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1 COMUNICAÇÃO SOCIAL E HISTÓRIA: MOVIMENTOS DE APROXIMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO JOSÉ MILTON ROCHA 1 Resumo: Este artigo aborda algumas proximidades da comunicação social e a história, na construção do conhecimento, do saber histórico. Sobretudo, a partir do advento das novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) e a internet, que reconfiguram também a temporalidade e a historicidade das duas ciências. A história tem apresentado proximidades e imbricações com a comunicação. Por vezes, as duas ciências se convergem; por outras, complementam-se, na produção do pensamento, do conhecimento e na construção da realidade da sociedade, seja pela via das representações simbólicas, ou das representações sociais. O artigo trata de alguns aspectos do projeto de pesquisa Dos impressos aos cibermeios: um estudo da mídia de Dourados (1996-2012), que pesquisa as transformações promovidas pelo uso das NTICs em quatro veículos da mídia douradense: O Progresso, Diário MS, Folha de Dourados e Dourados News, no período entre 1996 e 2012, em desenvolvimento pelo autor no PPGH-UFGD. Utiliza como base referencial teórico autores da História como Vicente (2009), Bresciano (2010), Chartier (2009), Nora (1988), Le Goff (2003), Burke (1992) e da Comunicação e Internet como Alsina (2009), Barbosa (2007), Bardoel e Deuze (2001), Palacios (2003), Mielniczuk (2001); Machado (2003) e Castells (2012). Palavras-chave: História, Comunicação, Proximidades, Convergência, Midia de Dourados. 1 Introdução A história tem apresentado proximidades e imbricações com a comunicação, notadamente, nas décadas recentes, em função da internet. Por vezes, essas duas ciências se convergem; por outras, distanciam-se, mas em outras ocasiões complementam- se, na produção do pensamento, do conhecimento e na construção da realidade da sociedade, seja pela via das representações simbólicas, ou das representações sociais. Maximiliano Vicente (2009, p. 16) percebe uma relação de conflito e afinidade, ao definir a conexão entre história e comunicação, já que segundo ele, a similaridade decorre da proximidade e da convergência das duas ciências, pois história e 1 Aluno do Curso de Doutorado em História no PPGH-UFGD. Jornalista, mestre em Comunicação pela UFMS. Bolsista da CAPES.

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COMUNICAÇÃO SOCIAL E HISTÓRIA: MOVIMENTOS DE

APROXIMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

JOSÉ MILTON ROCHA1

Resumo: Este artigo aborda algumas proximidades da comunicação social e a história,

na construção do conhecimento, do saber histórico. Sobretudo, a partir do advento das

novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) e a internet, que reconfiguram

também a temporalidade e a historicidade das duas ciências. A história tem apresentado

proximidades e imbricações com a comunicação. Por vezes, as duas ciências se

convergem; por outras, complementam-se, na produção do pensamento, do

conhecimento e na construção da realidade da sociedade, seja pela via das

representações simbólicas, ou das representações sociais. O artigo trata de alguns

aspectos do projeto de pesquisa Dos impressos aos cibermeios: um estudo da mídia de

Dourados (1996-2012), que pesquisa as transformações promovidas pelo uso das

NTICs em quatro veículos da mídia douradense: O Progresso, Diário MS, Folha de

Dourados e Dourados News, no período entre 1996 e 2012, em desenvolvimento pelo

autor no PPGH-UFGD. Utiliza como base referencial teórico autores da História como

Vicente (2009), Bresciano (2010), Chartier (2009), Nora (1988), Le Goff (2003), Burke

(1992) e da Comunicação e Internet como Alsina (2009), Barbosa (2007), Bardoel e

Deuze (2001), Palacios (2003), Mielniczuk (2001); Machado (2003) e Castells (2012).

Palavras-chave: História, Comunicação, Proximidades, Convergência, Midia de

Dourados.

1 Introdução

A história tem apresentado proximidades e imbricações com a comunicação,

notadamente, nas décadas recentes, em função da internet. Por vezes, essas duas

ciências se convergem; por outras, distanciam-se, mas em outras ocasiões

complementam- se, na produção do pensamento, do conhecimento e na construção da

realidade da sociedade, seja pela via das representações simbólicas, ou das

representações sociais.

