conceito de história

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João Paulo G. Pimenta Valdei Lopes de Araújo HISTÓRIA LINHAS GERAIS DA EVOLUÇÃO DO LÉXICO No Vocabulário de Bluteau, o verbete história confere peso à história antiga, pois o relato bíblico, sendo o mais confiável, deveria preponderar no caso de divergência com autores modernos (“de todas as Histórias, a mais certa é a da Sagrada Bíblia”). Longos parágrafos são dedicados à defesa da cronologia bíblica, porém reservando autoridade para o relato profano nos fatos da história moderna. 1 Em Bluteau a história é sagrada e erudita, com o léxico impreg- nado dos topoi da tradição retórica ciceroniana e refletindo perfeitamente o tipo de história que no século XVIII português se produzia em locais como a Academia Real de História (1720), a Academia Brasílica dos Esquecidos (1724-1725) e a Brasílica dos Renascidos (1759). 2 Já na primeira edição do Dicionário de Moraes Silva (1789), o verbete é enxugado do peso da história sagrada, e o historiador começa a ser claramente diferenciado do conceitos basicos.indd 119 31/3/2009 15:01:16

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  • J o o Pa u l o G . P i m e n t a Va l d e i L o p e s d e A r a j o

    HISTRIA

    LINHAS GERAIS DA EVOLUO DO LXICO

    No Vocabulrio de Bluteau, o verbete histria confere peso histria antiga, pois o relato bblico, sendo o mais confivel, deveria preponderar no caso de divergncia com autores modernos (de todas as Histrias, a mais certa a da Sagrada Bblia). Longos pargrafos so dedicados defesa da cronologia bblica, porm reservando autoridade para o relato profano nos fatos da histria moderna.1 Em Bluteau a histria sagrada e erudita, com o lxico impreg-nado dos topoi da tradio retrica ciceroniana e refletindo perfeitamente o tipo de histria que no sculo XVIII portugus se produzia em locais como a Academia Real de Histria (1720), a Academia Braslica dos Esquecidos (1724-1725) e a Braslica dos Renascidos (1759).2

    J na primeira edio do Dicionrio de Moraes Silva (1789), o verbete enxugado do peso da histria sagrada, e o historiador comea a ser claramente diferenciado do

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    cronista.3 Na edio de 1831, acrescentado um pargrafo sobre a diviso da histria no qual Silva procurou esclarecer as diferenas entre histria universal (cujo exemplo a de Bossuet) e histria geral. Com ele, a edio de 1850-1853 do Dicionrio de Eduardo Faria polemiza, ao dizer que Bossuet nunca havia escrito uma histria universal, mas apenas discurso sobre a histria universal.4 Afirma tambm que seria pouco til ou exequvel uma histria que apresentasse um quadro nico e que, por isso, deveria ser dividida em trs grandes idades ou trs histrias que se sucedem, tendo cada uma delas seu carter particular, que so: a histria antiga, a da idade mdia, e a moderna, as quais se pode ajuntar uma quarta, que a contempornea.5 O esforo de Faria indica claramente que o termo histria j no se referia apenas ao livro, mas a uma realidade ex-terior que devia inclusive ditar sua forma de apresentao.

    O que esses dicionrios, de forte presena no mundo luso-brasileiro, parecem indicar , de um lado, um esforo de refinar as definies de palavras da lngua, procurando estabilizar o campo semntico; de outro, uma crescente centralidade do conceito de histria, que deixa de ser apenas uma narrao dos sucessos para concentrar um conjunto de novas experincias sociais e categorias expli-cativas. Mas seria apenas a partir da dcada de 1870 que os dicionrios6 comeariam a normalizar a definio do conceito moderno de histria, associando-o a outros de movimento, como evoluo e progresso.

