clínicos de psiquiatria tinham PDL não diagnosticadas (ex., Cohen et al., 1998) MAS tx de perturbações psiquiátricas é baixa
– Padrão mais do que severidade estão associados a determinadas doenças psiquiátricas (Snowling et al. 2006)
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Classificação
Clínica Global (Expressiva vs. Mista)
Neurolinguística (Rapin & Allen, 1983, 1987)
Na base do defeito cognitivo
subjacente (defeito de processamento
de sons da fala, memória fonológica,
etc)
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Classificação Neurolinguística (Rapin & Allen, 1983, 1987)
1. Defeito grave de compreensão verbal
Agnosia auditivo-verbal
Defeito fonológico-sintáctico
2. Defeito predominante da expressão/ articulação
Dispraxia do discurso
Defeito de programação fonológica
3. Defeito predominante a nível léxico-semântico
Defeito semântico-pragmático
Defeito léxico-sintáctico
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1. Defeito grave de compreensão verbal
Agnosia auditivo-verbal
– Perturbação do processamento fonológico compromete aquisição da linguagem
– “Surdez verbal”
– Comunicação essencialmente não verbal (gestos, mímica facial, prosódia)
– Discurso limitado, disfluente, mal articulado ou inexistente (mutismo)
– Grave perturbação da comunicação
– QI normal (por definição)
– Benéfico o uso de métodos alternativos de comunicação (ex., linguagem gestual, computadores ou outros instrumentos)
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1. Defeito grave de compreensão verbal
Agnosia auditivo-verbal Diagnóstico diferencial
– Autismo e Afasia Adquirida com Epilepsia (S. Landau Kleffner) – em ambos há regressão da linguagem No espectro autista – alterações do comportamento,
da sociabilidade e dos interesses (aversão ao afecto, ao contacto ocular, resistência à mudança, bizarrias de comportamento, ecolália, alterações do pragmatismo não verbal
Na Afasia Adquirida com Epilepsia – alterações do EEG sono
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 97
1. Defeito grave de compreensão verbal
Defeito fonológico-sintáctico
Discurso disfluente, frases curtas, pausas, anomia, má articulação parafasias fonémicas – grau variável de ininteligibilidade
Vocabulário limitado
Discurso telegráfico – omissão de morfemas gramaticais – e erros de concordância
Compreensão verbal razoável mas defeito detectável na avaliação
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2. Defeito predominante da expressão/ articulação
Dispraxia do discurso – Dificuldade na programação da linguagem – Discurso muito disfluente, escasso, produzido com esforço – Deficiente produção fonológica (pode chegar aos
mutismo) – Constituído por frases curtas ou palavras isoladas – Compreensão verbal mantida – Podem aprender a ler e a escrever porque a perturbação é
essencialmente ao nível da linguagem oral – Podem manter-se ininteligíveis – Beneficiam de métodos alternativos de comunicação e de
linguagem gestual
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2. Defeito predominante da expressão/ articulação
Defeito de programação fonológica
Variante fluente da dispraxia verbal c/ melhor prognóstico
S/ equivalente nas afasias dos adultos
Discurso fluente, frases longas bem moduladas, mas pouco ou nada inteligível (defeitos de articulação, erros de sequenciação, substituições de fonemas) – “espanholas”
Compreensão verbal mantida
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 100
3. Defeito predominante a nível léxico-semântico
Síndroma Léxico-Sintáctico Perturbação da evocação de nomes (uso de
expressões/termos genéricos – “coisa”, “isto”, “aquilo” - e circunlóquios;
Dificuldade em elaborar uma sequência narrativa
Discurso por vezes disfluente com pausas e hesitações frequentes
Produção sintáctica imatura
(semelhante à afasia anómica e de condução do adulto)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 101
3. Defeito predominante a nível léxico-semântico
Defeito semântico-pragmático
Discurso fluente - dificuldades fonológicas e sintácticas assinaláveis (bem articulado, inteligível, frases gramaticalmente correctas)
Hiper-verbal, com pouco conteúdo (Cocktail chatters)
Volume, tom de voz, prosódia e débito alterados
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 102
3. Defeito predominante a nível léxico-semântico
Defeito semântico-pragmático (Cont.)
Compreensão literal e tangencial (dif. de compreensão de metáforas, humor e expressões idiomáticas)
Insistência em determinados tópicos
Fraca sintonia com a resposta do outro
Pragmatismo não verbal mantido (Imp.: p/ distinção de perturbações dp espectro autista)
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 103
3. Defeito predominante a nível léxico-semântico
Defeito semântico-pragmático (Cont.)
Podem aprender a ler
Formas puras s/ outras alterações de comportamento
Ou
Patologias associadas – Hidrocefalia
– Perturbações do espectro autista
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 104
Epidemiologia
Difícil de estabelecer - Ø estudos epidemiológicos:
1. Variedade de critérios de diagnóstico
2. Evolução do quadro clínico com a idade
3. Estudos diferem qto a inclusão ou exclusão de crianças com outras condições de co morbilidade
De um modo geral:
7% das crianças com idade entre os 3 e os 6 anos
1% considerado grave
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 105
Epidemiologia
Tomblin et al., 1997: - Estudo epidemiológico com cçs de 5 anos (Iowa)
- A bateria não incluiu medidas de fonologia (IMPORTANTE!) e de habilidade pragmática – podem afetar mais o desempenho escolar e o relacionamento interpessoal
- 7.4% PDL – 2 em 5 testes d.p. superior a 1.25 (critério mais lato do que ICD-10: d.p. 1.12): - 1 ano mais tarde 46% das diagnosticadas em T1 não cumpriam critérios
de diagnósticos: falsos positivos? dificuldades transitórias?
- Apenas 29% das cçs detetadas no estudo tinham sido sinalizadas pelos pais ou por clínicos
- rapazes > raparigas
Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 106
Resumo
I. Comunicação e linguagem:
1. Definições
2. Propriedades da linguagem
3. Linguagem oral vs. escrita
4. Conceitos: fonologia, semântica, gramática, pragmática
II. Desenvolvimento linguístico
1. Idades e ritmos de aquisição
2. Forças motrizes do desenvolvimento
3. Desenvolvimento fonológico, semântico e gramatical
4. Alguns referenciais do processo de aquisição da linguagem e exemplos de desvios observados em crianças portuguesas dos 3 aos 5 anos
III. Perturbações do desenvolvimento da linguagem (PDL):
1. PDL primárias e secundárias
2. Critérios de diagnóstico qualitativos e quantitativos
3. Caracterização global: sintaxe e morfologia; fonologia; semântica; pragmática; características emocionais, comportamentais e sociais
4. Classificaçãpo neurolinguística (Rapin & Allen, 1983, 1987)
1. Defeito de compreensão verbal: agnosia auditivo-verbal; defeito fonológico-sintático
2. Defeito de expressão/articulação verbal: dispraxia do discurso; defeito de programação fonológica;
3. Defeito a nível léxico/semântico: defeito semântico-pragmático; defeito léxico-sintáctico
5. Epidemiologia das PDL
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