Maximiliano Vicente (2009, p. 16) percebe uma relação de conflito e afinidade,

ao definir a conexão entre história e comunicação, já que segundo ele, a similaridade

decorre da proximidade e da convergência das duas ciências, pois história e

1 Aluno do Curso de Doutorado em História no PPGH-UFGD. Jornalista, mestre em Comunicação pela UFMS. Bolsista da CAPES.

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comunicação “coincidem na sua finalidade, ou seja, na compreensão e na decodificação

da formação da sensibilidade”, o que torna necessário, todavia, “identificar quais os

procedimentos usados na construção de narrativas explicativas dos fatos sociais”.

Vicente (2009) entende que o objetivo final da comunicação é ser o receptor da

mensagem produzida pelos meios de comunicação, já que “a tecnologia e as mensagens,

sem dúvida, adquirem papel relevante, na construção da comunicação e em como ela

traçou sua trajetória”, porque para perceber “os estudos da comunicação sob uma

perspectiva histórica, a questão central residirá na forma de abordar os efeitos e

mudanças na sociedade ocasionadas pelos meios” (VICENTE, 2009, p. 35).

Um dos movimentos de aproximação das duas ciências observado por Vicente

(2009, p. 94) está relacionado à lógica conceitual da história presente, história imediata

e a historia debate. Segundo ele, “a diferença entre elas incide no estabelecimento do

tempo necessário, entre o historiador e o fato, para constituir uma interpretação, ou seja,

elaborar uma narrativa capaz de ser aceita como tal”, enquanto os meios de

comunicação são “aceitos como instrumentos nos quais se manifestam os problemas a

serem estudados, espelhariam uma realidade passível de crítica e intervenções e de

intervenção por parte dos historiadores”. O autor se utiliza do entendimento de Furet

(1989) sobre o debate dos anos 1970, entre a história-narrativa e a história problema

para possibilitar essa aproximação e o dialogo da comunicação com a história.

Justamente por aceitar a reinterpretação do passado e por sofrer influencias

dos dilemas do momento em que vive, as observações de Furet permitem

avançar no procedimento de aproximação do historiador como alguém que

dialoga com os tempos e problemas da época em que vive sem que isso

ocasione rupturas temporais. Agora, tal procedimento seria insuficiente para

justificar por que o historiador e o comunicador social devem dialogar e

elaborar uma agenda para aprofundar seus procedimentos na (des)construção

social da realidade. Um bom caminho que pode ajudar a entender suas

especificidades e, consequentemente, estabelecer rumos de aproximação e de

soluções benéficas para ambos é entender como se processa a elaboração de

sua narrativa (VICENTE, 2009, p. 98).

Vicente (2009) observa ainda aspectos da história como teorias, abordagens,

metodologias e o próprio funcionalismo marxista como elementos que tiveram

contribuições importantes na consolidação da história da comunicação social. E ressalta

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que o movimento conhecido como Escola dos Annales2, incorporou duas maneiras de

trabalhar a história para melhor compreensão da afinidade das ciências. “O primeiro diz

respeito à interdisciplinaridade e o segundo se relaciona com o papel de destaque

adquirido pelas movimentações de massas, protagonistas das transformações sociais”

(VICENTE 2009, p. 25).

Ao problematizar as nuances e diferenças cronológicas ou mesmo as concepções

teóricas de cada área, Vicente (2009) busca no conceito de campo social de Bourdieu

(1978) o argumento para justificar as disputas que surgem nesse espaço, em que cada

grupo tenta construir seus valores.

A nossa compreensão sobre as diferenças e proximidades da história com a

comunicação, ou mesmo o jornalismo, remete principalmente ao modus operandi de

cada ciência; além da visão particular, que cada uma delas lança sobre o que parece ser

a sua matéria prima. A matéria prima do jornalismo, por exemplo, é o acontecimento, o

fato, ou evento, etc. Enfim, a informação bruta, propriamente dita, cuja narrativa

decorre a partir da construção da notícia sobre o ocorrido.