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    A LAICIZAO DAS NARRATIVAS (1750-1807)

    Quando D. Jos I iniciou seu reinado em 1750, o Im-prio portugus encontrava-se em meio a dificuldades no tocante sua insero no cenrio de competio interna-cional, centrado em pases da Europa ocidental que, sendo potncias coloniais, tinham em territrios ultramarinos espaos fundamentais de atuao. Embora as dificuldades portuguesas nesse cenrio viessem pautando conscincias entre os estadistas lusos desde a independncia em relao Espanha (1640), seria somente com a abertura de um novo campo de ao, possibilitado pela ascenso de D. Jos, que o persistente agravamento da situao geral seria enfrentado por uma ampla mobilizao iniciada na alta cpula poltica imperial, cujo epicentro era a metrpole, mas que desde o incio definiria a centralidade da Amrica, obedecendo lgica de complementaridade entre metr-pole e colnia em busca do bem comum, ponto central do programa reformista.

    A diferenciao de perfis polticos e econmicos entre aquelas que agora eram as duas partes principais do Im-prio portugus se processaria tendo por base dois sculos e meio de uma contraditria histria de simbiose, indivi-duao e complementaridade, na qual Portugal e Amrica compuseram, junto com pores asiticas e africanas, uma unidade. No caso da Amrica, tal processo encontrara manifestaes no plano da narrativa de acontecimentos passados que, no deixando de ser portugueses, eram, segundo obras a eles voltadas, singulares por conta do espao no qual ocorreram. Um grande nmero de obras mesclando passagens sobre tais acontecimentos com des-cries geogrficas e de tipos sociais nativos foi escrita

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    por portugueses da Amrica e da Europa, dentre as quais algumas trazendo j em seus ttulos uma palavra indicativa de seu carter primordial: Histria.

    A partir de 1750, a poltica reformista portuguesa se coadunar com uma ampliao dessa produo. De um lado, com a escrita de obras eruditas, o Estado contar com um espao privilegiado de reforo da lgica de complementaridade entre metrpole e colnias; de outro, os autores de ditas obras tero renovadas as oportunidades de promoverem a obteno, para portugueses naturais da Amrica, de ttulos nobilirquicos de servio. A lgica a permear tal objetivo ser a da prpria configurao regional da colonizao portuguesa da Amrica, expressa no plano de identidades coletivas das quais os naturais daquela poro do Imprio eram portadores: a coletividade mais abrangente era a nao portuguesa, condio da qual todos compartilhavam e que, por seu turno, determinava suas condies identitrias especficas. As narrativas so-bre o passado da Amrica seguiriam essa mesma lgica, incidindo sobre acontecimentos cuja unidade (Brasil ou Amrica, por exemplo) continuaria a ser, sobretudo, uma criao intelectual de seus autores: ou uma simples somatria de espaos de pouca ou nenhuma ligao direta entre si, ou a consagrao de espaos regionais como locus de narrao, nobilitao e perpetuao coletiva.

    Assim, a narrativa dos acontecimentos passados encon-trar terreno frtil para disseminao, configurando um processo no qual a ideia de histria se mostrar indicadora e produtora de transformaes cuja magnitude dificilmente poderia ser vislumbrada naquela metade de sculo. Trans-formaes que levariam no somente ao aprofundamento das dificuldades sentidas pelo Imprio portugus, mas at

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    mesmo criao de condies histricas que possibilita-riam, nas primeiras dcadas do sculo seguinte, a ruptura entre Portugal e seus domnios americanos e a formao, nestes, de uma unidade poltica nacional e soberana, no mais portuguesa, e sim brasileira.

    Na metade do sculo XVIII, contudo, o conceito his-tria se apresenta, na Amrica portuguesa, segundo as premissas bsicas de seu sentido no mundo luso em geral, agregando matizes a ele conferidos pela dupla condio de singularidade e tipicidade do mundo colonial. Para essa direo, aponta a obra do pernambucano Loreto Couto, Desagravos do Brasil e glrias de Pernambuco (1757), pro-duzida com o intuito de louvar feitos passados de naturais daquela capitania e, com isso, valoriz-la como espao de realizaes presentes. Em passagens dedicadas a criticar outras histrias, isto , livros,7 Couto desenvolve vrias possibilidades de cronologia do povoamento da Amrica a partir da criao do mundo.8 Alm de corroborar o esforo de Bluteau em definir os campos da histria sagrada e da histria profana esta subvertida quela , por histria, Couto frequentemente indica narrativas ligadas a luga-res territoriais mais especficos do que a Amrica ou a campos diversificados do saber. H referncias a todas as histrias;9 igualmente s histrias de Frana e Espanha, s Histrias do nosso Reino, e de muitos estrangeiros, s nossas histrias (isto , do Brasil).10 Quanto a campos do saber, as referncias so histria antiga, e moderna, histria sagrada, e profana, histria genealgica e Histria Eclesistica.11