Claro, que há uma série de processos teórico-procedimentais, que vão ser

considerados na escolha do que será notícia. Desde o critério que o repórter usou para

construir sua narrativa, no local do evento, até as questões de noticiabilidade apontadas

por (Tuchman, 1973), passando pela ação de gatekeeper dos editores, na redação. Para

Tuchman (1983), a notícia está em processo de definição e redefinição dos fenômenos

sociais. Essa assertiva nos leva a pensar que, do ponto de vista simbólico, a noticia está

em constante reconstrução da realidade social e, nesse movimento, a mídia espelha a

sociedade e não apenas o que a imprensa quer noticiar como insinua (ALTHEIDE,

1976).

2 Movimento criado na primeira metade do século XX pelos franceses Lucien Febvre e March Bloch

contra a história tradicional, a história política e a história dos eventos. Pode ser dividido em três fases, a

primeira, de 1920 a 1945, caracterizou-se por um pequeno movimento, mais radical e subversivo. Após a

Segunda Guerra Mundial ocorre a segunda fase, que mais se aproxima verdadeiramente de uma “escola”,

com conceitos diferentes (particularmente estrutura e conjuntura) e novos métodos (especialmente a

“história serial” das mudanças na longa duração). A terceira fase inicia por volta de 1968, marcada

profundamente pela fragmentação (BURKE, 1992).

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Para o historiador francês Jacques Le Goff (2003), a matéria fundamental da

história é o tempo, e, ao longo da caminhada da humanidade, a cronologia tem

desempenhado papel de destaque nesse processo “como fio condutor e ciência auxiliar

da história”. Assim, na construção da representação social do papel da mídia, não se

pode deixar de olhar para trás e perceber o caminho percorrido por ela, até aqui, e, de

que maneira ocorreu essa trajetória. Por isso, ao se referir sobre o encontro do passado

com o presente, o autor francês observa que a construção da memória a partir “da

experiência individual e coletiva tende a introduzir, junto destes quadros mensuráveis

do tempo histórico a noção de duração, de tempo vivido, de tempos múltiplos e

relativos, de tempos subjetivos ou simbólicos”, uma vez que o “tempo histórico

encontra, num nível muito sofisticado, o velho tempo da memória, que atravessa a

história e alimenta” (LE GOFF, 2003, p. 13).

2 O acontecimento entre a história e a comunicação

O artigo “A historicidade do acontecimento jornalístico na perspectiva da

história imediata”, de Dornelles e Costa (2012), segue essa tendência, do acontecimento

no movimento de aproximação da história com a comunicação. Os autores abordam a

relação entre jornalismo e história, partindo da hipótese “de que a cobertura jornalística

de grandes acontecimentos pode ser considerada como uma forma de fazer história

(NORA, 1976)”. Esse artigo, a exemplo do trabalho de Vicente (2009), apresenta

também, uma preocupação em evidenciar a historicidade do jornalismo. Os autores

consideram importante o diálogo entre as duas ciências, na “perspectiva de que uma

maior aproximação entre o jornalismo e a história poderá, ao contrário de circunscrever

essas áreas, propor uma ampliação na busca de uma complementaridade pertinente a

ambas as áreas” (DORNELLES; COSTA, 2012, p. 10).

Alsina (2009) compreende o acontecimento como um fenômeno social

determinado histórica e culturalmente, em que cada sistema cultural define que

fenômenos são considerados acontecimentos. Tudesq (1973) em citação de Alsina

(2009, p. 117) historiciza o acontecimento apresentado pela mídia em três momentos da

comunicação: “a) o acontecimento anterior à imprensa para as massas, b) o

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acontecimento durante a hegemonia da imprensa de massas e c) o acontecimento na

atualidade”; enquanto Fernand Terrou (1990) também citado por Alsina (2009)

apresenta a evolução dos meios de comunicação em três períodos correspondes à

classificação do acontecimento por Tudesq, que são: 1) das origens até 1815: os

primórdios da imprensa, 2) de 1815 a 1914: impulso e apogeu da imprensa e 3) de 1914

até a atualidade: a informação Moderna (ALSINA, 2009). Com base no entendimento

de Nora (1972) sobre o controle do acontecimento pelas sociedades, por intermédio da

mídia, Alsina (2009) afirma que esse domínio, envolve, além da relação tempo-espaço,

a luta pelo poder político. Por outro lado, há que se ressaltar que na percepção sobre

representação, quem confere sentido ao acontecimento é o sujeito observador, uma vez

que “os acontecimentos estariam sendo formados por aqueles elementos externos ao

sujeito, a partir dos quais, ele mesmo reconhecerá e consistirá o acontecimento”

(ALSINA, 2009, p. 112).

Se a comunicação tem na informação, ou mais precisamente no acontecimento, a

sua matéria prima que vai dar origem à notícia; a história tem, no tempo, a sua matéria

prima, conforme Le Goff (2003). Talvez esteja aí, a primeira grande diferença entre as

duas ciências, enquanto a comunicação, pela premência do tempo na publicação de um

acontecimento, tem a pressa como fator determinante na aceleração da circulação da

notícia, embora agora pela presença da internet, bem menos. A história, por outro lado,

faz um movimento contrário, a distensão do tempo para tentar entender o

acontecimento. É como se a imprensa fizesse um zoom para ver bem de perto o ocorrido

e a história abrisse a lente para enxergar mais detalhes ao redor, ou a intertextualidade, a

coexistência de outros fatos interconectados ao evento maior. Já que para a história, os

acontecimentos são fatos sociais em sequencia que necessita de uma problematização.

3 O ciberespaço como ponto de convergência

A história produz elementos que propiciam o entendimento e a compreensão de

contextos em que ocorreram os acontecimentos que constroem a trajetória e a memória

de uma sociedade. Por isso, a história, em sintonia com a comunicação, pode

representar, também, o fio condutor das transformações sociais, tecnológicas,

comportamentais e culturais desta sociedade (ROCHA, 2014).

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Por outro lado, se a história mantém proximidade e convergência com a

comunicação pelas razões já expostas, não há exagero também, em dizer que elas estão

agora, mais juntas, em função do avanço das tecnologias - nos referimos às tecnologias

da informação, informática e comunicação, as TICs e a internet - e consequente

convergência tecnológica e cultural (JENKINS, 2013) que fez as duas ciências

desembocarem no ciberespaço3.

Ainda é considerada de pequeno porte, a literatura sobre a historiografia da

internet, mas já é possível encontrar, todavia, razoável número de estudos e estudiosos

sobre a teia mundial de computadores, do ponto de vista da história como observa

Rodrigues (2014, p. 136). Um dos estudiosos que se pode destacar nesse processo é o

historiador uruguaio Juan Andrés Bresciano. Autor de várias obras, entre elas, o livro

“La Historiografia em El amanhecer de La cultura digital”, publicado em 2010, que

“trata dos novos documentos no formato digital, bem como metodologias que envolvem

estas novas questões”, já que “o crescimento das fontes digitais da segunda metade do

século XX aos nossos dias foi tão grande que tem afetado as forma de se relacionar com

o texto impresso, processo que tem também afetado o campo historiográfico”.

(RODRIGUES, 2014, p. 136).

Na visão de Bresciano (2010), a prática historiográfica ganha novas

perspectivas, pois passa a considerar a possibilidade de novos olhares sobre o passado,

embora ressalte algumas questões sobre os documentos digitais tais como o acesso às

fontes e as formas atuais de difusão massiva, a conservação de documentos que pela

própria natureza do suporte web tendem a ser descartadas rapidamente e o

desenvolvimento de novos repositórios.

O historiador francês Roger Chartier, em seu livro “A história ou a leitura do

tempo” lançado no Brasil, em 2009, também aborda a relação da história com a

revolução digital e reflete vários aspectos do processo recente. O teórico faz uma

reflexão sobre aspectos como os efeitos no interior do campo historiográfico, os 3 A palavra ciberespaço foi criada em 1984, por William Gibson, em seu romance de ficção científica

Neuromancer. O termo, no livro, refere-se ao universo das redes digitais, descrito como campo de batalha

entre as multinacionais. O termo foi imediatamente retomado pelos usuários de redes digitais. Para Pierre

Lévy, ciberespaço é o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores e das

memórias dos computadores (LÉVY, 1999). O jornalismo também se apropriou desse conceito.

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impactos da transformação no trabalho do pesquisador, no trabalho de produção do

saber histórico, os efeitos teóricos e metodológicos da digitalização na cultura, entre

tantos outros pontos.