    No entanto, as elaboraes de Couto so distantes das de Bluteau em um ponto sensvel. Este registra alguns sentidos que se tornaro lugares comuns ao campo semntico de

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    histria, incluindo-se a todo o gnero de matrias, em es-pecial a chamada histria natural.12 Em lngua portuguesa, essa compreenso parecer capaz de produzir um gnero prprio muito influente, a chamada histria geral, cuja definio variara e variaria ao longo das dcadas, mas que, em meados do sculo XVIII, tinha como meta uma descrio completa da realidade de determinado territrio e de uma variedade de saberes, uma somatria, portanto, das diversas histrias acima referidas. Em Desagravos do Brasil..., contudo, as referncias a uma totalidade desse tipo no so encontradas, havendo apenas a distino entre Histria, e Filosofia Natural.13 De outra parte, Bluteau e Couto convergem no que diz respeito aos atributos clssi-cos da histria ciceroniana. Se para o primeiro a histria a testemunha do tempo, a luz da verdade, a vida da me-mria, a mestra da vida, e a mensageira da Antiguidade,14 para o segundo a histria de Pernambuco ofereceria muitos exemplos de validade de tais assertivas.15

    A polissemia inerente ao conceito de histria comear a sofrer mutaes no ltimo quartel do sculo XVIII, com as vrias histrias comeando a esboar uma unificao em torno de um campo de experincia comum, sob a forma de algo que poderamos chamar de narrativas ilustradas. A este movimento corresponder um sensvel declnio no prestgio da concepo de uma histria sagrada, at ento subordinadora das histrias profanas, com a corres-pondente valorizao de um sentido de articulao entre todas elas, bem como da crescente recorrncia a mtodos de crtica da veracidade das fontes. Por fim, comearo a surgir testemunhos de uma fundamental alterao nas sensibilidades coletivas no espao colonial: a percepo

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    de acelerao no tempo vivido e representado isto , do tempo histrico.

    Ainda na conjuntura do reformismo portugus, ind-cios dessas mutaes so encontrados em dois poemas de autores naturais de Minas Gerais: O Uraguay (1769), de Baslio da Gama, e Vila Rica (1773), de Cludio Manoel da Costa; o primeiro narra as guerras hispano-portuguesas contra os povos indgenas chefiados pelos jesutas na Amrica do Sul; o segundo, a elevao do povoado de Vila Rica condio de vila. Em ambos, a referncia histria fundamental, merecendo o termo figurar logo nas pri-meiras estrofes.16 Trata-se de uma histria especfica, de realizaes individuais, mas de heris no primeiro caso, o ministro do rei, Sebastio Jos de Carvalho e Melo, no segundo, Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho, governador e capito-general de Minas e So Paulo e, portanto, superiores, por seu carter exemplar. A centra-lidade da ideia nos dois poemas parece, assim, indicativa de um processo de unificao do passado em torno de uma referncia nica, que no apenas mantm as vrias histrias17 como surge por meio delas, alm de implicar consenso em torno da prevalncia da histria profana histria sagrada.