Sobre a textualidade eletrônica afetar de forma direta a recepção do discurso

histórico, em seus clássicos elementos da prova do discurso histórico, que são citação,

referência e nota, Chartier (2009) reconhece como uma mutação epistemológica que

transforma essas técnicas de provas e a validação do discurso do saber. Ele entende que

“a textualidade eletrônica, de fato, transforma a maneira de organizar os argumentos

históricos, ou não, e os critérios que podem mobilizar o leitor para aceitá-las ou rejeitá-

las” (Chartier, 2009, p. 59). Já sobre o trabalho do pesquisador, o teórico destaca a

possibilidade que terá de poder desenvolver demonstrações segundo a lógica

hipertextual, possibilitada pela internet, não linear, ou dedutiva “como é a que impõe a

inscrição, seja qual for a técnica, de texto em uma página”, pois a ferramenta permite

“uma articulação aberta, fragmentada, relacional do raciocínio, tornada possível pela

multiplicidade das ligações hipertextuais”, através dos links. Quanto ao leitor, poderá

validar ou rejeitar essa dinâmica, a partir da consulta de textos, imagens móveis ou

fixas, áudio e vídeos, agora, as modalidades de prova, construção e validação do

discurso do saber.

4 A metamorfose da mídia douradense

É neste cenário de proximidade e afastamento, de junção e disjunção da história

com a comunicação, da “nova” relação tempo, lugar e espaço, proporcionada pela

internet, quando ambas as ciências convergem para o ambiente web, no tempo presente,

que propomos um estudo sobre o processo de metamorfose da mídia impressa de

Dourados para mídia online. Dourados é a segunda maior cidade de Mato Grosso do

Sul, com uma população aproximada de 210 mil habitantes, segundo o IBGE.

Tomamos como marco referencial inicial da pesquisa, o ano de 1996, quando o

primeiro jornal da cidade, O Progresso passou a veicular seu conteúdo na internet,

embora ainda de forma rudimentar. Isso acontece um ano após os primeiros grandes

jornais do País, migrarem para a rede mundial de computadores. O Estado de São

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Paulo, em São Paulo, o Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro e o Jornal do Commércio,

em Pernambuco, foram os pioneiros periódicos a mergulharem nessa experiência, ao

publicarem seus conteúdos no suporte world wide web (WWW), em 1995.

O Dourados News 4 lançado, em 2000, foi o primeiro cibermeio5 douradense a

ser veiculado no ciberespaço, ou seja, criado exclusivamente com a ajuda das

ferramentas e potencialidades oferecidas pela internet, sem qualquer ligação com outros

suportes tecnológicos como o papel, por exemplo. E sem qualquer ligação também com

grupos de mídia já estabelecidos. O nascimento de uma mídia totalmente voltada para a

internet será, portanto, o segundo marco referencial da pesquisa, pois marca o momento

em que a internet é utilizada na produção e veiculação de conteúdos próprios para o

ambiente web.

O Dourados News surge de maneira até curiosa. Da necessidade de veiculação

de uma denúncia que, o então ecologista e produtor rural Primo Fioravante queria fazer

contra a Prefeitura de Dourados. Como a mídia local não quis publicar a matéria

denúncia, ele conseguiu, por meio de amigos, a publicação no Campo Grande News,

que por sua vez foi o primeiro cibermeio de Mato Grosso do Sul, lançado na Capital, no

início de 2000. A partir dai, foram surgindo outros cibermeios, como o Dourados

Agora, Douranews, Dourados informa, entre tantos outros, além de outros impressos

como Diário MS e Folha de Dourados, que optarem pela plataforma web, na primeira

década deste século.

Pesquisadores em jornalismo na internet como Mielniczuk (2001); Machado

(2003) e Barbosa (2007) classificam em três gerações, os estágios do jornalismo online.

A primeira geração compreende a etapa em que os conteúdos dos jornais impressos são

transpostos para o novo suporte, praticamente do mesmo jeito da edição em papel.

Podemos citar como exemplo, as primeiras experiências do jornal O Progresso online,

em 1996. A segunda geração apresenta as primeiras tentativas de alterar o conteúdo do

impresso na internet; enquanto que a terceira geração, “o meio deve produzir conteúdos

4 www.douradosnews.com.br. 5 Conceito aplicado pelo teórico em comunicação, o espanhol Ramon Salaverría (2005a) ao meio de

comunicação social que emprega o ciberespaço como âmbito de difusão pública de informações

jornalísticas. Veiculo, cujo conteúdo é feito a partir da, e para a internet.

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originais em formatos multimídia, constituindo sistemas descentralizados próprios,

capazes de incorporar as contribuições de usuários, para a apuração, produção e

circulação” (MACHADO, 2003, p. 131). O atual estágio da mídia online douradense

reflete a realidade da terceira geração, pois os cibermeios têm seus produtos concebidos

a partir das potencialidades da internet de acordo com estudos de Bardoel e Deuze

(2001) e Palacios (2003), que definem seis características do jornalismo produzido com

e para a internet: hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, personalização,

memoria e instantaneidade.

Além de ampliar a pesquisa acadêmica sobre a historiografia da mídia local, a

proposta traz também outra motivação: dar seguimento aos estudos deste autor sobre a

mídia de Dourados, iniciados com o projeto que resultou na dissertação de Mestrado de

Comunicação, “O ‘Glocal’ no ciberjornalismo regional: análise dos sítios de

webnotícias de Dourados”, em 2014, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

(UFMS), cujo trabalho contempla ainda o mapeamento e catalogação dos 20 cibermeios

mais importantes da cidade, no período da pesquisa, bem como a presença do “glocal”

na produção de conteúdo destes veículos. Agora, todavia, estudando o processo de

transformação sofrido por essa mídia, contemplando também o ponto de vista do leitor,

como ele percebe essa transformação como interage com a nova plataforma e que

interação essa nova tecnologia lhe propicia.

5 O papel da mídia na sociedade

Para se entender esse processo de mudança, algumas questões se tornam

prementes, inquietantes e necessitam de respostas a fim de melhor compreensão do

ocorrido. Como ocorreu essa mudança, o que significa essa transformação da mídia,

tanto do ponto de vista tecnológico, quanto estrutural para as empresas e para o público?

O que representa para a mídia e para a sociedade essa metamorfose, em termos de

representações sociais e simbólicas? Como os efeitos dessa mudança são percebidos e

recebidos pela audiência, pois com a nova plataforma, muda totalmente a forma de

recepção do discurso jornalístico, já que agora, o fluxo do conteúdo é visto, lido e

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ouvido? Porque alguns periódicos como O Progresso e o Diário MS, aliás, os dois

principais da cidade, continuam com suas respectivas versões impressas, embora,

tenham seus conteúdos na web? Quanto tempo eles vão resistir à crise do papel? Há

público suficiente para bancar os custos do papel? Sabe-se que com a gama de

informação disponível no ciberespaço e a maneira fluídica e ubíqua de acessá-la

provoca uma queda de tiragem nos impressos, que muitas vezes para reduzir os custos

se transformam em tabloides, nesse sentido, qual a estratégia de sobrevivência desses

resistentes periódicos locais e até quando pretendem estar no papel? O impresso vai

acabar como previu Nicolas Negromonte, no início da década de 90 do século passado?

Para entender melhor o papel da mídia, é importante situar e destacar o lugar

dela na sociedade da qual faz parte, porque a história da imprensa mantém uma relação

simbiótica com a história da sociedade capitalista e o controle da difusão da informação

configura um embate entre organizações, pessoas de todas as classes sociais, culturais e

políticas, de acordo com seus interesses e aspirações. “Mas há ainda, um traço

ostensivo, que comprova a estreita ligação entre o desenvolvimento da imprensa e o

desenvolvimento da sociedade capitalista, aquele acompanhando a este numa ligação

dialética e não simplesmente mecânica” (SODRÉ, 1977, p. 1). As raízes históricas,

portanto, explicam a ligação umbilical da imprensa com o contexto econômico,

histórico, social, político e cultural a que pertence.

Em termos de Brasil, percebe-se também que o desenvolvimento da imprensa foi

condicionado ao desenvolvimento do país e que o estreito vínculo mantido pela

imprensa e a ordem capitalista é percebida também na evolução da questão da liberdade

de informar e de opinar.