    Essas transformaes so reforadas nas complemen-tares ao texto potico. Nelas, h um aprofundamento e uma explicitao dos critrios de seleo e crtica dos acontecimentos passados, com didtica exposio de significados de termos, fatos, personagens e intenes referidas no texto principal. Os dois autores referem-se a tradies, mas tambm a livros, documentos escritos, testemunhos orais deles prprios ou por eles recolhidos e, assim, indicam uma histria una.18

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    Percebe-se como a tarefa de reformar o Imprio, racio-nalizando sua administrao, integrando melhor seus territrios e reconhecendo-lhes especificidades, fomentou a ideia de histria enquanto uma categoria una e abran-gente, conferindo-lhe maior centralidade no vocabulrio poltico-social. Contudo, se tal hegemonia estava organi-camente inserida nos propsitos reformistas, as contradi-es inerentes a essa poltica mostrar-se-iam capazes de fomentar um movimento que, a mdio prazo, caminharia em sentido oposto: o difcil estabelecimento dos limites integradores das diferenas entre metrpole e colnias, sobretudo das especificidades destas no conjunto, que por um lado haviam se tornado condio do reformismo, mas por outro acirrariam essas mesmas especificidades a ponto de torn-las, em muitas situaes, mais problemticas que de costume.

    Na Amrica portuguesa dos ltimos anos do sculo XVIII, indcios daquilo que, em ltima instncia, se reve-lava um aprofundamento da crise geral iniciada antes o quadrante portugus da crise do Antigo Regime encon-tram-se, conforme afirmado h pouco, em manifestaes de mudana qualitativa na relao social com o tempo. Vila Rica, por exemplo, contm ao menos duas passagens em que a narrativa se defronta com tal situao.19

    As Minas Gerais, que j em 1773 sentiam os efeitos de uma nova insero no cenrio luso-americano, logo se mostrariam especialmente favorveis recepo e reela-borao dos novos paradigmas polticos em circulao no mundo ocidental. Porm, em termos de conscincias e comportamentos coletivos, as preocupaes do reina-do reformista de D. Maria I, iniciado em 1777, no se

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    restringiriam aos habitantes das Minas, embora destes viessem os primeiros sinais de alerta. A descoberta de uma conspirao tramada em 1788 e 1789 e as sucessivas investigaes revelariam, ao mesmo tempo, articulaes inter-regionais, um movimento poltico eivado de carizes inovadores no cenrio luso-americano e eloquentes teste-munhos de difuso de um novo regime de temporalidade, de uma nova concepo de futuro e, inevitavelmente, de um novo sentido de histria. Uma realidade confirmada e reiterada por praticamente todos os movimentos similares doravante tramados na Amrica portuguesa, onde a rup-tura com noes tradicionais de histria, se nem sempre era plenamente concebida pelas alarmadas autoridades coloniais, denunciava a dificuldade de afirmao da poltica reformista e o correspondente aprofundamento da crise.20

    A FORMAO DAS MACRONARRATIVAS ILUSTRADAS (1808-1831)

    Marco fundamental da crise do Antigo Regime por-tugus, a transferncia da Corte de Lisboa para o Rio de Janeiro em 1807 abriu um perodo de indita acelerao histrica no mundo luso-americano. Seus atores so un-nimes em perceber o carter memorvel do acontecimento, que no apenas acentuaria a ideia de especificidade do continente americano no conjunto do Imprio portugus, como lhe conferiria uma nova dignidade histrica. Tal percepo atribua ao presente funes de fundao mtica, capaz de orientar o olhar para o futuro em um momento carregado de incertezas. Essa tentativa de sondar o futuro

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    a partir do presente ficou registrada pela presena recor-rente de uma famosa mxima de Leibniz o presente est prenhe de futuro muito utilizada por atores polticos da poca. Aos poucos se consolidava a experincia do presente como um momento de transio para um futuro que se procurava prognosticar.

    Tal o caso do Correio Braziliense, cujo editor, Hiplito da Costa, recorreu a narrativas ilustradas para defender um tipo de emancipao da Amrica isto , amadure-cimento natural em relao Europa, sem rupturas. No Correio, a verso providencialista da histria est ausente, substituda pela possibilidade de obter orientao atra-vs da anlise racional de leis histricas. As narrativas ilustradas aparecem constantemente adaptadas de fontes inglesas e escocesas para a histria do Imprio portugus. O carter especialmente histrico do tempo presente constantemente sublinhado, justificando o empenho do Correio em estabelecer a verdade, pois seriam os jornais os anais modernos, de onde os historiadores, no futuro, retirariam seus fatos.21

    No Correio, a histria orientadora moral, juza e guar-di da posteridade, fonte para uma histria filosfica capaz de revelar as vocaes dos povos. Nesse ponto central a leitura ilustrada de Tcito. No interior da macronarrativa ilustrada so lidos os principais eventos contemporneos, em especial a expanso napolenica razo de ser da transferncia da Corte para o Brasil , entendida como a ameaa de um retorno a um despotismo universal seme-lhante ao dos romanos, impedindo assim os progressos de civilizao.22 As medidas de abertura do comrcio colonial adotadas por D. Joo foram lidas pelo Correio

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    como o fim do Antigo sistema colonial, isto , o incio de uma nova era.23

    Ao lado da noo cada vez mais forte de circunstncias histricas a exigir medidas adequadas ao tempo, pode-se encontrar a recorrncia a exemplos do passado longnquo ou recente como alerta.24 Tanto em Portugal como no Brasil, essa nova percepo da histria era acompanhada da necessidade de se escrever uma histria geral e filosfica capaz de apontar causas e solues para a crise. Embora em Portugal no faltassem manifestaes a favor do empre-endimento, ser do britnico Southey a primeira histria filosfica do Brasil. Southey firma uma visada ampla sobre o processo colonizador do Brasil, visto j como um imprio que, descoberto por acaso, e ao acaso abandonado por muito tempo, (...) com a indstria individual e cometimentos particulares (...) tem crescido (...) to vasto como j , e to poderoso como um dia vir a ser.25 Pela primeira vez as teorias civilizatrias da ilustrao europeia eram aplicadas para a escrita de uma histria do Brasil como unidade autnoma com relao histria de Portugal.

    O programa histrico desenvolvido no interior da Academia das Cincias de Lisboa apontava para outra di-reo: uma restaurao da cultura portuguesa que passava pela leitura dos clssicos lusitanos, nitidamente atrelada a uma persistente concepo reformista setecentista da monarquia e da nao portuguesas. Contudo, inovao e conservao deveriam estar equilibradas em um projeto poltico e cultural que enfrentasse os tempos modernos. Para Jos Bonifcio, natural da capitania de So Paulo e secretrio da Academia, o filsofo, ao restaurar a lngua portuguesa, deveria lima[r] com jeito e arte a ferrugem

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    antiga, que o tempo deixara; e corrig[ir] o que h de an-malo ao gosto, e razo (...) se favorece o comrcio livre de novas ideias e conceitos; sujeit-los todavia s leis precisas da polcia nacional.26

    Em outro discurso, Bonifcio recapitularia a narrativa ilustrada desde seu momento clssico, passando pela decadncia romana e as invases germnicas. Essas, apesar da aparncia catastrfica, teriam inoculado novo nimo na histria europeia, permitindo mais adiante a valorizao das lnguas vernculas e, com elas, dos diversos povos europeus. Trata-se de uma caracterizao do tempo pre-sente e de sua conquista de autoconfiana.27 Os limites da macronarrativa ilustrada mostram uma experincia de acelerao do tempo que apresentava perspectivas distintas entre aqueles que se viam no interior do Brasil e no velho Portugal. Para homens nascidos na Amrica como Hiplito e Bonifcio, o peso de um passado decadente parecia relativizar-se frente ao espao virgem do novo mundo, sendo mais fcil recomear do que corrigir o velho.28

    Bonifcio procurou aplicar histria das Letras em Portugal princpio narrativo equivalente; no entanto, para ele o que se verifica so sucessivos perodos de decadncia, sendo o mais recente aquele marcado pela invaso francesa. No governo de D. Joo V, a criao da Academia de His-tria era digna de nossos agradecimentos pelos trabalhos corajosos de seus Scios em explorar e cavar as ricas minas de nossa Histria, que at ento estavam em grandssima parte escondidas e desaproveitadas.29 Aqui, a metfora geolgica confere erudio histrica uma concretude que lhe faltava nas tradicionais referncias s pginas da histria. A narrativa que orienta a compreenso de Bonifcio organiza-se em torno da existncia da Repblica

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    das Letras como fora trans-histrica. Essa compreenso permitia uma viso cosmopolita da histria, muito ao gosto dos intelectuais que de toda a parte do mundo portugus eram chamados a socorrer o Imprio.