Em Dourados, onde se situa o objeto de investigação deste trabalho, a situação

não é diferente, a história da imprensa está diretamente ligada à história da cidade. Esta

percepção é explicitada também pela psicologia social quando considera as

representações sociais uma forma de recriar a realidade, tendo como um dos meios

desse processo a comunicação, porque por meio dela, “as pessoas e os grupos concedem

uma realidade física a ideias e imagens, a sistemas de classificação e fornecimento de

nomes”, uma vez que “toda a realidade é a realidade de alguém, ou é uma realidade para

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algo” (MOSCOVICI, 2011, p. 90). Assim, a mídia online como as demais, também,

reflete, atualmente, as vozes que circulam e produzem sentido da realidade na

sociedade.

6 Considerações finais

Na esteira do surgimento da mídia online, os impressos locais, bem como todas

as outras mídias (rádio, televisão, etc.) passam a utilizar a internet como plataforma de

divulgação de seus conteúdos. Isso provoca outro marco na história da mídia

douradense, o encontro da história das mídias. Antes, só existia a analógica, no caso da

impressa principalmente, agora, digital e, principalmente toma o rumo e a estrada da

mundialização (ORTIZ, 2000).

É importante ressaltar aqui, que essa transformação dos meios de comunicação

motivada pelo avanço das novas tecnologias resulta também de um processo maior que

envolve todo o planeta, que é a globalização. Ao longo da história da mídia, várias

transformações foram sentidas, tais como o próprio surgimento da imprensa a partir da

prensa de Gutenbeg, no século XV. Depois, o surgimento do rádio, no inicio do século

passado e a televisão, no final da primeira metade do século passado, se constituíram em

grandes impactos na história da mídia, trazendo consequências marcantes para a

sociedade.

Mas é a partir da internet, resultado direto da globalização, que se delineia o

maior impacto na própria humanidade, cujas consequências ainda são desconhecidas

pelos próprios estudiosos do assunto, que não chegaram a um consenso. Para John

Thompson (2004, p. 135), um dos aspectos mais marcantes da comunicação no mundo

moderno é o fato de ela acontecer numa escala cada vez mais global, porque “as

mensagens são transmitidas, através de grandes distâncias com relativa facilidade, de tal

maneira que indivíduos têm acesso à informação e comunicação provenientes de fontes

distantes”; de forma quase instantânea, já que “a reordenação do espaço e do tempo

provocada pelo desenvolvimento da mídia faz parte de um conjunto mais amplo de

processos que transformaram (e ainda estão transformando) o mundo moderno”. O autor

credita à globalização essas mudanças, bem como a interconexão entre as diferentes

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partes do mundo, que tornam o globo menor, reduzido pela agilidade do fluxo de

informações, em contextos de aproximação e afastamento de mercados, onde o local se

aproxima do global, interagindo com outras culturas e costumes.

A globalização recebe por parte dos teóricos culturais como Thompson,

Appadurai, Ianni, Ortiz conceitos similares como os de transnacionalização,

mundialização e internacionalização. Para Castells (2012, p. 287), a rapidez com que

ocorre o fluxo comunicacional está diretamente relacionada ao protagonismo da internet

no contexto da globalização, pois segundo ele, a internet “é o coração de um novo

paradigma sóciotécnico, que se constitui na realidade, a base material de nossas vidas e

de nossas formas de relação, de trabalho e de comunicação”. De acordo com essa

concepção, a internet processa a virtualidade, transformando-a em realidade, em uma

sociedade que, aos poucos, funciona em rede.

Neste momento, em que o passado se encontra com o presente, pelas malhas dos

fluxos promovidos pela internet, a mídia douradense, sem dúvida, lança bases para o

futuro da comunicação local, regional, quais sejam, as potencialidades oferecidas pela

internet, além do uso das tecnologias tanto na produção como circulação do seu

conteúdo. Mas por enquanto, nos deparamos mais com inquietações, indagações; do que

as respostas para o norteio do cenário que baliza esta pesquisa. Importante destacar,

contudo, a sua importância para o entendimento e principalmente para perceber esse

caminho que duas ciências podem trilhar e principalmente, construir juntas, o

conhecimento da realidade social de uma sociedade.

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