    No interior da Academia de Cincias, fundiam-se demandas por uma histria erudita e, ao mesmo tempo, filosfica, capaz de iluminar o passado e orientar o pre-sente por meio de uma narrativa elevada (cumpre esperar que vir tempo, em que tenhamos os nossos Gibbons, e os nossos Humes30). Aos azedos filsofos que viam na histria apenas um cortejo catico de fatos, Bonifcio contrapunha as novas possibilidades de uma histria filosfica e pragmtica.31

    Frente s novas exigncias documentais, estticas e filosficas, a Histria do Brasil ainda no encontrara uma forma adequada dentro da tradio historiogrfica portuguesa. A realizao de Southey refletia uma evoluo do gnero no mundo britnico, e no no portugus. Neste havia uma rica tradio cronstica e, mais recente, de corografias, mas faltava ainda uma concepo de histria geral capaz de apresentar de forma orgnica o processo histrico. Exemplo dessa limitao pode ser encontrado em Corografia braslica, em que o pas mostrado sob a perspectiva de um patrimnio do rei a ser inventariado.32

    J em Memrias de Jos da Silva Lisboa (1818), a situao outra. As teorias dos estgios civilizatrios so empregadas para defender um otimismo reformista de longo prazo que procurava colocar as bandeiras revolu-cionrias em uma perspectiva histrica secular: Agora acelerar-se- a poca agourada por sbios da Europa, que entre os seus habitantes indgenas (por ora embries da espcie) surgiro tambm, algum dia, seus Newtons e

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    Lockes.33 Lisboa escreveu uma histria da Amrica por-tuguesa nos quadros do providencialismo lusitano, sem, no entanto, comprometer suas tentativas de compreenso racional e processual da histria. Na mesma linha, segue o tambm monarquista Gonalves dos Santos, em mem-rias publicadas em 1825: Foi ento que a Providncia (...) inspirou aos sobreditos vice-reis os planos de reforma, e melhoramento.34 Reformas e melhoramentos tanto mais importantes de serem narrados quanto mais presentes faziam-se, em solo americano, manifestaes polticas de contestao no mais restritas ao mau governo, mas aos prprios fundamentos do poder monrquico.

    Se na Europa a Revoluo Francesa marcou uma nova sensibilidade histrica, no quadro especificamente luso- -americano a expanso napolenica e seus desdobramentos se mostraram cruciais para transformaes no campo conceitual. A viso de Napoleo como representante de uma vontade trans-histrica de domnio universal parece ter limitado ainda que no excludo a recepo do con-ceito moderno de revoluo,35 dando nova vida a formas mais conservadoras de experimentar o processo histrico, apegadas ao passado, do que sintoma a centralidade dos conceitos de restaurao e regenerao.

    Em 1821, pressionado pela ecloso da Revoluo Constitucionalista do Porto (1820), D. Joo VI deixou o Rio de Janeiro e o Brasil entregues ao prncipe-regente D. Pedro. A conjuntura que permitira imaginar um futuro mimetizado na ideia de um Imprio luso-brasileiro, complexificada com a criao do Reino do Brasil (1815), logo se esgotaria, bem como suas imagens histricas corres-pondentes. Criticando o partido dos desejadores do governo antigo, o Revrbero Constitucional Fluminense

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    afirmava, em agosto de 1822, que a espcie humana tem de tal forma dilatado a esfera de suas luzes, que no pode mais conter-se na concentrao dos poucos conhecimen-tos dos sculos passados.36

    O projeto de independncia do Brasil como separao poltica total de Portugal resultou de uma rpida radicali-zao nas ideias articuladas de emancipao e autonomia, de modo a atingirem outra, de criao de um novo Estado e de uma nova esfera de soberania. Ao seu cabo, ainda que no desaparecessem totalmente sonhos de uma reunifi-cao, os intelectuais e homens pblicos envolvidos nesse projeto se veriam diante da necessidade de dar conta de uma experincia de ruptura revolucionria em seu sentido moderno que sua formao anterior procurara evitar.

    A NAO COMO METANARRATIVA HISTORIOGRFICA (1831-c.1850)

    A formao do Estado nacional, amparado por reno-vadas elites escravistas ligadas a interesses econmicos em expanso, definiu os limites para uma atuao intelectual ligada a quadros burocrticos. Paralelamente ao avano conservador da dcada de 1830, tambm os campos dis-cursivos foram se transformando.37 A nova ordem, inau-gurada com a abdicao de D. Pedro I em 1831, trazia a necessidade de construo de uma histria nacional.

    Na formao desse campo de experincia da nacionali-dade, a histria da literatura assumiria funes de vanguar-da.38 No entanto, para homens como Bonifcio, em 1825 ainda era difcil pensar uma literatura brasileira que no

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    fosse, de algum modo, uma continuao da portuguesa.39 No se fala de duas histrias literrias separadas, e no h ainda uma histria do Brasil escrita sob a tica nacional brasileira. Sensvel a tal demanda, o francs Denis lanaria um programa de uma literatura independente para uma nao independente: seu Resumo Literrio foi um dos primeiros documentos que relacionaram independncia poltica, histria e nacionalidade brasileiras.40

    Para os egressos do processo de Independncia, a situao poltica do Brasil exigia a dedicao a novas tarefas: redescobrir o passado (inclusive literrio), revisar a histria colonial, dedicar-se s letras que a dominao metropolitana havia bloqueado e que as lutas polticas ha-viam sufocado. Quando Gonalves de Magalhes publicou o texto considerado o manifesto do romantismo literrio brasileiro, o conceito de literatura deixava de se referir apenas ao conjunto de obras organizadas ao longo de uma grade de gneros e passava a ser a representao de todo um campo de experincia: Eu [literatura] sou o esprito desse povo, e uma sombra viva do que ele foi.41 Transformada em processo, a literatura assumia o papel de totalidade, como dimenso capaz de produzir e preservar a identidade de uma comunidade, por meio da qual a histria deixava de ser apenas a sucesso de acontecimentos isolados, tornando-se fator de desenvolvimento dessa identidade.

    Na revista Nitheroy, pela primeira vez reflexes histricas e estticas unificam-se em torno dessa nova tarefa. A escrita da histria deveria apresentar qualidades dramticas e poetolgicas sem abdicar de seu compromisso com a verdade factual, pois toda a histria, como todo o drama, supe lugar da cena, atores, paixes, um fato progressivo, que se desenvolve, que tem sua razo, como tem uma

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    causa, e um fim. Sem estas condies nem h histria, nem drama.42 Mas os projetos de uma histria da literatura e de uma poesia romnticas ainda no correspondem a uma escrita da histria nacional.

    Em 1836, John Armitage publicou sua History of Brazil (verso brasileira em 1837), pea de luta poltica liberal na qual a imagem de um imperador belicoso e passional D. Pedro I contraposta sociedade civil comercial, aplicando o modelo das narrativas ilustradas para explicar os fatos de 1831. No fundo, uma histria da formao da sociedade civil, uma histria que j no pode ser consi-derada como mera resenha das tiranias e carnificinas, mas antes como o arquivo das experincias tendentes a mostrar a maneira de assegurar aos governados as vantagens do governo.43

    Essa crescente politizao da escrita da histria uma das motivaes para a criao, em 1838, do Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro, com o qual abriu-se o espao institucional em que foram pensadas as bases de uma histria nacional a partir de um campo de experincia moderno.44 Tal projeto procuraria integrar os avanos da historiografia com o objetivo de produzir uma histria nacional brasileira, rompendo assim com vrios dogmas do modelo ilustrado (como o seu compromisso com a socie-dade civil). Para Cunha Barboza, o Brasil j poderia iniciar a escrita de sua histria, pois era o nico pas da Amrica a possuir uma literatura nacional.45 Aqui fica claro que a prpria histria, como processo real, deveria produzir as condies para a sua escrita. O princpio organizador j no dependeria apenas das hipteses racionais, comeando a ser procurado na prpria realidade histrica. Tambm a

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    experincia do tempo histrico afastava-se das concepes cclicas e da ideia de uma natureza humana limitada.46

    A meta-histria nacional se consolidaria na dcada de 1840. Barboza lembrava da censura e da herana da fragmentao que no perodo colonial teriam impedido a viso total que a histria requer:

    Estes fatos liam-se derramados em vrios escritos, ou conservavam-se amortecidos na memria dos homens. Relatados diversamente por escritores, ou nacionais ou estrangeiros, no podiam, at o feliz momento de proclamar-se a nossa Independncia, fundar base slida a nossa nacionalidade.47

    O elemento de novidade nessa reflexo a elevao da Independncia a fio condutor da histria. Esse evento no apenas teria produzido as condies da escrita, mas seria ele mesmo o grande objeto da narrativa. A histria do Brasil deveria ser, desde sua origem, a histria de seu processo de emancipao. Como em toda a filosofia da histria, o fim estava no comeo.

    NOTAS

    1 BLUTEAU, 1712-1721.2 KANTOR, 2004.3 SILVA, 1823, 1831 e 1844.4 FARIA, 1850-1853.5 FARIA, 1850-1853, grifo nosso.6 SILVA, 1877-1878.7 COUTO, 1981, p. 95, 359, 379, 393.

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    8 COUTO, 1981, p. 37, 58-59.9 COUTO, 1981, p. 90, 236.10 COUTO, 1981, p. 474, 522-523.11 COUTO, 1981, p. 358, 364, 379-380, 523.12 BLUTEAU, 1712-1721.13 COUTO, 1981, p. 522-523.14 BLUTEAU, 1712-1721.15 COUTO, 1981, p. 236.16 TEIXEIRA, 1996, p. 195; PROENA FILHO, 1996, p. 377.17 TEIXEIRA, 1996, p. 232; PROENA FILHO, 1996, p. 383, 396.18 TEIXEIRA, 1996, p. 203, nota 217; p. 222, nota 182; p. 238, nota 33;

    PROENA FILHO, 1996, p. 359.19 PROENA FILHO, 1996, p. 430, 432.20 JANCS, 1996.21 CORREIO BRAZILIENSE, 1808, p. 321.22 CORREIO BRAZILIENSE, 1808, p. 44.23 CORREIO BRAZILIENSE, 1808, p. 123.24 PIMENTA, 2007.25 SOUTHEY, 1810, p. 39.26 SILVA, Jos Bonifcio de Andrada e, 1813, p. 141; CORREIO

    BRAZILIENSE XV, 1815, p. 52.27 SILVA, 1815, p. 358-359.28 SILVA, 1815, p. 360.29 SILVA, 1815, p. 364.30 SILVA, 1815, p. 367-368.31 SILVA, 1815, p. 368.32 CASAL, 1817, p. 15.33 LISBOA, 1818, p. 129.34 SANTOS, 1981, p. 36.35 PIMENTA, 2003.36 REVRBERO CONSTITUCIONAL FLUMINENSE, 1822, p. 128.37 MATTOS, 1987.

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    38 ARAJO, 2003.39 SILVA, 1825, p. 137.40 DENIS, 1826, p. 513 e seguintes.41 NITHEROY, REVISTA BRASILIENSE, 1836.42 NITHEROY, REVISTA BRASILIENSE, 1836, p. 142.43 ARMITAGE, 1837, p. 25.44 GUIMARES, 1988; GUIMARES, 1995.45 RIHGB, 1839, p. 360.46 RIHGB, 1839, p. 78.47 RIHGB, 1843, n. 5, suplemento, p. 5.

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